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Prof.

Luiz Augusto da Costa Porto

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS


DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA
CURSO DE BIOLOGIA
DISCIPLINA ZOOLOGIA DE INVERTEBRADOS A – BIO 2105
PROF. LUIZ AUGUSTO DA COSTA PORTO

FILO PORIFERA

Organização corporal

São os organismos multicelures mais primitivos. Não estão presentes órgãos ou tecidos verdadeiros
apresentando suas células com considerável grau de independência.
O que há de singular na arquitetura das esponjas é sua construção em torno de um sistema de canais para
circulação de água. As esponjas mais simples e primitivas são do tipo ASCONÓIDE e têm simetria radial. A
esponja asconóide tem forma tubular e é invariavelmente pequena. Exemplo deste tipo são as esponjas do
gênero Leucosolenia, raramente excedem 10 cm de altura. Não são solitárias, geralmente formam aglomerado
de tubos fundidos ao longo de seu eixo maior ou então ao nível de suas bases.
A superfície é perfurada por muitas pequenas aberturas os poros inalantes. Estes poros se abrem para uma
cavidade interior, átrio (espongiocelo). O átrio abre-se para fora através do ósculo, um grande orifício na parte
superior do tubo. Um fluxo de água constante passa pelos poros inalantes, átrio e deste para fora pelo ósculo.
A parede é simples, formada por três camadas. A superfície externa PINACODERME é formada por células
achatadas os PINACÓCITOS. Os pinacócitos podem ser contraídos ou expandidos decrescer ou aumentar o
tamanho do animal. Os pinacócitos basais secretam um material que fixa a esponja ao substrato. Os poros
presentes na parede são formados por um tipo de célula chamada PORÓCITO o qual tem forma de um tubo
que se estende desde a superfície externa até o átrio. A cavidade do tubo forma o poro inalante ou óstio que
pode ser aberto ou fechado por contração. O porócito origina-se de um pinacócito através de uma perfuração
intracelular. Abaixo da pinacoderme encontra-se uma Segunda camada chamada MESOÍLO (MESO-HILO)
que consiste de uma matriz protéica gelatinosa contendo material esquelético e células AMEBOIDES. O
ESQUELETO fornece a estrutura de sustentação para as células vivas. O esqueleto pode ser composto por
ESPÍCULAS CALCÁREAS ou SILICOSAS e FIBRAS DE ESPONGINA (colágeno: proteína) ou então por
combinação de espículas silicosas e fibras de espongina. Existem espículas em vários formatos, sendo estas
importantes para a identificação e classificação de uma espécie. Espículas maiores são as MEGASCLERAS –
sustentação do esqueleto e a menores as MICROSCLERAS. Espículas MONÁXONAS têm formato de
agulhas ou bastonetes podendo ser retas ou curvas, com extremidade afiladas, arredondadas ou ainda em
forma de gancho. Espículas TETRÁXONAS são espículas com quatro eixos. Espículas TRIÁXONAS ou
HEXÁCTINAS têm seis raios. Espículas POLIÁXONAS são compostas por vários pequenos bastonetes que
irradiam de um centro comum. As fibras de colágeno podem estar dispersas, mas algumas esponjas podem ter
esqueleto formado por grossas fibras de espongina. Um esqueleto de espongina é formado por interconexão de
fibras de diferentes espessuras. Outras esponjas podem conter espículas silicosas total ou parcialmente imersas
entre as fibras. Vários tipos de células amebóides estão presentes no mesoílo. Células grandes com núcleo
também grandes são chamadas ARQUEÓCITOS. Estes são células fagocitárias que participam da digestão.
Também são capazes de se diferenciarem em outros tipos de células (células totipotentes). Há também
células fixas, chamadas COLÊNCITOS, que ficam ancoradas por fibras citoplásmáticas e que secretam as
fibras de colágeno dispersas. Muitas esponjas possuem LOFÓCITOS que são móveis e que também secretam
tais fibras. Os ESCLERÓCITOS secretam as espículas e os ESPONGIÓCITOS secretam o esqueleto de
espongina. Do lado interno do mesoílo revestindo o átrio, encontra-se uma camada de células os
COANÓCITOS, os quais têm estrutura muito similar à dos protozoários coanoflagelados. O coanócito é uma
célula ovóide com uma extremidade adjacente ao mesoílo e a extremidade oposta projetada para dentro do
átrio, apresentando um flagelo circundado por um colarinho formado por microvilosidades. Os coanócitos são
responsáveis pelo movimento de água através da esponja e pela obtenção de alimento.
A descrição da organização corporal das esponjas está baseada nas esponjas do tipo ASCONÓIDE, mais
simples dentre as esponjas, porém não significa o mais comum, pois somente 1% das espécies viventes
pertencem a este grupo.
As esponjas que apresentam os primeiros estágios de dobramento da parede do corpo são chamadas
SICONÓIDES. As esponjas siconóides incluem o conhecido gênero Sycon. Na estrutura siconóde, a parede
do corpo torna-se dobrada horizontalmente formando protuberâncias digitiformes. Este tipo de
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desenvolvimento produz bolsas externas estendendo-se para dentro a partir do exterior e evaginações que se
estendem para fora a partir do átrio. Neste tipo os coanócitos ficam restritos as evaginações as quais são
chamadas CANAIS RADIAIS ou FLAGELADOS. As invaginaçãos da pinacoderme chamam-se CANAIS
AFERENTES, sendo estes revestidos por pinacócitos. Os dois canais se comunicam através de aberturas
chamadas PROSÓPILAS – equivalentes aos poros do tipo asconóide. Na estrutura siconóide a água flui
através dos canais aferentes, prosópilas, canais flagelados, átrio e ósculo. As esponjas LEUCONÓIDES
apresentam o mais alto grau de dobramento da parede. Os canais flagelados sofreram evaginações de maneira
a formar pequenas CÂMARAS FLAGELADAS arredondadas e o átrio usualmente desaparece, exceto pelos
CANAIS HÍDRICOS que levam ao ósculo. A água entra na esponja através dos poros, passa pelos ESPAÇOS
SUBDÉRMICOS. Estes espaços levam aos canais aferentes ramificados que se abrem nas câmaras flageladas
através de prosópilas. A água deixa a câmara por uma APÓPILA e segue através de CANAIS EFERENTES
que se unem, formando um único canal que se abre através do ósculo. As esponjas leuconóides são
constituídas por uma massa de câmaras flageladas e canais hídricos e vários ósculos e podem atingir um
tamanho considerável.
O conjunto de canais e câmaras de uma esponja é chamado de SISTEMA AQÜÍFERO ou DE CANAIS, cujo
padrão de organização pode ser dos três tipos apresentados.

Classificação

O filo Porifera geralmente é dividido em três classes:

Classe Hexactinellida – esponjas-de-vidro. Apresentam espículas silicosas com 6 raios (hexactinas), separadas
ou unidas em rede, alguns esqueletos assemelham-se a fios de vidro; são as mais simétricas e individualizadas
entre as esponjas; coanócitos somente em câmaras digitiformes; corpo geralmente cilíndrico, xícara, vaso ou
urna. Tamanho médio entre 30 e 40 cm, mas podem atingir 1metro de altura; coloração pálida. Há um átrio
bem desenvolvido com um único ósculo o qual pode às vezes, estar coberto por uma placa crivada formada
por espículas fundidas. Têm organização corporal do tipo siconóide. Revestimento superficial não apresenta
pinacócitos, mas sim uma rede sincicial (massa multinucleada) formada pelos pseudópodos de amebócitos;
longas espículas projetam-se através da rede sincicial. São esponjas de águas profundas. A maioria vive entre
450 e 900 metros de profundidade, chegando até 5000metros. São exclusivamente marinhas, podem ser
encontradas em todos os oceanos, mas são mais comuns no Antártico.

Classe Demospongiae – Apresentam esqueleto de espículas silicosas, de espongina, de ambas, ou ausente. As


espículas geral mente são monoaxônicas e tetraxônicas. Têm organização corporal do tipo leuconóide.
Representam 95% das espécies de esponjas. Estão distribuídas desde águas rasa até grandes profundidades;
coloração brilhante com diferentes cores e toda uma graduação de matizes. Apresentam os mais diversos
padrões de crescimento, podem ser: incrustantes, ramificadas verticalmente, foliáceas. Algumas podem ter
forma de urna ou tubular. As esponjas de água doce pertencem principalmente à família Spongillidae, que
contém a maioria das espécies. Esta família está distribuída por todo o mundo vivendo em lagos, rios, lagoas e
nos oceanos. As espongilídeas contêm as conhecidas esponjas-de-banho, cujo esqueleto é composto apenas de
fibras de espongina.
As esclerosponjas são encontradas em grutas e túneis associados a recifes de coral, apresentam um invólucro
externo de carbonato de cálcio e esqueleto formado por espículas silicosas e fibras de espongina. Numerosos
ósculos abrem-se na superfície calcária. Esta esponjas que formavam uma classe de, atualmente estão
incluídas na classe Demospongiae.

Classe Calcarea - esponjas calcárias. Possuem espículas compostas de carbonato de cálcio do tipo mono, tri
ou tetráxonas e encontram-se geralmente separadas umas das outras. Apresentam os três tipos de organização
corporal: asconóide, siconóide e leuconóide. Têm cor geralmente apagada, mas algumas espécies podem ser
amarelo-brilhante, vermelhas ou lavanda. São de porte pequeno, a maioria com 10 cm de altura. São
exclusivamente marinhas e ocorrem em todos os oceanos do mundo. Vivem preferencialmente nas águas
costeiras e rasas.

Reprodução

As esponjas reproduzem-se assexuada e sexuadamente.


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Reprodução assexuada – ocorre pela formação de brotos, fissão, regeneração ou de estruturas resistentes ao
frio e a dessecação, chamadas gêmulas.
A reprodução por brotamento consiste na formação de botos que podem se liberar e formar um novo
indivíduo ou através da liberação de um agregado de células essenciais (amebócitos).
Regeneração pode ocorrer em algumas esponjas que promovem uma constrição próximo à base de suas
ramificações, que se destacam e regeneram um novo indivíduo. Pedaços de esponjas removidos podem ser
regenerados. Estes pedaços se fixados artificialmente em substrato sólido e mantidos em ambiente favorável
podem regenerar novas colônias de esponjas. Esponjas vivas fragmentadas, através da separação das suas
células, podem se reorganizar, formando várias novas esponjas.
As gêmulas são formadas por uma massa de arqueócitos envolvidos em uma camada espessa de espongina e
microscleras. As gêmulas são produzidas por esponjas de água doce e apenas algumas espécies marinhas.

Reprodução sexuada – algumas esponjas são dióicas (sexos separados) e outras são monóicas (hermafroditas).
Não existem gônadas verdadeiras. A formação de gametas se dá a partir da desdiferenciação e rediferenciação
de arqueócitos e coanócitos.
Em um grande número de esponjas, a fecundação é externa, porém, em esponjas vivíparas, o esperma é
eliminado com a corrente exalante, quando liberados repentinamente e em grande quantidade formam uma
nuvem leitosa. Quando penetra no corpo de outra esponja, é capturado por um coanócito, que o transporta até
um óvulo. Neste caso, a fecundação, portanto, ocorre internamente. Forma-se então uma larva, que muitas
vezes se desenvolve dentro da esponja mãe antes de ser liberada no ambiente. Quando sólida, a larva é
denominada parenquímela e, quando apresenta uma cavidade central, anfiblástula. Em outras esponjas ocorre
a liberação de ovos fertilizados (ovíparas) com desenvolvimento, posterior na água do mar.

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