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POTENTE TRANSMISSOR DE FM MODULADO POR VARICAP

CARACTERÍSTICAS:
Tensão de alimentação:
6 a 12 V com o transistor 2N2218
12 a 18 V com o transistor 2N3553
Potência de saída:
1 W com o 2N2218
2 W com o 2N3553
Corrente exigida: 200 a 500 mA (conforme a versão)
Faixa de freqüências de operação: 60 a 120 MHz
Modulação por varicap

Nosso projeto consiste num transmissor com dois transistores oscilando em contrafase, alimentado com tensões entre 6 o
18 V, pode gerar um sinal potente entro 1 e 2 W, o que em condições favoráveis e com uma boa antena significa um alcance
de algumas dezenas de quilômetros.

O ponto de destaque deste projeto não está somente na potência, mas também na forma de modulação, feita por meio de
diodo varicap.

Com a utilização de um diodo de capacitância variável (varicap) temos uma modulação mais limpa e em consequência um
melhor rendimento para o transmissor.

O circuito proposto apresenta a etapa completa de modulação já com microfone de eletreto, mas damos o modo de fazer a
ligação de outras fontes de modulação de áudio externas, como por exemplo, um tape-deck, uma mesa de mixagem ou
ainda um toca-discos.

Alterações indicadas com o uso de transistores mais potentes podem aumentar a potência.

COMO FUNCIONA

A etapa osciladora utiliza dois transistores de média potência para RF, ligados em contrafase numa bobina dotada de uma
tornada central.

Esta bobina, em conjunto com o varicap e um trimmer determina a freqüência de operação do oscilador que deve ser
ajustada para cair em ponto livro da faixa de FM. Esta freqüência vai sofrer alterações com a modulação, por efeito do
varicap, conforme explicaremos mais adiante.

O sinal que realimenta o transistor Q2 é retirado do coletor do transistor Q3, por meio de C4, enquanto o sinal que
realimenta o transistor Q3 é retirado do coletor de Q2.

A polarização de base dos transistores é dada pelo sistemas de resistores de R5 a R7. Para a versão mais potente, com os
transistores 2N3553, os resistores R5 e R7 serão reduzidos para 6,8 kΩ ou 5,6 kΩ .

O acoplamento do sinal para o sistema de antena é feito por uma segunda bobina enrolada de modo a entrelaçar a bobina
osciladora. Um trimmer em série com esta bobina ajusta o acoplamento do transmissor à antena de modo a ser obtido um
maior rendimento na transmissão.

A modulação é feita a partir do sinal de áudio aplicado ao transistor Q1. O sinal amplificado deste transistor é levado a um
diodo varicap para a modulação em frequência.

É interessante analisar o principio de funcionamento dos diodos de capacitância variável ou varicaps. Um diodo comum é
também um varicap e estruturalmente, tem a aparência mostrada na figura 1.
Quando o diodo está polarizado no sentido inverso, conforme
mostra a mesma figura, a junção se comporta como o dielétrico
de um capacitor e as cargas distribuídas pelo material
semicondutor formam as armaduras.

Na polarização inversa, a largura apresentada pela junção, ou


seja, a separação das regiões em que estão as cargas,
depende da tensão aplicada. Assim, quanto maior for a tensão,
mais as cargas se afastam e com isso diminui a capacitância
apresentada por este capacitor. Lembramos que a capacitância
de um capacitor diminui quando aumenta a espessura do seu
dielétrico.

Podemos então fazer com que um diodo polarizado desta


maneira se comporte como um capacitor variável, aplicando-
lhe uma tensão inversa. O valor desta tensão muda a
capacitância deste diodo.

Um diodo comum se comporta como um varicap, mas não é


um bom varicap, pois a superfície de sua junção normalmente
é pequena e isso implica em variações pequenas da
capacitância. Num circuito de sintonia ou de freqüêncía do
transmissor como o nosso, um diodo comum pode até ser
usado, mas para obter a modulação precisaremos de um sinal
de áudio muito forte.

No entanto, existem diodos especiais que são fabricados com


a finalidade de apresentarem capacitâncias com variações
maiores, para serem usados em circuitos sintonizados. Estes
diodos possuem grandes junções e com isto a capacidade de
apresentar uma variação considerável na capacitância
apresentada. Estes diodos são denominados diodos de
capacitância variável ou simple varicaps.

Na figura 2, mostramos o uso típico de um desses diodos num


circuito de sintonia.

Neste circuito substituímos o capacitor variável em paralelo


com a bobina por um Varicap e um capacitor comum. Depois,
através de um resistor aplicamos a tensão desejada do cursor
de um potenciômetro neste varicap de modo que ele altere a
capacitância apresentada ao circuito e com isso sua frequência
de ressonância.

Desta forma, o potenciômetro substitui o capacitor variável, podendo controlar a frequência do circuito pela movimentação
do seu cursor.

Muitos rádios e sintonizadores tanto de AM como FM usam a sintonia por Varicap, e até mesmo televisores, substituindo o
capacitor variável que é um componente caro, por um simples trimpot ou potenciômetro.

No nosso caso, vamos usar o Varicap para modular o sinal de FM. Ligando um varicap a um circuito de áudio, as variações
da tensão provocadas pelos sons vão se traduzir em variações de freqüência na faixa de FM, ou seja numa modulação.
Obtemos então um sinal que, a partir de uma freqüência central, se desloca para cima e para baixo em função do sinal de
áudio, conforme sugere a figura 3 acima.
Veja que podemos perfeitamente aplicar à base de Q1 um sinal composto de FM ou multiplexado de um circuito apropriado
e com isso obter uma transmissão estereofônica.

Nesta mesma série temos o projeto de um transmissor estéreo cuja parte codificadora (multiplexadora) pode ser usada
neste circuito de maior potência.

A fonte de alimentação para este circuito deve ter características especiais dada sua sensibilidade a ruídos e roncos. Uma
boa filtragem é fundamental para obter o menor nível de ruído. A alimentação por bateria é muito interessante no sentido do
minimizar estes problemas.

Também lembramos que o alcance de um transmissor não depende somente de sua pôtência. Com uma fração de watt é
possível obter alcances de milhares de quilômetros tudo dependendo das freqüências utilizadas e do sistema de antena. O
bom alcance de um transmissor depende portanto da sua capacidade de transferir para o espaço toda a
energia gerada e principalmente, na direção desejada, caso em que a aumenta a eficiência.

Para o nosso transmissor tanto podemos usar uma antena vertical (a), um dipolo de meia onda (b) ou uma antena plano-
terra (c) todos mostrados na figura 4. Para obter o melhor rendimento de um transmissor quando acoplado a uma antena
externa, a relação de ondas estacionárias (ROE) deve ser mantida tão próxima quanto seja possível de 1 para 1 (1: 1).O
cabo de ligação a antena deva ser do tipo apropriado à antena, ou seja, com a mesma impedância da antena.

MONTAGEM Começamos por dar o diagrama completo do transmissor na figura 5.


placa desenhada e montada por Jonas Bairros
A montagem deste transmissor numa placa de circuito impresso é mostrada na figura 6.

Para os transistores precisaremos de pequenos radiadores de calor do tipo circular de encaixe, (ver foto), pois eles devem
aquecer durante o funcionamento. O transistor 2N3553 tem pinagem diferente do 2N2218. A pinagem do 2N3553 é

mostrada na figura 7.

O varicap usado pode ser o BB809 ou eqüivalentes como o BB909 (A ou B), BB405 ou BB106. Na verdade, o leitor pode
fazer testes com qualquer varicap usado em circuitos de sintonia de FM ou TV.

Os capacitores devem ser todos cerâmicos de boa qualidade, exceto C7 que é um eletrolítico para 25 V ou mais. Os
capacitores C1 e C2 também podem ser de poliéster. Os resistores são de 1/8 W ou maiores, com 5% ou mais de tolerância
a o microfone de eletreto é do tipo de dois terminais, devendo ser observada sua polaridade na ligação.

Se for usada outra fonte externa de sinal como um gravador, mixer ou toca-discos, basta remover o microfone, retirar R1 do
circuito e aplicar o sinal em C1. Para um som mais grave, se houver tendência aos sons agudos, aumente C1 para 220 ou
mesmo 470 nF. Se houver distorção do sinal com a fonte de sinal empregada, ligue entre a base de Q1 e o emissor um
trimpot de 470 k e ajuste sua polarização para a melhor qualidade de som. Os trimmers podem ser tanto do tipo de base de
porcelana como plástico com valores entre 20 e 50 pF.

A bobina L1 é formada por 6 espiras (3 + 3) de fio rígido 22 esmaltado ou mesmo de capa plástica com tomada central e um
diâmetro de aproximadamente 1 cm. Use um lápis como fôrma e enrole sobre ela L2 que deve ser enlaçada, de modo a ter 3
ou 4 espiras. Na figura 8, temos o diagrama de uma fonte de alimentação de 12 V com o circuito 7812 que deve ter um

radiador de calor.

Nesta mesma fonte pode ser usado o 7806 para uma versão de menor potência ou o 7815 para uma versão de maior
alcance com o transistor 2N3553.

Na figura 9, mostramos como a fonte de alimentação, pelos poucos componentes usados, pode ser montada com base
numa ponte de
terminais.

O transformador desta fonte tem enrolamento com tensão um pouco maior que a desejada na saída e corrente de 500 mA
para as versões de 6 a 12 V e 1 A para as versões de 15 V. A tensão de trabalho do capacitor eletrolítico deve ser pelo
menos 50% maior que a tensão do secundário do transformador usado.
Para todas as versões, os diodos retificadores podem ser do tipo 1N4002 ou equivalentes de maior tensão.

O fio de conexão do microfone deve ser blindado, o mesmo ocorrendo se for usada outra fonte de sinal, para que não ocorra
a captação de zumbidos.

Para a antena podemos usar cabo coaxial ou paralelo, dependendo de sua impedância.

AJUSTE E USO

Para provar e ajustar o transmissor, ligue ínicíalmente nas proximidades um receptor de FM sintonizado em frequência livre. O
transmissor deve estar sem antena ou com um pedaço de fio pequeno, de uns 30 cm ligado num dos terminais de saída. Ajuste CV1
inicialmente para captar o sinal com maior intensidade. Afaste-se com o receptor para certificar que o sinal não some e
portanto, não se trata de uma harmônica.

LISTA DE MATERIAL

Semicondutores:
Q1 - BC548 ou eqüivalente - transistor NPN de uso geral
Q2, Q3 - 2N2218 ou 2N3553 - transistores de média potência para RF - ver texto
D1 - BB809 ou equivalente - diodo varicap

Resistores: (1/8 W, 5%)


R1, R3, R5, R7 - 10 kΩ
R2 - 2,2 MΩ
R4 - 120 kΩ
R6, R8 - 8,2 kΩ

Capacitores:
C1 - 100 nF - cerâmico ou poliéster
C2 - 220 nF - cerâmico
C3 - 2,2 nF - cerâmico
C4, C5 - 22 pF - cerâmico
C6 - 15 pF - cerâmico
C7 - 100 µ F x 25 V - eletrolítico
CV1, CV2 - 20 a 50 pF - trimmers - ver texto

Diversos:
MIC - microfone de eletreto de dois terminais
LI, L2 - Bobinas - ver texto
S1 - Interruptor simples
Placa de circuito impresso, radiadores de calor para os transistores, cabo blindado, caixa para
a montagem, terminal tipo antena/terra, antena externa, fonte de alimentação, fios, solda, etc..

Se constatar a presença de ronco com a fonte, verifique sua filtragem. O fio de ligação da fonte ao transmissor deve ser
curto ou blindado. Será interessante montar o transmissor em caixa de metal aterrada para que este problema seja
minimizado. Pode ser necessário em alguns casos ligar em paralelo com a entrada de alimentação um capacitor cerâmico
de 100 nF. Se houver dificuldade em conseguir um sinal mais forte, não sendo alcançada a frequência desejada com o
ajuste, reduza ou aumente o número de espiras de L1, enrolando por exemplo numa nova bobina com 4 + 4 ou mesmo 2 + 2
espiras. Faça testes até conseguir o melhor. Uma vez comprovado o funcionamento sem a antena, podemos passar a
conexão da antena externa. O ajuste final com a antena externa pode ser feito com base nas indicações de medidor de
intensidade de campo Ajuste então CV2 de modo a obter o melhor rendimento do transmissor, ou seja, o maior alcance.
Depois é só utilizar o aparelho.

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