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O T E AT R O O R I G I N A L

8 | THEATRO PEDRO II

O estilo arquitetônico do Theatro Pedro II foi conce-


bido no período eclético, com uma linha de composição desen-
volvida a partir do Renascimento europeu, consolidada no perí-
odo barroco, com a construção dos primeiros teatros de ópera,
absorvendo os valores estéticos dos teatros neoclássicos. No
Brasil, um dos exemplos desse estilo é o Teatro Amazonas, de
Manaus, inaugurado em 1896, com requintes decorativos, que
a arquitetura do Pedro II não adotou em seu acabamento em
razão da crise econômica de 1929. Entre os elementos desse
período estão presentes no projeto original a platéia em forma
de ferradura com níveis superpostos em três segmentos: ves-
tíbulo, platéia e palco.
Com 30 m. de largura por 52m. de comprimento, o Pe-
dro II, inaugurado em 1930, foi edificado em alvenaria de tijolos
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com estrutura de concreto. Nas fachadas e na cobertura, mes-


clam-se elementos dos movimentos art-noveau e art-déco, com
tendências fortemente neoclássicas, como a simetria, o uso de
elementos da ordem jônica, os óculos e os florões que marcam
o frontespício, destacado pela cobertura metálica curva e pelo
lanternim central.
A distribuição interna se assemelha às dos teatros Munici-
pal de São Paulo e do Coliseu, de Santos, construídos no início
do século passado. Iternamente, o edifício possuía elementos
decorativos discretos nos balcões da platéia e salas de circula-
ção e de espera. Toda essa riqueza arquitetônica foi agredida
por um incêndio, em 1980, mas depois, em 1996, a obra foi to-
talmente restaurada e modernizada, retomando sua finalidade
como teatro de ópera, o terceiro maior do Brasil.
I N T R O D U Ç Ã O
14 | THEATRO PEDRO II

N o início do século passado, ergueu-se no cen-


tro de Ribeirão Preto, uma das mais belas edificações da ci-
dade e do interior paulista: o Theatro Pedro II. Surgia o pólo
cultural da região, oferecendo espaço para apresentações ar-
tísticas de grande porte como concertos, óperas e corpos de
baile. Uma construção projetada pelo espírito empreendedor
de três acionistas da Companhia Cervejaria Paulista, que viam
na cultura uma força agregadora da sociedade e um alimento
indispensável à alma da população. Iniciada em 1928, a obra
em estilo eclético, inspirada nas casas de espetáculos da Eu-
ropa, foi inaugurada no final de 1930, ocupando o centro do
Quarteirão Paulista, hoje patrimônio público.
Durante 30 anos, o Pedro II levou ao palco o que existe
de mais representativo da música erudita mundial, em concer-
tos, óperas e balé. Foi, também, espaço para manifestações
políticas, não só em seu interior, mas na majestosa Esplanada,
com desfiles comemorativos e cívicos. Significou o ponto obri-
gatório de todos os eventos importantes de Ribeirão Preto até
entrar em um período de decadência, quando passou por uma
reforma que o descaracterizou e fez com que perdesse sua fi-
nalidade, transformando o teatro em cinema e, no subsolo, em
salas de jogos e de bailes de Carnaval. Sem manutenção ade-
quada, o Pedro II viveu a tragédia de um incêndio, em 1980, que
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destruiu a cobertura, o forro do palco e grande parte do interior.


Cercado por tapumes, o belo teatro permaneceu em silêncio
durante 11 anos, quando, depois de tombado como patrimônio
cultural, histórico e arquitetônico, recebeu de volta o encanto
do passado, em um processo de reforma e restauração que
durou cinco anos e mobilizou profissionais de diversas áreas,
comprometidos com o resgate de um espaço e de uma histó-
ria, que não seria justo ficassem guardados apenas na memória
emocional da população. O compromisso do poder público e
de centenas de trabalhadores devolveu, enfim, em 1996, o The-
atro Pedro II à cidade, o palco da cultura, restaurado e moder-
nizado, pronto para viver sua finalidade e receber novamente
orquestras e artistas do Brasil e do mundo todo. É assim, com
a responsabilidade de preservar a razão de ser do teatro, que
as administrações da Fundação D. Pedro II, criada para definir a
forma de ocupação do teatro, o conservam desde então.
A A R Q U I T E T U RA
FA Z H I S T Ó R I A
20 | THEATRO PEDRO II

O estilo europeu deixou sua marca impregnada


na arquitetura dos principais edifícios construídos em Ribeirão
Preto, no começo do século XX. E o mais majestoso deles é
o Theatro Pedro II, erguido no final da década de 20. Nessa
época, já repercutia no Brasil a beleza e a qualidade das obras
arquitetadas no Escriptório Téchnico Hypolito Gustavo Pujol Ju-
nior, sediado na capital do Estado de São Paulo, responsável
por grandes projetos no país, como a sede do Banco do Bra-
sil, em São Paulo, construída em 1901, hoje Fundação Cultural
Banco do Brasil, e as residências, que deram origem ao Jardim
Europa, bairro nobre e valorizado de São Paulo. Entre as obras
edificadas nesse século, o Theatro Pedro II, ocupa uma página
especial na história de Ribeirão Preto. Voltemos um pouco mais
no tempo para acompanhar essa história.
Ribeirão Preto transformava-se em metrópole, desenvol-
vendo uma abertura industrial com a chegada da Companhia
Cervejaria Paulista, fundada em 1911. E foi com investimento
da empresa que três de seus principais acionistas, José Rossi,
Antonio Pagano e João Alves Meira Júnior, decidiram construir
um teatro na cidade. Os empresários acreditavam na força cria-
dora e renovadora da cultura para o desenvolvimento de uma
sociedade. Eram pessoas de Ribeirão Preto, sentiam orgulho
da cidade e queriam deixar um legado importante e o fizeram
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em uma época em que não havia incentivos fiscais, leis que


apoiassem o desenvolvimento cultural. Homens capazes de
enxergar além de seu tempo, eles contribuíram ainda com a
projeção de um novo design para o centro de Ribeirão Preto,
quando construíram o edifício Meira Júnior, hoje Pingüim II, e
adquiriram o Hotel Palace, uma em cada lado do teatro, forman-
do um conjunto arquitetônico original: o Quarteirão Paulista,
patrimônio da cidade.
São obras sempre citadas pelos visitantes como as mais
significativas de Ribeirão Preto e que permanecem na lembran-
ça de quantos acompanharam essa transformação, seja como
transeunte das calçadas do Quarteirão ou como freqüentado-
res do teatro, do hotel ou da choperia Pingüim.
Quando a cidade ainda vivia uma fase em que o café era
a grande referência econômica, João Alves Meira Júnior enco-
mendou o projeto do teatro ao arquiteto Pujol. A planta dese-
nhada por Pujol, respeitando as características dos teatros eu-
ropeus, era o início de um empreendimento orçado em quase
dez milhões de dólares.
A empresa alemã E. Kemnitz e Cia iniciou a construção do
teatro em 1928, no centro do Quarteirão Paulista, na Rua Álva-
res Cabral entre a Duque de Caxias e a General Osório. O tea-
tro e o edifício Meira Júnior foram as primeiras construções de
concreto armado do interior paulista. Traços culturais da época
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em que a riqueza produzida pelo café ainda não havia sido com-
pletamente afetada pela grande depressão causada pela queda
da bolsa de Nova Iorque, reguladora da economia agrícola de
vários países.
Ribeirão Preto já representava um grande centro cultural
do país, pois antes mesmo da construção do Pedro II, o requinte
das óperas e das companhias européias ocupavam o palco de
outro belo teatro, o Carlos Gomes, também no centro da cida-
de, a 300 metros e bem em frente ao Pedro II. O Carlos Gomes
surgiu na época em que os coronéis começaram a construir pa-
lacetes, entre eles, o primeiro, o Palácio Rio Branco, também no
centro de Ribeirão Preto, depois sede da prefeitura municipal.
Inaugurado em1897, o Teatro Carlos Gomes foi demolido em
1946 por motivos ainda pouco esclarecidos. Há quem assegure
que o brilho do Theatro Pedro II tenha ofuscado o Carlos Go-
mes, e que não havia público para tantos espetáculos. Existem
outras versões, mas a história continua sem um registro oficial
sobre os motivos da demolição.
A Revolução de 30 contra a oligarquia da República já
havia sido deflagrada quando o Theatro Pedro II foi inaugurado,
no dia 08 de outubro de 1930, no final do governo de Washing-
ton Luís. Na prefeitura de Ribeirão Preto, Camilo de Mattos vivia
seus últimos dias de mandato. A revolução foi, para muitos his-
toriadores, o movimento mais importante da história do Brasil
do século XX, pois acabou com a hegemonia da burguesia do
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café. Na Primeira República, o controle político e econômico


do país era monopólio dos fazendeiros. Na vida urbana, entre
1912 e 1929, a produção industrial crescera 175%. Apesar des-
se crescimento, a política econômica do governo continuava
privilegiando os lucros das atividades agrícolas. Mas, com os
estilhaços do crack de 1929, a economia cafeeira não conse-
guiu manter-se. O Presidente Washington Luís tentou em vão
conter a crise no Brasil. Em 1929, a produção brasileira chegava
a 28,941 milhões de sacas de grãos, mas só foram exportadas
14 milhões, num momento em que existiam imensos estoques
acumulados.
Como em outras regiões do país, em Ribeirão Preto, o
poder econômico dos fazendeiros de café estava em franca de-
cadência. Embora a crise econômica mundial tenha refletido na
construção do teatro, com alterações de diversos padrões de
acabamento, a marca da riqueza e da influência européia já fica-
ra registrada para sempre.
Era a arquitetura escrevendo a história em obras que per-
passam o tempo e registram o perfil de uma sociedade. Era o
último símbolo, a derradeira marca do poder da elite do café.
Mas, não o fim de uma era de elegância, desfilada nos tapetes
vermelhos, nas escadarias de mármore e nas belas réplicas dos
camarotes do Ópera de Paris.
O A P O G E U
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A sociedade de Ribeirão Preto vivia um perío-


do sem precedentes, em 1930, quando o Theatro Pedro II foi
inaugurado, preenchendo dois espaços: o do terreno entre o
edifício Meira Júnior e o Hotel Palace, e o outro, que era a razão
de ser de sua bela estrutura: o da referência cultural e centro
dos acontecimentos políticos e sociais.
O art déco não ditava apenas a arquitetura. Era um estilo
de vida e estava presente também na moda, com a sofisticação
da estilista Coco Chanel, que as mulheres passaram a assumir,
nos vestidos de cores neutras, tons pastel, bege, areia, creme,
branco, azul marinho e preto talhados em cetim, seda, tafetá e
crepe, com apliques coloridos. Nos adornos, fileiras de pérolas
e correntes douradas. No cinema, surgiam as divas Grace Kelly,
Elizabeth Taylor, Katherine Hepburn, elegantíssimas, usando
modelos de costureiros famosos. Os homens usavam chapéus
de palha, linho puro e gabardine inglesa.
Alguns carros circulavam pela cidade, ostentando a rique-
za ainda inalterada pelo famoso crack da Bolsa de Nova Iorque.
Carmem Miranda já era conhecida internacionalmente.
As primeira gravações inovadoras de jazz surgiam nas perfor-
mances de Cab Calloway e Louis Armstrong, e logo teria início
a era do swing. As notícias do mundo chegavam pelo rádio,
maravilha tecnológica da década de 20 no Brasil. Na literatura,
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os romances traziam os frutos revolucionários da Semana da


Arte Moderna de 1922, com críticas e denúncias de problemas
sociais nos escritos de Mario de Andrade, Oswald de Andrade,
Cassiano Ricardo, Alcântara Machado e Manuel Bandeira. Sur-
ge o neo-realismo revelado na pena de Graciliano Ramos, José
Lins do Rego, Raquel de Queiroz e Jorge Amado. Na poesia, os
versos e não versos de Vinícius de Moraes, Carlos Drummond
de Andrade e Cecília Meireles.
E foi nesse contexto sócio-cultural que o Theatro Pedro
II abriu as portas de madeira de Riga para uma noite memo-
rável. Elegantes, homens e mulheres subiram as escadas de
mármore de Carrara para assistir ao grand openning de uma
noite que se repetiria durante três décadas na apresentação
de companhias teatrais do exterior, corpos de baile do país e
da Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto, no palco por onde
passaram grandes maestros.
Vamos imaginar a grande noite. Dia 8 de outubro de 1930.
Oito horas. Sussurros de admiração ecoam na platéia, frisas e
camarotes, em meio ao farfalhar das sedas e do perfume fran-
cês, provavelmente o Chanel nº 5, que revolucionou uma déca-
da, ou o recém-lançado Joy, o mais caro do mundo, criado por
Jean Patou.
Silêncio. Cortinas abertas. Os primeiros acordes que res-
soaram no interior do Cine Theatro Pedro II foram regidos pelo
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maestro Ignácio Stábile, um italiano de Roma, que fixou residên-


cia em Ribeirão Preto e acompanhou a orquestra e os concertos
no teatro até 1955, quando faleceu. Era já a Orquestra Shynpho-
nica de Ribeirão Preto, porém ainda não oficializada, o que foi
acontecer somente em 1938, conforme consta nos arquivos da
Sociedade Lítero Musical, mantenedora da orquestra.
Voltemos à noite de inauguração: Na Overture, a Shynpho-
nia O Guarany, de Carlos Gomes. Depois, um discurso de apre-
sentação do cinema falado, proferido por Sebastião Sampaio,
cônsul-geral do Brasil em Nova Iorque. Em seguida, A Voz do
Mundo, reportagens sonoras de atualidades da Paramount; o
desenho animado e sonoro Depois do Baile e a fantasia cômi-
co- musical, dançada, tocada e cantada, da Paramount. A gran-
de programação não parou aí. O Intermezzo trouxe de volta ao
palco a Orquestra Shynphonica, apresentando a seleção musi-
cal do filme que viria a seguir: Alvorada do Amor, um musical
dirigido pelo cineasta alemão Ernst Lubitsch, protagonizado
pelos atores Lílian Roth, Lupino Lane, Maurice Chevalier e Je-
annette MacDonald. Para encerrar, outro filme, Um sonho que
viveu, com Janet Baynor e Charles Farrel.
Os jornais do dia seguinte não tiveram outra manchete,
enfatizando a beleza do teatro totalmente lotado, a elegância do
público e a riqueza da programação. “Uma noite ansiosamente
esperada não só pelo público de Ribeirão Preto como das cida-
des vizinhas. Havia grande quantidade de automóveis em volta
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do teatro....” e prosseguiam dando os detalhes do aconteci-


mento e da programação do teatro.
E assim foi durante três décadas, sempre destaque nos
jornais, sempre com um belo concerto, apresentações de balé,
corais, cantos lírico, recitais, operetas, solistas, teatro e tem-
poradas líricas, como em junho de 1933, quando a Companhia
Lyrica Internacional ofereceu ao público quatro magníficas ópe-
ras, Aída, Madame Butterfly, Tosca e La Boheme.
Pouco a pouco, o teatro foi se consolidando como um
templo de erudição e local de encontro da sociedade ribeirão-
pretana e da região. Sucediam-se os espetáculos grandiosos
como no centenário de Carlos Gomes, no dia 13 de agosto de
1936, quando também não havia nenhum lugar vago e reuniu
seis maestros do país. Uma característica dos concertos da
época eram as homenagens que a orquestra prestava não só
aos nomes ilustres, mas a pessoas da cidade ou a instituições
beneficentes para as quais era destinada a renda do espetácu-
lo. Para comemorar o primeiro centenário de Ribeirão Preto, em
1956, como era programado todos os anos, foi realizado o 98º
concerto no Theatro Pedro II, com a orquestra regida pelo ma-
estro Jorge Kaskás. Esse número leva a uma média de quatro
concertos por ano, que somados à diversidade de espetáculos
apresentados, revelam que a vida do teatro era dinâmica e que
alimentava tanto os anseios do mundo artístico como os do
público de Ribeirão Preto.
O D E C L Í N I O
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O brilho do Theatro Pedro II começou a esmaecer


no início da década de 60. O contexto político e social dessa
época era bem diferente de quando o teatro foi construído, em
1930. Os cafeicultores haviam perdido o poder econômico e
os que resistiram investiam em outras culturas. Ribeirão Pre-
to passou a ser conhecida como grande produtora agrícola até
culminar com a política do açúcar e do álcool, atraindo levas
de migrantes para as lavouras de cana da região, na década
de 1970. A Companhia Cervejaria Paulista sentia os efeitos da
concorrência e dos problemas econômicos, depois de investir
na construção do teatro, e com a chegada de outra cervejaria,
a Antártica.
A televisão, outra novidade da tecnologia, atraía a atenção
dos moradores e crescia o número de salas de cinema. Se nada
disso justifica a transformação da finalidade do Theatro Pedro
II, é preciso uma pesquisa de cunho sociológico para chegar a
um motivo plausível. As pessoas mudaram, a política mudou,
a cidade cresceu, a população aumentou e os interesses eco-
nômicos suplantaram os da cultura. Nada de grandes espetá-
culos. Até então, mesmo com alguns sinais de decadência, a
programação do Pedro II mesclava cinema, teatro, concertos e
outras manifestações culturais e políticas.
Os sinais mais claros do declínio cultural apareceram de-
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pois da administração de Osvaldo de Abreu Sampaio, empre-


sário, proprietário de salas de cinema e da Companhia Teatral
Paulista, uma companhia de exibição de filmes. Sampaio per-
maneceu durante 18 anos na administração do Pedro II, e o
sucessor, Lucídio Ceravollo, transformou o teatro em cinema,
definitivamente. Autorizou uma série de mudanças no prédio
e reduziu o número de lugares a 800. Os andares superiores
foram fechados ao público e os belos camarotes, as galerias,
os balcões, o teto e os elementos decorativos, recobertos por
lambris de madeira. A Sala dos Espelhos perdeu seu encanto,
transformada em escritório da empresa de filmes. O teatro per-
dia, assim, sua razão de ser, a elegância, a nobreza. A reforma
roubou seu encanto e a cortina de veludo azul marinho bordada
com fios de ouro, reproduzindo o brasão da família imperial,
nunca mais se abriu. O palco ficou vazio de sinfonias, de baila-
rinas e de atores.
Com a decadência, o Pedro II mudou de proprietário, pas-
sando para as mãos da Companhia Cervejaria Antarctica, quan-
do a empresa adquiriu a Cervejaria Paulista. O subsolo do tea-
tro, no passado freqüentado por um público refinado, passou a
ser conhecido como a Caverna do Diabo, destinado a bailes de
carnaval e jogos de bilhar.
Sem manutenção adequada, o belo projeto arquitetônico,
que dava harmonia ao Quarteirão Paulista, foi, aos poucos, se
deteriorando pela ação do tempo e pelo descaso. E foi por esse
abandono que a parte elétrica não resistiu e desencadeou o
incêndio, em 1980. Talvez tenha sido a mão do destino, amea-
çando uma destruição para despertar a cidade, e trazer de volta
o Pedro II recuperado, magnífico e imponente como em 1930.
D E P O I S D O F O G O,
O A B A N D O N O
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O Cine Theatro Pedro II exibiu romances, comé-


dias e aventuras bem diferentes das óperas que tanto emocio-
naram o público no passado. Na noite de 15 de julho de 1980,
enquanto as cenas do filme Os Três Mosqueteiros Trapalhões
arrancavam gargalhadas das oitenta pessoas que ocupavam o
espaço destinado a duas mil e quinhentas, o teatro estava pres-
tes a viver seu drama maior, conseqüência do descaso a que
fora relegado durante quase trinta anos, desde que cerrou as
cortinas de veludo, em estilo francês, como o terceiro teatro de
ópera do país.
“Devido à má qualidade da instalação, uma sobrecarga
elétrica provocou um superaquecimento na fiação que passava
junto ao madeirante, que sustentava as placas de compensa-
do”, sentenciou o perito que fez o laudo técnico sobre as cau-
sas do incêndio. O fogo começou no teto. Uma fumaça, estali-
dos, depois as labaredas percorrendo implacáveis as paredes,
os balcões, destruindo o forro, poltronas, a cortina, devorando
os traços da arquitetura eclética, de linhas marcantes pelo uso
de elementos art nouveau e art déco, dos traços neoclássicos,
que tanto encantavam o público, preenchendo de cinzas os
contornos e entalhamentos que adornavam a boca de cena.
Os espectadores saíram a tempo. Ninguém se feriu. Na rua, a
notícia circulava, e as pessoas se aglomeravam na esplanada
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do teatro, estarrecidas diante da tragédia, apreensivas com a


demora dos bombeiros, com a falta de hidrantes e da escada
Magyrus, que estava em reparo.
Três horas depois de lutar contra as chamas, restaram as
cinzas da belle époque. As feridas ficaram expostas no cora-
ção do teatro, que teve sua estrutura comprometida, e no das
pessoas que ainda sonhavam com o Theatro Pedro II, como um
cenário requintado do passado, onde a elegância do público
fazia jus à beleza encenada no palco.
No dia seguinte, as manchetes dos jornais confirmavam a
tragédia para aqueles que custavam a crer: “Fogo destrói Pedro
II”, e revelavam os detalhes: “o fogo começou às 20h25, no
teto do teatro, ameaçando os prédios vizinhos, o Pingüim e o
Palace”.
Depois desse dia, o abandono total durante 11 anos. Fe-
chado, a figura do Pedro II destoava no Quarteirão Paulista, de-
safiando a consciência cultural das administrações públicas. Lá
dentro, fantasmas encenavam óperas abafadas, percorrendo
os escombros do palco por onde passaram Madame Buterfly,
Aída e La Ricoletta, deslizando pelas paredes úmidas tristes ba-
lés silenciosos.
Mas, não só as personagens do passado pediam o espa-
ço de volta. No aniversário de 50 anos do teatro, a Orquestra
Sinfônica de Ribeirão Preto reclamou seu palco preferido com
52 | THEATRO PEDRO II

num concerto na Esplanada. O protesto reuniu os maestros Lu-


tero Rodrigues e Isaac Karabichevsky, e um público estimado
em 10 mil pessoas. Sem resposta.
Empresários planejaram demolir o prédio e construir um
banco no terreno, o que foi evitado com uma campanha de mo-
bilização de artistas, políticos e intelectuais. Deu resultado. Em
1982, o grande teatro foi tombado pelo Condephaat – Conse-
lho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arquitetônico
e Turístico do Estado de São Paulo – como patrimônio público
municipal. Sete anos depois, foi desapropriado e sua adminis-
tração entregue ao município, até que, em maio de 1991, teve
início a primeira fase das obras de reconstrução e restauro, que
devolveram, gloriosamente, o Theatro Pedro II à população de
Ribeirão Preto.
R E F O R M A , R E S TAU R O
E M O D E R N I Z A Ç Ã O
62 | THEATRO PEDRO II

A imponência das formas, a delicadeza dos


adornos e a história esculpida em cada detalhe induzem a um
silêncio quase religioso
Nove anos depois de tombado pelo Condephaat como
patrimônio público, o pólo cultural da região voltou às páginas
dos jornais de Ribeirão Preto e da região, com repercussão na-
cional, como personagem da história cultural do município. Co-
meçava, em maio de 1991, a primeira etapa da reconstrução,
restauro e modernização do Theatro Pedro II, reinaugurado em
junho de 1996, no aniversário de 140 anos da cidade, com um
mês de programação de espetáculos de todas as artes.
A reforma foi um trabalho de engenheiros, arquitetos, ar-
tesãos, restauradores e operários, que não se restringiu apenas
a reerguer e recompor um design projetado sessenta anos an-
tes, mas o de atingir ao máximo a fidelidade da obra original à
planta, inspirada nos grandes teatros de ópera do país, arqui-
tetados na linha de composição do L’ Ópera de Paris. O design
e os elementos decorativos se firmavam na junção de vários
estilos, entre eles o art déco e art nouveau. O movimento art
déco surgiu na Europa, no início do século XX, caracterizado por
linhas geométricas e tons pastel, e concilia a produção indus-
trial e as artes, em oposição aos excessos do art nouveau , que
adere às formas sinuosas e curvilíneas. O estilo exerceu influ-
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ência sobre a arte decorativa e arquitetônica, e foi adotado por


grandes nomes da arquitetura moderna, como por exemplo, o
arquiteto espanhol Gaudi.
Fazer ressurgir essa relíquia significou um trabalho delica-
do, feito com suor e com o coração, aliado ao compromisso de
devolver o mesmo teatro que, no passado, sustentava a cultura
e a erudição da cidade.
Para não perder a tradição, o Pedro II foi recomposto em
três atos, depois que a administração municipal abriu o caminho
da licitação para a execução das obras. A Jábali & Aude Cons-
truções e um consórcio de três empresas - S&G, Sole e Castro
e Citec - venceram a concorrência e iniciaram a reconstrução
da obra. E, com essas empresas, centenas de profissionais, mil
operários. No orçamento total de US$4 milhões, participaram
a Fundação Roberto Marinho com a doação de US$ 250 mil,
e empresários da cidade, com US$ 50 mil, em mais uma de-
monstração do apreço e da importância dedicada pela iniciativa
privada ao patrimônio cultural.
A alvenaria de tijolos resistiu ao trágico incêndio de 1980.
Mas, o mesmo não se deu com grande parte do interior do
teatro. Por isso, no primeiro momento, um levantamento do-
cumental, histórico e fotográfico revelou os reais danos pro-
vocados pelo incêndio e pela mão do tempo. Sem um projeto
ou desenho que pudesse orientar arquitetos e engenheiros, foi
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realizada uma pesquisa sobre o tipo materiais usados nas fun-


dações do teatro. O estudo mostrou que a estrutura – o conjun-
to de elementos que forma o esqueleto de uma obra e sustenta
paredes, telhados e forros - havia sido implantada pelo proces-
so de sapata, no qual o terreno não é perfurado e o edifício,
colocado sobre o terreno, como um bloco de apoio.
Decapagens levaram aos tons utilizados na construção
original, à pintura artística e convencional do teatro, das moldu-
ras, dos capitéis, dos medalhões, dos ornatos e dos elementos
volumétricos. Os artesãos abriram janelas gráficas no prédio e
constataram: na platéia havia três pinturas anteriores; nos cor-
redores, cinco.
Com o diagnóstico, arquitetos e engenheiros elaboraram
nada menos que 300 plantas. Surgia o design, os projetos de
estrutura metálica e de concreto, de instalação hidráulica, pal-
co, cúpula, camarins, elevadores, escadas, sistemas contra in-
cêndio, remoção de pilares, demolição de paredes, reservatório
de água, de restauro, de arquitetura, cenotécnica e instalações
elétrica e telefônica.
Sempre buscando conferir fidelidade ao projeto original,
a reforma, restauro e modernização do Theatro Pedro II consu-
miram 150 toneladas de perfilados em aço, na estrutura metáli-
ca, que abrange toda a cobertura e a cúpula de gesso cortado,
onde se sustenta o grande lustre, um design assinado pela ar-
tista plástica Tomie Otake, uma das marcas da modernização
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do teatro.
A reforma estendeu-se a todos os pavimentos, dos três
subsolos aos quatro andares, abrangendo piso, mobiliários cú-
pula, palco desmontável, instalação de elevadores e do palco
móvel para a orquestra, que se eleva de um fosso.
Em todas as etapas, os profissionais responsáveis pela
reconstrução demonstraram tanto a preocupação histórica,
quanto a de prevenir outras tragédias, e isso se confirma na es-
colha criteriosa dos materiais utilizados, resistentes à ação do
tempo e do fogo. Foram instalados 780 sprinklers, - chuveiros
automáticos, ativados pelo calor, distribuídos em todos os pavi-
mentos, e uma rede de combate a incêndio pressurizada com
hidrantes nas partes estratégicas, além de extintores e saídas
de emergência para as escadarias laterais do teatro, em todos
os andares. Uma central de alarme de incêndio sonoro abrange
o teatro, e 20 hidrantes duplos podem ser acionados automati-
camente. O sistema de prevenção inclui, ainda, 93 extintores e
uma porta corta-fogo entre o palco e a platéia.
O ar condicionado funciona por sistema de termo-acumu-
lação de água gelada, com potência equivalente a 250 apare-
lhos domésticos de 12 mil BTUs. São 1.500 metros de dutos
isolados, e temperatura controlada eletronicamente. Uma rede
telefônica interliga todos os pavimentos.
Para compreender melhor a riqueza do trabalho realizado,
vamos acompanhar os passos e o resultado dessa obra de arte,
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orientados pela comunicação visual, que manteve a programa-


ção da época da construção, um conjunto padronizado de si-
nais e pictogramas caracterizado pela simplicidade nas formas.
São placas de sinalização interna em latão polido, com moldura,
impressão em baixo relevo, na cor preta, adequado ao estilo art
deco, com iluminação interna e tampa removível para manuten-
ção. Algumas delas são originais. Nas indicações de saída, as
placas têm letras vazadas e chapa acrílica vermelha no fundo,
e nas de acessos aos serviços, as molduras e letras foram con-
feccionadas na cor marfim.
O primeiro contato - Na construção original, o edifício não
recebeu tinta e sim, uma cobertura de massa raspada. A lim-
peza feita pelo processo de jateamento por água morna, reve-
lou que a fachada estava trincada e recebera um revestimento
em um tom próximo ao rosa claro, assemelhando-se a um tipo
de granito e contrastando com a cor dos prédios laterais. Para
chegar à cor desejada, os restauradores utilizaram plasticote,
revestimento que imita a massa raspada, de grande resistência
à ação das intempéries, do fogo e da água, imune à proliferação
de mofo, ácaro e parasitas. O material é usado na maioria dos
novos teatros.
Na reforma, foi construída uma laje intermediária entre o
teatro e o prédio vizinho, na lateral direita, para facilitar a entra-
da de portadores de necessidades especiais. Um elevador leva
a essa laje e dá acesso à platéia. Do lado esquerdo também foi
THEATRO PEDRO II | 67

criada outra laje. Um elemento novo contrasta com a arquitetu-


ra: a porta de entrada da lateral direita em vidro temperado.
Térreo - O hall de entrada está situado um metro e cinco
centímetros acima do piso externo e apresenta elementos de-
corativos como pilastras com motivos florais nos capitéis e pai-
néis em baixo relevo, marcando as paredes divisórias das alas
laterais, onde originalmente ficavam as bilheterias. O piso foi
revestido em granilite. Na entrada, de cada lado da escada de
mármore, duas esculturas idênticas, da Fonderie du Val D’Osne,
importante fundição francesa que produziu e enviou várias pe-
ças para o Brasil no século passado.
Platéia - O desenho da platéia, em forma de ferradura,
com as galerias laterais e o do teto em cúpula, são próprios dos
teatros de ópera europeus, características da época em que o
Theatro Pedro II foi construído. A danificação provocada pela
ação do tempo justificam as inovações realizadas nesse pavi-
mento. Foram projetadas novas cadeiras e poltronas em madei-
ra envelhecida para todos os andares, revestidas com tecido
vermelho, composto por 51% de lã, 49% de poliamida.
No fosso, entre o palco e platéia, outra inovação: um ele-
vador de orquestra sobre uma plataforma de 12,50m de compri-
mento por 3,20m de largura. O elevador ergue até 30 mil quilos,
a 6 m de altura, e funciona por sistema hidráulico.
No entanto, o maior registro dos ares modernos do Pe-
dro II está no forro pintado de verde musgo: uma obra de arte
68 | THEATRO PEDRO II

projetada pela artista plástica Tomie Otake. Duas cúpulas sobre-


postas com 20 metros de diâmetro, executadas em gesso gipy-
sum, forma uma escultura que lembra movimentos disformes
da água, destacando-se na arquitetura imponente, equilibrando
o novo e o antigo. Essa obra sustenta um grande lustre de cris-
tal, com 2,70m. de altura e 2,20m. de largura, avaliado em 65 mil
dólares, em forma de gota, iluminando o ambiente da platéia. A
cor do teto se harmoniza com as paredes de fundo das galerias
e balcões, que originalmente não existiam, e foram projetadas
para dar mais segurança ao prédio e melhorar a acústica. São
dois forros com 30 centímetros de diferença entre eles, o que
propicia um efeito de profundidade quando as lâmpadas são
acesas. O centro do lustre é vazio e, quando recebe a ilumina-
ção, os raios se espalham e, associados a eles, a iluminação do
forro proporciona uma visão da escultura em três dimensões. A
obra de arte de Tomie Otake substituiu o antigo lustre, que pen-
dia de um forro sem nenhum elemento decorativo importante
ou traço marcante, como mostraram as pesquisas dos arquite-
tos. A intervenção moderna teve a aprovação do Condephaat. O
trabalho foi realizado por 80 homens, em oito meses, com 600
metros de andaime, 1.200m2 de gesso aplicados, mil pontos
de fixação e 300 lâmpadas.
Palco - O estado de conservação do palco estava em
péssimas condições; o incêndio destruiu quase todos os re-
vestimentos da época da reforma de 1960, sem contudo afetar
THEATRO PEDRO II | 69

os originais, que revelaram-se com a queima dos lambris. As


dimensões do novo palco, desmontável, instalado sobre uma
estrutura metálica com piso revestido em madeira freijó, foram
aumentadas dos 200 metros originais para 459 metros quadra-
dos, e instaladas 22 varas de cenário e 5 varas de luz.
Com o fogo, a boca de cena desabou, comprometendo
os elementos decorativos moldados em gesso e argamassa,
como os medalhões, frisos e molduras. Foi necessário recons-
truir a estrutura do forro e do estuque, em cima de andaimes
de 20 metros de altura, um trabalho que durou dois anos de
dedicação de uma equipe de pedreiros, serventes, marcenei-
ros e restauradores de Ouro Preto e de Belo Horizonte, Minas
Gerais, sob a orientação do restaurador Júlio de Moraes. Pa-
cientemente, os antigos medalhões e ornatos foram reproduzi-
dos em gesso; os detalhes florais e as pinturas decorativas na
boca de cena e camarotes de proscênio, restaurados em cima
de prospecções. A recuperação da pintura da boca de cena, a
coluna decorativa de 11 metros de altura e 9m de largura em
volta do palco, consumiu três meses para chegar à pintura ori-
ginal, escondida sob cinco camadas de reformas. Na pesquisa,
conclui-se que o artista da época da construção aplicara a pin-
tura decorativa com máscara, fazendo um jogo de luz e sombra
com a mão. Era a arte que surgia das cinzas e do passado para
encantar os artistas do presente.
A cortina, costurada em estilo francês, comporta 500 me-
74 | THEATRO PEDRO II

tros de veludo vermelho. Outras intervenções se fizeram ne-


cessárias como a reinstalação e modernização do ciclorama,
pano que cobre o fundo do palco, dos lambrequins, porta tipo
corta-fogo, reguladores horizontais e verticais da boca de cena,
e do urdimento, plataforma metálica onde estão instalados os
motores para movimentação cênica.
No total, no palco foram investidos US$ 1,5 milhão em
som, luz e mecânica cênica, o que tornou o teatro um dos me-
lhores do país em perfeição acústica, inserindo o Pedro II no
circuito internacional de apresentações artísticas
Os andares superiores – No primeiro andar, situada na
parte anterior do edifício, está a sala dos espelhos, o foyer, um
dos maiores requintes do teatro, com pé direito duplo e aber-
tura em balcões. Três portas articuladas levam ao terraço, de
onde se avista a Praça XV de Novembro.
Essa área não foi atingida pelo incêndio, mas apresentava
grandes estragos causados pela ação do tempo, a falta de uso e
de manutenção. No espaço com função específica dos teatros
de ópera, onde a platéia aguardava as trocas de cenários, estão
as peças mais significativas do teatro, em art déco. As formas
e cores originais trouxeram de volta a beleza dos lustres, aran-
delas, espelhos, vidros bisotados, capitéis, molduras, relevos
e pinturas, portas e ferragens. As três camadas sobrepostas
de tinta cinza das janelas e portas foram delicadamente retira-
das com bisturi e solvente, mantendo os motivos artísticos re-
THEATRO PEDRO II | 75

buscados, e depois reconstituídas com pedaços de madeira de


portas antigas. O espelho de cristal italiano manteve a primeira
fialha original, e as outras foram reconstruídas. Nas paredes, os
sete conjuntos de arandelas originais reproduzem tochas roma-
nas. Dos três magníficos lustres, o central desabou, e a peça
passou por uma reconstrução parcial. Restaurado, o foyer se
destina a apresentações de orquestras de câmara, solos, can-
tos líricos, espetáculos de público menor, além de manter a
função anterior.
Dois corredores associados aos camarins compõem as
laterais, que dão acesso aos balcões, aos camarotes coletivos
e aos de proscênio. Nas laterais, permaneceram as estruturas
originais. As divisórias em alvenaria, com ornatos em volutas
e frisos, foram restauradas com argamassa. Os balcões sim-
ples estão situados na direção oposta à boca de cena. Nes-
se pavimento, existe uma variação de tipos de acabamentos
como linóleos cimentados, ladrilhos hidráulicos e granilite. Os
camarins junto às coxias de dimensões mínimas, receberam
revestimento de parede em argamassa, e como detalhe de aca-
bamento, um pequeno friso de madeira de cerca de 1,80 do
piso. A reforma acrescentou uma sala de imprensa e uma sala
de café.
No segundo andar, balcões nobres, galerias e camarotes.
Toda a área estava em mau estado de conservação, e as solu-
ções empregadas pelos arquitetos e restauradores são idênti-
76 | THEATRO PEDRO II

cas às do primeiro pavimento. Esse andar abriga também uma


sala de estar e uma de café. No terceiro piso, na ala direita,
uma curiosidade: a lendária passagem secreta entre o teatro e
o Hotel Palace realmente existia e foi fechada por uma parede.
Esse pavimento proporciona uma visão privilegiada da cúpula e
do grande lustre, pela proximidade. O pavimento é delimitado
pelo piso e guarda-corpo, que reproduzem o desenho básico
da platéia, e na cobertura, pelos arcos que sustentam o forro.
Nesse andar, foram encontrados os maiores estragos no arco
da boca de cena e nos elementos decorativos. Escadas de ma-
deira levam ao sótão, onde estão o depósito, sala de dança, do
coreógrafo, de projeção e de controle de iluminação cênica e
de áudio, todas reformadas. - Nesse espaço, por meio de duas
escadarias, tem-se acesso ao sótão e às coberturas das laterais
do teatro. A estrutura de madeira e a maioria das peças do só-
tão estavam deterioradas pela ação da chuva e de insetos. No
teto do teatro permanecem as telhas de barro, tipo francesas.
Subsolo - Além da caixa d’água, existem dois níveis abai-
xo do palco. Nessa área, os operários cavaram 3.200m3 de ter-
ra, e construíram camarins, acessos ao palco, oficinas, sala de
costura, de máquinas, cabine de força, o auditório Meira Júnior,
restaurante, cozinha industrial, o fosso de elevador de orques-
tra e o reservatório de água com capacidade para 200 mil litros.
O espaço apresentava infiltrações provocadas por deterioração
das redes de água e de esgoto, mas foi considerado pelos ar-
THEATRO PEDRO II | 77

quitetos com boas possibilidades de reciclagem e aproveita-


mento.
O Meira Júnior – O auditório, construído no primeiro sub-
solo, com capacidade para 200 lugares, é destinado a espetá-
culos menores e grupos de teatro amador. O palco italiano foi
revestido com madeira freijó, e tem cinco varas de luz e cinco
de cenário, cabine de comando de luz e som, e sistema central
de ar condicionado. O teto, revestido em gesso gipysum carto-
nado em forma ondulada, facilita a propagação e reberveração
do som. Pode ter programação simultânea com o teatro prin-
cipal sem interferência acústica. As poltronas são revestidas
com o mesmo tecido das cadeiras do Pedro II, porém em cor
azul. No mesmo pavimento, foram projetadas salas de café, um
saguão de exposições e outros eventos culturais, oficinas de
produções culturais, cursos e ateliês.
A iluminação – Um equilíbrio de luzes diretas, focos indi-
retos nas frisas proporcionam conforto visual aos espectadores
do teatro. No palco, modernos recursos de iluminação cênica,
com 248 refletores distribuídos em cinco varas de, na frisa su-
perior e nas laterais. As luminárias são à prova de explosão.
Para que tudo isso funcione perfeitamente, foram instalados na
cabine elétrica, a cinco metros de profundidade, três transfor-
madores de 300kwa, um transformador de de 30 KVA e um gru-
po gerador com capacidade para iluminar uma cidade de 5000
78 | THEATRO PEDRO II

habitantes, e um gerador de energia elétrica de 370/275KVA.


No caso de haver uma pane no sistema elétrico, o gerador en-
tra em funcionamento em oito segundos. A carga instalada é
de 980 wats de energia, mais 350 wats só para iluminação de
cena. A mesa de controle digital, computadorizada, tem 128
canais, com 350 mil w de potência.
Prevenção – O combate a cupins é feito por meio de um
sistema instalado no subsolo. Uma tubulação espalha um pro-
duto e cria uma barreira química em volta do prédio. O sistema
é renovado a cada cinco anos.
Camarins – Originalmente localizados nas laterais do pal-
co, os antigos camarins limitavam o tamanho do palco. Para
ampliar o espaço, foram demolidos três pilares laterais, remo-
vida a estrutura dos camarins e reestruturada com sustentação
metálica e de concreto. A reforma comtemplou o teatro com
cinco novos camarins individuais e quatro coletivos.
Escadas – Os peitoris das escadas passaram por uma
restauração, e o mármore branco substituiu o piso original.
As principais, frontal e laterais, foram revestidas com carpete
vermelho. Apenas uma escada de acesso ao subsolo recebeu
granito cinza andorinha. Novas escadas em madeira facilitam
circulação interna.
Urdimento – O fogo não destruiu a armação de madeira
construída ao longo do teto, que sustenta os equipamentos do
cenário e de iluminação, mas ela foi totalmente refeita em es-
THEATRO PEDRO II | 79

trutura metálica.
Banheiros – Dois femininos e dois masculinos em cada
andar, os banheiros ficaram mais modernos, revestidos em
piso de granito cinza andorinha polido e paredes de laminado
melamínico. A louça foi substituída por outra em cor branca.
Os acessórios – papeleiras e saboneteiras – seguem o mesmo
padrão de louça dos sanitários. Os espelhos são de cristal, as
torneiras de metal e os cabides, de ferro esmaltado.
Pisos – Na platéia, áreas de circulação, frisas, camarotes,
balcão nobre, balcão simples, galerias, foyer, sala de imprensa,
salas de café e camarins, o novo piso instalado é de madeira
jatobá, sintekado. Os corredores laterais de acesso ao auditório
Meira Júnior e a sacada do foyer receberam granito levigado
cinza andorinha. No restaurante junto ao auditório, o piso é de
granito polido, também em cinza andorinha. A madeira freijó
está presente no assoalho dos palcos, da sala de dança e dos
elevadores de orquestra e de cenário. O da sala de dança tem
tratamento acústico. O piso do auditório Meira Júnior foi reves-
tido com carpete azul.
E N T RE Ó P E RA S ,
R E C I TA I S E S A PAT I L H A S
94 | THEATRO PEDRO II

A s cortinas do Theatro Pedro II abrem-se duran-


te o ano todo para o público, o que faz do magnífico espaço,
que se encontra entre os três principais teatros de ópera do
país, um pólo de cultura para as cidades da região e palco para
orquestras do Brasil e de países do mundo todo. A contribuição
do teatro não se restringe apenas ao público. Estende-se tam-
bém aos artistas, tanto aos eruditos quanto aos populares. Eles
sempre encontram uma platéia receptiva, ávida por entreteni-
mento e alimento cultural.
O teatro é administrado pelos membros da Fundação D.
Pedro II, criada em julho de 1995 pelas Leis Complementares nº
465 e 503, com a finalidade de
orientar, incentivar e patrocinar atividades artísticas e cul-
turais, promover a defesa do patrimônio histórico-cultural do
município e em especial do Theatro Pedro II,
promover cursos, reuniões e congressos visando a reali-
zação de objetivos artísticos, culturais e educacionais da cidade
e região, atendendo também eventos sem cobrança de ingres-
sos para a população carente.
A Fundação D. Pedro II é constituída por Conselho Cura-
dor, Conselho Fiscal e Diretoria Executiva, e mantém o teatro
com o apoio financeiro da administração municipal e da comu-
THEATRO PEDRO II | 95

nidade, na qual encontra grande receptividade na realização


dos projetos aprovados pelo Ministério da Cultura e pelo fato
de manter uma programação durante todo o ano.
É certo que durante quase três décadas, antes do incên-
dio de 1980, o teatro perdeu um pouco sua característica, trans-
formando-se em cinema e lugar de manifestações com propó-
sitos diversos, mas depois do restauro e da reinauguração, as
administrações da Fundação D. Pedro II procuram preservar
ao máximo sua finalidade como teatro de ópera, concertos e
de balett. Essa finalidade, no entanto, não impede que sejam
apresentados espetáculos populares de grande porte, selecio-
nados criteriosamente, por haver na cidade pouco espaço para
grandes produções, e também, pela receita gerada por essas
atrações culturais.
Para garantir o sucesso dos espetáculos, a manutenção
da estrutura física do teatro, da bilheteria ao camarim, é bem
rigorosa. Os artistas que se apresentam no Pedro II nunca dei-
xam de elogiar o estado de conservação de todas as dependên-
cias do teatro, o cuidado com a iluminação, a limpidez do som,
a acústica perfeita e o atendimento proporcionado pelos profis-
sionais atentos por trás das belas cenas, que tanto encantam
ao público.
O Theatro Pedro II é o principal espaço da Orquestra Sin-
96 | THEATRO PEDRO II

fônica de Ribeirão Preto, mantida pela Sociedade Lítero Musi-


cal.
Acrescenta-se a esse privilégio de poder contar com uma
orquestra, que realiza ao menos um concerto por mês no teatro,
outra parceria importante na área cultural: a Escola de Comuni-
cação e Arte da USP de Ribeirão Preto, formadora de músicos
de todo o país. Professores e alunos da USP tocam na Orques-
tra Sinfônica de Ribeirão Preto e promovem recitais e concertos
para um público já formado, habituados à erudição dos espetá-
culos. A tradição de freqüentar o teatro e educar os ouvidos e a
alma para os acordes dos grandes mestres vai sendo repassa-
da aos filhos e netos com o Juventude Tem Concerto, uma das
programações fixas do Pedro II, realizada um domingo por mês
para crianças e adolescentes. É um projeto da Fundação, criado
e realizado em parceria com a Secretaria Municipal da Cultura
e Sociedade Lítero Musical, dirigido aos alunos das redes de
ensino pública municipal e estadual, e particular. Os concer-
tos têm uma característica didático-cultural, apresentando aos
alunos os instrumentos que compõem a orquestra, a obra e o
compositor. Além dos concertos e programações culturais, a
Fundação D.Pedro II se empenha em realizar uma ópera a cada
ano.
Outra programação que atrai pessoas de todo o Brasil a
Ribeirão Preto é o Dança Ribeirão, festival competitivo entre es-
THEATRO PEDRO II | 97

colas e mostra de dança de companhias do Brasil e do exterior,


realizado anualmente, promovido pela Secretaria da Cultura de
Ribeirão Preto, que leva, em média, a cada ano, três mil bailari-
nos ao palco do Pedro II. A Fundação apóia e incentiva também
os grupos de teatro da cidade e mantém uma programação fixa
com peças infantis durante todo o ano, em seu subsolo, na sala
Meira Júnior.

E S P E T Á C U LO S
R E A L I Z A D O S N O
T H E AT R O P E D R O I I
D E 1 9 9 5 A 2 0 0 5
Orquestras Nacionais, Internacionais,
Óperas, Corais, Solistas Nacionais e InternacionaisOr-
questra Sinfônica de Ribeirão Preto
Orquestra de Sopros da Alemanha
Orquestra Sinfônica de Jerusalém
Orquestra de Câmara de Moscou
Cameratta Cittá di Prato
Orquestra Sinfônica Tchaikovsky da Rádio de Moscou
Orquestra Sinfônica do Estado da Rússia
98 | THEATRO PEDRO II

Quarteto David ( Itália)


Bárbara Hendricks e Orquestra de Câmara de Praga
Quarteto Casais ( Espanha)
Coral da Irlanda
Ópera “Cavalleria Rusticana”
Ópera “La Traviata”
Marcelo Jaffe (viola)
Nelson Ayres (piano)
Caio Pagano (piano)
Arthur Moreira Lima ( piano)
Celine Imbert ( canto)
Rosana Lamosa (canto)
Fernando Portari ( canto)
Cláudio Cruz ( violino)
Alex Klein (oboé)
“Os meninos cantores de Viena”

Dança – Companhias Nacionais e Internacionais


Distrito Cia. Da Dança
Balé da Cidade de São Paulo
Grupo Corpo
Cia. de Dança Débora Colker
Ballet Stagium
Cia. de Balé Cisne Negro
THEATRO PEDRO II | 99

Balé do Teatro Guairá


Mikhail Baryshnikov (USA)
Lês Grands Ballets Canadiens ( Canadá)
Cia. de Dança da Ucrânia
Pilobus Dance Theatre (USA)
Cia. Nacional de Danza de Espana
Ballet Flamenco Antonio Canales (Espanha)
Balé do Teatro Stanislavsky (Rússia)
Grupo de Dança “Castafiore” (França)
Momix (USA)
Balé Folclórico de Schuan ( China)
Cia de Dança Moderna ( Pequin)

Música Internacional
Stanley Jordan – blues – (USA)
Mount Moriah – gospel – (USA)
Tango Mio (Argentina)
The Platters (USA)
Ray Conniff (USA)

Músicos Brasileiros
100 | THEATRO PEDRO II

Yamandú Costa
Naná Vasconcelos
Gilbeto Gil
Caetano Veloso
Maria Bethânia
Chico Buarque
Maria Rita
Paralamas do Sucesso
Nando Reis
Zélia Duncan
Simone
Almir Sater
Renato Teixeira
Zimbo Trio
Ney Matogrosso
Milton Nascimento
João Bosco
Zizi Possi

Teatro Brasileiro – Atores


THEATRO PEDRO II | 101

Paulo Autran
Raul Cortez
Fernanda Montenegro
Vera Holtz
Bibi Ferreira
Antonio Fagundes
Miguel Falabella
Eva Wilma
Glória Menezes
Tarcísio Meira
Nathalia Timberg
Vera Fischer
Edson Celulari
Celso Frateschi
Juca de Oliveira
Arlete Sales
Laura Cardoso
Irene Ravache
Jussara Freire
Paulo Caruso
Diogo Villela
Denise Stoklos
C R O N O LO G I A
116 | THEATRO PEDRO II

1925
Os diretores da Companhia Cervejaria Paulista, de-
sejando investir oferecer um bem cultural a Ribeirão
Preto, decidem construir um novo teatro na cidade.

O empresário João Alves de Meira Júnior, um dos

1927 diretores da Companhia Cervejaria Paulista, contrata


o arquiteto Hyppólito Gustavo Pujol Junior para criar
o projeto arquitetônico do Theatro Pedro II

1928 Têm início as obras do novo teatro, executadas pela


firma alemã Kemnitz & Cia.

Crack na Bolsa de Nova York, causando grave crise

1929 econômica em todo o Brasil e no exterior. A crise afe-


ta diretamente muitos fazendeiros do país e da região
de Ribeirão Preto. Continuam as obras no Pedro II.

1930
03 de outubro – Começa a Revolução de 30, que leva
Getúlio Vargas ao governo provisório do país.
08 de outubro -Inauguração do Theatro Pedro II.
THEATRO PEDRO II | 117

1938 23 de maio - Fundada Sociedade Lítero Musical de


Ribeirão Preto.

1943
Osvaldo de Abreu Sampaio , Proprietário da Com-
panhia Teatral Paulista, assume a administração do
Theatro Pedro II, e permanece por 18 anos.

1946 Theatro Carlos Gomes está no chão.

Lucídio Ceravollo, outro exibidor cinematográfico as-

1960
sume a administração do Theatro Pedro II, com o fim
do contrato de Osvaldo de Abreu Sampaio.
Ceravollo autoriza reformas e modificações no Pe-
dro II, o que descaracteriza o teatro.

A companhia Cervejaria Antarctica compra as ações

1973
da Companhia Cervejaria Paulista e se torna proprie-
tária do Theatro Pedro II.
Câmara Municipal de Ribeirão Preto aprova projeto
de lei para o tombamento do teatro.
Projeto é sancionado pelo prefeito Welson Gasparini.
118 | THEATRO PEDRO II

15 de julho - Um incêndio destrói parcialmente o


Theatro Pedro II, ano em que o teatro completou 50
anos.
O teatro exibia o filme Os Três Mosqueteiros Trapa-
lhões. Oitenta pessoas estavam no teatro, mas nin-
guém ficou ferido. O fogo destruiu a caixa cênica, e

1980
o teto do teatro desabou.
05 de outubro –Realizado um espetáculo na Espla-
nada do Theatro Pedro II com a Orquestra Sinfônica
de Ribeirão Preto, sob a regência dos maestros Lu-
tero Rodrigues e Isaac Karabtchevsky, em protesto
ao abandono do teatro.
Comissão de vereadores cobra do poder executivo o
tombamento e reconstrução do teatro

7 de maio - Secretário de Estado da Cultura, Antônio


Henrique da Cunha Bueno assina o tombamento do
Theatro Pedro II como patrimônio publico, seguindo

1982 parecer do Condephaat, Conselho de Defesa do Pa-


trimônio Histórico,Arqueológico,Artístico e Turístico
do Estado de São Paulo. Mais de 800 entidades de
todo o Brasil reivindicaram às autoridades, por escri-
to, a restauração do teatro.
THEATRO PEDRO II | 119

11 de junho - O Estado ganha a ação de desapropriação


do Theatro Pedro II e transfere o imóvel e a administra-
ção do teatro para a Prefeitura de Ribeirão Preto.

1991 Um consórcio de empresas ganhadoras da concor-


rência para a reconstrução do teatro inicia a elabora-
ção de cerca de 300 plantas para orientar o tipo de
reforma, restauro e modernização do teatro.
Começam as obras de reconstrução .

30 de junho - Concerto pré-reinaugural no Pedro II em

1994 estado de resturo, com a Orquestra Sinfônica de Ribei-


rão Preto, regida pelo maestro Marcos Pupo Nogueira,
tendo como solista o pianista Caio Pagano .

1995
Criada a Fundação Pedro II, pela administração mu-
nicipal, com a finalidade de dar independência e pro-
gramar os eventos culturas do teatro.

18 de maio – O Theatro Pedro II está pronto e abre as

1996 portas à população. A programação vai até 7 de julho.


19 de maio - Ribeirão Preto completa 140 anos. Noi-
te de reinauguração oficial do teatro.
DA D O S D O
T H E AT R O P E D R O I I
124 | THEATRO PEDRO II

Inauguração: 8 de outubro de 1930


Localização: Quarteirão Paulista, Rua Álvares Cabral entre
as ruas Duque de Caxias e General Osório
Área total: 5.800m2
Altura total: 30 m.
Projeto original: Hypolito Gustavo Pujol Júnior
Capacidade original: 2500 lugares
Reinauguração: 27 de maio de 1996
Camarins individuais: 5
Camarins coletivos: 4
Galerias: 3
Banheiros: 2 masculinos e 2 femininos por andar
Vestiários: 7
Cafés: 4
Elevadores: 2 com capacidade para 16 pessoas, um para
portadores de necessidades especiais, um de cenário, um para
a orquestra e um monta-carga
Capacidade atual: 1580 lugares
Platéia: 430
Frisas: 134
Balcão nobre: 271
Balcão simples: 242
Galeria central: 275
Galerias laterais: 100
Camarotes do proscênio: 24
Camarotes do balcão nobre: 48
Camarotes do balcão simples: 56
THEATRO PEDRO II | 125

E S T R U T U RA D O
T H E AT R O P E D R O I I
O teatro é composto por três subsolos e cinco pavimentos.
Primeiro subsolo: Teatro Meira Júnior com capacidade
para 198 lugares, restaurante, saguão de exposições, sala de
figurino, sala de costura, sala dos músicos, sala dos instrumen-
tos, almoxarifado, camarins coletivos e individuais, salas de ad-
ministração, cozinha, banheiros e central de energia elétrica
Segundo subsolo: Oficina de cenários: mecânica, elétrica
e de carpintaria
Terceiro subsolo: Sala de controle de ar condicionado e
reservatório de água para os sprinklers
Térreo: Entrada principal e entrada lateral para portadores
de necessidades especiais, bilheterias, chapelaria, cofre, café,
banheiros, acesso ás frisas, aos camarotes do proscênio e aos
pavimentos superiores e inferiores por elevadores e pela esca-
da, platéia e palco.
Primeiro andar: Sala dos Espelhos – Foyer – café, sala de
imprensa, banheiros e acesso aos balcões, aos camarotes co-
letivos e aos camarotes do proscênio.
Segundo andar: Balcões voltados para a Sala dos Espelhos,
café, sala de estar, banheiros, e acesso às galerias laterais e de
fundo, aos camarotes coletivos e aos camarotes do proscênio.
Terceiro andar: Sala de dança, sala de projeção e controle
de iluminação cênica e de áudio.
Quarto andar: Sala para coreógrafos, vestiários e depósito.
126 | THEATRO PEDRO II

C e n o t é c n i c a
Dimensões palco: 27 m de largura, 17m de profundidade, 10,5
m boca de cena

Pr o s c ê n i o
Altura da boca de cena:
Altura da caixa:
Centro-boca até parede do fundo:
Largura da coxia:
Altura fundo (p/ cenário):
Largura parede (curva) de fundo:
Altura das varas de luz: 6 metros
Altura do urdimento: 18 metros
Altura das pernas: 9 metros
Altura da boca de cena: 6 metros
Largura da varas: 12 metros

Va r a s c o n t r a p e s a d a s
8 varas de cenário
5 pernas (pares) com 2 metros de largura
5 varas de luz com 27 pontos cada
5 bambolinas - 12 metros de largura e 2 metros de altura
4 varas com placas acústicas
1 ciclorama
1 rotunda c/ corte e trespasse central
THEATRO PEDRO II | 127

Pa l c o
Equipamento de som - pré amplificação
1 processador de efeitos alex lexicom
1 tape deck duplo cassete w 515 r (teac)
1 cd sony
4 compressores dbx 166
2 equalizadores ge 311 - 31 band advance
2 crossover ecx 52 advance
1 mesa soundcraft (spirit) 24 canais (só 16 canais multicabo)
2 amplificadores potência médio 350x advance
2 amplificadores potência super grave 550 xt advance
Obs.: mesa de pa 24 canais com multicabo de 16 vias, portan-
to 16 canais para uso)

E q u i p a m e n t o d e s o m
1 mesa soundcraft (spirit) 32 canais (monitor)
1 amplificador potência agudo 350x advance
1 amplificador potência médio 350x advance
1 amplificador potência grave 350x advance
1 crossover ecx 52 advance
1 equalizador alesis meq 230
2 caixas said acarpetadas rc5 - 02 auto falantes, 01 corneta 15”
2 tweeters (retornos) - (side)
4 monitores 03 vias cmd 200 (piso) passivo
1 amplificador potência agudo 350x advance - full range
128 | THEATRO PEDRO II

1 amplificador potência médio 350x advance - full range


1 amplificador potência grave 350x advance - full range
3 equalizadores alesis meq 230
1 aparelho de md (mini disk)

M a t e r i a i s d e s o m
18 microfones leson sm 58
6 microfones shure beta green 3.0
1 microfone nady 201 lapela
1 transmissor nady
1 fonte nady
4 cabos para compressor
16 cabos canon fêmea - p10
10 direct box
24 cabos canon-canon
20 pedestais modelo girafa

E q u i p a m e n t o s d e l u z
1 mesa melange nsi 128 canais - 8 submasters (sinal dmx)
39 dimmers boxes mod. 810 - 2000w por canal
32 planos fresnel 2000w
24 pc 2000w ( plano convexo/pc)
30 set light 1000w
35 elipsoidal 1000w
8 torres para 04 refletores em cada torre
32 pc 1000 w
THEATRO PEDRO II | 129

Fr e n t e
16 zoom elipsoidal 2000w mod. 7720

L a t e r a l
12 pontos no 1° pavimento p/ 2000w (refletor par/foco 2) - (6
em cada lado)
12 pontos no 2° pavimemto p/ 2000w (refletor par/foco 2) - (6
em cada lado)
2 canhões seguidores no terceiro pavimento
Obs.: a iluminação lateral e a frontal são fixas.

S a l a d e d a n ç a
Equipamento de som
1 amplificador onix ac 800
1 tape deck duplo cassete w 515r

S a l a d o c o r e ó g r a f o
1 amplificador onix ac 800
1 tape deck duplo cassete w 515r
130 | THEATRO PEDRO II

S A L A M E I RA J Ú N I O R
Capacidade: 200 lugares

C e n o t é c n i c a
Boca de cena: 8,32 m
Proscênio: 1,13 m
Altura da boca de cena: 2,32 m

E q u i p a m e n t o d e l u z
1 mesa ditel 24 canais mod. Om 300 (manual) 03 submasters
2 dimmer boxes ditel mod. Om 800 12 canais cada
17 Refletores pc 1000w 17
2 Refletores elipsoidal
9 Set-light

E q u i p a m e n t o d e s o m
1 amplificador de potência retorno 350x advance – full range
1 tape deck duplo cassete w 515 r (teac)
B I B L I O G RA F I A
136 | THEATRO PEDRO II

CIONE, Rubem. História de Ribeirão Preto, III Volume. Ribeirão


Preto: Editora Legis Summa Ltda, 1992.

____________IV Volume. Ribeirão Preto: Editora Legis Summa


Ltda, 1995.

CCICCACIO, Ana Maria. Theatro Pedro II – Espaço Reconquis-


tado. Ribeirão Preto: São Francisco Gráfica e Editora, 1996.

FARIAS, Isabel e PINHEIRO, Murilo. Theatro Pedro II. Ribeirão


Preto: MIC Editorial Ltda., 1996.

LEONE, Matilde. Theatro Pedro II – A Reconstrução. Ribeirão


Preto: Souza e Sá Editora, 1996.

Arquivos
Arquivo Público de Ribeirão Preto
Arquivo da Sociedade Lítero Musical de Ribeirão Preto

Revistas
Revista Revide, ano VII – nº2 – setembro, 1993. O Resgate de
Uma cultura. Ribeirão Preto.
Revista Arq Art, ano 2, nº 9. Theatro Pedro II – 1º Capítulo.
Ribeirão Preto
THEATRO PEDRO II | 137

Entrevistas
Francisco Pagano
Regina Spanó

Bibliografia Eletrônica
www.suapesquisa.com/literaturabrasil
www.clubedejazz.com.br
www.30anosdehistoria.hpg.ig.com.br
www.uol.com.br/modabrasil
http://www.culturabrasil.org/revolucaode30.htm
www.theatrosdobrasil.com.br
http://www.pitoresco.com.br/art_data/art_nouveau/index.htm
E X P E D I E N T E
C o o r d e n a ç ã o E d i t o r i a l
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Te x t o s
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