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ATENÇÃO À SAÚDE DO ADULTO

TUBERCULOSE

1ª Edição

SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS

Belo Horizonte, 2006


GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS
Governador
Aécio Neves da Cunha
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS
Secretário
Marcelo Gouvêa Teixeira
SUPERINTENDÊNCIA DE ATENÇÃO À SAÚDE
Superintendente
Benedito Scaranci Fernandes
GERÊNCIA DE ATENÇÃO BÁSICA
Gerente
Maria Rizoneide Negreiros de Araújo
GERÊNCIA DE NORMALIZAÇÃO DE ATENÇÃO À SAÚDE
Gerente
Marco Antônio Bragança de Matos
COORDENADORIA DO PROGRAMA DE PNEUMOLOGIA SANITÁRIA
Coordenador
Edílson Corrêa de Moura

Aporte financeiro
Este material foi produzido com recursos do Projeto de Expansão e Consolidação da Saúde da
Família - PROESF

Projeto gráfico e editoração eletrônica


Casa de Editoração e Arte Ltda.

Ilustração
Mirella Spinelli

Produção, distribuição e informações Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais


Rua Sapucaí, 429 – Floresta – Belo Horizonrte – MG – CEP 30150 050
Telefone (31) 3273.5100 –
E-mail: secr.ses@saude.mg.gov.br
Site: www.saude.mg.gov.br
1ª Edição. 2006Aut

MINAS GERAIS. Secretaria de Estado de Saúde. Atenção à


WF
Saúde do Adulto: Tuberculose.Belo Horizonte, 2006.
250
144 p.
MI
1. Saúde do adulto - Tuberculose. 2. Tuberculose - Atenção à Saúde
AT
do Adulto.I.Titulo.
AUTORES

Ailton Cezário Alves Júnior

Cláudia Hermínia Lima e Silva

Edílson Corrêa de Moura


APRESENTAÇÃO

A situação da saúde, hoje, no Brasil e em Minas Gerais, é determinada por dois


fatores importantes. A cada ano acrescentam-se 200 mil pessoas maiores de 60 anos à
população brasileira, gerando uma demanda importante para o sistema de saúde (MS,
2005). Somando-se a isso, o cenário epidemiológico brasileiro mostra uma transição:
as doenças infecciosas que respondiam por 46% das mortes em 1930, em 2003 foram
responsáveis por apenas 5% da mortalidade, dando lugar às doenças cardiovasculares,
aos cânceres e aos acidentes e à violência. À frente do grupo das dez principais causas da
carga de doença no Brasil já estavam, em 1998, o diabete, a doença isquêmica do coração,
a doença cérebro-vascular e o transtorno depressivo recorrente. Segundo a Organização
Mundial de Saúde, até o ano de 2020, as condições crônicas serão responsáveis por 60%
da carga global de doença nos países em desenvolvimento (OMS, 2002).
Este cenário preocupante impõe a necessidade de medidas inovadoras, que mudem
a lógica atual de uma rede de serviços voltada ao atendimento do agudo para uma rede de
atenção às condições crônicas.
Para responder a essa situação, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais
estabeleceu como estratégia principal a implantação de redes de atenção à saúde em cada
uma das 75 microrregiões do estado que permitam prestar uma assistência contínua à
população. E a pré-condição para a eficácia e a eqüidade dessa rede é que o seu centro de
coordenação seja a atenção primária.
O programa Saúde em Casa, em ato desde 2003, tendo como objetivo a melhoria da
atenção primária, está construindo os alicerces para a rede de atenção à saúde: recuperação
e ampliação das unidades básicas de saúde, distribuição de equipamentos, monitoramento
através da certificação das equipes e avaliação da qualidade da assistência, da educação
permanente para os profissionais e repasse de recursos mensais para cada equipe de saúde
da família, além da ampliação da lista básica de medicamentos, dentro do programa
Farmácia de Minas.
Como base para o desenvolvimento dessa estratégia, foram publicadas anteriormente
as linhas-guias Atenção ao Pré-natal, Parto e Puerpério, Atenção à Saúde da Criança e
Atenção Hospitalar ao Neonato, e, agora, apresentamos as linhas-guias Atenção à Saúde do
Adolescente, Atenção à Saúde do Adulto (Hipertensão e Diabete, Tuberculose, Hanseníase
e Hiv/aids), Atenção à Saúde do Idoso, Atenção em Saúde Mental e Atenção em Saúde
Bucal e os manuais da Atenção Primária à Saúde e Prontuário da Família. Esse conjunto
de diretrizes indicará a direção para a reorganização dos serviços e da construção da rede
integrada.
Esperamos, assim, dar mais um passo na consolidação do SUS em Minas Gerais,
melhorando as condições de saúde e de vida da nossa população.

Dr. Marcelo Gouvêa Teixeira


Secretário de Saúde do Estado de Minas Gerais
AGRADECIMENTOS

Agradecemos a todos os profissionais


da Secretaria de Estado de Saúde de Minas
Gerais que se empenharam na elaboração
desta linha-guia e de maneira especial ao Dr.
Edílson Corrêa de Moura pela sua dedicação
ao combate à tuberculose no Estado de Minas
Gerais.
Agradecemos ao Ministério da Saúde/
Fundação Nacional de Saúde, à Sociedade
Brasileira de Pneumologia e Tisiologia e
ao Centro de Referência Professor Hélio
Fraga, através de sua equipe brilhantemente
coordenada pelo Dr. Miguel Aiub Hijjar,
cujas publicações têm norteado o controle da
tuberculose no Brasil, sendo a base bibliográfica
para a redação desta linha-guia.
COMENTÁRIOS DE VALIDAÇÃO

Graças aos esforços da Coordenação Estadual de Pneumologia Sanitária, o estado


de Minas Gerais conta com um Plano de Ação do Programa de Controle de Tuberculose,
desde 2005, que prevê atividades de aumento da cobertura do tratamento supervisionado
e humanizado e melhoria da rede pública de laboratórios para baciloscopia e cultura.
Destaca-se também a maior integração da Secretaria Estadual de Saúde com os municípios
e importantes ações educativas e de promoção da saúde.
Temos a certeza que a implantação deste Plano muito contribuirá para levar o flagelo
da tuberculosa aos níveis aceitáveis diante dos recursos tecnológicos disponíveis, há anos,
e que nem sempre vêm sendo disponibilizados de forma eficiente para a população.
No âmbito federal a tuberculose foi definida como um problema prioritário de saúde
cabendo às Secretarias Estaduais e Municipais a coordenação e execução das atividades
de controle que integram os diferentes componentes do Programa.
A construção do importante instrumento LINHA-GUIA PARA O CONTROLE DA
TUBERCULOSE NA ATENÇÃO BÁSICA, graças aos esforços da competente equipe
técnica do estado vem levar uma proposta de organização a todos municípios mineiros,
com clara definição das atribuições das equipes de saúde e responsabilidades gerenciais
definidas para cada nível da estrutura. Aqui, segundo as diferentes realidades locais,
são detalhados exaustivamente normas e procedimentos para as atividades de controle;
definição da logística, papel e atribuições de cada categoria profissional tanto para
assistência propriamente dita, quanto para as atividades de Vigilância Epidemiologia. As
atividades de avaliação representam uma busca contínua de maior qualidade.
Enfim, este instrumento, linha e guia, vem auxiliar de forma consistente e clara o
exercício diário dos profissionais que lutam para melhorar a saúde de nosso povo e que
sempre respondem a investimentos desta natureza.
Saudamos esta importante iniciativa no combate a tuberculose no Brasil que
contribuirá para maior qualificação e expansão de cobertura do controle e o alcance de
nossos principais objetivos que são o de reduzir, de modo significativo, a incidência
e mortalidade causadas pela tuberculose e como consequência diminuindo o sofrimento
humano e melhorando a qualidade de vida.

Miguel Aiub Hijjar


Diretor do Centro de Referência Prof. Hélio Fraga
Secretaria de Vigilância em Saúde
Ministério da Saúde
SUMÁRIO

Introdução .................................................................... 13
Uma visão humanizada sobre o paciente com tuberculose ... 14
I. As diretrizes para o atendimento .............................. 17

1.1 O acolhimento do usuário ................................. 19

1.2 Sinais de risco ................................................... 20

1.3 Sinais de alerta ................................................. 20

1.4 A população de risco ........................................ 23


II. As ações de promoção à saúde e prevenção
da doença ...................................................................27

2.1 Ações de promoção à saúde ............................... 29

2.2 Ações de prevenção da doença .......................... 29


III. Abordagem clínica ................................................... 41

3.1 A tuberculose .................................................... 43

3.2 O atendimento na unidade básica de saúde ...... 84

3.3 Especialidade: qual e quando será necessária.... 91

3.4 Patologias associadas a serem consideradas ...... 91

3.5 Apoio diagnóstico: qual exame e quando fazer .. 95


IV. A organização da assistência .................................... 97

4.1 As competências das unidades de saúde ........... 99

4.2 A definição dos profissionais envolvidos .......... 102

4.3 As atribuições dos profissionais ....................... 102

4.4 O tratamento supervisionado .......................... 107


V. A vigilância epidemiológica e o
sistema de informação............................................ 111

5.1 Os sistemas de informação do


Ministério da Saúde ........................................ 113

5.2 A vigilância epidemiológica da tuberculose .......... 119

5.3 Sites interessantes ........................................... 120

5.4. Indicadores, parâmetros e fontes para


monitoramento ............................................... 121
Anexos ...................................................................... 127
Referências Bibliográficas............................................ 142
INTRODUÇÃO

INTRODUÇÃO

O que mais falar sobre uma doença que através dos milênios vem fazendo adoecer
e sucumbir milhões de pessoas? O que dizer sobre uma enfermidade que apesar de ter
sua etiopatogenia reconhecida, tratamento e cura disponível foi atualmente considerada
uma emergência mundial pela Organização Mundial de Saúde (OMS) levando ao óbito
anualmente quase 3 milhões de pessoas no planeta?
A tuberculose é a doença infecto-contagiosa que mais mata jovens e adultos no
mundo. Com o advento do HIV e da multidrogarresistência, essa morbidade colore
novamente um cenário preocupante.
No nosso país, a tuberculose ainda mata aproximadamente 6 mil brasileiros por ano e
adoece cerca de 100 mil pessoas. É sabido que contribuem para a grave situação o aumento
da pobreza, a má distribuição de renda e a urbanização acelerada. Tais fatores encontram-
se particularmente presentes em determinadas regiões de nosso país, especialmente na
sudeste, resultando em coeficientes de incidência da doença superiores aos nacionais.
Minas Gerais, com 18 milhões de habitantes e 84% da população urbanizada,
apresentava em 2002 a maior taxa de analfabetismo, o menor PIB per capita e a maior
proporção de pobres da região sudeste. Contabilizaram-se, portanto, no Estado, 6.323
casos novos notificados da doença, no ano de 2004, concentrados em sua grande maioria
nas cidades com maior aglomeração urbana de Minas Gerais.
A tuberculose tem deixado seu registro nas gerações e hoje se constitui,
inexoravelmente, um excelente marcador epidemiológico da qualidade de vida dos povos.
Mais que isso, essa enfermidade marca a necessidade de uma grande reflexão para uma
articulação melhor e mais harmônica entre a prática clínica e a prática sanitária a fim de
que possamos não somente ousar em dizer que curamos a doença, mas, que possibilitamos
a reinclusão social dos nossos pacientes que, em sua maioria, estão vivendo em um estado
de orfandade cidadã, sendo, em última análise, esse o principal fator desencadeante da
doença no indivíduo.
Pela magnitude de nosso Estado, melhorar os indicadores epidemiológicos da doença
em Minas Gerais significa melhorar os indicadores nacionais, de modo a atingirmos os
preconizados 85% de cura e 5% de abandono.
Para isso acontecer é necessário um Programa de Controle da Tuberculose que
permita a melhoria do acesso ao serviço e da informação à população, em geral, aliada à
rapidez do diagnóstico, garantia de medicamentos, sistema de informação eficiente e uma
abordagem personalizada e humanizada do indivíduo.

Coordenadoria Estadual da Pneumologia Sanitária/SES/MG

13
ATENÇÃO À SAÚDE DO ADULTO – TUBERCULOSE

UMA VISÃO HUMANIZADA SOBRE O


PACIENTE COM TUBERCULOSE

“O ser humano não sobrevive à indiferença. Todos nós necessitamos de ser


reconhecidos, que as pessoas nos identifiquem e nos valorizem”.
LERCH

A OMS declarou ser a tuberculose uma emergência mundial por estar fora de controle
em muitas partes do mundo.
A desestruturação familiar, as carências pessoais, as drogadições (particularmente
o alcoolismo), a falta de assistência social e a miséria concorrem para a baixa adesão ao
tratamento.
Frente ao agravamento da situação pela epidemia da Aids e ao aumento da tuberculose
multidrogarresistente, o Brasil desenvolveu um Plano Emergencial que descentralizou
recursos, dirigindo-os para os municípios com maior incidência.
Os profissionais de saúde passam a ter um papel diferenciado na assistência ao
paciente, ajudando-o a concluir o tratamento com êxito.
Em respeito a essa “emergência”, a OMS tem adotado para o controle eficaz da
tuberculose a estratégia DOTS (Tratamento de curta duração diretamente supervisionado)
que tem por princípios:

 Disponibilidade de uma rede descentralizada de diagnóstico e de tratamento.

 Boa gestão de programas baseados na gestão responsável e supervisão de


trabalhadores da atenção à saúde.

 Um sistema de busca de casos novos e recaídas;

 Garantia da baciloscopia para detecção de casos;

 Observação direta do paciente durante todo o tratamento;

 Sistema de notificação e de acompanhamento de casos que permita verificar o


resultado do tratamento e do programa de controle da tuberculose.

14
INTRODUÇÃO

A educação em saúde é também estratégia fundamental, pois alia a aquisição de


informações e aptidões básicas com o senso de identidade, autonomia, solidariedade e
responsabilidade do indivíduo com a sua própria saúde e a da comunidade. Combina
conhecimento, aptidões e atitudes.
A maneira de tratar o usuário assegura o sucesso do tratamento.
Como fatores para o sucesso de qualquer tratamento, podemos apontar a adesão
ao tratamento, regularidade do uso da medicação, a completude do regime prescrito
e o comparecimento às consultas com regularidade. O bom desempenho da equipe
multidisciplinar de saúde é estratégico para a adesão do paciente ao tratamento, a fim de
identificar fatores que poderiam incorrer em risco de abandono, quer por razões ligadas ao
próprio paciente ou às condições ambientais ou sociais em que esse vive.
A identificação de uma ou mais dessas condições, e outras eventualmente detectadas
em cada realidade, exige uma modalidade de tratamento diferenciado que assegura a
adesão e a completude do tratamento. Apontamos a alteridade e o acolhimento como
fatores essenciais numa abordagem humanizada, pois o “ser humano” é um ser que existe,
pensa, envolve-se, emociona-se e que necessita de interagir, receber atenção, orientação e
respeito.

Coordenadoria Estadual
de Pneumologia Sanitária/SES/MG

15
I – AS DIRETRIZES PARA O
ATENDIMENTO
AS DIRETRIZES PARA O ATENDIMENTO

1.1 O ACOLHIMENTO DO USUÁRIO


“O Acolhimento vem se constituindo numa das ferramentas utilizadas para iniciar
mudanças no processo de trabalho em saúde com vistas a garantir o acesso a serviços
de saúde humanizados, resolutivos, de qualidade, e com responsabilização coletiva dos
trabalhadores com as necessidades de saúde dos usuários”. (Mishima, 1995).
A assistência ao usuário sintomático respiratório suspeito de portar o bacilo
da tuberculose ou sabidamente enfermo se baseia na promoção da saúde, prevenção,
diagnóstico precoce e recuperação da doença. O adequado acompanhamento desse
indivíduo é fundamental para o êxito esperado, que é o controle da tuberculose.
Assim sendo, o usuário deve idealmente encontrar ou mesmo ser um colaborador
na construção de uma assistência organizada que garanta, com uma avaliação de risco
adequada, um ágil acesso ao serviço de saúde.
A captação precoce de casos compreende tanto os métodos de diagnóstico como as
ações organizadas para operacionalizá-los, envolvendo os serviços e a comunidade. Essas
ações estão voltadas para os grupos com maior probabilidade de apresentar tuberculose,
quais sejam: sintomáticos respiratórios (pessoas com tosse e expectoração por três semanas
ou mais); contatos de casos de tuberculose; suspeitos radiológicos; pessoas com doenças e/
ou em condição social que predisponham à tuberculose. Os contatos, definidos como toda
pessoa, parente ou não, que coabita com um doente de tuberculose, constituem-se em um
grupo para o qual se recomenda uma atitude de busca ativa, para a captação precoce.
Os locais ideais para se organizar a procura de casos são os serviços de saúde,
públicos ou privados. Nessas instituições – Unidades Programas da Saúde de Famíla
(PSF), centros de saúde, ambulatórios e hospitais – realizar busca ativa de sintomáticos
respiratórios deve ser uma atitude permanente e incorporada à rotina de atividades de todos
os membros das equipes de saúde. Nas áreas onde as ações já estão organizadas, a visita
domiciliar periódica do agente de saúde deve incluir a detecção de casos entre sintomáticos
respiratórios e contatos, principalmente de casos bacilíferos e crianças. Quando necessário,
deve-se referenciá-los ao serviço de saúde.
Atenção especial deve ser dada a populações de maior risco de adoecimento,
representadas sobretudo por residentes em comunidades fechadas, como presídios,
manicômios, abrigos e asilos. Nessas comunidades, justifica-se a busca ativa periódica de
casos. Indivíduos das categorias alcoólicos, usuários de drogas, mendigos, trabalhadores
de saúde e outros em situações especiais em que haja contato próximo com paciente
portador de tuberculose pulmonar bacilífera são também prioritários para essa ação.
Também incluem-se nessa categoria os imunodeprimidos por uso de medicamentos ou por
doenças imunossupressoras.
A responsabilidade coletiva dos trabalhadores com as necessidades de saúde dos
usuários passa também por um atendimento embasado em procedimentos técnicos
programados que visam proteger os pacientes e a própria equipe profissional.
No acolhimento, os pacientes devem ser informados sobre a transmissão do
M. tuberculosis e orientados a cobrir a boca e o nariz quando tossir ou espirrar, utilizando-se

19
ATENÇÃO À SAÚDE DO ADULTO – TUBERCULOSE

preferencialmente de um lenço, para reduzir a geração de partículas infectantes no ambiente.


Caso o paciente não tenha meios para isso, deverão ser providenciados lenços de papel
ou máscaras cirúrgicas (comuns) para fornecer aos pacientes suspeitos ou confirmados de
tuberculose. Cartazes enfatizando essas medidas devem ser colocados nas salas de espera
ou locais de fácil visibilidade. Aborde o paciente com respeito e profissionalismo sempre.

1.2 SINAIS DE RISCO


Os profissionais de saúde devem ser treinados para identificar as evidências de
sinais e sintomas clínicos de risco para a tuberculose (TB) e analisar seus comportamentos
evolutivos. A partir das evidências, organiza-se a investigação para chegar a conclusões
válidas. As principais evidências a serem consideradas estão listadas no quadro 1.

Quadro 1 – Evidências importantes a considerar no diagnóstico da tuberculose


1. A tuberculose se manifesta por uma síndrome infecciosa de curso crônico, com febre baixa, geralmente
vespertina.

2. É uma doença que consome, debilitando e emagrecendo as pessoas.

3. Sudorese noturna, adinamia e hiporexia podem ser encontradas.

4. A mais freqüente localização é pulmonar e a tosse com expectoração por mais de 3 semanas é um
sintoma importante, que pode evoluir para escarros sangüíneos e hemoptise.

5. Nas formas extrapulmonares, o quadro clínico varia conforme a localização e a gravidade do caso.

6. A forma extrapulmonar mais prevalente, a pleural, pode se apresentar com quadro agudo de dor
torácica e febre, que freqüentemente é confundido com quadro pneumônico.

7. As formas primárias atingem as crianças, sendo uma doença muito comum na faixa de 15 aos 50
anos.

8. Contatos com pessoas recém-tratadas para tuberculose ou que tiveram a doença nos últimos dois anos
são significativos.

9. Idosos, diabéticos e pessoas infectadas pelo vírus HIV têm maior probabilidade de adoecer por
tuberculose. (Afirmação válida para regiões com alta prevalência de tuberculose).

1.3 SINAIS DE ALERTA


O Conselho Federal de Medicina, através da resolução 1451/95 definiu como
URGÊNCIA a “ocorrência imprevista de agravo à saúde com ou sem risco potencial de
vida, cujo portador necessita de assistência médica imediata” e como EMERGÊNCIA a
“constatação médica de agravo à saúde que implique risco iminente de vida , ou sofrimento
intenso, exigindo, portanto, o tratamento médico imediato”.
Conforme classificação de risco estabelecida pela Secretaria Estadual de Saúde de
Minas Gerais, os sinais de alerta podem ser distribuídos quanto à conduta de urgência x
emergência de acordo com o designado no Quadro 2 a seguir:

20
AS DIRETRIZES PARA O ATENDIMENTO

Quadro 2: Classificação de risco para os sinais de alerta


 Nível 1 – Emergência: será identificada pela cor VERMELHA.
 Nível 2 – Urgência: será identificada pela cor AMARELA.
 Nível 3 – Encaminhamentos rápidos: será identificada pela cor VERDE.
 Nível 4 – Não Urgência: será identificada pela cor AZUL.

A tuberculose pulmonar é a forma clínica mais comum. As formas extrapulmonares


mais freqüentes são pleural, ganglionares e meníngea. Essas duas últimas formas tiveram
aumento gradual de incidência provavelmente devido à coinfecção por HIV. Em relação à
tuberculose, a classificação de risco para os sinais de alerta, isoladamente, está explicitada
a seguir:
SINAL CONJUNTO
SINAIS DE ALERTA AVALIADO DE SINAIS
ISOLADAMENTE COMPATÍVEL COM
 Escarros sanguíneos, hemoptises e sinais de dificuldade
respiratória, tais como dispnéia e utilização de
NÍVEL 2
musculatura acessória (por atelectasia, hiperinsuflação
(Amarelo)
obstrutiva, síndrome do lobo médio e broncopneumonia Tuberculose pulmonar
tuberculosa)
 Choque hipovolêmico e parada cardio-respiratória (por NÍVEL 1
hemoptise maciça) (Vermelho)
 Dor torácica tipo pleurítica, febre e tosse seca de
NÍVEL 2
instalação súbita ou insidiosa, com cansaço de
(Amarelo)
intensidade variável pelo derrame pleural Tuberculose pleural
NÍVEL 3
 Dor torácica tipo pleurítica isolada
(Verde)
 Sinais e sintomas de toxemia ocasional (calafrios,
sudorese, etc), taquipnéia, descoramento e febre de
NÍVEL 2
intensidade variável, com diminuição da expansibilidade
(Amarelo)
pulmonar sem ruídos adventícios no comprometimento Tuberculose miliar
pulmonar
 Hepatomegalia freqüente (35%) e linfadenomegalia
NÍVEL 4 (Azul)
periférica (em até 30% dos pacientes)
 Febre persistente com irritabilidade, cefaléia,
comprometimento e paralisia de pares cranianos
(principalmente 4º, 2º, 3º, 6º, e 8º pares), alterações
NÍVEL 1
sensoriais, déficits focais e/ou movimentos anormais
(Vermelho)
(convulsão) evoluindo com sinais clínicos de
Tuberculose
hipertensão craniana, como edema de papila na retina,
meningoencefálica
vômitos, letargia, estupor e rigidez de nuca
 Tubérculos coróides na retina (sinal muito sugestivo
de tuberculose e presente em até 80% dos casos de NÍVEL 1
meningoencefalite por essa etiologia) (Vermelho)

21
ATENÇÃO À SAÚDE DO ADULTO – TUBERCULOSE

 Irritabilidade, cefaléia, comprometimento e paralisia de


pares cranianos, alterações sensoriais, déficits focais e/ NÍVEL 1
ou movimentos anormais (convulsão) devido a infartos (Vermelho)
por dano vascular com trombose Tuberculoma
 Sinais clínicos de hipertensão craniana, como edema de intracraniano
papila na retina, vômitos, letargia, estupor e rigidez de NÍVEL 1
nuca pela obstrução à livre circulação do líquor, muitas (Vermelho)
vezes com hidrocefalia
 Dor e aumento do volume articular no segmento ósseo
atingido, com posição antálgica nas lesões cervicais e NÍVEL 3 Tuberculose
torácicas, paraplegias e gibosidade quando na forma (Verde) osteoarticular
mais encontrada, situada na coluna vertebral
 Dor lombar (na hidronefrose), urgência urinária e NÍVEL 2
Tuberculose renal
hematúria, observada nas fases mais avançadas (Amarelo)
 Debilidade física por emagrecimento NÍVEL 3
(Verde)
 Sinais de desnutrição severa NÍVEL 2
Tuberculose em geral
(Amarelo)
 Outros, de acordo com o local e o grau de NÍVEL 2
acometimento da tuberculose. (Amarelo)
 Sinais e sintomas de toxicidade hepática (vômitos,
alteração das provas de função hepática, hepatite),
hematológica (trombocitopenia, leucopenia, eosinofilia,
NÍVEL 2
anemia hemolítica, agranulocitose e vasculite graves) Efeitos adversos
(Amarelo)
ou renal (nefrite intersticial, rabdomiólise com maiores das
mioglobinúria e insuficiência renal) por efeitos adversos medicações
maiores das medicações tuberculostáticas
 Sinais e sintomas de toxicidade neurológica (psicose,
NÍVEL 1
crise convulsiva, encefalopatia tóxica e coma) por
(Vermelho)
efeitos adversos maiores das medicações

1.3.1 Indicações de internação do paciente com tuberculose


com sinais de alerta

A. Presença ao exame clínico de:


 sinais de dificuldade respiratória importantes: tiragens intercostais, batimentos de
aletas nasais e balanço tóraco-abdominal nas crianças;

 cianose, hipoxemia;

 irregularidade respiratória, apnéia;

 dificuldade para se alimentar com vômitos e desidratação;

 alteração do sensório (confusão mental, irritabilidade);

22
AS DIRETRIZES PARA O ATENDIMENTO

 instabilidade hemodinâmica (pulsos finos, perfusão capilar lenta, hipotensão),


taquicardia importante;
 sinais radiológicos de maior gravidade: pneumonia extensa associada,
pneumatoceles, pneumotórax, derrame pleural extenso;
 sinais e sintomas de meningoencefalite tuberculosa, tuberculoma intra-craniano e
tuberculose miliar;
 sinais e sintomas de toxicidade hepática, neurológica, hematológica ou renal por
efeitos adversos graves das medicações.

B. Outras condições associadas como a desnutrição grave e Aids.

C. Situação social seriamente comprometida.

D. Falha do tratamento ambulatorial de urgência.

E. Indicações cirúrgicas.
(Fonte: Adaptado de VIANA, Maria Regina Et al. Atenção à saúde
da criança.Belo Horizonte: SAS/DNAS, 2004. p. 112 e 143).

Na presença de sinais e sintomas de alerta (toxicidade) por efeitos adversos maiores


das medicações tuberculostáticas deve-se orientar o paciente, suspender o tratamento até
a resolução clínica e laboratorial e referenciar o paciente à atenção secundária ou terciária,
após a avaliação adequada.(Controle da tuberculose: uma proposta de integração ensino-
serviço. 5 ed. Rio de Janeiro: FUNASA/CRPHF/SBPT, 2002. p. 32.)
Em praticamente todos os outros sinais e sintomas de alerta o paciente deve receber
terapia sintomática, com suporte especializado quando necessário e disponível, e iniciar,
o mais precocemente possível o tratamento específico com os tuberculostáticos caso ainda
não o tenha realizado, na unidade básica de saúde.

1.4 A POPULAÇÃO DE RISCO


Por ser a tuberculose uma doença infecciosa e contagiosa que se propaga pelo ar por
meio de gotículas, contendo os bacilos de Koch expelidos por um doente ao tossir, espirrar
ou falar em voz alta, e que, ao serem inalados por pessoas sadias provocam a infecção
tuberculosa e o risco de desenvolver a doença, a população de risco deve ser identificada
e a procura de casos obrigatória.

1.4.1 Os fatores de risco


Entre outras características, destacamos as seguintes que o profissional necessariamente
tem de computar no seu raciocínio: idade, estado imunológico e nutricional e doenças
intercorrentes. A tuberculose é uma doença que atinge principalmente as pessoas na idade

23
ATENÇÃO À SAÚDE DO ADULTO – TUBERCULOSE

produtiva entre 15 e 59 anos (70%), tendo características distintas segundo as faixas de


idade. Entre 15 e 29 anos, ela reflete a tuberculose primária de pessoas recém-infectadas e,
portanto, quando ela tem elevados índices, há uma grande possibilidade de haver muitas
fontes de infecção na região. Os estados imunológico e nutricional (desnutrição em criança)
guardam íntima relação e toda avaliação, mesmo que não aprofundada do ponto de vista
laboratorial, deve ser feita pelo médico como elemento de raciocínio. Várias doenças,
principalmente por interferência nas defesas imunológicas, podem afetar a evolução da
tuberculose como o caso do sarampo e mais recentemente, como veremos a seguir a
epidemia de Aids. O alcoolismo crônico em razão do seu cortejo, envolvendo queda da
imunidade, desnutrição, fragilidade social, exposições a situações de risco, entre outros é um
importante problema associado à tuberculose, tanto por aumentar sua incidência quanto
por retardar a sua recuperação, devendo inclusive analisar os aspectos comportamentais
associados a tratamentos prolongados, como é o caso. O uso de drogas imunossupressoras
se constitui um elevado risco em pessoas já infectadas, que passam a estar mais sujeitas ao
adoecimento.
Acrescenta-se, entre os fatores de risco para a população, os seguintes:
 Desigualdade social (e suas implicações);
 Grandes movimentos migratórios;
 Envelhecimento da população;
 Confinamentos populacionais.
Os homens apresentaram uma incidência de TB maior que a das mulheres, em uma
razão de 1.8/1, de acordo com dados do SINAN/2000. Isso significa que aproximadamente
65% dos casos eram homens e 35% mulheres (dados Brasil – Ministério da Saúde, 2002).
As faixas etárias com maiores incidências, por 100.000 habitantes, no ano de 2000
foram:
 40 – 49 anos (91.7);
 50- 59 anos (85.4);
 30- 39 anos (85.1).

TUBERCULOSE E AIDS
A associação da Tuberculose/Aids representa um novo desafio em escala mundial.
O aparecimento do vírus da imunodeficiência humana (HIV) modifica a epidemiologia da
tuberculose e dificulta seu controle. A Organização Mundial da Saúde (OMS) calcula cerca
de 5 a 10 milhões de indivíduos infectados atualmente no mundo pelo HIV. Destes, de 2 a
8 % vão desenvolver a síndrome completa (Aids), estimando-se a ocorrência de 500.000 a
3.000.000 de casos novos de Aids nos próximos 5 anos.
A infecção por HIV é o maior fator de risco para se adoecer por tuberculose em
indivíduos previamente infectados pelo bacilo. Por outro lado, é uma das primeiras
complicações entre os infectados pelo HIV, surgindo antes de outras infecções freqüentes,

24
AS DIRETRIZES PARA O ATENDIMENTO

devido à maior virulência do bacilo da tuberculose, independente do comprometimento


significativo do sistema imunológico.
Os números dessa associação são preocupantes, pois a evolução do estado de
infecção para o adoecimento é muito diferente entre pessoas imunocompetentes e aquelas
infectadas pelo HIV. Enquanto na primeira as chances de que a infecção tuberculosa evolua
para a doença tuberculosa são de 10% ao longo de sua vida, no indivíduo infectado pelo
HIV essa chance passa a ser de 8 a 10% ao ano. Em 1999, a OMS estimava a existência de
33,6 milhões de pessoas vivendo com HIV/Aids e de 637 mil casos de TB associada com
HIV, no mundo.
A tuberculose tem sido um dos principais complicadores dos infectados pelo HIV. Nos
países da África, da América Latina e em algumas populações de países desenvolvidos,
30% a 60% dos infectados com HIV estão coinfectados pelo bacilo da tuberculose.
Segundo o Ministério da Saúde (MS), no Brasil, entre 1980 e junho de 2000,
ocorreram 190.523 casos de Aids. Estima-se que 20% a 40% desenvolveram tuberculose,
o que poderia mudar a tendência da doença no grupo etário de 15 a 49 anos, e em regiões
de grande prevalência da infecção pelo HIV. É importante destacar que a tuberculose é a
única doença contagiosa associada a infecção por HIV, que também é infectante e que pode
ser transmitida a indivíduos não infectados pelo HIV. A tuberculose é a mais prevenível,
curável e transmissível de todas as infecções que acompanham a infecção por HIV.
Estimativas do MS, em 2002, mostram que no Brasil havia 43.600.000 pessoas
infectadas com o bacilo da tuberculose e aproximadamente 130.000 novos casos da doença
por ano, dos quais 57.000 infectantes e 10.000 coinfectados com HIV.
Com relação à coinfecção TB-HIV, estimaram-se que 8,0% dos casos de tuberculose
seriam também soropositivos para HIV, o que corresponderia, em todo o mundo, a 640.000
casos de TB-HIV, entre os pacientes soropositivos.
Considerando que a maioria dos casos de infecção por HIV ocorrerá em adultos
sexualmente ativos (15-49 anos) e assumindo que o risco de infecção com HIV e tuberculose
são independentes, a OMS estimou que 10 milhões de pessoas no mundo estariam co-
infectadas (0,18% da população mundial). Em 1990, 4,25% de casos de tuberculose foram
atribuídos à interação com HIV e, para 2000, esperava-se 13,8%.

1.4.2 As áreas de risco


O problema da tuberculose, no Brasil, reflete o estágio de desenvolvimento social
do país, em que os determinantes do estado de pobreza, principalmente nos bolsões de
miséria da periferia das grandes cidades, e as fraquezas da organização do sistema de
saúde inibem a queda sustentada dessa doença.
Observando o comportamento da transmissão da doença e as características
individuais associadas à tuberculose, é possível entender porque a tuberculose é um
problema social. Os principais elementos que contribuem para isso são:

25
ATENÇÃO À SAÚDE DO ADULTO – TUBERCULOSE

 Renda familiar baixa


 Educação precária
 Habitação ruim/inexistente
 Famílias numerosas
 Adensamentos comunitários
 Desnutrição alimentar
 Alcoolismo
 Doenças infecciosas associadas
 Dificuldade de acesso aos serviços de saúde
 Fragilidade da assistência social

Assim, pode-se inferir quais os locais no espaço urbano que têm alto potencial de
reprodução da endemia de tuberculose que seriam favelas, mocambos, alagados, invasões,
populações agrupadas em calamidades públicas, populações que vivem em ambientes
socialmente fechados (escolas, creches, presídios, casas correcionais, abrigos sociais ou idosos,
etc.) e população com elevado percentual de pessoas infectadas pelo HIV. No espaço periurbano
e rural, as populações indígenas possuem elevado risco de evolução da endemia.
Entretanto, embora a tuberculose encontre-se habitualmente localizada prefe-
rencialmente nos locais de grande aglomeração urbana, verifica-se atualmente o processo
de ruralização da doença, resultado entre outros do fluxo migratório de pessoas campo-
cidade e vice-versa e das precárias condições socioeconômicas que acometem também as
zonas rurais.

1.4.3 A definição de população-alvo


Os grupos com maior probabilidade de apresentar tuberculose são:

 Sintomáticos respiratórios (pessoas com tosse e expectoração por 03 semanas ou


mais);
 Contatos de casos de tuberculose;
 Suspeitas radiológicas;
 Pessoas com doenças e/ou condições sociais que predisponham à tuberculose.

Nesses grupos a atitude permanente de BUSCA ATIVA (serviços de UBS, visitas


domiciliares, saúde, postos, centros de saúde, ambulatórios e hospitais) é fundamental.
Atenção deve ser dada a populações de maior risco do adoecimento:
 Residentes em ambientes fechados (escolas, presídios, manicômios, creches,
abrigos e asilos);
 Alcoólatras, usuários de drogas, população de rua e trabalhadores de saúde;
 População indígena;
 Imunodeprimidos (por uso de medicamentos ou por doenças como a Aids).

26
II. AS AÇÕES DE PROMOÇÃO À
SAÚDE E PREVENÇÃO DA DOENÇA
AS AÇÕES DE PROMOÇÃO À SAÚDE E PREVENÇÃO DA DOENÇA

2.1 AÇÕES DE PROMOÇÃO À SAÚDE


Considerando que a única forma de reduzir a incidência e a mortalidade pela tuberculose
é detectar pelo menos 70% dos casos e curar pelo menos 85% dos pacientes, é necessário
reforçar as ações de conscientização da população, buscando parcerias na comunidade e nas
várias esferas de governo de forma a garantir, também melhores condições de vida, como
uma boa alimentação e moradia adequada. As principais ações são:
 Promover comportamento saudável – tal comportamento pode ser valorizado
por ocasião do tratamento supervisionado, capaz de identificar e trabalhar os
condicionantes do processo saúde-doença, da busca ativa de contatos, de incentivos
financeiros, etc. (Ex: vale-transporte, vale-alimentação, cesta básica.) Ações e
materiais educativos como panfletos e folders podem divulgar os cuidados com a
saúde.
 Treinamento de profissionais de saúde envolvidos em técnicas preventivas,
diagnósticas e de tratamento.
 Integração dos sistemas de serviços de saúde com outros sistemas sociais e
econômicos através de uma ação intersetorial para o desenvolvimento de melhores
condições de saúde individual e coletiva.

2.2 AÇÕES DE PREVENÇÃO DA DOENÇA


O pilar estratégico para a prevenção da tuberculose é a atenção primária à saúde.
Nesse contexto, salientamos que a prevenção visa à realização de intervenções de
modo a alcançar indivíduos, grupos sociais em risco de adoecer ou a sociedade em geral,
como a melhoria das condições de vida e maiores investimentos em saúde pública.
No caso da tuberculose, temos dois tipos de intervenções – no nível individual e
social:
 Descoberta de casos e tratamento (medida mais eficaz);
 Vacinação com BCG;
 Quimioprofilaxia.

Entre as intervenções preventivas gerais, temos:


 Ações educativas visando à divulgação das condicionantes da doença (processo
de informações, educação e comunicação social);
 Medidas de biossegurança que são medidas de controle da transmissão da
tuberculose, em unidades de saúde, preconizados pela OMS.

2.2.1 Controle de contatos

Todos os contatos dos doentes de tuberculose, prioritariamente dos pacientes


pulmonares positivos, devem comparecer à unidade de saúde para exame. No diagrama

29
ATENÇÃO À SAÚDE DO ADULTO – TUBERCULOSE

a seguir, apresenta-se a conduta para exame dos contatos. Quando diagnosticada a


tuberculose em crianças, a equipe de saúde deverá examinar os contatos adultos para
busca do possível caso-fonte. Após serem examinados e não sendo constatada tuberculose-
doença, deve-se orientá-los a procurarem a unidade de saúde, em caso de aparecimento
de sintomatologia respiratória.

Avaliação dos contatos domiciliares de casos de


tuberculose pulmonar baciloscopia positiva

Adulto

Assintomático** Sintomático

Orientação Exame de escarro (baciloscopia)

Positivo Negativo

Tratamento
Cultura Rx de tórax

Positiva Negativa S/alterações Sugestivo


+
Cultura positiva
Tratamento
Avaliar diagnóstico na Referência Tratamento

Crianças até 15 anos

Não vacinado Vacinado

Assintomático Sintomático*
PPD

Não-reator Reator Orientação Raio x tórax

BCG Raio X tórax Sugestivo de Normal


TB + sintomas e sem
clínicos sintomas clínicos
Sugestivo de Normal
TB + sintomas e sem
clínicos sintomas clínicos Tratamento Orientação medicação
sintomática
acompanhamento
Tratamento Quimioprofilaxia
* Quando houver escarro, realizar baciloscopia
** Quando disponível, realizar Raio X

Fonte: Tuberculose – Guia de Vigilância Epidemiológica. FUNASA/MS. 2002. p.37.


30
AS AÇÕES DE PROMOÇÃO À SAÚDE E PREVENÇÃO DA DOENÇA

2.2.2 Vacinação BCG


A vacina BCG exerce notável poder protetor contra as manifestações graves da
primo-infecção, como as disseminações hematogênicas e a meningoencefalite, mas não
evita a infecção tuberculosa. A proteção se mantém por 10 a 15 anos. A vacina BCG não
protege os indivíduos já infectados pelo M. tuberculosis. Por isso, nos países com elevada
prevalência de infecção tuberculosa, como o nosso, as crianças devem ser vacinadas o
quanto antes possível, após o nascimento. Nas áreas geográficas com alta prevalência de
infecção por micobactérias não-tuberculosas, a margem de proteção do BCG contra a
tuberculose é reduzida, razão por que nessas regiões o seu rendimento é baixo em termos
de saúde pública.

VACINAÇÃO E CICATRIZ DA VACINA BCG

A vacinação BCG deve ser realizada segundo orientações


do Programa Nacional de Imunização do Ministério da Saúde

Dose e administração da vacina

No Brasil, a vacina BCG é prioritariamente indicada para as crianças de zero a quatro


anos de idade, sendo obrigatória para menores de um ano, como dispõe a Portaria nº 452,
de 6/12/1976, do Ministério da Saúde.
A aplicação da vacina é rigorosamente intradérmica, no braço direito, na altura da
inserção inferior do músculo deltóide, em caso de primo-vacinação, e 1cm a 2cm acima, na
revacinação. Essa localização permite a fácil verificação da existência de cicatriz para efeito
de avaliação do programa e limita as reações ganglionares à região axilar. A vacina BCG
pode ser simultaneamente aplicada com outras vacinas, mesmo com as de vírus vivos.
Outros aspectos relacionados com a aplicação da vacina BCG, como conservação,
material utilizado, técnicas e procedimentos, constam do Manual do Programa Nacional de
Imunizações.

31
ATENÇÃO À SAÚDE DO ADULTO – TUBERCULOSE

Recomenda-se vacinar

 Os recém-nascidos, sempre que possível na maternidade, desde que tenham peso


igual ou superior a 2kg e sem interferências clínicas.

Observação: Os recém-nascidos contatos de tuberculosos bacilíferos farão


previamente a quimioprofilaxia, conforme exposto no item que trata desse
procedimento preventivo.

 Os recém-nascidos, filhos de mães com Aids.

 Crianças soropositivas para HIV ou filhos de mães com Aids, desde que sejam
tuberculino-negativas e que não apresentem os sintomas dessa síndrome.
Os vacinados nessas condições deverão ser acompanhados pela vigilância
epidemiológica, nas unidades de referência para Aids.

 Contatos de doentes com hanseníase. Nesses casos, deve-se seguir as normas


estabelecidas pelo Programa de Controle da Hanseníase.

A aplicação de duas doses da vacina BCG deve ser feita a todos os contatos
intradomiciliares dos casos de hanseníase independentemente da forma clínica; o
intervalo recomendado para a 2ª dose da vacina BCG é a partir de seis meses após a
1ª dose (considerada a cicatriz por BCG prévia como 1ª dose, independentemente
do tempo de aplicação). Na dúvida, aplicar as duas doses recomendadas;
a aplicação da 1ª dose da vacina está condicionada à realização do exame
dermatoneurológico; na ocasião do exame dermatoneurológico o contato deve ser
bem orientado quanto ao período de incubação, transmissão, sinais e sintomas da
hanseníase e retorno ao serviço, se necessário; todo contato deve também receber
orientação no sentido de que não se trata de vacina específica para a hanseníase
e que prioritariamente está destinada ao grupo de risco, contatos intradomiciliares.
Em alguns casos, o aparecimento de sinais clínicos de hanseníase, logo após a
vacinação, pode estar relacionado com o aumento da resposta imunológica em
indivíduo anteriormente infectado.

 Profissionais de Serviços de Saúde e novos profissionais admitidos nesses serviços


serão vacinados desde que sejam negativos à tuberculina. Para os profissionais
lotados nos serviços de saúde de hansenianos, o procedimento da vacinação
obedecerá às normas mencionadas no item anterior.

Observação: Sempre que houver indicação de vacinação BCG em adultos,


recomenda-se o aconselhamento para a realização do teste de detecção do HIV.

32
AS AÇÕES DE PROMOÇÃO À SAÚDE E PREVENÇÃO DA DOENÇA

Contra-indicações da vacinação BCG


Relativas
 Recém-nascidos com peso inferior a dois quilos.

 Afecções dermatológicas no local da vacinação ou generalizada.

 Uso de imunodepressores.
Observação: Nesses casos, a vacinação será adiada até a resolução das situações
apontadas.
Absolutas

 HIV positivos-adultos (independentemente dos sintomas) e crianças sintomáticas.

 Imunodeficiência congênita.

Evolução da lesão vacinal, eventos adversos e conduta

A vacina BCG não provoca reações gerais, tais como febre ou mal-estar. Normalmente,
nos menores de um ano, grupo prioritário, a reação local da vacina é de evolução lenta
e benigna, variando de indivíduo para indivíduo. Desde que a injeção intradérmica seja
corretamente aplicada, a lesão vacinal evolui da seguinte forma:
 em torno da segunda semana, palpa-se uma zona endurecida cujas dimensões
variam de 3mm a 9mm;

 da quinta a sexta semana, o centro dessa lesão amolece, formando uma crosta;

 quando essa crosta cai, deixa em seu local uma úlcera de cerca de 2mm a 6mm de
diâmetro, que desaparece lentamente, entre a oitava e a décima-terceira semanas,
deixando como resultado uma cicatriz plana, com diâmetro de 3mm a 7mm. Em
alguns casos, essa cicatrização é mais demorada, podendo prolongar-se até o
quarto mês e, raramente, além do sexto mês.

Não se deve, no entanto, colocar qualquer medicamento nem cobrir a úlcera resultante
da lesão de evolução normal; apenas mantê-la limpa, usando água e sabão.
O enfartamento ganglionar axilar, não supurado, pode ocorrer durante a evolução
normal da lesão vacinal, desaparecendo, espontaneamente, sem necessidade de tratamento
medicamentoso e/ou cirúrgico (drenagem).
As complicações da vacina BCG, aplicada por via intradérmica, são pouco freqüentes.
A maior parte resulta de técnica imperfeita, como aplicação profunda (subcutânea),
inoculação de dose excessiva ou contaminação. As complicações mais comuns são abcessos
no local da aplicação, úlcera de tamanho exagerado e gânglios flutuantes e fistulados. Em
caso de eventos adversos para notificação, devem-se observar as orientações contidas nos
quadros 2.1, 2.2, 2.3 e 2.4 do manual de Vigilância Epidemiológica dos Eventos Adversos
Pós-vacinação, das páginas 13 a 16.

33
ATENÇÃO À SAÚDE DO ADULTO – TUBERCULOSE

O tratamento dessas complicações é feito com a administração de isoniazida, na


dosagem de 10mg/kg de peso (até, no máximo, 300mg), diariamente, até a regressão
da lesão, o que ocorre, em geral, em torno de 45 dias. Os abcessos frios e os gânglios
enfartados podem ser puncionados quando flutuantes, mas não devem ser incisados. Na
prática de Saúde Pública, têm sido raras as complicações decorrentes da aplicação de
BCG. Quando se notar, na rotina dos serviços de saúde, um aumento considerável do
número de casos, convém rever o treinamento dos vacinadores.
A cicatriz quelóide pode ocorrer em indivíduos com propensão genética,
independentemente da técnica de aplicação. Seu aparecimento é mais freqüente em
pessoas já infectadas ou naquelas revacinadas.
Outras complicações, como lupus vulgaris e osteomielite são raras, não havendo
registro de ocorrência no Brasil. Lesões generalizadas são ainda mais raras e, em geral,
associadas à deficiência imunológica.

2.2.3 Revacinação BCG

Em 1995, baseando-se em estudos do exterior e recomendações da Organização


Mundial da Saúde (posteriormente retirada), o Ministério da Saúde do Brasil passou a
recomendar uma dose de reforço da vacina BCG ID a partir dos seis anos de idade. A
Secretaria de Saúde do Estado de Minas Gerais acatou inicialmente a orientação e criou um
grupo de estudo sobre o problema, com participação de sociedades e faculdades médicas.
Esse grupo acabou por recomendar à SES-MG a manutenção da dose, estabelecendo a
idade de 10 anos como recomendada.
Recentemente foram concluídos dois importantes estudos brasileiros (um prospectivo
realizado em Manaus e Salvador, outro retrospectivo realizado em Recife) que não
demonstraram benefício do uso da dose de reforço, e sim ressaltam a importância da
primeira dose. Diante disso o Comitê Técnico Assessor em Imunização do Programa
Nacional de Imunizações (CTAI-PNI), tomou as seguintes decisões:
 recomendar a suspensão da dose de reforço da BCG ID;
 reafirmar a grande importância do uso da primeira dose;
 recomendar ao PNI a elaboração de um documento técnico pormenorizado a ser
distribuído para as Unidades Federadas e municípios brasileiros;
 manter a programação de estudos sobre BCG ID e a continuidade do estudo
prospectivo anteriormente citado (em andamento)
Diante do exposto, a SES-MG, através de sua Coordenadoria de Imunização,
recomenda aos municípios do Estado a suspensão da aplicação da dose de reforço da
BCG ID, informando a população sobre as razões desta decisão.

34
AS AÇÕES DE PROMOÇÃO À SAÚDE E PREVENÇÃO DA DOENÇA

2.2.4 Quimioprofilaxia

A quimioprofilaxia deve ser administrada em pessoas infectadas pelo M. tuberculosis,


com o uso da isoniazida na dosagem de 10 mg/kg de peso, com total máximo de 300 mg
diariamente, durante seis meses.
Na atualidade, há consenso de que a quimioprofilaxia deve ser dirigida aos grupos
de alto risco de tuberculose, entre estes, especialmente os coinfectados pelo HIV e pelo M.
tuberculosis.

2.2.4.1 Indicações de quimioprofilaxia


 Recém-nascidos coabitantes de foco tuberculoso ativo. A isoniazida é administrada
por três meses e, após esse período, faz-se à prova tuberculínica. Se a criança
for reatora, a quimioprofilaxia deve ser mantida por mais três meses; senão,
interrompe-se o uso da isoniazida e vacina-se com BCG.
 Crianças menores de 15 anos, não vacinadas com BCG, que tiveram contato com
um caso de tuberculose pulmonar bacilífera, sem sinais compatíveis de tuberculose
doença, reatores à tuberculina de 10mm ou mais; crianças vacinadas com BCG,
mas com resposta à tuberculina igual ou superior a 15 mm.
Observação: Na eventualidade de contágio recente, a sensibilidade à tuberculina
pode não estar exteriorizada, sendo negativa a resposta tuberculina. Deve-se, portanto,
nesse caso, repetir a prova tuberculínica entre 40 e 60 dias. Se a resposta for positiva,
indica-se a quimioprofilaxia; se negativa, vacina-se com BCG.

 Indivíduos com viragem tuberculínica recente (até 12 meses), isto é, que tiveram
um aumento na resposta tuberculínica de, no mínimo, 10mm.
 População indígena. Neste grupo, a quimioprofilaxia está indicada em todo o
contato de tuberculoso bacilífero, reator forte ao PPD, independentemente da
idade e do estado vacinal, após avaliação clínica e afastada a possibilidade de
tuberculose-doença, por baciloscopia e pelo exame radiológico.
 Imunodeprimidos por uso de drogas ou por doenças imunodepressoras e contatos
intradomiciliares de tuberculosos, sob criteriosa decisão médica.
 Reatores fortes à tuberculina, sem sinais de tuberculose ativa, mas com condições
clínicas associadas a alto risco de desenvolvê-la, como:
• Alcoolismo.
• Diabetes mellitus insulinodependente.
• Silicose.
• Nefropatias graves.
• Sarcoidose.
• Linfomas.

35
ATENÇÃO À SAÚDE DO ADULTO – TUBERCULOSE

• Pacientes com uso prolongado de corticoesteróides em dose de


imunodepressão.
• Pacientes submetidos à quimioterapia antineoplásica.
• Pacientes submetidos a tratamento com imunodepressores.
• Portadores de imagens radiográficas compatível com tuberculose inativa sem
história de quimioterapia prévia.
 Coinfectados HIV e M. tuberculosis. Este grupo deve ser submetido à prova
tuberculínica, sendo de 5 mm em vez de 10mm o limite da reação ao PPD para
considerar-se uma pessoa infectada pelo M.tuberculosis.
A quimioprofilaxia em pacientes com HIV será aplicada segundo as indicações do
quadro 3 a seguir.

Quadro 3: Quimioprofilaxia para tuberculose em pacientes com HIV


Indivíduo sem sinais ou sintomas sugestivos de tuberculose:
A. Com radiografia de tórax normal e
1. reação ao PPD maior ou igual a 5mm(3),
2. contatos intradomiciliares ou institucionais de tuberculose bacilífera, ou
3. PPD não-reator ou com enduração entre 0-4 mm, com registro documental
Indicações(1)(2) de ter sido reator ao teste tuberculino e não submetido a tratamento ou
quimioprofilaxia na ocasião.
B. Com radiografia de tórax anormal: presença de cicatriz radiológica de TB sem
tratamento anterior (afastada a possibilidade de TB ativa através de exames de
escarro e radigrafias anteriores), independente do resultado do teste tuberculino
(PPD).
Isoniazida, VO, 5-10 mg/kg/dia (dose máxima: 300 mg/dia) por seis meses
Esquema(3)(4)
consecutivos.

Fonte: Tuberculose – Guia de Vigilância Epidemiológica. FUNASA/MS. 2002. p.41.


(1)
O teste tuberculínico (PPD) deve ser sempre realizado na avaliação inicial do paciente HIV+,
independentemente do seu estado clínico ou laboratorial (contagem de células CD4+ e carga
viral), devendo ser repetido, anualmente, nos indivíduos não-reatores. Nos pacientes não-
reatores e em uso de terapia antiretroviral, recomenda-se fazer o teste a cada seis meses no
primeiro ano de tratamento, devido à possibilidade de restauração da resposta tuberculínica.
(2)
A quimioprofilaxia com isoniazida (INH) reduz o risco de adoecimento a partir da reativação
endógena do bacilo, mas não protege contra exposição exógena após a sua suspensão. Portanto,
em situações de possível re-exposição ao bacilo da tuberculose, o paciente deverá ser reavaliado
quanto à necessidade de prolongamento da quimioprofilaxia (caso esteja em uso de INH) ou de
instauração de nova quimioprofilaxia (caso esta já tenha sido suspensa).
(3)
Em pacientes com imunodeficiência moderada/grave e reação ao PPD >10mm, sugere-se
investigar cuidadosamente a tuberculose ativa (pulmonar ou extrapulmonar) antes de se iniciar
a quimioprofilaxia.
(4)
Indivíduos HIV+ contatos de pacientes bacilíferos com tuberculose INH-resistente documentada
e que não estão em uso de inibidores da proteases (IP) ou ITRNN incompatíveis com uso de RMP,
poderão fazer uso de quimioprofilaxia com esquema alternativo de Rifampicina (600mg/dia) +
Pirazinamida (2 g/dia) por dois meses, preferencialmente sob a supervisão de um especialista.
36
AS AÇÕES DE PROMOÇÃO À SAÚDE E PREVENÇÃO DA DOENÇA

Observações:
a) Não se recomenda a utilização da quimioprofilaxia nos HIV positivos e negativos à tuberculina,
com ou sem evidências de imunodeficiência avançada. Deve-se repetir a prova tuberculínica
entre 40 e 60 dias; mantendo-se negativa, repetir a cada seis meses.
b) Em pacientes com RX normal, devem-se investigar outras patologias ligadas à infecção pelo
HIV, antes de se iniciar a quimioprofilaxia, devido à concomitância de agentes oportunistas/
manifestações atípicas de tuberculose mais freqüentes nessas coortes.
c) Nos indivíduos HIV positivos e tuberculino-positivos com RX normal, sem sinais e sem sintomas
de tuberculose, devem-se destacar os contatos institucionais (casas de apoio, presídios, abrigos,
asilos, etc.).
d) Recomenda-se suspender imediatamente a quimioprofilaxia no surgimento de qualquer sinal de
tuberculose ativa, monitorá-la nos casos de hepatotoxicidade e administrá-la com cautela nos
alcoólicos.

2.2.5 Biossegurança

2.2.5.1. Medidas de controle ocupacional e controle respiratório


Atualmente, a OMS propõe que, mesmo em países em desenvolvimento, medidas
de controle da transmissão da tuberculose sejam adotadas em unidades de saúde, cujo
ambiente proporcione elevado risco de infecção pelo bacilo da tuberculose de paciente
para paciente ou de paciente para profissionais de saúde.

Medidas de controle
Quaisquer medidas que visem ao combate da transmissão da tuberculose devem
levar em conta toda a unidade de saúde. As medidas de controle de transmissão dividem-
se em três grupos:
a) Administrativas.
b) Ambientais (ou de engenharia).
c) De proteção respiratória.
As medidas administrativas são as mais importantes, eficazes, de relativa facilidade
de implantação e de baixo custo.

Em unidades de saúde do tipo 1 e tipo 2 (definidas na item 4.1)


Inicialmente, deve ser elaborado um plano com a definição de metas a serem atingidas
na referida unidade. Este plano consiste em:
a) Identificar as áreas de risco.
b) Avaliar as necessidades de treinar os profissionais de saúde.
c) Proceder à identificação precoce do sintomático respiratório na triagem.
d) Agilizar o diagnóstico bacteriológico.
e) Criar rotinas para reduzir a permanência dos bacilíferos nas unidades de saúde.

37
ATENÇÃO À SAÚDE DO ADULTO – TUBERCULOSE

f) Educar o paciente e seus familiares, se possível, quanto à necessidade de aderir ao


tratamento medicamentoso.
g) Identificar local específico, arejado e com luz solar para os pacientes coletarem o
escarro (de preferência fora da unidade de saúde e nunca em ambiente pequeno e
fechado) e, quando disponível, identificar ambiente apropriado para a realização
de escarro induzido (na unidade de saúde tipo 2 e 3, de alta complexidade).

Para o atendimento ambulatorial de pacientes com TB pulmonar, confirmada ou sob


suspeita, sugere-se que:
 os profissionais de saúde orientem os sintomáticos respiratórios sobre a necessidade
do uso de máscaras cirúrgicas (máscaras comuns) quando disponíveis, ao entrarem
na unidade de saúde e durante o tempo em que nela permanecerem;
 os profissionais de saúde que estejam na mesma sala de tais pacientes usem
máscaras especiais (respiradores N95), desde que não haja ventilação adequada
no local;
 na medida do possível, seja evitado o acúmulo de pacientes nas salas de espera, que
devem ser amplas e bem ventiladas. Isso pode ser obtido pelo escalonamento das
consultas ao longo do turno, ou mesmo pela consulta com hora marcada. Deve-se
evitar a marcação de atendimentos em salas contíguas de pacientes sob suspeita
de tuberculose com outros pacientes portadores de imunossupressão ou mesmo
crianças com menos de cinco anos de idade. Caso esta conduta seja impossível,
deve-se propor ao paciente imunodeprimido o uso de máscara especial enquanto
estiver no recinto.

Em unidades de saúde do tipo 3 (elevado grau de complexidade)

Nestas unidades, com atendimento anual elevado de pacientes com tuberculose


pulmonar, devem-se adotar, se possível, todas as medidas de controle de infecção pelo M.
tuberculosis delineadas anteriormente. A unidade de saúde deve constituir uma comissão
para coordenar as atividades multiprofissionais de controle da TB, seja na área assistencial,
ou na de biossegurança.
Além das atividades citadas para as unidades tipo 1 e 2, outras medidas devem ser
implantadas quando o paciente é atendido num hospital-dia ou é admitido nas enfermarias
ou quartos:
 no setor de atividades de hospital-dia, os pacientes com tosse há mais de três
semanas devem permanecer no local, usando máscara comum o tempo todo;
quando as medidas de engenharia não estiverem funcionando no recinto em que
o paciente se encontra, este deve ser orientado a usar máscara especial (N95);

38
AS AÇÕES DE PROMOÇÃO À SAÚDE E PREVENÇÃO DA DOENÇA

 devem ser definidas regras de isolamento para pacientes com TB bacilíferos, ou


suspeitos, que necessitem internação, como tempo mínimo de permanência e
condições de alta do isolamento;
 os locais de isolamento devem ser implementados no intuito de se obter pressão
negativa no ambiente, em número suficiente para atender à demanda da unidade
e deve ser evitada a internação conjunta.

Entre as medidas de controle ambiental, a mais simples e menos cara é a que utiliza
a ventilação natural aumentando ao máximo o fluxo do ar livre no recinto, direcionando-o
com partículas infectantes para fora (áreas afastadas), através de janelas abertas situadas
em extremidades opostas. Nas situações em que não é possível o uso da ventilação natural,
empregam-se outras medidas um pouco mais complexas e dispendiosas que envolvem o
uso de ventilação mecânica (ex: ventiladores, exaustores) e as medidas especiais que são as
de filtração do ar para remoção de partículas infectantes (filtros HEPA) e as de inativação
do M.tuberculosis através da ação germicida da irradiação ultravioleta, somente disponível
em situações de maior complexidade e recursos.
A proteção respiratória consiste no uso de máscaras especiais (respiradores) e é
considerada como uma medida complementar às demais (administrativas e ambientais).
Essas máscaras especiais devem ter a capacidade de filtrar partículas de 0,3 de diâmetro com
eficiência de 95% e de se adaptar adequadamente a diferentes tipos de formato de rosto.
As máscaras especiais devem ser utilizadas por profissionais de saúde em determinadas
áreas de alto risco como salas de broncoscopia, de escarro induzido ou de espirometria;
locais onde possam estar pacientes com tuberculose confirmada ou suspeita (sala de
espera, enfermarias, áreas de isolamento com pacientes com tuberculose) ou em locais
onde medidas administrativas e ambientais não são suficientes para impedir a inalação de
partículas infectantes.
“Essas máscaras especiais podem ser reutilizadas pelo mesmo profissional por
períodos longos, desde que se mantenham íntegras, secas e limpas (sem serem rasgadas,
puídas ou amassadas)” (Kritsky, 2000). Devem ser guardadas em locais limpos e secos,
evitando assim o seu armazenamento em sacos plásticos após o uso, pois estes retêm
umidade.

2.2.5.2 Recomendações para a manipulação de secreção respiratória (escarro


espontâneo ou não) no laboratório de microbiologia ou em outro setor

1. Nas unidades tipo 1, será realizada apenas a baciloscopia do escarro. Portanto,


seguindo a recomendação da OMS e da UICTER, não é necessária a manipulação
dos materiais clínicos em cabines (fluxos laminares), pois o risco de transmissão
do M. tuberculosis é baixo.
2. Nas unidades tipo 2, onde serão realizadas a baciloscopia e a cultura para
micobactéria, o escarro e os demais materiais biológicos devem ser manipulados
em cabines de segurança biológica, de padrão mínimo Classe II.

39
ATENÇÃO À SAÚDE DO ADULTO – TUBERCULOSE

3. Os profissionais do laboratório ou aqueles que, em ambientes fechados, realizam


procedimentos que promovam a formação de partículas infectantes (escarro induzido,
nebulização com pentamidina) devem usar máscaras especiais (respiradores N95)
por ocasião da manipulação dos materiais e/ou realização de exames.
O acesso ao laboratório e aos locais onde se realizam tais procedimentos deve ser
restrito aos funcionários responsáveis.

2.2.5.3 Controle dos profissionais de saúde


Todos os profissionais de saúde devem ser submetidos a exames pré-admissionais e
periódicos que incluam o teste tuberculínico. “Os grupos não-reatores submetidos a risco de
infecção ocupacional devem ser incluídos nos programas de realização de prova tuberculínica
periódica ou vacinação BCG” (I CONSENSO BRASILEIRO DE TUBERCULOSE, 1997)
(contra-indicada em adultos HIV positivos). “Estas medidas, como rotina, ainda carecem
de validação em nosso meio. Os casos de conversão recente devem ser avaliados no
sentido de detectar tuberculose em atividade. Não se confirmando a doença, está indicada
a quimioprofilaxia” (I Consenso Brasileiro de Tuberculose, 1997).
“Todo profissional de saúde com sinais ou sintomas compatíveis com tuberculose deve
ser prontamente avaliado, submetido a exame de baciloscopia e outros e não deverá retornar
às suas atividades até que o diagnóstico seja excluído ou até que esteja sob tratamento e
não seja mais infectante” (I Consenso Brasileiro de Tuberculose, 1997).
Finalmente, recomenda-se aos profissionais de saúde com imunodeficiências como
Aids, ou em uso de drogas imunossupressoras, que desenvolvam suas atividades em locais
com menor risco possível de exposição ao M.tuberculosis.

40
III. ABORDAGEM CLÍNICA
ABORDAGEM CLÍNICA

3.1 A TUBERCULOSE

3.1.1 Etiopatogenia

3.1.1.1 Etiologia – O Agente Infeccioso: Mycobacterium tuberculosis

O Mycobacterium tuberculosis, agente etiológico identificado por Robert Koch em


1882, é uma bactéria espécie-tipo do gênero Mycobacterium, e se compõe de um complexo
constituído das seguintes espécies: M.tuberculosis, M. bovis e M. africanum. O M. microti
também faz parte do complexo, sendo um patógeno animal. Os estudos realizados sobre
o agente da tuberculose identificam várias características comportamentais que explicam
muitas questões da história natural da doença. As principais são resumidas abaixo:
 Estrutura bacilar – imóvel, não esporulado, não encapsulado;

 Álcool-ácido resistência – característica para identificação em laboratório que


o permite ser denominado de BAAR (bacilo álccol-ácido resistente);

 Conteúdo lipídico em sua parede celular – formação do granuloma;

 Aeróbio – necessita oxigênio para crescer e multiplicar-se multiplica bem no


pulmão;

 Parasito intracelular facultativo – sobrevive e se multiplica no interior de


células fagocitárias;

 Podem ficar em estado de dormência por longos períodos – responsável


pela reativação;

 Tempo de geração longo – 14 a 20 horas, dependendo do meio de cultura


empregado para o seu crescimento;

 Resistente a agentes químicos;

 Resistente à dessecação e ao ambiente escuro – podem sobreviver anos no


ambiente externo;

 Sensível ao calor e à radiação ultravioleta – sensível à luz solar.


As micobactérias são bacilos retos ou ligeiramente curvos, dificilmente podem
ser corados pelo método de Gram, mas são considerados como Gram positivos pelas
características da sua parede celular. As bactérias do complexo M. tuberculosis são
classificadas como micobactérias não pigmentadas de crescimento lento. Além destas
características, uma peculiaridade importante é o agrupamento dos bacilos formando ramos
alongados e tortuosos, conhecidos como cordas. A observação de cordas à baciloscopia
é uma indicação de que se trata de bactéria do complexo M. tuberculosis. São álcool-

43
ATENÇÃO À SAÚDE DO ADULTO – TUBERCULOSE

ácido resistentes e, quando coradas a quente com fucsina fenicada de Ziehl ou a frio com
auramina, retêm os corantes após lavagens com soluções de álcool e ácido (propriedade
utilizada na coloração de Ziehl-Neelsen). Sua parede é constituída principalmente por
ácidos micólicos, formando uma barreira hidrofóbica que confere resistência à dessecação,
à descoloração por álcool e ácido e a diversos agentes químicos e antibióticos. Por exemplo,
soluções de hidróxido de sódio, fosfato trissódico ou cloreto de cetilpiridinium não afetam as
micobactérias da mesma maneira como afetam microorganismos contaminantes e podem
ser usadas em procedimentos de descontaminação de espécimes antes da realização do
cultivo para diagnóstico. Apresentam um alto conteúdo lipídico em sua parede celular,
sendo este responsável por importantes efeitos biológicos como a indução da formação
do granuloma. É, de modo geral, resistente à ação de agentes químicos e sensível à ação
de agentes físicos como o calor e a radiação ultravioleta. Micobactérias podem entrar em
um estado de dormência, no qual sobrevivem sem se dividir. Esta propriedade tem um
importante significado clínico, já que a tuberculose freqüentemente representa a reativação
de uma infecção antiga, subclínica, ocorrida vários anos antes. A dormência permite que as
bactérias permaneçam em pequenos grupos populacionais, dificultando de uma maneira
geral a erradicação da doença.

3.1.1.2 A fonte de infecção e a pessoa susceptível: o contágio


A fonte de infecção habitual é o indivíduo com forma pulmonar da tuberculose,
eliminando bacilos para o exterior. A capacidade do bacilo se transmitir para uma outra
pessoa a partir de um doente é conseqüência do estado bacteriológico deste:
 doentes bacilíferos (B+) – a baciloscopia do escarro é positiva e o doente
elimina uma quantidade de bacilos superior a 5.000 por m de escarro;

 doentes não-bacilíferos – a baciloscopia do escarro é negativa e a cultura pode


ser positiva (C+) ou negativa (C-).
Calcula-se que, durante um ano, numa comunidade, uma fonte de infecção poderá
infectar, em média, de 10 a 15 pessoas que com ela tenham tido contato. Veja a seguir
quais as principais características da pessoa doente que infecta uma outra susceptível e
como deve ser esta relação:
 Doente com a forma pulmonar da doença – o mais importante é o
bacilífero;

 Intensidade do contato – proximidade, continuidade, ambiente desfavorável;

 Bacilos depositados em roupas, copos, etc. não têm importância na


transmissão.
A intensidade do contato é uma das condições que fazem com que a tuberculose
esteja associada à população de baixa renda. Nessa camada social, famílias numerosas
convivem muito proximamente em casas pequenas, mal ventiladas e úmidas.

44
ABORDAGEM CLÍNICA

A fala, o espirro e, principalmente, a tosse de um doente com tuberculose pulmonar,


lançam no ar gotículas contaminadas de tamanhos variados. As gotículas mais pesadas se
depositam rapidamente e as mais leves permanecem em suspensão no ar, ou porque são
pequenas ou porque sofrem evaporação. Somente os núcleos secos das gotículas (núcleo
de Wells) com diâmetros de até 5 µ e com 1 a 2 bacilos em suspensão podem atingir
os bronquíolos e alvéolos e iniciarem a multiplicação. As gotículas médias são, na sua
maioria, retidas pela mucosa do trato respiratório superior e removidas dos brônquios por
meio do mecanismo mucociliar. Os bacilos assim removidos são deglutidos, inativados
pelo suco gástrico e eliminados nas fezes. Os que se depositam nas roupas, lençóis, copos
e outros objetos dificilmente se dispersarão em aerossóis e, por isto, não desempenham
papel importante na transmissão.

3.1.1.3 Patogenia e imunidade


A patogenia da doença revela muitos elementos que compõem o raciocínio clínico,
os métodos preventivos e terapêuticos e o elemento central é a integridade do sistema
imunológico, pela cooperação entre macrófagos e linfócitos T na contenção da infecção pelo
bacilo da tuberculose. Outros elementos como a virulência da cepa infectante e o tamanho
da dose inalada têm, também, papel importante na patogenia. Mas a questão central
continua sendo: por que a tuberculose se desenvolve no homem? A resposta seria que os
mecanismos de defesa contra a micobactéria são afetados quando do desenvolvimento da
tuberculose ativa, por predisposição genética do hospedeiro ou por influência de fenômenos
induzidos pela própria micobactéria, que funcionariam como mecanismos de escape. Tais
mecanismos têm sido estudados por várias décadas, sem que todos os elementos estejam
ainda hoje claramente delineados. Algumas destas contribuições resistiram ao teste do tempo
e permanecem válidas, como a contribuição de Rich na década de quarenta e as de Lurie
e Dannenberg nos anos sessenta. Rich propôs que o estabelecimento da lesão tuberculosa
depende do balanço de fatores ligados ao bacilo e de fatores ligados ao hospedeiro, como
se observa na fórmula abaixo.
FATORES CONDICIONANTES DA LESÃO TUBERCULOSA
L = lesão
(FÓRMULA DE RICH) N = número de bacilos
V = virulência
N . V . Hy
L= Hy = hipersensibilidade
In . Ia
In = imunidade natural
Ia = imunidade adquirida

A fórmula indica que o desenvolvimento da lesão tuberculosa é diretamente


proporcional ao número de bacilos, à virulência da cepa inalada e ao desenvolvimento
da hipersensibilidade pelo hospedeiro, e inversamente proporcional à imunidade natural
e à imunidade adquirida. Fatores genéticos representam um papel importante conforme
demonstraram Lurie & Dannenberg (1965), usando como modelo famílias de coelhos
híbridos.

45
ATENÇÃO À SAÚDE DO ADULTO – TUBERCULOSE

PATOGENIA DA TUBERCULOSE
(Lurie & Dannenberg)
Estágio 1 – Destruição do bacilo por macrófagos alveolares residentes maduros
Depende de
 capacidade inibitória do macrófago (ativação inespecífica, predisposição genética).
 virulência do bacilo.
 carga infectante.
Estágio 2 – Multiplicação logarítmica do M. tuberculosis dentro de macrófagos imaturos
Mecanismo
 Monócitos/macrófagos recrutados da circulação não detêm crescimento.
 Formação da lesão inicial.
Estágio 3 – Número estacionário de bacilos
Mecanismo
 Multiplicação de Mtb inibida pela resposta imunológica mediada por células.
 Forma o foco tuberculoso: centro caseoso sólido impede multiplicação extracelular de Mtb.
 Em torno do centro necrótico, células epitelióides inibem multiplicação e destroem Mtb.
 Macrófagos imaturos ainda permitem multiplicação.
 Evolução da doença depende do número de macrófagos maturos e/ou imaturos.
Estágio 4 – Liquefação do cáseo e evasão do bacilo
Mecanismo
 Multiplicação extracelular em larga escala.
 Expectoração e preservação da espécie pela transmissão para outro hospedeiro.
 Mecanismos de defesa incapazes de controlar a infecção.

A imunidade natural – defesas mecânicas e naturais


Após a inalação, ocorre uma resistência inespecífica do homem contra a instalação
dos bacilos, devido, inicialmente, às barreiras físicas como os pelos nasais, a angulação das
vias aéreas, o turbilhonamento aéreo, a secreção traqueobrônquica e, o mais importante, o
cleareance mucociliar. Apesar da relativa eficiência desse sistema de defesa, e dependendo
do número de bacilos inalados, alguns atingem os alvéolos pulmonares e a infecção
tuberculosa tem início. Na prática, a resistência natural parece estar relacionada com a
maior ou menor velocidade com que o hospedeiro infectado é capaz de desenvolver sua
resistência ou imunidade adquirida específica.

A imunidade adquirida
Os macrófagos pulmonares residentes são uma das primeiras células a interagir
com os bacilos por meio da fagocitose, que caracteriza a etapa inicial da resposta imune
inespecífica antimicobacteriana. Vários mecanismos de escape foram desenvolvidos pelas
micobactérias para sobreviverem no interior dessas células. Contudo, os mecanismos que
garantem a sobrevivência dos bacilos no compartimento endossomal ou no citoplasma

46
ABORDAGEM CLÍNICA

não impedem que parte dos macrófagos sejam ativados pelos próprios bacilos. Além da
produção de interleucinas, como a IL-12, os macrófagos ativados e infectados por Mtb
processam e apresentam antígenos, resultantes da degradação do bacilo ou de antígenos
fagocitados (exógenos) ou liberados no citoplasma celular (endógenos). A apresentação
de antígenos estabelece o início da ativação da resposta imune específica, que pode ser
mediada por anticorpos ou por células. Esta última é de grande importância, uma vez que
linfócitos T CD4 e T CD8 são estimulados e participam ativamente da resposta imunológica
contra os bacilos infectantes.
Os linfócitos T CD4+ com atividade anti-M. tuberculosis são facilmente detectados
em indivíduos expostos às micobactérias, pela demonstração da hipersensibilidade cutânea
ao PPD in vivo, e pela elevada resposta linfoproliferativa aos antígenos micobacterianos in
vitro. A resposta de células T está inversamente correlacionada com a progressão da doença,
verificando-se baixa resposta linfoproliferativa e inexistência de reação cutânea ao PPD
em pacientes com tuberculose pulmonar avançada. No homem, o exemplo mais claro do
papel fundamental dessas células é a infecção pelo HIV-1, nos quais existe uma diminuição
dos linfócitos T CD4+, provocando uma grande susceptibilidade à primoinfecção ou à
reativação de uma tuberculose prévia (Jones e cols., 1993). Estas evidências demonstram
que células T CD4+ desempenham papel central na resistência contra a tuberculose
humana, principalmente pela produção de IFN-.
Os linfócitos T CD8+ fazem parte igualmente dos mecanismos efetores celulares
que intervêm na resposta imune à infecção por Mtb. Essas células produzem citocinas com
perfil similar ao descrito para Th1 e funcionam como células citotóxicas efetoras, restritas
às moléculas de classe I do HLA ou MHC. O principal papel atribuído a essa população é a
lise das células infectadas nas lesões que ainda contêm algumas bactérias e a esterilização
dos granulomas.
Tanto os linfócitos T CD4 como os T CD8 humanos apresentam dicotomia quanto
à produção de citocinas, similar ao modelo murino. Assim, as citocinas produzidas por
linfócitos T CD4+/CD8+ do tipo Th1/Tc1 secretam IFN-, IL-2, IL-3, e TGF-, enquanto que
linfócitos T CD4+/CD8+ do tipo Th2/Tc2 secretam IL-4, IL-5, IL-6, IL-10 e TNF- / IL-4,
respectivamente. A atuação de cada um desses hormônios celulares resulta em diferentes
espectros de ativação ou desativação celular. Foi demonstrado que o IFN-, único mediador
da ativação de macrófagos produzidos inicialmente por células NK ou células T, as quais são
estimuladas por IL-12 proveniente de macrófagos infectados, é capaz de induzir atividade
micobactericida em macrófagos humanos. Citocinas do tipo Th2, como a IL-10, atuam como
um potente inibidor da atividade celular inflamatória, inibindo a produção de óxido nítrico,
a produção de citocinas pró-inflamatórias (IL-1, TNF-), burst respiratório e a expressão de
receptores para IL-1 e MHC de classe II. A tuberculose humana ainda está sendo alvo de
estudo para a determinação do padrão de citocinas que predomina durante a evolução da
doença. O balanço entre citocinas do tipo Th1/Tc1, ditas como inibitórias (IFN-, TNF-), ou
do tipo Th2, ditas como aceleradoras (IL-4, IL-10), do crescimento micobacteriano pode ser
importante na regulação da atividade micobactericida em macrófagos infectados por Mtb.

47
ATENÇÃO À SAÚDE DO ADULTO – TUBERCULOSE

Tem sido demonstrado que IFN- é uma das principais interleucinas associadas à
resposta protetora durante a infecção por micobactérias. A presença de linfócitos T CD4+
auxiliares (Th) com fenótipo Th1 e de linfócitos T CD8+ citotóxicos produtores de IFN-
promove a melhor ativação dos macrófagos e, conseqüentemente, o controle da infecção.
Estudos com animais que não possuem o gene para IFN- mostram que estes, quando
infectados com M. tuberculosis por via intravenosa ou por aerosol, apresentam destruição
e necrose tecidual progressiva, não produzem intermediários reativos do nitrogênio e são
incapazes de restringir o crescimento dos bacilos.
Mais recentemente, vários modelos de infecção ou de prevenção (vacinação) da
tuberculose experimental foram desenvolvidos em diversos laboratórios, sendo úteis
para identificar as características essenciais das células que conferem proteção contra
a infecção por M. tuberculosis. O estudo detalhado das duas principais subpopulações
de linfócitos T mostrou que existem vários fatores relacionados com a proteção contra o
bacilo da tuberculose. Assim, os linfócitos T CD8+ estimulados por antígenos endógenos
micobacterianos (antígenos citoplasmáticos liberados na infecção ou por vacinação com
BCG ou vacina gênica) são preferencialmente do tipo citotóxicos, isto é, têm a capacidade
de destruir células que contêm o bacilo da tuberculose em seu interior, permitindo a
eliminação dos mesmos. Tanto os linfócitos T CD8+ como os T CD4+ secretam grande
quantidade de IFN-, que ajuda a manter ativados os vários sistemas responsáveis pela
eliminação dos microrganismos da célula hospedeira. A transferência de linfócitos T CD8+
de animais infectados ou vacinados para animais normais (irradiados) protege estes últimos
da infecção pelos bacilos virulentos, mostrando que essas células são fundamentais para os
processos de defesa.
A imunidade humoral é mediada por moléculas capazes de efetuar o reconhecimento
específico e a eliminação de antígenos, podendo ser transferida a indivíduos não-
imunizados por frações de sangue que não contenham células, como o plasma ou o soro. Ao
reconhecerem o bacilo da tuberculose ou os seus antígenos, os linfócitos B se transformam
em plasmócitos secretantes de anticorpos anti-Mtb. Esses anticorpos, no entanto, não têm
capacidade de penetrar nos macrófagos infectados e destruir o bacilo. Embora anticorpos
específicos possam desempenhar um papel na resposta dos neutrófilos à infecção por
micobactéria, a participação dessas células na defesa contra a tuberculose ainda não está
bem estabelecida. Conseqüentemente, a imunidade humoral parece ter pouco valor no
combate à essa doença.
Uma vez que imunocomplexos são encontrados no soro de pacientes com tuberculose,
vários métodos para detecção de anticorpos antituberculose têm sido desenvolvidos no
sentido de se tentar o diagnóstico sorológico da tuberculose. Embora testes detectando
imunocomplexos compostos de IgG ou IgM ou IgA e antígenos micobacterianos já tenham
sido desenvolvidos, a sorologia para TB ainda não está incorporada à prática clínica.

48
ABORDAGEM CLÍNICA

Nos últimos dez anos, muitos conhecimentos novos sobre os mecanismos imunológicos
associados à infecção por Mtb permitiram que se compreendesse melhor por que algumas
pessoas adoecem e a maioria nunca desenvolve a forma ativa da doença. Alguns desses
novos conhecimentos estão resumidos abaixo.

Mecanismos de escape à proteção imunológica do hospedeiro –


imunossupressão – o modelo da infecção pelo HIV
Os casos mais comuns de imunossupressão associados com a tuberculose são os
indivíduos com Aids, os estressados, os que fazem uso de drogas imunossupressoras,
os alcoólatras e os desnutridos. O mecanismo de aparecimento da TB em um indivíduo
pode se dar tanto pela reativação de uma infecção tuberculosa pregressa, como de uma
reinfecção ou de uma infecção recente (primária). Estudos em pessoas infectadas pelo HIV,
a partir de dados epidemiológicos, clínico e laboratoriais, demonstram uma forte relação
com a disfunção e a depleção dos elementos envolvidos na imunidade celular do indivíduo,
levando ao desenvolvimento da tuberculose primária, da disseminação hematogênica do
bacilo e aumentando a possibilidade de reativação.
Foi observado que além da diminuição de linfócitos CD4 circulantes provocada pelo
HIV, ocorre também uma disfunção qualitativa dessas células. Essa disfunção se evidencia,
in vivo, pela perda de resposta do tipo hipersensibilidade retardada, que pode se manifestar
mesmo com um número relativamente elevado de células CD4. Com a progressiva depleção
e disfunção desses linfócitos CD4 e conseqüente deterioração da imunidade celular do
indivíduo, infecções oportunistas, que seriam normalmente controladas por um mecanismo
de defesa intacto, tornam-se freqüentes. Tal é o caso da tuberculose, cujo mecanismo de
defesa se baseia justamente na imunidade celular.
A coexistência, portanto, de uma infecção pelo HIV constitui-se no mais potente
ativador da tuberculose até hoje conhecido. Por outro lado, a tuberculose também influi no
curso da infecção pelo HIV por meio da ativação de macrófagos e de células T infectadas
pelo vírus, levando a um desenvolvimento mais precoce da Aids.

Adaptação do bacilo ao homem – seus mecanismos


Um dos grandes problemas da tuberculose correlaciona-se com o alto grau de
adaptação dos bacilos ao homem. Os principais eventos são descritos a seguir.

Latência no granuloma
Dentro dos macrófagos, células com alto potencial microbicida, os bacilos têm a
habilidade de desativar os sistemas de defesa dessas células e conseguem sobreviver e se
multiplicar no seu interior. O sistema de defesa imunitário do homem toma conhecimento
da presença dos bacilos e estabelece uma resposta contra os mesmos, caracterizada por uma
reação inflamatória crônica denominada granuloma, que tem a finalidade de circunscrever
e delimitar a infecção. Nessas condições, os bacilos podem sobreviver por anos em estado
de latência ou de dormência e o indivíduo infectado pode não manifestar a doença.

49
ATENÇÃO À SAÚDE DO ADULTO – TUBERCULOSE

Sobrevivência no interior de macrófagos


Na infecção inicial, os bacilos sofrem a ação dos macrófagos alveolares que os
fagocitam. Apesar do macrófago ser uma célula com alta capacidade bactericida, o bacilo
da tuberculose desenvolveu meios apropriados para sobreviver a esse sistema de defesa
do hospedeiro. Assim, durante a evolução, foram desenvolvidos sistemas que facilitam a
fagocitose de Mtb pelos macrófagos, utilizando receptores de complemento CR1, CR2 e
CR3, bem como receptores de manose, e outras moléculas receptoras de superfície celular
como fibronectina. A interação entre os receptores de manose na célula fagocitária e o bacilo
é feita por uma glicoproteína de superfície da micobactéria chamada lipoarabinomanana
(LAM). A LAM inibe a ação de compostos intermediários de formas reativas do oxigênio
e diminui a produção de citocinas inflamatórias. Além disso, as micobactérias podem
induzir a liberação de fatores supressores da resposta imune pelos macrófagos, como o
TGF- e a IL-10. Nos macrófagos infectados, sob condições variadas de estresse, também
são produzidas altas concentrações da proteína hsp65 pelos bacilos, que podem induzir: a
liberação de TNF- e de TGF-, o aumento da transcrição de RNAm para IL-1, IL-10 e TNF-, e
a diminuição da transcrição de RNAm para a enzima óxido nítrico sintase induzível (iNOS).
Esse mecanismo de entrada de Mtb nos macrófagos permite uma desativação inicial do
sistema microbicida dessas células, principalmente a diminuição de radicais tóxicos do
oxigênio, dando um tempo suficiente para os bacilos se adaptarem no interior celular e
começarem a se multiplicar.
Embora a fagocitose aconteça sem maiores problemas e parte dos bacilos sejam
destruídos, um maior contingente permanece vivo e se multiplica dentro dos fagossomas
do macrófago, no seu citoplasma ou, eventualmente, livres na cavidade alveolar. Por razões
ainda não totalmente esclarecidas, os lisossomas do macrófago, que contêm enzimas
capazes de destruir o bacilo, não conseguem se fundir com os fagossomas nos quais eles
estão contidos. Uma primeira tentativa de combater a micobactéria pelo macrófago se faz
com a produção de ácidos praticamente inócuos para um bacilo ácido-álcool resistente.
A multiplicação bacilar provoca a morte do macrófago com liberação de lisossomas e
destruição tecidual. Forma-se, então, uma reação inflamatória inespecífica, com acúmulo
de neutrófilos na região do parênquima pulmonar em que os bacilos se instalaram.
Outros sistemas da imunidade inata também são ativados nessa fase, como o
sistema complemento, que libera substâncias quimiotáticas para neutrófilos e monócitos.
Além disso, a presença de Mtb no interior de fagócitos estimula a liberação de citocinas
e quimiocinas inflamatórias, como IL-1, IL-6, IL-8 e TNF- que também são responsáveis
pelo recrutamento celular para o foco inflamatório. Outra citocina também liberada dos
macrófagos logo após a fagocitose dos bacilos, a IL-12, atua em conjunto com o TNF-,
induzindo as células Natural Killer (NK) a secretarem IFN- nos períodos ainda iniciais da
infecção. O IFN- é o principal responsável pela ativação dos macrófagos recém-migrados da
corrente sangüínea e, conseqüentemente, pelo controle dos processos iniciais da infecção.
A ativação dos mecanismos da imunidade inata leva a um intenso recrutamento de células
para o foco inflamatório, que, uma vez organizado em granuloma, constitui a lesão inicial da

50
ABORDAGEM CLÍNICA

infecção micobacteriana, que resulta, em última análise, em um equilíbrio dos mecanismos


de defesa do hospedeiro frente à presença e à tentativa de multiplicação dos bacilos.
Como observado acima, diversos componentes celulares participam da defesa
inespecífica, como macrófagos residentes, neutrófilos, eosinófilos e células NK. Existem
evidências preliminares de que a defesa dita inespecífica pode desempenhar um papel maior
na proteção contra a tuberculose do que se imaginava anteriormente, mas muitos estudos
ainda terão de ser feitos para estabelecer o real papel de cada um desses mecanismos na
defesa antituberculose.

Resumo sobre o papel dos linfócitos no controle da tuberculose


1. Papel dos linfócitos T CD4+
 Regulação da resposta imunológica ao Mtb
 Secreção de citocinas reguladoras da função macrofágica
 Ação efetora por meio de citotoxicidade contra macrófagos infectados
2. Papel dos linfócitos T CD8+
 Controle da infecção por Mtb
 Ação efetora citotóxica: destroem as células que albergam o bacilo, secretam grânulos enzimáticos
que ajudam na eliminação dos mesmos.
 Secretam citocinas reguladoras da função macrofágica, como a IL-12 e o IFN-g, que ajudam a
manter ativados os sistemas microbicidas dos macrófagos.
3. Papel dos linfócitos T gama-delta
 Ativados pelos antígenos solúveis do bacilo vivo
 Têm papel importante nas fases iniciais da infecção
 Função citotóxica
4. Papel dos macrófagos
 Principal célula efetora contra Mtb, juntamente com os linfócitos T
 Ação reguladora por meio da secreção de citocinas
5. Papel das citocinas ativadoras ou inibitórias da função microbicida dos macrófagos

3.1.1.4 O processo de infecção e adoecimento em tuberculose

a) Primoinfecção tuberculosa
Se conseguir ultrapassar os mecanismos de defesa e alcançar os alvéolos pulmonares,
o bacilo da tuberculose ocasiona uma rápida resposta inflamatória, envolvendo macrófagos
alveolares residentes e neutrófilos rapidamente mobilizados, que resulta em uma rápida
depuração dos bacilos, sem lesão visível ao radiograma torácico. Pode ocorrer, no entanto,
uma falha neste mecanismo inespecífico de depuração, resultando em progressão da
inflamação e broncopneumonia inespecífica. Com isso, o bacilo começa a se dividir e a
aumentar em número no foco de inoculação, principalmente porque, nos primeiros quinze
a vinte dias de infecção, o organismo ainda não desenvolveu uma resposta imunológica
específica que possa bloquear o processo de multiplicação celular. Ao fim de 15 dias de
replicação, o número de bacilos no foco de inoculação pode atingir 105, e resultar em

51
ATENÇÃO À SAÚDE DO ADULTO – TUBERCULOSE

disseminação tanto por via linfática, para os gânglios linfáticos de drenagem, como por via
hematogênica, para órgãos extratorácicos.
Esse foco pulmonar, em geral único, e periférico e de consistência amolecida, é
pequeno e arredondado, tem de 1 a 2 mm e é chamado de foco de Ghon. O período
de tempo para o seu desenvolvimento é de cerca de três a quatro semanas. O momento
do surgimento do tubérculo corresponde ao desenvolvimento da imunidade celular e é
associado à viragem do teste tuberculínico, encerrando o período pré-alérgico. Portanto, o
período que vai desde a penetração do bacilo no organismo até o aparecimento da reação
ao teste tuberculínico é clínicamente chamado de período pré-alérgico. Simultaneamente,
a partir do foco pulmonar, há uma disseminação linfática até o gânglio satélite (foco
ganglionar), de onde haverá uma disseminação hematogênica para todo o organismo. Esse
complexo composto de um foco pulmonar, linfangite e um foco ganglionar é chamado de
complexo primário ou complexo de Ranke. No momento da disseminação hematogênica,
o organismo, já com a imunidade adquirida desenvolvida, impede o estabelecimento de
tuberculose doença em 95% dos casos, encerrando, então, a primoinfecção.
O encapsulamento do bacilo resulta na formação de uma lesão chamada de granuloma,
que não é exclusiva da tuberculose, mas apresenta algumas características morfológicas
que, freqüentemente, auxiliam no estabelecimento do diagnóstico histológico da condição.
O granuloma é um aglomerado celular não vascularizado, constituído histologicamente
por células epitelióides, células gigantes multinucleadas ou de Langhans, que se apresenta
com forma oval ou arredondada e numerosos núcleos periféricos dispostos em ferradura.
Numerosos linfócitos se localizam entre estas subpopulações de macrófagos. Uma das
características do granuloma tuberculoso é a necrose caseosa, rica em lipídios degradados
da parede celular das micobactérias.

b) Tuberculose primária
Em cerca de 95% das lesões pulmonares iniciais, os focos de Gohn evoluem para
fibrose e/ou calcificação, que poderão ser percebidas em radiogramas. Em 5% dos casos,
entretanto, a primoinfecção não é contida, seja pela deficiência no desenvolvimento da
imunidade celular, seja pela carga infectante ou pela virulência da cepa aspirada. Há
uma liquefação do caseo e o desenvolvimento de doença ainda nesta fase primária da
infecção.
Conceitualmente, a tuberculose resultante da progressão do complexo pulmonar
primário que se desenvolve nos primeiros cinco anos após a primoinfecção é chamada
de tuberculose primária. As formas de tuberculose primária contemporâneas ao complexo
primário podem ser apenas ganglionares, ou envolverem gânglios e pulmão, nesse
caso apresentando-se como formas pneumônicas, bronco-pneumônicas, cavitárias ou
atelectásicas (epituberculose). Uma das formas mais graves de tuberculose primária é a
forma miliar, resultante da difusão de lesões granulomatosas muito pequenas que atingem
não apenas os pulmões, mas muitos órgãos.

52
ABORDAGEM CLÍNICA

Clínicamente, a tuberculose primária pode se apresentar de forma aguda e grave


(menos comum) ou de forma mais insidiosa, e lenta (mais comum). Na forma insidiosa
o paciente, comumente uma criança, apresenta-se irritadiço, com febre baixa, sudorese
noturna, inapetência e exame físico inexpressivo. As manifestações de hipersensibilidade
extrapulmonar não são comuns, porém, quando ocorrem, são bem características da
tuberculose primária (eritema nodoso, conjuntivite flictenular, artralgia de Poncet). O exame
radiológico varia de acordo com o local para o qual o bacilo foi drenado.

c) Tuberculose pós-primária ou do adulto


É a forma de tuberculose que ocorre, em geral, tardiamente, anos após o
estabelecimento da lesão primária. O indivíduo já apresenta memória imunológica para os
antígenos de Mtb e, em geral, desenvolve lesão mais circunscrita, de evolução mais arrastada
que as formas primárias e com maior reação inflamatória do tipo hipersensibilidade,
caracterizada por cavitação e fibrose. A origem pode ser tanto endógena, por reativação de
um foco quiescente (com bacilos que se encontravam em inatividade metabólica-reativação
endógena), quanto exógena, a partir de uma nova contaminação, em geral, por cepas
mais virulentas e resistentes à forte resposta imunológica desencadeada pelo hospedeiro
(reativação exógena).
É mais comum nos ápices pulmonares, devido ao maior aporte de oxigênio, necessário
ao desenvolvimento do bacilo. A reativação do foco se dá com formação de granulomas,
poucos macrófagos, poucas hemácias e rica em fibrina. Evolui para necrose de caseificação
e progride para doença. Ocorre drenagem do caseo para um brônquio, que pode levar à
disseminação broncógena para todo o pulmão. Normalmente, a drenagem dá lugar a uma
cavidade pulmonar, chamada caverna tuberculosa.
A cavitação pode evoluir para cura ou para complicações. A cura pode ser aberta
ou fechada. Uma das complicações da cavitação é a dilatação aneurismática dos ramos da
artéria brônquica (aneurismas de Rasmüssen), que antes dos antimicrobianos ocorria em
até 4% dos casos e que pode resultar em fortes hemoptises, com risco de vida. Mesmo que
ocorra a cura bacteriológica após o estabelecimento destas cavernas, é importante ressaltar
que poderão ocorrer seqüelas, às vezes grosseiras e com conseqüências importantes para
a qualidade de vida do paciente.
Algumas complicações do processo destrutivo parenquimatoso ocasionado pelo
desenvolvimento da forma pós-primária são cavidade saneada aberta, cavidade fechada
sem brônquio de drenagem, bronquiectasias, destruições pulmonares, desvios de órgãos
do mediastino, escoliose, alterações funcionais pulmonares graves, geralmente de natureza
mista, micetoma intracavitário e bronquiectasia. A hemoptise é freqüente em pacientes
com tais seqüelas, podendo ser necessário tratamento corretivo cirúrgico, em geral de
prognóstico reservado. A importância do diagnóstico precoce e da aderência ao tratamento
coíbem, assim, o desenvolvimento das seqüelas graves.

53
ATENÇÃO À SAÚDE DO ADULTO – TUBERCULOSE

d) Vias de disseminação
São quatro as vias pelas quais os sítios extrapulmonares podem ser acometidos na
tuberculose:

 via linfohematogênica – responsável pela maioria das formas extrapulmonares


da doença, uma vez que é o caminho natural do bacilo após sua entrada no
organismo: tuberculose ganglionar, renal, adrenal, óssea, menigoencefálica,
ganglionar intra-abdominal e genital feminina;

 via hematogênica – quando há ruptura da lesão diretamente no vaso, podendo


ocasionar formas disseminadas agudas da doença;

 por contigüidade – responsável pelas formas pleural a partir do pulmão;


pericárdica a partir de gânglios mediastinais; peritoneal a partir de gânglios
mesentéricos, alças intestinais ou trompas (por ruptura de pequenos divertículos)
e algumas formas de tuberculose cutânea peri-orificial e a partir, por exemplo, de
focos ósseos;

 intra-canalicular – comprometimento de vias aéreas altas a partir do pulmão;


trato urinário inferior e sistema genital masculino a partir do rim; endométrio e
peritôneo a partir das trompas (por saída do material caseoso pelos óstios uterino
e abdominal).

3.1.2 Procura de casos


Denomina-se “Caso de Tuberculose” todo indivíduo com diagnóstico confirmado
por baciloscopia ou cultura e aquele em que o médico, com base nos dados clínico-
epidemiológicos e no resultado de exames complementares, firma o diagnóstico de
Tuberculose. “Caso Novo” é o doente com tuberculose que nunca usou ou usou por menos
de um mês drogas antituberculosas.
A procura de casos é um conceito programático que compreende tanto os métodos
de diagnóstico como as ações organizadas para operacionalizá-los, envolvendo os serviços
e a comunidade. Essas ações estão voltadas para os grupos com maior probabilidade
de apresentar tuberculose, quais sejam: sintomáticos respiratórios (pessoas com tosse
e expectoração por três semanas ou mais); contatos de casos de tuberculose; suspeitos
radiológicos; pessoas com doenças e/ou em condição social que predisponham à tuberculose.
Os contatos, definidos como toda pessoa, parente ou não, que coabita com um doente de
tuberculose, constituem um grupo para o qual se recomenda uma atitude de busca ativa.
Os locais ideais para se organizar a procura de casos são os serviços de saúde, públicos ou
privados. Nestas instituições – postos, centros de saúde, ambulatórios e hospitais – realizar
busca ativa de sintomáticos respiratórios deve ser uma atitude permanente e incorporada
à rotina de atividades de todos os membros das equipes de saúde.

54
ABORDAGEM CLÍNICA

3.1.2.1 Busca na comunidade


Deve-se fazer a busca de casos em todas as pessoas que apresentem tosse e
expectoração por três semanas ou mais, por meio do exame bacteriológico. Quando a
baciloscopia direta for persistentemente negativa, deve-se realizar exame radiológico do
tórax. Essa atividade deve integrar o trabalho do agente que faz visita domiciliar sistemática,
sobretudo nas comunidades em que esteja organizada a atenção primária de saúde.
Nas áreas onde as ações já estão organizadas, a visita domiciliar periódica do agente
de saúde deve incluir a detecção de casos entre sintomáticos respiratórios e contatos,
principalmente, de casos bacilíferos e crianças. Quando necessário, deve-se referenciá-
los ao serviço de saúde. Atenção especial deve ser dada a populações de maior risco de
adoecimento, representadas sobretudo por residentes em comunidades fechadas, como
presídios, manicômios, abrigos e asilos. Nessas comunidades, justifica-se a busca ativa
periódica de casos. Indivíduos das categorias alcoólicos, usuários de drogas, mendigos,
trabalhadores de saúde e outros em situações especiais em que haja contato próximo com
paciente portador de tuberculose pulmonar bacilífera são também prioritários para essa
ação. Também incluem-se nessa categoria os imunodeprimidos por uso de medicamentos
ou por doenças imunossupressoras, conforme descrito no item 1.4.3 A definição da
população-alvo.
O qauro 4 sumariza a busca e os principais exames a serem ofertados.

Quadro 4: Busca de casos de tuberculose e exames a serem realizados

Quem buscar? Exames

Contatos de doentes com tuberculose Baciloscopia


Pessoas soro-positivas para HIV Teste tuberculínico
Indivíduos com tosse e com expectoração por três semanas ou mais Radiografias do tórax
Pessoas que vivem em isntituições fechadas
Trabalhador de saúde

Fonte: Controle da Tuberculose – Uma Proposta de Integração Ensino Serviço. FUNASA/MS. 2002. p. 66

Em infectados pelo HIV, principalmente aqueles na fase avançada de imunodepressão


(nível sérico de CD4 inferior a 200 cels/mm3 ou linfócitos inferior a 1.000 cels/mm3), deve-
se suspeitar de tuberculose na presença de qualquer sintoma respiratório e quadros de
febre de origem indeterminada. A justificativa para essa conduta deve-se à alta freqüência
de manifestações atípicas de tuberculose e à ocorrência de outras doenças respiratórias
causadas por agentes oportunistas.

3.1.2.2 Busca na demanda


A prática mais adequada neste tipo de busca consiste em interrogar, de forma
sistemática, todas as pessoas que consultam os serviços de saúde por qualquer motivo,

55
ATENÇÃO À SAÚDE DO ADULTO – TUBERCULOSE

a respeito de tosse e de expectoração que se prolonguem por três semanas ou mais


e submeter a exame bacteriológico as que apresentam os sintomas pesquisados. No
grupo de sintomáticos respiratórios, o exame radiológico do tórax será realizado quando a
baciloscopia direta do escarro for persistentemente negativa.

A organização do sistema de busca de casos na unidade de saúde compreende os


seguinte elementos:
 o envolvimento de toda a equipe de saúde (médicos, enfermeiros, demais
profissionais de nível superior e auxiliares) na pesquisa dos sintomáticos respiratórios
entre a população que demanda a unidade de saúde por qualquer motivo;
 um sistema de registro dos sintomáticos respiratórios para uma avaliação do
parâmetro na demanda;
 a participação do laboratório com pessoal treinado nas técnicas de baciloscopia e
no registro dos sintomáticos respiratórios realmente examinados;
 uma unidade de referência para encaminhamento dos casos que requeiram maior
capacidade resolutiva.
Uma vez selecionado o indivíduo sintomático respiratório na demanda da unidade
de saúde, procede-se à escolha dos exames complementares necessários (Quadro 4).

3.1.2.3 Busca entre contatos


Este grupo compreende todas as pessoas, parentes ou não, que coabitam com um
paciente com tuberculose e os contatos prolongados de maior proximidade nos ambientes
de trabalho. Os comunicantes de doentes bacilíferos têm maior risco de adoecer de
tuberculose e, por esta razão, são prioritários para a ação de busca de casos, segundo as
seguintes normas:
 baciloscopia do escarro;
 prova tuberculínica nos contatos;
 exame radiológico.

A busca de casos por meio do exame radiológico indiscriminado tem sido o método
de menor rendimento, com maiores custos e alto risco potencial para a população, por
submetê-la a radiações ionizantes em intervalos curtos, não sendo mais recomendada para
este fim.

56
ABORDAGEM CLÍNICA

O quadro 5 estalece as condutas com os contato de tuberculose, a partir dos resultados


de exames.
Quadro 5: Conduta com as pessoas, contatos de tuberculose,
segundo os resultados de exames
Resultado do exame Conduta
1. Rx tórax sem alteração Aplicar vacina BCG-IDem menor de 15 anos não vacinado
PPD não-reator Risco de TB* – aplicar vacina BCG-ID
Sem escarro e/ou BAAR negativo Orientar sobre aparecimento de SR
Quimioprofilaxia: **Menor de 15 anos não vacinado com
2. Rx tórax sem alteração
BCG-ID
PPD reator
Pessoa HIV positiva***
Sem escarro e/ou BAAR negativo
Grupo de risco para TB****
3. Rx tórax com alteração
Contato de TB: Diagnóstico de probabilidade: Quimioterapia
PPD reator
Não contato de TB***** Esclarecer diagnóstico
Sem escarro e/ou BAAR negativo
4. Rx tórax com alteração
PPD reator ou não-reator Esclarecer o diagnóstico
Sem escarro e/ou BAAR negativo
5. Rx tórax com alteração
PPD reator ou não-reator Quimioterapia
BAAR negativo
Natal, S
*Risco de Tb: trabalhador de saúde, albergados, asilados. Fazer a sorologia para HIV antes da vacina.
** Avaliar o custo-benefício: Idade, uso álcool, uso de drogas hepatotóxicas, adesão ao tratamento.
*** reator forte para HIV positivo, para fins de quimioprofilaxia, considerar 5 mm ou mais.
**** Diabéticos, uso de drogas e/ou doenças imunossupressoras.
***** Avaliar tuberculose passada e possibilidade de ser residual.

3.1.3 Diagnóstico
O diagnóstico da tuberculose, além da avaliação clínica, deverá estar fundamentado
nos métodos a seguir.

3.1.3.1 Bacteriológico
A pesquisa bacteriológica é método de importância fundamental, tanto para o
diagnóstico como para o controle de tratamento.
É fundamental que os profissionais de saúde conheçam as condições que asseguram
a confiabilidade dos resultados da baciloscopia direta e da cultura. Para que o laboratório
possa fornecer resultados, é necessário que receba espécimes que provêm do local da lesão
que se investiga e que sejam identificados, conservados e transportados adequadamente.

Material, colheita, conservação e transporte


Os espécimes clínicos comumente utilizados para a investigação do M. tuberculosis
e de outras espécies micobacterianas são: escarro, lavado gástrico, lavados brônquicos,
urina, fluidos orgânicos, pus, material de biópsia e de ressecção.

57
ATENÇÃO À SAÚDE DO ADULTO – TUBERCULOSE

Colheita de escarro
a) Condutas: a boa amostra de escarro é a proveniente da árvore brônquica, obtida
após esforço da tosse, e não a que se obtém da faringe que, usualmente, contém
saliva. Solicita-se ao paciente duas amostras de escarro, sendo a primeira colhida
durante a primeira consulta, e a outra no dia seguinte, ao despertar. O escarro
deverá ser colhido em local aberto e bem ventilado. A colheita deve ser feita em
potes plásticos descartáveis, transparentes, limpos, de boca larga, com tampa de
rosca e capacidade de cerca de 30 a 50 ml. O nome do paciente e o seu número
de registro devem ser colocados sempre no corpo e não na tampa do pote.
b) Orientações ao paciente:
 lavar a boca com água antes de expectorar, para eliminar resíduos de comida,
pasta de dente e outros;
 inspirar profundamente, reter por instantes o ar no pulmão, tossir e lançar o
material no recipiente. Esta operação deverá ser repetida até a obtenção de três
eliminações de escarro, evitando que o mesmo escorra pela parede externa do
pote;
 fechar hermeticamente o pote e envolvê-lo em papel limpo, com o cuidado de
manter o frasco com a boca para cima;
 lavar as mãos com água e sabão.
Quando a expectoração é escassa, pode-se recorrer a outros métodos, como indução
do escarro e colheita do material por broncoscopia e lavagem gástrica.

Colheita de outros materiais


Pela escassa quantidade de bacilos presentes (materiais paucibacilares), os espécimes
descritos devem ser submetidos a baciloscopia e também ser semeados para cultura
em meios apropriados.
a) Urina – Recomenda-se a colheita de todo o volume da primeira urina da manhã. O
número de amostras recomendado é de três a seis, colhidas em dias consecutivos.
Antes da micção, deve-se lavar a genitália externa com água e sabão. O recipiente
(de 300 a 500 ml) deve estar limpo e a amostra deve ser encaminhada o mais
rápido possível ao laboratório, acondicionada em isopor com gelo.
b) Líquido céfalo-raquidiano, pleural, ascítico e outros – Colher esses materiais em
tubo estéril e enviar ao laboratório imediatamente de preferência acondicionado
em isopor com gelo.
c) Biópsia e material de ressecção – Colher estes materiais em frasco com água
destilada ou solução salina fisiológica estéril. Não adicionar conservantes (formol).
Enviar ao laboratório imediatamente, de preferência acondicionado em isopor
com gelo.

58
ABORDAGEM CLÍNICA

d) Sangue – Colher esse espécime em tubo estéril agregando-se de preferência o SPS


(polianeto sulfonato de sódio) como anticoagulante. O volume recomendado é de
5 ml. Enviar ao laboratório imediatamente.

Conservação e transporte das amostras


Quanto mais rapidamente o espécime chegar ao laboratório, maior será a possibilidade
de se encontrar M. tuberculosis, e outras micobactérias. A temperatura ambiente e o
tempo favorecem a multiplicação de microorganismos contaminantes. O escarro obtido de
expectoração pode ser excepcionalmente conservado sob refrigeração por até 7 dias, sem
que haja prejuízo na realização da baciloscopia e da cultura.

Exame microscópico direto do escarro


A baciloscopia direta do escarro é método fundamental porque permite descobrir
as fontes mais importantes de infecção: os casos bacilíferos. Por ser um método simples
e seguro, deve ser realizado por todo laboratório público de saúde e pelos laboratórios
privados tecnicamente habilitados.
O exame baciloscópico deve ser solicitado, por ordem de prioridade, aos pacientes
que:
 procurem o serviço de saúde por queixas respiratórias ou por qualquer outro
motivo, mas que, espontaneamente ou em resposta ao profissional de saúde,
informem ter tosse e expectoração há três semanas ou mais;
 apresentem alterações radiológicas pulmonares.

Recomenda-se, ainda, o controle de qualidade das baciloscopias. Para este fim, os


laboratórios de âmbito local deverão guardar todas as lâminas examinadas, positivas e
negativas, para enviá-las, se solicitado, ao laboratório supervisor.

Cultura para micobactéria


A cultura, comumente realizada no meio Lowenstien-Jesen, é até o momento o
diagnóstico de certeza da tuberculose com o isolamento e a identificação do bacilo.
A cultura é indicada para os suspeitos de tuberculose pulmonar persistentemente
negativos ao exame direto e para o diagnóstico de formas extrapulmonares como
meningoencefálica, renal, pleural, óssea ou ganglionar. A cultura também está indicada
nos casos de suspeita de resistência bacteriana às drogas, seguida do teste de sensibilidade,
e nos casos de retratamento por abandono, recidiva ou falência.
Nos casos de suspeita de infecção por micobactérias não tuberculosas, notadamente
nos pacientes HIV positivos ou com Aids, que sempre deverão fazer cultura, deverá ser
realizada a tipificação do bacilo.

3.1.3.2 Radiológico
O exame radiológico é auxiliar no diagnóstico da tuberculose, justificando-se sua
utilização nos casos suspeitos. Nesses pacientes, o exame radiológico permite a seleção de

59
ATENÇÃO À SAÚDE DO ADULTO – TUBERCULOSE

portadores de imagens sugestivas de tuberculose ou de outra patologia, sendo indispensável


submetê-los a exame bacteriológico para se fazer um diagnóstico correto, já que não é
aceitável, exceto em crianças, o diagnóstico de tuberculose pulmonar sem investigação do
agente causal pela baciloscopia de escarro.
Em suspeitos radiológicos de tuberculose pulmonar com baciloscopia direta negativa,
deve-se afastar a possibilidade de outras doenças, recomendando-se, ainda, a cultura para
2icobactéria.
O estudo radiológico tem, ainda, importante papel na diferenciação de formas de
tuberculose de apresentação atípica e no diagnóstico de outras pneumopatias no paciente
portador de HIV/Aids ou de outras situações de imunossupressão.
No diagnóstico de probabilidade, deve-se levar em conta que o erro causa atraso na
identificação da verdadeira doença, acarretando ao doente sofrimento físico, psicológico,
econômico e social.
O exame radiológico, em pacientes com baciloscopia positiva, tem como função
principal a exclusão de doença pulmonar associada, que necessite de tratamento
concomitante, além de permitir avaliação da evolução radiológica dos pacientes, sobretudo
naqueles que não responderem à quimioterapia.
Os resultados dos exames radiológicos do tórax deverão obedecer à seguinte
classificação:
 Normal – os que não apresentam imagens patológicas nos campos pulmonares.
 Seqüela – os que apresentam imagens sugestivas de lesões cicatriciais.
 Suspeito – os que apresentam imagens sugestivas de tuberculose.
 Outras doenças – os que apresentam imagens sugestivas de pneumopatia não
tuberculosa.
A tuberculose causa anormalidades radiográficas na maioria dos pacientes.

A imagem radiológica na tuberculose primária


A tuberculose primária ocorre com mais freqüência na infância, embora sua incidência
venha aumentando nos adultos. A radiografia do tórax é essencial no diagnóstico da
tuberculose da criança, já que uma significativa proporção de casos é oligossintomática e o
diagnóstico bacteriológico é mais difícil nessa faixa etária. A imagem radiológica sugestiva
da tuberculose primária é o aspecto bipolar, de aumento hilar, pela hipertrofia dos linfonodos
regionais conseqüentes da disseminação linfática do foco de. A principal alteração
parenquimatosa é representada por opacidade de limites mal definidos, sem predileção por
lobos ou segmentos, invariavelmente associada à linfonodomegalia mediastinal ou hilar
ipsi-lateral. O polo parenquimatoso e o linfonodal, associados à linfangite que interliga os
dois, o complexo de Ranke, raramente é detectado à radiografia.
A tuberculose primária pode regredir espontaneamente, deixando como seqüelas
alterações parenquimatosas calcificadas ou não, conhecidas como nódulos de Ghon, nos

60
ABORDAGEM CLÍNICA

lobos inferiores e focos de Simon nos lobos superiores. Imagens cavitárias podem surgir
no decorrer da evolução, associadas ou não à disseminação hemática e traduzem, sempre,
formas mais graves. A participação do pólo linfonodal é bem mais exuberante, sendo sua
regressão mais lenta que o pólo parenquimatoso e, portanto, mais expressivas as formas
de apresentação radiológica. Os principais linfonodos comprometidos são os da região
paratraqueal e hilar direita. Em razão da expressiva reação linfonodal observada na infância,
os fenômenos obstrutivos dominam o quadro radiológico caracterizado por atelectasias
lobares, cuja síndrome do lobo médio é o protótipo destas manifestações compressivas
(Figura 2). A erosão da parede brônquica e a consequente invasão de material caseoso
na árvore respiratória, a partir de um linfonodo, origina quadros graves, seja do ponto
de vista clínico quanto radiográfico representados por opacidades broncopneumônicas de
limites indefinidos e com tendência à confluência. O envolvimento pleural na tuberculose
da infância é raro.
Figura 1 Figura 2

Figura 1: RX em PA, demonstrando linfonodemegalia hilar direita e sinal da silhueta.


Figura 2: Perfil E demonstrando atelectasia do lobo médio caracterizada por aumento da densidade do
coração.

A imagem radiológica na tuberculose de reinfecção ou pós-primária


A tuberculose de reinfecção ou pós-primária é praticamente exclusiva do adulto. Tem
predileção pelos segmentos dorsais dos lobos superiores e pelos segmentos apicais dos lobos
inferiores, característica esta que sustenta o aforismo segundo o qual “o doente carrega a
tuberculose nas costas”. Em razão da predominância das lesões nos lobos superiores, a
incidência ápico-lordótica ou de Fleischner é extremamente útil para demonstrar alterações
mal definidas, escondidas pelas clavículas e arcos costais superiores.

A evolução da lesão tuberculosa do ponto de vista radiológico


A lesão inicial caracteriza-se por pequenas opacidades nodulares, cuja extensão não
ultrapassa o espaço intercostal ou a região apical, sendo, por conseguinte, denominada lesão
mínima ou infiltrado precoce. Este infiltrado precoce é assintomático durante algum tempo,
fato este que reforça o valor dos exames radiográficos notadamente entre os contatos. As
pequenas opacidades tendem a progredir, envolvendo o lobo, ocorrendo caseificação de
áreas mais ou menos extensas e aparecimento de imagens cavitárias, o mais importante

61
ATENÇÃO À SAÚDE DO ADULTO – TUBERCULOSE

dado radiológico desta forma. A cavitação implica a possibilidade de complicações


tanto relacionadas com a disseminação canalicular quanto em razão da erosão de vasos
arteriais, originando os pseudo-aneurismas de Rasmussen, responsáveis por hemoptises
vultosas, às vezes fulminantes. As cavidades são surpreendidas no curso da doença em
mais da metade dos casos. Têm paredes espessas, podem ser únicas ou múltiplas, variando
entre alguns milímetros a vários centímetros de diâmetro. A evolução mais freqüente da
tuberculose cavitária é a presença de opacidades acinares, denominadas de lesões satélites,
descobertas pela radiografia em mais da metade dos casos. Esta disseminação broncógena
é sugestiva de tuberculose, mesmo sendo excepcionalmente observada em outras doenças,
e compromete mais intensamente o lobo médio, língula e bases pulmonares. (Figura 3).
Figura 3

Figura 3: Radiografia em PA, demonstrando imagem cavitária


de paredes espessas, localizada no segmento apical do lobo
superior direito, além de nódulos acinares compromentendo
tanto o pulmão direito, quanto o esquerdo, configurando a
disseminação broncógena própria da tuberculose.

Apresentações radiológicas atípicas


As apresentações radiológicas consideradas atípicas, representadas por formas
pseudotumorais e por alterações que envolvem os segmentos anteriores, estão
freqüentemente associadas a condições mórbidas, como diabetes mellitus e síndrome de
imunodeficiência adquirida. Nestas situações, assim como nas formas miliares, a tomografia
computadorizada do tórax (TC), mais especificamente a técnica de alta resolução, pode
demonstrar alterações não visualizadas na radiografia. Desta forma, a TC tem se mostrado
excelente método complementar à radiografia. Nas formas miliares, permite caracterizar
com mais precisão o infiltrado micronodular, demonstrando sua distribuição aleatória
e centrolobular. Permite ainda o estudo concomitante do mediastino, demonstrando
linfonodomegalias, às vezes de densidade heterogênea, dado este extremamente útil no
diagnóstico diferencial da pneumopatias associadas à AIDS.
Nas formas pseudotumorais a TC é ainda mais útil, podendo demonstrar alterações
que sustentam a natureza benigna da lesão tais como aspectos da cavitação, ectasias
brônquicas que permeiam a massa e disseminação broncógena caracterizada pela presença
de nódulos acinares não visualizados na radiografia.

3.1.3.3 Prova tuberculínica


Indicada como método auxiliar no diagnóstico da tuberculose, a prova tuberculínica
positiva, isoladamente, indica apenas infecção e não é suficiente para o diagnóstico da
tuberculose doença.

62
ABORDAGEM CLÍNICA

No Brasil, a tuberculina usada é o PPD RT23, aplicada por via intradérmica no


terço médio da face anterior do antebraço esquerdo, na dose de 0,1ml, equivalente a 2
UT (unidades de tuberculina). Deve ser conservada em temperatura entre 4ºC e 8ºC, não
devendo ser congelada ou exposta à luz solar direta.
A técnica de aplicação e o material utilizado são padronizados pela Organização Mundial
de Saúde (OMS) e têm especificações semelhantes às usadas para a vacinação BCG.
A leitura da prova tuberculínica é realizada 72 a 96 horas após a aplicação, medindo-
se, com régua milimetrada, o maior diâmetro transverso da área de endurecimento palpável.
O resultado, registrado em milímetros, classifica-se como:
 0mm a 4mm – não-reator – indivíduo não infectado pelo M. tuberculosis ou com
hipersensibilidade reduzida.
 5mm a 9mm – reator fraco – indivíduo vacinado com BCG ou infectado pelo
M. tuberculosis ou por outras micobactérias.
 10mm ou mais – reator forte – indivíduo infectado pelo M. tuberculosis, que pode
estar doente ou não, e indivíduos vacinados com BCG nos últimos dois anos.

Algumas circunstâncias podem interferir no resultado das provas tuberculínicas, como,


Portadores de doenças imunodepressoras:
 Sarcoidose.
 Aids.
 Neoplasias de cabeça e de pescoço.
 Doenças linfoproliferativas.
 Outras neoplasias.

Situações com imunodepressão transitória:


 Vacinação com vírus vivos.
 Gravidez.
 Tratamentos com corticosteróides e drogas imunodepressoras.
 Crianças com menos de dois meses de vida.
 Idade acima de 65 anos.

Todos os indivíduos infectados pelo HIV devem ser submetidos à prova tuberculínica.
Nesses casos, considera-se reator aquele que apresenta endurecimento de 5 mm ou mais, e
não-reator aquele com endurecimento entre 0 mm e 4 mm.
Pacientes portadores do HIV ou com Aids, inicialmente não-reatores, deverão ter sua
prova tuberculínica repetida, após melhora clínica com o uso de anti-retrovirais.
Recomenda-se a prova tuberculínica, como parte do exame médico, a todos os
profissionais dos serviços de saúde, por ocasião de sua admissão.
Nos indivíduos vacinados com BCG, sobretudo nos imunizados há até dois anos, a
prova tuberculínica deve ser interpretada com cautela, pois, em geral, apresenta reações de
tamanho médio, embora possa alcançar 10mm ou mais segundo a vacina utilizada.

63
ATENÇÃO À SAÚDE DO ADULTO – TUBERCULOSE

3.1.3.4 Histopatológico
É um método empregado principalmente na investigação das formas extrapulmonares.
A lesão apresenta-se como um granuloma, geralmente com necrose de caseificação e
infiltrado histiocitário de células multinucleadas. Como esta apresentação ocorre em
outras doenças, o achado de BAAR na lesão é fundamental para auxiliar o diagnóstico de
tuberculose.

3.1.3.5 Outros métodos de diagnóstico


Além da bacteriologia, da radiologia, da prova tuberculínica e da histopatologia,
existem, desenvolvidas ou em desenvolvimento, outras metodologias diagnósticas.
Entretanto, pelo alto custo destes métodos e pela ausência de provas consistentes
quanto à sensibilidade, especificidade e valores preditivos, eles não devem ser usados
indiscriminadamente.
Esses fatos não permitem sua utilização em substituição aos métodos convencionais,
devendo-se privilegiar seu uso, como auxílio diagnóstico para a tuberculose, aos serviços
de referência, serviços especializados ou instituições de pesquisa.
 Hemocultura
Está indicada em pacientes portadores do HIV ou com Aids em que haja suspeita
de doença micobacteriana disseminada.
 Detecção da produção de CO2
Método radiométrico: utiliza a produção de gás carbônico pelo bacilo em
crescimento, para a detecção de sua presença nos meios de cultura em que se
inoculou o espécime clínico. Como no meio de cultura se adicionam nutrientes
com carbono marcado isotopicamente, o CO2 produzido terá também o carbono
radioativo, que poderá ser identificado por equipamento específico para esse fim.
O método permite também a realização de teste de sensibilidade a drogas num
tempo mais curto que o habitual, o que constitui sua grande vantagem sobre os
métodos convencionais. Uma variação deste método detecta a produção do gás,
por um sistema de sensores ópticos, e não por emissão de carbono marcado.
 Detecção de consumo de O2
Mycobacteria Growth Indicator Tube (MGIT)
Este método utiliza tubos de ensaio com meios líquidos de cultura, nos quais existe
uma base de silicone impregnada com rutênio, metal que emite luminescências
na ausência de O2. Se há crescimento bacteriano, há também consumo de O2 e o
rutênio emitirá luminescências possíveis de serem detectadas com luz ultravioleta.
O resultado é obtido num tempo mais curto que a cultura convencional e pode-se,
também, realizar teste de sensibilidade.

64
ABORDAGEM CLÍNICA

 Sorológico
Consiste na detecção de anticorpos produzidos pelo organismo, contra componentes
do M. tuberculosis. São utilizados antígenos purificados ou clonados, em
metodologias que se baseiam em reações antígeno-anticorpo. São métodos muito
rápidos, mas que têm o inconveniente de, em função da baixa especificidade dos
antígenos disponíveis, revelar reações cruzadas com outros germes, além de outras
circunstâncias que alteram os resultados. Além disso, ainda não é possível com
absoluta segurança, identificar os doentes dos apenas infectados ou vacinados.
 Marcadores biológicos
Há dois marcadores com importância clínica:
a) A adenosinadeaminase (ADA), uma enzima presente em várias células,
particularmente no linfócito ativado, como observado na tuberculose. A
determinação do aumento da atividade da ADA no líquido pleural, sobretudo se
associado a alguns parâmetros como idade (<45anos), predomínio de linfócitos
(acima de 80%) e proteína alta (exsudato), é indicadora de pleurite tuberculosa.
É método colorimétrico, de fácil execução em qualquer laboratório que disponha
de um espectrofotômetro, podendo, à luz dos conhecimentos disponíveis,
autorizar o início do tratamento para suspeita de tuberculose pleural, em que
não seja possível a biópsia. Ressalte-se que o método a ser utilizado deve ser o
de Giusti, feito no laboratório, que é o mais utilizado no país.
b) O ácido tubérculo-esteárico, um metabólito do bacilo, cuja taxa aumentada, no
liquor, indica a presença de meningoencefalite por tuberculose. Sua importância
em outros fluidos ainda está sendo estudada. O inconveniente para sua utilização
rotineira é o alto custo do equipamento necessário para sua determinação.
 Técnicas de biologia molecular
Partindo-se do pressuposto de que o genoma de qualquer organismo é o que de
mais específico existe para sua identificação, as técnicas de biologia molecular
passaram a ser utilizadas para o diagnóstico de diversas doenças, inclusive para
tuberculose, com a vantagem de poderem oferecer o resultado num tempo muito
curto (algumas horas). Desta forma, desenvolveram-se várias técnicas para essa
finalidade. Os métodos mais conhecidos de diagnóstico baseados em amplificação
do alvo são:
• Reação em cadeia da polimerase (PCR).
• Amplificação mediada por transcrição (TMA).
• Amplificação baseada na seqüência de ácidos nucléicos (NASBA).
• Amplificação por transferência de fita (SDA).

A reação em cadeia da polimerase, no momento o teste mais usado e já disponível para


o diagnóstico rápido na Fundação Ezequiel Dias, permite a detecção de quantidades mínimas
de material genético, sendo o precursor dos métodos baseados na biologia molecular.

65
ATENÇÃO À SAÚDE DO ADULTO – TUBERCULOSE

Entretanto, em nossa rotina de diagnóstico, tais testes não substituem os métodos


convencionais de detecção do bacilo, devendo o PCR ser utilizado nas suspeitas clínico-
radiológicos com baciloscopias sucessivamente negativas e necessidade de diagnóstico
rápido para o pronto estabelecimento da conduta.
Nenhum novo teste ou kit para diagnóstico da tuberculose pulmonar ou extrapulmonar
deve ser usado na rotina, sem que ele esteja validado por instituição credenciada pelo
Ministério da Saúde.

3.1.3.6 Classificação dos doentes de tuberculose

Tuberculose pulmonar positiva – quando apresentam:


 duas baciloscopias diretas positivas;
 uma baciloscopia direta positiva e cultura positiva;
 uma baciloscopia direta positiva e imagem radiológica sugestiva de tuberculose;
 duas ou mais baciloscopias diretas negativas e cultura positiva;

Em caso de uma baciloscopia positiva e outra negativa, encaminhar para outros


exames; não havendo disponibilidade de meios, iniciar tratamento de prova.
Tuberculose pulmonar negativa – quando apresentam:
 duas baciloscopias negativas, com imagem radiológica sugestiva e achados clínicos
ou outros exames complementares que permitam ao médico efetuar o diagnóstico
de tuberculose.
Atenção: Antes de se optar por um diagnóstico de tuberculose pulmonar sem
confirmação bacteriológica (tuberculose pulmonar de probabilidade), devem ser
afastados os quadros agudos, especialmente os que apresentem febre. Nesses
casos, o doente será reavaliado após 7 a 15 dias de tratamento sintomático ou
com antibioticoterapia inespecífica. Quando a radiologia do tórax revela regressão
da lesão, ele deve ser classificado como portador de infecção inespecífica; nos
doentes adultos com sintomatologia crônica, deve-se afastar a possibilidade de
doença pulmonar obstrutiva crônica, câncer de pulmão, micoses pulmonares,
outras pneumopatias crônicas e infecção pelo HIV ou Aids.
Quadro 6. Classificação da tuberculose pulmonar segundo a bacteriologia do escarro

Critério segundo Resultado da Critério segundo


baciloscopia e cultura Baciloscopia Cultura a baciloscopia

Pulmonar positiva + NR Baciloscopia positiva


Pulmonar positiva + + Baciloscopia positiva
Pulmonar positiva – + Baciloscopia negativa

Pulmonar negativa – NR Baciloscopia negativa

Pulmonar negativa – – Baciloscopia negativa


Pulmonar não realizada NR NR Baciloscopia não realizada

Legenda: (+) positiva, (–) negativa, e (NR) não realizada


Fonte: Tuberculose – Guia de Vigilância Epidemiológica. FUNASA/MS. 2002. p.16
66
ABORDAGEM CLÍNICA

Tuberculose extrapulmonar
A tuberculose pode ainda se expressar por formas disseminadas como a miliar ou
extrapulmonares (classificadas segundo a localização: pleural, ganglionar periférica, ósteo-
articular, geniturinária, meningoencefálica e assim por diante), com base nos achados
clínicos e em exames complementares que permitam ao médico diagnosticar tuberculose.

3.1.3.7 Diagnóstico da tuberculose na criança e no adolescente

Pulmonar
O diagnóstico, na prática, segundo um sistema de contagem de pontos, está sumariado
no Quadro 7 – Diagnóstico da Tuberculose Pulmonar em Crianças e em Adolescentes,
baseado em similares publicados na literatura nas últimas décadas.
As manifestações clínicas podem ser variadas. O dado que chama atenção na
maioria dos casos é a febre, habitualmente moderada, persistente por mais de 15 dias
e freqüentemente vespertina. São comuns irritabilidade, tosse, perda de peso, sudorese
noturna, às vezes profusa; a hemoptise é rara. Há predomínio da localização pulmonar
sobre as demais formas de tuberculose, isto é, as formas extrapulmonares.
Para todas as crianças com suspeita clínica de TB, devem ser solicitados o PPD e a
radiografia de tórax.
Os achados radiográficos mais sugestivos da tuberculose pulmonar são: adenomegalias
hilares e/ou paratraqueais (gânglios mediastínicos aumentados de volume); pneumonias
com qualquer aspecto radiológico, de evolução lenta, às vezes associadas a adenomegalias
mediastínicas, ou que cavitam durante a evolução; infiltrado nodular difuso (padrão
miliar). Sempre deve ser feito o diagnóstico diferencial com tuberculose, em crianças com
pneumonia de evolução lenta, isto é, quando o paciente vem sendo tratado com antibióticos
para germes comuns sem apresentar melhora após duas semanas.
A história de contágio com adulto tuberculoso, bacilífero ou não, deve ser valorizada,
principalmente nas crianças até a idade escolar.
O teste tuberculínico pode ser interpretado como sugestivo de infecção pelo M.
tuberculosis quando superior a 10mm em crianças não vacinadas com BCG ou vacinadas há
mais de dois anos; ou superior a 15mm em crianças vacinadas com BCG há menos de dois
anos. No caso de crianças que receberam revacinação BCG, esta interpretação é discutível.
Em crianças de até cinco anos que estejam internadas para investigação de tuberculose,
pode ser tentada a realização de cultura para M. tuberculosis em espécime de lavado gástrico.
Em serviços ambulatoriais, o lavado gástrico não é recomendado. O exame de escarro
(baciloscopia e cultura), em geral, só é possível a partir dos cinco ou seis anos.

67
ATENÇÃO À SAÚDE DO ADULTO – TUBERCULOSE

Dependendo do quadro clínico-radiológico apresentado pela criança, podem ser


necessários outros métodos diagnósticos, tais como broncoscopia, punções e até mesmo
biópsia pulmonar por toracotomia. Nestas condições, além de exame bacteriológico, pode-
se proceder a exame cito ou histopatológico, para aumentar a chance de positividade.

Extrapulmonar

Algumas localizações extrapulmonares da tuberculose são mais freqüentes na infância,


como gânglios periféricos, pleura, ossos e meninges. A tuberculose do aparelho digestivo
(peritonite e intestinal), a pericardite, a geniturinária e a cutânea são mais raras.
A tuberculose ganglionar periférica acomete com freqüência as cadeias cervicais e é,
geralmente, unilateral com adenomegalias de evolução lenta, superior a três semanas. Os
gânglios têm consistência endurecida e podem fistulizar (escrófula ou escrofuloderma). É
comum a suspeita de tuberculose em casos de adenomegalia que não responderam ao uso
de antibióticos.
A meningoencefalite tuberculosa costuma cursar com fase prodrômica de uma a
oito semanas, quase sempre com febre, irritabilidade, paralisia de pares cranianos e pode
evoluir com sinais clínicos de hipertensão intracraniana, como vômitos, letargia e rigidez
de nuca. O liquor é claro, com glicose baixa e predomínio de mononucleares. O teste
tuberculínico pode ser não-reator, pois a forma é anérgica.
A forma osteoarticular mais encontrada situa-se na coluna vertebral, constituindo-
se no Mal de Pott. Cursa com dor no segmento atingido e posição antálgica nas lesões
cervicais e torácicas, paraplegias e gibosidade.

Tuberculose pulmonar + extrapulmonar


A tuberculose pode comprometer ao mesmo tempo, mais de um órgão no sistema
em um mesmo paciente.

O tratamento da criança

As crianças, apesar de não constituírem uma fonte de transmissão, têm maior risco de
complicação, de ocorrência de formas graves e mortes, sendo o tratamento de fundamental
importância.
A conduta deve ser tomada de acordo com a classificação do quadro de diagnóstico
a seguir:
 TB MUITO PROVÁVEL: tratar;
 TB POSSÍVEL: tratar ou acompanhar rigorosamente (mensalmente); considerar
na decisão, a idade e as condições socioeconômicas;
 TB POUCO PROVÁVEL: acompanhar periodicamente (2/2 ou 3/3 meses).

Maiores detalhes sobre o tratamento serão oferecidos no item 3.1.4 Tratamento.

68
Quadro 7: Diagnóstico de tuberculose pulmonar em crianças e adolescentes negativos à baciloscopia
Contato
Teste tuberculínico e
Quadro clínico-radiológico com adulto Estado nutricional
vacinação BCG
tuberculoso
Febre ou sintomas como: tosse, Adenomegalia hilar ou padrão miliar Próximo, nos Vacinados há mais de 2 anos Desnutrição grave ou peso
adinamia, expectoração, • Condensação ou infiltrado (com últimos 2 anos • menor de 5mm abaixo do percentil 10
emagrecimento, sudorese > 2 ou sem escavação) inalterado > 2 Adicionar 0 pts Sisvan **
semanas semanas 10 pts • 5mm a 9mm Adicionar 5 pts
Adicionar 15pts • Condensação ou infiltrado (com Adicionar 5pts
ou sem escavação) > 2 semanas • 10mm a 14mm
evoluindo com piora ou sem Adicionar 10pts
melhora com antibióticos para • 15mm ou mais
germes comuns Adicionar 15pts
Adicionar
15pts

Assintomático ou com sintomas Condensação ou infiltrado de qualquer Vacinados há menos de 2

69
<2 tipo < 2 semanas anos
semanas Adicionar 5pts • menor de 10mm
O pts 0 pts
• 10 mm a 14mm
Adicionar 5 pts
• 15mm ou mais
Adicionar 15 pts
Infecção respiratória com Radiografia normal Ocasional ou Não vacinados Peso igual ou acima do
melhora após Subtrair 5pts negativo • menor de 5mm percentil 10
uso de antibióticos para germes 0 pts. 0 pts 0 pts
comuns ou sem antibióticos • 5mm a 9mm
Subtrair 10pts Adicionar 5 pts
• 10mm ou mais
Adicionar 15 pts
Legenda: pts = pontos. Esta interpretação não se aplica a revacinados em BCG; ** SISVAN - Sistema de Vigilância Alimentar e Nutridonal (MS/1997).
Interpretação: Maior ou igual a 40 pontos 30 a 35 pontos Igual ou inferior a 25 pontos
Diagnóstico muito provável Diagnóstico possível Diagnóstico pouco provável
Fontes: Stegen G, Jones K., Kaplan P. (1969) Pediatr 42:260-3: Tijidani O et al (1986 Tubercle 67:269-81; croftonJ et al (1992),
Londres. Macmilian p; 29.. adaptado por Sant’AnnaC. C.
ABORDAGEM CLÍNICA
ATENÇÃO À SAÚDE DO ADULTO – TUBERCULOSE

3.1.4 Tratamento
A tuberculose é uma doença grave, porém, curável em praticamente 100% dos casos
novos, desde que obedecidos os principios da moderna quimioterapia
A regularidade no uso dos medicamentos e a eficácia do esquema são os
pontos críticos para o sucesso do tratamento da tuberculose. Outros fatores podem ser
destacados de forma menos relevante como a gravidade da doença, alimentação, repouso,
cuidados de enfermagem e traços psicológicos.
Desta forma, a adesão ao tratamento, somado à regularidade nas tomadas dos
medicamentos, à completude do regime prescrito e ao comparecimento regular às consultas
médicas, são fatores cruciais para o sucesso de qualquer regime.

3.1.4.1 A medicação

Fármacos Concentração Forma farmacêutica Sigla

300mg
Rifampicina + Isoniazida Cápsula RH
200mg

150mg
Rifampicina + Isoniazida Cápsula RH ½ dose
100mg

Etambutol 400 mg Comprimido E

Etionamida 250 mg Drágea ET

Isoniazida 100 mg Comprimido H

Pirazinamida 500 mg Comprimido Z

Pirazinamida 3gr/100ml Xarope Z

Rifampicina 2 gr/ 100ml Suspensão R

Frasco ampola com pó


Estreptomicina 1 gr liofililizado para diluição em S
água bidestilada

70
ABORDAGEM CLÍNICA

3.1.4.2 Os esquemas padronizados


No Brasil, os esquemas medicamentosos para o tratamento da tuberculose são
padronizados e distribuídos gratuitamente pelo Ministério da Saúde, de acordo com
a notificação dos casos. A definição do esquema mais adequado é feita com base na
forma clínica, na idade, na história de tratamento anterior e em seu resultado. Em todos
os esquemas, a medicação é de uso diário e deve ser administrada de preferência em uma
única tomada.
ESQUEMAS PADRONIZADOS
SITUAÇÃO ESQUEMA INDICADO

Caso novo de todas as formas de tuberculose


pulmonar e extrapulmonar, exceto a forma
Esquema I
meningoencefálica, sem tratamento anterior
ou tratado por menos de 30 dias ou com
tratamento anterior há mais de 5 anos.

Retratamento de casos de recidiva após cura ou Esquema IR


retorno após abandono do esquema 1. Esquema I + Etambutol
TB meningoencefálica Esquema II
Falência dos esquemas I ou IR: falência dos
Esquema III
esquemas básico ou básico + etambutol.

ESQUEMA I (Básico) – 2 meses c/ RHZ / 4 meses c/ RH

Indicado nos casos novos de todas as formas de tuberculose pulmonar e


extrapulmonar exceto meningoencefálica.
O Esquema 1 está indicado para os doentes Virgem de Tratamento (sem tratamento
anterior ou virgem de tratamento (VT) são os pacientes que nunca se submeteram à
quimioterapia antituberculose, ou a fizeram apenas por 30 dias), e para as doentes tratados
há mais de 5 anos, exceto os portadores de forma meningoencefálica.

Peso do paciente
Fases do Mais de 20 kg Mais de 35 kg
Drogas Até 20kg Mais de 45 kg
Tratamento e até 35kg e até 45 kg
mg/kg/dia mg/dia mg/dia mg/dia
1ª fase R 10 300 450 600
(2 meses – RHZ) H 10 200 300 400
Z 35 1 000 1 500 2 000
2ª fase R 10 300 450 600
(4 meses – RH) H 10 200 300 400

Siglas: Rifampicina = R— Isoniazida = H — Pirazinamida = Z - Etambutol = E - Estreptomicina =


S - Etíonamida = Et

71
ATENÇÃO À SAÚDE DO ADULTO – TUBERCULOSE

ESQUEMA II – 2 meses c/ RHZ / 7 meses c/ RH

Indicado para a forma meningoencefálica da tuberculose

Peso do paciente
Doses para Mais de
Fases do Mais de 35 kg Mais de Dose
Drogas todas as idades 20 kg
Tratamento e até 45kg 45 kg máxima
mg/kg/dia e até 35kg
mg/dia mg/dia mg/dia mg/dia
1ª fase R 10 a 20 300 450 600 600
(2 meses) H 10 a 20 200 300 400 400
RHZ Z 35 1 000 1 500 2 000 2 000

2ª fase
(7 meses) R 10 a 20 300 450 600 600
RH H 10 a 20 200 300 400 400

Orientações para o uso do esquema II


a) Nos casos de concomitância entre tuberculose meningoencefálica e qualquer outra
localização, usar o esquema E- II.
b) Nos casos de tuberculose meníngoencefálica em qualquer idade, recomenda-se o
uso de corficosteróides (prednisona, dexametasona ou outros) por um período de
1 a 4 meses, a partir do início do tratamento.
c) Na criança, a prednisona é administrada na dose de 1 a 2 mg/kg de peso corporal,
até a dose máxima de 30 mg/dia. No caso de se utilizar outro corticosteróide,
aplicar a tabela de equivalência entre eles.
d) A fisioterapia na tuberculose meningoencefálica deverá ser iniciada o mais cedo
possível, com o objetivo de prevenir seqüelas motoras e sensitivas.

ESQUEMA l Reforçado (Esquema – IR – 2 meses c/ RHZE / 4 meses c/ RHE


Indicado nos casos de recidiva após cura ou retorno após abandono do esquema I

Peso do paciente
Fases do Mais de 20 kg Mais de 35 kg
Drogas Até 20kg Mais de 45 kg
Tratamento e até 35kg e até 45 kg
mg/kg/dia mg/dia mg/dia mg/dia
1ª fase R 10 300 450 600
(2 meses – RHZE) H 10 200 300 400
Z 35 1 000 1 500 2 000
E 25 600 800 1 200

2ª fase R 10 300 450 600


H 10 200 300 400
(4 meses – RHE)
E 25 600 800 1200

72
ABORDAGEM CLÍNICA

Orientações para o uso do Esquema IR (Reforçado)

a) Os casos de recidiva de esquemas alternativos por toxicidade ao esquema E-I devem


ser avaliados para prescrição de um regime de tratamento individualizado.
b) O paciente que apresentar alteração da visão deverá ser encaminhado para uma
unidade de referência, com o objetivo de avaliar a relação deste achado com o
uso do etambutol.
c) O paciente que retorna ao sistema de saúde após abandono de tratamento
deve receber a investigação diagnóstica da doença como um caso novo, com
baciloscopia e cultura, antes da reintrodução do regime de retratamento.

ESQUEMA III – 3 meses c/ SZEET / 9 meses c/ EET


Indicado nos casos de falência de tratamento dos Esquemas I e IR
Peso do paciente
Fases do Mais de 20 kg Mais de 35 kg
Drogas Até 20kg Mais de 45 kg
Tratamento e até 35kg e até 45 kg
mg/kg/dia mg/dia mg/dia mg/dia
1ª fase S 20 500 1 000 1 000
(3 meses–SZEEt) Z 35 1 000 1 500 2 000
E 25 600 800 1 200
Et 12 250 500 750

2ª fase E 25 600 800 1 200


Et 12 250 500 750
(9 meses – EEt)

Orientações para o uso do Esquema III


a) A estreptomicina deve ser usada por via intramuscular (IM). Em situações especiais,
pode ser aplicada por via endovenenosa (EV), diluída a 50 ou 100 ml de soro
fisiológico sendo administrada lentamente, por no mínimo meia hora.
b) Em casos especiais. com dificuldades de aceitação de droga injetável ou para
facilitar seu uso supervisionado na Unidade de Saúde, o regime de uso da
estreptomicina pode ser alterado para aplicações de 2ª a 6ª feira por 2 meses e
duas vezes por semana, por mais 4 meses.
c) Em pessoas maiores de 60 anos, a estreptomicina deve ser administrada na dose
de 500 mg/dia.
Quando ocorre falência do esquema III, deve ser considerada a possibilidade de
tratar-se de tuberculose multirresistente (TBMR). Nessa situação, encaminha-se o doente
para unidades de referência capacitadas para o devido acompanhamento. Nestas unidades,
serão indicados regimes especiais, com esquemas mais adequados de drogas alternativas.

73
ATENÇÃO À SAÚDE DO ADULTO – TUBERCULOSE

Para esses pacientes será obrigatório o teste de sensibilidade às drogas. Recomenda-


se a supervisão do tratamento, preferencialmente, com a hospitalização inicial dos casos
mais graves ou de difícil adesão, em hospitais ou enfermarias especilamente preparadas
para essa situação. As drogas deverão ser fornecidas pelo Ministério da Saúde sob estreita
vigilância, de acordo com a demanda infromada pelos serviços e pela Coordenação
Estadual do programa.

ESQUEMA PARA MULTIDROGARESISTENTE (MDR)

 O tratamento tem duração igual ou superior a 18 meses, com uso diário da


medicação por pelo menos 12 meses.

 É recomendada a supervisão das tomadas, envolvendo a unidade de saúde


próxima ao domicílio e dos familiares.

• AMICACINA: 500mg – 1 g, IM ou IV, 05 vezes/semana x 08 semanas e 2


vezes / semana x 10 meses = 12 meses

• OFLOXACINO: 600 a 800mg /dia;


• TERIZIDONA: 500mg a 750mg/dia;
• ETAMBUTOL: 800mg a 1,2 g/dia;
• CLOFAZIMINE: 100mg/dia.

3.1.4.3 Efeitos colaterais no uso de drogas antituberculose e conduta

A maioria dos pacientes em tratamento da tuberculose consegue completar o tempo


recomendado sem manifestar qualquer efeito colateral relevante. Os fatores relacionados
às reações são multifatoriais; todavia, os maiores determinantes destas reações se referem
à dose, aos horários de administração da medicação, à idade, ao estado nutricional, ao
alcoolismo, às condições da função hepática e renal e à coinfecção pelo HIV. Intolerância
gástrica, manifestações cutâneas variadas, icterícia e dores articulares são os efeitos mais
freqüentemente descritos durante o tratamento com o esquema E-1. Os pacientes devem
ser advertidos sobre estas possibilidades e, caso se manifestem, orientados a procurar
imediatamente o médico.
Mediante esses efeitos, a conduta está sumariada nos quadros a seguir, conforme a
classificação: efeitos menores e efeitos maiores. Os efeitos menores ocorrem entre 5% a 20%
dos casos e não implicam na modificação imediata do esquema padronizado; os efeitos
maiores, que implicam na interrupção ou alteração do tratamento, são menos freqüentes,
em torno de 2%, podendo chegar a 8% em serviços especializados.

74
ABORDAGEM CLÍNICA

Efeitos menores

EFEITO DROGA CONDUTA


Rifampicina Reformular os horários de
Irritação gástrica (náusea, vômito)
Isoniazida administração da medicação.
Epigastralgia e dor abdominal
Pirazinamida Avaliar a função hepática.
Pirazinamida
Artralgia ou Artrite Medicar com ácido acetilsalicílico.
Isoniazida
Neurapatia perilérica Isoniazida
Medicar com piridoxina ( vit B6)
(queimação das extremidades) Etambutol
Cefaléia e mudança de
comportamento (euforia, insônia, Isoniazida Orientar
ansiedade e sonolência)
Suor e urina de cor laranja Rifampicina Orientar
Isoniazida
Prurido cutâneo Medicar com anti-histamínico
Rifampicina
Pirazinamida
Hiperuricemia (com ou sem sintomas) Orientar (dieta hipopurínica)
Etambutol
Rifampicina
Febre Orientar
Isoniazida

Efeitos maiores

EFEITO DROGA CONDUTA


Suspender o tratamento.
Reintroduzir o tratamento droga a droga
Estreptomicina
Exanternas após resolução.
Rifampicina
Subsitituir o esquema nos casos graves
ou reincidentes
Suspender a droga e substituí-la pela
Hipocusia Estreptomicina
melhor opção.
Isoniazida Suspender a droga e substuí-la pela
Vertigem e nistagmo
melhor opção.
Psicose, crise convulsiva, Substituir por estreptomicina +
Isoniazida
encefalopatia tóxica e coma etambultol
Etambutol
Neurite óptica Substituir
Isoniazida
Hepatotoxidade (vômitos, alteração
das provas de função hepática, Todas as drogas Medicar com anti-histamínico
hepatite)
Trombocitopenia, leucopenia, Dependendo da gravidade suspender
Rifampicina
eosinofilia, anemia, hemolítica, o tratamento e reavaliar o esquema de
Isoniazida
agranulocitose, vasculite tratamento.
Rifampicina
Nefrite intersticial principalmente Suspender o tratamento.
intermitente
Rabdomiólise com mioglobinuria e
Pirazinamida Suspender o tratamento.
insuficiência renal

O Quadro 8 traça, a partir dos principais fármacos antituberculose, os mais importantes


efeitos adversos e as condutas recomendadas.

75
ATENÇÃO À SAÚDE DO ADULTO – TUBERCULOSE

Quadro 8: Efeitos adversos dos principais remédios antituberculose e condutas recomendadas


MEDICA-
EFEITOS ADVERSOS CONDUTAS
MENTOS
1. Irritação gástrica (náusea, vômito). 1. Reformular os horários de administração da
2. Epigastralgia e dor abdominal. medicação.
3. Suor e urina cor de laranja. 2. Avaliar a função hepática.
4. Prurido cutâneo. 3. Orientar.
5. Febre. 4. Medicar com anti-histamínico.
6. Exantemas. 5. Orientar.
Rifampicina

7. Hepatotoxicidade (hepatite, 6. Suspender o tratamento.


alteração das provas de função Reintroduzir o tratamento droga a droga após
hepática). resolução.
8. Trombocitopenia, leucopenia, Substituir o esquema nos casos graves ou
eosinofilia, anemia hemolítica, reincidentes.
agranulocitose, vasculite. 7. Suspender o tratamento temporariamente até
resolução.
8. Dependendo da gravidade, suspender
o tratamento e reavaliar o esquema de
tratamento.
1. Irritação gástrica (náusea, vômito). 1. Reformular os horários de administração da
2. Epigastralgia e dor abdominal. medicação.
3. Artralgia ou artrite. 2. Avaliar a função hepática.
4. Neuropatia periférica (queimação 3. Medicar com ácido acetilsalicílico.
das extremidades). 4. Medicar com piridoxina (vit B6).
5. Cefaléia e mudança de 5. Orientar.
comportamento (euforia, insônia, 6. Orientar.
Isoniazida

ansiedade e sonolência). 7. Substituir por estreptomicina + etambutol.


6. Febre. 8. Substituir.
7. Psicose, crise convulsiva, 9. Suspender o tratamento temporariamente até
encefalopatia tóxica e coma. resolução.
8. Neurite ótica. 10. Dependendo da gravidade, suspender
9. Hepatotoxicidade (hepatite, o tratamento e reavaliar o esquema de
alteração das provas de função tratamento.
hepática).
10. Trombocitopenia, leucopenia,
eosinofilia, anemia hemolítica,
agranulocitose, vasculite
1. Irritação gástrica (náusea, vômito). 1. Reformular os horários de administração da
2. Epigastralgia e dor abdominal. medicação.
3. Artralgia ou artrite. 2. Avaliar a função hepática.
Pirazinamida

4. Hiperuricemia ( com ou sem 3. Medicar com ácido acetilsalicílico.


sintomas). 4. Orientação dietética (dieta hipopurínica)
5. Hepatotoxicidade (hepatite, Medicar com halopurinol
alteração das provas de função 5. Suspender o tratamento temporariamente até
hepática). resolução.
6. Nefrite intersticial, rabdomiólise com 6. Suspender o tratamento.
mioglobinúria e insuficiência renal.

1. Neuropatia periférica (queimação 1. Medicar com piridoxina (vit B6).


das extremidades). 2. Orientação dietética (dieta hipopurínica)
Etambutol

2. Hiperuricemia (com ou sem Medicar com halopurinol


sintomas). 3. Substituir.
3. Neurite ótica. 4. Suspender o tratamento temporariamente até
4. Hepatotoxicidade (hepatite, resolução.
alteração das provas de função
hepática)

76
ABORDAGEM CLÍNICA

1. Prurido cutâneo. 1. Medicar com anti- histamínico.


2. Exantemas. 2. Suspender o tratamento.
3. Hipoacusia. Reintroduzir o tratamento droga a droga após
Estreptomicina

4. Vertigem e nistagmo. resolução.


5. Hepatotoxicidade (hepatite, Substituir o esquema nos casos graves ou
alteração das provas de função reincidentes.
hepática) 3. Substituir a medicação por etambutol.
4. Substituir a medicação por etambutol.
5. Suspender o tratamento temporariamente até
resolução
Fonte: Controle da Tuberculose – Uma proposta de Integração Ensino Serviço. FUNASA / MS. 2002. p. 123.

3.1.4.4 Conduta nos casos de intolerância medicamentosa

EFEITO SITUAÇÃO CONDUTA


A combinação RMP + INH + a) Suspender os medicamentos por 48 a 72 horas,
PZA pode estar associada com recomendando o uso de sintomáticos.
irritação gástrica. Controlados os sintomas, reiniciar o tratamento, indicando
São referidas náuseas, pirose, a administração da pirazinamida após o almoço e da
Irritação gástrica

epigastralgia que, na maioria rifampicina combinada com a isoniazida após o desjejum.


das vezes, ocorrem na primeira b) Havendo novas queixas, suspender todas os
fase do tratamento. medicamentos por mais 24 horas e reiniciar o tratamento
– uma droga a cada 48 horas, na seguinte ordem:
pirazinamida, isoniazida e finalmente rifampicina.
c) Quando não houver resolução das queixas e nesta fase já
tiver sido identificada a droga responsável pelos sintomas,
proceder à modificação do esquema, conforme se segue:
• Substituição da pirazinamida – 2 RHE/ 4 RH
• Substituição da isoniazida – 2 RESZ/ 4 RE
• Substituição da rifampicina – 2 SEHZ/ 10 HE
Os medicamentos usados O tratamento só deverá ser interrompido quando os valores
nos esquemas de tratamento das enzimas atingirem três vezes o seu valor normal, com
da tuberculose apresentam início de sintomas ou logo que a icterícia se manifeste,
interações entre si e com outros encaminhando o doente a um serviço de maior poder
medicamentos que aumentam resolutivo para acompanhamento clínico e laboratorial, além
o risco de hepatotoxicidade. da adequação do tratamento, caso seja necessário.
Em cerca de 5% dos pacientes, Se, após a interrupção do tratamento houver redução
Hepatotoxicidade

observa-se, nos dois primeiros dos níveis séricos das enzimas hepáticas e resolução dos
meses de tratamento, elevação sintomas, indica-se a reintrodução do esquema E- 1, da
assintomática dos níveis séricos seguinte maneira:
das enzimas hepáticas, seguida • Icterícia sem aumento sérico das enzimas hepáticas
de normalização espontânea, – iniciar o tratamento com rifampicina, acrescentar
sem qualquer manifestação isoniazida e, por último, pirazinamida, com intervalo de
clínica e sem necessidade três dias entre elas.
de interrupção ou alteração do • Icterícia com aumento sérico das enzimas hepáticas
esquema terapêutico. – iniciar o tratamento com isoniazida, acrescentar
É importante considerar o rifampicina e, por último, pirazinamida, com intervalo
peso do paciente quando de três dias entre elas, ou substituir o esquema 1 por um
indicar a dose do esquema alternativo: estreptomicina/ etambutol/ isoniazida
medicamento. (SEH) ou estreptomicina/ etambutol/ ofloxacino (SEO)

77
ATENÇÃO À SAÚDE DO ADULTO – TUBERCULOSE

EFEITO SITUAÇÃO CONDUTA


A hiperuricemia é causa de Na presença de hiperuricemia, deve-se fazer
graves problemas renais: orientação dietética (dieta hipopurínica) com
nefrolitíase, nefropatia por ou sem associação de alopurinol nas doses
uratos ou por ácido úrico convencionais.
que podem evoluir com A artralgia e a artrite costumam responder ao
insuficiência renal. uso de antiinflamatórios não hormonais.
Hiperuricemia e artralgia

A hiperuricemia assintomática
é um efeito adverso, freqüente
durante o uso da pirazinamida
e em menor freqüência com
o uso do etambutol, sendo
a gota, nestes casos, uma
manifestação rara.
As artralgias, quando não
relacionadas à hiperuricemia,
são freqüentemente associadas
ao uso da pirazinamida.
A artrite é descrita com uso de
isoniazida; no entanto, não se
caracteriza como efeito adverso
comum.
A neuropatia periférica é A suplementação de piridoxina pode amenizar os sintomas
associada ao uso da isoniazida de neuropatia periférica sem interferir com o efeito
em cerca de 17 % dos antibacteriano.
pacientes que utilizam doses Nos casos de efeitos mais graves, como crise convulsiva, o
maiores de 300 mg/ dia e em paciente deve ter a medicação imediatamente interrompida e
menor freqüência ao uso do ser encaminhado à unidade de maior resolução.
etambutol.
A neurite ótica se manifesta
com redução do campo visual
Manifestações neurológicas e psiquiátricas

ou redução da acuidade
ou da visão de cores; é
incomum durante o uso da
isoniazida e está relacionada
ao etambutol, em geral
em doses altas ou por uso
prolongado.
Os distúrbios do
comportamento, as
alterações do ritmo do sono,
a redução da memória e as
psicoses já foram descritas
durante o uso da isoniazida.
A crise convulsiva e o coma
são descritos pela ingestão
excessiva da isoniazida.
A toxicidade acústica (ou
vestibular) é complicação
relacionada ao uso da
estreptomicina.
O alcoolismo, a diabetes
mellitus, a desnutrição e a
uremia são fatores
predisponentes para todas as
manifestações neurológicas e
psiquiátricas aqui relacionadas.

78
ABORDAGEM CLÍNICA

EFEITO SITUAÇÃO CONDUTA


A trombocitopenia, a Suspender o tratamento diante desses achados e
Alterações hematológicas

leucopenia, a acompanhar com exames de sangue. A reintrodução dos


eosinofilia, a agranulocitose, medicamentos estará relacionada à evolução do quadro.
a anemia, a vasculite com Pode ser necessário o uso de corticosteróides sistêmicos
formação de anticorpos
antinucleares são alterações
relacionadas à
hipersensibilidade ao uso
da isoniazida ou a altas doses
ou ao esquema intermitente
com rifampicina.
A nefrite intersticial descrita Exame do sedimento urinário, bioquímica sérica e
durante o uso da rifampicina hemograma realizados regularmente podem auxiliar na
ou da pirazinamida (por identificação precoce do problema.
depósitos de cristais de
uratos) e a rabdomiólise com
Nefrotoxicidade

conseqüente mioglobinúria
observada como complicação
ao uso da pirazinamida são
causas de insuficiência renal
aguda, identificada por oligúria
e algumas vezes exantema e
febre.
A nefrotoxicidade devida ao
uso de estreptomicina é menos
freqüente do que com outros
aminoglicosídeos.

Fonte: Controle da Tuberculose – Uma proposta de Integração Ensino Serviço. FUNASA / MS. 2002. p. 124 e 125.

3.1.4.5 Outras reações


Durante o uso da isoniazida os seguintes sintomas são possíveis: febre, adenomegalia,
exantema, acne e síndrome semelhante à do Lupus Eritematoso Sistêmico.
Pacientes que usam rifampicina irregularmente podem queixar-se de falta de ar ou
de uma síndrome semelhante à gripe, caracterizada por cefaléia, mialgia, tonteira, febre
com calafrios e dor nos ossos ou choque.
Conduta
Nos casos de falta de ar ou de choque, a rifampicina deve ser imediatamente
interrompida. Em geral, a síndrome gripal regride com a regularização das doses; em casos
graves, recomenda-se a sua interrupção.

3.1.4.6 Situações especiais


a) Hepatopatas
A rifampicina é uma droga metabolizada no fígado e excretada principalmente pela via
biliar. Nos hepatopatas moderados e graves, há redução da metabolização da rifampicina,
aumentando a quantidade do antibiótico livre que segue para o intestino para ser reabsorvido,
elevando assim o seu nível sérico. Pelo exposto, nos alcoolistas, nos cirróticos, nos pacientes
com hepatite aguda ou crônica, o uso da rifampicina deverá ser evitado; nos casos em que
seu uso é indispensável, a dose deverá ser reduzida em 30% a 40%.

79
ATENÇÃO À SAÚDE DO ADULTO – TUBERCULOSE

A isoniazida é também metabolizada (acetilada) no fígado e eliminada na sua maior


parte pela urina, sendo que a capacidade de acetilar a isoniazida com maior ou menor
rapidez é determinada geneticamente. É uma droga hepatotóxica, cujo efeito fica mais
evidente em pacientes com mais de 50 anos ou nos hepatopatas que terão meia vida de
isoniazida mais longa e níveis séricos mais altos. Nos casos de insuficiência hepática grave,
mais seguro será a redução da dose à metade.
A pirazinamida é hidrolizada no fígado e subseqüentemente excretada por filtração
glomerular renal. Paciente com conhecida doença hepática prévia deverá ser submetido a
freqüentes testes da função hepática, além de acompanhamento clínico rigoroso e, algumas
vezes, de redução da dose para 25 mg/ kg (dose máxima de 2g). Em caso de hepatite
crônica ativa, cirrose hepática ou insuficiência hepática grave é aconselhável evitar o uso
da pirazinamida associada com a rifampicina. Nestes casos, deve-se iniciar o tratamento
com a associação: estreptomicina / etambutol / isoniazida.

b) Nefropatas
Nos pacientes nefropatas, é necessário conhecer o clearance da creatinina antes de
iniciar o esquema terapêutico, para que seja realizado o ajuste das doses.

(140 – idade) x ( peso/ kg) para homens ( x 0,85 para mulheres)


Clearance de creatinina =
72 x creatinina sérica mg%

Quadro 9: Ajuste das doses das drogas antituberculose na insuficiência renal

Clearance de creatina
Medicamento Método ml/min Suplementação por por diálise
> 50-90 10-50 < 10
HEMO: desconhecida
Etambutol D 100% 50-100% 25-50% CAPD: desconhecida
CAVH: desconhecida
CAPD: desconhecida
Etionamida D 100% 100% 50% CAVH: desconhecida
HEMO: dose após diálise
CAPD; dose p/clearence 10-50
Isoniazida D 100% 75-100% 50% CAVH: dose p/ clearence 10-50
HEMO: dose após diálise
Pirazinamda I q 24h q 24h q 48-72h CAPD: desconhecida
CAVH: provável remoção-dose p/ clearence
10-50
Rifampicima D 100% 100% 100% HEMO: nada
CAPD: nada
CAVH:nada
Estreptomicima I q 24h q 24-72h q72- HEMO: dose após diáluse 1/2 normal
96h CAPD: dose p/GFR 10-50
CAVH:doae P/GFR 10-50

(Diseases of kidney -6th ed./ edited by Robert W. Schrier, Carl W. Gottachalk) 1997.

CAVH: hemofiltragem artério-venosa contínua CAPD: diálise peritoneal crônica ambulatorial


D: redução da dose I: aumento do intervalo entre as doses
GFR: fitração glomerular renal

80
ABORDAGEM CLÍNICA

3.1.4.7 Interações medicamentosas dos tuberculostáticos com outras drogas

TUBERCULOSTÁTICO EFEITO ESPERADO OUTRA(S) DROGA(S)


Anticoagulantes orais,
anticoncepcionais,
hipoglicemiantes orais,
beta agonistas, cetoconazol,
Diminui o nível sérico
corticosteróides, digitálicos,
enalapril, metadona, narcóticos
e analgésicos, propafenona,
quinidina e teofilina.

INH+ Cetoconazol, fenil


RIFAMPICINA
Maior hepatotoxidade hidantoínas, etionamida,
isoniazida, sulfas

Maior excreção de ácido úrico Pirazinamida

Hipoglicemia Sulfaniluréias

Aumenta a toxicidade da RMP,


enquanto seus níveis séricos são Ritonavir, indinavir e saquinavir.
diminuídos

Diminui absorção de INH Antiácidos, derivados imidazólicos

Maior hepatotoxidade Fenil hidantoinatos e rifampicina.

Diminuiu o seu metabolismo Acetaminofen

Aumenta seu efeito Benzodiazepínicos

Indução de toxicidade Carbamazepina


ISONIAZIADA Maior neurotoxicidade Cicloserina

Maior metabolismo da INH Corticóides

Inibição da MAO Queijos e vinhos

Hipoglicemia Sulfaniluréias

Potencializa neurite periférica DDI e DDC

Rifampicina, Isoniazida e
PIRAZINAMIDA Maior hepatotoxicidade
Cetoconazol

Diminui absorção do E M B Antiácidos


ETAMBUTOL
Potencializa a neurite periférica DDI e DDC

Maior nefrotoxicidade Cefalosporinas, polimixinas


ESTREPTOMICINA
Efeito aditivo Drogas curarizantes

Maiores efeitos adversos Antituberculostáticos


ETIONAMIDA
Potencializa a neurite periférica DDS

Fonte: Tuberculose – Guia de Vigilância Epidemiológica. FUNASA / MS. 2002. p.91,92.

81
ATENÇÃO À SAÚDE DO ADULTO – TUBERCULOSE

3.1.4.8 Normas para fornecimento dos tuberculostáticos

Para possibilitar o fornecimento adequado e racional dos tuberculostáticos a todos


os pacientes, evitando faltas e excessos torna-se necessário a adoção de medidas, aliando
na padronização de condutas a qualidade do medicamento e a informação necessária
à vigilância epidemiológica da doença. Desta forma, as Unidades Básicas de Saúde
devem observar as seguintes orientações para a dispensação de tuberculostáticos, também
resumidas no fluxograma a seguir.
 A farmácia do posto ou da instituição de saúde deverá ser a responsável pela
guarda, armazenamento, controle e dispensa do medicamento diretamente
ao paciente. Atualmente, verifica-se que em muitas Unidades de Saúde, esses
medicamentos ficam armazenados nos postos de enfermagem ou no consultório
do médico.

 A dispensa dos tuberculostáticos deverá estar vinculada à apresentação pelo


paciente à farmácia, da receita em duas vias + a notificação (1ª consulta) ou a
ficha de acompanhamento mensal (pacientes já em tratamento).

 A farmácia deverá dispensar a medicação para 30 dias ou até próxima consulta


e registrar os dados referente à dispensa, no impresso “Histórico da Dispensação
Mensal de Tuberculostáticos”.

 A farmácia deverá encaminhar as notificações e as fichas de acompanha-


mento recebidas para os setores ou órgãos responsáveis pelo seu lançamento no
SINAN.

 Com base nos dados registrados no formulário “Histórico da Dispensação de


Tuberculostáticos” do mês, a farmácia irá preencher o Mapa de Movimentação
Mensal e de Solicitação dos Tuberculostáticos e enviá-los para a Gerência Regional
de Saúde (GRS) de sua referência, no município, entre os dias 20 a 30 de cada
mês.

 A GRS irá conferir e compilar os dados em uma mapa único dos municípios de
região de sua abrangência e enviá-lo para a Coordenação Estadual de Pneumologia
Sanitária / Secretaria Estadual de Saúde de MG (CEPS/SES-MG) entre os dias 1º
até o dia 10 de cada mês.

 A CEPS/SES-MG, através de seu farmacêutico, irá realizar a análise dos mapas e


liberar os medicamentos, segundo os critérios de dispensa preestabelecidos.

 O Almoxarifado da Secretaria de Estado da Saúde irá receber a fatura autorizada


pela CEPS e realizar a liberação do medicamento para a GRS.

82
ABORDAGEM CLÍNICA

FLUXOGRAMA DAS AÇÕES PARA DISPENSA DE TUBERCULOSTÁTICOS

NÍVEL AÇÕES RESPONSABILIDADES

Notificação ou ficha de
acompanhamento + receita MÉDICO
em 2 vias
S A Ú D E


Entrega da receita + formulário
PACIENTE
preenchido na Farmácia
M U N I C I P A L


D E

Dispensa dos tuberculostáticos ao paciente


B Á S I C A


Lançamento dos dados no Histórico da
dispensa dos tuberculostáticos
N Í V E L

 FARMÁCIA
da UBS
U N I D A D E

Envio das fichas de acompanhamento e


notificações à Epidemiologia


Concretização dos lançamentos no
impresso Histórico da Dispensa
e preenchimento do mapa de
movimentação de TB


R E G I O N A L
N Í V E L

GRS compila os dados de todos REF. TÉCNICA


GRS

os municípios de sua abrangência da GRS


e repassa para a CEPS


E S T A D U A L

CEPS analisa, efetua os cálculos ref. aos


N Í V E L

FARMACÊUTICO
CEPS

mapas recebidos e envia as faturas para


da CEPS/SES
o Almoxarifado SES, que realizará a
dispensa do medicamento às GRS

83
ATENÇÃO À SAÚDE DO ADULTO – TUBERCULOSE

3.2 O ATENDIMENTO NA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE


É necessário orientar o usuário, em uma linguagem acessível, as características da
doença e o esquema de tratamento a ser seguido – drogas, duração, benefícios do uso
regular da medicação, conseqüências advindas do abandono do tratamento e possíveis
efeitos adversos dos medicamentos.
É imprescindível tornar o paciente e seus familiares responsáveis pela cura, para
evitar as irregularidades no processo do tratamento.

3.2.1 O número de consultas/intervenção


As consultas devem ser mensais e a realização da baciloscopia de controle indispensável
no 2º, 4º, 6º meses de tratamento, no esquema I e IR, e nos 3º, 6º, 9º, 12º meses, nos casos
do esquema III e esquemas especiais.
Em situações especiais e conforme a necessidade individualizada de cada caso, outra
periodicidade e número de consultas podem ser necessárias.

3.2.2 Roteiro para Primeira Consulta


Primeira consulta – Os principais parâmetros a serem abordados no início do
tratamento, são:
1) Exame de comunicantes – todas as pessoas que coabitam com o paciente ou
têm relação próxima e prolongada devem ser examinadas, segundo o protocolo.

2) Busca de aliados – estimule o paciente a trazer um parente com quem coabita


para vir junto à consulta. Este auxiliará na compreensão das instruções(se o
paciente é analfabeto, este aliado pode ser de grande ajuda), será um aliado na
adesão do paciente ao tratamento e uma fonte de informação sobre a regularidade
do uso diário dos medicamentos e possíveis efeitos colaterais.

3) Uso regular das drogas é fundamental nos primeiros meses – os primeiros


meses de tratamento são fundamentais para o resultado e eventual geração de
resistência aos quimioterápicos, pois, neste período, a carga bacilar é maior e,
portanto, com probabilidade de presença de cepas resistentes, exigindo ação
bactericida potente do esquema.

4) Seja claro – não aumente e nem diminua nada do que poderá ocorrer; diga
claramente que o tratamento é eficaz, mostre convicção; fale da regularidade;
diga que ele pode passar mal e como poderá se conduzir e antecipar a próxima
consulta; fale da cor da urina, pois a Rifampicina pode dar um tom alaranjado nas
primeiras horas após a sua tomada.

84
ABORDAGEM CLÍNICA

5) Co-morbidades ou situações de ajuste de dose – pessoas com nefropatias


devem ter suas doses ajustadas; os hepatopatas, com especial acompanhamento;
os diabéticos que usam hipoglicemiantes orais devem passar a usar insulina em
substituição desses; pessoas infectadas pelo HIV/Aids em uso de antiretrovirais
devem ter orientação especial; mulheres em uso de anticoncepcional oral devem
optar por outros métodos, como os de barreira.
6) Não precisa realizar cultura e teste de sensibilidade – quando se trata de
uma pessoa virgem de tratamento não é necessário o teste de sensibilidade e nem
a cultura, pois a baciloscopia é um teste com bom valor preditivo positivo. No
entanto, se o paciente, embora virgem de tratamento pelos critérios, apresentar
comorbidades importantes como HIV-Aids, diabetes mellitus em uso de insulina,
IRC em diálise e silicose, ou apresentar lesões pulmonaes prévias devido a
micobactérias não tuberculosas, ou tiver indícios de que seja contato de outro
paciente suspeito de resistência, a cultura deve ser pedida, sendo, nessa última
situação, acrescida da identificação e do teste de sensibilidade.
7) Com o consentimento do paciente, solicite teste de HIV – após esclarecer
a razão e uma vez tendo o consentimento do paciente, solicite o teste de HIV.
8) Tratamento supervisionado ou auto-administrado – o paciente pode receber
medicamentos suficientes para até 30 dias de tratamento, conforme o perfil social,
em regime auto-administrado ou preferencialmente, supervisionado e ainda que as
tomadas sejam diárias, pode ser observado por parentes ou pela equipe de saúde.
9) Marque a próxima consulta – procure marcar a próxima consulta regular para
25 a 30 dias, de modo a não deixar o paciente sem medicamentos.

3.2.3 Roteiro para consultas subsequentes

Segunda consulta – Término do primeiro mês de tratamento


1) Procure informar-se se o paciente está fazendo uso regular dos
medicamentos – existem algumas táticas que servem para acompanhar o uso
regular dos medicamentos: a primeira é solicitar que ele traga as sobras do mês,
pois assim o profissional de saúde tem como conferir o seu uso; outra tática é
de informações através do acompanhante da consulta (o aliado) e outra por
informações indiretas como cor da urina, etc.
2) Procure o paciente faltoso – se o paciente faltar à consulta, não espere, proceda
à convocação imediata pelos meios de comunicação e locomoção necessários.
3) Exame obrigatório – o paciente deverá realizar, obrigatoriamente, uma
baciloscopia mensal até o término do tratamento e ter o seu exame de conjuntivas,
mucosas, mensuração de peso e temperatura. Se for diabético, solicite a glicemia.
Já no primeiro mês, ele deve ter melhorado o apetite, aumentado o peso, diminuído
a sudorese noturna e a expectoração, mas mantendo, ainda, a tosse.

85
ATENÇÃO À SAÚDE DO ADULTO – TUBERCULOSE

4) Cuide dos efeitos colaterais – se o paciente estiver tendo algum efeito colateral,
procure diminuí-lo, buscando o total conforto do tratamento.
5) Procure saber de adoecimento entre algum contato – informe-se se alguém
está apresentando algum problema de saúde, qualquer que seja e procure esclarecer
do que se trata.

Terceira consulta – Término do segundo mês de tratamento


 Repita os passos 1, 2, 3, 4 e 5 da segunda consulta
 Realize a Radiografia do Tórax – se há condição de realizar o exame, esta é
ocasião propícia para já se observar alguma melhora do padrão radiológico.
 Suspenda a Pirazinamida – normalmente todos os parâmetros (clínicos,
laboratoriais e radiográficos) indicam melhora da doença, mas se a baciloscopia
mantém-se no mesmo nível do início do esquema ou, após uma pequena queda,
volta a subir e tendo confiança no diagnóstico do laboratório, peça cultura,
identificação e teste de sensibilidade, e mesmo assim suspenda a PZA.

Quarta consulta – Término do terceiro mês de tratamento


 Repita os passos 1, 2, 3, 4 e 5 da segunda consulta
 Solicite cultura, identificação e teste de sensibilidade – se a baciloscopia
voltou a subir e você ainda não tenha realizado na consulta anterior.

Quinta consulta – Término do quarto mês de tratamento


 Repita os passos 1, 2, 3, 4 e 5 da segunda consulta
 Referêncie o paciente – se a carga voltar a subir ou se mantiver positiva,
encaminhe o paciente para um local de referência, visando à avaliação de
falência do esquema utilizado. Nesse caso, a referência responsável modificará o
tratamento para o esquema III e solicitará a cultura, com identificação e teste de
sensibilidade.

Sexta consulta – Término do quinto mês de tratamento


 Repita os passos 1, 2, 3, 4 e 5 da segunda consulta

Sétima consulta – Término do sexto mês de tratamento


 Repita os passos 1, 2, 3, 4 e 5 da segunda consulta
 Formule a alta e oriente sobre recidivas – oriente o paciente, descrevendo o
quadro clínico, indicando a imediata procura do serviço caso se sinta doente.

86
ABORDAGEM CLÍNICA

3.2.4 Fluxograma: O tratamento do paciente com tuberculose


na atenção básica

ACS VISITA AS FAMÍLIAS, IDENTIFICA O PACIENTE COM SINTOMAS RESPIRATÓRIOS OU


PACIENTE PROCURA ESPONTANEAMENTE O PSF/UBS

C/ SINTOMAS RESPIRATÓRIOS COMPATÍVEIS COM TBC?

NÃO SIM
NECESSÁRIO CONSULTA MÉDICA 1ª SOLICITAÇÃO DE BACILOSCOPIA DE ESCARRO (NO
MOMENTO DA PRIMEIRA CONSULTA)

SIM NÃO
RECEBE ORIENTAÇÃO E 2ª SOLICITAÇÃO DE BACILOSCOPIA EM
ATENDIMENTO
EDUCAÇÃO EM SAÚDE OUTRA AMOSTRA DE ESCARRO NO DIA
MÉDICO
SEGUINTE

BACILOSCOPIA POSITIVA?

SIM NÃO

OFERECER TESTE COM CLÍNICA, RADIOLOGIA


HIV E/OU EPIDEMIOLOGIA

EXTENDER PROPEDÊUTICA
POSITIVO? (3ª AMOSTRA DE BACI-
LOSCOPIA COM CULTURA) E
SIM REFERENCIAR, SE NEGATIVA,
NÃO PARA REALIZAR DIGNÓSTICO
DIFERENCIAL OU
SEGUIR PROTOCOLO INICIAR TRATAMENTO INICIAR TRATAMENTO
DST/Aids IMEDIATAMENTE CONFORME PROTOCOLO
CONFORME PROTOCOLO

PREENCHIMENTO DA FICHA DE
NECESSÁRIO INTERNAÇÃO?
NOTIFICAÇÃO
+
SIM NÃO RECEITA DOS MEDICAMENTOS
ENCAMINHA TRATAMENTO EM DUAS VIAS
PARA AMBULATORIAL COM
HOSPITALIZAÇÃO CONSULTAS MENSAIS
REGISTRO NO LIVRO DE REGISTRO E CONTROLE
DE TRATAMENTO DE CASOS DE TUBERCULOSE
(LRCTCT).

87
ATENÇÃO À SAÚDE DO ADULTO – TUBERCULOSE

Fluxograma: O tratamento do paciente com tuberculose na atenção básica – continuação

TRATAMENTO AMBULATORIAL
C/ CONSULTAS MENSAIS

PACIENTE VAI À FARMÁCIA/UBS ,


ENTREGA NOTIFICAÇÃO UBS ENCAMINHA
+ RECEITA E RECEBE MEDICAMENTOS NOTIFICAÇÃO A GRS
PARA UM MÊS

CONTINUAR TRATAMENTO
SUPERVISIONADO PREFERENCIALMENTE

CONSULTAS MÉDICAS MENSAIS C/


BACILOSCOPIA
AVALIAÇÃo NO 4º MÊS

MELHORA CLÍNICA E PREENCHIMENTO DA FICHA


BACILOSCOPIA NEGATIVA? DE ACOMPANHAMENTO MENSAL +
LRCTCT + RECEITA DOS MEDICAMENTOS
SIM
EM DUAS VIAS
CONTINUAÇÃO DO
TRATAMENTO ATÉ O 6º
MÊS, COM AVALIAÇÃO
CLÍNICA, RADIOLÓGICA PACIENTE VAI À FARMÁCIA/UBS
E BACILOSCÓPIA NO 6º MENSALMENTE, ENTREGA FICHA
DE ACOMPANHAMENTO MENSAL +
RECEITA E RECEBE
MEDICAMENTOS PARA UM MÊS
CURA?

SIM
NÃO (IDENTIFICAÇÃO DA CAUSA)
REGISTRO DE
ENCERRAMENTO
DE CASO NO
LRCTCT E FICHA DE
ACOMPANHAMENTO
FALTOSO FALÊNCIA OU MDR
MENSAL
(MULTIDROGARRESISTENTE)?

UBS ENCAMINHA BUSCA ATIVA


INFORMAÇÃO À GRS PELO ACS
ENCAMINHA PARA UNIDADE
DE REFERÊNCIA

88
ABORDAGEM CLÍNICA

3.2.5 Fluxograma – avaliação dos contatos domiciliares de


casos de tuberculose pulmonar – baciloscopia positiva

Adultos

ACS VISITA AS FAMÍLIAS, IDENTIFICA O PACIENTE E ENCAMINHA-O PARA A EQUIPE PSF/UBS

SINTOMÁTICO?

SIM NÃO

SEGUE FLUXOGRAMA 3.2.4


ORIENTAÇÕES E RAIO-X DE TÓRAX,
SE DISPONÍVEL

Crianças até 15 anos

ACS VISITA AS FAMÍLIAS, IDENTIFICA O CONTATO E O ENCAMINHA PARA A EQUIPE PSF/UBS

VACINADAS C/ BCG NÃO VACINADAS

ASSINTOMÁTICO SINTOMÁTICO (SE ESCARRO, TESTE PPD


BACILOSCOPIA)

REATOR?
ORIENTAÇÃO RAIO-X DE TÓRAX
SIM NÃO
REALIZAR RAIO-X
VACINAR BCG
OBSERVADA ALTERAÇÃO? DE TÓRAX

NÃO SIM

SEM SINTOMAS SEGUIR OBSERVADA ALTERAÇÃO?


CLÍNICOS SUGESTIVOS FLUXOGRAMA 3.2.4 SIM NÃO

SEM SINTOMAS
ORIENTAÇÃO E MEDICAÇÃO SINTOMAS SUGESTIVOS?
CLÍNICOS
SINTOMÁTICA NÃO SIM SUGESTIVOS
OBSERVAR TRATAMENTO

AVALIAR
QUIMIOPROFILAXIA

89
ATENÇÃO À SAÚDE DO ADULTO – TUBERCULOSE

3.2.6 Formulários a serem preenchidos

Atenção especial deve ser dada ao preenchimento dos formulários padronizados, pois
são ferramentas essenciais para a efetividade do programa de controle da tuberculose em todos
os níveis de gestão do SUS. EsSes formulários são a base das informações que desencadeiam
a Vigilância Epidemiológica não só da tuberculose como também de outros agravos e devem
ser preenchidos no momento do diagnóstico da doença (notificação do caso), nas consultas
subseqüentes (acompanhamento do caso) e em outras situações descritas a seguir:

QUANDO QUAL NÚMERO


FORMULÁRIOS
PREENCHER PROFISSIONAL DO ANEXO

Ficha de Médico; equipe


No momento do diagnóstico
Notificação/Investigação de enfermagem I
da doença (caso confirmado)
de Tuberculose (SINAN) habilitada.

Médico; equipe
Boletim de Acompanhamento
A cada 3 meses de enfermagem II
de Casos de Tuberculose
habilitada
Mensalmente, a cada consulta Médico; equipe
Ficha de Acompanhamento
do paciente e no encerramento do de enfermagem III
Mensal Individual
caso habilitada.
Solicitação de Pesquisa de No diagnóstico e no
Médico e
BAAR para Tuberculose - acompanhamento mensal, IV
enfermeiro
Baciloscopia principalmente, no 2º , 4º e 6º meses
Livro de Registro de No registro de todas as amostras
Bioquímico;
Baciloscopia e de Cultura de pesquisa bacteriológica no
Técnico de V
para Diagnóstico e Controle diagnóstico e no controle da
Laboratório
da Tuberculose tuberculose
Sempre que a Farmácia dispensar
Histórico da Dispensa dos medicamentos tuberculostáticos Farmacêutico;
Tuberculostáticos na Unidade como forma de registro para funcionários da VI
Básica de Saúde subsidiar o preenchimento do mapa Farmácia
de solicitação mensal.

Uma vez por mês para solicitação de


Mapa de Movimentação
tuberculostáticos de acordo com nº Farmacêutico VII
Mensal de Tuberculostáticos
de pacientes em tratamento

Livro de Registro de Pacientes


No registro de novos tratamentos de Médico; equipe
e Controle de Tratamento
pacientes confirmados e no controle de enfermagem VIII
dos Casos de Tuberculose
de tratamento dos mesmos. habilitada.
(Livro Preto)

90
ABORDAGEM CLÍNICA

3.3 ESPECIALIDADE: QUAL E QUANDO SERÁ


NECESSÁRIA

O paciente deverá ser encaminhado para uma unidade de referência de tuberculose,


quando se tratar de:
 Antecedentes ou evidências clínicas de hepatopatia aguda ou crônica;

 Doente de Aids ou soropositivo para o HIV;

 Antecedentes ou evidências clínicas de nefropatias;

 Suspeita de tuberculose multidrogarresistente e tuberculose extrapulmonar (princi-


palmente meningite tuberculosa).

Nesses casos, paciente deve ser acompanhado pelo pneumologista ou infectologista,


especialmente se soropositivo.
Os pacientes em retratamento por abandono, recidiva e falência, assim como os
casos de tuberculose em crianças devem preferencialmente ser acompanhados por uma
referência secundária municipal ou terciária.

3.4 PATOLOGIAS ASSOCIADAS A SEREM


CONSIDERADAS

3.4.1 Alcoolismo, hepatopatias, nefropatias e outras


O paciente alcoólatra, idoso ou portador de alguma imunodeficiência deve ser
acompanhado regularmente, com atenção especial.
O paciente que apresente hepatopatia aguda ou crônica ou nefropatia merece uma
abordagem diferenciada, principalmente no que se refere ao tratamento, descrito no item
3.1.4.5.6 Situações especiais.

3.4.2 Tuberculose associada ao HIV


No item 1.4.1 destaca-se entre os fatores de risco, em especial, a associação tuberculose
/ HIV. Os pacientes com essa coinfecção deverão ser tratados nos serviços de referência
para HIV.
Várias recomendações devem ser consideradas, como as relacionadas no Quadro
10, a seguir,

91
ATENÇÃO À SAÚDE DO ADULTO – TUBERCULOSE

QUADOR 10: RECOMENDAÇÕES TERAPÊUTICAS PARA


PACIENTES HIV + COM TUBERCULOSE
Característica da situação Recomendação
Paciente HIV+, virgem de tratamento parotubercu- Tratar a tuberculose durante seis meses, utilizando o
lose, com contagem de caiu Ias T-CD4+ e carga viral Esquema I(I) (E-1), recomendado pelo Ministério
não disponíveis. da Saúde, aguardar estabilidade clínica e depois
realizar contagem de células T-CD4 e de carga viral
para avaliação da necessidade de terapia anti-
retroviral(2).
Paciente HIV+, virgem de tratamento para Tratar a tuberculose durante seis meses, utilizando
tuberculose, com contagem de células T-CD4+ o Esquema I(1), recomendado pelo Ministério
acima de 350 células/mm3 (após estabilização do da Saúde; e não iniciar terapia anti-retroviral(3).
quadro clínico de tuberculosei(2). Entretanto, sugere-se uma reavaliação clínico-
imunologica após 30-60 dias do início do tratamento
da tuberculose, para melhor definição da conduta.
Paciente HIV+, virgem de tratamento paro Tratar a tuberculose durante seis meses, utilizando
tuberculose, com contagem de células T-CD4+ o Esquema l(1), recomendado pelo Ministério
entre 200 e 350 células/mm3 e carga viral para HlV da Saúde; e, caso indicado, iniciar ou substituir o
< 100.000 cópias/ml (após estabilização do quadro tratamento anti-retroviral por um dos seguintes
clínico de tuberculose(2)). esquemas compatíveis com uso concomitante de
RMP (4)
• ZDV + 3TC + ABC(5)
• 2 ITRN+EFZ(6,8)
• 3 ITRN+SQV/RTVW(6)
Paciente HIV+, virgem de tratamento para Tratar a tuberculose durante seis meses, utilizando
tuberculose, com contagem de células T-CD4+ a Esquema I(1), recomendado pelo Ministério
entre 200 e 350 células/mm3 e carga viral para HIV da Saúde; e, caso indicado, iniciar ou substituir o
≥100.000 cópias/ml (após estabilização do quadro tratamento anti-retroviral por um dos seguintes
clínico de tuberculose(2). esquemas compatíveis com uso concomitante de
RMP(4):
• ZDV+3TC+ABC(5)
• 2 ITRN+EFZ(6,8)
• 2 ITRN+SQV/RTV(6)
Paciente HIV+, virgem da tratamento para Tratar a tuberculose durante seis meses, utilizando o
tuberculose, com contagem de células T-CD4+ Esquema 1(1), recomendado pelo Ministério da Saúde;
abaixo de 200 células/mm3 (após estabilização do e, caso indicado, iniciar ou substituir o tratamento anti-
quadro clínico de tuberculose(2)). retroviral por um dos seguintes esquemas compatíveis
com uso concomitanta de RMP(4):
• 2 ITRN+EFZ(6,2)
• 2 ITRN+SQIV/RTV(6)
Paciente HIV+ com meningoencefalite tuberculosa. Tratar a tuberculose durante nove meses, utilizando
o Esquema II (2), recomendado pelo Ministério da
Saúde; e iniciar ou substituir a terapia anti-retroviral
por esquemas compatíveis com uso concomitante
de RMP, a serem escolhidos conforme parâmetros
de contagem de células T-CD4+ e carga viral
para pacientes HIV+ virgens de tratamento para
tuberculose?(2,4,5,6,8)

92
ABORDAGEM CLÍNICA

QUADOR 10: RECOMENDAÇÕES TERAPÊUTICAS PARA


PACIENTES HIV + COM TUBERCULOSE (continuação)
Paciente HIV+ em situação de retratamento para Tratar a tuberculose durante seis meses, utilizando o
tuberculose. Esquema I Reforçado – IR(9), recomendado pelo
Ministério da Saíde e iniciar ou substituir a terapia
anti-retroviral por esquemas compatíveis com uso
concomitante de RMP, a serem escolhidos conforme
parâmetros de contagem de células T-CD4+ e carga
vira; para pacientes HIV+virgens de tratamento para
tuberculose (2,4,5,6,7,8,10).
Paciente HIV+ em situação de falha a tratamento Tratar a tuberculose durante 12 meses, utilizando o
anterior para tuterculose. Esquema III (11), recomendado pelo Ministério da
Saúde; e iniciar ou substituir o tratamento anti-
retroviral pelo esquema considerado mais adequado
do ponto de vista imunológico e virológico(2,4,5,6,7,8,10).
Paciente HIV+ com tuberculose multidrogar- Encaminhar aos serviços de referência em tuber-
resistente. culose, para avaliação de especialista e uso de
esquemas especiais.
Siglas:
ZDV = Zidovudina, 3TC = lamivudina, ABC = Abacavir, EFZ = Efavirens, RTV = Ritomavir,
SQV = Saquinavir, ITRN = Inibidor de Transcriptase Reserva Análogo de Nucleosídeo, ITRNN = Inibidor
de Transcriptase Reserva Não-Análogo de Nucleosídeo, IP = Inibidores de Protease.

1. Dois meses iniciais com R+H+Z, seguidos de quatro meses com R+H (2RHZ/
4RH).
2. O adoecimento por tuberculose, freqüentemente, promove a elevação da carga
viral e a diminuição da contagem de células T-CD4+ em pacientes HIV+. Sugere-
se iniciar a terapia antituberculose, aguardar a estabilização clínica do quadro e
depois utilizar esses exames na avaliação da indicação de terapia anti-retroviral.
Para a escolha da opção de tratamento deve-se também avaliar o risco de toxicidade
e a capacidade de adesão do paciente para ambos tratamentos, considerando a
possibilidade de utilizar esquemas anti-retrovirais menos complexos ou mesmo
a postergação do início do tratamento anti-retroviral naqueles pacientes com
quadros de imunodeficiência menos grave.
3. Nessa situação, alguns autores consideram a possibilidade de se iniciar tratamento
anti-retroviral, pois há risco de progressão mais rápida da imunodeficiência causada
pelo HIV, devendo ser avaliados os parâmetros clínicos e laboratoriais específicos
(contagem de células T-CD4+ e carga viral) com maior freqüência. Quanto mais
próxima de 200 células/mm3 for a contagem de células T-CD4+ e/ou maior a carga
viral (particularmente se > 100.000 cópias/m), mais forte será a indicação para
início da terapia anti-retroviral. É importante considerar a motivação do paciente
e a probabilidade de adesão, antes de se iniciar o tratamento.

93
ATENÇÃO À SAÚDE DO ADULTO – TUBERCULOSE

4. Pacientes com tuberculose e indicação de uso do esquema I (E-1), mas que não
possam utilizar algum dos esquemas anti-retrovirais compatíveis com Rifampicina,
deverão ser tratados para tuberculose durante 12 meses com esquema para pacientes
com intolerância ou contra-indicação para uso de Rifampicina, recomendado pelo
Ministério da Saúde (dois meses iniciais com H+Z+S+E, seguidos de 10 meses
com H+E [2HEZS/10HE]).

5. A experiência clínica com o uso do Abacavir é limitada, em indivíduos HIV + com


tuberculose. Para pacientes sintomáticos ou assintomáticos com imunodeficiência
mais grave (contagem de células T-CD4+ < 200 células/mm3) e/ou carga
viral elevada (> 100.000 cópias/ml), alguns especialistas recomendam utilizar
preferencialmente esquemas anti-retrovirais mais potentes, contendo ITRNN ou
IP. O uso concomitante de Abacavir e outros inibidores da Transcriptase Reversa
Nucleosídeos (ITRN) com RMP não estão contra-indicados, pois não existe
nenhuma interação farmacológica com os medicamentos antituberculose descrita
até o momento.

6. Nessas situações, não há dados que permitam escolher entre esquemas com
ITRNN ou IP. Entretanto, o uso de Ritonavir associado a drogas antituberculose
utilizadas no esquema I (E-1) apresenta risco aumentado de hepatotoxicidade.
Sugere-se monitorar cuidadosamente as transaminases e outras provas de função
hepática do paciente durante o tratamento e não iniciar o uso de esquema com
esse anti-retroviral associado ao esquema I (E-1), caso os níveis basais dessas
enzimas hepáticas estejam três vezes acima dos valores de referência.

7. Dois meses iniciais com R+H+Z, seguidos de sete meses com R+H (2RHZ/7RH).
Observar que doses mais elevadas de Rifampicina e Isoniazida são recomendadas
nessa situação.

8. O Efavirenz é contra-indicado durante a gestação. Não há dados conclusivos sobre


a segurança do Abacavir na gravidez.

9. Dois meses iniciais com R+H+Z+E, seguidos de quatro meses com R+H+E
(2RHZE/4RHE).

10.Recomenda-se monitorar rigorosamente a adesão (tratamento supervisionado) e


coletar material para teste de sensibilidade aos medicamentos antituberculose.

11.Três meses iniciais com S+Et+E+Z, seguidos de nove meses com Et+E (3SEtEZ/
9EtE).
Fonte: Tuberculose – Guia de Vigilância Epidemiológica. FUNASA/MS. 2002. p. 28 a 30.

94
ABORDAGEM CLÍNICA

3.5 APOIO DIAGNÓSTICO: QUAL EXAME E QUANDO


FAZER

Os elementos para o diagnóstico da tuberculose pulmonar bacilífera na Atenção


Básica são, além da história clínica, a baciloscopia direta do escarro, a radiografia do tórax
e a prova tuberculínica.
 A baciloscopia direta do escarro é método fundamental, pois permite
descobrir as fontes mais importantes de infecção – os casos bacilíferos. Esse exame
deve ser solicitado sempre para as pessoas que procurem o serviço de saúde
com sintomas respiratórios – tosse com expectoração por três ou mais semanas,
pacientes com alterações radiológicas no tórax e contatos de casos de tuberculose
pulmonar com queixas respiratórias. Recomenda-se a coleta de duas amostras:
uma na primeira consulta e a segunda na manhã do dia seguinte.

 O exame radiológico é auxiliar no diagnóstico da tuberculose. A radiologia


permite a identificação de pessoas portadoras de imagem sugestivas de tuberculose
ou de outras patologias e permite também a avaliação da evolução radiológica
dos pacientes, sobretudo naqueles que não responderam ao tratamento.

 A prova tuberculínica é também um método auxiliar no diagnóstico. A


prova tuberculínica, quando reatora, isoladamente, indica apenas a presença de
infecção e não é suficiente para diagnóstico de tuberculose doença. O teste de
PPD deve ser realizado em todos os profissionais de saúde na admissão, e em
todos os indivíduos infectados pelo HIV, além de ser um dos critérios diagnósticos
da tuberculose pulmonar em crianças e adolescentes negativos à baciloscopia.

 A todo doente com diagnóstico de tuberculose confirmado, deve ser


oferecido o teste sorológico anti – HIV.

 Outros exames auxiliares para o diagnóstico são: cultura para micobactéria,


principalmente, nos casos de tuberculose pulmonar persistentemente negativos
ao exame direto do escarro e nas demais indicações do item 3.1.3.1 Diagnósticos
Bacteriológico; exame histopatológico, principalmente nas formas extra-pulmonares;
marcadores biológicos (ADA), técnicas de biologia molecular, conforme detalhado
no item 3.1.3 Diagnóstico.

95
IV. A ORGANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA
A ORGANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA

4.1 AS COMPETÊNCIAS DAS UNIDADES DE SAÚDE

As principais estratégias para o pleno desenvolvimento das competências das unidades


de saúde são a implantação de programas de controle, conforme normatização descrita e
a melhoria das condições gerais dessas instituições, o que seria benéfico também para o
controle de outras doenças transmissíveis. Os programas de controle da tuberculose devem
possibilitar a descoberta precoce dos casos e o início rápido do tratamento supervisionado,
além da abordagem sistematizada dos casos suspeitos e dos pulmonares com o exame de
escarro positivo, especialmente até que se tornem não transmissíveis, o que ocorre em
torno de 15º dia de tratamento adequado.

Unidades tipo 1
Estas unidades, de baixa complexidade técnica, têm como principal função a execução
das ações para o controle da tuberculose no município. São classificadas como de baixa
complexidade as ações padronizadas e realizadas em grande escala, sem necessidade
de equipamentos sofisticados, supervisionadas por profissional de nível superior, não
necessariamente residente no próprio município. (NOB/SUS 96).
Em todos os municípios do país, bem como nos serviços de saúde que realizam
atividades mais simples do SÚS, devem ser realizadas as ações para a descoberta dos casos
infectantes da tuberculose, pela baciloscopia direta do escarro, a anulação dessas fontes
de infecção mediante tratamento padronizado, a vigilância epidemiológica dos focos na
comunidade e a vacinação com BCG.

Unidades tipo 2
O denominador comum que as diferencia das Unidades tipo 1 é a existência de
aparelho de RX na própria unidade ou a facilidade de conseguir exames radiológicos de
tórax por convênio ou parceria.
Do ponto de vista técnico-operacional, estas unidades dividem-se em assistenciais
comuns e as unidades que, além disso, funcionam como unidades de referência e contra-
referência para pacientes das unidades do tipo 1 de seu município e de municípios de sua
microrregião.
Compete aos profissionais dessas unidades:
 Diagnosticar e tratar os casos de tuberculose pulmonar na área de sua jurisdição,
devendo adotar os critérios de descoberta de casos preconizados para as unidades
do tipo 1. Nesse sentido, a distritalização do município ou da área adscrita à unidade
viria ao encontro desta recomendação, inclusive para o tratamento diretamente
observado.
 Estabelecer o diagnóstico diferencial de tuberculose pulmonar negativa ao exame
direto do escarro e com apresentação clínica e radiológica atípica, de outras
pneumopatias, especialmente em consultantes HIV+/AIDS.
99
ATENÇÃO À SAÚDE DO ADULTO – TUBERCULOSE

 Estabelecer ou auxiliar no diagnóstico de tuberculose extrapulmonar, especialmente


a forma pleural.
 Indicar o tratamento e a conduta para os casos “pulmonares negativos” e
extrapulmonares oriundos das unidades tipo 1.
 Realizar ou, ao menos, iniciar o retratamento, com o Esquema 1 Reforçado, de
pacientes das unidades tipo 1 e, se for o caso, fornecer os medicamentos à unidade
para completá-lo.

Unidades tipo 3
Estas unidades, que correspondem aos centros de referência nos estados, são
unidades de referência (tipo 2) mais qualificadas, por apresentarem equipamentos de maior
complexidade e recursos humanos mais capacitados.
Afora as atribuições gerais, compete aos centros:
 Atuar como referência e contra-referência para pacientes das unidades tipo 2 e,
também, para as do tipo 1 de sua área de influência.
 Fazer o diagnóstico diferencial de pneumopatias suspeitas de tuberculose.
 Realizar os tratamentos quimioterápicos com esquemas especiais.
 Manter, em seu quadro de funcionários, técnicos como “padrões” de referência
para o teste tuberculínico e, também, para a bacteriologia da tuberculose.
 Funcionar como centros de treinamento para técnicos e auxiliares da rede
ambulatorial.
 Desenvolver pesquisa operacional.
 Realizar atividades de controle de qualidade sobre as técnicas diagnósticas em
tuberculose.
 Promover atividades de biossegurança em tuberculose, tanto em âmbito hospitalar
como ambulatorial.

4.1.1 O encerramento do tratamento nas Unidades de


Saúde – critérios

Alta por cura


 Pulmonares inicialmente positivos: a alta por cura será dada se, durante o
tratamento, o paciente apresentar duas baciloscopias negativas – uma na fase do
acompanhamento e outra no final do tratamento (cura).

100
A ORGANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA

Alta por completar o tratamento


A alta será dada com base em critérios clínicos e radiológicos, quando:
 o paciente não tiver realizado o exame de escarro por ausência de expectoração,
e tiver alta com base em dados clínicos e exames complementares, como os
radiológicos;
 casos de tuberculose pulmonar inicialmente negativos;
 casos de tuberculose extrapulmonar.

Alta por abandono de tratamento


 Será dada ao doente que deixou de comparecer à unidade por mais de 30 dias
consecutivos, após a data prevista para seu retorno.
 Nos casos de tratamento supervisionado, o prazo de 30 dias conta a partir da
última tomada da droga.
 A visita domiciliar realizada pela equipe de saúde tem como um dos objetivos,
evitar que o doente abandone o tratamento.

Alta por Mudança de diagnóstico


 Será dada quando for constatado erro no diagnóstico.

Alta por óbito


 Será dada por ocasião do conhecimento da morte do paciente, durante o
tratamento e independentemente da causa.

Alta por falência


 Será dada quando houver persistência da positividade do escarro ao final do 4º
ou 5º mês de tratamento.
 Os doentes que no início do tratamento são fortemente positivos (+ + ou + + +)
e mantêm essa situação, até o 4º mês, ou os que apresentam positividade inicial
seguida de negativação e nova positividade por dois meses consecutivos, a partir
do 4º mês de tratamento, são classificados como caso de falência.
 O aparecimento de poucos bacilos no exame direto do escarro, na altura do 5º
ou 6º mês do tratamento, isoladamente, não significa, necessariamente, a falência
do tratamento, em especial se acompnhado de melhora clínico-radiológico. Nesse
caso, o paciente deve ser acompanhado com exames bacteriológicos para melhor
definição. O tratamento, se preciso, será prolongado por mais três meses, período
em que o caso deve ser redefinido ou concluído. Sempre que possível, deve-se
consultar uma unidade de referência antes de se decidir por este prolongamento.

101
ATENÇÃO À SAÚDE DO ADULTO – TUBERCULOSE

 Observação: quando o caso for encerrado por falência e o paciente iniciar novo
tratamento, deve ser registrado como caso de retratamento no livro de Registro e
Controle de Tratamento dos Casos de Tuberculose.

Alta por transferência


 Será dada quando o doente for transferido para outro serviço de saúde.
 A transferência deve ser processada por meio de documento que informe à unidade
receptora sobre o diagnóstico e o tratamento realizado até aquele momento.
 Deve-se buscar a confirmação de que o paciente compareceu à unidade para a
qual foi transferido e o resultado do tratamento, no momento da avaliação da
coorte. Só serão considerados transferidos aqueles pacientes cujo resultado do
tratamento for conhecido.

Controle pós-cura
 Os casos curados não necessitam de controle pós-tratamento, devendo-se orientar
o paciente a retornar à unidade apenas se surgirem sintomas semelhantes aos do
início da doença.

4.2 A DEFINIÇÃO DOS PROFISSIONAIS ENVOLVIDOS


As ações do Plano Nacional de Controle da Tuberculose (PC+NCT) em cada
município deverão ser adaptados à estrutura vigente.
A estrutura organizacional do PNCT prevê duas esferas de competências: uma
técnico-administrativa e outra técnico-operacional, subdivididas em níveis hierárquicos.
 Esfera técnico-administrativa: federal; estadual; regional; municipal.
 Esfera técnico-operacional: unidade tipo 1; unidade tipo 2; unidade tipo 3.

O indispensável é que em todas as instâncias e locais exista um responsável pela


execução das ações do PNCT. Essa responsabilidade técnico-administrativa pode estar
a cargo de profissionais de nível superior ou, quando for o caso, de auxiliares de nível
médio.

4.3 AS ATRIBUIÇÕES DOS PROFISSIONAIS

4.3.1 Esfera Estadual


Nas coordenadorias estaduais compete-lhes gerenciar a execução das medidas de
controle em esfera estadual:

102
A ORGANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA

 Programar, acompanhar e controlar os tuberculostáticos e insumos para o PNCT


em instância estadual.
 Realizar avaliação operacional e epidemiológica das ações do PNCT, em âmbito
estadual.
 Promover e participar da capacitação de recursos humanos na área da
tuberculose.
 Assessorar as coordenadorias regionais na implantação / implementação do PNCT
nos municípios.

4.3.2 Esfera Regional

Cada diretoria regional deve ter, no mínimo, um técnico capacitado em epidemiologia


e controle da tuberculose, integrado ao setor das demais DNC. Seu papel é, basicamente, de
apoio e assessoramento às secretarias municipais de saúde na implantação/implementação
das medidas de controle da tuberculose, no contexto do Sistema de Vigilância Epidemiológica
e Controle de Doenças. Considerando que é o nível mais próximo da execução, deve,
por meio da supervisão direta e indireta, identificar, de imediato, as anormalidades
epidemiológicas e operacionais nos municípios e tomar as providências cabíveis. Assim,
no PNCT, compete-lhe, entre outros:
 Promover a agilização das notificações dos municípios via SINAN.
 Analisar os dados da Ficha Individual de Investigação do SINAN, relativa aos casos
de tuberculose de cada município, bem como colher elementos complementares,
inclusive in loco, se for o caso.
 Vigiar a compatibilidade entre o número de casos de tuberculose (“pulmonares
positivos”, pulmonares negativos e extrapulmonares) descobertos nos municípios
e a realidade epidemiológica da região.
 Fornecer as drogas aos municípios, com prioridade absoluta para os “pulmonares
positivos”, conforme fluxo padronizado pela Coordenadoria Estadual de
Pneumologia Sanitária, mantendo o registro e o controle do estoque de
medicamentos e insumos.
 Acompanhar a adoção do tratamento diretamente supervisionado e o não
supervisionado nos municípios.

4.3.3 Esfera Municipal

Médico(a)
 Identificar e examinar os sintomáticos respiratórios em visita domiciliar na
comunidade e no atendimento na UBS.

103
ATENÇÃO À SAÚDE DO ADULTO – TUBERCULOSE

 Solicitar baciloscopia do sintomático respiratório para diagnóstico (duas


amostras).
 Orientar quanto à coleta de escarro.
 Solicitar RX de tórax segundo critérios definidos no protocolo.
 Oferecer, a todo paciente com diagnóstico de tuberculose confirmado, o teste
sorológico anti-HIV.
 Dar orientações gerais a respeito do agravo como, por exemplo, a necessidade e a
duração do tratamento, solucionando os possíveis mitos.
 Iniciar e acompanhar o tratamento dos casos novos confirmados de tuberculose
nos pacientes com a localização pulmonar.
 Explicar ao paciente porque o tratamento supervisionado é necessário e quem vai
realizar a supervisão, nos casos que tiverem indicação.
 Convocar os comunicantes para consulta.
 Iniciar quimioprofilaxia para os comunicantes de acordo com o protocolo.
 Solicitar baciloscopias para acompanhamento do tratamento.
 Iniciar e acompanhar tratamento dos casos de tuberculose pulmonar com
baciloscopias negativas e dos casos de tuberculose extrapulmonar quando o
diagnóstico for confirmado após investigação em uma unidade de referência.
 Dar alta aos pacientes após o tratamento e notificá-la ao serviço de Epide-
miologia.
 Encaminhar os casos para outro nível de assistência, quando necessário, com
ficha de referência/contra-referência devidamente preenchida.
 Fazer visita domiciliar quando necessário.
 Notificar o caso de tuberculose confirmado.
 Identificar efeitos colaterais das medicações e interações medicamentosas.
 Realizar ações educativas junto à comunidade.

Enfermeiro(a)
 Identificar os sintomáticos respiratórios entre as pessoas que procuram as unidades
básicas de saúde, nas visitas domiciliares ou mediante os relatos dos ACS.
 Solicitar baciloscopia dos sintomáticos respiratórios para diagnóstico (duas
amostras).
 Orientar quanto à coleta de escarro.
 Identificar, no pote, o nome do paciente.
104
A ORGANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA

 Fornecer o pote para a coleta do escarro.


 Enviar a amostra ao laboratório.
 Aplicar a vacina BCG. Caso não tenha capacitação para tal, providenciar junto ao
gestor da UBS a sua capacitação em outra unidade de saúde.
 Fazer teste tuberculínico. Caso não tenha capacitação para tal, encaminhar para a
unidade de referência.
 Realizar consulta de enfermagem mensal (conforme programação de trabalho da
equipe).
 Notificar o caso de tuberculose que vai iniciar tratamento.
 Convocar os comunicantes para investigação.
 Orientar como usar a medicação; se necessário dispensar a medicação e esclarecer
as dúvidas dos doentes, desmitificando os tabus e estigmas.
 Programar os quantitativos de medicamentos necessários ao mês, para cada
doente cadastrado na unidade básica de saúde, de forma a assegurar o tratamento
completo de todos.
 Solicitar exame de escarro mensal (pelo menos aos 2, 4 e 6 meses para os doentes
em uso dos esquemas básico e básico + etambutol) para acompanhar o tratamento
dos pulmonares bacilíferos.
 Identificar reações adversas dos medicamentos e interações medicamentosas.
 Transferir o doente da unidade básica de saúde, quando necessário, com a ficha
de referência e contra-referência devidamente preenchida.
 Encaminhar o doente para uma unidade de referência, quando necessário.
 Agendar consulta extra, quando necessário.
 Fazer visita domiciliar para acompanhar o tratamento domiciliar e supervisionar o
trabalho do ACS.
 Realizar ações educativas junto à clientela da UBS e no domicílio.
 Convocar o doente faltoso à consulta. Planejar visita domiciliar.
 Convocar o doente em abandono de tratamento. Planejar visita domiciliar.
 Preencher o Livro de Registro e Acompanhamento dos Casos de Tuberculose na
UBS.
 Atualizar os critérios de alta, verificando que a “alta por cura comprovada” foi
substituída por “alta por cura”, e que a “alta por cura não comprovada” foi
substituída por “alta por completar o tratamento”.

105
ATENÇÃO À SAÚDE DO ADULTO – TUBERCULOSE

 Acompanhar a ficha de supervisão do tratamento preenchida pelo ACS.

 Fazer, juntamente com a equipe, a análise de coorte trimestral.

 Manter a ficha do SIAB (B -TB) atualizada.

 Planejar, juntamente com a equipe e coordenação municipal, estratégias de


controle da tuberculose na comunidade.

Auxiliar de enfermagem

 Identificar os sintomáticos respiratórios em visita domiciliar na comunidade e na


unidade básica de saúde.

 Convocar os comunicantes para consulta médica.

 Identificar o pote de coleta do escarro.

 Orientar a coleta do escarro.

 Encaminhar o material ao laboratório.

 Receber o resultado do exame diagnóstico, protocolá-lo e anexá-lo ao


prontuário.

 Receber o resultado da baciloscopia de acompanhamento do tratamento, protoco-


lá-lo e anexá-lo ao prontuário.

 Aplicar a vacina BCG. Caso não tenha capacitação para tal, providenciar junto ao
gestor da UBS a sua capacitação em outra unidade de saúde.

 Fazer teste tuberculínico. Caso não tenha capacitação para tal, providenciar junto
ao gestor da UBS a sua capacitação em outra unidade de saúde.

 Fornecer medicação, orientar o seu uso e a importância do tratamento.

 Esclarecer as dúvidas dos doentes.

 Supervisionar o uso correto da medicação nas visitas domiciliares e o


comparecimento às consultas de acordo com a rotina da equipe.

 Agendar consulta extra, quando necessário.

 Convocar o doente faltoso à consulta: Planejar visita domiciliar.

 Convocar o doente em abandono de tratamento: Planejar visita domiciliar.

 Manter a ficha do SIAB (B -TB) atualizada.

 Realizar ações educativas junto à comunidade.

 Participar da programação e da avaliação das ações.

106
A ORGANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA

Agente comunitário de saúde


 Identificar os sintomáticos respiratórios nos domicílio e na comunidade.
 Orientar e encaminhar os comunicantes à UBS para consulta, diagnóstico e
tratamento, quando necessário.
 Encaminhar ou comunicar o caso suspeito à equipe.
 Orientar a coleta e o encaminhamento do escarro dos sintomáticos respiratórios.
 Supervisionar a tomada diária da medicação específica, quando indicada, e o
comparecimento do doente às consultas agendadas.
 Fazer visita domiciliar de acordo com a programação da equipe, usando a ficha do
SIAB (B -TB).
 Verificar, no Cartão da Criança, a sua situação vacinal: se em falta, encaminhar à
UBS ou ao centro de saúde para ser vacinação.
 Verificar a presença de cicatriz da vacina BCG no braço direito da criança. Caso
não exista e não haja qualquer comprovante no cartão, encaminhar a criança para
vacinação, conforme protocolo do PNI.
 Agendar consulta extra, quando necessária.
 Realizar ações educativas junto à comunidade.
 Participar, com a equipe, do planejamento para o controle da tuberculose na
comunidade.
 Manter a ficha do SIAB (B -TB) atualizada.

4.4 O TRATAMENTO SUPERVISIONADO


A estratégia do tratamento supervisionado ou DOTS (sigla em inglês utilizada
para denominar a estratégia de tratamento de curta duração diretamente observada) é
constituída por cinco diretrizes:
 Vontade e decisão política;
 Acesso aos exames laboratoriais na rede de laboratórios do SUS;
 Garantia de medicamentos;
 Sistema de registro e de informação confiável;
 Tratamento diretamente observado;

A estratégia DOTS, presente em 180 países do mundo e já cobrindo atualmente


73% das populações das Américas tem os seguintes objetivos:

107
ATENÇÃO À SAÚDE DO ADULTO – TUBERCULOSE

 Garantir a adesão ao tratamento;


 Reduzir o risco de transmissão da doença na comunidade;
 Reduzir a mortalidade por tuberculose;
 Garantir a regularidade do tratamento;
 Evitar o fracasso do esquema utilizado;
 Evitar a resistência adquirida aos antibióticos;
 Evitar o abandono;
 Melhorar o sistema de notificação;
 Aumentar o percentual de cura.

Nos locais com boa cobertura de DOTS a taxa de cura média é de 87%, portanto,
superior à meta de cura do Ministério da Saúde, que é de 85%. Embora a meta de cobertura
de DOTS para as populações das Américas seja de 100%, em 2005, no Brasil, apenas 52%
da população estava coberta pelo DOTS.
Todos os pacientes com tuberculose devem preferencialmente estar em estratégia
DOTS. Entretanto, os “casos novos” de tuberculose pulmonar com baciloscopia positiva
são prioridade. Nesses, a supervisão da tomada deve ser feita da seguinte maneira:
 Três observações semanais nos 2 primeiros meses;
 Duas observações semanais nos 4 meses seguintes;
 Se for possível; a observação deverá ser realizada diariamente.

UTILIZA-SE PARA O RETRATAMENTO POR ABANDONO OU POR RECIDIVA O


REGIME SUPERVISIONADO COM 3 (TRÊS) OBSERVAÇÕES SEMANAIS DURANTE
TODO O TRATAMENTO.
Uma atenção especial para o tratamento supervisionado dos doentes pulmonares
bacíliferos deve ser dada nas seguintes situações:
 Etilistas;
 Casos de retratamento;
 População de rua;
 Presidiários;
 Doentes institucionalizados (asilos, manicômios, etc.)
Os “casos novos” das formas pulmonar com exames de escarro negativos e
extrapulmonar podem ser acompanhados por regime de tratamento supervisionado ou
auto-administrado.

108
A ORGANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA

A ADMINISTRAÇÃO DO TRATAMENTO
SUPERVISIONADO
QUEM FAZ A ONDE?
SUPERVISÃO?
 UNIDADES DE SAÚDE
 RESIDÊNCIA DO DOENTE
 OUTROS LOCAIS A COMBINAR
 Profissionais de Saúde (PSF)
 Médico
 Enfermeiro
 Auxiliar de enfermagem
 Agentes comunitários de Saúde
 Outros sob orientação
 Familiares
 Pessoas da comunidade

Antes de iniciar a quimioterapia

 Utilizar abordagem acolhedora;


 Orientar o paciente quanto ao tratamento;
 Explicar, em linguagem acessível, as características da doença, o esquema de
tratamento-drogas, a duração, a importância do uso regular da medicação, as
conseqüências do abandono do tratamento e efeitos adversos.
 Orientar sobre as visitas domiciliares.

As principais propostas da Coordenadoria Estadual de Pneumologia


Sanitária quanto à estratégia DOTS são:
 Ampliação e implementação do Tratamento Supervisionado com adoção uniforme
dessa estratégia nos níveis estadual e municipal.
 Descentralização das ações do Programa de Controle da Tuberculose, articuladas
com o Programa Saúde da Família (PSF).
 Adoção da Abordagem Humanizada, aliada à estratégia do Tratamento.
Supervisionado.

109
V. A VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
E O SISTEMA DE INFORMAÇÃO
A VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA E O SISTEMA DE INFORMAÇÃO

5.1 OS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO DO


MINISTÉRIO DA SAÚDE
O Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) é a principal fonte de
dados do sistema de informação epidemiológica da tuberculose nos níveis federal, estadual
e municipal.
Sua regulamentação está presente nas Normas Operacionais Básicas do Sistema
Único de Saúde (NOB -SUS 1/96, de 6/11/96, e NOAS – SUS Portaria nº 95/GM/MS, de
26/1/2001), nas quais são definidas as atribuições das três esferas de governo na gestão,
estruturação e operacionalização do sistema de informação epidemiológica informatizada,
a fim de garantir a alimentação permanente e regular dos bancos de base nacional.
Nas portarias nº 1.882/GM, de 18/12/1997, e nº 933 de 4/9/2000, a transferência de
recursos do PAB poderá ser suspensa no caso da falta de alimentação de informações do
SINAN, pela Secretaria de Saúde dos municípios, junto à Secretaria Estadual de Saúde,
por dois meses consecutivos.
O SINAN tem por objetivo coletar, transmitir e disseminar dados gerados rotineiramente
pelo Sistema de Vigilância Epidemiológica das três esferas de governo, por meio de uma
rede informatizada.
Dados de tuberculose também estão disponíveis nos sistemas de informação referentes
a internações (SIH/SUS), atendimento ambulatorial (SIA/SUS) e óbitos (SIM).
No tocante aos dados laboratoriais, existe o Sistema de Informação Laboratorial
da Tuberculose (SILTB), que permite tanto o armazenamento dos dados de casos de
tuberculose registrados no livro de Registro de Baciloscopia e de Cultura para Diagnóstico e
Controle da Tuberculose dos Laboratórios Centrais de Saúde Pública (LACEN) e Unidades
Laboratoriais, bem como a avaliação da qualidade dos exames realizados.
O conjunto de ações relativas à coleta e ao processamento de dados, ao fluxo e
à divulgação de informações sobre os agravos de notificação compulsória de interesse
nacional, incluindo a tuberculose, deverá atender às normas definidas pela portaria
ministerial e pelos manuais de normas e rotinas do SINAN.

5.1.1 Entrada de dados no SINAN (versão para Windows)

Notificação do caso de tuberculose


Os casos novos, os reingressos após abandono, as recidivas e os casos que transferiram,
oficialmente ou não, seu tratamento para outra unidade de saúde devem ser notificados,
utilizando a ficha individual de notificação/investigação de tuberculose (Anexo I) e segundo
o fluxo e a periodicidade estabelecidos por portaria nacional e complementadas por
portarias estaduais/municipais.
A digitação da ficha de notificação/investigação no SINAN deverá ser realizada
sempre pelo município notificante, independentemente do local de residência do paciente.
Portanto, os municípios informatizados deverão digitar tanto os casos residentes no próprio
município, quanto aqueles residentes em outros municípios.
113
ATENÇÃO À SAÚDE DO ADULTO – TUBERCULOSE

As correções de qualquer campo da notificação/investigação de registros já digitados e


enviados pela rotina de transferência deverão ser feitas pelo primeiro nível informatizado.

Notificação/investigação e/ou acompanhamento de casos fora do município


de residência (município notificante)
Casos de tuberculose notificados e/ou acompanhados fora do município de residência
(município notificante) deverão ter suas fichas de notificação/investigação e dados de
acompanhamento enviados, em papel, para o município de residência somente após o
encerramento do caso, para serem digitados. Deverão ser incluídos, mantendo os mesmos
campos chaves identificadores do registro (número da notificação, data da notificação,
município notificante – código do IBGE e a unidade notificante), atribuídos pelo município
de notificação. Esses dados não poderão ser modificados, caso contrário, o SINAN irá gerar
outra notificação, criando desta forma um caso duplicado.
Ressalta-se que as informações sobre o acompanhamento do caso deverão ser
regularmente atualizadas apenas pelo município que está acompanhando atualmente
o paciente, e não pelo de residência. O município de residência atualizará esses dados
somente após o encerramento do caso (situação de encerramento preenchida).
A digitação destes casos no município de residência tem a finalidade de permitir que
esse município possa conhecer a situação epidemiológica desse agravo, segundo o local de
residência.

Nota: Todo caso de tuberculose notificado ao Sistema de Informação de Mortalidade


(SIM) deverá ser comunicado à coordenação de vigilância epidemiológica para que se
proceda à pesquisa no SINAN pelos técnicos do PCT nas instâncias municipal e estadual,
para avaliar se esse caso já foi notificado. Se a notificação desse caso não constar na base
de dados do SINAN, esse deverá ser investigado e, se confirmado, esse óbito deverá ser
notificado no SINAN com situação de encerramento como óbito. Deverá ser realizada
também a investigação dos contatos desse caso.

5.1.2 Acompanhamento do caso de tuberculose:


atualização das informações
Os dados referentes às baciloscopias de controle e outros exames realizados, o número
de contatos examinados, a situação do tratamento no 9º ou 12º mês e no encerramento,
bem como a data de encerramento, compõem as informações do acompanhamento do
tratamento e possibilitam a avaliação do resultado do tratamento. Portanto, é importante
que esses dados sejam registrados pela unidade de saúde.
O instrumento nacional de coleta dos dados de acompanhamento do tratamento para
digitação no SINAN é o Boletim de Acompanhamento de Casos de Tuberculose (Anexo II).
Este relatório deverá ser emitido pelo primeiro nível informatizado e enviado às
unidades de saúde, pelo menos quatro vezes ao ano (janeiro, abril, julho e outubro).
Neste relatório são listados, por unidade de saúde responsável pelo acompanhamento
do caso, os pacientes que têm pelo menos 31 dias de diagnóstico (data da emissão do

114
A VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA E O SISTEMA DE INFORMAÇÃO

relatório subtraída a data do diagnóstico) e cuja situação de encerramento não tenha sido
informada. A unidade de saúde atualizará os dados de acompanhamento dos pacientes
listados no referido relatório e os enviará, para digitação, ao primeiro nível informatizado.
Em caso de correção de dados de acompanhamento, essa deve ser efetuada no primeiro
nível informatizado.
O campo “situação no 9º mês” deve ser preenchido em todos os casos, exceto quando
for paciente com meningite, exclusiva ou não, e será utilizado para avaliar resultado de
tratamento com esquema com duração de seis meses. O campo “situação no 12º mês”
deve ser preenchido nos casos de meningite, forma exclusiva ou não e será utilizado para
avaliar resultado de tratamento com esquema com duração de nove meses.
A categoria 7 - “continua em tratamento” deve ser selecionada no preenchimento
dos campos acima quando o paciente permanece em tratamento com o esquema inicial,
decorrido o prazo para avaliação do resultado do tratamento (9 ou 12 meses).
O campo “situação de encerramento” deve ser preenchido em todos os casos
notificados.
É importante ressaltar que o preenchimento das informações do acompanhamento
do caso de tuberculose, bem como da data de início de tratamento, são essenciais para
o cálculo dos indicadores utilizados para avaliar o resultado de tratamento de coortes de
casos.
Em nível estadual, efetivou-se a Ficha de Acompanhamento Individual de Casos de
Tuberculose (Anexo III).
Este formulário deverá ser preenchido a cada consulta médica mensalmente e
entregue ao paciente juntamente com a receita em duas vias para que o mesmo possa
receber a medicação na Farmácia da Unidade. A Ficha de Acompanhamento será pré-
requisito para que a medicação seja entregue ao paciente e também deverá ser utilizada
para informações referentes à situação de encerramento do caso.
A Farmácia deverá encaminhar as fichas de acompanhamento de casos para a
Vigilância Epidemiológica do município.

5.1.3 Rotinas

Rotina I – mudança de local de tratamento do paciente de tuberculose


(transferência)
Caso o paciente mude o tratamento para outra unidade de atendimento (dentro ou
fora do município de notificação, na mesma unidade federada), este deverá ser novamente
notificado pela nova unidade de saúde que receber esse paciente (em caso de transferência
oficial ou espontânea), utilizando um novo número de notificação e registro da data desta
nova notificação. O nível informatizado que detectar, pela análise do relatório de duplicidade,
dois registros para um mesmo paciente (duas fichas de notificação/investigação), deverá
averiguar se a situação é uma transferência de tratamento (oficial ou espontânea). Em caso

115
ATENÇÃO À SAÚDE DO ADULTO – TUBERCULOSE

afirmativo, os dois registros devem ser vinculados (vide rotina de vinculação no manual de
normas e rotinas do SINAN) e deverá ser comunicada à primeira unidade que notificou
o caso de alta por transferência e à segunda unidade que o campo “tipo de entrada”
deve estar preenchido com a categoria ”transferência”. Desta forma, a instância municipal
informatizada deverá vincular as notificações dos casos transferidos para as unidades de
saúde de sua abrangência (transferência intramunicipal).
As regionais de saúde informatizadas deverão vincular as notificações dos casos
transferidos para as unidades de saúde de municípios da sua abrangência (transferência
intermunicipal), assim como a vinculação intramunicipal dos casos notificados por município
não informatizado.
A Secretaria Estadual de Saúde (SES) deverá vincular as notificações dos casos
transferidos para as unidades de saúde de municípios pertencentes a diferentes regionais.
No caso de regionais de saúde não informatizadas, a SES deverá vincular as transferências
intermunicipais, independente da regional de notificação. A SES efetuará a vinculação
intramunicipal somente quando esta for o primeiro nível informatizado do SINAN. A
unidade de saúde, ao receber uma transferência interestadual deverá notificar este caso
com novo número de notificação e registro da data desta nova notificação. Além disso,
esta nova notificação deverá ter o campo tipo de entrada preenchido com o código 5
(transferência).

Rotina II – mudança de diagnóstico


Os pacientes que, no decurso do tratamento, tenham seu diagnóstico de tuberculose
revisto e modificado deverão ter o campo “situação no 9º mês” (ou 12º mês, quando
notificado como meningite) e “situação de encerramento” preenchido com a categoria 5 –
”mudança de diagnóstico”. Esses registros não são considerados nos relatórios emitidos pelo
sistema, exceto nos relatórios de acompanhamento de casos e de resultado de tratamento
de coorte de casos.

Rotina III – Mudança de esquema terapêutico devido à toxicidade


Caso o paciente tenha seu tratamento inicial substituído por outro por causa da
toxicidade e continua em tratamento 9 meses após ter iniciado o primeiro esquema, deve
ser registrado no campo “situação no 9º mês” (ou 12º mês, quando meningite) a categoria 6
– “mudança de esquema por intol./toxicidade”. Posteriormente, de acordo com a evolução
do caso, deve-se registrar no campo “situação de encerramento” a categoria correspondente
(cura, abandono, óbito, transferência ou Tb multirresistente)

Rotina IV – Situação de falência dos pacientes de tuberculose


Caso o paciente apresente falência ao tratamento inicial (com seis meses de duração),
este caso não deverá ser notificado novamente. Deve-se registrar este caso como falência

116
A VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA E O SISTEMA DE INFORMAÇÃO

no campo situação no 9º mês, acompanhá-lo nos meses seguintes até o término do seu
tratamento para a falência e encerrá-lo, segundo a situação apresentada (cura, abandono,
óbito, transferência ou TB multirresistente) no campo “situação de encerramento”.

Rotina V – Registros duplicados


Critérios para emissão do relatório de duplicidade
O SINAN emite um relatório (relatório de duplicidade) com a relação de possíveis
registros duplicados. O sistema seleciona registros que tenham os seguintes campos
idênticos: primeiro e último nome do paciente, data de nascimento e sexo.
Este relatório deve ser analisado, semanalmente, na instância municipal informatizada.
As regionais e a Secretaria Estadual de Saúde deverão emitir e analisar o relatório de
duplicidade com periodicidade quinzenal e mensal, respectivamente.
A seguir são descritos as diversas possibilidades de registros duplicados e os respectivos
procedimentos:

Homônimos

Conceito: são registros que apresentam os mesmos primeiro e último nomes dos
pacientes, mesma data de nascimento e mesmo sexo. No entanto, após análise de outros
dados e, se necessário, investigação, conclui-se que são pessoas diferentes.
Procedimento: a utilização da opção “não listar”, para que estes registros não sejam
listados no relatório de duplicidade.

Duplo registro

Conceito: é o paciente que foi notificado mais de uma vez pela mesma unidade
de saúde em tratamentos diferentes (recidiva ou reingresso após abandono) ou foi
notificado mais de uma vez por unidades de saúde diferentes durante o mesmo tratamento
(transferência oficial ou espontânea) ou em tratamentos diferentes (recidiva, reingresso
após abandono).
Procedimentos: caso existam duas notificações de um mesmo paciente atendido
em unidades de saúde diferentes deve-se avaliar se houve uma transferência (intra ou
intermunicipal). Em caso afirmativo, os dois registros devem ser vinculados e deverá ser
comunicada à primeira unidade que notificou o caso a alta por transferência. Na segunda
unidade de saúde, o campo “tipo de entrada” da ficha de notificação/investigação deverá
ser preenchido com a categoria 5 – “transferência”. Em caso negativo, investigar se a
segunda notificação refere-se a reingresso após abandono ou recidiva. Nestes casos, os
registros não devem ser vinculados e os campos “situação no nono mês” (ou 12º mês) e
“situação de encerramento” da primeira ficha de notificação/investigação e o campo “tipo
de entrada” da segunda ficha deverão estar preenchidos com categorias correspondentes
à situação do caso.

117
ATENÇÃO À SAÚDE DO ADULTO – TUBERCULOSE

Ao executar a “rotina de vinculação” para dois registros, o SINAN mantém os dados


da primeira notificação/investigação e os dados de acompanhamento remetidos pela
unidade de saúde atualmente responsável pela conclusão do tratamento, em único registro.
O primeiro nível informatizado capaz de detectar o duplo registro devido à transferência
deverá efetuar a vinculação das notificações (ver item Rotina I – Mudança de local de
tratamento do paciente de tuberculose– transferência). Quando o paciente efetuar mais de
uma transferência durante o mesmo tratamento, devem ser realizadas sucessivas vinculações
das notificações, mantendo desse modo os dados da notificação/investigação mais antiga e
o acompanhamento pela Unidade de Saúde responsável pela conclusão do tratamento.
Quando o paciente for transferido, temporariamente, para unidade hospitalar, esta
unidade deverá notificar este paciente. Após a alta hospitalar, a unidade de saúde para a
qual o paciente for transferido para acompanhamento de tratamento ambulatorial deverá
notificá-lo novamente, ainda que seja a mesma unidade que o transferir para o hospital.
A rotina adotada, nessa situação, é a mesma adotada quando o paciente efetuar mais de
uma transferência durante o mesmo tratamento, conforme citado no parágrafo anterior.
Desta forma, é possível acompanhar, no SINAN, as transferências desse paciente entre as
unidades de saúde e solicitar dados sobre a situação de encerramento do caso à unidade
que ficou responsável pela conclusão do caso.
Concluindo, os duplos registros por causa da transferência de tratamento para
outra unidade de saúde devem ser vinculados. Já os duplos registros devido à recidiva
ou reingresso após abandono NÃO devem ser vinculados e podem ser assinalados com a
opção “não listar” para não serem listados no relatório de duplicidade.

Duplicidade de registros
Conceito: quando há mais de uma notificação de um mesmo paciente, referente
ao mesmo “episódio” ou tratamento, pela mesma unidade de saúde, com números de
notificações diferentes, (ex.: mesmo paciente notificado duas vezes pela mesma US como
dois casos novos ou duas recidivas).
Procedimento: nesses casos, o segundo registro (mais atual) deverá ser excluído
pela rotina do SINAN pelo primeiro nível informatizado.

5.1.4 Tabulação de dados


A base de dados do SINAN contém dados necessários ao cálculo de indicadores
operacionais e epidemiológicos considerados essenciais para avaliação do comportamento
da endemia e das ações de controle.

O SINAN emite os seguintes relatórios:


 Incidência anual de tuberculose pulmonar bacilífera por grupo etário e sexo.

118
A VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA E O SISTEMA DE INFORMAÇÃO

 Incidência de meningite tuberculosa em menores de cinco anos.


 Percentual de coinfecção de HIV/TB por faixa etária.
 Percentual de casos de tuberculose pulmonar com baciloscopia positiva que
negativaram no segundo mês.
 Relatório de acompanhamento dos casos de tuberculose.

Os casos de tuberculose notificados e incluídos no SINAN geram um banco de


dados específico, que pode ser exportado para o formato DBF, situado no subdiretório
C:\sinanw\tabwin\itube.dbf. Esse arquivo poderá ser usado para tabulação dos dados de
tuberculose em outros softwares (ex. epiinfo, tabwin, etc). Entretanto, cabe ressaltar que a
comparação de resultados de tabulações efetuadas por diferentes softwares deve pressupor
o emprego dos mesmos critérios (seleção dos mesmos campos e categorias).
Observação: São necessárias avaliações periódicas do preenchimento dos campos
da notificação/investigação e do acompanhamento dos casos, visando a detectar e a
corrigir campos essenciais à avaliação epidemiológica e operacional não preenchidos ou
inconsistentes.

5.2 A VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA DA TUBERCULOSE


O controle, a eliminação e a erradicação das doenças transmissíveis se realizam por
meio de processos políticos, sociais e econômicos, usando medidas técnico-científicas. Esse
método é chamado Vigilância Epidemiológica. O conceito de vigilância epidemiológica é
simplificado, mas de clareza ímpar: “informação para ação”. A detecção precoce de surtos
e a imediata adoção de medidas de controle exigem rapidez de um sistema de vigilância.
A tuberculose não apresenta, habitualmente, um comportamento epidêmico, pela maior
lentidão da reprodução bacilar. No entanto, não há por que deixar de aplicar sobre esta
enfermidade os procedimentos adotados nas doenças transmissíveis agudas, considerando,
evidentemente, suas peculiaridades.

A vigilância epidemiológica é composta de três ações básicas:


 a identificação e a notificação de um caso da doença;
 a investigação epidemiológica;
 mas medidas específicas.
A descoberta de um caso de tuberculose numa dada região deve desencadear três
ações imediatas:
1. A notificação do caso para as autoridades sanitárias da área (vide ficha de
notificação – Anexo I);
2. O tratamento com quimioterápicos com a finalidade de reduzir a carga bacilar do
doente como fonte de infecção e curá-lo;
3. O exame dos contatos.

119
ATENÇÃO À SAÚDE DO ADULTO – TUBERCULOSE

Os dados de notificação e de investigação epidemiológica de cada caso de tuberculose


diagnosticado nas US são registrados na Ficha de Notificação / Investigação de Tuberculose.
O acompanhamento do caso – por meio de baciloscopias de controle – a atualização de
informações e seu encerramento na US são feitos por meio do preenchimento do Boletim
de Acompanhamento de Casos de Tuberculose e dos demais impressos do PNCT.
Também se impõe a investigação epidemiológica das pessoas que tiveram contato
com o caso diagnosticado, especialmente os coabitantes. Além disso, cada detecção
implica busca ativa incessante na comunidade de outras fontes de infecção da doença
esperada para a região, examinando-se o número de sintomáticos respiratórios “crônicos”
correspondente para descobrí-las.

Avaliação epidemiológica
As autoridades sanitárias e as equipes de saúde (nas unidades comuns ou de saúde
da família) de posse de um conjunto de notificações, organizam estes dados em indicadores
e com estas informações avaliam o impacto determinado pelas medidas de controle:

 coeficiente de incidência de tuberculose pulmonar confirmada por baciloscopia;


 coeficiente de incidência de todas as formas de tuberculose;
 coeficiente de incidência de meningoencefalite tuberculosa no grupo de 0-4 anos;
 coeficiente de mortalidade por tuberculose.

Nota: No caso da tuberculose, a influência da situação socioeconômica sobre


o comportamento da doença dificulta a avaliação do resultado das ações de controle.
Conseqüentemente, para atribuir-se um determinado resultado ao emprego dessas ações,
é necessário que os efeitos sejam significativos e ocorram em prazo relativamente curto.

5.3 SITES INTERESSANTES

 www.saude.gov.br

 www.saude.com.br

 www.saude.mg.gov.br

 www.saudeemmovimento.com.br

 www.cosemsmg.org.br

 www.sbpt.org.br

 www.gerais.mg.gov.br/sistema/index.asp

 www.funasa.gov.br

120
5.4 INDICADORES, PARÂMETROS E FONTES PARA MONITORAMENTO

INDICADORES SELECIONADOS – AVALIAÇÃO, PLANEJAMENTO E REORIENTAÇÃO DE AÇÕES DE VIGILÂNCIA/TUBERCULOSE

Motivo da Campo /
Indicador Fórmula de Cálculo Fonte Periodicidade
GRS

Inclusão Variável
Unidade
Estadual

Município
Secretaria

Taxa de Nº de casos novos de TB bacilifera em determ. local e Verificar Livro Preto ou Trimestral,
incidência de período x 100.000 h indiretamente o ficha de notific. semestral e X X X
TB bacilífera População no mesmo local e período risco de adoecer SINAM anual

Nº de casos novos de TB encerrados por cura em determ. Verificar eficiência Mensal, avaliando
Livro Preto e
Percentual de local e período x 100 do tratamento e as coortes
Branco ou ficha X X X X
cura de TB Total de casos novos de TB diagnosticados no alcançar as metas iniciadas 9,12 ou
de notif. SINAM
mesmo local e período do PCT 15 meses antes (*)

121
Taxa de Nº de óbitos por TB em determinado local e período Saber o risco de
mortalidade por x 100.000 h morte p/ TB na SIM Anual X X X
TB População total no mesmo local e período localidade

Informe dos Pelo menos uma


Cobertura do Proporção de municípios com PCT no Estado/Região x 100 Dimensionar
munic. às vez a.a. ou sempre
PCT no a extensão da X X
Total de municípios do Estado/Região instâncias que houver
Estado/Região cobertura
superiores mudança

Percentual de
Avaliar importância
casos de TB Nº de casos de TB/HIV/Aids x 100 Livro Preto ou Semestral
da coinfecção na X X X X
associados a Total de casos de TB diagnosticados SINAN – Aids /Anual
tuberculose
HIV/Aids

Percentual de Nº de casos novos de TB (BK+) curados no mesmo Avaliar a efetividade Livro Preto e Mensal, avaliando
casos novos TB local e período x 100 do tratamento Branco ou ficha as coortes iniciadas
X X X X
(BK+) curados Total de casos novos de TB de todas as formas curados no com controle de notificação 9,12 ou 15 meses
comprovados mesmo local e período baciloscopico do SINAN antes (*)
A VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA E O SISTEMA DE INFORMAÇÃO
Percentual de
Nº de casos novos sem informação de result. de tratamento Avaliar o Mensal, avaliando
casos novos
no mesmo local e período x 100 cumprimento Livro Preto ou as coortes
sem informação X X X X
Total de casos novos diagnosticados no mesmo local e da organização SINAN iniciadAs 9,12 ou
de resultado de
período administrativa 15 meses antes (*)
tratamento

Proporção de
Nº de casos de TP entre X 100 Avaliar a Livro Preto
casos de TP
prevalência da ou ficha de
entre os casos Total de casos de TB de todas as formas no mesmo Mensal X X X X
forma pulmonar: notificação do
de TB de todas local e período gerenciar SINAN
as formas

Proporção
de casos
Livro Preto e
de TP com Nº de casos de TP com baciloscopia não realizada Avaliar o
Branco ou ficha
baciloscopia gerenciamento das Mensal X X X X
Total de casos de TP no mesmo local e período de notificação
não realizada normas do PCT
do SINAN
entre o total de
casos de TP

122
ATENÇÃO À SAÚDE DO ADULTO – TUBERCULOSE

Nº de casos novos de TP (BK+) encerrados por abandono Avaliar a adesão Livro Preto Mensal, avaliando
Percentual de
em determinado local e período x 100 ao tratamento e ou ficha de as coortes
abandono em X X X X
Total de casos novos de TP (BK+) diagnosticados no gerenciamento do notificação do iniciadas 9,12 ou
TP (BK+)
mesmo local e período PCT SINAN 15 meses antes (*)

Proporção de Nº de casos de TB em que é realizado o Avalia a coinfecção Livro Preto e


casos em que teste de anti-HIV x 100 e a qualidade dos Branco ou ficha Trimestral ou
X X X X
é realizado o Total de casos de TB diagnosticados no programas TB e de notificação Semestral
teste para HIV mesmo local e período Aids do SINAN

Taxa de
incidência de Nº de casos novos de TB de todas as formas em Avaliar a magnitude
tuberculose por determinado local e período x 100.000 h da doença / Livro Preto ou Trimestral,
X X X X
todas as formas População no mesmo local e período tendência da SINAN Semestral e Anual
(por sexo e endemia
grupo etário)
Verificar
Incidência de Nº de casos de Meningite por TB em < de 5 anos x 100.000 indiretamente
meningite por a cobertura
População < de 5 anos no mesmo local e período SINAN-Meningite Anual X X X X
TB em < de 5 e eficácia da
anos vacinação por
BCG

Cadastro de Pelo menos uma


Proporção de Total de US integradas ao PCT no Município/Estado Dimensionar
unidades por ano ou sempre
US integradas cobertura do X X X
Total de US do Município/Estado municipais do que houver
ao PCT PCT
SUS mudança

Proporção de
Nº de baciloscopias positivcas para dignóstico x 100 Livro Preto e
baciloscopias Relação entre
Branco ou ficha
positivas entre Total de baciloscopias realizadas p/ diagósticos no mesmo casos de BK+ e Mensal X X
de notificação do
as realizadas local e período SR examinados
SINAN
para diagnóstico

Índice da
Nº de contados examinados Análise da
relação SINAN ou

123
vigilância e Trimestral X X
contatos/casos Nº de de casos diagnosticados prontuário
divulgação
examinados

Livro preto
Percentual de Nº de casos de TB em tratamento supervisionado x 100 Avaliar a
ou ficha de
Tratamento Total de casos de TB diagnosticados no mesmo local e implantação do Mensal X X X X
notificação do
Supervisionado período DOTS
SINAN

TB – Tuberculose
TP – Tuberculose pulmonar
BK+ – Caso pulmonar com baciloscopia positiva
(*) – Avaliação separada seungo coortes de tratamento supervisionado e auto-administrado
Livro preto – Livro de registro e controle de tratamento dos casos de tuberculose
Livro branco – Livro de registro da baciloscopia e de cultura para diagnóstico e controle de tuberulose
SINAM – Sistema Naiconal de Agravos de Notificação
A VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA E O SISTEMA DE INFORMAÇÃO
ATENÇÃO À SAÚDE DO ADULTO – TUBERCULOSE

5.5 A PLANILHA DE PROGRAMAÇÃO LOCAL

Saúde do Adulto – Tuberculose

RESULTADO ATIVIDADE PARÂMETRO

Realizar campanhas de conscientização da


Campanhas quadrimestrais
equipe de saúde e da comunidade para
realizadas.
detecção dos sintomáticos respiratórios.
100% dos sintomáticos
Identificar todos os sintomáticos respiratórios respiratórios que
Vigilância de todos que freqüentarem a UBS por qualquer motivo. freqüentarem a UBS
identificados.
os sintomáticos
100% dos sintomáticos
respiratórios da área Realizar busca ativa de todos os sintomáticos
respiratórios da área adstrita
de abrangência da respiratórios na região adstrita e comunidades
e de comunidades fechadas
UBS reclusas.
identificados.
100% dos sintomáticos
respiratórios registrados com
Registrar em livro próprio todos os sintomáticos
nome, endereço completo
respiratórios identificados.
e resultado de exames
solicitados.
Realizar campanhas de conscientização dos
Campanhas quadrimestrais
profissionais de saúde para solicitação do teste
realizadas.
de baciloscopia.
100% dos adultos
Realizar consulta para todos os adultos
sintomáticos respiratórios
sintomáticos respiratórios.
realizam consulta
100% dos sintomáticos
Solicitar teste de baciloscopia em todos os respiratórios identificados
adultos sintomáticos respiratórios identificados. realizam teste de
baciloscopia.
Registrar no Livro de Registro de Baciloscopias 100% dos exames realizados
(Livro Branco) o resultado do exame. registrados.
100% dos exames positivos
Identificação de Monitorar o repasse de informação sobre os
informados à UBS nas
todos os adultos testes positivos de baciloscopia, até 24 horas
primeiras 24 horas após a
com tuberculose após a sua realização, dos Laboratórios à UBS.
sua realização.
100% dos adultos
Realizar RX Tórax em todos os adultos
sintomáticos respiratórios
sintomáticos respiratórios.
realizam RX Tórax.
100% dos adultos
Realizar PPD em todos os adultos sintomáticos
sintomáticos respiratórios
respiratórios, quando das baciloscopias
realizam PPD, nessas
negativas, Rx sugestivos e TB extrapulmonar.
situações.
Preencher corretamente a ficha de notificação 100% dos casos com
para todo caso confirmado. notificação preenchida.
100% dos adultos
Registrar no Livro Preto todos os adultos
diagnosticados e em
diagnosticados e em tratamento na US.
tratamento na US registrados.

124
A VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA E O SISTEMA DE INFORMAÇÃO

RESULTADO ATIVIDADE PARÂMETRO

100% dos adultos


com tuberculose
Realizar consultas mensais para cada paciente
realizam consultas de
até o término do tratamento.
acompanhamento médico,
no mínimo, mensal.
Fornecer a medicação para cada paciente de 100% da medicação prescrita
acordo com o esquema prescrito até o término fornecida ao paciente até o
do tratamento. término do tratamento.
Realizar tratamento supervisionado para todos 100% dos adultos com tuberculose
Acompanhamento e os adultos com tuberculose. realizam tratamento supervisionado.

tratamento de todos 100% dos pacientes com oferta do


Ofertar o teste de detecção de HIV.
os adultos com teste.
tuberculose 100% dos adultos com
tuberculose pulmonar
Solicitar o exame de baciloscopia. realizam baciloscopia, no
mínimo, no 2º, 4º e 6º mês
de tratamento.
100% dos pacientes
atendidos nas consultas
Preencher a ficha de acompanhamento mensal
subseqüentes com ficha de
para todo paciente a cada atendimento.
acompanhamento mensal
preenchidas.
100% dos adultos
Identificar todos os adultos com tuberculose
com tuberculose MDR
MDR.
identificados.
Acompanhamento de
todos os adultos
100% dos adultos
com tuberculose
Encaminhar para o serviço de referência todos com tuberculose MDR
MDR
os adultos com tuberculose MDR. encaminhados para o serviço
de referência.

125
ATENÇÃO À SAÚDE DO ADULTO – TUBERCULOSE

RESULTADO ATIVIDADE PARÂMETRO

100% dos pacientes


Realizar consulta médica de encerramento
submetidos a consulta
dos casos para todos os pacientes, no final do
médica de encerramento dos
Encerramento dos tratamento.
casos no final do tratamento.
casos
Preencher a ficha de acompanhamento mensal 100% dos casos encerrados
com os dados de “Encerramento do Caso” e com notificação realizada e
encaminhá-la para epidemiologia. encaminhada.
Realizar consulta médica de todos os contatos de 100% dos contatos realizam
adultos com tuberculose pulmonar. consulta médica.
100% dos contatos realizam
Realizar RX Tórax de todos os contatos.
RX Tórax.
100% dos contatos
Realizar baciloscopia de todos os contatos
Controle de sintomáticos respiratórios
sintomáticos respiratórios.
contatos de adultos realizam baciloscopia.
com tuberculose Realizar tratamento e acompanhamento 100% de todos os contatos
pulmonar e de todos os contatos com diagnóstico de com diagnóstico confirmado
prevenção da tuberculose confirmado recebem tratamento.
tuberculose
100% dos contatos com
Realizar quimioprofilaxia de todos os contatos
situações de risco realizam
com situações de risco.
quimioprofilaxia.
100% dos recém-nascidos
Vacinar todos os recém-nascidos com vacina
vacinados
BCG
com BCG.

126
VI. ANEXOS: FORMULÁRIOS
PADRONIZADOS PELO MINISTÉRIO
DA SAÚDE E SECRETARIA ESTADUAL
DE SAÚDE DE MINAS GERAIS
ANEXO I
INSTRUÇÕES PARA O PREENCHIMENTO
FICHA DE NOTIFICAÇÃO/ INVESTIGAÇÃO - SINAN WINDOWS
Nº – Anotar o número da notificação atribuído pela unidade de saúde para desempregado. O ramo de atividade económica do paciente refere-se
identificação do caso (ex.: número do registro na unidade de saúde, número às atividades económicas desenvolvidas nos processos de produção
do prontuário). CAMPO DE PREENCHIMENTO OBRIGATÓRIO. do setor primário (agricultura e extrativismo); secundário (indústria) ou
1. Este campo identifica o tipo de notificação, a informação necessária à terciário (serviços e comércio).
digitação. Não é necessário preenchê-lo. Preencher com o nome da ocupação e o ramo da atividade econômica
2. Anotar a data da notificação: data de preenchimento da ficha do paciente (ex.:metalúrgico, indústria de autopeças).
de notificação/investigação. CAMPO DE PREENCHIMENTO 28. Preencher com o código correspondente a situação de entrada do
OBRIGATÓRIO. paciente na unidade de saúde. O item TRANSFERÊNCIA se refere
3. Preencher com o nome completo do município, ou código correspondente àquele paciente que comparece a esta unidade de saúde para dar
segundo cadastro do IBGE, onde está localizada a unidade de saúde continuidade ao tratamento iniciado em outra unidade de saúde, desde
(ou outra fonte notificadora) que realizou a notificação. CAMPO DE que não tenha havido interrupção do uso da medicação por mais de
PREENCHIMENTO OBRIGATÓRIO. 30 dias. Neste último caso, o tipo de entrada deve ser “Reingresso após
4. Preencher com o nome completo da unidade de saúde (ou outra abandono”. Os conceitos de “Caso Novo” e “Recidiva” estão referidos
fonte notificadora) ou código correspondente segundo cadastro no Manual de Normas Técnicas da Tuberculose. A opção “Não
estabelecido pelo SINAN que realizou a notificação do caso. CAMPO Sabe” deve ser assinalada quando o paciente não souber fornecer
DE PREENCHIMENTO OBRIGATÓRIO. informações. CAMPO DE PREENCHIMENTO OBRIGATÓRIO.
5. Nome do agravo/doença, ou código correspondente estabelecido pelo 29. Preencher com o código correspondente o resultado da teleradiografia
SINAN (CID 10), que está sendo notificado. de tórax ou abreugrafia (o código 3 diz respeito a outras alterações que
6. Anotar a data em que foi realizado o diagnóstico do caso. CAMPO DE não são compatíveis com a tuberculose) por ocasião da notificação.
PREENCHIMENTO OBRIGATÓRIO. 30. Preencher com o código correspondente o resultado do teste
7. Preencher com o nome completo do paciente (sem abreviações). tuberculínico por ocasião da notificação:
8. Preencher com a data de nascimento do paciente (dia/mês/ano) de 1 - Não-reator (0 – 4 mm)
forma completa. 2 - Reator fraco (5 – 9 mm)
9. Anotar a idade do paciente somente se a data de nascimento for 3 - Reator forte (10 mm ou mais)
desconhecida (ex.: 20 dias = 20 D; 3 meses = 3 M; 26 anos = 26 A). 4 - Não realizado
Se o paciente não souber informar sua idade, anotar a idade aparente. 31. Preencher com o código correspondente segundo a forma clínica
OBS: Se a data de nascimento não for preenchida, a idade será da tuberculose (pulmonar exclusiva, extrapulmonar exclusiva ou
CAMPO DE PREENCHIMENTO OBRIGATÓRIO. pulmonar + extrapulmonar) por ocasião da notificação. CAMPO DE
10. Preencher segundo a categoria referente ao sexo do paciente (M = PREENCHIMENTO OBRIGATÓRIO.
masculino, F = feminino e I = ignorado). 32. Preencher com o código correspondente à localização extrapulmonar
11. Preencher com o código correspondente à cor ou raça declarada da tuberculose nos casos em que o paciente apresente a forma clínica
pela pessoa: l) Branca; 2) Preta; 3) Amarela (compreendendo-se igual a 2 ou 3. O item OUTRAS se refere às formas extrapulmonares
nesta categoria a pessoa que se declarou de raça amarela); 4) Parda que não estão listadas no campo da ficha. Caso o paciente apresente
mais de uma localização extrapulmonar, preencher a segunda caseia
(incluindo-se nesta categoria a pessoa que se declarou mulata, cabocla,
do campo. CAMPO DE PREENCHIMENTO OBRIGATÓRIO,
cafuza, mameluca ou mestiça de preto com pessoa de outra cor ou
QUANDO 31 = 2 OU 3.
raça); 5) Indígena (considerando-se nesta categoria a pessoa que se
33. Preencher com o código correspondente do agravo presente no
declarou indígena ou índia).
momento da notificação do caso.
12. Preencher com o código correspondente ao número de anos de estudo
34. Preencher com o código correspondente o resultado da baciloscopia
concluídos. A classificação é obtida em função da série e do grau que
de escarro para BAAR (bacilo álcool-ácido resistentes) realizada
a pessoa está frequentando ou frequentou considerando a última série
em amostra para diagnóstico. CAMPO DE PREENCHIMENTO
concluída com aprovação. A correspondência é feita de forma que cada
OBRIGATÓRIO.
série concluída com aprovação corresponda a um ano de estudo, (ex.:
35. Preencher com o código correspondente o resultado da baciloscopia
Paciente cursou 4 anos, porém não concluiu o último ano, portanto o
de outro material para BAAR realizada em amostra para diagnóstico.
paciente deverá ser incluído na categoria de l a 3). Este campo não se
36. Preencher com o código correspondente o resultado da cultura de
aplica para paciente com idade inferior a 7 anos.
escarro para M tiiberculosis realizada cm amostra para diagnóstico.
13. Preencher com o número do CARTÃO ÚNICO do Sistema Único de
CAMPO DE PREENCHIMENTO OBRIGATÓRIO.
Saúde ( SUS).
37. Preencher com o código correspondente o resultado da cultura de outro
14. Preencher com o nome completo da mãe do paciente (sem
material para M. tuberculosis realizada em amostra para diagnóstico.
abreviações).
38. Preencher com o código correspondente o resultado da. sorologia para
15. Anotar o tipo (avenida, rua, travessa, etc.), nome completo ou código
o vírus da imunodcficiencia adquirida (H I V).
correspondente do logradouro da residência do paciente. Se o paciente
39. Preencher com o código correspondente o resultado do exame
for indígena anotar o nome da aldeia.
histopatológico para diagnóstico de TB (biópsia).
16. Anotar o número do logradouro da residência do paciente (ex.: n.° 575) 40. Preencher com a data de início do tratamento atual na unidade de
17. Anotar o complemento do logradouro (ex.: bloco B, apto 402, lote 25, saúde que está notificando o caso.
casa 14, etc.). 41. Preencher com o código correspondente as drogas que estão sendo
18. Anotar o ponto de referenda para localização da residência do paciente utilizadas no esquema de tratamento prescrito. Listar no quadro
(perto da padaria do João). OUTRAS as drogas utilizadas nos esquemas alternativos (ex.:
19. Anotar a sigla da unidade federada da residência do paciente (ex : DF). OFLOXACINA + RIFABUTINA).
20. Anotar o nome do município (ou código correspondente segundo 42. Preencher com o código correspondente se o paciente está em
cadastro do IBGE) da residência do paciente. tratamento supervisionado para a tuberculose (conforme norma do
21. Anotar o nome do bairro (ou código correspondente segundo cadastro PNCT/MS).
do SINAN) de residência do paciente. 43. Informar se o paciente adquiriu a doença em decorrência do processo
22. Anotar o código de endereçamento postal do logradouro (avenida, de trabalho, determinada pêlos ambientes ou condições inadequadas
rua, travessa, etc.) da residência do paciente (ex.: CEP: 70036-030). de trabalho (contaminação acidental, exposição ou conta to dircto).
23. Telefone do paciente. OBS. : informar as observações necessárias para complementar a
24. Zona de residência do paciente (ex.:l = área com características investigação.
estritamente urbana; 2 = área com características estritamente rural; 3 44. Informar o nome do município/unidade de saúde responsável por esta
= área rural com aglomeração populacional que se assemelha à uma investigação.
área urbana). 45. Informar o código da unidade de saúde responsável por esta
25. Anotar o nome do país de residência quando o paciente notificado investigação.
residir em outro país. 46. Informar o nome completo do responsável por esta investigação (ex.:
26. Preencher com o numero do prontuário do paciente na unidade de Mário José da Silva).
saúde onde se realiza o tratamento. 47. Informar a função do responsável por esta investigação (ex.:
27. Informar a atividade exercida pelo paciente no setor formal, informal enfermeiro).
ou autónomo ou sua última atividade exercida quando paciente for 48. Registrar a assinatura do responsável por esta investigação.
ANEXO II

República Federativa do Brasil


SISTEMA NACIONAL DE AGRAVOS DE NOTIFICAÇÃO
Ministério da Saúde
RELATÓRIO DE TUBERCULOSE
SES

Boletim de acomapnhamento de casos de tuberculose por minicípio de atendimento atual


Município de atendimento atual:

Unidade de saúde atual:

Nº da Data de Data de Nº de Cultura Cultura


Bacilosc. Bacilosc. Bacilosc. Situação Situação Situação Dt. de
notificação notificação Nome mudança contatos de outro de outro HIV Histopat. Observações
2º mês 4º mês 8º mês 9º mês 12º mês encerram. encerram.
atual atual do trat. examinados escarro material

Cultura de escarro, Cultura de outro material, HIV: 1- Positiva; 2- Negativa; 3- Em andamento; 4 - Não realizada
Baciloscopia do 2º mês/4º mês/ 6º mês: 1- Positiva; 2- Negativa; 3- Não realizada
Histopatologia: 1- BAAR positiva; 2- Sugestivo de TB; 3- Não sugestivo de TB; 4- Em andamento; 4 - Não realizada
Situação no 9º mês (preenhcer p/ todos os casos, exceto menin gite, exclusiva ou não): 1- Cura; 2- Abandono; 3 - Óbito; 4 - Transferência; 5 - Mudança de diagnóstico; 6 - Mudança de esq. por into./toxici. (cont. em
trat. mas com outro esq.); 7 - Continua em tratamento (com esq. inicial); 8 - Falência (cont. em trat. com outro esq.)
Situação no 12º mês (p/ miningite, exclusvia ou não): 1- Cura; 2- Abandono; 3 - Óbito; 4 - Transferência; 5 - Mudança de diagnóstico; 6 - TB Multirristente e (resultado do teste de sensibilidade
Data do encerramento: Data da cura, óbito, transferência, mundaça de diagnóstico ou de resultado do teste de sensibilidade (TB multirresistente)
Data de mudança de tratamento: Preencher quando trat. inicial substituído deviso à toxicidade ou falência
ANEXO III

SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DE MINAS GERAIS


SUPERINTENDÊNCIA DE ATENÇÃO À SAÚDE ACAMPANHAMENTO MENSAL DE
GERÊNCIA DE NORMALIZAÇÃO DA ATENÇÃO À SAÚDE TUBERCULOSE
COORDENADORIA ESTADUAL DE PNEUMOLOGIA
01 - MUNICÍPIO DE ATENDIMENTO ATUAL: CÓDIGO (IBGE) 02 - Nº DE NOTIFICAÇÃO

03 - UNIDADE DE SAÚDE ATUAL: CÓDIGO MICROÁREA 04 - OCORREU HOSPITALIZAÇÃO:


1- Sim 2 - Não 09 - Ignorado
NOME: KG/PESO:
PRONTUÁRIO: Nº CARÃO SUS:

ENDEREÇAO-LOGRADOURO: NÚMERO: COMPLEMENTO

BAIRRO: DISTRITO: MUNICÍPIO:

05 - BACILOSCOPIA 2º MÊS 06 - BACILOSCOPIA 4º MÊS 07- BACILOSCOPIA 6º MÊS OU ENCERRAMENTO


1- POSITIVA: 1- POSITIVA: 1- POSITIVA:
2- NEGATIVA: 2- NEGATIVA: 2- NEGATIVA:
3- NÃO REALIZADA: 3- NÃO REALIZADA: 3- NÃO REALIZADA:
08 - DATA DE MARCAÇÃO DE TRATAMENTO 09 - Nº DE CATACTANTES EXAMINADOS 10 - DATA DE ATENDIMENTO:

11 - SITUAÇÃO ATUAL:
1 - CURA 3 - ÓBITO 5 - MUNDAÇA DE DIAGNÓSTICO 7 - CONTINUA TRATAMENTO
2 - ABANDONO 4 - TRANSFERÊNCIA 6 - MUDANÇA DE ESQUEMA TERAPÊUTICO POR INTOLERÂNCIA 8 - FALÊNCIA
EM CASO DE TRANSFERÊNCIA-UNIDADE: CÓDIGO:

12 - DATA DE ENCERRAMENTO 13 - SITUAÇÃO NO ENCERRAMENTO


1 - CURA 3 - ÓBITO 5 - MUNDAÇA DE DIAGNÓSTICO 7 - CONTINUA TRATAMENTO
2 - ABANDONO 4 - TRANSFERÊNCIA 6 - MUDANÇA DE ESQUEMA TERAPÊUTICO POR INTOLERÂNCIA 8 - FALÊNCIA
MÊS ENC. 14 - MEDICAMENTOS: Indicar a quandiade mensal da medicação prescrita OUTROS:
S ET RH Z RLSWP
QUANTIDADE:
E H RH 1/2 dose Z XPE

OBSERVAÇÕES (ANOTAR RESULTADOS DE EXAMES DURANTE O TRATAMENTO):

Assinatura e carimbo do responsável


ANEXO IV

SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE


SUPERINTENDÊNCIA DE ATENÇÃO À SAÚDE
GERÊNCIA DE NORMALIZAÇÃO DA ATENÇÃO À SAÚDE
COORDENADORIA ESTADUAL DE PNEUMOLOGIA SANITÁRIA

SOLICITAÇÃO PARA INVESTIGAÇÃO BACTERIOLÓGICA DE TUBERCULOSE

Unidade de Saúde .................................................................................................................... Data: .......................

Nome completo: .....................................................................................Idade: ........................ Sexo: .......................

Endereço (Rua, Nº, Bairro) .......................................................................................................................................

Telefone de contato:................................................................................nº de Prontuário ........................................

Tipo de Amostra: 1) Nunca tratado 2) Antes Tratado 3) Recidiva 4) Abandono


(suspeita)

Para Diagnóstico: Em Sintomático Respiratório Rx Anormal 1ª Amostra 2ª Amostra

Para Controle de: 1º 2º 3º 4º 5º 6º Mês de tratamento

Nº de Caso Pede-se Baciloscopia Cultura

Solicitante: .............................................................. Observações: ............................................................................


(Ass. e Carimbo)

RESULTADOS:

Baciloscopia: Positiva Negativa Nº de Registro ...................Data: ____/ ____/ ____

Cultivo:: Positiva Negativa Nº de Registro ...................Data: ____/ ____/ ____

Ass. do laboratorista: ................................................................................................................................................


ANEXO V

LIVRO DE REGISTRO DE BACILOSCOPIA E DE CULTURA PARA DIAGNÓSTICO E CONTROLE DA TUBERCULOSE

RESULTADO POR TIPO DE EXAME

SEXO

NOME
UNIDADE
D ESAÚDE
MATERIAL

MUNICIPIO
BACILOSCOPIA CULTURA

ENDEREÇO
OBSEVAÇÃO

DATA EXAME
PRONTUÁRIO

Nº DE ORDEM
Diagnóstico Controle Diagnóstico Controle

DATA NASC./IDADE
1ª 2ª 1ª 2ª
Mês Resultado Mês Resultado
amostra amostra amostra amostra
LIVRO DE REGISTRO DE BACILOSCOPIA E DE CULTURA PARA DIAGNÓSTICO E CONTROLE DA TUBERCULOSE
Os laboratórios integrados ou vinculados à Rede Nacional de Laboratórios de Saúde Pública devem ter um sistema de registro interno que permita: (l) fornecer o resultado do exame ao
solicitante; (2) registrar e avaliar o trabalho diário realizado e (3) fornecer informações indispensáveis para o programa do controle da tuberculose e para a rede de laboratórios.
Este livro de registro de baciloscopia e de cultura deverá ser utilizado por toda a unidade de saúde que realizar somente baciloscopia (mas que poderá enviar material clinico para a
cultura) e laboratórios que realizarem, tanto a baciloscopia quanto a cultura, para diagnóstico e controle da tuberculose. Esta proposta pretende adequar e uniformizar as informações
obtidas no laboratório, para melhor utilização dos dados produzidos no programa de controle da tuberculose. As informações contidas aqui são confidenciais e devem ser cuidadosamente
protegidas contra danos e extravios.
Dos dados deste livro, será feito um consolidado mensal que informará ao coordenador de tuberculose da unidade de saúde, ou na falta deste, ao coordenador municipal ou estadual,
os números de pacientes sintomáticos respiratórios examinados que forem positivos e/ou negativos à baciloscopia ou à cultura. Alem disso, será feita uma listagem nominal dos pacientes
positivos, utilizando o “Informe mensal do laboratório ao programa” para que seja comparada com Livro de Registro e Controle de Tratamento dos Casos de Tuberculose das unidades de
saúde que solicitarem os exames. Estes dados poderão ser armazenados no programa de computação intitulado SILTB (Sistema de Informação Laboratorial da Tuberculose) e distribuído
gratuitamente pelo Centro de Referência Professor Hélio Fraga* da Fundação Nacional de Saúde.

Para preencher as colunas do livro de registro: Cultura: relativo aos exames de isolamento do bacilo da tuberculose
Nome: nome completo do paciente Diagnóstico: relativo aos exames para diagnóstico de tuberculose
Sexo: M (masculino) F (feminino) 1ª amostra: relativa ao primeiro exame para diagnóstico de tuberculose
Data de nasc./idade: colocar dia, mês e ano ou a Idade se o paciente não relatar a data 2.ª amostra: relativo ao segundo exame para diagnóstico de tuberculose
exata de nascimento Controle: relativo aos exames para acompanhamento do tratamento de tuberculose
Endereço: rua, travessa, avenida, quadra, bloco, lote ou gleba e o número da habitação Mês: relativo ao mês do tratamento de tuberculose
do paciente Resultado: relativo ao resultado do exame para acompanhamento do tratamento de
Município: município de residência do paciente tuberculose.
Unidade de saúde: nome completo da unidade de saúde requisitante do exame Para a cultura utilizar as seguintes anotações:
Prontuário: número de matrícula do paciente na unidade de saúde requisitante NR – não realizada
Nº de ordem: número sequencial usado para identificar o material clínico recebido pelo neg – sem crescimento no meio de cultura
laboratório C – contaminado
Data exame: dia, mês e ano em que se iniciaram os procedimentos laboratoriais relativos EA (em andamento) - resultado provisório para indicar que o exame não foi concluído
ao exame (+) – de 20 a 100 colônias
Resultados por tipo de exame: (++) – mais de 100 colônias separadas
Baciloscopia: relativo aos exames microscópicos (+++) – colônias confluentes
Diagnóstico: relativo aos exames para diagnóstico de tuberculose Material: relativo ao tipo de material clínico (escarro, lavados gástrico, brônquico,
1ª amostra: relativa ao primeiro exame para diagnóstico de tuberculose bronco-alveolar. tráqueo-brônquico, broncoaspirado, urina, gânglio, sangue, aspirado de
2ª amostra: relativa ao segundo exame para diagnóstico de tuberculose medula óssea, biópsia e outros)
Controle: relativo aos exames para acompanhamento do tratamento de tuberculose Observação: relativo aos comentários pertinentes às observações relevantes não
Mês: relativo ao mês do tratamento de tuberculose especificados em outros campos
Resultado: relativo ao resultado do exame para acompanhamento do tratamento de *Centro de Referência Prof. Hélio Fraga
tuberculose
Estrada de Curicica, 2000 – Jacarepaguá – Rio de Janeiro – RJ
Preencher resultados da baciloscopia, usando as seguintes notações:
Neg –negativo ou de 1 a 4 bacilos em 100 campos examinados CEP:22710-550
(+) – menos de 1 bacilo em 100 campos examinados Telefone: (21) 445 6848
(++) – de 1 a 10 bacilos em 50 campos examinados Telefax:(21)4414715
(+++) – mais de 10 bacilos em 20 campos examinados E-mail: labtb@gbl.com.br
NR - não realizado
ANEXO VI
SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DE MINAS GERAIS MÊS ANO
SUPERINTENDÊNCIA DE ATENÇÃO À SAÚDE
GERÊNCIA DE NORMALIZAÇÃO DA ATENÇÃO À SAÚDE HISTÓRICO DA Dispensa MENSAL DE
COORDENADORIA ESTADUAL DE PNEUMOLOGIA SANITÁRIA TUBERCULOSTÁTICOS

GRS:

MUNICÍPIO: MEDICAÇÃO DISPENSADA


QUANTIDADE/MÊS
UNIDADE DE SAÚDE:
Indicar a letra:
Indicar a letra: Z RI RH
N -Notificação Nome do
Nº DATA I = internado S E ET H RH Z frs. frs. 1/2
A -Acompanhamento Paciente
A = ambulatório Xarope Susp. dose
Q = quimioprofilaxia

Nº DE PACIENTES EM QUIMIOPROFILAXIA: TOTAL: TOTAL: TOTAL: TOTAL: TOTAL: TOTAL: TOTAL: TOTAL: TOTAL:

Nº DE NOTIFICAÇÕES DO MÊS:
______ ______ ______ ______ ______ ______ ______ ______ ______
Nº TOTAL DE PACIENTES EM TRATAMENTO:
ASSINATURA DO RESPONSÁVEL:
ANEXO VII ANO:
SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DE MINAS GERAIS MÊS:
SUPERINTENDÊNCIA DE ATENÇÃO À SAÚDE
GERÊNCIA DE NORMALIZAÇÃO DA ATENÇÃO À SAÚDE
COORDENADORIA ESTAUDAL DE PNEUMOLOGIA SANITÁRIA

MOVIMENTO MENSAL DOS MEDICAMENTOS TUBERCULÓSTÁTICOS

GRS: MUNICÍPIO UNIDADE DE SAÚDE:


Indicar o número de Quandidade
Estoque Estoque Quantiodade
pacientes em uso de mensal por Recebido Distribuído Perdido no Lote
Código Especificação do mês atual solicitada
cada medicação paciente no mês no mês mês Validade
anterior (C) AxBx2–C
(A) (B)

876 Estreptomicina 1g fr.a 30 frs.

1007 Etambutol 400 mg / comp. 90 comp.

4588 Etionamida 250 mg / drágea 90 drágeas

1023 Isoniazida 100 mg / comp. 90 comp.


Isoniazida + Rifampicina
7684 60 cáps.
200 m + 300 mg / cáps.
4855 Pirazinamida 500 mg / comp. 120 cáps.

8494 Pirazinamida xarope 3% fr. 5 frs.

1791 Rifampicina 2% fr. 6 frs.


Isoniazida + Rifampicina
10170 90 comp.
100 m + 150 mg /cáps.
Assinatura do responsável
Nº de notificações novas

Nº pacientes em quimioprofilaxia

Total de pacientes em tratamento


ANEXO VIII
REGISTRO DE PACIENTES E CONTROLE DE TRATAMENTO DOS CASOS DE TUBERCULOSE

UNIDADE DE SAÚDE: UF:


MÊS DE ANO

Identificação Exames de diagnóstico Exames de controle Casos


Tratamento
Forma R Enc. / Alta
Nº Matrícula Bac. clínica Baciloscopia x
Serv. Nome Idade Sexo Cult. PPD Hist. Rx HIV
Observações

Geral 1ª 2ª Tipo Início Esq. 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª 9ª 10ª 11ª 12ª Data Motivo


TB
Plano nacional de controle da tuberculose
Unidade de Saúde: _________Đ UF: ______________________________
Instruções para o Registro de Pacientes de Tuberculose e Controle de Tratamento
Considerações gerais:
Este livro de “Registro e Controle de Tratamento dos Casos de Tuberculose” é um instrumento de informação oficial do Plano Nacional de Controle da Tuberculose (PCT). De caráter confidencial as informações aqui contidas devem ser adequadas e
cuidadosamente protegidas contra danos e extravios. Devem ser registradas apenas as informações dos pacientes que iniciam o tratamento, com seu diagnóstico firmado. Deste livro serão retiradas as informações para a elaboração dos boletins mensais,
trimestrais e anuais e os consoĐ
As informações do mês seguinte poderão ser feitas na mesma folha seguindo a ordem sequencial numérica do mês anterior,Đ
multirresistentes (TBMR), estes devem ser registrados em folha especial para o devido controle.
Como preencher os campos CASOS ENCERRADOS/ALTA
IDENTIFICAÇÃO FORMA CLÍNICA Data Registrar a data da alta (dia, mês e ano).
Matrícula Geral Registrar o número de matrícula do paciente do registro geral da Registrar P+ para tuberculose pulmonar positiva; P- para tuber- Motivo Registrar
unidade. culose pulmonar negativa. Quando não realizada a baciloscopia, Cura C Alto por cura comprovada será dada quando um caso pulmonar
N.° Serv. TB Registrar em ordem sequencial o número de inscrição do caso de assinalar apenas a letra P Nos casos de tuberculose extrapulmonar, inicialmente positivo, ao completar o tratamento (final do 6° mês),
tuberculose no serviço de pneumologia. assinalar a localização de acordo com a seguinte convenção: apresentar o resultado de duas amostras baciloscopias negativas
Nome Registrar o nome completo do paciente. Pl - pleural; Gp - ganglionar periférica; Oa - osteoarticular; (insistir na coleta das duas amostra de escarro).
Idade Registrar a idade do paciente em anos completos; nos menores de Oc - ocular: Gu - genitourinária; Me - meningoencefállca: Ex.: NEG
um ano registrar a idade em meses. Mi - miliar e, 0 -outras localizações NEG
Sexo Assinalar M para masculino e F para feminino. TRATAMENTO CuraNC Alta por cura não comprovada será dado quando, o caso pulmonar
Tipo Registrar Tl para os casos de tratamento inicial (caso novo); inicialmente positivo, ao completa tratamento, não tiver realizado as
EXAMES DE DIAGNÓSTICO
Registrar RR para retratamento de recidiva; Registrar RA para baciloscopias para encerramento do caso.
Baciloscopia Transcrever o resultado da 1° amostra da baciloscopia na primeira
retratamento após abandono e RF para o retratamento nos casos Cura A alta por cura será dada com base em critérios clínico-radiológicos,
coluna e da 2ª amostra na coluna correspondente, de acordo com
de falência. nos casos pulmonares inicialmente negativos ou extrapulmonares,
o seguinte critério: +, ++, +++, para os positivos e NEG para
Início Registrar a data do início do tratamento (dia, mês e ano). Em ao completarem o tratamento.
os negativos.Quando o exame de baciloscopia não for realizado,
caso de paciente transferido, registra-se a data do início do Aband. A alta por abandono de tratamento será dada ao doente que deixou
assinalar com um traço entre parênteses (-).
tratamento na unidade de origem. de comparecer a unidade de saúde, por mais 30 dias consecutivos,
Cultura Transcrever o resultado da cultura assinalando POS para o positivo
Esquema Registrar o esquema utilizado I,I R, II e III. Registrar EE nas unidades após a data aprazada para seu retorno.
e NEG para o negativo. Quando não realizado, assinalar com um
de referência quando forem utilizados esquemas especiais em M. Diag. A alta por mudança de diagnóstico será dada quando constatado
traço entre parênteses (-).
pacientes resistentes aos tuberculostáticos. errode diagnóstico de tuberculose.
PPD Registrar o resultado da prova tuberculínica usando a sigla NR (O a
4 mm) para não-reator; Rf (5 a 9 mm) para reator fraco; RF (10 mm Óbito A alta por óbito será dada quando do conhecimento da morte do

e mais) para reator forte. Quando não realizada, assinalar com um paciente, durante o tratamento e independentemente da causa.

traço entre parentes (-). Fol. A falência deverá ser considerada quando os doentes no início do
EXAMES DE CONTROLE
Histologia Registrar POS quando o resultado do exame histopatológico acusar tratamento são fortemente positivos (++ +++) e mantêm essa
Baciloscopia Registrar o resultado na coluna correspondente ao mês de trata-
a presença de BAAR. situação até o quarto mês tratamento. E também aqueles com
mento em que o exame foi realizado. Transcrever o resultado da
Registrar SUG quando o resultado referir achados sugestivos positividade inicial seguida de negativação e nova positividade por
baciloscopia de acordo com o seguinte critério: +, ++, +++
de tuberculose. Registrar NEG quando os achados não forem dois meses consecutivos, a partir do quarto mês de tratamento.
para os positivos e NEG para os negativos. Quando não-realiza-
sugestivos de tuberculose. NOTA: Quando o caso for encerrado por falência paciente deverá
da, assinalar com um traço entre parênteses (-).
Quando não realizado, assinalar com um traço entra parênteses (-). ser novamente registrado neste livro como caso de retratamento.
RX Registrar X quando for realizado exame radiológico ao final do
RX Registrar S quando as imagens radiológicas forem suspeitas de Tranff. A transferência será dada quando o doente for transferido para
tratamento e traço entre parênteses (-) quando não-realizado.
tuberculose. Registrar OP quando houver imagem sugestiva de outra outro serviço de saúde.

patologia e Registrar N quando o aspecto radiológico for normal. Observações Registrar ocorrências não especificadas, como intolerância ao

Quando o RX não for realizado, assinalar um traço entre parênteses medicamentosa, interrupção do tratamento, irregularidade (justificar)

(-). e outros.

HIV Registrar POS quando o resultado da sorologia para HIV for positvo
e NEG quando negativo. Quando não realizado, assinalar com um
traço entre parênteses (-).
Avaliação do resultado de tratamento estudo de coorte
Avaliação Nos 9°, 12° e 15° meses conforme esquema utilizado

Cura Transfe- Continuação Mudança


Inscritos Abandono Óbito Falência
Tratamento Forma clínica Comprovada N/Comprovada Total rência tratamento esquema
Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº %
Pulmonar positiva 100
Pulmonar s/confirmação 100

Inicial
Extra-Pulmonar 100
Total 100

Retramento após
Pulmonar positiva 100
aband.
Retratamento Pulmonar
100
após cura postiiva
Total 100

TB Pulmonar positiva 100


Associada com
HIV+ ou Aids Pulmonar e outra forma 100

Falência 100

AVALIAÇÃO DO RESULTADO DO TRATAMENTO DE TUBERCULOSE


Estudo de Coorte A avaliação permite conhecer a efetividade do Tratamento. e preencher as quadrículas correspondentes, assim como calcular os
Toda Unidade de Saúde deverá avaliar o resultado dos casos tratados Caso não se esteja obtendo cura igual ou maior que 85%, deve-se percentuais.
pelo estudo de coorte. identificar o(s) fator(es) que determinam esta baixa efetividade para
Para realizar esse estudo é necessário coletar os dados da folha de Tratamento de nove meses
corrigí-los.
registro de pacientes deste livro. Separar os que foram inscritos há doze meses por forma clínica e avaliar
Para o preenchimento das tabelas que compõem o estudo de coorte,
Para os casos de tratamento Inicial (Esquema l) e Retratamento o resultado daqueles que receberam cura, abandono, transferência,
deverão ser registrados a soma de todos os casos cujo tratamento tenham
(Esquema l R) com duração de seis meses a avaliação será feita nove óbito, permaneceram em tratamento, falência de esquema e preencher as
sido iniciados num determinado período, por exemplo: a coorte do 1°
meses após o início do tratamento. Para os casos com HIV+ ou Aids quadrículas correspondentes, assim como calcular os percentuais.
trimestre pode ser feita no mês de abril com os paciente notificados em
(Esquema l Prolongado) e Meningite Tuberculosa (Esquema II) cuja agosto do ano anterior. Tratamento de doze meses
duração é de nove meses, a avaliação será feita doze meses após o início Separar os que foram inscritos há doze meses por forma clínica e avaliar
Tratamento de seis meses
do tratamento. Para os casos de Falência de Tratamento (Esquema III) o resultado daqueles que receberam cura, abandono, transferência,
Separar os que foram inscritos há noves meses passados por forma
cuja duração é de doze meses, a avaliação será feita quinze meses após o óbito, permaneceram em tratamento, falência de esquema e preencher as
clínica e avaliar o resultado daqueles que receberam cura, abandono,
início do tratamento. quadrículas correspondentes, assim como calcular os percentuais.
transferência, óbito, permaneceram em tratamento, falência de esquema
ATENÇÃO À SAÚDE DO ADULTO – TUBERCULOSE

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Tuberculose – guia de vigilância epidemiológica/elaborado


pelo Comitê Técnico – Científico de Assessoramento à tuberculose e Comitê Assessor
para Coinfecção HIV -Tuberculose – Brasília: Ministério da Saúde: Fundação Nacional de
Saúde, 2002.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de


Atenção Básica. Manual técnico para o controle da tuberculose: cadernos de atenção
básica/ Ministério da Saúde – 6 ed.ver. e ampl. – Brasília: Ministério da Saúde, 2002.

DALCOMO, MP; FORTES A; MELO FF; MOTTA R; IDE NETO J; SESISCENTO M;


GERHARDT G. Esquemas alternativos para o tratamento da tuberculose multiresistente.
Bol Pneumol Sanit 1996.

Controle da tuberculose: uma proposta de integração ensino-serviço. 5a edição – Rio de


Janeiro: FUNASA/CRPHF/SBPT, 2002.p 82-96.

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EQUIPE RESPONSÁVEL

COLEÇÃO SAÚDE EM CASA

Organizador

Marco Antônio Bragança de Matos

Consultora

Maria Emi Shimazak

ATENÇÃO À SAÚDE DO ADULTO TUBERCULOSE

Autores

Ailton Cesário Alves Júnior

Cláudia Hermínia Lima e Silva

Edilson Corrêa de Moura

Colaboradores

Benedito Scaranci Fernandes

Miguel Aiub Hijjar

Presidente da SMPT

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