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Sexta,
23
de
julho
de
2010
19:28
Ezio
expõe
em
seu
consultório
fotos
de
pessoas
que
admira
(Foto:
Gabriella
Furquim)
Em
1976,
quando
o
catarinense
Ezio
Flavio
Bazzo
chegou
a
Brasília,
a
cidade
ainda
era
quase
rural.
Apesar
de
ter
sido
atraído
mais
pelas
embaixadas
do
que
por
quadras
e
avenidas,
a
poeirenta
nova
capital
de
certa
forma
o
agradou.
Do
subsolo
da
502
Norte,
Bazzo
escrevia
para
o
jornal
Ordem
do
Universo
–
de
conteúdos
alternaLvos
como
gurus,
ciganos
e
hippies
–
e
planejava
próxima
parada.
Dessa
vez,
iria
à
Cidade
do
México
com
a
mãe
de
seus
dois
filhos,
faria
mestrado
em
psicologia
clínica
e
voltaria
ao
Planalto
em
três
anos.
Os lugares
Depois
veio
doutorado,
pós-‐doutorado,
Barcelona
e
Paris
e
Bazzo
foi
concluindo
que
o
aprendizado
como
viajante
e
a
bagagem
adquirida
como
autodidata
são
verdadeiras
causas
de
transformações
em
seu
intelecto
e
em
seu
ser.
Mais
tarde,
no
consultório
de
psicanálise
do
Centro
Empresarial
Norte
em
Brasília,
o
psicanalista
e
escritor,
ao
mostrar
máscaras
trazidas
de
países
como
Índia,
Germânia,
Nepal
e
China,
diz:
“É
muito
cômodo
estar
aqui
e
todo
mundo
entender
o
que
você
fala
só
que
você
vai
ficando
meio
medíocre.
Quando
está
em
outro
país
e
tem
que
descobrir
os
códigos
e
falar
outro
idioma,
você
arranca
de
si
uma
capacidade
nova”.
Nas
grandes
viagens
feitas
por
Bazzo,
uma
ou
duas
vezes
ao
ano,
ele
sempre
escreve.
Nos
seus
livros,
cidades
não
são
assunto
principal,
mas
funcionam
como
pretexto
para
reflexão
ousada
que
vai
sempre
em
direção
oposta
aos
valores
naturalizados
na
sociedade.
O
autor
deseja
denunciar
“a
mediocrização
das
relações
e
dos
modelos,
predomínio
dos
creLnos
no
mundo
do
trabalho
e
da
políLca,
estruturas
sociais
e
morais
que
tanto
mal
têm
causado
às
pessoas
em
geral”.
Ele
conta
que
quando
produz
o
texto
nessa
perspecLva,
fica
em
si
a
ilusão
de
“salvar-‐se",
de
colocar-‐se
além
de
todas
as
falcatruas
do
mundo.
Entretanto,
enfaLza:
“É
apenas
uma
ilusão”.
Os livros
As
críLcas
são
fortes
e
provocaLvas,
não
existe
possibilidade
de
sair
ileso
quando
se
lê
os
textos
de
Ezio
Bazzo.
Ele
brinca
com
a
raiva
do
leitor
e
através
do
confronto,
esLmula
quebra
de
conceitos.
“Se
vivesse
uns
duzentos
anos,
me
especializaria
em
escrever
aforismos,
essa
maneira
majestosa
e
enxuta
de
lançar
mísseis
sobre
o
mundo.
Você
está
circulando
por
aí,
vê
um
sujeito
atravessar
a
rua,
cuspir
numa
parede,
ter
um
desmaio
etc,
e
pronto
o
aforismo
está
perfeito,
é
só
publicar”.
As
obras
se
caracterizam
mais
como
ensaio
do
que
como
literatura.
“Eu
não
tenho
pretensão
de
escrever
um
romance
durante
dez
anos.
Trabalhando
as
palavras,
uma
página.
Isso
pra
mim
não
tem
valor
nenhum.
O
que
importa
mesmo
é
o
conteúdo,
o
texto,
a
mensagem.
Nem
teria
saco
para
escrever
literatura
nesses
moldes”.
Ezio
Bazzo
(Foto:
Gabriella
Furquim)
Independente
de
concordar
ou
não
com
o
que
o
autor
diz,
é
consenso
pensar
que
a
maneira
de
aLngir
o
leitor
e
de
seguir
a
risca
o
pensamento
do
escritor
francês
Louis-‐Ferdinand
Céline,
muitas
vezes
citado
em
seus
textos,
transparece
em
seu
modo
de
agir:
“O
escritor
deve
calar-‐se
quando
já
não
tem
em
si
música
sufi
ciente
para
fazer
dançar
a
vida”.
No
entanto,
quem
tem
oportunidade
de
conhecê-‐lo
e
de
encontrá-‐lo,
admira-‐se
em
reconhecer
uma
pessoa
amorosa
e
genLl.
Ele
lembra
que
na
época
em
que
vendia
livros
como
andarilho,
casualmente
entrou
em
discussões
ideológicas
em
que
pessoas
o
enfrentavam
e
demonstravam
querer
agredi-‐lo
fisicamente.
Circuito literário
Hoje,
aos
61
anos,
Ezio
Bazzo
não
anda
mais
pelas
ruas
a
procura
de
leitores.
Os
ktulos
Entre
os
gritos
do
carcará
e
a
desfaçatez
da
raça
humana;
Mendigos:
Párias
ou
heróis
da
cultura?;
Pros>tutas,
bruxas,
donas
de
casa;
A
arte
de
cuspir
e
Barbeiros,
espelhos
&
navalhaços;
estão
sendo
reeditados
por
uma
editora
da
cidade.
“Até
pouco
tempo
atrás
eu
escrevia,
editava,
publicava
e
vendia
meus
livros.
O
gozo
era
completo.
Não
havia
coitus
interruptus
na
minha
produção.
Foi
assim
com
uns
vinte
ktulos”.
Novas
obras
devem
demorar
a
ser
publicadas,
pois
Ezio
confessa
ter
perdido
um
pouco
a
vontade
de
escrever
livros
novos.
Para
ele,
a
internet
passou
a
ser
meio
de
comunicação
com
o
público.
No
blog,
atualizado
constantemente,
encontram-‐se
mensagens
que
adotam
como
mote
assuntos
da
mídia.
São
sempre,
violentas,
intensas;
ao
esLlo
de
Ezio
Bazzo.
“O
livro,
apesar
dos
saudosistas
de
plantão,
terá
mesmo
desLno
das
imensas
enciclopédias
que
ocupavam
a
úlLma
prateleira
de
nossas
estantes.
Ficaram
obsoletas,
enfadonhas,
empoeiradas...
E
foram
para
o
lixo”.
ÚlLma modificação em Segunda, 26 de julho de 2010 21:07
1 comente
Segunda, 16 de agosto de 2010 00:57 postado por Maria Helena Sleutjes Link o comentário
É
muito
bom
saber
mais
sobre
este
escritor
ousado.
Uma
grande
entrevista
seria
melhor
ainda.
Gostei
muito.
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comentário
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