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C.

Peter Wagner

Derrubando as Fortalezas em Sua Cidade


Como usar o mapeamento espiritual para tornar suas
orações mais estratégicas, eficazes e com um alvo bem
definido.

Série Guerreiros da Oração


Editora Bompastor
Digitalizado por BlacKnight
Revisado por SusanaCap
PDL & Semeadores da Palavra

Sumário

A S F ORTALEZAS ...
I NTRODUÇÃO
1. V ISÃO P ANORÂMICA DO M APEAMENTO E SPIRITUAL
2. O VISÍVEL E O INVISÍVEL
3. TRATANDO COM AS FORTALEZAS
4. MAPEAMENTO ESPIRITUAL PARA ORAÇÃO DE AÇÃO PROFÉTICA
5. DERROTANDO O INIMIGO COM A AJUDA DO MAPEAMENTO
ESPIRITUAL
6. PASSOS PRÁTICOS PARA LIBERTAR UMA COMUNIDADE
7. EVANGELIZANDO UMA CIDADE DEDICADA ÀS TREVAS
8. MAPEANDO E DISCERNINDO SEATTLE, WASHINGTON
9. MAPEANDO A SUA COMUNIDADE
AS FORTALEZAS...

Dizem que, durante a Guerra do Golfo Pérsico, Saddam


Hussein lançava os seus foguetes Scud, e então, ficava ouvindo
o programa da Televisão CNN para descobrir se eles haviam
acertado o alvo. Os aliados, por sua vez, atacavam com bombas
dotadas de pontaria infalível, que apontavam exatamente para
as chaminés ou janelas que deveriam atingir. Acredito que é
tempo dos crentes começarem a orar com uma pontaria infalível.
Este livro desvenda as astúcias do diabo, e desvenda os
alvos de oração que forçarão o inimigo a liberar milhões de
almas perdidas, atualmente mantidas em cativeiro. Sinto-me
vibrante porque Deus nos deu uma maravilhosa arma nova para
entrarmos em uma guerra espiritual eficaz!
C. Peter Wagner

INTRODUÇÃO
Por C. Peter Wagner

Esta é uma daquelas Introduções que você faria bem em


ler, antes de continuar lendo o resto deste volume! O
mapeamento espiritual é uma questão tão recente, que poucos
que tomarem este livro para lê-lo terão muito pano-de-fundo em
sua mente que lhes prepare o caminho. Mas para aqueles que já
estiverem bem informados sobre a guerra espiritual em nível
estratégico, isso não será tão difícil, visto que já terá sido
estabelecido um paradigma mental. Para outras pessoas, no en-
tanto, este livro servirá de ponto de sintonia, quanto àquilo que
considero uma das coisas mais importantes que o Espírito Santo
está dizendo às igrejas, nesta década de 1990; e esta introdução
será extremamente útil quanto a esse processo.
APARECIMENTO DO MAPEAMENTO ESPIRITUAL

Pessoalmente, eu nunca tinha ouvido a expressão


"mapeamento espiritual" nas décadas de 1970 ou 1980. Mas tão
recentemente quanto o ano de 1990, em uma reunião de uma
pequena organização chamada de Spiritual Warfare Network,
ouvi o pastor Dick Bernal, do Jubilee Christian Center, dizer como
os líderes e intercessores de sua igreja tinham tentado identificar
os principados espirituais das diferentes cidades e da região em
torno da área da baía de São Francisco. Outros participantes da
reunião questionaram a sabedoria de fazer-se tal coisa,
resultando daí uma vívida discussão. Suponho que alguém já
estivesse usando o termo, antes daquela ocasião, mas, pelo
menos para mim, aquela foi a primeira vez que ouvi falar em tal
conceito.
Seguiu-se uma rápida sucessão de eventos, e o desfecho foi
que a Spiritual Warfare Network tornou-se parte integrante da
United Prayer Track, um ramo do A.D. 2000 Movement. O A.D.
2000 Movement foi levantado por Deus, como a principal força
catalisadora das múltiplas igrejas, agências, ministérios e
denominações ao redor do mundo, tendo em vista um esforço
conjunto que visa completar a tarefa da evangelização do
mundo, pelo menos, tanto quanto possível, aí pelo ano 2000.
Essa é uma organização formada por pessoas comuns, e suas
atividades foram delegadas a dez teias de recursos separadas.
Minha atual responsabilidade é dirigir a A.D. 2000 United Prayer
Track, que está edificando uma base global de oração, que dê
respaldo aos esforços de todos os demais ramos do movimento
de evangelismo como um todo.
A unidade mais proeminente, dentro da United Prayer Track
é a Divisão de Mapeamento Espiritual, liderada por George Otis,
Jr., co-coordenador da Prayer Track. O estabelecimento dessa
divisão tem elevado o perfil desse novo campo de ministério, a
fim de atingir dimensões mundiais. Nós, do A.D. 2000 Movement,
não estamos mais discutindo se deveríamos fazer mapeamento
espiritual. Agora estamos concentrando as nossas energias sobre
como fazer bem esse mapeamento.
Filtrando as Divisões

Não é nenhum segredo que a intercessão, a guerra


espiritual, o manuseio das forças demoníacas e, ultimamente, o
mapeamento espiritual tendem por atrair uma quantidade além
do normal do espírito de divisão. Os autores deste livro, a
Spiritual Warfare Network, a United Prayer Track, a Spiritual
Mapping Division e o A.D. 2000 Movement levam a sério a sua
responsabilidade de filtrarem o espírito de divisão tanto quanto
possível, fazendo isso mediante a organização de um sistema de
prestação de contas, o que nos ajuda a nos resguardarmos de
apelas para o espírito de divisão. Estamos nos esforçando por
lançar alicerces para um ministério bíblico, teológico e
pastoralmente sensível, para que seja feito um mapeamento
espiritual dotado das qualidades da excelência e da integridade.
É provável que nós mesmos cheguemos a cair em equívocos;
mas esperamos que, quando assim venha a acontecer, logo
possamos notá-los, a fim de podermos corrigi-los prontamente.

QUAL A RAZÃO DESTE LIVRO?

Dentro de cinco anos, ou mesmo dentro de dois anos, após


este livro haver sido escrito, certamente saberemos mais sobre o
mapeamento espiritual do que sabemos atualmente. Não
obstante, na providência divina, ele tem levantado um grupo de
pessoas, por enquanto bastante pequeno ainda, provenientes de
muitos lugares do mundo, que na verdade vem fazendo
mapeamento espiritual faz mais de vinte anos, o que significa
que têm podido acumular considerável experiência nesse
campo.
Acredito que, mais do que qualquer outro livro que já
escrevi, este tem emergido da orientação imediata de Deus. Eu
tinha planejado escrever uma série de três volumes sobre a
oração, a começar por dois deles, com os títulos Oração de
Guerra e Escudo de Oração, ambos os quais seriam publicados
pela editora Regal Books. O terceiro volume deveria ser um livro
acerca da oração no que tange à igreja local. Todos os três
volumes visam ao propósito de ver que uma oração estratégica,
dotada de alvos definidos, contribua para a aceleração da
evangelização do mundo. Deus, entretanto, me fez interromper a
seqüência, e senti fortemente que eu devia preparar em seguida
este volume que versa sobre o mapeamento espiritual,
porquanto Deus queria que os líderes das igrejas locais
contassem com um guia prático para implementar o que o
Espírito está dizendo, no presente, acerca do mapeamento
espiritual.
Quando comecei a apresentar a objeção de que eu não
sabia o suficiente sobre o mapeamento espiritual para escrever o
livro inteiro, Deus pareceu tornar-se mais específico. Lembro-me
claramente de que, em um período de oração, em um hotel em
que eu estava hospedado, em Portland, estado do Oregon, senti
poderosa unção da parte do Senhor, e, em menos de quarenta e
cinco minutos, eu já havia anotado, em meu bloco de papéis
amarelos, o esboço básico do livro que o leitor tem agora nas
mãos. Sem dúvida alguma, outros líderes evangélicos do mundo
poderiam igualar os discernimentos e a sabedoria desses
autores; mas duvido que muitos conseguiriam ultrapassá-los.
Aqueles que contribuíram para este volume procedem dos Esta-
dos Unidos da América, da Suécia, da Guatemala e da Argentina.
Cada um deles iniciou-se no mapeamento espiritual sem
qualquer treinamento prévio e sem ter entrado em contato com
outros que estavam fazendo a mesma coisa. Mas atualmente
comunicam-se uns com os outros através da Spiritual Warfare
Network, e estão todos admirados e agradecidos de que, durante
anos, eles tenham recebido, individualmente, instruções
similares da parte do Senhor.

CONHEÇA OS AUTORES CONTRIBUINTES

Em que consiste o mapeamento espiritual? Vários de


nossos pensadores têm oferecido as suas respectivas definições,
todas as quais se reforçam e complementam umas às outras. A
definição condensada e não-técnica é a seguinte: Uma tentativa
para ver nossa (preencher neste espaço a região a ser mapeada)
como ela realmente é, e não como parece ser. Essa definição foi
dada por George Otis Jr., o qual, por meio de suas obras como
The Last of the Giants (Chosen Books) e seu ministério mundial
com o The Sentinel Group e o A.D. 2000 United Prayer Track, é
considerado por muitos, inclusive por mim mesmo, como o
principal líder evangélico neste campo. Fiquei deleitado quando
George concordou em contribuir com o primeiro capítulo deste
livro, provendo uma visão panorâmica do mapeamento espiritual
em geral.
Na qualidade de fundadora e presidente da Generals of
Intercession, Cindy Jacobs sobressai-se tanto no ensino quanto
na guerra espiritual em nível estratégico, liderando pastores e
intercessores para que ponham em prática, na realidade, essa
atividade no campo. O capítulo escrito por ela sobre as fortalezas
haverá de esclarecer muitas perguntas que, com freqüência, são
apresentadas. O livro de Cindy, Possuindo as Portas do Inimigo
(Editora Atos), é um iluminador manual de treinamento que visa
a uma intercessão militante, e tem sido altamente aclamado.
Kjell (pronuncia-se "Xel") Sjöberg é conhecido por causa de
seu ministério de intercessão espiritual em nível estratégico,
orações de ação profética e mapeamento espiritual. Ele vem
trabalhando nesse campo por mais tempo do que quaisquer
outros autores. Seu livro, intitulado Winning the Prayer War
(Sovereign World), tem arado o terreno à nossa frente, nesse
campo. Até onde sei das coisas, ninguém havia relacionado o
mapeamento espiritual com a oração de ação profética, com o
discernimento e a experiência prática que Kjell nos apresenta em
seu capítulo.
Juntamente com o meu capítulo sobre "O Visível e o
Invisível", que considero um dos mais importantes ensaios que
tenho escrito em anos recentes, esse grupo provê a seção de
"Princípios" deste volume. Para a seção "Prática" escolhi três
praticantes de três nações diferentes, cada um dos quais está
profundamente engajado no mapeamento espiritual, e cada um
começou as suas atividades virtualmente sem qualquer ajuda,
instrução ou modelo que pudesse seguir.
A Seção Prática

Haroldo Caballeros, o pastor da Igreja El Shaddai, da


Guatemala, que atualmente tem como membros ativos o
presidente da Guatemala e seus familiares, é o primeiro pastor
em cujos estudos pessoais descobri mais compêndios sobre
arqueologia do que comentários sobre a epístola aos Romanos.
Não que Haroldo negligencie uma exposição bíblica
suficientemente informada, em seu ministério pastoral, mas é
que ele leva muito a sério a necessidade de compreender as
forças espirituais que têm moldado a sua comunidade, desde os
dias do império maia. O capítulo por ele escrito levará o leitor
diretamente ao cerne da questão.
Bob Beckett talvez tenha sido capaz de monitorar mais de
perto do que qualquer dos outros autores os resultados reais do
mapeamento espiritual e da guerra espiritual em nível
estratégico, em sua igreja local, chamada The Dwelling Place
Family Church, e em sua comunidade de Hemet, estado da
Califórnia. Ao ensinar meu curso sobre esse assunto, no
Seminário Teológico Fuller, sempre peço que Bob apresente uma
preleção sobre mapeamento espiritual e, então, levo toda a
classe a Hemet para fazer um mapeamento espiritual ao vivo,
para que Bob dirija esse mapeamento. Quando você estiver
lendo o capítulo escrito por ele, obterá um bom vislumbre
daquilo que os alunos do Seminário Teológico Fuller estão
aprendendo com a ajuda de Bob Beckett.

Não consideramos que o mapeamento espiritual seja uma


finalidade em si mesma. Mas vemos uma relação de causa e
efeito entre a fidelidade do povo de Deus à oração e a vinda
do seu Reino.

Menciono Víctor Lorenzo com freqüência, em meu livro,


Oração de Guerra (Editora Bompastor), porque a Argentina tem
emergido como o nosso principal laboratório de campo para
submeter a teste a guerra espiritual em nível estratégico e
porque Víctor tem sido um dos principais personagens nesse
processo. Conforme ele explicou, ele tem trabalhado muito lado
a lado com Cindy Jacobs. Dentre todos os autores, Víctor é o que
tem descoberto maior número de informações sobre as forças do
inimigo em dada cidade, incluindo a descoberta dos nomes
próprios de alguns dos espíritos territoriais. Os resultados, no
campo do evangelismo, têm sido gratificantes.

A Aplicação

Adicionamos a seção final, intitulada "Aplicação", para


ajudar a responder uma das mais freqüentes indagações que me
são dirigidas: Como é que um pastor de Pumphandle, estado de
Nebraska, que não é um Kjel Sjöberg ou uma Cindy Jacobs, pode
ficar preparando mapeamento espiritual? Mark McGregor ajusta-
se a essa descrição. Ele é um crente dedicado, embora nunca
tenha sido consagrado ao ministério, um programador de
computador que trabalha por tempo integral, e que deseja servir
ao Senhor ao máximo de suas potencialidades. Ele é o único
contribuinte para este volume que não está afiliado à Spiritual
Warfare Network. A fim de mapear a sua cidade de Seattle, ele
simplesmente tomou a lista de perguntas que aparece no livro
de John Dawson, Reconquiste Sua Cidade Para Deus (Editora
Betânia), e escavou os informes necessários consultando livros e
outros recursos disponíveis para o público, como bibliotecas,
prefeituras ou sociedades históricas. Não estamos dizendo isto
para diminuir Mark, mas se ele pôde fazer isso, você também
poderá fazê-lo. Leia o capítulo escrito por ele para obter a idéia
geral do tipo de informações que se fazem necessárias.
O simples recolhimento de informes é um passo essencial,
embora ainda não seja suficiente. É nessa altura que pessoas
dotadas de dons espirituais específicos, experiência e
maturidade, precisam entrar. Uma dessas pessoas é Bev Klopp,
que há anos é reconhecida como uma intercessora e membro da
equipe de intercessores da Spiritual Warfare Network. Usando o
dom de discernimento de espíritos que ela recebeu, juntamente
com anos de experiência no campo da oração em favor de
Seattle, Bev provê um modelo de interpretação de informes e de
identificação de alvos. Quando você estiver pronto para passar
do recolhimento de informes para o campo de batalha, certifi-
que-se de que conta com alguns crentes como Bev Klopp em sua
equipe.
No capítulo anterior, respiguei informes daquilo que outros
têm dito neste livro, reunindo um instrumento de mapeamento
espiritual que pudemos sugerir, e que alguns leitores poderão
sentir ser útil, ao entrarem nessa produtiva área do ministério.

QUÃO ÚTIL É O MAPEAMENTO ESPIRITUAL?

Conforme têm salientado diversos dos nossos contribuintes,


não consideramos o mapeamento espiritual como uma finalidade
em si mesma No entanto, cremos que é desejo de Deus que
oremos: "Venha o teu reino; seja feita a tua vontade" (Mt 6.10).
Também podemos ver uma relação de causa e efeito entre a
fidelidade do povo de Deus à oração e a vinda do seu Reino.
Quando a vontade de Deus está sendo feita na terra, vemos
pessoas perdidas serem salvas; pessoas enfermas serem
curadas; pessoas empobrecidas receberem o essencial para a
vida secular; o fim de guerras, contendas e derramamento de
sangue; pessoas oprimidas que são libertadas; governos justos
serem levantados; práticas justas e equitativas no mundo dos
negócios; harmonia entre as raças — para mencionarmos apenas
alguns desses benefícios.
Muitos líderes evangélicos sentem que, até agora, o
ministério de oração em nossas igrejas não tem sido da
variedade mais poderosa. Aprecio a maneira como George Otis,
Jr. exprimiu essa idéia:

Embora a oração seja reconhecida rotineiramente como um


importante componente dos esforços globais de
evangelização, tais expressões, no mais das vezes, são
mais um produto de hábitos religiosos adquiridos do que
reflexões com base em convicções genuínas. Tal como
outros povos religiosos ao redor do globo, oramos porque
hesitamos em embarcar em empreendimentos significativos
sem primeiro prestar honras à nossa divindade familiar. Se
Deus responderá ou não às nossas petições específicas é
algo de menor importância para nós do que garantir que
não o temos ofendido ao deixarmos de informá-lo sobre as
nossas intenções. Nesse sentido, a oração é mais
supersticiosa e profilática do que sobrenatural e
procriadora.1

Conforme disse Bob Beckett em seu capítulo, grande parte


de nossas orações tem-se parecido com o lançamento dos
foguetes Scud, por parte de Saddam Hussein. Ele fazia bem
pouca idéia de quais seriam os seus alvos, pelo que os efeitos de
seus foguetes deixaram muito a desejar. Aqueles que oram a fim
de livrar as pessoas da opressão demoníaca têm aprendido,
desde muito tempo atrás, falando em sentido bem geral, que os
resultados são bem melhores quando os espíritos malignos são
identificados e especificamente ordenados para deixarem as
suas vítimas no nome de Jesus, em vez de ministrarem com uma
vaga oração como: "Senhor, se há quaisquer espíritos, orde-
namos que todos eles saiam em teu nome". Suspeitamos que
outro tanto sucede quando oramos pelo livramento de bairros,
cidades ou nações. O mapeamento espiritual é apenas uma
ferramenta que nos permite sermos mais específicos e,
esperançosamente, mais poderosos em nossas orações pelas
nossas comunidades.
Escreveu George Otis, Jr.: "Aqueles que dedicam tempo
tanto para falarem com Deus quanto para lhe darem ouvidos,
antes de se aventurarem em seus respectivos ministérios, não
somente achar-se-ão no lugar certo e no tempo certo, mas
também saberão o que fazer quando chegarem ali".2 Aqueles
dentre nós que estão desenvolvendo o tema do mapeamento
espiritual estão procurando aumentar a nossa capacidade de dar
ouvidos a Deus e de nos comunicarmos uns com os outros sobre
o que estamos ouvindo, com toda a exatidão possível.

O MAPEAMENTO ESPIRITUAL É BÍBLICO?

Vários dos autores que contribuíram para este volume


reportaram-se à questão da base bíblica do mapeamento
espiritual. Não é meu propósito reiterar aqui os argumentos
deles, mas apenas dizer que todos nós, que temos contribuído
para este livro, vemo-nos como crentes bíblicos, e nenhum de
nós ao menos consideraria recomendar alguma área do
ministério ao Corpo de Cristo, se não estivesse plenamente
convencido de que está ensinando de acordo com a vontade de
Deus, de um modo que não viole qualquer verdade bíblica.
Estamos pessoalmente convencidos de que o mapeamento
espiritual é um procedimento bíblico, pelo que estamos
ensinando com base nessa premissa. Ao mesmo tempo, não
ignoramos o fato de que há outros irmãos e irmãs em Cristo, da
mais alta integridade, que discordam de nós. Vários deles têm
publicado recentemente essas noções contrárias em livros e
artigos. Agradecemos a Deus por nossos bem informados críticos
e os abençoamos. Em primeiro lugar, eles têm conseguido
perceber alguns erros nossos, sob a forma de declarações
equivocadas ou exageros, e agora estamos no processo de
corrigi-los. Ademais, sentimos que até mesmo os nossos críticos
menos informados nos forçam a permanecer de olhos bem
abertos e nos ajudam a aguçar aquilo que temos a dizer e o que
temos a fazer. Mas em caso nenhum temos o desejo de entrar
em uma polêmica e nem tentamos refutar os nossos críticos.
Não nos inclinamos a dar a impressão de que nós somos bons,
fazendo os nossos irmãos e irmãs em Cristo parecerem maus,
razão pela qual o leitor não encontrará tal atitude neste livro.
Estamos plenamente cônscios do fato de que o
mapeamento espiritual, juntamente com a guerra espiritual em
nível estratégico, são inovações relativamente recentes que
estão sendo introduzidas no Corpo de Cristo. Mas sucede que
sentimos que estamos sendo impelidos pelo Espírito Santo.
Mesmo assim, contudo, leis científicas sociais do conhecimento
de todos, que cercam as questões da difusão e da inovação,
inexoravelmente estão entrando em efeito. Qualquer inovação,
mui tipicamente, atrai alguns primeiros seguidores, depois
seguidores secundários e, finalmente, seguidores tardios. Em
muitos casos, alguns recusam-se a adotar a inovação, conforme
fica demonstrado pela existência da Sociedade Internacional da
Terra Chata. O mapeamento espiritual, no momento, acha-se no
estágio dos primeiros seguidores, sendo esse o estágio,
conforme já seria de esperar, que estimula a controvérsia mais
acesa. A reação nervosa dos crentes, quando se opõem a
qualquer inovação, consiste em dizer: "Isso não é bíblico",
conforme sucedeu quando surgiu a Escola Dominical, e conforme
fizeram alguns, quando se começou a falar sobre a abolição da
escravatura.
Exemplos Bíblicos e Arqueológicos

Um exemplo de mapeamento espiritual pode ser visto em


Ezequiel 4.1-3, onde Deus instruiu Ezequiel a preparar um mapa
tosco da cidade de Jerusalém, em uma tabuleta de argila, e,
então, lhe disse: "a cercarás". Como é óbvio, isso refere-se à
guerra espiritual, e não à guerra convencional.
Menciono isso porque algumas pesquisas têm trazido à tona
o que é considerado pelos arqueólogos como o primeiro mapa
conhecido de uma cidade, a cidade de Nipur, o antigo centro
cultural da Suméria. Acha-se em uma tabuleta de argila
admiravelmente conservada, sem dúvida similar àquela que foi
usada por Ezequiel. Os traços do mapa, desenhados por volta de
1500 A.C., constituem o que hoje chamaríamos de mapeamento
espiritual. No centro da cidade está escrito "o lugar de Enlil. E
também está escrito que na cidade "reside o deus do ar, Enlil, a
principal divindade de panteão da Suméria".3 Poderíamos
identificá-lo como o espírito territorial que dominava a Suméria.
Outros edifícios que aparecem nesse antigo mapa incluem
Ekur, o mais renomado templo sumeriano; o Kagal Nanna, ou
seja, o portão de Nanna, o deus-lua da Suméria; o Kagal Nergal,
ou portão de Nergal, que era considerado rei do submundo e
marido da deusa Ereshkigal; o Eshmah, ou "Santuário Sublime",
que ficava nas periferias da cidade, além de muitos outros.4
Mais um fato interessante. No capítulo escrito por Víctor
Lorenzo, o leitor verá que parte do desígnio maligno e oculto da
cidade argentina de La Plata envolvia quebrar, intencionalmente,
o usual padrão latino-americano, em que as ruas apontam nas
direções dos pontos cardeais: norte, sul, leste e oeste. A mesma
coisa acontecia em Nipur! O assiriologista Samuel Kramer
observou: "O mapa não estava orientado nas direções norte e
sul, porém, mais ou menos em ângulos de quarenta e cinco
graus".5
Ao que tudo indica, há alguns precedentes históricos
quanto ao mapeamento espiritual.
Isso Glorifica a Satanás?

Desmascarar as astúcias de Satanás pode tornar-se algo


tão fascinante que podemos começar a enfocar a nossa atenção
sobre o inimigo, e não sobre Deus. Isso deve ser evitado a todo
custo. Se não evitarmos essa armadilha, cairemos nas mãos do
inimigo. O principal propósito da existência de Satanás é impedir
que Deus seja glorificado, e o motivo do diabo para tanto é que
ele quer que a glória reverta para ele. Se ele puder, haverá de
querer enganar os servos de Deus, fazendo-os desviarem-se
para atividades que terminam por exaltar a criatura, e não o
Criador.
Cada um dos escritores que contribuíram para este livro é
um crente espiritual e suficientemente maduro no terreno da
guerra espiritual prática, ao ponto de reconhecer plenamente os
desejos de Satanás, não lhe satisfazendo os desejos. Eles
concordam que a reação diante de tal perigo não deve ser
retroceder e deixar o campo de batalha nas mãos de Satanás. A
reação deve ser avançar tão agressivamente quanto for possível,
a fim de descobrir os desejos, as estratégias, as técnicas e as
armas de Satanás. As pesquisas que nos estão ajudando a fazer
isso não visam glorificar a Satanás, tal como as pesquisas acerca
do câncer não visam glorificar o câncer. Mas quanto mais
ficamos sabendo sobre a natureza, as causas, as características
e os efeitos do câncer, mais preparados estaremos para
erradicá-lo. Anos atrás, para exemplificar, as pesquisas sobre a
varíola desmascararam muito de nossa ignorância acerca dessa
doença, e, como resultado disso, milhões e milhões de vidas
humanas foram salvas. E a varíola não foi glorificada; antes, foi
derrotada.
Ainda há o perigo maior do que o de glorificar o inimigo,
que é o perigo de ser ignorante sobre o inimigo. Gosto da
maneira como William Kumuyi, o coordenador africano do A.D.
2000 Movement, e um dos líderes da Spiritual Warfare Network
coloca a questão: "Por muitas vezes o Adversário tira vantagem
de nossa ignorância. Se estivermos combatendo contra um
inimigo invisível que está resolvido a destruir-nos e não nos
mostrarmos vigilantes, ou nem ao menos nos dermos conta de
que está havendo um conflito, então o Adversário tirará proveito
dessa nossa ignorância e nos derrotará ainda no meio da
batalha".6
C. S. Lewis não escreveu Cartas do Coisa-Ruim a fim de
glorificar a Satanás ou aos demônios, como aquele de nome
Absinto, mas antes, para fornecer-nos instrumentos que nos
capacitem a combater melhor os demônios, em nome de Jesus.
Livros como este, que versa sobre o mapeamento espiritual, têm
por desígnio o mesmo propósito.

NEM TODOS SÃO CHAMADOS À LINHA DE FRENTE

É apenas natural que alguém, ao ler um livro como este,


venha a observar: "Quero ser como Haroldo Caballeros", ou
então: "Quero ser como Bob Beckett". Nada há de errado em
desejar fazer as coisas que esses crentes fazem, contanto que
Deus nos chame para isso. A verdade, porém, é que Deus não
chama todos os crentes para a linha de frente da guerra
espiritual, tal como ele não chama todos os crentes para serem
evangelistas públicos ou missionários transculturais. Para
exemplificar, somente uma minúscula porcentagem daqueles
que se alistam na Força Aérea realmente voam nos aviões de
combate ou mesmo fazem parte de sua tripulação. Outro tanto
aplica-se no caso da guerra espiritual.
A Igreja inteira é um exército, e está em meio a uma guerra
espiritual. Todos os crentes deveriam entoar o hino "Avante,
Soldados Cristãos". Mas nem todos os que estão no exército são
enviados à linha de combate. Aqueles que estão na linha de
frente precisam daqueles que ficam na retaguarda, e aqueles
que ficam na retaguarda precisam daqueles que avançam para a
linha de frente.

A LEI DA GUERRA

Quando os filhos de Israel estavam se preparando para


conquistar a Terra Prometia, Deus baixou a lei da guerra. Essa lei
é muito importante para nós, hoje em dia, quando percebemos
que Deus estava preparando os israelitas para a guerra
espiritual, e não apenas para uma guerra convencional. Qual
exército convencional já conseguiu conquistar e invadir uma
cidade marchando ao redor dela por um determinado número de
vezes e tocando trombetas feitas de chifres? Acredito que essas
leis da guerra, registradas no capítulo vinte de Deuteronômio,
são válidas para os nossos próprios dias.
Várias categorias inteiras de homens adultos e vigorosos,
que em tudo o mais poderiam ter sido considerados guerreiros
do exército de Josué, foram excluídos da linha de frente. Aqueles
que tivessem acabado de construir uma casa podiam voltar para
casa. Aqueles que tivessem plantado uma nova vinha também
deveriam retornar. E aqueles que tivessem ficado noivos,
embora não se tivessem ainda casado, também estavam
dispensados. Algum raciocínio acha-se por detrás de cada uma
dessas exclusões, no texto sagrado. Mas também ficou escrito
que estaria dispensado todo homem "medroso e de coração
tímido" (Dt 20.8).
É deveras significativo, em minha opinião, que não ficou
registrada qualquer nota de repreensão ou de desapontamento
quanto a esses homens. Ao que parece, o lugar que cabia a eles
era em casa, e não nos campos de batalha.
Essa mesma lei da guerra foi aplicada posteriormente no
caso de Gideão. Gideão começou com trinta e dois mil guerreiros
em potencial. Desses, vinte e dois mil mostraram ser medrosos,
e foram encorajados a voltar para casa. Então, dentre dez mil
que de outro modo teriam sido elegíveis, Deus escolheu
trezentos. Esses trezentos não eram os maiores, os mais fortes,
os mais jovens, os corredores mais velozes, os mais experientes,
os melhores espadachins e, nem mesmo, os mais corajosos. A
maneira toda sua, soberanamente, Deus chamou trezentos para
que fossem, e chamou nove mil e setecentos para que não
fossem.
É dessa maneira que o Corpo de Cristo deve funcionar.
Deus dá dons e chama somente a alguns para serem
evangelistas públicos e para pregarem o evangelho às
multidões, postados em plataformas. Deus chama somente
alguns poucos para deixarem seus lares e famílias, para irem
como missionários a algum país estrangeiro e para alguma
cultura diferente. Mas esses precisam dos outros crentes que
não sobem em plataformas e nem vão a outros países, para que
lhes dêem apoio em todos os sentidos. E nós precisamos deles.
O olho não pode dizer à mão: "Não tenho necessidade de ti" (1
Co 12.21).

O coração de cada autor que contribuiu para este livro pulsa


para que o mundo venha a crer; para que multidões de
homens e de mulheres perdidos sejam libertados da negra
opressão do inimigo e sejam atraídos pelo Espírito Santo
para a gloriosa luz do evangelho de Cristo. Juntamo-nos a
Jesus para orar para que o Corpo de Cristo seja um só no
Espírito.

ORANDO PELA UNIDADE ESPIRITUAL

Estamos acostumados a ver a atuação dos evangelistas


públicos e dos missionários transculturais. Mas também
podemos aplicar os mesmos princípios e modos de proceder
quando nos empenhamos na guerra espiritual? Deus chama
alguns crentes para irem até à linha de frente, ao passo que
outros crentes ficam fazendo outras coisas. Aqueles que vão não
deveriam pensar que são mais espirituais ou mais favorecidos
por Deus do que aqueles que não vão. Aqueles que permanecem
em casa não devem criticar aqueles que Deus chama para irem
à frente de guerra. Antes, deve haver afirmação mútua e apoio
de todos os tipos. Disse o rei Davi: "Porque, qual é a parte dos
que desceram à peleja, tal será a parte dos que ficaram com a
bagagem; receberão partes iguais" (1 Sm 30.24). Quando a
batalha é ganha, todos se beneficiam com a vitória — tanto os
que foram até à linha de combate quanto aqueles que ficaram
em casa, tomando conta das bases.
Estou salientando esse particular porque penso que Satanás
gostaria muitíssimo de usar este livro para produzir divisões no
seio do Corpo de Jesus. Jesus orou ao Pai nestes termos: "...para
que todos sejam um... para que o mundo creia que tu me
enviaste" (Jo 17.21).
O coração de cada autor que contribuiu para este livro
pulsa para que o mundo venha a crer; para que multidões de
homens e de mulheres perdidos sejam libertados da negra
opressão do inimigo e sejam atraídos pelo Espírito Santo para a
gloriosa luz do evangelho de Cristo. Para que possamos ver isso
suceder, temos de aliar-nos a Jesus, orando para que o Corpo de
Cristo seja um só no Espírito.

MANTENDO O ENFOQUE

Sei por experiência própria que o assunto do mapeamento


espiritual pode ser tão fascinante que alguns podem cair no ardil
de pensar que essa atividade é um fim em si mesmo. Ou então,
pior ainda, alguns poderão pensar que não se pode mais
evangelizar, prestar socorro e desenvolvimento, ou realizar
qualquer outra forma de ministério, se não houver mapeamento
espiritual prévio.
O mapeamento espiritual não é uma finalidade em si
mesmo e nem é um requisito indispensável para o ministério do
evangelho. Mas deve ser visto apenas como outra ferramenta
que nos ajuda em nossa tarefa da evangelização mundial.
Exemplos de irrompimentos dramáticos abundam em lugares de
trevas, como o Nepal, a Algéria ou a Mongólia, sem a ajuda do
mapeamento espiritual. Entretanto, naquelas circunstâncias em
que o mapeamento espiritual é possível, e quando ele é feito sob
a unção do Espírito Santo, o potencial está presente para que
haja avanços sem precedentes do Reino de Deus.
Meu apelo é que quando você estiver lendo este livro, não
desvie a atenção do enfoque central. O nosso propósito final é a
glória de Deus por intermédio de Jesus Cristo, que é o Rei dos
reis e o Senhor dos senhores. A nossa tarefa consiste em
contribuir para que a glória do Senhor espalhe-se por toda
nação, tribo, língua e povo na face da terra.

Notas

1. OTIS, JR., George, em um documento descritivo que introduziu o


artigo "Operation Second Chance", 1992, s. p.
2. Idem, ibidem.
3. KRAMER, Samuel Noah. From the Tablets of Sumer. Indian Hills,
CO, The Falcon's Wing Press, 1956. p. 271.
4. Idem, ibidem, p. 272-3.
5. Idem, ibidem, p. 272.
6. KUMUYI, W. F. The Key to Revival and Church Growth. Laos,
Nigéria, Zoe Publishing Company, 1988. p. 25.

Parte I:

OS PRINCÍPIOS

1. VISÃO PANORÂMICA DO MAPEAMENTO


ESPIRITUAL

Por George Otis, Jr.

George Otis, Jr. é o fundador e presidente do Sentinel


Group, que organiza colheitas de oração globais e mapeamentos
espirituais de alto nível. Ex-missionário da JOCUM - Jovens com
Uma Missão, ele também serviu por muitos anos como um dos
associados da Lausanne Committee for World Evangelization.
Atualmente, George atua como coordenador, juntamente com
Peter Wagner, do A.D. 2000 Movement United Prayer Track,
onde encabeça a divisão do Mapeamento Espiritual. Seu livro,
The Last of the Giants (Chosen), tem sido largamente aclamado
como um ousado esforço pioneiro no campo do mapeamento
espiritual.
Em dezembro de 1992, encontrei um marco pessoal
significativo — o vigésimo aniversário de meu envolvimento com
missões nas fronteiras. Tal como se dá com todos os eventos
delineadores, a ocasião foi motivo de celebração e reflexão. Foi
um tempo de regozijo devido à fidelidade de Deus, embora
também um ensejo para contemplarmos o quão radicalmente o
mundo e os campos missionários mudaram durante as duas
últimas incríveis décadas.

A Igreja está enfrentando, no momento, dois desafios


externos substanciais, que tentam embargar a sua contínua
expansão: "o entrincheiramento demoníaco" e "o adiantado
da hora".

O progresso do evangelismo, desde os começos da década


de 1970 até hoje, tem sido simplesmente espantoso. Em adição
aos grande movimentos de Deus na Argentina, na Rússia, na
Indonésia, na Guatemala, no Brasil, na Nigéria, na Índia, na
China, na Coréia do Sul e nas ilhas Filipinas, também têm
ocorrido desenvolvimentos notáveis em lugares tão inesperados
como o Afeganistão, o Nepal, o Irã, a Mongólia e a Arábia
Saudita. A implantação bem-sucedida de igrejas nas ilhas do
oceano Pacífico, na África e na América Latina tem reduzido o
território-alvo do esforço evangelístico mais concentrado a uma
tira de território que vai dos 10 aos 40 graus de latitude norte, e
que percorre o Norte da África e a Ásia, conhecido como "a
Janela 10/40".

UMA VIAGEM POR CEM NAÇÕES

Nestes últimos vinte anos, tive o privilégio de contemplar


grande parte desse processo evangelístico sobre uma base
pessoal e in loco. Papéis de liderança em várias missões e
movimentos têm-me proporcionado a oportunidade de viajar e
ministrar em quase cem nações do mundo — uma jornada que
me tem levado a centros de detenção da KGB russa, às
inseguras e sangrentas ruas de Beirute e aos mosteiros
infestados de demônios do Himalaia.
Essa íntima e tão ampla jornada também me tem levado a
concluir que o progresso da evangelização, nas últimas décadas,
dificilmente prosseguirá em ritmo igual nas próximas décadas a
menos que os crentes familiarizem-se melhor com os princípios
da guerra espiritual. Pois se a tarefa restante de evangelização
mundial haverá de diminuir quanto à área (pelo menos no que
tange a territórios e estatísticas sobre grupos étnicos), também
tornar-se-á um desafio cada vez mais intenso. Nos últimos
poucos anos, os intercessores e os evangelistas que procuram
trabalhar dentro da janela da região de 10/40 graus de latitude
norte têm-se encontrado face a face com algumas das mais
formidáveis fortalezas espirituais da terra.
A Igreja está enfrentando, no momento, dois desafios
externos substanciais, que tentam embargar a sua contínua
expansão: "o entrincheiramento demoníaco" e "o adiantado da
hora".
Embora dificilmente seja sem igual o entrincheiramento dos
demônios — pois os hebreus encontraram o fenômeno tanto no
Egito quanto na Babilônia, ao passo que o apóstolo Paulo
encontrou-o em Éfeso — precisamos considerar que agora
estamos vários séculos mais avançados na história do que eles.
Em alguns lugares do mundo atual, notavelmente na Ásia, os
pactos demoníacos têm sido servidos continuamente desde os
dias pós-diluvianos, e a luz espiritual é ali quase imperceptível
em nossa própria época.
Em adição a isso, também devemos considerar a hora em
que estamos vivendo. No livro de Apocalipse, Deus advertiu
como segue os habitantes da terra e do mar: "Ai dos que
habitam na terra e no mar; porque o Diabo desceu a vós, e tem
grande ira, sabendo que já tem pouco tempo" (Ap 12.12).
Relatos reiterados e crescentes de incursões do evangelho em
suas fortalezas, erodidas pela oração, têm feito o inimigo
perceber que a hora que ele vinha temendo há muito está
chegando sobre ele. Evidências a esse respeito são providas na
crescente incidência de sinais e prodígios demoníacos, além de
contra-ataques cada vez mais constantes contra aqueles que
estão tentando sondar ou escapar de seu covil.
Em suma, os guerreiros evangélicos, no fim do século XX,
podem esperar enfrentar desafios, no campo de batalha
espiritual, que não têm igual quanto ao tipo e à magnitude. Os
métodos comuns de discernimento e de resposta a esses
desafios não conseguirão mais resolver o problema. Conforme
escrevi no meu livro recente, The Last of the Giants (Chosen
Books), se tivermos de vencer com sucesso as obras do inimigo,
"Temos de aprender a ver o mundo conforme ele realmente é, e
não como parece ser".

DEFINIÇÕES E PRESSUPOSTOS

Em 1990, cunhei uma nova expressão para essa nova


maneira de ver as coisas — "mapeamento espiritual" — que
agora é o tema central deste volume. Conforme sugeri, isso
envolve "superpor a nossa compreensão acerca das forças e
eventos, no domínio espiritual, sobre lugares e circunstâncias
deste mundo material".1
O pressuposto-chave quanto a isso é que aqueles que põem
em prática o mapeamento espiritual já possuem uma fina
compreensão sobre o domínio espiritual. Dada a quantidade de
tempo que muitos crentes passam falando, cantando e lendo
sobre essa dimensão sobre a qual a realidade estaria arraigada,
parece que esse deveria ser um pressuposto razoável.
Infelizmente, não é isso que acontece. E isso constitui para nós
uma profunda surpresa.
Poder-se-ia pensar que os caminhos da dimensão espiritual
são tão familiares para o crente médio como o mar é familiar
para os marinheiros; que a maioria dos crentes deveria
conhecer, na teoria e na prática, aquilo de que Paulo estava
falando no sexto capítulo da epístola aos Efésios, quando ele
escreveu sobre uma batalha que está sendo desfechada contra
as hostes espirituais da iniqüidade, nos lugares celestiais.
O problema parece ser que muitos crentes — sobretudo em
nosso atarefado hemisfério Ocidental — não têm dedicado o
tempo necessário para aprenderem a linguagem, os princípios e
os protocolos da dimensão espiritual. Alguns crentes preferem
ignorar tudo, exceto as suas características macrocósmicas (o
céu, o inferno, Deus e o diabo), ao passo que outros tendem por
projetar características extraídas de sua própria imaginação.
Ambas essas tendências constituem erros sérios. Enquanto que
a primeira delas ignora o que está ali, a segunda fica ofuscada
por aquilo que não está ali. Em ambos os casos, as obras do
diabo permanecem disfarçadas, e o reino das trevas vai
florescendo.
O mapeamento espiritual é um meio através do qual
podemos ver o que está abaixo da superfície do mundo material;
mas não é um meio mágico. Trata-se de um meio subjetivo,
porquanto é uma habilidade nascida de uma correta relação com
Deus e do amor ao mundo que ele criou. E trata-se também de
um meio objetivo, pois pode ser confirmado (ou desacreditado)
por meio da história, da observação sociológica e da Palavra de
Deus.
Por igual modo, o mapeamento espiritual não se confina
exclusivamente às obras das trevas. Alguns crentes que
praticam a guerra espiritual têm dado a essa disciplina uma
definição mais estrita — que a limita ao descobrimento das
fortalezas demoníacas — embora isso envolva algum perigo.
Mais especificamente, ela pode encorajar uma preocupação com
a localização e as atividades do inimigo, ao mesmo tempo que
se ignora que Deus também opera na dimensão espiritual.
Quando superpomos a nossa compreensão acerca das forças e
eventos que ocorrem no domínio espiritual, para lugares e
circunstâncias deste mundo material, devemos lembrar que
essas forças e esses eventos não são todos negros. O
mapeamento espiritual simplesmente situa as obras do inimigo
dentro do contexto maior da dimensão espiritual.

O CAMPO DE BATALHA ESPIRITUAL DE HOJE

A Igreja de Jesus Cristo não deve retroceder diante da


necessidade de dar uma longa e atenta olhada para os
obstáculos espirituais que estão entre ela mesma e o
cumprimento da Grande Comissão. O campo de batalha
espiritual da década de 1990 está-se tornando cada vez mais um
lugar sobrenatural. Existem crentes cuja teologia pessoal
mostra-se resistente a essa noção, mas esses crentes, com
freqüência, são teóricos ocidentais que não são pessoas
viajadas, que ainda precisam submeter os seus pressupostos ao
teste da realidade. Em contraste com isso, a vasta maioria dos
pastores, missionários, evangelistas e intercessores
internacionais de hoje não têm qualquer necessidade de serem
convencidos de que existe algo em algum lugar, e que esse
"algo" se está manifestando em nosso mundo material.
Mas o que, exatamente, essas pessoas estão podendo
observar? Com base nas respostas obtidas de volta, da parte de
crentes interessados ao redor do mundo, eis três observações
primárias:
1. As trevas espirituais estão aumentando e tornando-se
mais sofisticadas.
2. Há certo padrão geográfico do mal e da opressão
espiritual.
3. Os crentes não entendem a dimensão espiritual tão bem
quanto imaginavam.

As igrejas locais estão descobrindo que a demografia do


crescimento eclesiástico não nos diz tudo sobre as nossas
comunidades. As agências missionárias estão percebendo que
uma bem informada familiaridade com costumes transculturais
não consegue efetuar irrompimentos evangelísticos. E as
instituições de oração intercessória estão reconhecendo a
necessidade de buscarmos coordenadas mais precisas para os
nossos alvos. Em suma, as pessoas querem respostas para o
dilema do mundo invisível, a fim de que possam ministrar o
evangelho de maneira mais eficiente.

FORTALEZAS TERRITORIAIS

Aninhado perto do âmago da filosofia do mapeamento


espiritual está o conceito das fortalezas territoriais. Não se trata
de alguma idéia nova; muitos escritores já tinham explorado
esse tema. A novidade está na crescente porcentagem do Corpo
místico de Cristo que reconhece a necessidade de atacar essas
fortalezas.
O problema é que a expressão "fortalezas territoriais" tem
sido explorada ultimamente de maneira tão frouxa que
precisamos defini-la. Seu uso tem-se tornado tão elástico que
aqueles que se estão aproximando do assunto dificilmente
podem decidir no que devem crer.
Em meio à confusão, alguns autores evangélicos têm
sugerido que qualquer noção de guerra espiritual que envolva a
idéia de territorialidade espiritual é extrabíblica. Outros têm
lançado um véu de dúvidas sobre a validade da própria guerra
espiritual. Embora essas vozes estejam claramente na minoria, é
evidente que precisamos definir esses conceitos com maior
exatidão.
Aqueles que não estão aceitando a idéia de territorialidade
espiritual através do argumento que se trata de uma noção
extrabíblica deveriam lembrar que há um oceano de diferença
entre aquilo que é "extrabíblico" e aquilo que é "antibíblico".
Extrabíblico é uma luz amarelada que encoraja a passagem de
um veículo com uma certa cautela; antibíblico é uma luz
vermelha que requer que o motorista faça alto, em nome da lei e
do bom senso. Até o momento, não ouvi ainda alguém afirmar
que a territorialidade espiritual é antibíblica. E a simples razão
para isso é que isso não é verdade.
Peter Wagner e outros têm salientado, em escritos
anteriores, que a Bíblia toca no assunto da territorialidade
espiritual em ambos os Testamentos. 2 A instância mais
constantemente citada é a do príncipe da Pérsia, no décimo
capítulo do livro de Daniel. Temos ali um caso bem-definido de
um ser espiritual maligno que governava uma área com
fronteiras explicitamente determinadas. Até mesmo aqueles que
não são eruditos devem considerar como significativo que essa
criatura não foi referida como príncipe da China ou príncipe do
Egito. Quando essa passagem é estudada conjuntamente com
versículos como os de Ezequiel 28.12-19 e Deuteronômio 32.8
(na Septuaginta, "de acordo com o número dos anjos de Deus");
e Efésios 6.12 (por exemplo, kosmokrátoras, "governantes
mundiais"), então o caso em favor da territorialidade espiritual
torna-se ainda mais compelidor.
Conforme atestam aqueles que fizeram uma visita mais do
que casual a lugares como a Índia, as reservas dos ameríndios
navajos, os Camarões, o Haiti, o Japão, o Marrocos, o Peru, o
Nepal, a Nova Guiné e a China, são consideradas coisas
corriqueiras as hierarquias elaboradas de divindades e espíritos.
Esses seres incorpóreos são concebidos como espíritos que
controlam lares, aldeias, cidades, vales, províncias e nações,
exercendo um poder extraordinário sobre o comportamento das
populações locais. O fato de que o próprio Deus reconheceu o
poder vicário de divindades regionais manifestou-se em sua
urgente chamada de Abraão, e, mais tarde, na chamada da
nação hebréia, dentre os panteões animados dos babilônios e
dos cananeus.

POR QUE AS COISAS SÃO COMO SÃO?

Quase todas as pessoas têm tido a experiência de entrar


em alguma cidade, bairro ou país somente para sentir um
desassossego intangível ou opressão descer sobre os seus
espíritos. Em muitos desses casos, o que encontramos em tais
circunstâncias é a atmosfera sufocante de outro reino espiritual.
De maneira imperceptível para nós acabamos de cruzar uma
fronteira espiritual, que faz parte do império de que falou o
apóstolo Paulo no sexto capítulo de Efésios.
Outras situações mostram-se ainda mais óbvias. Sem
importar a teologia das pessoas, qualquer crente honesto e
moderadamente viajado reconhecerá que existem certas áreas
do mundo de hoje onde as trevas espirituais mostram-se mais
pronunciadas. Sem importar se se trata de cidades coalhadas de
índios, como Varanasi e Catmandu, ou a decadência ostentosa
de Pataia ou Amsterdão, ou as regiões espiritualmente estéreis
de Omã ou da parte ocidental do deserto do Saara, em tais
lugares a realidade triunfa sobre a teoria a cada instante.
A questão é: por quê? Por que existem algumas áreas
espiritualmente mais opressivas, mais entregues à idolatria,
mais espiritualmente estéreis do que outras? Por que as trevas
parecem medrar onde elas realmente estão?
Uma vez que alguém comece a formular essas questões
fundamentais, é fácil vinculá-las a centenas ou mesmo milhares
de situações específicas. Por que, por exemplo, a Mesopotâmia
tolerou uma tão longa lista de governantes tirânicos? Por que a
nação do Haiti é o exemplo mais deplorável de desastre social e
econômico do hemisfério ocidental? Por que as nações andinas
da América do Sul sempre parecem encabeçar as estatísticas da
taxa de homicídios anuais per capita? Por que há tanta atividade
claramente demoníaca nas montanhas do Himalaia e em redor
delas? Por que o Japão sempre se mostrou uma noz difícil de
quebrar por meio do evangelho? Por que o continente da Ásia
domina de tal maneira a Janela 10/40?
Todas as igrejas locais podem apresentar dúzias de outras
perguntas, acerca de suas próprias comunidades. Não será difícil
formulá-las, uma vez que consideremos que pode ser relevante
fazer tais perguntas.
No decorrer dos poucos anos passados, minhas pesquisas
em busca por respostas a essas perguntas têm-me levado
literalmente ao redor do mundo. Isso me tem levado a uma
fascinante e instrutiva jornada, serpeando por quase cinqüenta
países e produzindo mais de trinta e cinco mil páginas de
material documentado — incluindo fotografias, livros, mapas,
entrevistas e estudos de casos.
Ao longo do caminho, tenho visitado santuários, templos,
mosteiros, bibliotecas e universidades. Tenho subido por montes
sagrados, examinado cemitérios de ancestrais e tenho remado
pelo sagrado rio Ganges, correnteza abaixo. Tenho ouvido as
narrativas de lamas tibetanos budistas, médicos-feiticeiros dos
ameríndios, bem como os principais teóricos do movimento da
Nova Era. Tenho comparado notas com missionários e pastores
nacionais de proa; entrevistado antropólogos e estudiosos da
pré-história. E tenho sondado as mentes de muitos especialistas
que têm profundos conhecimentos desde o xamanismo até à
adoração dos antepassados japoneses, passando pelo folclore do
islamismo, a geomancia e as peregrinações religiosas.
A súmula desse processo, um livro e uma série de fitas
gravadas, intitulados The Twilight Labyrinth, 3 é a seqüência
natural do livro The Last of the Giants, bem como do livro que
você está manuseando agora. Quanto àqueles que são sérios
quanto à identificação e o desgaste do poder das fortalezas
territoriais, este volume oferece o mais abrangente
discernimento que se tem publicado até esta data.
O DESAFIO DAS PESQUISAS

Aqueles que têm lido os nossos livros sabem que Peter


Wagner e eu concordamos inteiramente que a territorialidade
espiritual tem muito a ver com as coisas como elas são, em
certas cidades, nações e regiões do mundo atual. E muitos
outros — incluindo pastores, missionários praticantes e
professores de teologia — têm chegado a uma conclusão similar.
Porém, ainda que esse crescente consenso seja encorajador,
muitas outras questões e tarefas ainda precisam ser
examinadas.
É útil pensar nesse processo em termos das pesquisas
médicas que têm acabado de identificar certo vírus como o
agente causador por detrás de alguma enfermidade particular.
Esta ou aquela pessoa se tem recuperado de forma
extraordinária, mas muito trabalho árduo ainda jaz à frente, se
esse conhecimento tiver de ser traduzido sob a forma de ajuda
prática em favor daqueles que estão sofrendo, ou que estão
procurando tratar a enfermidade em foco.
O primeiro passo usualmente consiste em tentar e em
conceber algum tipo de instrumento diagnosticador que possa
ajudar médicos e pacientes a saberem que estão combatendo
uma enfermidade no seu estágio mais primário possível. Isso
ajuda a evitar caças ao acaso, em busca de algum tratamento
eficaz. Os diagnósticos errados e as mazelas fantasmas são, ao
mesmo tempo, muito caros e perigosos.
O passo seguinte, para os pesquisadores, consiste em
dirigir o conhecimento deles para as operações internas de uma
enfermidade qualquer, com vistas à sua cura eventual. Conhecer
quais as causas de algum problema, e como detectá-lo pode, em
última análise, tornar-se uma carga pesada, se esse
conhecimento não for o precursor da solução.
Reconhecer o papel da territorialidade espiritual, pois, serve
somente de ponto de partida quanto a qualquer pesquisa que se
proponha a compreender as razões e as conseqüências dos
modernos campos de batalha espirituais. Mas restam ainda
certas perguntas perscrutadoras. Como, por exemplo, são
estabelecidas as fortalezas espirituais? Como elas se mantêm
diante da passagem do tempo? E como são reproduzidas essas
fortalezas em outras áreas?
Embora não seja possível, neste breve capítulo, responder
com detalhes a cada uma dessas perguntas, pelo menos
podemos cobrir os pontos básicos. Ao assim fazermos, nosso
ponto de partida será uma simples mas crucial definição. Em que
consiste, exatamente, uma fortaleza espiritual? Sem
mergulharmos na aplicação do termo à mente e à imaginação,
uma observação atenta à variedade de fortalezas territoriais
revela duas características universais: elas "repelem a luz" e
"exportam as trevas". (Cindy Jacobs descreveu vários tipos de
fortaleza, no terceiro capítulo, mas aqui estou tratando acerca
do tipo de fortalezas territoriais.)
As fortalezas territoriais são de natureza inerentemente
defensiva e ofensiva. Seus terraplenos escusos desviam os
dardos divinos da verdade, pois os arqueiros demoníacos
mostram-se sempre muito ocupados a lançar dardos inflamados
na direção de alvos desprotegidos, lá fora. Se seus
acampamentos de prisioneiros retêm milhares de cativos
encantados, os comandos do mal e os centros de controle vivem
liberando múltiplas formas de ludibrio, através das hostes
espirituais da maldade que eles empregam.

ESTABELECENDO FORTALEZAS TERRITORIAIS

Se tivermos de entender por que as coisas são da maneira


como são hoje em dia, teremos primeiramente de examinar o
que aconteceu ontem, e também teremos de resolver o dilema
da origem delas. De onde elas vieram? Como essas coisas foram
estabelecidas?
O ponto de partida óbvio desse tipo de estudo é a torre de
Babel. Pois, conforme somos informados no capítulo onze do
livro de Gênesis, foi da planície de Sinear, na antiga
Mesopotâmia, que um povo geograficamente coerente foi
disperso por Deus para os quatro cantos da terra. Mas o que
aconteceu àquelas populações antigas, ao migrarem de Babel?
Artefatos antigos e tradições orais podem oferecer-nos qualquer
indício? E, nesse caso, esses indícios têm alguma relevância para
a nossa inquirição quanto a entendermos as origens das fortale-
zas territoriais?
Antes de passarmos adiante, sinto que devo frisar um fato
adicional, que pesa sobre a nossa discussão. Colocando a
questão nos termos mais simples, os demônios podem ser
achados onde quer que estejam as pessoas. Não há motivo
algum para eles estarem em outro lugar qualquer. Não
encontramos provas, nem nas Escrituras nem na história, que os
demônios estejam interessados na criação inanimada ou amoral,
como os montes, os rios, as árvores, as cavernas, as estrelas e
os animais, a menos que e enquanto as pessoas não se fizerem
presentes. A amarga ordem que receberam foi roubar, matar e
destruir aquilo que é precioso para Deus; e, como é claro, os
seres humanos, criados segundo a imagem de Deus, estão no
alto da lista de seres valiosos para Deus.
Essa seria a explicação subjacente das trevas que parecem
engolfar tantas cidades do mundo. Sempre e onde quer que as
pessoas se concentrem, para ali os demônios serão atraídos pelo
odor delas. Não teria sido por esse motivo que a torre de Babel
atraiu tão imediata intervenção divina? É difícil imaginar que
aquela ímpar concentração de seres humanos, na planície de
Sinear, não tenha precipitado um dos mais profundos
ajuntamentos de poderes demoníacos da história?
Embora pouco se conheça sobre os movimentos originais
dos primeiros grupos de pessoas que saíram da Mesopotâmia,
aquilo que sabemos sugere, pelo menos, um denominador
comum da experiência humana — os traumas. Para alguns, era a
incapacidade de transpor barragens montanhosas
intransponíveis, que bloqueavam o caminho deles. Para outros,
teria havido uma súbita falta de alimentos, produzida por
severas condições climáticas. Ainda outros acharam-se envol-
vidos em algum combate mortal.
Quaisquer que tenham sido esses antigos traumas, eles
sempre tiveram por efeito fazer as pessoas se verem face a face
com os seus desesperos. Como é que eles resolveriam tal
desafio? Cada caso estava carregado de implicações morais.
Cada circunstância serviu de oportunidade para um povo
específico, em um lugar específico, para voltar-se para Deus com
arrependimento, declarando-o, assim, como seu legítimo
governante e único libertador.
Infelizmente, o arrependimento em cilício, que houve em
Nínive, tem mostrado ser uma daquelas raras exceções à regra.
A esmagadora maioria dos povos, através da história, tem
preferido trocar as revelações divinas pela mentira. Dando
ouvidos aos apelos dos demônios, em seu desespero, têm
preferido entrar em pactos quid pro quo com o mundo dos
espíritos. E como compensação pelo consentimento particular de
alguma divindade resolver seus traumas imediatos, os homens
têm oferecido a sua lealdade singular e contínua. E assim têm
vendido, coletivamente, suas almas proverbiais.
É mediante a colocação desses antigos colchões receptivos,
pois, que são estabelecidas as fortalezas territoriais. A base da
transação é inteiramente moral. As pessoas fazem uma escolha
consciente de suprimir a verdade e de acreditar na falsidade. No
fim, os homens são enganados por terem preferido ser
enganados. Peter Wagner elaborou com eloqüência esse aspecto
da questão, no próximo capítulo, ao fazer a exegese de Romanos
1.18-25.
Visto que muitos dos mais antigos pactos entre os povos e
os poderes demoníacos foram transacionados na Ásia, e a Ásia
agora abriga os maiores centros populacionais do mundo, não
nos deveria surpreender que esse continente atualmente domine
as grandes fronteiras de povos não alcançados pelo evangelho,
dentro da conhecida Janela 10/40. População densa e
longevidade têm, ambas as coisas, muito a ver com o
entrincheiramento das trevas espirituais.

CONSERVANDO AS FORTALEZAS TERRITORIAIS

Que existem dinastias das trevas é um triste fato da


história. A indagação que persegue muita gente é o que sustenta
essas dinastias. Se as escolhas mal feitas de gerações anteriores
permitiram que as forças demoníacas penetrassem em certas
regiões, como é que esses poderes malignos conservam os seus
direitos de explorar os territórios durante séculos ou mesmo
milênios? Exprimindo a mesma coisa de outra maneira, como é
que esses poderes conseguem extensões de arrendamento,
depois de terem morrido aqueles que assinaram o contrato
original de arrendamento?
Uma das principais respostas a essa pergunta acha-se na
questão da transferência de autoridade que ocorre durante
festividades religiosas, cerimônias e peregrinações. Escrevi
extensamente sobre esse assunto no livro The Twilight
Labyrinth, e um guia cronológico desses acontecimentos,
publicado por nosso ministério, The Sentinel Group, serve como
manual de contra-ofensiva para intercessores.
Que o poder espiritual realmente é liberado durante essas
atividades tem sido confirmado por inúmeros crentes nacionais e
por missionários que eles têm entrevistado. 4 Quase todos eles
referem-se a um exaltado senso de opressão de crescentes
incidentes de perseguição, e, ocasionalmente, de manifestações
em larga escala de sinais e maravilhas demoníacos. Estamos
vivendo em tempos difíceis, e os crentes com os quais tenho
conversado sempre alegram-se quando esses incidentes
terminam. Somente a oração e o louvor parecem ajudar, e,
mesmo assim, algumas vezes eles indagam se as suas orações
não são interrompidas pelo mesmo tipo de valente espiritual que
adiou a resposta divina a Daniel (ver Dn 10.12, 13).
Deveríamos notar que as festividades, as cerimônias e as
peregrinações religiosas estão sempre ocorrendo em algum
lugar do mundo, a cada semana do ano. Literalmente, milhares
desses eventos têm lugar, desde celebrações localizadas até
grandes eventos regionais e internacionais. O dia das bruxas e o
hajj dos islamitas são bem conhecidos exemplos internacionais;
festividades regionais menos conhecidas são a Kumbha Mela, na
Índia, o Inti Raymi, no Peru, e as celebrações Bon, de verão, no
Japão, que também atraem imensas multidões de participantes.

Tirando a Poeira de Antigos Colchões de Boas-Vindas

Essas celebrações decisivamente não são os espetáculos


culturais benignos, esquisitos e coloridos que as pessoas dizem
com freqüência que elas são. Antes, são transações conscientes
com o mundo dos espíritos. São oportunidades de as gerações
contemporâneas reafirmarem as escolhas e os pactos firmados
pelos seus antepassados e por seus pais. São ocasiões em que
se tira a poeira de antigos colchões de boas-vindas, ampliando o
direito do diabo de governar sobre povos e lugares específicos
nos dias de hoje. A significação desses acontecimentos não
deveria ser subestimada.
Uma vez que uma população entregue-se a vãs
imaginações, os poderes demoníacos logo tiram proveito para
animar as mitologias daí resultantes. De uma maneira que nos
faz lembrar o Mágico de Oz, agentes espirituais manipuladores
põem em prática a arte de governar por detrás dos bastidores,
mediante sombrinhas. A autoridade e a lealdade prestadas a
chamadas divindades protetoras são rapidamente absorvidas —
e, daquele instante em diante, a mentira vê-se entrincheirada.
Desafortunadamente, centenas de milhares de crianças por
dia nascem nesses sistemas de feitiço ao redor do mundo. Quase
todas elas crescem ouvindo falar na mentira; mas é durante o
curso dos ritos de puberdade e das iniciações que muitos deles
sentem a sua intensa sucção gravitacional pela primeira vez. O
poder da mentira, atiçada pela mágica demoníaca, é chamado
de tradição; e são as tradições, por sua vez, que sustentam as
dinastias territoriais.

Ludíbrios Adaptados

Por mais importantes que sejam as tradições na


manutenção das dinastias territoriais, entretanto, esse não é o
único meio usado pelo inimigo para chegar a essa finalidade.
Outra estratégia igualmente importante é aquilo que chamo de
"ludíbrios adaptados". Essa estratégia é empregada quando as
tradições, por qualquer razão, começam a perder o seu domínio
sobre uma dada sociedade.
Os ludíbrios adaptados, dependendo de como o indivíduo
preferir encará-los, ou são correções de curso que se fazem
necessários, ou são aprimoramentos da "linha de produção" do
diabo. Esses ludíbrios funcionam por causa da propensão da
humanidade para experimentar coisas novas. Dizendo a mesma
coisa de forma mais crua, e com pedidos de desculpas aos
aficionados felinos, o diabo tem aprendido que há mais de uma
maneira para esfolar um gato.
Dois exemplos de ludíbrios adaptados dos dias modernos
encontram-se nas novas religiões folclóricas dos japoneses e dos
povos islâmicos. O islamismo folclórico é uma combinação de
crenças islâmicas e animistas, e muitas das novas religiões dos
japoneses apresentam uma curiosa mescla de conceitos budistas
e materialistas. Em termos de números de aderentes ou
praticantes, ambos os movimentos são bem-sucedidos de uma
maneira colossal.
Os ludíbrios adaptados não substituem as escravidões
ideológicas pré-existentes, mas antes intensificam-nas. Nesse
sentido, são análogos a um nível coletivo da narrativa bíblica do
demônio que volta ao vaso humano desocupado, trazendo agora
consigo sete outros espíritos, piores do que ele mesmo (ver Mt
12.43-45; Lc 11.24-26).

SERVIDÕES PREVALENTES E SERVIDÕES ARRAIGADAS

Agora que já estamos armados com a compreensão sobre


os papéis desempenhados pelo ludibrio adaptado, pelas
tradições e pelas festividades religiosas, na manutenção das
dinastias territoriais, precisamos ainda aprender uma lição final.
Essa lição tem a ver com o discernimento da diferença entre as
"servidões prevalentes" e as "servidões arraigadas". Devido à
ausência de ensino sobre o assunto, os guerreiros evangélicos
com freqüência deixam-se enganar pelas aparências superficiais,
quando se esforçam por identificar as fortalezas territoriais.
Um bom exemplo desse fato foi levantado pelo grande
número de pessoas que, poucos anos atrás, insistiam que a
fortaleza espiritual sobre a Albânia era o comunismo do tipo
stalinista. Mas, embora não haja como duvidar que esse tipo de
comunismo fosse a servidão prevalente na ocasião, também
muitos aceitavam que essa também era a fortaleza arraigada. A
falha nesse raciocínio torna-se óbvia quando consideramos que o
comunismo só veio a tornar-se a ideologia predominante no país
em 1944. A significação desse fato é que, por mais vil e
destruidor que tenha sido esse sistema de ateísmo, só está
instalado ali faz cerca de cinqüenta anos. A história da Albânia,
antes disso, retrocede até à região bíblica do Ilírico, e remonta a
muitos milhares de anos.
Sistemas similares de última hora também podem ser
encontrados na Mesopotâmia, no Japão e em outras áreas do
mundo. Esses sistemas representam ideologias superficiais que
chegam e se vão juntamente com o vento. Embora não possam
ser ignorados, por outra parte não devem ser confundidos com o
subsolo espiritual que precisa ser quebrado se tivermos de
entreter esperanças legítimas de que veremos as fortalezas
espirituais serem invadidas com sucesso por meio do evangelho.

A EXPANSÃO DAS TREVAS

Tendo examinado a pergunta de como as fortalezas


espirituais são estabelecidas e mantidas, voltamo-nos agora
para a questão da expansão territorial. Nesse ponto ficamos
interessados em saber se o reino das trevas é geograficamente
dinâmico; e, se realmente assim acontece, como tais fortalezas
são reproduzidas em outras áreas.
No meu livro, The Twilight Labyrinth, devotei um capítulo
inteiro à dinâmica territorial, intitulado de "Caminho da figueira-
de-bengala". Conforme o próprio título sugere, baseei a
ilustração sobre essa árvore tropical, com seus ramos que se
estendem e com suas raízes aéreas descendentes, que servem
de excelente analogia da maneira como se expande o império
das trevas.
Começando com um único tronco maciço, os ramos
sinuosos da figueira-de-bengala estendem-se lateralmente em
todas as direções. Dali, naquilo que sem dúvida é a
característica mas notável dessa espécie vegetal, as raízes
aéreas que descem até o chão vão formando novos troncos.
Dessa forma, a figueira-de-bengala pode mover-se lateralmente
por grandes distâncias — ao mesmo tempo em que vai criando
uma moita trançada quase impenetrável, com seus muitos tron-
cos e ramos parecidos com a da parreira.
Esses ramos que se estendem e essas raízes descendentes
representam as duas maneiras como a expansão territorial tem
lugar: "exportação ideológica" e "fortalezas produzidas por
traumas". A exportação teológica, que é uma extensão territorial
das fortalezas territoriais, é efetuada mediante a propaganda de
ideologias ou de influências espirituais, a partir dos locais de
transmissão, ou centros de exportação, que existem em várias
áreas do mundo. Exemplos de centros assim incluem o Cairo,
Trípoli, Karbala, Qom e Meca, no mundo islâmico; Allahabade e
Varanasi, no mundo do hinduísmo; Dharamsala e Tóquio, no
mundo budista; e Amsterdão, Nova Iorque, Paris e Hollywood no
mundo materialista. Se antes os escudos defletores dos valores
judaico-cristãos impediam que esses venenos penetrassem
profundamente demais na América do Norte, a erosão da
lealdade cristã, em anos recentes, infelizmente tem chegado a
significar que, em um número crescente de instâncias, agora o
inimigo somos nós mesmos.
Outra maneira pela qual o inimigo expande o seu reino no
mundo é mediante a indução de novos traumas. Tendo
aprendido, com base nas experiências passadas, o quão
eficazmente as circunstâncias desesperadas podem atrair para a
sua teia homens e mulheres, o inimigo por muitas vezes usa a
ganância, a concupiscência e a desonestidade de indivíduos
depravados a fim de deflagrar novas crises.
Um exemplo gráfico de uma fortaleza induzida por um
trauma, no mundo ocidental, é o Haiti. Tirando proveito da
ganância dos africanos efiques e dos negociantes franceses de
escravos, grandes números de africanos da África Ocidental
foram trazidos para a área do Caribe e maltratados até ao ponto
do desespero. Preferindo resolver os seus conflitos entrando em
novos pactos com o mundo dos espíritos, aqueles escravos
estabeleceram um sistema de adoração e de governo secreto
alicerçado sobre o animismo, conhecido como vodu. Atualmente,
as negras recompensas desse sistema são largamente
conhecidas, conforme Peter Wagner passará a demonstrar, no
próximo capítulo.

Será possível que o plano de Deus para a sua Igreja é


completar a Grande Comissão no mesmíssimo solo onde o
mandamento original foi entregue à primeira família da
terra?
A GERAÇÃO DO LIMIAR

Conforme os exércitos do Senhor Jesus Cristo vão


começando a completar a tarefa da evangelização do mundo, na
chamada Janela 10/40, é curioso que o centro geográfico dessa
região seja o local do antigo jardim do Éden, isto é na região do
moderno Iraque (ver Gn 2.8-14). Será possível que o plano de
Deus para a sua Igreja é completar a Grande Comissão no
mesmíssimo solo onde o mandamento original foi entregue à
primeira família da terra? (Ver Gn 1.27, 28.)
Qualquer que seja a resposta a essa indagação, é claro que
os guerreiros evangélicos, que ousarem marchar para essa linha
final de combate, terão de enfrentar uma formidável oposição,
da parte de um adversário implacável e invisível. Se a missão
para liberar prisioneiros fascinados tiver de obter sucesso, será
mister obter um acurado conhecimento a respeito das questões
internas do inimigo e de seus centros de controle, bem como o
equivalente espiritual dos óculos de visão noturna, usados pelas
forças armadas.
É impossível desdobrar três anos de dados colhidos e
injetados em um mapeamento espiritual em um único capítulo.
Não obstante, é minha esperança de que essa informação pelo
menos deixará os leitores em estado de alerta, a saber, os
leitores que estão contemplando iminentes missões de
salvamento, alicerçados sobre o fato de que novos instrumentos
se estão tornando disponíveis para guiá-los através do emara-
nhado e dos volteios desse labirinto das horas do crepúsculo.

Perguntas para refletir

1. Discuta sobre o conceito da "territorialidade espiritual". Você


concorda que os principados espirituais da maldade poderiam
ser alocados por Satanás a certas regiões geográficas?
2. Este capítulo sugere que as festividades religiosas podem
reforçar a autoridade dos poderes malignos sobre uma área.
Nomeie e discuta tantas dessas festas quantas você puder
lembrar.
3. Você já experimentou uma sensação quase física de trevas e
de opressão, em certas áreas de sua cidade ou nação?
Compartilhe de suas sensações com outros crentes.
4. As fortalezas demoníacas que dominam uma cidade ou uma
nação podem ser induzidas por traumas. Pode você pensar em
tais traumas dentro da história de sua cidade ou nação que
poderiam ter produzido fortalezas espirituais da maldade?
5. Faça uma revisão da distinção feita por George Otis, Jr., entre
os conceitos "extrabíblicos" e "antibíblicos". Você concorda com
essa distinção?

Notas

1. OTIS, JR., George. The Last of the Giants. Tarrytown, Nova


Iorque, Chosen Books, 1991. p. 85.
2. Ver, por exemplo, o livro de C. Peter Wagner, Warfare Prayer.
Ventura, CA, Regal Books, 1992. p. 87-103.
3. Informações adicionais a estas, e outros produtos
intercessórios de apoio, podem ser adquiridos através do
Sentinel Group, P O. Box 6334, Lynwood, WA 98036.
4. Testemunhos específicos têm sido recolhidos no Japão, em
Marrocos, na Indonésia, no Haiti, na Índia, no Butão, no Egito, na
Turquia, no Nepal, no Afeganistão, no Irã, nas ilhas Fiji, nas
reservas dos índios norte-americanos e em outros lugares.

2. O VISÍVEL E O INVISÍVEL

Por C. Peter Wagner

Uma tentativa para ver o mundo à nossa volta como ele


realmente é, e não como parece ser. Essa é a descrição clássica
do mapeamento espiritual. Um importante pressuposto por
detrás do mapeamento espiritual é que a realidade é mais do
que nos parece à superfície. As coisas visíveis de nossa vida
diária — árvores, pessoas, cidades, estrelas, governos, animais,
profissões, artes, padrões de comportamento — são coisas
comuns, e podemos aceitá-las como são. Entretanto, por detrás
de muitos dos aspectos visíveis do mundo ao nosso redor pode
haver forças espirituais, áreas invisíveis da realidade que podem
ter maior significação final do que as realidades visíveis.
O apóstolo Paulo deixou isso fortemente entendido quando
escreveu: "...não atentando nós nas coisas que se vêem, mas
nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e
as que se não vêem são eternas" (2 Co 4.18).
Paulo ensinou que, ao reconhecermos a diferença entre o
que é visível e o que é invisível, somos resguardados e "não
desfalecemos" (ver 2 Co 4.16). Mas desanimar quanto a quê? Ele
mencionou novamente o desânimo — "não desfalecemos" — no
primeiro versículo do quarto capítulo, para então lamentar-se de
que os seus esforços evangelísticos não surtiam tanto efeito
quanto ele desejava que surtissem. "Mas, se ainda o nosso
evangelho está encoberto, para os que se perdem está
encoberto", escreveu ele. Por quê? Porque "o deus deste século"
cegou as mentes dos incrédulos (ver 2 Co 4.3, 4).
Entendo que a mensagem paulina significa que devemos
reconhecer que a batalha essencial pela evangelização do
mundo é uma batalha espiritual, e que as armas dessa guerra
não são carnais, e, sim, espirituais. E também cumpre-nos
reconhecer que Deus nos deu um mandato para podermos
desfechar uma guerra espiritual que seja inteligente e agressiva.
Se pudermos entender isso, o processo de evangelização do
mundo será acelerado. Compreender as diferenças que há entre
o visível e o invisível é um dos mais importantes componentes
do plano geral de batalha, capaz de quebrar o domínio exercido
pelo inimigo sobre as almas perdidas, que estão perecendo.

INFLAMANDO A IRA DE DEUS

A principal passagem bíblica que nos mostra a distinção


entre o que é visível e o que é invisível, o primeiro capítulo da
epístola aos Romanos, também é o grande trecho sobre a ira de
Deus. É compreensível que a ira de Deus não seja um de nossos
temas favoritos, pelo que não há muitos livros escritos sobre ela,
e nem se ouve muitos sermões a esse respeito. Todavia, a ira é
um atributo de Deus. Isso significa que não é apenas algum
humor passageiro, que vem e que vai, e, sim, uma parte da
própria natureza divina. Deus é Deus de ira. Ele também é Deus
de justiça, Deus de amor, Deus de misericórdia e Deus de
santidade. Essa lista poderia prosseguir, mas Romanos 1.18-31 é
trecho que trata do Deus da ira.
Escreveu Paulo: "Porque do céu se manifesta a ira de Deus
sobre toda a impiedade e injustiça dos homens, que detêm a
verdade em injustiça" (Rm 1.18). Essa enlouquecida injustiça
tem tudo diretamente a ver com o visível e com o invisível.
Permita-me o leitor que eu explique.

Deus criou o mundo a fim de manifestar a sua glória. Todo


ser humano foi criado para glória de Deus. Os seres
humanos ocupam uma posição superior à de outros objetos
da criação, porque somos os únicos que foram criados à
imagem de Deus.

Por que Deus criou o mundo? Ele criou o mundo a fim de


manifestar a sua glória. Paulo esclareceu que, através das
"coisas que estão criadas", ou seja, dos aspectos visíveis da
criação, "as suas coisas invisíveis... se entendem, e claramente
se vêem". Tudo quanto vemos na criação de Deus, sem qualquer
exceção, foi originalmente criado para revelar "o seu eterno
poder" e "a sua divindade" (ver Rm 1.19,20).
Que significa isso para nós? Para começo de conversa,
significa que todo ser humano foi criado para glorificar a Deus.
Os seres humanos ocupam um nível superior ao de outros
objetos da criação, porquanto somos os únicos seres que foram
criados à imagem de Deus. Todo ser angelical também foi criado
para que glorificasse a Deus. E outro tanto deve ser dito acerca
de todo animal, planta, corpo celeste, montanha, iceberg,
vulcão, urânio, para mencionarmos apenas algumas coisas. A
cultura humana também faz parte da criação divina, tendo por
desígnio glorificar a Deus. Abordarei a questão da cultura
humana, com algum detalhe, conforme for avançando neste
capítulo.
CORROMPENDO A CRIAÇÃO DE DEUS

A verdade da questão é que no nosso mundo nem todos os


aspectos da criação glorificam a Deus. Certos seres humanos
têm tomado coisas criadas e as têm corrompido, de tal maneira
que tais coisas não mais revelam a glória de Deus. Pois eles
modificaram a glória de Deus, reduzindo-a à "semelhança da
imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e
de répteis" (Rm 1.23). Deus fica literalmente furioso quando vê
que aquilo que foi criado para redundar em sua glória foi
transferido, especificamente, para seres humanos, aves,
mamíferos e répteis. Quando esses objetos visíveis da criação
são manipulados para representarem os poderes sobrenaturais,
isso libera a ira de Deus.
Se acompanharmos na Bíblia as referências à ira de Deus,
fica claro que coisa alguma desperta tanto a ira de Deus como
adorar e servir "mais à criatura do que ao Criador" (Rm 1.25). E
Deus abomina tal coisa, sobretudo quando os seres humanos
usam o que é visível para glorificar a Satanás e a outros seres
demoníacos. A mera leitura dos capítulos primeiro a décimo
nono do livro de Jeremias infunde temor no coração de qualquer
um que ouse fazer tão horrenda coisa, conforme o povo de Judá
inclinava-se por fazer, a despeito das advertências de Jeremias.
Eles estavam dizendo à mera madeira "Tu és meu pai"; e à
pedra: "Tu me geraste" (Jr 2.27). Isso magoa tanto a Deus que
ele considera tal atitude como se fosse adultério: "Ora, tu te
maculaste com muitos amantes" (Jr 3.1). E disse também o
Senhor: "(Israel) adulterou com a pedra e com o pau" (Jr 3.9).
Não penso que a ordem de apresentação dos Dez
Mandamentos tenha surgido por mero acaso. Deus abomina o
homicídio, o furto, a imoralidade, a violação do descanso e a
cobiça. Mas todos esses mandamentos aparecem depois do
primeiro e do segundo mandamentos: "Não terás outros deuses
diante de mim". E também: "Não farás para ti imagem de
escultura..." (Êx 20.3 e 4). O primeiro mandamento tem a ver
com o que é invisível; e o segundo, com o que é visível.
Penso que é seguro afirmar que nenhum pecado é pior do
que usar o visível para dar honra e glória aos principados
demoníacos. Nenhuma outra coisa provoca tanto a Deus ao
ciúme e à ira.

O Japão e o Sol Nascente

O Japão, que serve de exemplo, é conhecido como "país do


sol nascente". O sol, naturalmente, é uma característica da
criação de Deus, cujo propósito é glorificá-lo. A bandeira
japonesa exibe somente o sol. Esse é o símbolo dessa nação.
Mas o sol da bandeira japonesa glorifica a Deus? Não. O sol é ali
usado com o propósito intencional de glorificar Amaterasu
Omikami, a deusa-sol que é reconhecida em um santuário como
o espírito territorial que governa o Japão.
As pessoas deveriam olhar para a bandeira japonesa e,
então, dizer: "Louvado seja Deus!" Em vez disso, porém, elas
glorificam a criatura, em lugar do Criador.

A Lava do Havaí

Quando, recentemente, dirigi uma conferência sobre guerra


espiritual, nas ilhas Havaí, descobri que muita gente só vivia
pensando em rochas formadas pelo vulcão Kiluea. As pessoas
deveriam contemplar essas belas rochas feitas de lava
solidificada e então exclamar: "Glória a Deus! Nosso Deus é fogo
consumidor". Ele é o Criador dessas rochas de lava.
Mas não. Muitos habitantes do Havaí olham para essas
rochas e dizem: "Glória à deusa Pele! Se não a honrarmos, ela
nos consumirá a fogo". E qual será a atitude de Deus? De acordo
com o primeiro capítulo de Romanos, isso somente o provoca à
ira.
O Grande Canhão

A maioria dos crentes norte-americanos concorda que, no


que tange a características naturais, o Grand Cânion * não tem
rival como manifestação visível da majestade de Deus. Poucos
cidadãos norte-americanos, sem embargo, reconhecem,
conforme fizeram David e Jane Rumph, que há aqueles que têm
corrompido sistematicamente esse fenômeno geográfico,
tornando-o um monumento da idolatria geográfica. Em um artigo
recente, eles disseram que uma "ira justa" borbotou de dentro
deles, ao contemplarem as perversas forças invisíveis, agora
glorificadas pelas características visíveis da natureza. É lamen-
tável que a vasta maioria dos pontos marcantes do Grand Cânion
foram chamados por nomes de principados e potestades das
trevas. Alguns glorificam os espíritos egípcios: a torre de Rá (ou
Ré), a pirâmide de Quéops, o templo de Osíris. Outros glorificam
principados hindus: o ribeiro de Vishnu, o santuário de Rama, o
santuário de Krishna. Ou então glorificam divindades gregas e
romanas: o templo de Júpiter, o templo de Juno, o templo de
Vênus, só para fazer uma seleção ao acaso. Adicionemos a isso o
ribeiro do Panteão, o canhão Assombrado e o ribeiro do Dragão
de Cristal, e você terá aí uma fórmula segura para provocar a ira
de Deus.
Gosto da reação do casal Rumph. Eles sugerem que
deveríamos "arrepender-nos humildemente em favor de nosso
povo, por causa de seu pecado coletivo, declarando que o lugar
pertence, com todos os direitos, a Deus, intercedendo diante do
Senhor para que o Senhor seja honrado ali, através de novos
nomes".1

AFIRMANDO A CULTURA

Estamos vivendo em uma época, ao redor do mundo, mas


sobretudo nos Estados Unidos da América, quando se está
desenvolvendo um novo respeito pela cultura. Está-se tornando
moda reafirmar a cultura e advogar uma sociedade multicultural.

*
Na tradução para o português foi nomeado como Grande
Canhão.
Mas não devemos permitir que isso ponha uma venda nos
crentes. Precisamos entender isso à luz do que é visível e do que
é invisível. Por detrás de formas culturais, tal como por detrás
das rochas de lava do Havaí, pode jazer tanto o poder invisível
do Criador quanto o poder invisível dos demônios. Se ignorarmos
isso, podemos tornar-nos desnecessariamente vulneráveis diante
de ondas devastadoras de uma demonização em alto nível.
A cultura humana, conforme tenho mencionado, faz parte
da criação de Deus. Portanto, a cultura é boa em si mesma.
Trata-se de um dos elementos visíveis designados a glorificar o
Criador. Esse é um ponto tão crucial que quero reforçá-lo,
fazendo referência à questão tanto no Antigo Testamento quanto
no Novo Testamento.

A Torre de Babel

O livro de Gênesis revela-nos as origens culturais. De


acordo com o capítulo onze do Gênesis, houve um tempo em
que a raça humana tinha uma única cultura. Mas o propósito
original de Deus era que a raça humana se espalhasse por toda
a face do planeta, formando culturas diversas. Os homens,
porém, seguindo a sua natureza decaída, pensaram que tinham
um plano melhor que o de Deus, e assim resolveram reverter o
processo de dispersão consolidando-se em torno de uma torre, a
torre de Babel. E começaram a construir deliberadamente a
torre: "...para que não sejamos espalhados sobre a face de toda
a terra" (Gn 11.4).
A torre de Babel era uma estrutura visível. Qual seria o
fator invisível? Os arqueólogos dizem-nos que a torre tinha a
forma de um típico zigurate, uma bem conhecida estrutura
antiga, que visava aos propósitos do ocultismo. Eles desejavam
contar com uma torre "cujo cume toque nos céus", a fim de
atrair o poder satânico que possibilitasse o seu movimento
ecumênico. E, assim, estavam usando o visível para glorificar a
criatura, em vez do Criador.
A reação de Deus já era previsível. Deus ficou irado. Com
um único golpe, o Senhor arruinou os planos deles, confundindo-
lhes as línguas, e eles começaram a espalhar-se, conforme Deus
tinha determinado que fosse feito. E assim a raça humana
terminou "nas suas terras, cada qual segundo a sua língua,
segundo as suas famílias, entre as suas nações" (Gn 10.5).
Os eruditos da Bíblia estão divididos em suas opiniões se as
culturas humanas hoje existentes são um castigo de Deus (plano
B de Deus) ou são um propósito de Deus (plano A de Deus).
Acredito que as culturas fazem parte do propósito criador de
Deus, plano A. Por ocasião da torre de Babel, Deus não
modificou os seus planos a longo prazo, mas tão-somente os
acelerou. De acordo com o meu ponto-de-vista, o que poderia ter
ocorrido através de séculos ou milênios, aconteceu em um único
instante.
Antes de tudo, é muito próprio de Deus produzir a
diversidade. Consideremos as diferentes variedades de
borboletas que Deus criou. Ou de peixes. Ou de flores. O mundo
é muito melhor com a sua diversidade do que sem ela. Culturas
diversas, pois, ajustam-se ao padrão divino seguido na criação.

O Dom Remidor

Cada cultura ou cada grupo étnico, ou mesmo cada nação,


entra com a sua contribuição particular, como nenhum outro
ajuntamento humano poderia fazer. Muitos, seguindo a obra
pioneira de John Dawson, Reconquiste Sua Cidade Para Deus,
referem-se a essa característica ímpar da cultura humana como
um "dom remidor".2 Um dos aspectos cruciais do mapeamento
espiritual consiste em identificar o dom remidor, ou então,
conforme outros crentes dizem, o propósito redentor de uma
cidade, ou nação ou qualquer outro formigueiro humano. De
fato, essa é a sua parte mais crucial. Em última análise, nosso
alvo não é desmascarar as fortalezas satânicas, nem expor o
ludibrio do ocultismo, e nem continuar efetuando o mapeamento
espiritual, e nem amarrando os principados e as potestades do
diabo. Nosso alvo é restaurar a glória de Deus quanto a cada
detalhe de sua criação. Conhecer o dom remidor de Deus que
provê uma direção específica e positiva para as nossas orações e
para outras atividades da guerra espiritual.
Nosso alvo consiste em restaurar a glória de Deus em todos
os detalhes de sua criação. Conhecer o dom remidor de
Deus provê uma orientação específica e positiva para as
nossas orações e para outras atividades da guerra
espiritual.

Se porventura restar qualquer dúvida se as culturas


humanas fariam parte do propósito intencional de Deus, isso
deve ser resolvido pela declaração do apóstolo Paulo, ao falar no
Areópago de Atenas. Ali, asseverou ele: "...de um só fez toda a
geração dos homens, para habitar sobre toda a face da terra,
determinando os tempos já dantes ordenados, e os limites da
sua habitação" (At 17.26). E qual foi o propósito de Deus ao
produzir tantos grupos étnicos ou culturas diferentes? "...para
que buscassem ao Senhor..." (At 17.27). Isso exprime, com toda
a clareza, um propósito remidor.

As Más Novas: A Cultura Corrompeu-se

As boas novas anunciam que as culturas humanas tinham


por desígnio glorificar a Deus. E as más novas afirmam que, em
sua maior parte, essas culturas não glorificam a Deus, pois
Satanás conseguiu corrompê-las. O alvo primário de Satanás é
impedir que Deus seja glorificado. Ele fez isso desde o princípio,
ao provocar a queda de Adão e Eva, corrompendo assim a
própria natureza humana, que fora criada segundo a imagem de
Deus. E, então, usando multidões de seres humanos depravados,
ele tem levado avante essa perversa atividade no nível da
sociedade como um todo.
Paulo acompanha esse tema em seu sermão no Areópago,
uma mensagem inteira sobre o que é visível e o que é invisível.
Ele pregou esse sermão porque "o seu espírito se comovia, em si
mesmo, vendo a cidade tão entregue à idolatria" (At 17.16).
Nesse sermão, Paulo salientou duas formas culturais comuns,
com grande freqüência usadas para glorificar as forças
demoníacas tenebrosas: os templos e a arte. Atenas estava
cheia de templos e, no entanto, "O Deus que fez o mundo e tudo
que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em
templos feitos por mãos de homens" (At 17.24). Atenas era
famosa por suas obras de arte. Não obstante, "...não havemos
de cuidar que a divindade seja semelhante ao ouro, ou à prata,
ou à pedra, esculpida por artifício e imaginação dos homens" (At
17.29).
Não há que duvidar que tanto a arquitetura quanto todas as
demais artes podem glorificar a Deus; e, assim, realmente
acontece em grande parte desses engenhos da inteligência
humana. Mas também podem servir de instrumentos prediletos
para glorificação da criatura, Satanás e suas cortes, e não do
Criador.
Os antropólogos costumam analisar coisas como a
arquitetura e a arte, bem como o comportamento humano em
várias culturas. Eles são capazes de distinguir, e com notável
exatidão, as formas, as funções e os significados dos
componentes culturais. Mas até mesmo os melhores cientistas
sociais só podem examinar aquilo que é visível. Para que possam
ir mais fundo do que isso já se tem de apelar para uma dimensão
que é estranha para a antropologia cultural — o discernimento
de espíritos. A antropologia vê a cultura como ela parece ser, ao
passo que o mapeamento espiritual tenta enxergar a cultura
como ela realmente é.
Os primeiros missionários evangélicos, destreinados como
eram na antropologia cultural, conforme o são os missionários
contemporâneos, caíam em um equívoco crasso. Quando
penetravam em outra cultura, sabiam que havia um inimigo
qualquer, mas concluíam erroneamente que esse inimigo era a
cultura diferente. Faziam o melhor que estava ao alcance deles,
mas deixavam para trás muitas coisas de que agora nos
lamentamos. Hoje compreendemos que nosso inimigo não é
alguma cultura diferente da nossa, e, sim, Satanás. Nossa tarefa
central é distinguir onde o invisível corrompeu o visível, e, então,
cuidar do problema mediante um encontro de poder (2 Co 10.4,
5).
Nosso alvo é bloquear a obra de Satanás e trazer à tona o
dom remidor de Deus, e não destruir a cultura de algum povo ou
nação.
REAFIRMANDO AS CULTURAS NAS AMÉRICAS

Não é mister algum extraordinário discernimento de


espíritos para saber que uma das mais poderosas fortalezas do
inimigo, na sociedade norte-americana, remonta à escravidão, e
que, em nossos dias, manifesta-se de forma igualmente virulenta
por meio do racismo. Temos procurado e continuaremos
buscando meios e modos políticos para vencer essa corrupção
da nossa sociedade, embora pareça que cada passo para a
frente produz um idêntico passo para trás.
A Proclamação da Emancipação, feita por Lincoln, que
libertou os escravos norte-americanos, em 1863, foi um passo
para a frente. Mas houve em seguida um passo claro para trás,
devido à resultante supremacia branca, que desenvolveu
padrões culturalmente perversos como a "assimilação" (isto é, os
negros precisavam tornar-se como os brancos, a fim de serem
aceitos), ou como o slogan enganador, como "a América é um
cadinho que dissolve tudo" (isto é, todos os cidadãos americanos
são iguais). Pois misturam uma coisa boa — "todos deveríamos
ser cegos para a cor da pele" — com uma coisa ruim — "somos
cegos para o nosso racismo".
Foram necessários cem anos, até que o Movimento dos
Direitos Civis da década de 1960 começou a propalar essas
idéias. Foi então que começamos a descobrir que o negro é
bonito, e que os negros podem continuar sendo negros e serem
bons cidadãos norte-americanos. Começamos a valorizar a
cultura afro-americana, bem como as culturas de nossas outras
minorias norte-americanas. Esse foi o passo para a frente. Mas o
passo para trás, que é tão novo que muitos nem ainda se deram
conta do que está sucedendo, é uma abertura perigosa e um
tanto ingênua para o paganismo. Aqui é onde ficam diretamente
ligados o visível e o invisível.

Exagerando a Tolerância

A tolerância é o contrário da discriminação. No esforço por


reafirmar o pluralismo cultural, a tolerância torna-se um conceito
altamente valorizado. Grupos intolerantes, como a Ku Klux Klan,
são considerados desvios sociais infelizes em nossos dias. Esse é
um passo para a frente.
Meu temor é que, quando a tolerância torna-se exagerada,
pode haver dois passos para trás, e no fim tudo pode acabar pior
do que no começo. Isso é assim porque, embora as formas
visíveis da cultura possam ser neutras e mereçam ser toleradas,
isso não ocorre no caso de todos os poderes espirituais que se
postam por detrás de certas formas culturais. Salomão descobriu
isso quando trouxe mulheres de diferentes culturas para o seu
harém. As mulheres e as artes e artefatos que elas trouxeram de
suas culturas pagãs eram uma coisa. Os principados e
potestades demoníacos que vieram com aquelas mulheres eram
algo bem diferente, o que acabou provocando a queda de
Salomão (ver 1 Rs 11.4-10). O que era invisível veio na esteira
do que era visível.
Em nossos dias, dos bons cidadãos norte-americanos
espera-se que eles tolerem qualquer coisa, desde estilos de vida
próprios do homossexualismo até às religiões orientais.
Multiculturalismo é uma espécie de senha nas universidades.
Jornalistas, artistas, mestres e juízes precisam ser "politicamente
corretos". Mas notemos aonde isso nos conduz. Quando a
tolerância torna-se suprema, a única coisa que não pode ser
tolerada é a intolerância. O cristianismo, por sua própria
natureza, é visto como uma religião intolerante, porque
reivindica que Deus é absoluto, que a sua Palavra é a verdade,
que a sua moralidade é normativa, e que somente por meio de
Jesus Cristo os seres humanos perdidos podem recuperar o seu
relacionamento pessoal com ele. O cristianismo bíblico, pois,
está longe de ser considerado politicamente correto.
Eis a razão pela qual não podemos orar ou ler nossas Bíblias
ou apor os Dez Mandamentos nas paredes de nossas escolas
públicas. Esse também é o motivo pelo qual a universidade de
Washington está requerendo dos líderes da Campus Crusade que
assinem formulários requerendo que abram seus postos de
liderança a todos os estudantes, sem importar o credo religioso
ou a orientação sexual destes últimos. Tim Stafford noticiou: "Em
Stanford, as pessoas podem dizer praticamente qualquer coisa a
respeito dos homens brancos ou dos fundamentalistas religiosos;
mas ai daquele indivíduo que disser ou fizer qualquer coisa
considerada ofensiva para os oprimidos: as mulheres, os
homossexuais, os incapacitados ou as pessoas de cor".3
Isso já é ruim por si mesmo, mas o mais alarmante é que
tais atitudes estão começando a penetrar na corrente principal
do cristianismo bíblico. Pesquisas recentes, feitas por George
Barna, têm revelado que somente 23% dos crentes evangélicos
e regenerados acreditam que existe tal coisa como a verdade
absoluta!4 Não admira que alguns deles estejam questionando a
necessidade de um evangelismo agressivo. Para esses, talvez a
fé em Jesus Cristo, como Salvador e Senhor, na verdade não seja
assim tão crucial, afinal de contas!
Quando contemplamos esse fenômeno à luz do que é
visível e do que é invisível, não estamos jogando nenhum jogo
cultural. Antes estamos convidando novamente o paganismo
para a nossa sociedade, à guisa de tolerância. E isso fornece
fortalezas para os espíritos territoriais invadirem e assumirem o
controle da vida de nossa sociedade. Isso atrai a demonização da
sociedade, bem como o desastre final para um grande número
de pessoas.

Que Fazem os Poderes das Trevas?

Quão perigoso é esse desenvolvimento? Quando as forças


demoníacas passam a controlar a sociedade, muitas coisas
podem acontecer. Na América do Norte estamos vendo algumas
delas começarem a acontecer diante de nossos olhos.
Exemplificando:
1. Podem provocar o ressurgimento do racismo sob formas
novas e mais violentas. Minorias podem voltar-se contra outras
minorias, como os conflitos entre os afro-americanos e os coreo-
americanos, ou entre os hispano-americanos e os afro-
americanos.
2. Podem forçar os sistemas legislativo e judiciário para que
legalizem supostos direitos de grupos que exercem pressão, sem
importar quão danificadoras sejam essas causas para a socie-
dade como um todo, a longo prazo. Direitos exagerados dos
animais, direitos dos homossexuais, questões ambientais triviais
e aborto por conveniência são vistas como medidas politica-
mente corretas.
3. Podem abrir as portas para a decadência moral. Quando
as pessoas adoram a criatura, e não o Criador, a moralidade
naufraga, conforme o primeiro capítulo da epístola aos Romanos
nos mostra em termos inequívocos. A sociedade pode tornar-se
tão ruim que Deus entrega tal povo à vontade deles. Por três
vezes, no primeiro capítulo de Romanos, Paulo repete: "Deus
entregou". Mas entregou-os a quê? (1) Às "concupiscências de
seus corações, à imundícia, para desonrarem seus corpos entre
si" (1.24); (2) "varão com varão, cometendo torpeza" (1.27); (3)
"a um sentimento perverso, para fazerem coisas que não
convém" (1.28). E isso é seguido por uma das mais revoltantes
listas de práticas pecaminosas que podem ser encontradas na
Bíblia. Lamentavelmente, cada item que há nessa lista pode ser
encontrado nas primeiras páginas dos jornais de nossas cidades
americanas, em nossos dias.

O DESAFIO DO DISCERNIMENTO ESPIRITUAL

Em um meio ambiente nacional e internacional, onde as


culturas estejam sendo afirmadas e onde a tolerância é
esperada, onde deveríamos traçar a linha divisória? Por uma
parte, queremos fazer valer a cultura. Afinal, Deus criou cada
cultura e deu a ela um dom ou dons remidores, para a sua glória.
Por outra parte, queremos desmascarar os ludíbrios satânicos
que estão bloqueando a emergência da glória de Deus.
Queremos também identificar as fortalezas espirituais, para
então, seguindo os princípios bíblicos da guerra espiritual,
derrubar aquelas fortalezas e apresentar avisos de expulsão às
forças espirituais que estão por detrás dessas fortalezas (ver 2
Co 10.2-5 e Ef 6.12). Quanto mais habilidosos nos tornarmos no
campo do mapeamento espiritual, mais eficazes nos
mostraremos no enfrentamento desse desafio.
Algumas vezes, saber onde traçar a linha é tarefa
relativamente fácil. Pode ser feito com o bom senso espiritual.
Em outras oportunidades, trata-se de uma situação delicada, que
requer dons espirituais como a profecia e o discernimento de
espíritos, além de considerável experiência prática, no campo.
Permita-me o leitor dar um exemplo pessoal e um exemplo
bíblico sobre como devemos traçar essas linhas divisórias.

Limpando a Sala de Estar da Família Wagner

Os leitores de outros livros desta série já tomaram


conhecimento de que minha esposa, Dóris, e eu temos tido de
enfrentar espíritos malignos em nosso lar em Altadena, estado
da Califórnia. Em um dos livros desta série, intitulado Escudo de
Oração (Editora Bompastor), detalhei a história de como caí de
uma escada, em minha garagem, e de como creio que a
intercessão de Cathy Schaller, naquela ocasião, salvou a minha
vida. As evidências apontam na direção da obra direta de um
espírito maligno. Em outro livro, Oração de Guerra (Editora
Bompastor), contei como Dóris chegou a ver um espírito em
nosso dormitório, e de como Cathy Schaller e George Eckart,
algum tempo depois, vieram à nossa casa e exorcizaram os
espíritos.
Cathy e George encontraram mais espíritos em nossa sala
de estar do que em qualquer outra dependência da casa. Ao
partirem, eles sentiam que tinham expulsado a todos os
espíritos, excetuando um, que eles discerniram estar vinculado a
um puma de pedra da cultura dos índios quíchuas, que havíamos
adquirido quando éramos missionários na Bolívia. O puma não
era nenhuma antigüidade, mas apenas uma reprodução para
turistas; mas, a despeito disso, o invisível se havia apegado
àquele objeto visível. Além do puma, tínhamos como decoração
das paredes duas máscaras pagãs, usadas pelos índios
chiquitanos, além de duas lâmpadas entalhadas na madeira,
representando a cultura dos índios aimaras.
Quando Dóris e eu voltamos do trabalho para casa, naquele
dia, tínhamos de tomar algumas decisões. Onde deveríamos
traçar a linha divisória? Tínhamos três coleções diferentes de
objetos de arte, de três das culturas indígenas da Bolívia.
1. O puma. Crendo que um espírito maligno se havia
apegado ao puma, a decisão a respeito foi simples. O puma
precisava desaparecer. Levamos o objeto para fora, quebramo-lo
e jogamos os pedaços na lata de lixo.
2. As máscaras. Se o discernimento de Cathy e George
estavam com a razão, então nenhum espírito se atrelara àquelas
máscaras. No entanto, aquelas máscaras não eram meras
reproduções para turistas. Elas haviam sido realmente usadas
pelos índios chiquitanos em suas cerimônias animistas, com o
propósito de glorificar a seus espíritos tribais. E, apesar do pouco
que sabíamos naqueles dias, aquilo nos pareceu razão suficiente
para nos livrarmos das máscaras, o que realmente fizemos.
3. As lâmpadas. As lâmpadas eram coisas bem diferentes.
Eram belas espécimes de arte nativa. Eram reproduções
esculpidas e envernizadas de Inti, o deus-sol, que era um dos
espíritos territoriais que dominavam os índios aimaras, que
viviam em terras altas. Essas lâmpadas eram os objetos mais
dispendiosos que tínhamos trazido da Bolívia para a nossa terra.
Ajustavam-se perfeitamente bem à nossa decoração. Não
estavam carregadas de demônios, como se dava com o puma.
Assim sendo, discutimos e resolvemos que as deveríamos
considerar como objetos de arte nativa, e não como ídolos de
objetos imundos. E ficamos com as lâmpadas.
Ficamos com elas até à primeira vez em que Cindy Jacobs
visitou a nossa residência. Cindy, autora do capítulo que se
segue, que trata das fortalezas demoníacas, estava muito à
frente de Dóris e de mim em seu discernimento de espíritos e
em seu conhecimento do mapeamento espiritual. Quando ela
entrou em nossa sala de estar então, com um olhar de choque
em sua fisionomia, ela perguntou, apontando para as lâmpadas:
"O que aquelas coisas estão fazendo aqui?" Explicamos que
eram apenas lembranças inocentes, que nos faziam lembrar de
nossos dias na Bolívia. Então Cindy disse gentilmente: "Bem, por
que vocês não oram a respeito delas?", e o assunto não veio à
baila novamente.
Depois que Cindy foi embora, começamos a orar. Dessa
vez, Deus orientou-nos para tomarmos uma abordagem
diferente em nossa decisão. E finalmente percebemos que nunca
tínhamos perguntado a nós mesmos a mais crucial de todas as
perguntas: Aqueles objetos glorificavam a Deus? A luz daquilo
que estávamos entendendo na época sobre a verdade bíblica do
visível e do invisível, a resposta era um óbvio "não". As mãos
que tinham feito aquelas lâmpadas, por habilidosas que elas
possam ter sido, "mudaram a glória do Deus incorruptível em
semelhança da imagem de homem corruptível" (Rm 1.23). O
resultado colimado era dar glória ao deus-sol, Inti, que seria uma
mera criatura, e não ao Criador. E assim as lâmpadas também se
foram!
Mais tarde, lemos em Deuteronômio 7.25, 26, trecho que se
refere às "imagens de escultura de seus deuses", exatamente
aquilo que eram nossas lâmpadas Intis. No mesmo trecho bíblico
lemos que um objeto desses é uma "abominação" ao nosso
Deus, e logo em seguida: "Não meterás, pois, abominação em
tua casa, para que não sejas anátema, assim como ela; de todo
a detestarás, e de todo a abominarás, porque anátema é". E,
assim, percebemos claramente o quão errados estávamos, ao
considerarmos aquelas lâmpadas como inocentes peças de arte
nativa.
Nossa casa foi purificada. E foi apenas recentemente que
nossa filha já adulta, Becky, disse-nos que, quando era criança,
ao caminhar sozinha pela casa, nunca entrava na nossa sala de
estar. Ela não foi capaz de verbalizar as suas impressões na
oportunidade, mas ela sentia que a nossa sala de estar estava
contaminada por poderes das trevas. Quão ignorantes
mostramos ser, nós, os pais dela.

Como Paulo Traçou a Linha

Parece que os crentes de Corinto eram mais ou menos tão


ignorantes acerca do visível e do invisível quanto o casal
Wagner. No contexto daqueles crentes, o problema surgiu
quando tiveram de enfrentar a questão das carnes que tinham
sido oferecidas a ídolos. E Paulo ajudou-os onde deveriam traçar
a linha, em 1 Coríntios 8-10.
Devemos entender que os aspectos visíveis daquela
questão, aquela que envolvia ídolos e carne, não constituíam o
problema central. Paulo fez as seguintes perguntas retóricas:
"Mas, que digo? Que o ídolo é alguma coisa? Ou que o
sacrificado ao ídolo é alguma coisa?" (2 Co 10.19). A resposta
óbvia a essas perguntas é "não". O problema real acha-se nos
demônios invisíveis que se postam por detrás dessas coisas
visíveis.
Os crentes de Corinto ordinariamente podiam conseguir
carne sacrificada a ídolos em três lugares: (1) No mercado
público; (2) nas residências de amigos, em ocasiões de
encontros sociais; e (3) nos próprios templos idólatras. Onde
deveriam eles traçar a linha divisória?
1. O mercado público. Podem ir e comprar carne ali, sem
fazer quaisquer indagações (ver 1 Co 10.25).
2. Jantar na casa de um amigo. Podem comer da carne, se
ninguém levantar qualquer questão a respeito. Porém, se for
anunciado que a carne fora oferecida a ídolos, não comam dela
(ver 1 Co 10.7,28).
3. O templo idólatra. Não façam isso. Por quê? Porque,
embora os espíritos invisíveis possam não estar presentes na
própria carne, ou na sala de jantar do amigo, sem dúvida estão
presentes nos templos idólatras. Disse Paulo: "Antes digo que as
coisas que os gentios sacrificam, as sacrificam aos demônios, e
não a Deus". E ele prosseguiu: "E não quero que sejais
participantes com os demônios" (1 Co 10.20).
Nem sempre é fácil saber onde devem ser traçadas as
linhas divisórias. Mas sempre será sábio levantar três perguntas,
sempre que restar alguma dúvida:
• Isso poderia deixar-me sujeito a alguma influência
demoníaca direta?
• Isso dá qualquer aparência de mal?
• Isso glorifica a Deus?

Limites da Autoridade

Traçar a linha divisória é uma coisa. Entrar em ação direta


contra algum objeto ou comportamento é algo bem diferente.
Pude destruir os artefatos que estavam em minha sala de estar
porque eu era o proprietário legal deles, e, assim, estavam sob a
minha autoridade. Nem Becky e nem Cindy poderiam ter tomado
tal iniciativa, por mais que tivessem desejado fazê-lo. Em muitas
situações da vida, a presença de objetos visíveis que glorificam à
criatura, e não ao Criador, não depende de nós, e nada podemos
fazer a respeito.
Para exemplificar, o edifício onde Dóris e eu temos o nosso
escritório da A.D. 2000 United Prayer Track exibe uma estátua
grosseiramente imunda, logo em sua entrada. De fato, o dedo
daquela figura indesejável aponta diretamente para a janela do
meu escritório. Se eu tivesse autoridade para tanto, sem dúvida
removeria a estátua e a destruiria, mas não posso fazê-lo. E,
assim, visto que não posso tratar com o que é visível, tenho
tratado com o que é invisível.
Dóris e eu convidamos Cindy Jacobs para juntar-se em uma
purificação de nosso escritório, assim que nos mudamos para lá.
Ela quebrou o poder dos espíritos, dentro do escritório, e
amarramos quaisquer forças das trevas vinculadas à estátua;
desde então o escritório tem-se mostrado pacífico e agradável.
Se ainda resta algum poder espiritual e invisível por detrás da
estátua, não sei dizê-lo. Mas sei que agora estamos protegidos,
por termos assumido a autoridade no nome de Jesus, sobre
aquela parte do edifício que alugamos.

DEMONIZAÇÃO NACIONAL

Tenho procurado salientar que ignorar a realidade dos


poderes invisíveis, por detrás dos aspectos visíveis da vida
diária, podem ter efeitos sérios e mesmo devastadores, tanto
para o indivíduo quanto para a sociedade. Duas nações, ainda
recentemente, tomaram insensatas providências oficiais, no
nível governamental mais alto, convidando os principados
demoníacos para virem controlar a sua terra: o Haiti e o Japão.

O Haiti

Faz muito tempo que o Haiti é a nação mais pobre do


hemisfério ocidental. Através dos anos, a religião imposta pela
Igreja Católica Romana em nada tem ajudado o país. Um
vigoroso trabalho missionário protestante também não tem
ajudado. A política não tem ajudado. A ajuda financeira
estrangeira, por igual modo, em nada tem ajudado.
Talvez o maior raio de esperança de um futuro melhor para
o Haiti ocorreu em dezembro de 1990, quando Jean-Bertrand
Aristide tornou-se o primeiro presidente eleito
democraticamente, em toda a história do Haiti. Dentro de uma
lista de onze candidatos, Aristide recebeu 67% dos votos, um
fenômeno relativamente raro, em eleições multipartidárias.
As coisas pareciam estar melhorando. Poucos meses depois
da posse de Aristide como presidente, Jim Shahim noticiou:
"Agora o Haiti parece um lugar diferente". Diminuíram as
violações dos direitos humanos. Cessou o êxodo de pessoas por
meio de embarcações. Aristide, em uma visita que fez a Paris,
recebeu promessas de quinhentos milhões de dólares, para
serem empregados em certa variedade de projetos. As pessoas
estavam falando sobre o novo aspecto do país. Até mesmo um
oponente político de Aristide chamou-o de "o nosso messias de
esperança".5
Preservando as raízes culturais. Mas foi então que Aristide,
que também é um padre católico-romano, cônscia ou
inconscientemente, cometeu um sério erro espiritual. A 14 de
agosto de 1991, pediu oficialmente que os principais
macumbeiros do vodu dirigissem uma observância nacional da
cerimônia de vodu, chamada Boukmann, a fim de rededicar a
nação do Haiti aos espíritos dos mortos. Essa cerimônia,
conforme alguns dizem, envolve o sacrifício de animais e até de
seres humanos. Para quê? Segundo alegavam, para "preservar
as raízes culturais do Haiti".
Cerca de um mês mais tarde, a 29 de setembro de 1991,
Aristide foi derrubado do poder mediante um golpe militar. O
Haiti deu início a um mergulho sócio-econômico. Foi imposto um
embargo internacional sobre o país. A economia normal
virtualmente deixou de existir. Milhares de empregos se
perderam, muitos irrevogavelmente. Meses após o golpe,
Howard W. French expediu esta notícia: "Port-au-Prince, uma
agitada cidade em tempos normais, agora, por muitas vezes,
mais parece uma empoeirada cidade fantasma". Os serviços
públicos foram suspensos por causa de falta de gasolina, e o lixo
foi sendo empilhado em montões cada vez maiores, nas ruas.
Muitos investidores estrangeiros desistiram definitivamente do
Haiti. A nação atingiu o ponto mais baixo na escala da miséria
humana.
O que aconteceu, na realidade? Os analistas políticos são
treinados para verem o que é visível. Esses dizem que Aristide
foi derrubado pelos ricos por ser ele um teólogo liberal que
favorecia os pobres. Ou então que os oficiais militares voltaram-
se contra ele por causa de sua política anti-drogas e seu desejo
de formar uma unidade de segurança fora do controle do
exército. São também apresentadas outras razões.
Os mapeadores espirituais, por sua vez, vêem o que é
invisível. Embora sem negarem a validade das análises políticas,
esses crentes vêem por detrás dessas razões as operações
sinistras de poderes espirituais que se utilizam de seres
humanos e de estruturas sociais, como as forças militares,
visando às suas próprias finalidades. Não somente os praticantes
do vodu, mas também os espíritos territoriais que governam o
Haiti, ficaram deleitados ao aceitarem o convite do presidente
para que se instaurasse uma demonização nacional. Uma vez
que eles adquiriram as suas fortalezas legais para vitimizarem as
massas populares do Haiti, furtando, matando e destruindo, não
tinham mais qualquer uso para o seu "amigo" Jean-Bertrand
Aristide, e assim relegaram-no ao rol dos que só serviam para o
monturo. Seu plano para "reafirmar a cultura haitiana" foi um
tiro pela culatra, porquanto ele não foi capaz de discernir o mal
invisível dentre o bem visível.

O Japão

De certa feita perguntei de David Yonggi Cho por qual


motivo ele pensava que as igrejas evangélicas crescem tão
rapidamente na Coréia, mas não no Japão. A resposta dele me
surpreendeu. Embora reconhecendo que há muitas razões para
aquele fato, uma das razões, aquela que ele sugeriu, foi que
tinha havido sérios danos contra a tradicional cultura coreana,
em trinta e seis anos de ocupação japonesa, e,
subseqüentemente, por parte do comunismo proveniente da
Coréia do Norte. O cristianismo bíblico, pois, cresceu
relativamente sem o empecilho do paganismo tradicional
coreano.
Por outro lado, a cultura japonesa tem permanecido
virtualmente intocada durante três mil anos. O paganismo está
profundamente arraigado no entretecido no Japão. Os espíritos
que controlam o Japão têm podido lançar profundas raízes, e não
se dispõem a permitir que o cristianismo tenha mais do que uma
presença meramente simbólica.
O mais sério retrocesso no domínio dos espíritos territoriais
do Japão ocorreu durante um período de sete anos,
imediatamente após a Segunda Guerra Mundial. A despeito de
uma fachada budista, os espíritos mais profundamente
entrincheirados no Japão são os principados que controlam o
xintoísmo, que é uma forma espiritualizada de nacionalismo. A
principal figura visível, empregada por esses anjos negros, é o
imperador. Na mente popular dos japoneses, o imperador é uma
divindade. Mas como parte do processo de paz, logo após a
Segunda Guerra Mundial, o imperador renegou publicamente
essa condição de divindade, e o governo japonês concordou em
separar-se oficialmente de qualquer instituição religiosa,
incluindo o xintoísmo. O general MacArthur convidou milhares de
missionários evangélicos, muitos se apresentaram, e o
cristianismo cresceu bem durante aqueles anos que agora são
conhecidos como os "sete anos maravilhosos".
Durante mais de trinta anos, pareceu, no que é visível, que
o Japão está mantendo o seu status quo. Mas no mundo invisível,
os anjos negros pareciam estar recuperando o seu anterior
domínio. O crescimento da Igreja evangélica diminuiu até apenas
engatinhar. E então morreu o imperador Hiroíto, e seu filho,
Akihito, tornou-se o novo imperador. Uma questão crucial girou
em torno da cerimônia do Daijosi, o componente religioso da
inauguração tradicional de todos os imperadores japoneses. O
Daijosi, um ritual de ocultismo e adivinhação, coreografado, seria
o clímax de um encontro sexual entre novo imperador e a deusa-
sol, Amaterasu Omikami, a principal divindade que domina o
Japão. Pouco muda se o contato sexual é físico (um súcubo) ou
se é espiritual. No mundo invisível, o imperador e a deusa-sol
tornam-se uma só carne, e, através de seu líder supremo, a
nação convida que os demônios venham controlá-la.
Infelizmente para o Japão, tal qual como para o Haiti, uma
decisão insensata foi tomada, e o novo imperador resolveu
reverter a posição de seu pai, tomada após a Segunda Guerra
Mundial, e novamente, na mente popular, foi "deificado"
mediante a cerimônia do Daijosi. E não somente isso, mas o
governo resolveu pagar as despesas dos ritos que custaram
vários milhões de dólares, apesar dos veementes protestos dos
líderes evangélicos japoneses.
Desde então, como se esperava, a aberta participação de
oficiais do governo, como líderes nacionais, em peregrinações e
cerimônias ligadas ao tradicional paganismo japonês está em
ascendência. O que isso significa para a nação japonesa, a longo
prazo, é algo que ainda teremos de ver. Mas enquanto este livro
está sendo preparado, a bolsa de valores do Japão, e seu efeito
agitador sobre as economias tanto do Japão como do mundo
todo, está em rápido declínio, como nunca antes acontecera,
desde a Segunda Guerra Mundial, um declínio que vem desde a
cerimônia do Daijosi.

Que Dizer Sobre os Estados Unidos?

Os Estados Unidos da América são bastante diferentes do


Haiti e do Japão, ambos os quais contam com populações
razoavelmente homogêneas. A reafirmação das "raízes culturais
haitianas" ou da "tradicional cultura japonesa" tem um sentido
largamente entendido. Mas os Estados Unidos lideram o mundo
quanto ao multiculturalismo nacional. Nos Estados Unidos, a
reafirmação só poderia ocorrer se fosse feita de cultura em
cultura.
No momento não é considerado "politicamente correto"
reafirmar as nossas raízes culturais e coloniais anglo-
americanas, procedentes da Nova Inglaterra, da Virgínia, ou das
raízes batavo-americanas de Nova Iorque, ou das raízes
germano-americanas da Pennsylvania, ou mesmo das raízes
escandinavo-americanas. Mui significativamente, essas são as
culturas norte-americanas que foram mais profundamente
influenciadas pelo cristianismo e que emergiam da reforma
protestante, por mais imperfeito que tenha sido e continue
sendo esse movimento cristão.
Antes, a nova excitação cultural que há nos Estados Unidos
parece girar em torno de culturas minoritárias, como a dos
indígenas norte-americanos, divididos em muitas tribos, os afro-
americanos, e vários asiáticos-americanos. Entre os hispano-
americanos tem surgido uma tendência que tem procurado
diminuir a herança espanhola européia, e tem procurado
enfatizar as raízes nativas dos astecas, dos maias ou dos incas.
Conforme vem sendo revelado pela nossa nova compreensão do
visível e do invisível, essa reafirmação cultural pode ser vista
como passos criativos para a frente, em favor de nossa nação,
embora também sirva de convite para uma séria queda
espiritual.
O passo para a frente, conforme já foi frisado, está trazendo
à luz os dons remidores que Deus tem implantado em cada
cultura, a fim de glorificar a si mesmo. Nossas culturas são
intrinsecamente boas, porquanto refletem o Criador. Deveríamos
afirmar isso em cada uma das culturas que fazem parte dos
Estados Unidos da América.
Mas também precisamos reconhecer que Satanás tem
corrompido de tal forma as culturas que algumas de suas
formas, como a arte e a arquitetura, e, particularmente, alguns
de seus padrões de comportamento, como as danças e os ritos
religiosos, evidentemente visam a glorificar à criatura, e não ao
Criador. As culturas cujas raízes religiosas exaltam os espíritos
demoníacos precisam ser afirmadas com tanta cautela nos
Estados Unidos, quanto o têm sido no Haiti e no Japão. De outra
sorte, as forças invisíveis das trevas, assim convidadas para que
intervenham na vida nacional, certamente proliferarão e
provocarão Deus à ira. Deus não tolerará a prostituição espiritual
nos Estados Unidos mais do que tolerou em Judá, nos dias do
profeta Jeremias, e o juízo divino é o resultado previsível disso.
Tristemente, em vez de vermos o alívio do sofrimento humano,
podemos ver esse sofrimento intensificar-se.

O Havaí Corre Perigo?

O Havaí, o qüinquagésimo estado norte-americano,


atualmente está vivendo em meio a um forte movimento,
liderado por algumas de suas principais figuras, que busca
valorizar a cultura havaiana. A 21 de agosto de 1992, o
governador do Havaí, um dos senadores norte-americanos e
muitos outros oficiais do governo participaram de um rito do
paganismo tradicional do Havaí, rotulado como "cerimônia de
cura", em favor da desabitada ilha de Kahoolawe. A cerimônia
inclui o oferecimento de corais no altar dedicado aos espíritos
das trevas, bem como o ato de beber a sagrada awa. Parley
Kanakaole, líder que dirigiu o evento, interpretou os atos dos
oficiais do governo como se quisessem dizer: "Sim, darei apoio à
herança cultural do Havaí, e tudo quanto significa ser um kanaka
maoli (um verdadeiro havaiano)".7
Um propósito declarado desse processo seria reparar o
dano feito no Havaí pelo cristianismo. Referindo-se a esse
evento, Laurel Murphy diz que depois que os missionários
cristãos chegaram, "começou a morrer o poder dos deuses
havaianos, e, juntamente com isso, o poder dos varões
havaianos". Parley Kanakaole "sabia que o novo heiau (templo)
tinha de ser uma mua ha'i kupuna, o lugar de adoração da
família, no antigo Havaí, onde os homens invocavam os
antepassados em sua ajuda".8
Ironicamente, o lema do estado do Havaí é o seguinte: "A
vida da terra é perpetuada pela justiça". Isso reflete o dom
remidor de Deus para o Havaí. Essa justiça seria perpetuada se
Jesus Cristo fosse exaltado como legítimo Senhor do Havaí,
redundando isso na glória do Criador. Mas o contrário também é
uma possibilidade: a morte da terra é perpetuada pela injustiça.
Conforme já pudemos mencionar, a ira de Deus é vertida sobre
as pessoas que "detêm a verdade em injustiça" (Rm 1.18),
quando elas glorificam antes a criatura do que ao Criador. Minha
oração é que isso não venha a acontecer no Havaí.

CONCLUSÃO

Onde devemos traçar a linha divisória? O mapeamento


espiritual é uma tentativa para oferecer diretrizes. Ajuda-nos a
saber quando começamos a glorificar a criatura, em lugar do
Criador. Revela os poderes invisíveis, tanto bons quanto maus,
por detrás das realidades visíveis da vida diária. Provê aos
homens novos instrumentos para nos engajarmos e vencermos o
inimigo, assim abrindo o caminho para a propagação do Reino de
Deus, a fim de que sua glória se manifeste entre as nações.
Perguntas para refletir

1. Você pode pensar em quaisquer instâncias, à parte daquelas


mencionadas neste capítulo, onde pessoas tenham abertamente
dado glória à criatura, em vez do Criador?
2. Pense sobre os nomes demoníacos dados a certos pontos
destacados do Grand Cânion. Por que isso produz uma "ira justa"
em certas pessoas?
3. Sua cidade tem um dom remidor. Segundo você pensa, quais
são algumas possibilidades acerca do que consiste esse dom da
sua cidade? Que dizer sobre outras cidades próximas?
4. Discuta alguns pontos específicos dos perigos de afirmar o
paganismo, ao mesmo tempo em que se tenta recuperar cultu-
ras antigas.
5. Revise a purificação da sala de estar da família Wagner. Você
teria removido o puma? as máscaras? as lâmpadas? Por quê?

Notas

1. RUMPH, Dave e Jane. "Idolatria Geográfica: Satanás Realmente É


Dono de Tudo Isso?" Body Life, junho de 1992, p. 13.
2. DAWSON, John. Taking Our Cities for God [Reconquiste Sua Ci-
dade Para Deus]. Lake Mary, FL, Creation House, 1989. p. 39.
3. STAFFORD, Tim. "Crentes no Campus e a Política do Novo Pensa-
mento", Christianity Today, 10 de fevereiro de 1992, p. 15.
4. BARNA, George. What Americans Believe. Ventura, CA, Regai
Books, 1991. p. 84.
5. SHAHIM, Jim. "Ilha de Esperança", American Way, 1o de outubro
de 1991,p. 57.
6. FRENCH, Howard W. "O Haiti paga caro pela derrubada de
Aristide", Pasadena Star News, 25 de dezembro de 1991, s.p.
7. MURPHY, Laurel. "Líderes e dignitários havaianos, chefes de
Kahoolawe", Maui News, 21 de agosto de 1992, s.p.
8. Idem, ibidem.

3. TRATANDO COM AS FORTALEZAS

Por Cindy Jacobs

Cindy Jacobs é uma líder de oração espiritualmente dotada.


Junto com seu marido, Mike, ela é co-fundadora da Generals of
Intercession, uma organização que congraça líderes de oração
por todo o globo, que visa a fazer intercessões estratégicas em
favor de cidades, nações e grupos étnicos não alcançados.
Autora do livro Possuindo as Portas do Inimigo (Editora Atos),
Cindy viaja e preleciona nacional e internacionalmente, e tem
servido de instrumento para ensinar a doutrina da unidade ao
povo de Deus. Ela também serve na International Board of
Women's Aglow Fellowship, além de ser uma das invocadoras a
Spiritual Warfare Network, da A.D. 2000 United Prayer Track.

Rosário, Argentina — uma cidade abastada e bela diante


dos nossos olhos naturais. No verão de 1992, os pastores de
Rosário convidaram-me para ensinar em uma reunião de toda
uma cidade para falar sobre "Como Quebrar Fortalezas do Ocul-
tismo e da Feitiçaria". Antes de partir para a Argentina, lamentei
ao assistir, pela televisão, notícias sobre as terríveis inundações
da província argentina de Santa Fé, onde está localizada a
cidade de Rosário. Enquanto eu observava a destruição causada
pela inundação, comecei a indagar se aquela inundação não
seria resultante de alguma maldição. Estaria a cidade debaixo de
um ataque espiritual, por causa dos pecados de seus habitantes?
Ponderei a respeito ao entrarmos na cidade para dirigir o
seminário, e orei ao Senhor para que revelasse o segredo e as
coisas ocultas daquela cidade.
No segundo dia do seminário, vários de nós, da equipe da
Harvest Evangelism, fomos almoçar com um pastor local. Esse
pastor, um representante regional da igreja de Omar Cabrera,
Visão do Futuro (uma igreja argentina liderante na área da
guerra espiritual), tinha estado presente a um seminário sobre
guerra espiritual que eu tinha ensinado no ano anterior, em Mar
del Plata, e ele começou a contar-me como havia sido fundada a
cidade de Rosário.
Parece que um grupo de padres católicos-romanos estava
transportando uma estátua da Rainha do Céu de uma cidade
para outra. Enquanto viajavam, a imagem da Virgem do Rosário
caiu por quatro vezes da carroça no chão, no espaço de uma
pequena distância. Os padres, confiantes que a estátua lhes
estava tentando dizer que ela queria que ali fosse o seu
santuário, estabeleceram o que é agora a cidade de Rosário. E
assim, a fundadora espiritual dessa cidade não é outra senão a
própria Rainha do Céu! Essas foram revelações muito
iluminadoras. Assim cheguei à conclusão de que a minha
suspeita original de que a cidade estava debaixo de uma
maldição bem poderia estar com a razão.
Naquela tarde, tive um encontro com alguns pastores de
Rosário e com um pequeno grupo de líderes, os quais pediram
que eu orasse pela cidade deles. Expliquei a eles que o
mapeamento espiritual da cidade poderia ajudá-los a localizar as
fortalezas do inimigo. Compartilhei com eles acerca de como a
oração, feita acerca das portas do inferno, em uma cidade, libera
os cativos de Satanás para que possam entrar no Reino de Deus.
Eles ficaram muito excitados! E a excitação deles só aumentou
quando foi descrita a informação que eu tinha recebido sobre a
fundação da cidade. Embora alguns daqueles líderes soubessem
da ligação da Virgem do Rosário com a cidade deles, eles não
sabiam que ela mesma tinha escolhido a cidade como a sua
própria cidade. E assim as suas mentes foram iluminadas ao
perceberem que aquelas estátuas da virgem estavam
localizadas em cada um dos postos da prefeitura, bem como na
praça central da cidade. Alguns argentinos chegam a chamar a
Virgem do Rosário de "generala da cidade".

ORANDO POR UMA ESTRATÉGIA


Terminada a reunião, voltei ao meu quarto de hotel a fim de
orar. Eu sentia que o arrependimento em face da idolatria que
envolve a Virgem do Rosário era uma das chaves para
solucionamento do problema. Senti que o arrependimento
poderia fazer parar a inundação, tanto na cidade como por toda
a província de Santa Fé. Entretanto, eu também sabia que uma
situação perigosa poderia eclodir, se eu desmascarasse
publicamente a adoração da Rainha do Céu como idolatria. A
Argentina é uma nação católica-romana onde os protestantes
são considerados uma seita. Ademais, a veneração de virgens,
como a do Rosário, está por demais entranhada na cultura
argentina. Enquanto estudava e orava, sentia que o Senhor me
estava dando uma estratégia.
Mais tarde, já à noitinha, quando entrei no teatro repleto,
em companhia de minha intérprete, Dóris Cabrera, muitas
orações de meu coração estavam sendo dirigidas para o céu:
"Senhor, dá-me as palavras certas; fala por meu intermédio.
Ajuda Dóris a interpretar exatamente o que eu estiver dizendo".
A adoração ao Senhor, naquela reunião, foi tremenda.
Entreguei a minha mensagem adredemente preparada sobre o
mapeamento espiritual. No encerramento do culto, li o trecho de
Jeremias 7.16-19, que mostra como a adoração à Rainha do Céu
provocava Deus à ira. Também expliquei com cuidado que a
Rainha do Céu não é Maria, a mãe de Jesus. De fato, Maria
jamais desejaria ser chamada pelo nome dessa deusa demônio.
Também mostrei que não estamos honrando Maria, mãe de
Jesus, quando a veneramos como a Rainha do Céu.
Em lugar algum da Bíblia Maria é chamada de Rainha do
Céu. Então descrevi o julgamento contra os filisteus, devido à
idolatria deles, conforme se lê em Jeremias 47.2: "Assim diz o
Senhor: Eis que se levantam as águas do norte e tornar-se-ão em
torrente transbordante, e alagarão a terra e sua plenitude, a
cidade e os que moram nela; e os homens clamarão, e todos os
moradores da terra se lamentarão".
Podia-se ouvir um alfinete que caísse no chão, naquele
teatro! Então, pedi que os pastores viessem à frente. Tínhamos
um bom número representativo dos batistas, dos nazarenos e de
outros grupos, além de carismáticos e pentecostais. Perguntei ao
pastor Norberto Carlini se ele gostaria de dirigir uma oração de
arrependimento, em face da adoração à Rainha do Céu e da
idolatria em torno dela, para em seguida declarar que a cidade
voltava a pertencer ao Senhor Jesus. Ele e os demais líderes
concordaram.
Quando eles se ajoelharam para orar, todos sentiram uma
avassaladora presença de Deus. As pessoas se humilharam
diante do Senhor e começaram a chorar em razão dos pecados
da cidade. Os pastores dirigiram uma oração de arrependimento
que trovejou com o poder e a autoridade de Deus. Cada um dos
líderes, individualmente, arrependeu-se, e, então, formando um
grupo, eles declararam que a cidade não mais pertencia à
Rainha do Céu, e deixaram o governo da cidade sobre os ombros
do Rei Jesus. E o regozijo ressoou até aos céus, enquanto
adorávamos e agradecíamos ao Senhor por aquela tremenda
vitória.

A Inundação Retrocede

O que aconteceu à cidade, em resultado disso? Bem, uma


coisa pôde ser discernida quase prontamente. Quando voei de
volta para casa, poucos dias mais tarde, aconteceu-me ler o
Buenos Aires Herald. Um dos artigos dizia:

Estabilizam-se as Enchentes no Delta! Em Santa Fé, os ofi-


ciais da Defesa Civil anunciaram que a crista da enchente
do rio Paraná finalmente tinha começado a mover-se para o
sul, trazendo alívio imediato à população da província que
enfrentava diariamente a ameaça de uma evacuação.
Durante as últimas duas semanas, o nível do rio vinha
subindo constantemente naquele distrito.1

O nível do rio Paraná baixou consideravelmente na capital


provincial de Santa Fé e na cidade de Rosário. Isso serviu de
prova, na dimensão visível, que a maldição tinha sido quebrada
e que a cidade tinha sido libertada! Que tremendo testemunho
em favor do poder do arrependimento! A bênção de Deus foi
derramada sobre a cidade, enquanto as fortalezas da idolatria
foram derrubadas.
QUE É O MAPEAMENTO ESPIRITUAL?

Como foi que descobrimos a fortaleza da veneração à


Rainha do Céu, na cidade argentina de Rosário? Por meio de algo
que estamos chamando de "mapeamento espiritual". Até onde
vai o meu conhecimento, a primeira pessoa a usar essa
expressão, "mapeamento espiritual", foi George Otis, Jr., em seu
livro, The Last of the Giants (Chosen Books). Embora muitos de
nós, que têm ministrado no campo da guerra espiritual, tenham
ensinado, já faz agora alguns anos, sobre a necessidade de
pesquisar as cidades, a fim de descobrirmos as fortalezas
espirituais do inimigo, só de algum tempo para cá o termo
"mapeamento espiritual" tornou-se aceitável para indicar essa
forma de pesquisa.
Para sermos honestos, eu tinha alguma reserva quanto a
essa expressão, quando ouvi falar dela pela primeira vez. Para
mim, soava como algo próprio da Nova Era. Expressei a minha
opinião a respeito para diversos outros líderes evangélicos e
passei algum tempo orando sobre o assunto. Finalmente,
cheguei à conclusão que "mapeamento espiritual" é, realmente,
um bom título descritivo para essa forma de pesquisa acerca de
uma cidade.
Sem embargo, em que consiste, exatamente, o
mapeamento espiritual? Em minha opinião, trata-se de fazer
uma sondagem em uma cidade, a fim de descobrir as incursões
que Satanás tem feito ali, incursões essas que impedem a
propagação do evangelho, mediante a evangelização da cidade
para Cristo. George Otis, Jr. afirmou que essa atividade nos
permite ver como uma cidade realmente é — e não apenas como
ela parece ser. 2
Como é que você está vendo a sua cidade? Muitos pastores
têm sido chamados para dirigir igrejas, em cidades ou vilas que
parecem ser tranqüilas e pacíficas, somente para descobrirem
que isso está longe de ser a verdade. Outros passam anos em
centros urbanos violentos com pouca colheita e finalmente
desistem, indo-se embora queimados e desencorajados. Alguns
pastores têm experimentado desfechar a guerra espiritual, mas
têm sentido que quase só fazem lutar com sombras, pois as
forças que atacam as suas igrejas, e as famílias que fazem parte
delas, são invisíveis e vingativas. Mas as coisas não precisam
seguir esse rumo. Deus é o estrategista por excelência. Na
Palavra de Deus existem princípios espirituais que nos permitem
declarar guerra contra as fortalezas de Satanás, derrubar os seus
fortins e libertar os cativos.
Uma pergunta com freqüência é feita, quando se discute
esse assunto, ou seja: "A Bíblia não diz que a terra é do Senhor,
com tudo quanto há nela e que nela vive?" Naturalmente, temos
aí uma verdade. Deus é o proprietário do globo terrestre. Mas
também é verdade que Satanás se intrometeu, apresentando
reivindicações falsas. A Bíblia diz, em 2 Coríntios 4.4, que
Satanás se declarou "deus deste século". Na verdade, ele tem
conseguido cativar reinos inteiros. Mui realisticamente, a maioria
dos crentes olharia para as suas cidades e diria: "Sei que a terra
é do Senhor; mas o que aconteceu à minha cidade?"
Infelizmente, a maior parte dos crentes não sabe o que deve ser
feito para alterar essa situação.
Posso perceber um despertamento recente acerca de nossa
responsabilidade para orarmos em prol de nossas cidades e de
nossas nações. Cerca de dois anos atrás, quando se reuniam
certos conveniados da Spiritual Warfare Network, o Senhor me
impressionou com a idéia de que estava ocorrendo uma reforma
por todas as igrejas. O grito de guerra em favor dessa nova
reforma é: "Porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne,
e, sim, contra os principados e potestades, contra os
dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espi-
rituais do mal, nas regiões celestes" (Ef 6.1,2). E também:
"Porque as armas da nossa milícia não são carnais, e, sim,
poderosas em Deus para destruir fortalezas." (2 Co 10.4). Já
experimentamos muitas técnicas no terreno do evangelismo. Por
que não submetemos a teste, por igual modo, a oração?
Por que alguns crentes se debatem com o conceito de
termos de enfrentar um império maligno invisível? Charles Kraft,
do Seminário Teológico Fuller, tem trazido à tona muitos pontos
de discernimento quanto a essa questão, em seu livro, intitulado
Christianity with Power. De acordo com Kraft, vemos aquilo que
fomos ensinados a ver. Interpretamos a realidade de
conformidade com linhas culturalmente aprovadas, e assim
somos ensinados a ver as coisas seletivamente. Essa visão
seletiva das coisas, para muitas sociedades européias e ameri-
canas, está condicionada pela nossa "visão global ocidental".
Essa visão global nos leva a crer que somente aquilo que
aprendemos através da ciência, ou que podemos discernir
mediante os nossos cinco sentidos físicos, corresponde à
realidade. Mas Kraft prossegue, a fim de dizer: "Fomos ensinados
a crer somente nas coisas visíveis. Dizem-nos que 'ver é crer'. Se
pudermos ver algo, então esse algo deve existir. Mas se não
pudermos ver alguma coisa, então é que essa coisa não existe".3

PANO-DE-FUNDO DO NOVO TESTAMENTO

De que forma essa visão global tipicamente ocidental afeta


a Igreja? Em alguns casos, de forma apreciável. Alguns crentes
chegam mesmo a relegar as potestades territoriais, alistadas em
Efésios 6.12, ao terreno da mitologia. No entanto, Paulo
recomendou que lutássemos contra esses "principados e
potestades". Se realmente existem principados e poderes
invisíveis, contra os quais nos compete lutar, não deveríamos
fazê-lo dotados de um conhecimento esclarecido?
É interessante observar o número de livros eruditos que
estão sendo atualmente publicados e que nos ajudam a abrir os
olhos para o mundo, conforme Paulo deve tê-lo visto. Alguns dos
melhores dentre esses volumes foram escritos por Clinton
Arnold, que ensina o Novo Testamento na Talbot School of
Theology. Arnold examinou ali as crenças dos gregos, dos
romanos e dos judeus, bem como os ensinos de Jesus acerca das
artes mágicas, da bruxaria e da adivinhação. Os escritos do
apóstolo Paulo estão salpicados de referências escritas
diretamente contra as fortalezas espirituais da maldade em seus
dias. Para exemplificar, a respeito da questão de ingerir carnes
sacrificadas a ídolos, na igreja em Corinto, no décimo capítulo de
1 Coríntios, escreveu Arnold: "Um dos princípios fundamentais
que orientavam Paulo, em reação contra as situações
prevalentes na igreja em Corinto, era a sua convicção de que os
demônios animam a idolatria".4
Outro estudo fascinante sobre as fortalezas demoníacas,
relacionadas à deusa Diana dos Efésios, pode ser achado no livro
chamado I Suffer Not a Woman, cujos autores são Richard Clark
Kroeger e Catherine Clark Kroeger. Embora a tese desse livro
verse sobre o ministério das mulheres nas igrejas, também provê
um profundo discernimento quanto ao mundo que prevalecia em
Éfeso, que Paulo encontrou, segundo se vê no capítulo dezenove
do livro de Atos. Ali transpira uma cultura eivada de artes
mágicas, feitiçaria e adivinhação. O erudito livro dos Kroegers
nos brinda com uma vivida descrição da deusa Diana:

Ela estava adornada por uma coroa alta, modelada para


simbolizar as muralhas da cidade de Éfeso; e o seu peitoral
estava recoberto por protuberâncias como se fossem seios.
Por cima dessas coisas ela usava um colar de bolotas de
carvalho, algumas vezes circundadas pelos sinais do
zodíaco; pois Artemis (Diana) controlava os corpos celestes
do universo. Na parte da frente de sua estreita e rígida saia
havia fileiras de animais aos triplos, e aos lados havia
abelhas e rosetas — indicativos de seu domínio sobre o
parto, a vida animal e a fertilidade. Um elaborado sistema
mágico desenvolvera-se em torno da Ephesia Grammata, as
seis palavras místicas, escritas na estátua que representava
a deusa. O livro de Atos informa-nos que os recém-
convertidos crentes repudiaram esse sistema e queimaram
os seus dispendiosos livros de mágica (At 19.19).5

Não foi preciso que Paulo e seus colegas de ministério


visitassem a biblioteca da cidade e pesquisassem a história de
Éfeso para descobrirem quais poderes invisíveis operavam por
detrás dos aspectos visíveis da cidade. Os cidadãos de Éfeso
sabiam que o espírito territorial que dominava a cidade deles era
Diana, tal como os cidadãos da moderna cidade brasileira do Rio
de Janeiro sabem que o símbolo religioso mais distintivo dali é a
estátua do "Cristo do Corcovado". A necessidade que temos de
fazer um mapeamento espiritual de nossas cidades torna-se
mais crucial principalmente por causa de nossa visão
panorâmica ocidental, que tende até mesmo para pôr em dúvida
a existência dos poderes espirituais invisíveis da maldade. Paulo
não enfrentava esse problema. E, a propósito, nem Lucas o
enfrentava, conforme demonstrou a erudita de Yale, Susana
Garett, em seu excelente volume, The Demise of the Devil.6
FORTALEZAS

"Fortaleza" parece ser um vocábulo de sentido bastante


ambíguo, em muito da linguagem de hoje. Precisamos ter
certeza quanto ao seu significado. Uma fortaleza espiritual é um
lugar fortificado que Satanás construiu a fim de exaltar a si
mesmo, em oposição ao conhecimento e aos planos de Deus.
Um dado importante, que não podemos afastar da mente, é
que Satanás tenta ocultar que realmente existem essas
fortalezas espirituais. Ele as disfarça astuciosamente, sob a capa
de alguma "cultura". Conforme Peter Wagner salientou no
capítulo anterior, está havendo um ressurgimento da adoração
de divindades antigas nas culturas espalhadas por todo o globo
terrestre. Essa é uma estratégia do inimigo a fim de reempossar
os principados demoníacos sobre as nações de nossos dias.
Particularmente em nossa época, é essencial que aprendamos a
avaliar a nossa cultura à luz da Palavra de Deus. Somente sob o
escrutínio da lâmpada da revelação dada por Deus seremos
capazes de libertar as cidades e as nações do mundo dos
poderes das trevas, a fim de prepararmos os povos para a
colheita espiritual. Não estou querendo dizer que teremos de
expelir cada força demoníaca isolada da terra, para sempre.
Nem mesmo Jesus fez isso. Não obstante, as nossas orações
libertarão muitas regiões da influência desses poderes, por
algum tempo, enquanto estivermos ocupados na colheita de
almas.
Atualmente, para os missionários treinados na antropologia,
tornou-se comum eles estudarem a cultura dos povos aos quais
são enviados a ministrar. Esses princípios têm sido claramente
enunciados por especialistas no campo ao discursarem sobre
grupos étnicos ainda não alcançados pelo evangelho. Um dos
melhores desses compêndios é o de John Robb, intitulado The
Power of People Group Thinking. 7 Nos anos que se passaram,
muitos equívocos foram cometidos por missionários bem
intencionados, que não compreendiam as culturas dos povos
entre os quais labutavam. Não queremos lançar qualquer culpa
sobre esses primeiros missionários, mas também não desejamos
repetir os erros que cometeram.
Atualmente, os missionários evangélicos podem saber
como as culturas são analisadas, mas também não entendem a
necessidade de identificar os poderes espirituais por detrás da
formação das culturas. Talvez uma das fortalezas que faríamos
bem em perscrutar seja a idolatria da cultura propriamente dita.
Nem tudo que faz parte da cultura de um povo é
necessariamente piedoso! Estamos enviando missionários a
nações onde as fortalezas demoníacas estão profundamente
entrincheiradas, e, no entanto, nós lhes fornecemos pouca ou
nenhuma intercessão estratégica, no tocante à nação ou às suas
famílias. Muitos desses missionários não dispõem de qualquer
instrumento que lhes permita reconhecer uma fortaleza
espiritual, e, muito menos, como devem enfrentá-la
estrategicamente.
Fortalezas espirituais específicas precisam ser destruídas a
fim de ser liberada a colheita em nossas cidades e nações. Em
primeiro lugar, é mister perceber que existem fortalezas
espirituais nos níveis pessoal e coletivo. Estamos muito mais
familiarizados com o nível pessoal do que com o nível coletivo. O
nível coletivo foi aquele combatido por Daniel e Neemias,
quando oraram pela nação de Israel.

A guerra espiritual não é alguma grande "jornada de


poder". Antes, é uma exibição dos atributos e caminhos de
Deus, diante de um mundo perdido e moribundo, que olha
para ver se realmente nós somos os vencedores, não
sujeitos aos poderes malignos desta era.

Neste capítulo, examinarei especificamente nove fortalezas


espirituais. George Otis., Jr. trata de uma décima, a saber, as
fortalezas territoriais, no primeiro capítulo deste livro. Embora
com certeza isso não esgote a lista de fortalezas do mal, essas
são aquelas que tenho podido identificar mais claramente, até
agora.

I. Fortalezas Pessoais

Em seu excelente livro, Overcoming the Dominion of


Darkness, Gary Kinnaman descreveu as fortalezas espirituais
como coisas que Satanás edifica a fim de exercer influência
sobre a vida de uma pessoa: pecados pessoais, pensamentos,
sentimentos, atitudes e padrões de comportamento.8
Uma das maneiras do Senhor de tratar com as fortalezas
pessoais é mediante a aplicação dos padrões bíblicos de
conduta. Penso que esse é um importante portão para o
reavivamento. Quando estudamos os grandes reavivamentos,
quase invariavelmente lemos sobre como o sentimento de
santificação os dominou. Explico isso com detalhes no meu livro,
Possuindo as Portas do Inimigo (Editora Atos), no capítulo,
"Princípios do Coração Puro".
Um dos maiores empecilhos para Deus mover-se em nossas
cidades é o orgulho dos crentes. É tempo de clamar a Deus para
retirar as vendas de nossos olhos, a fim de que possamos ver o
nosso egoísmo, as nossas más atitudes e a nossa falta de caráter
e integridade. Dei meu apoio quando ouvi Bill Gothard dizer: "A
maturidade consiste em fazer o que é certo, mesmo quando
ninguém mais está olhando!" Nossos atos são contemplados por
um Deus Santo e por todo o exército do céu.
Precisamos imitar o caráter e a retidão de Deus. A guerra
espiritual não é alguma "jornada de poder". Antes, é a exibição
dos atributos e caminhos de Deus, diante de um mundo perdido
que olha para ver se realmente somos vencedores, não sujeitos
aos poderes malignos desta era.
Essas fortalezas espirituais, são "buracos em nossa
armadura". Aprendi esse princípio da parte de Joy Dawson,
grande conhecedora da Bíblia. Joy diz que quando temos motivos
errados no coração, como o orgulho ou atos egoístas, esses são
como buracos feitos em nossa armadura, que nos deixam
abertos diante dos ataques do inimigo. Mas essas aberturas são
fechadas mediante o arrependimento, diante de um Deus santo,
e mediante o arrependimento expresso a pessoas que
porventura tenhamos ofendido. Deus só exalta e confere a
vitória aos humildes. Por meio da humildade, do arrependimento
e da santidade, as fortalezas pessoais podem ser destruídas.
2. Fortalezas Mentais

Assevera o meu amigo, Ed Silvoso: "Uma fortaleza é uma


mente impregnada com desesperança, o que leva o crente a
aceitar, como incapaz de ser mudado, algo que ele sabe ser
contrário à vontade de Deus".9 Essa é a melhor definição que já
encontrei.
As fortalezas podem ser edificadas em nossas mentes de
várias maneiras. O inimigo talvez nos tenha convencido de que a
nossa cidade jamais poderá ser ganha para o evangelho. Ele
gosta de estabelecer limites às coisas em que cremos. É possível
que uma cidade seja ganha para Cristo? Podem o prefeito, os
vereadores, a força policial, os advogados e os professores
serem influenciados pelo evangelho? Naturalmente que sim!
Algumas vezes tornamo-nos apenas "prisioneiros de guerra" em
nossas igrejas. Satanás não se importa se temos pouco pão e
água e alguns poucos visitantes, mas fica muito perturbado
quando resolvemos influenciar a nossa cidade inteira.
Precisamos armar o espetáculo de um grande escape da prisão!
Em primeiro lugar, precisaremos derrubar as fortalezas
construídas em nossas mentes, que sussurram que isso não
pode ser feito.
Certa feita, em minha vida, ocorreu-me uma situação que
parecia irreparável. Um amigo tinha feito algo que me havia
ferido profundamente, e eu me senti traída. As circunstâncias
eram tais que parecia que nada mais poderia ser feito para
solucionar o problema. Por dois anos, eu não vi esse amigo, e
nós não falamos um com o outro. A restauração da amizade
parecia sem solução neste lado da vida. Eu não percebia, no
momento, que havia uma fortaleza mental que o diabo tinha
conseguido construir em minha mente. Satanás tinha-me
enganado para acreditar que era urna situação imutável. Essa
fortaleza exaltava-se contra o conhecimento de Deus, o qual
garante: "Tudo é possível ao que crê". Como é óbvio, por ter sido
ofendida, preferi não crer na promessa de Deus. E aquele
aspecto de minha vida sofreu um aleijão.
Um dia, quando eu estava orando, ocorreu-me que eu tinha
crido em uma mentira. Pois nada é impossível para Deus! E
comecei a buscar o Senhor quanto a uma estratégia para
consertar a brecha. Eu sentia que precisava discutir a situação
com aquela pessoa e endireitar as coisas entre nós. Não foi fácil.
Eu carecia de chegar a um lugar onde houvesse perdão e cura.
Finalmente, entendi o que deveria fazer. Escrevi uma cartinha,
garantindo àquele irmão o meu amor, bem como eu lamentava
toda aquela situação. Em adição, expliquei, de maneira não-
acusadora, como eu via aquela situação. E terminei a carta
perguntando se poderíamos conversar pelo telefone, visto que
ele morava a considerável distância de mim. Depois de ter
recebido a carta, aquele irmão telefonou para mim, e o amor de
Deus manifestou-se tão fortemente, durante o nosso diálogo,
que a situação foi totalmente remediada, e nosso
relacionamento amistoso foi restaurado.

3. Fortalezas Ideológicas

Gary Kinnaman diz que as fortalezas ideológicas "envolvem


uma visão global. Homens como Karl Marx, Charles Darwin e
outros afetaram particularmente as idéias filosóficas e religiosas
ou não-religiosas que influenciam a cultura e a sociedade".10
As fortalezas ideológicas são potencialmente capazes de
afetar culturas inteiras. Adolfo Hitler é um exemplo destacado
desse fato. Livros sobre Hitler e o Terceiro Reich estão revelando
e trazendo à tona os poderes ocultos por detrás do Terceiro
Reich, que enfeitiçaram essencialmente uma nação inteira.
Filosofias, como a do humanismo, são poderosas e
sedutoras. A Nova Era está em ascensão, e, provavelmente, é
uma das ameaças mais sérias para o cristianismo bíblico nas
nações ocidentais. Os que militam na Nova Era são ensinados
que podem invocar o poder das forças demoníacas contra
qualquer religião do mundo. Estão se infiltrando rapidamente
nas escolas de muitas nações, a fim de arrebatarem as mentes
de nossos filhos e estabelecerem suas ideologias nos governos
locais e nacionais.
Precisamos entender que essas fortalezas ideológicas são
inspiradas pelas forças invisíveis dos poderes das trevas, que
provocam a criação de estruturas e instituições sociais que
levam avante os seus propósitos. Não podemos exagerar quando
afirmamos: Nossa luta não é contra carne e sangue. Essas
fortalezas devem ser atacadas mediante uma intercessão
contínua, bem enfocada, inteligente, permanente, pelas igrejas
evangélicas das nações do mundo.
A igreja trancada em suas próprias paredes tem uma
mentalidade que diz que não somos responsáveis por qualquer
coisa que aconteça fora de nossas quatro paredes, fechando os
olhos para não ver a batalha real que ocorre em nossas cidades.
Muitos pastores e líderes estão atualmente despertando para
perceber que estão fugindo de Satanás, em vez de combaterem
contra ele!

4. Fortalezas do Ocultismo

Encaro as fortalezas do ocultismo como uma aplicação


francamente maligna de muitas fortalezas ideológicas.
As fortalezas do ocultismo incluem fortalezas da feitiçaria,
do satanismo e da Nova Era, que convidam a operação dos
chamados espíritos guias. Operam como "propugnadores de
poder" para os espíritos territoriais que dominam regiões
geográficas.
Os espíritos territoriais que dominam uma cidade ou região
são grandemente fortalecidos pelos encantamentos, maldições
rituais e fetiches do ocultismo, usados pelas feiticeiras, bruxos e
satanistas. Os poderes das trevas que dominam ali manipulam
os indivíduos envolvidos no ocultismo para que obedeçam às
suas ordens, na tentativa de destruir o poder da Igreja e do
Reino de Deus em uma determinada área. Os líderes evangélicos
por muitas vezes mostram-se inconscientes quanto ao que
realmente está sucedendo em suas cidades. Muitos pastores e
líderes evangélicos vivem pessoalmente debaixo de tremendos
ataques satânicos, e assim, ou nada percebem do que está
sucedendo, ou ficam tão desanimados, desencorajados e
exaustos que não podem combater contra o assédio. Não se
trata de algo que precisemos temer, mas que devemos entender
e combater, lutando contra os métodos astutos do inimigo.
Uma das maneiras que os mentores do ocultismo usam em
seus ataques contra os líderes evangélicos é despachando
maldições contra eles. Isso é feito por meio de encantamentos,
intercessões malignas e jejuns. Diz Ezequiel 13.18: "Assim diz o
Senhor Deus: Ai das que cosem pulseiras mágicas para todos os
braços e que fazem véus para as cabeças de pessoas de toda
estatura, para caçarem as almas!" (V. R.) Dick Bernal, nosso
colega da Spiritual Warfare Network, escreveu um ótimo volume
sobre o assunto, intitulado Curses: What They Are and How to
Break Them.11
Não há que duvidar que a invocação de maldições era
praticada tanto nos dias do Antigo Testamento quanto do Novo
Testamento (por exemplo, Isaías 8.19-22; Atos 19.19). E isso
também acontece hoje, quando tantos líderes evangélicos caem
em pecados sexuais e em i moralidade. Os líderes evangélicos
precisam de intercessores que os resguardem, mediante a
oração, dessas maldições. O livro de Peter Wagner, Escudo de
Oração (Editora Bompastor) aborda esse assunto com grande
profundidade.
Como podemos determinar se alguém foi amaldiçoado? Eis
alguns poucos dentre os sintomas possíveis:

• Enfermidade e estado doentio sem uma causa natural


• Confusão mental (pode ser provocada pelo controle da
mente)
• Falta de sono
• Sonhos sexualmente explícitos e por demais freqüentes
• Cansaço extremo
• Atitudes negativas inexplicáveis.

Estou cônscio de que os sintomas acima sugeridos também


podem ter outras causas. Uma maneira de descobrir se um
problema é resultante ou não de uma maldição é que quando o
seu poder é quebrado, os sintomas desaparecem rapidamente.
Uma exceção a isso é quando a enfermidade proveniente de
uma maldição chegou a causar algum dano físico no corpo,
quando então o corpo precisa ser tratado, em adição à quebra
da maldição.
Uma Maldição Vinda da Argentina. Uma das tarefas que
dividimos com os Generals of Intercession consiste em discernir
e destruir as fortalezas sobre cidades. Em 1990, minha amiga
Dóris Wagner e eu fomos à cidade de Resistência, na Argentina,
a fim de orar com os líderes evangélicos, ensinar e discernir as
fortalezas espirituais que dominavam a cidade. Víctor Lorenzo
referiu-se a essa visita em seu capítulo (ver o sétimo capítulo
deste livro). Um espírito territorial particularmente incômodo era
o San La Muerte, literalmente, Santa Morte.
Treze templos estavam espalhados pela cidade, dedicados
especificamente à adoração de San La Muerte. A vida era ali tão
sem esperança que as pessoas acreditavam que se adorassem
San La Muerte pelo menos poderiam ter uma boa morte.
Quando voltei para casa, depois daquela jornada de oração,
fui sujeitada a um pesado ataque demoníaco. Certo domingo
levantei-me para ir ao culto na igreja, e, então, no meio da
reunião, comecei a perder as forças no corpo. No começo
simplesmente pensei que me havia fatigado em demasia; mas
progredindo o dia, eu podia perceber que alguma coisa havia de
seriamente errado comigo. Finalmente, contei a meu marido,
Mike: "Querido, chame os nossos intercessores e inicie uma
corrente de orações de emergência. Sinto que estou morrendo!"
Era uma situação muito incomum. Eu nunca havia me sentido
daquela maneira, em toda a minha vida, e meu marido nunca
me tinha ouvido dizer coisas assim, antes daquela ocasião. Visto
que ele me ama muito, imediatamente chamou os intercessores
da Generals of Intercession, para que entrassem em ação.
Depois de cerca de uma hora, eu podia dizer que a maldição
havia sido anulada. No dia seguinte eu me sentia totalmente
recuperada e forte.
Depois que me recuperei, algo ficou realmente me
perturbando a mente. Que direito tinha uma maldição para
atingir-me? Diz a Bíblia em Provérbios 26.2: "...a maldição sem
causa não virá". Isso levou-me à conclusão de que deveria haver
algum buraco em minha armadura. Continuando eu dedicada à
oração, o Senhor fez-me lembrar de uma chamada telefônica
que eu havia recebido no dia anterior, de alguém a quem muito
estimo. Essa pessoa dissera-me que eu estava totalmente errada
por estar ensinando como fazer guerra espiritual, e que eu
precisava desistir.
Deus mostrou-me que quando aquilo me ofendera, eu não
tinha perdoado aquela pessoa. Na oportunidade eu nem havia
pensado em perdoar, mas agora, de súbito, percebi ser aquilo
uma verdade! Havia pecado guardado em meu coração.
Imediatamente perdoei e busquei dois amigos crentes para pedir
que orassem comigo, para que o Senhor curasse o meu coração
partido. No dia seguinte, a pessoa que me tinha ofendido tornou
a telefonar para mim e me pediu que a perdoasse. Aquela
pessoa simplesmente havia sido usada como instrumento do
inimigo, mas agora se tinha arrependido profundamente, tal
como eu havia feito, ao mostrar aquela atitude indisposta a
perdoar.

5. Fortalezas Sociais

Uma fortaleza social é a opressão que se instala sobre uma


cidade onde a injustiça social, o racismo e a pobreza — com os
problemas conseqüentes — levam as pessoas a acreditarem que
Deus não cuida das necessidades delas.
A Igreja está acordando lentamente para a sua
responsabilidade de atirar-se contra esse tipo de fortaleza.
Estudiosos como Walter Wink e Ron Sider são pioneiros nesse
terreno. O trecho de Romanos 12.21 fornece-nos os princípios
bíblicos para que possamos reagir devidamente: "Não te deixes
vencer do mal, mas vence o mal com o bem".
As maneiras de demolir essa fortaleza são fazer doações
aos pobres, abrigar aqueles que não têm onde morar, reconciliar
as raças e vestir aqueles que padecem necessidades. Jesus quer
que nos identifiquemos com os pobres e oprimidos, engajando-
nos em qualquer tipo de ação social e política que pudermos,
usando as armas espirituais do arrependimento e da intercessão.
Essa demonstração do amor de Deus é poderosa para debilitar o
inimigo.
6. Fortalezas Entre Uma Cidade e a Igreja

Satanás tem conseguido enfiar cunhas entre a Igreja e as


cidades, o que serve para criar a mentalidade que diz: "Nós
estamos contra eles". A Igreja, amiudadas vezes, vê o governo
da cidade como um inimigo, e a cidade com freqüência encara a
Igreja sob uma luz negativa. Essa fortaleza só pode ser
derrubada quando a Igreja aprende a ser uma bênção para a
cidade.
A Igreja deveria ser uma das primeiras instituições para a
qual os líderes de uma cidade deveriam voltar-se em tempos
perturbados. Em vez disso, é a última coisa a que tais líderes
apelam; e por muitas vezes nunca entram em contato com ela.
Para que comece a haver boas relações com suas cidades,
algumas igrejas oferecem banquetes aos membros da polícia
local, ou fazem doações especiais à cidade, ou patrocinam
projetos que abençoam a cidade, como doar parques para os
poucos privilegiados.
A comunidade comercial de uma cidade por muitas vezes
considera que os crentes são as pessoas mais miseráveis e
sovinas que se pode encontrar. Muitas garçonetes não apreciam
os crentes porque eles se queixam muito e dão gorjetas
extremamente pequenas. Não podemos esquecer que somos a
única Bíblia que muitas pessoas conseguem ler.
Algumas igrejas envergonham suas cidades devido aos
pecados de seus líderes, ou por se tornarem um embaraço para
a sua comunidade. Talvez alguns pastores deveriam ir falar com
os líderes da cidade, arrependidos das iniqüidades de suas
igrejas, naquilo que diz respeito à cidade. A disposição de
manter boas relações entre a igreja e a cidade derruba as
fortalezas de Satanás nas mentes dos líderes de uma cidade,
além de entravar a capacidade deles de nos acusarem diante
dos habitantes.

7. Sedes Satânicas

Uma sede satânica é uma localização geográfica que é


altamente oprimida e controlada demoniacamente por alguma
potestade das trevas. A partir daquela sede demoníaca o inimigo
declara guerra à cidade ou nação onde se encontra.
Em Apocalipse 2.13, a Bíblia refere-se a esse tipo de
fortaleza espiritual, que existia na cidade de Pérgamo. Parece
que o Senhor nos estava procurando revelar a estratégia
empregada para edificar fortalezas para a adoração de demônios
(como se fossem deuses), em certas regiões do mundo.

A Igreja de Deus é como uma hidrelétrica em uma nação,


que visa a destruir as obras do maligno. Agora ela está
despertando para a arma mais poderosa de seu arsenal — a
unidade.

A cidade de La Plata, na Argentina, é uma sede de Satanás


no que toca à maçonaria. A cidade inteira foi construída como se
fosse um templo para a adoração dos espíritos ligados à
maçonaria. As ruas foram traçadas de acordo com os símbolos
da maçonaria, em padrões de diagonais e praças, a cada seis
ruas. O capítulo escrito por Victor Lorenzo detalha o
mapeamento espiritual dessa sede de Satanás (ver o sétimo
capítulo deste livro).

8. Fortalezas do Sectarismo

As fortalezas do sectarismo causam divisões entre as


igrejas, orgulho nas doutrinas e crenças, e idolatria de
denominações ou sistemas particulares de crenças, que levam
as igrejas atingidas a se isolarem do resto do Corpo de Cristo.
A definição que os dicionários nos dão acerca de um
sectarista é: "Alguém caracterizado por algum ponto-de-vista
estreito ou faccioso; de um corpo religioso cismático, bitolado".
Acredito que as fortalezas do sectarismo são as fortalezas
mais críticas e perigosas. A Bíblia diz que uma casa dividida
contra si mesma não pode subsistir (ver Mc 3.25). Muitas igrejas
estão divididas. Satanás tem enviado os seus melhores
guerrilheiros espirituais para acabar com a unidade entre amigos
sob o mesmo pacto, e, em alguns casos, tem levado a palma da
vitória em alguns entreveros em nossas cidades; mas não
conseguirá ganhar a guerra — isso nunca acontecerá!
A Igreja de Deus é a hidrelétrica de Deus nas nações, que
visa a destruir as obras do maligno. Agora ela está despertando
para a mais poderosa arma de seu arsenal — a unidade.
Essa não é nenhuma mensagem nova para a Igreja. Ela
vem sendo pregada faz anos. Tenho uma teoria que diz respeito
à nossa incapacidade de obter uma unidade interdenominacional
há mais tempo: Estávamos tão ocupados, brigando dentro de
nossas próprias denominações, que não podíamos manusear
quaisquer novas variáveis adicionadas à nossa situação.
A unidade torna-se crítica quando buscamos tomar as
terras prometidas de nossas cidades. Vamos examinar o padrão
que foi usado na conquista da Terra Prometida, e que nos foi
dado no livro de Josué:
A. Todas as tribos entraram juntas. Que são essas tribos
atualmente? A tribo dos batistas, a tribo dos nazarenos, dos
pentecostais, dos congregacionais, dos carismáticos, e assim por
diante.
B. Todas as tribos entraram ao mesmo tempo. Isso foi
necessário porque cada tribo tinha certas habilidades
necessárias para a conquista do território.
Eu costumava ser ingênua o bastante para pensar que o
diabo é que havia inventado as diversas denominações. Somente
a minha própria denominação evangélica poderia trazer o
reavivamento. Quando todos se tornassem idênticos a nós,
então, sim, Deus poderia começar a operar. Eu nem sabia que
em mim havia uma fortaleza do sectarismo. Foi então que acabei
passando para a renovação carismática, e cheguei a pensar que
nós éramos aqueles que poderíamos trazer o reavivamento, e
que todos os outros grupos evangélicos perderiam essa bênção.
Finalmente, porém, o Senhor começou a convencer-me de meu
sectarismo.
C. Os sacerdotes iam à frente, levando a arca da aliança.
Notemos que a água não se dividiu enquanto um líder de cada
tribo também não foi com a arca, até dentro do rio Jordão (ver Js
3.9-17). Por muitas vezes, os membros das congregações
dispõem-se mais à unidade do que os seus líderes; mas é
essencial que os líderes dêem o exemplo. Várias razões possíveis
para a falta de disposição para a unidade, por parte dos líderes
evangélicos, são estas:

• Orgulho doutrinário
• Temor da rejeição
• Idolatria quanto à denominação ou movimento
• Temor de perder os membros
• Exaustão devido a outras demandas ministeriais.

Uma das maneiras pelas quais o Senhor acabou com a


minha fortaleza sectária foi fazer-me pensar sobre a doutrina
eterna. Talvez você não tenha pensado sobre a doutrina eterna
antes desta ocasião; e, por esse motivo, permita-me fazer-lhe
uma pergunta: Quando você estiver diante do trono e Deus, o
que ele haverá de perguntar acerca do que você creu? Será que
ele perguntará se você foi batizado, ou se você participou da
Ceia do Senhor? Será que ele perguntará se você recebeu dons
do Espírito? Ou será que ele perguntará se você falou em
línguas?
Não penso desse modo. Quando ele examinar o seu nome
no Livro da Vida do Cordeiro, o mais provável é que ele indague:
"Você nasceu do alto? Você foi lavado no sangue do Cordeiro?"
Essa é a doutrina eterna. As fortalezas do sectarismo nos deixam
cegos para essas realidades.

9. Fortalezas da Iniqüidade

As fortalezas da iniqüidade derivam-se dos pecados dos


pais que produzem iniqüidades ou fraquezas para com certos
tipos de pecado, nas gerações seguintes.
Minha compreensão inicial a esse respeito ocorreu quanto
tive de tratar com iniqüidades pessoais que passam de uma
geração para outra. Mais tarde, cheguei a entender que essas
iniqüidades também operam em culturas e acabam
escravizando, algumas vezes chegando a amaldiçoar nações
inteiras, devido aos pecados de seus fundadores. E essas
fortalezas também afetam denominações e igrejas, onde os
pecados dos líderes tornam-se fortalezas ou iniqüidades nas
gerações sucessivas daquelas denominações ou igrejas. Pois isso
pode escancarar a porta para poderes demoníacos que façam
esses pecados entrarem numa igreja. Mas essas iniqüidades com
freqüência ficam escondidas por meio das tradições
eclesiásticas.
A fortaleza do tradicionalismo pode produzir o legalismo. As
culturas que têm suas raízes na veneração dos ancestrais
mostram-se especialmente susceptíveis a isso. Certa igreja em
outro país recusou-se a permitir que se escavasse o terreno em
volta de uma gigantesca árvore apodrecida, para que esta fosse
arrancada e cedesse lugar a um novo edifício, porque o fundador
da igreja tinha plantado aquela árvore noventa anos antes. Esse
tipo de legalismo deixou os membros daquela igreja vulneráveis
diante da servidão aos demônios.
Outra igreja era conhecida por sua história de pecado
sexual. Os pastores e demais líderes arrependeram-se desses
pecados na vida da igreja deles. Chegaram mesmo a remover a
pedra de esquina de seu templo, que fora lançada pelo pastor
que tinha cometido um sério pecado de natureza sexual.
Puseram no lugar dela uma nova pedra de esquina, em nome de
Jesus. Então ordenaram que toda contaminação e pecado do
fundador de sua igreja fossem quebrados. Em resultado, eles
conseguiram anular o poder do pecado sexual em sua igreja. E a
atmosfera espiritual mudou.
As nações também cometem iniqüidades. Os pecados dos
fundadores de uma nação e os habitantes daquela nação podem
atrair o juízo divino contra ela. Muitos crentes de hoje estão
orando as Escrituras, com base em 2 Crônicas 7.14: "Se o meu
povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e
buscar a minha face, e se converter dos seus maus caminhos,
então eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados, e sararei a
sua terra".
"Sararei a sua terra." Esse é um conceito bíblico
interessante. Daniel compreendeu bem essa questão, quando
estava orando e clamando a Deus como segue: "Pecamos, e
cometemos iniqüidade..." (Dn 9.5).
Neemias confessou ao Senhor: "Também eu e a casa de
meu pai pecamos" (Ne 1.6). E ele também confessou os pecados
de Israel, sua nação.
Os pecados das nações podem produzir fortalezas
espirituais de âmbito nacional, e estas afetam muitos aspectos
da cultura do povo que vive naquele país. Esses pecados
também podem dar aos poderes demoníacos territoriais o direito
legal de demonizarem a cultura daquela nação.
Em coisas assim é que consistem as portas do inferno.
Poderemos postar-nos de pé na esquina de uma rua, o dia
inteiro, gritando para que o diabo abandone a nossa cidade. Mas
estaremos agindo por pura presunção e apenas fazendo barulho,
se Satanás tiver o direito legal de governar, mediante os
pecados dos habitantes daquela cidade.
Quais são os pecados nacionais capazes de produzir
fortalezas espirituais? Como podemos descobrir as iniqüidades
de uma nação? Quais passos devemos tomar em oração, a fim
de abandonarmos os nossos caminhos ímpios e quebrar as
iniqüidades que escravizam as nossas nações? Essas são
perguntas fundamentais em um mapeamento espiritual.
Algumas das respostas serão descritas, detalhadamente, na
segunda seção deste livro.

Perguntas para refletir

1. Cindy Jacobs acredita que a inundação parou na cidade de


Rosário, Argentina, porque, através da oração, foi suspensa uma
maldição que pairava sobre a cidade. Você concorda? Por quê?
2. Temos sido ensinados que "ver é crer". Fale sobre algumas
das falácias dessa afirmação, à luz do presente capítulo.
3. Cindy Jacobs explica que há nove tipos diferentes de
fortalezas espirituais. Procure verbalizar o que é uma fortaleza
espiritual, em um sentido geral. Como você explicaria isso a um
amigo?
4. Leia em voz alta os nomes dos nove tipos de fortaleza
espiritual. Quantas delas você pode aplicar à sua própria cidade?
Descreva aquelas que melhor se aplicam a ela, de acordo com o
seu conhecimento das coisas.
5. Haverá alguma fortaleza de sectarismo em sua cidade? Nesse
caso, quais passos concretos podem ser tomados, nos próximos
seis meses, para enfraquecê-la?

Notas

1. "Delta Floods Stable", Buenos Aires Herald, domingo, 28 de


junho de 1992,p.4.
2. OTIS, JR., George. The Last of the Giants. Tarrytown, NI, Chosen
Books, 1991. p. 85.
3. KRAFT, Charles. Christianity With Power. Ann Arbor, MI, Servant
Publications, 1989. p. 24.
4. ARNOLD, Clinton. Powers of Darkness. Downers Grove, IL, Inter-
Varsity Press, 1992. p. 97. Ver também Ephesians: Power and
Magic. Grand Rapids, MI, Baker Book House, 1992.
5. KROEGER, Richard Clark & KROEGER, Catherine Clark. I Suffer Not a
Woman. Grand Rapids, MI, Baker Book House. p. 53, 4.
6. GARRETT, Susan R. The Demise of the Devil. Minneapolis, MN,
Fortress Press, 1989.
7. ROBB, John. Focus! The Power of People Group Thinking.
Monróvia, CA, MARC, 1989.
8. KANNAMAN, Gary. Overcoming the Dominion of Darkness.
Tarrytown, NI, Chosen Books, 1990. p. 54, 56-8.
9. SILVOSO, Edgardo (extraído de um memorando para apoiadores
e amigos sobre o "Plano Resistência"), 15 de setembro de 1990,
p. 3.
10. KANNAMAN, p. 162 e 13.
11. BERNAL, Dick. Curses: What They Are and How to Break Them
(Companion Press, Box 351, Shippensburgo, PA 17257-0351).
4. MAPEAMENTO ESPIRITUAL PARA ORAÇÃO DE
AÇÃO PROFÉTICA

Por Kjell Sjöberg

Kjell Sjöberg durante anos tem sido reconhecido como


pioneiro da guerra espiritual em nível estratégico. Depois de ter
sido líder dos Intercessores pela Suécia durante dez anos, ele
tem trabalhado em muitas nações do mundo, a fim de ensinar
seminários avançados sobre a oração e para liderar equipes de
oração. Autor do livro Winning the Prayer War (Sovereign World),
Kjell (que se pronuncia "xel") é também o coordenador nacional
da Suécia da Spiritual Warfare Network da A.D. 2000 United
Prayer Track.

"Mapeamento espiritual" é uma expressão que foi cunhada


para cobrir a pesquisa que fazemos antes daquilo que gosto de
chamar de "oração de ação". Como é óbvio, quando oramos,
podemos fazê-lo com maior eficiência se estivermos bem
informados.

UM POVO QUE ORA BEM INFORMADO

Um intercessor que é meu amigo, também é homem de


negócios. Ele teve a oportunidade de ter um encontro com o
nosso primeiro-ministro, a fim de apresentar-lhe um projeto
industrial. Ele chegou bem munido com documentação, estando
pronto para responder a qualquer pergunta de natureza técnica
ou econômica que o primeiro-ministro lhe quisesse dirigir.
Pouco tempo depois, esse amigo estava buscando ao
Senhor, dentro da área da oração. Ele sentiu que o Senhor falava
com ele e lhe dirigia algumas perguntas: "Lembras-te de quando
visitaste o teu primeiro-ministro? Como foi que te preparaste
para aquela entrevista? E hoje estás buscando a minha face
sobre uma questão muito importante. Eu sou o Rei dos reis.
Quanto te tens preparado para estares bem informado sobre a
área que agora me estás apresentando?" Meu amigo confessou
com honestidade: "Não me preparei da mesma maneira como o
fiz para ir falar com o primeiro-ministro". Ele sentiu que o Senhor
lhe dizia: "Então volta em outra ocasião, quando estiveres
melhor preparado, porque antes que eu te responda a tua
oração, quero que estejas plenamente informado".
Os intercessores evangélicos lêem jornais e assistem ao
noticiário pela televisão, e dali recebem responsabilidades
específicas de oração. A maioria dos intercessores anela por
seguir as notícias, porquanto as respostas às suas orações com
freqüência figuram na primeira página dos jornais. Portanto,
costumo desafiar os intercessores que assumem
responsabilidades pelas cidades ou nações para que se façam
tão bem informados como um delegado de polícia ou o editor de
um jornal.
Houve um tempo em que os Intercessores pela Suécia, o
ministério ao qual sirvo, contavam com um "gabinete nas
sombras", formado por homens e mulheres que tinham por
responsabilidade cuidar de cada pasta ministerial do governo.
Eles eram nomeados como vigilantes responsáveis para prover
informações para aqueles que estavam orando pela nação. Um
deles era responsável pela ecologia, outro pela indústria e o
comércio, um terceiro pela agricultura, e assim por diante.
Podemos orar no espírito e obter informações da parte do
Espírito Santo, mas também devemos orar com o nosso
entendimento. O conceito básico do mapeamento espiritual é
que precisamos estar o mais bem informados que nos for
possível, quando estivermos orando.

PESSOAS COM O DOM DO MAPEAMENTO

Quando seleciono os membros de minha equipe para uma


dada oração de ação, procuro reunir pessoas dotadas de certa
variedade de dons espirituais. Um pastor torna-se necessário
entre os guerreiros de oração, alguém que se responsabilize pela
nossa proteção e que cuide dos fracos, dos cansados e dos
feridos. Há outros que foram espiritualmente dotados para fazer
mapeamento espiritual. Sempre disponho de um ousado espião
espiritual em minha equipe.
Certa feita, quando um congresso mundial do espiritismo foi
efetuado na Suécia, nosso espião-em-chefe sentiu-se levado a
matricular-se como delegado. Ao mesmo tempo, ele convocou
uma conferência de oração, em uma igreja das proximidades.
Ele freqüentava as sessões do congresso espírita, recolhia
informações e, então, ia até à igreja evangélica, para informar os
intercessores, que usavam as informações na guerra espiritual. E
o congresso espírita terminou sendo um fracasso e um desastre
econômico.
Não recomendo que todos façam o que ele fez. Ele é um
daqueles poucos que possui tais dons e chamada divina. Sem a
orientação divina, essas atividades podem ser presunçosas e
perigosas.
A fim de espionar uma sociedade sueca que está tentando
reviver a antiga religião dos vikings, e está adorando os deuses
Asas, esse mesmo intercessor espião tornou-se membro daquela
sociedade. Naturalmente, ele não usou o seu verdadeiro nome. À
sua porta havia duas placas intercambiáveis, com nomes
diferentes. Ele está sempre bem informado acerca das
atividades de grupos como a Nova Era e os satanistas, e sempre
mete o nariz em suas atividades, a fim de acompanhar as
informações de que precisam os guerreiros de oração.
Atualmente, quando temos uma conferência de oração ou
estamos planejando uma oração de ação, usualmente temos um
papel de pesquisas preparado de antemão e que trata da história
da cidade da perspectiva espiritual. E isso fornece aos guerreiros
de oração uma compreensão mais ampla sobre o campo de
batalha na qual estejam pelejando.

MAPEAMENTO ESPIRITUAL EM BERGSLAGEN, SUÉCIA

Existe uma área da Suécia chamada Bergslagen, onde o


número de membros das igrejas estavam diminuindo, e onde
muitos deles estavam desempregados. Houve a decisão de
fechar a fundição de ferro, onde trabalhavam cerca de
seiscentos operários. Um domingo à noite, a cidade inteira de
Gränsberg protestou, apagando todas as lâmpadas elétricas nas
casas, nas ruas e nas lojas. O noticiário pela televisão mostrou
uma cidade inteiramente às escuras. Foi uma demonstração de
desesperança — como se os habitantes não vissem futuro para a
sua cidade. O preço das propriedades desabou e se tornou quase
impossível vender uma casa.
Na ocasião, resolvemos iniciar uma guerra de oração por
seis meses, e terminar a nossa campanha de oração com um fim
de semana de proclamações vitoriosas de esperança quanto ao
futuro. Meu amigo, Lars Widerberg, o espião de nosso time de
oração, fez o mapeamento espiritual e descobriu que havia
quinze centros da Nova Era naquela área. De cada vez, através
da história, em que a liberdade de nossa nação se viu ameaçada,
os fazendeiros de Bergslagen é que se tornavam os guerreiros
da liberdade que salvavam o país. Bergslagen era o berço da
indústria sueca, mas agora estava caindo no olvido.
A primeira fábrica da história da Suécia, na oportunidade,
estava ocupada por uma comunidade ligada à Findhorn
Foundation, da Inglaterra, que confessa que Lúcifer é a sua fonte
de poder. Para os outros, parecíamos como um grupo ocupado
em agradável conversação; mas nós estávamos olhando nos
olhos uns dos outros, enquanto proclamávamos o Senhorio de
Jesus sobre a comunidade. Dois meses mais tarde, quatro
membros daquela comunidade aceitaram o Senhor Jesus e foram
cheios do Espírito Santo. O Senhor deu-nos assim os despojos de
nossa oração de ação.
Lars também descobriu que na região e Bergslagen vivia
um médium espírita que se declarava canal do espírito de
Jambres, um egípcio que viveu três mil anos passados. Então
organizamos um ônibus de oração, cheio de intercessores, e
paramos do lado de fora de cada centro da Nova Era da cidade,
a fim de orarmos. O ônibus de oração também parou fora de
cada prefeitura da região. E ali oramos para que a liderança
política local recebesse sabedoria, da parte de Deus, para
resolver os problemas de desemprego da região. Oramos
também para que usassem os fundos públicos de maneira sábia
e honesta e desfechamos guerra espiritual contra o espírito de
Jambres. Jambres foi um dos mágicos egípcios que resistiu a
Moisés e a Arão, na tentativa de impedir que o povo de Israel
saísse do Egito.
Enfrentamos uma batalha renhida, e houve um período de
pesada oposição por parte da imprensa local, que não podia
compreender a nossa ousadia na proclamação de um novo dia
para Bergslagen. Naquela noite, quando desafiamos diretamente
o espírito de Jambres, a oposição começou e aumentou até ao
fim de semana, quando proclamamos um novo dia para
Bergslagen. A oposição levou-nos a acreditar que tínhamos
acertado bem no alvo. É bem possível que Jambres fosse o
espírito territorial que dominava toda aquela região.
No dia seguinte ao da proclamação da vitória, o governo
concedeu um bilhão de coroas suecas (150 milhões de dólares
norte-americanos), para serem empregadas em toda aquela
área. Imediatamente subiram os preços das propriedades, ao
mesmo tempo que caía a taxa de desemprego. A fundição
realmente cerrou as portas, mas todos os operários conseguiram
novas colocações. Nossa oração de ação atraiu pastores e igrejas
para se unirem, e eles continuaram orando juntos. Quando a
imprensa noticiou as transformações havidas na área, eles
usaram as mesmas palavras que havíamos usado em nossas
proclamações de oração, posto que não tivessem destacado a
relação de causa e efeito.

A ORAÇÃO E A GEOGRAFIA

A oração tem uma dimensão geográfica, pelo que muitos


intercessores experientes interessam-se por mapas. As paredes
de minha sala de orações estão recobertas de mapas. Em uma
das paredes há um mapa do mundo; em outra, há um
gigantesco mapa da cidade de Estocolmo. Tenho sido encorajado
por alguns de meus amigos, que também dispõem de mapas nas
paredes de seus gabinetes de oração. Por muitas vezes, fico de
pé defronte do mapa do mundo, quando estou orando.
Quando eu era jovem, Watchman Nee abriu os meus olhos
para a dimensão geográfica da oração, através de seu livro, O
Ministério de Oração da Igreja. 1

Ao ensinar-nos a orar, "venha o teu reino", o Senhor estava


dizendo que há um Reino de Deus no céu, mas não neste
mundo, pelo que devemos orar para que Deus amplie as
fronteiras do Reino dos céus para que atinja esta terra. Na
Bíblia, o Reino de Deus aparece em termos geográficos,
como também em termos históricos. A história é uma
questão de tempo, ao passo que a geografia é uma questão
de espaço. De acordo com as Escrituras, o fator geográfico
do Reino de Deus ultrapassa de seu fator histórico. Disse o
Senhor Jesus: "Mas, se eu expulso os demônios pelo
Espírito de Deus, é conseguintemente chegado a vós o reino
de Deus" (Mt 12.28). Vemos aí um problema histórico? Não,
mas vê-se nisso uma questão geográfica. Onde quer que o
Filho de Deus expulse demônios pelo Espírito de Deus, aí
está o Reino de Deus. Portanto, durante este período de
tempo, o Reino de Deus é mais geográfico do que histórico.
Se o nosso conceito do Reino for somente histórico, teremos
percebido apenas um de seus lados, e não o Reino em sua
inteireza.

O Senhor está chamando intercessores para que assumam


responsabilidade por cidades, nações e grupos étnicos. As
fronteiras geográficas mostram-nos as nossas áreas de
responsabilidade. De acordo com o trecho de Atos 17.26, 27, o
Senhor determinou os limites da habitação dos seres humanos, a
fim de que busquemos o Senhor dentro dessas fronteiras. Temos
enviado equipes de oração que orem ao longo das fronteiras da
Suécia. Dividimos a costa marítima em cinqüenta segmentos e
pedimos a alguma igreja ou grupo de oração que caminhe ou
viaje ao longo dessa porção dos limites do país e ore.
Algumas vezes temos estado de pé nos limites de áreas
fechadas para o evangelho, e temos orado para que as nações
abram as suas portas. Por duas vezes, antes de o regime
comunista cair na Albânia, dirigi equipes de oração que oraram
nas fronteiras daquele país. Outros ocuparam-se em orações de
ação semelhantes. Antes de a Dinamarca ter o seu referendo,
quando a maioria votou em favor do acordo de Maastrich, com
vistas a uma união européia, os intercessores fizeram passeios
de oração ao longo da fronteira entre a Alemanha e a
Dinamarca, porquanto sentiam que esse acordo seria um
retrocesso para o evangelho.
A GEOGRAFIA ESPIRITUAL NA BÍBLIA

A Bíblia empresta importância espiritual especial a certas


localidades geográficas. Para exemplificar, o Senhor designou
uma importância geográfica ímpar à Terra Prometida, muito
diferente daquilo que vemos nos mapas ordinários. Seis cidades
foram escolhidas como cidades de refúgio. Quarenta e oito
cidades foram dadas aos sacerdotes e aos levitas. Quando
entraram na Terra Prometida, os filhos de Israel deveriam
procurar o lugar onde o Senhor tinha escolhido para pôr o seu
nome, para ali habitar. Davi descobriu que esse lugar era a
cidade de Jerusalém. Em algumas áreas geográficas foram
proclamadas bênçãos especiais, como quando Moisés abençoou
os descendentes de José, dizendo: "Bendita do Senhor seja a sua
terra, com o mais excelente dos céus, com o orvalho, e com o
abismo que jaz abaixo, e com as mais excelentes novidades do
sol... e com o mais excelente dos outeiros eternos" (Dt 33.13-
15).
Quando estava a atravessar a fronteira, vieram-lhe ao
encontro anjos de Deus. E ele exclamou: "Este é o exército de
Deus". Por essa razão, ele deu nome àquele lugar de Maanaim,
que significa "dois exércitos" (ver Gn 32.1, 2). Outro trecho da
fronteira foi chamado de Mizpá, que significa "vigia". Labão
asseverou: "Vigie o Senhor entre mim e ti, quando estivermos
apartados um do outro" (Gn 31.49, V. R.). E Jacó afirmou que
para além daquela coluna ninguém passaria com más intenções
contra o outro (ver Gn 31.48-53).
Samuel levantou uma pedra na fronteira com os filisteus,
depois de havê-los derrotado. "...e chamou o seu nome
Ebenézer; e disse: Até aqui nos ajudou o Senhor". E assim os
filisteus foram subjugados, e nunca mais tentaram qualquer
incursão no território de Israel (ver 1 Sm 7.12, 13).
A GEOGRAFIA SAGRADA E O PLANEJAMENTO DE
CIDADES PELO OCULTISMO

O antropólogo norte-americano Johan Reinhard fez um


extenso estudo sobre as montanhas dos Andes, no Peru e na
Bolívia. Ao publicar seus achados na revista National
Geographic, concluiu ele: "A paisagem não é apenas uma região
de impressionante topografia, mas realmente é um complexo
mapa religioso. As montanhas são marcos espirituais, prenhes
de significação mágica".2
Reinhard asseverou que as montanhas sagradas estão
ligadas umas às outras sob o Illimani, a divindade principal das
montanhas, o qual classificaríamos como um espírito territorial.
O artigo é ilustrado com mapas dos montes e lagos sagrados da
cadeia dos Andes. Acerca de Machu Picchu, o berço do império
inca, disse Reinhard: "A localização de Machu Picchu permite
uma combinação de geografia sagrada e de alinhamentos
astronômicos, talvez sem igual nos Andes".3
Fico espiritualmente alerta quando leio sobre os rios, lagos,
fontes, florestas, parques, cidades e montes sagrados. Dizem as
Escrituras: "Os montes trarão paz ao povo, e os outeiros justiça"
(Sl 72.3). Satanás pretende bloquear o fluxo de bênçãos que
Deus tenciona dar por meio de sua criação, razão pela qual atrai
tantas pessoas para adorarem locais geográficos. Todavia, temos
visto irrompimentos e uma atmosfera diferentes, depois de
declararmos guerra espiritual em lugares que tenham sido
dedicados aos demônios.
Quando fazemos mapeamento espiritual, por muitas vezes
descobrimos planejamentos de cidades por meio do ocultismo,
cujas raízes se acham na Babilônia e no Egito. Isso está
ocorrendo em cidades e subúrbios recém construídos, como
aquilo que Víctor Lorenzo descreveu no capítulo sete deste livro.
Na cidade de Babilônia, os portões da cidade eram dedicados
aos deuses da cidade, e um zigurate foi erigido bem no meio da
cidade. Em muitas capitais e cidades no mundo, encontramos
obeliscos que, algumas vezes, são construídos no ponto zero, de
onde são medidas todas as distâncias. Um obelisco é um símbolo
fálico da maçonaria, vinculado à fertilidade e tendo um formato
que era sagrado desde a remota Antigüidade, ao deus-sol dos
egípcios, Rá ou Ré. Os obeliscos e os postes tótemes eram
erigidos como marcos, nos distritos dos deuses a eles dedicados.
A Meditação Transcendental está edificando na Suécia uma
vila-modelo, em Skokloster, sob a direção de Maharishi, e de
acordo com a arquitetura hindu védica, chamada Sthapatya-
Veda, a ciência do meio ambiente perfeito para a vida. Essa
ciência assegura que as casas deveriam saudar o sol, pelo que
todas as suas entradas deveriam estar voltadas para o leste. Por
igual modo, todas as casas e ruas deveriam ser edificadas
formando uma espécie de tabuleiro, que se alinhe com certas
linhas e pontos de poder, de modo a não perturbar o fluxo de
energias psíquicas. A vila está sendo edificada como centro de
meditação bem no meio, e cada casa dispõe de uma pequena
torre de meditação.

ORAÇÕES DE ATOS PROFÉTICOS

As orações de atos proféticos só são efetuadas por ordem


do Senhor, no tempo perfeito determinado por ele, de acordo
com a estratégia que o Senhor tiver revelado a uma equipe de
oração.
Antes que Gideão contasse com o seu exército de trezentos
guerreiros escolhidos, ele usou uma pequena força de
espionagem de dez homens, em uma das primeiras histórias de
ação guerrilheira do mundo. Gideão obedeceu à ordem do
Senhor, dada durante a noite, e tomou dez de seus homens para
derrubar o altar de seu pai, consagrado a Baal, tendo derrubado
o poste-ídolo ao lado dele, para em seguida edificar um tipo de
altar apropriado ao Senhor, no mesmo lugar (ver Jz 6.25-27). Foi
uma oração de ação divinamente determinada.
Elias é um grande exemplo para os intercessores. Veio a
palavra do Senhor a Elias, dizendo: "Levanta-te, desce para
encontrar-te com Acabe, rei de Israel... Eis que está na vinha de
Nabote..." (1 Rs 21.17, 18). Elias foi ao encontro de Acabe,
exatamente quando ele ia tomar posse da vinha, depois que
Nabote havia sido assassinado. Por igual modo, o Senhor nos
está dando tarefas divinas para que sejam cumpridas no lugar
preciso, combatendo o mal nos lugares elevados.
Parte do mapeamento espiritual consiste em pedir do
Senhor palavras e visões proféticas em prol de igreja,
cidades e nações... Deus levanta intercessores que
cooperem com ele, precisamente quando estão prestes a
ocorrer mudanças que poderiam abrir uma nação para o
evangelho.

As orações de ação profética estão especificamente ligadas


às equipes de oração que são enviadas às linhas de fronteira de
nações fechadas ao evangelho. Essas equipes viajam até povos
não alcançados, a países muçulmanos, a áreas de desastres
naturais, aos quartéis-generais do inimigo, às fortalezas das
riquezas materiais e a lugares a que até mesmo anjos não
gostam de ir.
As orações de ação profética com freqüência são geradas
por grupos que se reúnem sobre bases regulares para
intercederem por cidades e nações. Orações contínuas em favor
de cidades e nações formam uma base poderosa de onde
nascem orações de ação profética, quando o Senhor fala com o
grupo. Em seguida, uma equipe menor é, com freqüência,
escolhida e enviada em jornadas de oração ou outras tarefas.
Como líder de uma equipe de oração, acredito que Deus me
tem como responsável pela proteção dos intercessores de minha
equipe. Sempre pergunto a mim mesmo: Até onde poderemos
avançar? Para o que o povo está preparado? Que prazo Deus
está determinando para nós? Meus intercessores serão maduros
no Espírito o suficiente para entender as coisas que estamos
prestes a fazer? Deus nos mostra muitas coisas, a respeito da
oração de guerra, que não seríamos sábios se as discutíssemos
nas grandes reuniões de oração. Após uma dessas reuniões mais
amplas, com freqüência convocamos um número menor de
crentes dotados do dom de discernimento para que haja um
intenso acompanhamento. Há ocasiões em que é prejudicial
atrair a atenção do público em geral ou permitir que a imprensa
faça as suas coberturas e dê as notícias.
POR QUE CHAMAMOS DE "PROFÉTICAS" AS ORAÇÕES
DE AÇÃO?

Ao descobrirmos algumas orações de ação, usamos o


adjetivo "profético", porquanto oramos para que uma palavra
profética de Deus tenha cumprimento. Parte do mapeamento
espiritual consiste em pedir do Senhor palavras e visões
proféticas em prol de igrejas, cidades e nações. Os profetas da
Bíblia referiram-se a palavras proféticas acerca de nações do
Oriente Médio, como o Irã, o Iraque , o Líbano, a Etiópia e Israel.
Quando, recentemente, fizemos uma jornada de oração profética
ao Egito, oramos pelo cumprimento do capítulo dezenove de
Isaías, uma profecia dirigida contra o Egito. Com freqüência
usamos a palavra profética como uma arma, em nossas orações.
Uma dimensão de tempo profético, na oração, também
precisa ser considerada. O Senhor nos está treinando para
reconhecermos a sua vontade acerca da questão de tempo
certo. O Senhor quer que intercessores façam-se presentes nos
pontos nevrálgicos da história, pois é ele quem "muda o tempo e
as estações, remove reis e estabelece reis..." (Daniel 2.21). Por
conseguinte, Deus levanta intercessores que cooperem com ele,
precisamente quando estão prestes a ocorrer mudanças que
poderiam abrir uma nação para o evangelho. Antes que
possamos começar a edificar e implantar, é mister desarraigar,
derrubar, destruir e arruinar as estruturas do império das trevas,
conforme Deus disse a Jeremias (ver Jr 1.10).
Por muitas vezes, o Senhor nos tem ordenado reunir o povo
de Deus para orar, em certas datas, sem sabermos exatamente
por qual motivo. Por três vezes temos sido levados a convocar
conferências nacionais de oração, quando os grupos da Nova Era
têm efetuado suas conferências de âmbito nacional. Começamos
e terminamos ao mesmo tempo sem termos tido conhecimento
anterior acerca do programa da Nova Era; mas de algum modo
intuímos que Deus queria que nos dedicássemos à oração na
presença dele. Em Madri, chegamos a acumular duas
conferências simultaneamente.
Em certas ocasiões, o Senhor nos tem exortado a orar
quando há alguma atividade intensa de alto nível no mundo do
ocultismo. Estes são dias em que o Reino de Deus está
avançando e quando novas portas se estão abrindo para a Igreja.
Mas a igreja local que dormita, enquanto Satanás mostra-se
ativo, terminará deprimida e derrotada.

Motivos Para a Oração de Ação Profética

Os intercessores são convocados para servirem aos


evangelistas e prepararem o caminho para a salvação de almas.
São chamados como um ministério sacerdotal para se postarem
diante do Senhor como representantes do povo crente,
confessando os pecados do povo e pedindo misericórdia.
O pecado individual impede que o crente tenha comunhão
íntima com Deus. E o pecado coletivo impede que o Espírito de
Deus se manifeste em uma comunidade. O Senhor tem
planejado encher a terra inteira com a sua glória. Porém, no
passado têm acontecido certas coisas que, infelizmente, velam a
sua glória. Jesus falou aos líderes religiosos, em Jerusalém,
acerca do pecado coletivo da cidade — o pecado de aquela
cidade não ter recebido aqueles que tinham sido enviados pelo
Senhor. "Assim, vós mesmos testificais que sois filhos dos que
mataram os profetas. Enchei vós, pois, a medida de vossos pais"
(Mt 23.31, 32).
A culpa que nunca é resolvida torna-se um convite aberto
para os poderes demoníacos. Antes de podermos amarrar o
valente, precisamos tratar dos pecados que têm outorgado ao
inimigo o direito legal de se instalar em algum lugar. O diabo e
seus principados foram derrotados por Jesus, no Calvário, e não
teriam sido capazes de continuar atuando se não dependessem
de antigos convites feitos a eles, convites esses que nunca foram
cancelados.
O profeta Oséias acusou o povo de Israel de não ter
resolvido um pecado que já vinha a duzentos e cinqüenta anos
sendo cometido: "Desde os dias de Gibeá pecaste, ó Israel, e
nisto permaneceste..." (Os 10.9, V. R. A.).
Moisés instruiu os anciãos, quando estivessem numa
cidade, sobre como deveriam cuidar de algum pecado coletivo.
Depois que uma pessoa fosse achada morta no campo, sem que
se soubesse quem foi o assassino, os anciãos da cidade próxima
deveriam oferecer um sacrifício e orar: "Sê propício ao teu povo
Israel, que tu, ó Senhor, resgataste, e não ponhas o sangue
inocente no meio do teu povo Israel." E a intercessão teria o
seguinte efeito: "E aquele sangue lhes será expiado. Assim
tirarás o sangue inocente do meio de ti, pois farás o que é reto
aos olhos do Senhor" (Dt 21.8, 9).
E importante que compreendamos a diferença que se
destaca aqui entre o pecado individual e o pecado coletivo.
Quando os incrédulos se arrependem e confessam seus pecados
pessoais, confiando em Jesus, eles são salvos. Ninguém mais
pode tomar o lugar deles e confessar os pecados deles em lugar
deles. No entanto, não sucede assim com o pecado coletivo. Os
intercessores podem confessar o pecado coletivo, mesmo que
não tenham participado pessoalmente dos pecados confessados;
e, assim, alguma coisa que tenha desagradado a Deus pode ser
removida. Quando isso sucede, Deus pode derramar o seu Santo
Espírito, e, então, torna mais fácil para os incrédulos ouvirem o
evangelho de Cristo, arrependerem-se de seus pecados e serem
salvos. E assim que a intercessão em nível estratégico
pavimenta o caminho para que haja um evangelismo eficaz.
Esdras forneceu-nos exemplo disso. Quando ele agonizava
diante de Deus, confessando os pecados de seus antepassados,
clamou: "Desde os dias de nossos pais até ao dia de hoje
estamos em grande culpa, e por causa das nossas iniqüidade
fomos entregues, nós, os nossos reis, e os nossos sacerdotes, na
mão dos reis das terras, à espada, ao cativeiro, e ao roubo, e à
confusão de rosto, como hoje se vê" (Ed 9.7).

SETE QUESTÕES CRUCIAIS ACERCA DO MAPEAMENTO


ESPIRITUAL

Até esta altura, tenho abordado alguns dos princípios


fundamentais do mapeamento espiritual que temos podido
respigar através de anos de orações de ação profética. Por meio
da experiência, temos obtido algum discernimento sobre o tipo
de pesquisa que é mais valioso do que outros, para conferir
orientação aos pastores e intercessores, para que seja
conquistada alguma cidade ou região para Deus. Sete perguntas
cruciais, que temos descoberto serem as mais úteis, têm vindo à
superfície quanto ao tipo de oração de guerra que Deus usa mais
consistentemente no que diz respeito a mim e aos meus colegas.
Outras perguntas, contudo, poderiam ser mais úteis do que
essas, para aqueles que receberem outras tarefas a cumprir.

1. Quais são os deuses principais da nação?

Quando o Senhor libertou o povo de Israel do Egito, disse:


"...sobre todos os deuses do Egito farei juízos; eu sou o Senhor"
(Êx 12.12). Quando oramos pela liberdade do povo da União
Soviética, primeiramente preparamos uma lista de seus deuses e
pedimos que o Senhor julgasse todos os seus deuses. Quando
vou a alguma nação, usualmente procuro descobrir qual deus o
presidente ou rei daquela nação costuma adorar, e quais deuses
são adorados pelos grandes homens de negócios.
O deus grego Hermes, cujo nome romano é Mercúrio, é
honrado em muitas nações pela comunidade empresarial.
Podemos encontrar a sua estátua em algumas das grandes
bolsas de valores do mundo. Hermes é protetor dos homens de
negócio, dos ladrões e dos oradores. De acordo com a mitologia
grega, ele era o principal dos ladrões. Por detrás de muitos
ídolos existem demônios que requerem adoração.
Estando em Tóquio, sentimo-nos impulsionados a orar
diante da Bolsa de Valores, e, em nome de Jesus, removemos
Hermes de sua posição de protetor dos ladrões. Isso ocorreu por
ocasião da cerimônia do Daijosi, descrita por Peter Wagner (ver o
segundo capítulo deste livro). Depois de novembro de 1990, um
caso após outro de corrupção foi desmascarado na Bolsa de
Valores de Tóquio. E ela nunca mais foi a mesma coisa desde
então, em uma situação que prossegue, enquanto escrevo este
livro. Deus odeia a ganância, e talvez estejamos vendo nisso um
julgamento divino.
2. Quais são os altares, os lugares elevados e os templos ligados à
adoração dos deuses da fertilidade?

Quando Abraão chegou à Terra Prometida, ele edificou um


altar a Deus e invocou sobre ele o nome do Senhor (ver Gn
12.8). Erigir um altar era incluir um território no pacto entre Deus
e o seu povo escolhido. Aquele território, por assim dizer,
entrava em relação de pacto com o Senhor. Quando os pagãos
edificam altares aos seus deuses, eles fazem o seu território
entrar em pacto com os ídolos e com os anjos malignos que
estão por detrás desses ídolos.
Eis a maneira de tomar posse da terra: "Totalmente
destruireis todos os lugares onde as nações que possuireis
serviram os seus deuses, sobre as altas montanhas, e sobre os
outeiros, e debaixo de toda a árvore verde; e derribareis os seus
altares, e quebrareis as suas estátuas, e os seus bosques
queimareis a fogo, e abatereis as imagens esculpidas dos seus
deuses, e apagareis o seu nome daquele lugar" (Dt 12.2, 3). Essa
é a chave para que nações sejam abertas para o evangelho. Nos
tempos do Novo Testamento, fazemos isso mediante a oração de
guerra. Antes de uma oração de ação profética, precisamos
mapear todos os lugares altos e seus altares, dedicados a outros
deuses. Também devemos pesquisar para descobrir se eles
foram reativados e estão sendo usados hoje em dia por grupos
que seguem as artes ocultas.

3. Líderes políticos, como reis, presidentes ou chefes tribais, têm-se


dedicado a algum "deus" vivo?

Isso não é tão incomum como alguns poderiam pensar. O


fundador de alguma nação foi exaltado para que viesse a ser
adorado como se fosse uma divindade? Temos encontrado
poetas, heróis, santos e generais nacionais elevados à posição
de deuses, após a sua morte. Sempre que reis ou líderes
políticos se têm tornado deuses, sendo adorados por seus
súditos, eles têm tomado o lugar que pertence legitimamente a
Jesus. O imperador do Japão é um exemplo disso, conforme Peter
Wagner salientou (ver o segundo capítulo deste livro).
Entre as tribos e nações que resistem ao evangelho, por
muitas vezes achamos essa lealdade que serve de obstáculo à
liberdade do evangelho. Esse é um método com freqüência
usado hoje em dia pelos ditadores, para criarem uma falsa
unidade e uma obediência cega da parte dos habitantes. Deus
enviou um anjo para derrubar Herodes, que estava aceitando
adoração como se fosse um deus vivo. E, depois que esse
empecilho foi removido, Lucas foi capaz de escrever: "E a
palavra de Deus crescia e se multiplicava" (At 12.24).

4. Tem havido derramamento de sangue, um poluente da terra?

Durante o reinado de Davi, a fome se instalou no país por


três anos sucessivos. Davi buscou a face do Senhor, e o Senhor
disse: "É por causa de Saul e da sua casa sanguinária, porque
matou os gibeonitas" (2 Sm 21.1). Davi tratou da culpa de
sangue, que estava provocando escassez de alimentos, segundo
as normas do Antigo Testamento, e Deus respondeu às orações
em favor da terra. A colheita foi salva de posteriores destruições.

5. Como foi lançada a pedra fundamental da cidade ou nação em


pauta?

"E os que de ti procederem edificarão os lugares,


antigamente assolados; e levantarás os fundamentos de geração
em geração; e chamar-te-ão reparador das roturas, e
restaurador de veredas para morar" (Is 58.12).
Um grupo de pesquisas estudou a história de Sidnei, na
Austrália, e descobriu que toda uma tribo de aborígines fora
varrida do mapa quando a cidade foi construída. Outra cidade
tinha sido fundada mediante documentos forjados. O fundador
da cidade precisara fugir quando se descobriu que aqueles que
tinham vendido aquelas terras tinham sido enganados. Em certa
área tribal foi fundada uma cidade mediante um tratado feito
com uma tribo. Mas pouco depois o tratado foi quebrado, mas
aqueles que tinham violado o tratado com a tribo em foco
subseqüentemente fizeram ruas serem chamadas por seus no-
mes. E quando as pessoas da tribo percorrem hoje em dia por
aquelas ruas, são lembradas das pessoas desonestas que as
iludiram.
Aalborg, na Dinamarca, foi originalmente fundada como um
mercado de escravos, onde os vikings podiam vender seus
prisioneiros de guerra como escravos. Uma cidade fundada em
cima de tanto sangue e crime naturalmente está debaixo de
uma maldição. Não admira que as igrejas não possam crescer
em um solo amaldiçoado ou que algum anjo negro de Satanás
tenha podido estabelecer ali o seu trono, desde o começo da
cidade. Disse o Senhor por meio de Ezequiel: "Derribarei a
parede que rebocastes de cal não adubada, e darei com ela por
terra, e o seu fundamento se descobrirá..." (Ez 13.14). Por
intermédio do mapeamento espiritual, o Senhor está hoje
deixando desnudos os alicerces, conforme Víctor Lorenzo
demonstra acerca de La Plata, Argentina (ver o sétimo capítulo
deste livro).

6. Como têm sido recebidos os mensageiros de Deus?

"E, se ninguém não vos receber, nem escutar as vossas


palavras, saindo daquela casa ou cidade, sacudi o pó dos vossos
pés" (Mt 10.14). Esse ato fará o julgamento de Deus sobrevir a
uma cidade que se mostre assim pouco acolhedora.
Um pastor de Mallakka, na Malásia, disse-me que a sua
igreja não crescia, e que outras igrejas da cidade também não
cresciam. Alguma coisa estava bloqueando os seus esforços
evangelísticos. Então veio um profeta da Inglaterra a Mallakka,
que tinha lido a história de como o missionário católico-romano,
Francisco Xavier, havia deixado a cidade de Mallakka. O povo
não deu ouvidos a Xavier, pelo que ele subiu a um monte e
literalmente sacudiu o pó de seus pés. O profeta inglês levou um
grupo de pastores de Mallakka até ao mesmo monte, onde
arrependeram-se em lugar dos antigos habitantes, porque a ci-
dade não tinha recebido um servo de Deus fazia mais de
quatrocentos anos. Assim a maldição foi interrompida e o pastor
disse que a partir daquele dia a sua igreja começou a crescer.
Existem outras igrejas e cidades debaixo do julgamento de Deus,
por não terem recebido servos de Deus, razão por que aquele
solo é tão estéril.

7. Como foram edificadas as antigas sedes de autoridade?

O mapeamento espiritual, com vistas às orações de ação


profética, nos conduz a novas áreas.
Para exemplificar, em algumas nações africanas, onde já há
uma elevada porcentagem de crentes nacionais, o tempo está
maduro para que mais nacionais sejam postos em posições de
liderança. Quando oramos em favor de eleições e de candidatos
evangélicos, temos descoberto que precisamos desmantelar as
antigas sedes de autoridade, para que haja líderes piedosos em
posições de autoridade.

Precisamos da mais elevada precisão de pontaria para


atingir o inimigo, em seu ponto mais vulnerável. Na batalha,
a sabedoria consiste em obter a vitória sem desperdiçar
munição.

As antigas sedes de autoridade com freqüência foram


edificadas mediante acordos com os ídolos. O ofício presidencial
talvez tenha sido dedicado ao mais poderoso espírito territorial
do presente, como também aos mortos — seus ancestrais. Desse
modo, uma sede de poder foi dedicada a um deus após outro, e
todos eles têm certas reivindicações sobre o ofício. Antes de um
golpe que vise a derrubar um presidente, cobras e rãs podem ter
sido sacrificadas a fim de que o golpe tenha sucesso. Talvez
tenha havido conselhos de algum médico-feiticeiro, que recebeu
uma nova limusine Mercedes quando o golpe obtivesse bom
êxito. Logo, precisamos mapear as sedes nacionais de poder,
para que possamos orar com maior eficácia. Precisamos,
portanto, indagar: "Se as sedes de autoridade têm espíritos, po-
dem elas ser identificadas?"
COMO USAMOS O MAPEAMENTO ESPIRITUAL?

O mapeamento espiritual com freqüência é usado como


confirmação de coisas que já pudemos ver no Espírito. Uma vez
que a nossa estratégia de guerra espiritual seja confirmada a
partir de várias fontes, então poderemos avançar com maior
ousadia. Se o Senhor revelar-nos o nome do valente de uma
cidade, isso terá de ser confirmado pelas Escrituras e pela
história. Se tal valente tiver estado nas imediações por centenas
de anos, então certamente ele terá deixado impressas as suas
pegadas na história e na geografia da cidade. E tudo quanto
precisamos saber sobre o nosso inimigo e suas tropas também
foi revelado na Bíblia.
Usamos o mapeamento espiritual quando planejamos a
nossa estratégia de oração. Que tipo de armas espirituais
devemos usar? Qual é a natureza do campo de batalha? Em qual
ordem de seqüência deveremos abordar as questões sobre as
quais oraremos? Deve haver confissão antes de começar a
guerra. Primeiramente, cancelamos os convites feitos ao valente
espiritual, antes de podermos ordenar que ele se vá embora. As
pesquisas nos ajudam no que diz respeito ao tempo e aos
lugares que visitaremos. O mapeamento espiritual mostra-nos
quem deveria estar envolvido. Quando tratamos do comércio
escravagista, por exemplo, convidamos representantes das
nações que estiveram envolvidos no comércio escravagista, para
que se arrependam em favor de suas nações. Na ocasião em que
abordamos a questão da Inquisição Espanhola, convidei um
descendente direto de uma família judaica que tinha sido
expulsa da Espanha, a fim de participar da equipe.
Não nos devemos sentir escravizados à nossa pesquisa.
Não usamos todo o material preparado por pesquisadores
cuidadosos. Davi tinha cinco pedras quando se encontrou com o
gigante Golias, em campo de batalha, mas ele usou apenas uma
daquelas pedras a fim de vencer o gigante. Precisamos de uma
grande precisão de pontaria para atingirmos o inimigo em seu
ponto mais vulnerável. A sabedoria na batalha consiste em obter
a vitória sem desperdiçar munição.
Depois de termos realizado uma pesquisa e de termos
apresentado o nosso mapeamento espiritual aos líderes da
cidade em pauta, usualmente indagamos: "Vocês já cuidaram
antes dessas coisas, em oração?" Não queremos repetir o que
pastores e igrejas já fizeram. De certa feita fomos aos pastores
da cidade de Berlim e perguntamos: "Vocês já cuidaram da culpa
de sangue desta cidade, considerando que a Segunda Guerra
Mundial começou em Berlim, tendo causado a morte de milhões
de pessoas?"
"Nunca pensamos sobre isso, e nunca ouvimos alguém
confessar essa culpa de sangue em alguma igreja", foi a
resposta que recebemos.
Algumas vezes, o mapeamento revela fatos até ali
desconhecidos, sobre áreas a respeito das quais já havíamos
orado. E isso confere-nos maior liberdade para tratar daquela
área, munidos de um novo nível de compreensão.

Orando em Moscou, na Sede da KGB

Em outubro de 1987, organizamos uma oração de ação


profética em Moscou, em conexão com as celebrações do
septuagésimo aniversário da Constituição Comunista Soviética.
O profeta Daniel entendeu que era chegado o tempo certo para
ele interceder em prol do livramento de seu povo, depois dele
ter descoberto a promessa de libertação, que ocorreria após
setenta anos de cativeiro na Babilônia. O Senhor demonstrou seu
poder ao estabelecer os limites de tempo das potestades
malignas. O Senhor nos deu fé para perceber que esse mesmo
limite havia sido estabelecido para a opressão comunista que
oprimia a crentes e judeus refugiados. Tínhamos discernido cinco
alvos de oração para aquela noite, em Moscou, e um desses
alvos era o quartel-general da KGB, a polícia secreta soviética.
Para aquela oração de ação foi distribuído material
pesquisado acerca da KGB a doze pessoas na equipe de oração.
Ouvimos uma preleção de duas horas sobre a organização da
KGB. A KGB tinha dezenove mil oficiais e quatrocentos mil
agentes que trabalhavam por toda a União Soviética. Ao redor do
mundo inteiro eles dispunham de meio milhão de informantes. O
seu fundador foi Dzerzinsky, e a sua estátua fora erigida na
praça defronte da prisão de Ljublanka. No mapa de Moscou,
foram assinalados lugares vinculados à KGB, onde eles
treinavam os seus agentes, bem como a universidade Lumumba,
onde recrutavam os seus agentes provenientes de outras
nações.
A um minuto depois da meia-noite entre 17 e 18 de outubro
de 1987, começamos a nossa oração de ação, perto do quartel-
general da KGB. Tínhamos recebido duas palavras de
conhecimento, da parte de um intercessor israelense e de uma
irmã na Escócia, ambos os quais disseram que nos tinham visto
orando em um túnel. Defronte do quartel da KGB há uma
estação subterrânea, com um túnel de passagem debaixo da
praça. Descobrimos que esse túnel passava exatamente por
baixo da estátua de Dzerzinsky. O Senhor havia provido um lugar
onde poderíamos orar com liberdade, sem sermos perturbados
por quem quer que fosse.
Penetramos no túnel, e ninguém mais passou por ali,
durante todo o tempo em que estivemos orando. Ali
proclamamos o Mene, Mene, Tekel e Parsim, o escrito na parede
que tinha anunciado a queda do império babilônico (ver Dn
5.25). E oramos: "No nome de Jesus, te amarramos, poder de
Faraó, poder controlador de Assur, e te deixamos caído aos pés
de Jesus. Proclamamos que tua sepultura foi preparada.
Cortamos a tua influência pelas raízes".
A 22 de agosto de 1992, foi removida a estátua do fundador
da KGB. Os arquivos secretos da KGB foram dados a público. Não
há mais crentes naquela prisão Os refusniks (refugiados) judeus
estão voltando para Israel.

TRATANDO AS RAÍZES DA ESCRAVIDÃO NA ÁFRICA

Em julho de 1992, os líderes de oração na África Ocidental


convocaram intercessores do mundo inteiro para virem e
ajudarem a efetuar uma tarefa intercessória histórica na Nigéria
e na África Ocidental. Essa tarefa consistia em tratar com as
raízes da escravidão, que continuam afetando a mentalidade dos
africanos. Líderes negros na África têm ameaçado a sua própria
gente, da mesma maneira que traficantes brancos de escravos
têm tratado os escravos. A escravatura continua existindo na
Mauritânia e entre algumas tribos do Sudão.
Preparando-nos para a conferência de oração em Lagos, na
Nigéria, fizemos um estudo sobre o tráfico negreiro. O
mapeamento foi efetuado na antiga costa de escravos, famosa
por seu comércio escravagista. Obtivemos informações sobre os
portos de escravos e sobre as fortalezas onde eram mantidos os
escravos, em masmorras, antes de passarem pelo portão sem
retorno. Durante quatrocentos anos, oitenta milhões de escravos
foram transportados em navios que partiam da ilha de Goree,
perto de Dacar. Aquele era um lugar cruel de seleção, onde
decidiam quais poderiam ser aproveitados para serem
embarcados para os Estados Unidos da América. Os demais
eram lançados aos tubarões, ou eram deixados para morrer à
míngua.
Durante o período de protestos de arrependimento que
tivemos, ficamos surpresos ao ver tantos africanos confessarem
que seus antepassados tinham tomado parte na campanha de
conquista de escravos, os quais eram vendidos aos negociantes
de escravos. Uma enfermeira de Gana chorou e confessou que
seu pai lhe havia dito, com muito orgulho, que a tribo dele tinha
vendido escravos. Hoje, as famílias que lucraram com a venda
de escravos, gerações atrás, estão enfrentando problemas que o
dinheiro não pode resolver. Após a conferência de oração que
abordou as raízes da escravidão, mediante arrependimento e
oração de guerra, enviamos as nossas equipes para orarem nos
centros e portos de escravatura, ao longo da costa da África
Ocidental.
Sentimos que essa jornada de oração profética à África
Ocidental não derrubou todas as fortalezas do inimigo, que estão
sendo usadas para manter em servidão grandes contingentes
populacionais tanto de negros quanto de brancos. Entretanto,
parte do pecado coletivo, arraigado no comércio escravagista,
certamente foi confessado e remido. Mas muito mais precisa ser
feito nesse campo, e acredito que isso será feito em um futuro
bastante próximo, conforme o Espírito Santo continuar falando
às igrejas a respeito da guerra espiritual em nível estratégico.
Pelo mundo inteiro, Deus está levantando grandes números de
intercessores para reforçar o exército espiritual. Um dos grandes
auxílios para os intercessores será uma crescente atividade
quanto a um mapeamento espiritual inteligente, caracterizado
pelo discernimento e pela sensibilidade diante do cronômetro de
Deus.
Perguntas para refletir

1. Kjell Sjöberg fala de uma pessoa que se matriculou em um


congresso de espiritismo a fim de realizar espionagem espiritual.
Você acha que todos os crentes deveriam fazer coisas assim? Em
caso negativo, quem deveria fazê-lo, e quem não deveria?
2. Discuta a importância espiritual das fronteiras políticas. Por
que é importante orar ao longo dessas fronteiras? Que acontece
então?
3. Algumas descrições veterotestamentárias de oração de ação
parecem estranhas. Não é com freqüência que pensamos que
Deus continua desejando tais coisas. Mas, ao que tudo indica, é
isso que está sucedendo. Qual é a sua opinião acerca disso hoje
em dia? Apresente as suas razões.
4. Procure aplicar, uma por uma, as sete perguntas de Kjell
Stöberg à sua cidade ou nação.
5. Por que pomos em prática o mapeamento espiritual? Reveja
as razões apresentadas por Sjöberg e discuta-as.

Notas

1. NEE, Watchman. The Prayer Ministry of the Church [O Minis-


tério de Oração da Igreja - Ed. Vida]. Nova Iorque, NI, Christian
Fellowship Publishers, Inc. p. 47.
2. REINHARD, Johan. "Sacred Peaks of the Andes", National
Geographic, março de 1992, p. 93.
3. Idem, ibidem, p. 109.

Parte II:
A PRÁTICA

5. DERROTANDO O INIMIGO COM A AJUDA DO


MAPEAMENTO ESPIRITUAL

Por Haroldo Caballeros

Haroldo Caballeros é fundador e pastor da Igreja El


Shaddai, na cidade de Guatemala, uma igreja com vários
milhares de membros. Ele era advogado, antes de Deus chamá-
lo para o ministério. Viajava muito, ensinando aos líderes evan-
gélicos de muitas nações como guerrear espiritualmente.
Haroldo serve como coordenador de área da Spiritual Warfare
Network e como representante latino-americano da United
Prayer Track do Movimento A.D. 2000 e Além. O seu ministério
interdenominacional, Jesus E Senhor, da Guatemala, conta com
mais de vinte mil intercessores na Guatemala.

A Guerra do Golfo Pérsico, em 1991, foi diferente de todas


as guerras anteriores. Sua curta duração, o vasto e diversificado
nível de tecnologia, e as comunicações e informações altamente
sofisticadas que coordenaram as forças aliadas, tudo contribuiu
para a obtenção do alvo, com pouquíssimas perdas de vidas. A
maioria dos entendidos concorda que a tecnologia sofisticada foi
o principal fator que permitiu essa vitória sem grande perda de
vidas humanas.

O mapeamento espiritual fornece-nos uma imagem ou


fotografia espiritual da situação nos lugares celestiais acima
de nós. O que uma chapa de raios-X é para um cirurgião, o
mapeamento espiritual é para os intercessores.
MAPEAMENTO ESPIRITUAL

O mundo natural é apenas um reflexo do mundo espiritual,


e sempre houve conexão entre esses dois mundos. Nós, que
estamos interessados na guerra espiritual, estamos buscando
constantemente uma tecnologia espiritual aprimorada. O trecho
de Isaías 45.1-3 ajuda-nos a perceber que Deus revela novas
informações a seu povo, a fim de que possamos desempenhar
melhor o nosso papel e obter a vitória. Podemos esperar que, se
Deus adiantou-se a Ciro, o seu "ungido", então é provável que
ele fará a mesma coisa em nosso favor, hoje em dia. Ele
preparará o nosso caminho à nossa frente (v. 2), fornecer-nos-á
os tesouros das trevas e as riquezas ocultas dos lugares secretos
(v. 3), a fim de subjugar nações.
A população do mundo cresce cada vez mais, e estamos
enfrentando um desafio estonteante — três bilhões e seiscentos
milhões de pessoas que ainda não ouviram o evangelho!
Entretanto, nosso Deus é soberano e está revelando novas e
melhores estratégias, para que possamos atingir esses bilhões
em nossa própria geração. Estou convencido de que o
mapeamento espiritual é uma dessas revelações. Esse é um dos
segredos divinos que nos ajuda a abrir nossos "detectores"
espirituais, e que nos mostra a situação da humanidade
conforme Deus a vê, ou seja, espiritualmente, e não como nós a
vemos, naturalmente.
Se eu tivesse de definir o mapeamento espiritual, então
diria: É a revelação de Deus sobre a situação espiritual do
mundo no qual vivemos. É uma visão que vai além de nossos
sentidos naturais, e, pelo Espírito Santo, revela-nos onde estão
as hostes espirituais das trevas.
O mapeamento espiritual fornece-nos uma imagem ou
fotografia espiritual da situação nos lugares celestiais acima de
nós. O que uma chapa de raios-X é para um cirurgião, o
mapeamento espiritual é para os intercessores. Trata-se de uma
visão sobrenatural que nos mostra as linhas, a localização, o
número, as armas do inimigo, e, acima de tudo, como o inimigo
pode ser derrotado.
O mapeamento espiritual desempenha o mesmo importante
papel que a espionagem e o exame de campo do inimigo
desempenham durante uma guerra. Esse mapeamento é um
instrumento espiritual, estratégico e sofisticado, que é poderoso
em Deus para ajudar na destruição das fortalezas do adversário.
Também deveríamos sublinhar outro aspecto de nossa
visão sobrenatural, a saber, os milhões de anjos que Deus tem
enviado para ministrar àqueles que herdam a salvação (ver Hb
1.14). Os anjos obedecem ao chamamento do Senhor. Eles são
guerreiros espirituais que, como um exército disciplinado,
recebem as suas ordens da parte do próprio céu. Eles saem em
nosso socorro e nos ajudam a derrotar o inimigo (ver Dn 10.13;
Sl 91.11 e Ap 12.7).
O mapeamento espiritual é um campo relativamente novo
em nossas comunidades evangélicas; coletivamente, estamos
aprendendo muito. Contudo, há um consenso bastante
pronunciado sobre várias importantes premissas teológicas, que
passo agora a iluminar. Elas são úteis para aqueles que querem
começar a estudar esse campo.

NOSSA PRINCIPAL TAREFA

Os habitantes deste mundo podem ser divididos em dois


grandes grupos gerais:

1. Os Crentes. Aqueles que, "segundo a sua misericórdia",


foram salvos "pela lavagem da regeneração e da renovação do
Espírito Santo" (Tt 3.5). O apóstolo Paulo afirma que esses são
seres humanos espirituais, capazes de discernir todas as coisas
por um ângulo espiritual (ver 1 Co 2.14, 15). A esse grupo de
pessoas chamamos de o Corpo de Cristo, ou seja, a Igreja.
2. Os Incrédulos. São os que ainda não tiveram um
encontro salvífico com Jesus Cristo, o Senhor e Salvador. Milhões
de pessoas que vivem debaixo da escravidão ao diabo, ao
pecado e à ignorância não podem desvencilhar a si mesmas
dessa horrenda servidão.
Os incrédulos do mundo devem ser encarados como o
objeto de nossa formidável tarefa. Conquistar os perdidos é o
grande desafio para todos nós, que somos crentes, sendo a
principal razão para livros como este. Por que continuamos vivos
neste mundo? Por que não somos automaticamente trasladados
para o céu quando nos convertemos? Somente por ficarmos
neste mundo, ficaremos "mais salvos", "mais justificados" ou
"mais santificados"?
O objetivo central da Igreja na terra é cumprir os propósitos
de Deus. "...Deus nosso Salvador, que quer que todos os homens
se salvem e venham ao conhecimento da verdade" (1 Tm 2.3, 4).
E também: "O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que
alguns a têm por tardia; mas é longânimo para convosco, não
querendo que alguns se percam, senão que todos venham a
arrepender-se" (2 Pe 3.9).
Em outras palavras, aquela porção da população da terra
que perfaz a Igreja tem, como seu propósito mais importante,
colaborar com Deus, a fim de que ela e o Senhor possam atingir
aqueles que ainda não reconheceram a Jesus Cristo como seu
Senhor e Salvador.

O DEUS DESTA ERA E A SUA ESTRATÉGIA

Muitas pessoas que ainda não receberam a Cristo como seu


Senhor e Salvador não o fizeram ainda porque não podem. E não
podem simplesmente porque Satanás os tem cegado e os
mantém cativos.
Por muitas vezes nos queixamos sobre alguém que,
segundo todas as aparências, não quer receber o evangelho,
sem pararmos para pensar que a ausência de desejos dos tais
pode não ser a verdadeira razão. Qualquer pessoa razoável, a
quem a luz seja exibida, preferirá a luz e não as trevas. Mas
existem aqueles que não podem ver a luz.
Por muitas vezes desdenhamos de uma comunidade, de
uma região ou de uma nação quando dizemos: "Eles não querem
receber o evangelho naquele lugar!" É mister que entendamos
que o verdadeiro problema usualmente tem natureza espiritual A
maioria das pessoas, de muitas regiões geográficas, vive na
cobertura das trevas, o que constitui uma venda sobre os seus
olhos. Paulo refere-se a essas pessoas como indivíduos "nos
quais o deus deste século cegou os entendimentos dos
incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da
glória de Cristo, que é a imagem de Deus" (2 Co 4.4).
A evangelização torna-se uma tarefa difícil quando a nossa
própria atitude é negativa. Conforme salientou Cindy Jacobs em
seu livro, essa atitude pode até ser uma fortaleza espiritual que
está sendo usada pelo inimigo (ver o terceiro capítulo deste
livro). Cindy citou a definição de Ed Silvoso acerca de uma
fortaleza mental: "uma mente que fica impregnada pela
desesperança, levando o crente a aceitar, como imutável, aquilo
que ele sabe ser contrário à vontade de Deus". Em nossa igreja,
na Guatemala, tentamos derrubar essa fortaleza ao operar de
acordo com esse princípio: ninguém é inatingível!
Que o leitor me permita enfatizar este princípio. Embora
possa haver exceções, supomos que as pessoas para quem
estamos testificando não recebem Cristo porque não podem.
Satanás "cegou os entendimentos dos incrédulos", em
consonância com 2 Coríntios 4.4. Nossa tarefa, por conseguinte,
é combater a batalha espiritual em favor deles, até que a sua
cegueira seja removida e os cativos sejam libertados.

A REALIDADE DA GUERRA ESPIRITUAL

A guerra espiritual é o conflito entre o Reino da Luz e o


reino das trevas, que é o império de Satanás. Esses dois reinos
estão competindo pelas almas e espíritos das pessoas que
habitam o globo terrestre. Isso resulta em uma batalha
permanente, que envolve dois reinos, o reino visível e o reino
invisível. A batalha espiritual que ocorre nos lugares celestiais,
na dimensão invisível, tem início nos corações das pessoas, mas
seu efeito final faz-se sentir nesta terra, a dimensão visível.
Aqueles que estão envolvidos nesse conflito são os seguintes:
No Reino de Deus:
1. Deus Pai
2. Jesus Cristo
3. O Espírito Santo
4. Os anjos de Deus
5. A Igreja.
No centro desse conflito estão os seres humanos. A
humanidade perdida é a razão dessa batalha. Os incrédulos,
como é claro, são vistos muito mais ao lado do reino das trevas,
porquanto são escravos do pecado e filhos da desobediência.
Disse Cristo a respeito deles: "Vós tendes por pai ao diabo" (Jo
8.44). Ao mesmo tempo, reconhecemos que há sempre uma
batalha espiritual que gira em torno dos crentes, os quais já se
acham no Reino de Deus. Pois embora os crentes já se
encontrem no Reino de Deus, ainda são atacados pelo diabo,
que persegue a Igreja na tentativa de fazer estacar o progresso
do plano de Deus.
Por outra parte, o reino das trevas compõe-se de:
1. O diabo
2. Os principados
3. As potestades
4. Os governantes das trevas deste século
5. As hostes espirituais do mal, nos lugares celestiais
6. Muitas categorias de anjos das trevas referidos na Bíblia,
incluindo poderes, domínios e todo nome que se nomeia, não só
neste mundo, mas também no mundo por vir (Ef 1.21).

O Papel dos Crentes Nesse Conflito

Em face do conhecimento que temos da Palavra de Deus,


compreendemos que Deus já fez a parte que lhe toca.
Certamente ele é a maior pessoa da Triunidade, no Antigo
Testamento. No Novo Testamento, Jesus Cristo é destacado
como aquele que derrotou pessoalmente o diabo, na cruz do
Calvário, aquele que, tendo despojado "os principados e
potestades, os exibiu publicamente e deles triunfou na mesma
cruz" (Cl 2.15, V. R.).
A terceira pessoa da Triunidade, o Espírito Santo, está em
nosso meio hoje em dia, com a finalidade de guiar-nos, como
filhos de Deus. Os próprios anjos de Deus, que se mantêm
atentos à sua voz e têm grande poder, a fim de cumprir a
palavra dele estão esperando que a Igreja torne conhecida a
multiforme sabedoria de Deus aos principados e poderes, nos
lugares celestiais (ver Ef 3.10).
Isso, pois, indica que a Igreja tem um papel-chave a
desempenhar. E a Igreja somos nós! Em conseqüência, podemos
ver um importante aspecto de nossa guerra espiritual como um
esforço envidado pela Igreja a fim de remover o véu da cegueira
que foi posto sobre os incrédulos, por parte do diabo.
Nós cumprimos duas tarefas básicas: (1) Rasgamos o véu
de trevas mediante a intercessão em nível estratégico,
derrubando-o por meio da Palavra de Deus e do nome de Jesus
(ver Ef 6.17, 18). (2) Nós envidamos esforços evangelísticos (Ef
6.15, 19). Proclamamos a Palavra de Deus de uma maneira que
faz as pessoas tornarem-se vulneráveis à luz do evangelho, que
agora pode brilhar sobre elas, porquanto a cegueira delas foi
curada. Muitos aceitam a Cristo, e Deus os liberta do poder das
trevas e os faz ingressar no Reino de seu Filho amado.

NATUREZA DA GUERRA ESPIRITUAL

1. A guerra espiritual não é um fim em si mesmo. Mas é


uma arma poderosa que, quando usada como parte integral do
evangelismo, pode aumentar a possibilidade de conduzirmos
outras pessoas aos pés de Cristo. Dentro desse contexto, o
mapeamento espiritual é um recurso estratégico que nos per-
mite localizar o poder do inimigo, que impede um evangelismo
mais frutífero.
2. As características bem reconhecidas da guerra espiritual
são estas: (a) "Porque não temos que lutar contra a carne e o
sangue, mas sim, contra os principados, contra as potestades,
contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes
espirituais da maldade, nos lugares celestiais" (Ef 6.12); e (b)
"Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas sim,
poderosas em Deus, para destruição das fortalezas" (2 Co 10.4).
3. Um fato que parece ter sido ocasionalmente esquecido é
a importância da persistência e da constância. O nível
estratégico da guerra espiritual que trata com espíritos
territoriais sobre cidades e nações completas não consiste em
entreveros isolados, mas em uma guerra franca e aberta. Isso
envolve uma constante sucessão de hostilidades; não uma única
batalha, mas múltiplas batalhas. O resultado final é certo:
"Depois virá o fim, quando tiver entregado o reino a Deus, ao
Pai, e quando houver aniquilado todo o império, e toda a
potestade e força" (1 Co 15.24).
Sumariando, cumpre-nos entender que o nosso papel
humano na guerra espiritual é decisivo, e que o nosso
envolvimento como guerreiros de oração não é opcional, mas
indispensável no cumprimento da Grande Comissão que Deus
nos confiou. O próprio Jesus Cristo, ao descrever a agenda de
seu ministério em cinco facetas, dedicou duas dessas facetas ao
tema da necessidade de libertar aqueles que estão sendo
mantidos cativos (ver Lc 4.18, 19).

O ELO ENTRE OS REINOS ESPIRITUAL E TERRENO

A interconexão entre o reino invisível ou espiritual e a sua


contraparte, o reino visível ou terreno, é um tema extremamente
importante para nós considerarmos. Cada um dos reinos
espirituais que estão em conflito tem a sua própria contraparte
terrena.
Nenhum de nós duvida da existência de um exército que
representa o Reino de Deus, composto por anjos; e também não
há dúvidas quanto a outro exército organizado, composto por
demônios, que servem o reino das trevas. Tanto Miguel quanto
os seus anjos, como também Satanás e seus anjos caídos, são
vividamente descritos no capítulo doze de Apocalipse. Mas
precisamos saber mais acerca de como esses dois exércitos
relacionam-se com os seres humanos, que servem a esses dois
reinos, aqui na terra, e como isso afeta a nossa vitória final sobre
o império do mal.
O Reino da Luz dispõe de servos terrenos de Deus, os quais
trabalham para produzir fruto para Deus. Esses servos são
comumente divididos em dois subgrupos: (1) Aqueles chamados
para o ministério integral (como apóstolos, profetas,
evangelistas, pastores e mestres) e (2) os restantes irmãos e
irmãs, membros do Corpo místico de Cristo, chamados de
"ministros de uma nova aliança" (2 Co 3.6).
O primeiro desses grupos geralmente é considerado como
aqueles que ocupam a primeira linha da batalha. Entretanto,
esse primeiro grupo pouco conseguiria fazer sem a ajuda e a
cooperação constantes do segundo grupo, que geralmente
contribui com a maioria dos intercessores, que são aqueles
guerreiros da oração sem os quais a vitória não seria possível.
E o reino das trevas também conta com seus servos. Em
um dos grupos há ministros de tempo integral, que usualmente
recebem nomes como bruxos, feiticeiros, xamãs, feiticeiras,
canais, sacerdotes e sacerdotisas satânicas, e assim por diante.
Esses, juntamente com os líderes dos cultos e das seitas
satânicas, dedicam as suas vidas à proclamação dos enganos
pespegados pelo diabo, com o propósito de arrastar pessoas
para o cativeiro do reino do qual fazem parte.
Imediatamente depois desses, acha-se o grupo que nos
causa a maior tristeza. Esse grupo é formado por todas aquelas
pessoas que, por não terem ainda recebido a Cristo, continuam
debaixo do manto da morte espiritual, sendo manipulados, em
diferentes graus, pelo diabo e por seus demônios. Essas pessoas,
em sua ignorância, constituem o exército terreno que o diabo
usa.
Ter conhecimento da interação que se dá entre o exército
terreno e os principados e potestades dos ares ajuda-nos na
obtenção da vitória. O que poderia ser melhor para um exército
invasor do que saber qual a posição ocupada pelo inimigo,
detectar a localização de seus quartéis-generais e interceptar
seus meios de comunicação? É precisamente isso que o
mapeamento espiritual procura realizar.

UM SONHO REVELADOR

Uma irmã de nome Mirella, que freqüenta a nossa igreja,


chegou até mim e me disse: "Pastor, tive ontem um sonho que
me causou uma profunda impressão, embora eu não tenha
entendido o seu significado. Esta manhã, quando eu estava
orando e perguntando a Deus qual a interpretação do sonho, ele
me disse: 'Este sonho não foi para ti. Vai e conta o sonho ao
pastor, visto que o sonho foi para ele'".
Desnecessário é dizer que ela chamou a minha atenção,
mas ela nem imaginava ser aquela a maneira pela qual Deus
queria alterar a maneira como nossa igreja ora. E isso teria
implicações a longo prazo, tanto para a nossa igreja quanto para
o nosso país.
O sonho foi o seguinte: Mirella viu três cidades dos Estados
Unidos, que ela chamou por seus nomes, e que ela identificou
sem a menor hesitação. E então ela viu que uma corda unia as
três cidades — uma corda invisível e transparente, mas que ela
podia ver. Formou-se um triângulo, quando a corda ligou as três
cidades, e três mãos apareceram, cada qual segurando um dos
lados do triângulo. Ela disse que a parte mais estranha do sonho
foram as mãos. Eram mãos ásperas, quase rústicas. Pareceram-
lhe como as mãos de um homem vigoroso. Isso era tudo quanto
eu precisava saber.

Quem É o Valente?

Alguns dias antes disso, eu tinha meditado


consideravelmente sobre as três referências, nos evangelhos
sinópticos, ao "valente".
1. Mateus 12.29: "Ou, como pode alguém entrar em casa do
homem valente e furtar os seus bens, se primeiro não maniatar o
valente, saqueando então a sua casa?"
2. Marcos 3.27: "Ninguém pode roubar os bens do valente,
entrando-lhe em sua casa, se primeiro não maniatar o valente; e
então roubará a sua casa".
3. Lucas 11.21,22: "Quando o valente guarda, armado, a
sua casa, em segurança está tudo quanto tem; mas, sobrevindo
outro mais valente do que ele, e vencendo-o, tira-lhe toda a sua
armadura em que confiava, e reparte os seus despojos".
Meu interesse foi atraído pela palavra "homem", dentro do
sonho da irmã Mirella. Por que essa palavra é usada com tanta
freqüência nas Escrituras? Por que um homem vigoroso? Por que
não espírito ou principado ou potestade vigoroso? E por que
tinha de ser, especificamente, um "homem"? Comecei a
perceber que Deus estava falando ali da interação entre seres
humanos e a dimensão espiritual.
E apenas natural que todos os exércitos tenham o seu líder,
um general ou capitão, que baixa ordens e decide o que se deve
fazer. Esse homem poderia ser chamado de valente do exército.
Sabemos que alguns homens têm mostrado ser servos
extraordinariamente malignos de Satanás, como Nero ou Adolfo
Hitler. Ambos foram instrumentos humanos poderosos, em favor
do mal, para fazerem aquilo que o diabo sabe fazer melhor —
roubar, matar e destruir. Poderíamos chamá-los, com toda a
exatidão, de valentes de envergadura mundial.
A realidade é que o diabo escolhe aqueles que se
disponham a servi-lo e eleva-os como grandes líderes da terra. É
óbvio que um líder assim pode influenciar muitas pessoas, e, por
conseguinte, pode causar imensa destruição. Esses líderes
humanos agem como valentes de Satanás e representam as
características dos principados aos quais servem. Acredito que
esses valentes humanos recebem tarefas, na terra, da parte dos
principados e das potestades do mal, para servirem aos seus
propósitos. Tais homens cultivam uma relação íntima e direta
com os demônios, por meio de suas atividades ocultas.
Temos o exemplo da relação entre o príncipe de Tiro e o rei
de Tiro, em Ezequiel 28.2 e 12. O profeta Daniel fornece-nos
outro exemplo sobre o príncipe da Pérsia e o príncipe da Grécia,
os quais, como é óbvio, eram seres espirituais que exerciam
relação e influência diretas sobre os impérios da Pérsia e da
Grécia, por meio de seus imperadores, seus governantes
terrenos (ver Dn 10.20).
Lemos no trecho de Isaías 24.21: "E será que naquele dia o
Senhor visitará os exércitos do alto na altura, e os reis da terra
sobre a terra". É evidente que o diabo governa o mundo através
dos reis da terra. Como? Sem dúvida alguma, através do
relacionamento íntimo de seus anjos negros com aquelas
pessoas que resolvem entregar-se a Satanás.
E fato sabido que Adolfo Hitler participou abertamente
desse processo, ao convidar esses poderes tenebrosos para
entrarem nele, a fim de torná-lo o homem forte ou valente de
seus dias. E também tem sido noticiado, ultimamente, que
alguns líderes mundiais contemporâneos pertencem aos cultos
da Nova Era, ou a sociedades secretas que procuram dominar o
mundo.

Relação Entre o Reino Espiritual e a Humanidade

Deus quer abençoar as pessoas. Ele chama pessoas, e elas


respondem, dedicando sua vida ao serviço prestado a ele. Essas
pessoas tornam-se servas do Senhor e passam a depender dele
totalmente. Tecem linhas de comunicação com ele, como a
oração, a adoração e a audição daquilo que o Pai diz. Todos
reconhecemos como um fato o seguinte princípio: Quanto mais
íntima for a nossa comunicação com Deus, maior será a nossa
unção e maior será o nosso sucesso no ministério cristão.
Parece que o diabo, que copia e corrompe todas as coisas
que pode, também dispõe de servos que o escolheram como seu
senhor, e dedicaram sua vida para servi-lo. Esses também
dispõem de linhas de comunicação com o senhor deles, através
de coisas como a feitiçaria, a bruxaria, os sacrifícios de animais e
humanos, as sessões espíritas, a meditação transcendental e os
pactos de sangue. E também operam de acordo com o mesmo
princípio. Quanto mais íntima for a comunicação entre eles e as
forças malignas, maior será o poder de que disporão. Quando
entendi isso, comecei a perceber que Deus nos estava revelando
os nomes dos valentes ou homens fortes da Guatemala, a fim de
que pudéssemos reconhecer, por intermédio deles, os
principados dominantes. Deus nos estava revelando o inimigo,
não a fim de glorificar o inimigo, mas para ajudar-nos a derrotá-
lo.

Amarrando os Valentes da Guatemala

Em conseqüência do sonho de Mirella, tive uma conversa


com um dos irmãos de nossa igreja que tem o ministério
profético. Assim que lhe contei o sonho, ele reagiu de imediato:
"O senhor sabe quem são as três pessoas das três cidades?" E
ele passou a enunciar seus nomes, o primeiro e o último! Após
alguma pesquisa, pudemos ver confirmado que aqueles três
homens estavam todos efetuando secretamente obras malignas
do diabo, em suas respectivas cidades. Um deles exercia poder
através do dinheiro, o segundo, mediante a política, e o terceiro
através do tráfico de narcóticos.
E Deus nos conferiu uma estratégia ali mesmo. Disse o
Senhor: "Amarrem esses principados em nome do Senhor Jesus.
Vocês deverão arrancar, quebrar, destruir e derrubar as linhas
de comunicação que emprestam poder a esses homens valentes;
mas não amaldiçoem os indivíduos envolvidos, antes, bendizei-
os, porquanto foram criados à imagem e semelhança de Deus".
Como é evidente, não posso revelar os nomes desses três
homens; mas posso adiantar que, em conseqüência direta da
oração no local, o primeiro deles perdeu todo o seu poder e está
encarcerado, esperando ser julgado pelos seus crimes. O
segundo está prestes a sofrer embargo político e ser tirado do
ofício. E o terceiro, que está atravessando um momento crítico
de sua carreira política, sofreu problemas pessoais e agora
perdeu quase totalmente a sua influência e poder. Os valentes
humanos foram derrubados ao mesmo tempo que os poderes
celestes da maldade estavam sendo amarrados e derrubados,
por meio das orações dos santos.
Nesse caso, a guerra espiritual produziu fruto, não somente
espiritualmente, mas também na nossa dimensão natural; e o
resultado tem sido claramente bíblico. Tendo amarrado e
derrotado os valentes, podíamos então passar a tirar deles as
suas armaduras, nas quais confiavam, para então dividir os seus
despojos. No caso, os despojos têm sido um evangelismo mais
frutífero, paz, redução da taxa de violência e a mudança do
governo espiritual das trevas para a luz. A Guatemala tem agora
um presidente evangélico, Jorge Serrano, homem cheio do
Espírito Santo, e que também, por acaso, é membro de nossa
igreja. Sumariando, temos aprendido que é para vantagem nossa
conhecer quem é o valente, a fim de amarrá-lo e dividir-lhe os
despojos. O mapeamento espiritual ajuda-nos a identificar o
valente. Em alguns casos, o mapeamento espiritual nos dará
uma série de características que nos guiarão diretamente ao
príncipe ou potestade maligna daquele lugar. Em outros casos,
nos estaremos defrontando com uma pessoa natural, que
Satanás está usando. E, ainda em outras oportunidades,
estaremos face a face com uma estrutura social corrupta.

Mapeamento Espiritual no Campo

Depois de compreender quão importante é discernir, por


nome, cada potestade que domina regiões em particular, saímos
a campo, para a nossa primeira experiência no campo. Em
novembro de 1990, pequenos grupos de pessoas foram enviados
pelas igrejas às capitais de cada um dos vinte e dois
departamentos (ou condados) da Guatemala, a fim de jejuarem,
orarem e buscarem a orientação do Senhor para identificar o
principado do mal que predominava sobre cada departamento.
Em sua misericórdia, Deus permitiu-nos obter resultados
extraordinários, e vimos, pela primeira vez, uma espécie de
raios-X espiritual, um verdadeiro mapa espiritual da situação das
dimensões espirituais sobre o nosso país. A nossa guerra
espiritual tornou-se muito mais eficaz, e pudemos ver resultados
físicos de nossos esforços espirituais de uma maneira muito mais
abundante do que havíamos antes imaginado.

Um mapeamento espiritual maduro requer um esforço


coordenado que tenha por alvo conquistar cada território
alvejado. Nosso propósito é desfechar a guerra espiritual a
fim de abrir a porta para um evangelismo eficaz e uma
mudança social positiva.

Nossos líderes sentiam-se seguros de que se tratava de


uma abordagem viável para uma igreja local evangelizar a área
geográfica onde ela estivesse localizada. Por conseguinte,
perseveramos até havermos desenvolvido um modelo funcional.
Atualmente estamos usando esse modelo no micromapeamento
das vizinhanças e subdivisões, antes de nos atirarmos ali ao
empreendimento de evangelizar e implantar igrejas na
localidade.
INSTRUÇÕES PRÁTICAS QUANTO AO MAPEAMENTO
ESPIRITUAL

Um mapeamento espiritual maduro requer um esforço


coordenado que tenha por alvo conquistar cada território
alvejado. Nosso propósito é desfechar a guerra espiritual a fim
de abrir a porta para um evangelismo eficaz e uma mudança
social positiva.

PLANO PILOTO

A. Visão

Evangelização da nação

B. Objetivos Específicos

1. Entrar em guerra espiritual com o propósito de lutar


espiritualmente pela nossa nação, até que obtenhamos a vitória.
2. Fazer o mapeamento espiritual que nos capacita a saber,
dentro do possível, quais os planos, as estratégias e os conluios
do inimigo, para que entremos na batalha com inteligência, e,
em resultado, sermos vitoriosos dentro de um mínimo de tempo,
com um mínimo de riscos e perdas.
3. Se tudo for feito corretamente, o resultado da vitória
espiritual afetará a nação por meio de reavivamento, reforma e
justiça social, tudo o que é causado pela movimentação livre do
Espírito Santo naquela nação.
C. Modo de Proceder

O modo de proceder envolve dividir o campo de batalha em


territórios geográficos, todos os quais serão tratados
simultaneamente.
1. Defina com precisão cada território.
2. Obtenha a equipe de trabalho com os seus líderes.
3. Faça o mapeamento espiritual de acordo com o manual.
4. Discirna a situação do inimigo quanto ao território
escolhido.
5. Avalie, arranje e comunique as informações necessárias
para que haja a guerra espiritual.

UM MANUAL DE MAPEAMENTO ESPIRITUAL

Para realizarmos esse mapeamento, dividimo-nos em três


equipes, cada uma das quais encarregada de uma das três áreas
a serem pesquisadas. As equipes não podem fazer revelações
umas às outras. Isso nos provê informações cruzadas da parte
de cada uma daquelas três áreas, capacitando-nos a receber
confirmação, o que adiciona credibilidade aos nossos resultados.
As três equipes de trabalho recebem, respectivamente,
tarefas de pesquisa sobre fatores históricos, fatores físicos e
fatores espirituais.

Fatores Históricos

Para fazermos a pesquisa histórica, teremos de fazer as


seguintes perguntas quanto a cada cidade ou circunvizinhança:
1. O Nome ou os Nomes

Precisamos fazer uma lista ou inventário dos nomes usados


para o nosso território, para então fazermos a nós mesmos as
seguintes indagações:

• Esse nome tem algum significado?


• Se o nome etimológico não tem significado, terá alguma
implicação lógica?
• Isso importa em bênção ou maldição?
• É um nome nativo, indígena ou estrangeiro?
• O nome diz alguma coisa sobre os primeiros habitantes da-
quele território?
• Descreva quaisquer características daqueles que ali
residem?
• Há alguma relação entre o nome e a atitude de seus
habitantes?
• Qualquer desses nomes tem alguma relação direta com os
nomes de demônios ou das artes ocultas?
• O nome está ligado a alguma religião, crença ou culto local
naquele lugar?

2. Natureza do Território

• O território tem quaisquer características especiais que o


distingam de outros?
• Está aberto ou fechado para o evangelismo?
• Há muitas ou poucas igrejas ali?
• A evangelização é fácil ou difícil?
• As condições sócio-econômicas do território são uniformes?
Há mudanças drásticas nessas condições?
• Aliste os problemas sociais mais comuns da
circunvizinhança, como drogas, alcoolismo, famílias
abandonadas, corrupção do meio ambiente, ganância,
desemprego, exploração dos pobres, etc.
• Haverá alguma área específica que chame a nossa
atenção? Por exemplo, poderíamos definir esse território ou
os seus habitantes com uma palavra? Que palavra seria
essa?

3. História do Território

Quanto a esse aspecto da questão, apelamos para as


entrevistas, pesquisas na prefeitura, nas bibliotecas, etc. Uma
questão que aqui mostra ser extremamente importante consiste
em saber quais eventos dão algum indício ao surgimento dessa
circunvizinhança ou território, ou sob quais circunstâncias isso
ocorreu.
• Quando foi a sua origem?
• Quem foi seu fundador (ou fundadores)?
• Qual foi o propósito original de sua fundação?
• Que podemos aprender do seu fundador? Quais eram a reli-
gião, as crenças e os hábitos dele? Era ele um adorador de
ídolos?
• Há eventos que têm acontecido com freqüência, como mor-
tes, violência, tragédias ou acidentes? (No lugar há alguma
chamada "esquina ou ladeira da morte"?)
• Há algum fator que sugira a presença de alguma maldição
ou de algum espírito territorial?
• Há histórias assustadoras cercando o lugar? Essas histórias
são válidas? O que as teria causado?
• Até onde remonta a história da igreja evangélica naquele
lugar?
• Como começou a igreja evangélica ali? Foi ela o fruto de
algum fator específico?
Essa lista de indagações de forma alguma é exaustiva, mas
já é um começo. Não podemos esquecer que o Espírito Santo
será nosso principal auxiliar quanto a isso.

Fatores Físicos

Os aspectos físicos referem-se a objetos materiais


significativos que possamos encontrar em nosso território.
Parece que o diabo, devido ao seu orgulho sem limites, com
freqüência deixa uma esteira para trás.

• Um estudo intensivo dos mapas disponíveis sobre a região,


incluindo os mapas mais antigos e mais recentes, que nos
permitam identificar modificações. As ruas seguem alguma
ordem em particular? Sugerem qualquer tipo de desenho ou
padrão?
• Faça um inventário dos parques.
• Faça um inventário dos monumentos.
• Existem locais arqueológicos no território?
• Faça um inventário das estátuas e estude as suas caracte-
rísticas.
• Quais tipos de instituição existem no território?
• Instituições de autoridade, instituições sociais, instituições
religiosas ou outras?
• Quantas igrejas há no território?
• Faça um inventário dos lugares onde Deus é adorado, e dos
lugares onde o diabo é adorado.
• Uma indagação extremamente importante é esta: Haverá
"lugares altos" no território?
• Há um número excessivo de bares ou centros de macumba,
ou clínicas de aborto, ou lojas de artigos pornográficos?
• Um estudo completo da demografia do território será de
grande ajuda.
• Estude as condições sócio-econômicas da circunvizinhança,
a taxa de crimes, de violência, de injustiça, de orgulho, de
bênçãos e de maldições.
• Haverá centros de culto na comunidade? Há uma distribui-
ção específica quanto à localização desses centros de culto?

Na Guatemala há uma estrada com cinqüenta quilômetros,


que vai até à cidade de Antígua, no território do país. Ao longo
dessa estrada há toda sorte de culto estranho, que florescem ao
longo de uma linha reta, incluindo: Bahai'i, Testemunhas de
Jeová, islamismo, Nova Era, médicos-feiticeiros, e assim por
diante. Uma estrada como essa, não há que duvidar, constitui
uma linha de poder do ocultismo, um corredor através do qual os
demônios e os poderes demoníacos fluem à vontade. Essas
linhas de poder oculto derivam-se da contaminação causada
pelo diabo, mediante maldições e a invocação a espíritos
territoriais que somente agora estamos descobrindo. É útil lo-
calizar esses pontos, a fim de reverter a maldição para que ali
comece a haver bênçãos.

Fatores Espirituais

Os fatores espirituais podem ser os mais importantes de


todos os fatores, porquanto revelam a causa real por detrás dos
sintomas expostos nas pesquisas histórica e física.
Aqueles que são chamados para trabalhar nessa área
espiritual são os intercessores, pessoas que atuam dotadas do
dom do discernimento de espíritos e que ouvem acuradamente
da parte de Deus. O grupo de intercessores deve dedicar-se a
uma intensa oração, com o propósito de saber qual a mente de
Cristo e receber, da parte de Deus, a descrição da condição
espiritual do inimigo, nos lugares celestes, por sobre o território
definido.
Também queremos sugerir algumas perguntas que os
intercessores precisam formular, as quais nos guiarão quanto às
nossas orações; mas isso não pode substituir a prática de passar
tempo de boa qualidade com Deus, em favor do lugar pelo qual
estamos orando.

• Os céus estão abertos neste lugar?


• É fácil orar neste lugar? Ou há muita opressão?
• Podemos discernir uma cobertura de trevas? Podemos
definir as suas dimensões territoriais?
• Haverá diferenças expressas na atmosfera espiritual
por sobre as regiões do território visado? Em outras
palavras, os lugares celestiais estão mais abertos ou
mais fechados sobre diferentes subdivisões,
circunvizinhanças ou comunidades da área? Podemos
determinar com exatidão essas separações?
• Deus nos tem revelado algum nome?
• As informações que temos revelam uma potestade ou
principado que possamos reconhecer?
• Deus nos mostrou quem é o "valente"?

Podemos ficar desencorajados ao virmos todas essas


perguntas escritas como elas foram; mas, se confiarmos na
atuação do Espírito Santo e no desejo de Deus de revelar os seus
segredos, então nos sentiremos confiantes. Não temos aqui uma
tarefa que requeira pessoas místicas, nem é algo esquisito. Tudo
o que precisamos é de uma equipe de obreiros que sinta uma
verdadeira responsabilidade pelo evangelismo dentro de um
território específico e que dependa da orientação do Espírito
Santo.
Depois de termos completado a pesquisa quanto a todos
esses três fatores, então devemos entregá-la a um grupo de
líderes e intercessores maduros, para que avaliem as
informações recolhidas. Bev Klopp providenciou um exemplo
sobre isso no oitavo capítulo deste livro. Temos descoberto que
as pesquisas feitas quanto a cada um desses três fatores
confirmarão e complementarão o trabalho efetuado pelas outras
duas equipes, se é que estamos ouvindo com precisão aquilo
que o Espírito nos está dizendo.

DANDO O NOME DO VALENTE

Temos passado por experiências verdadeiramente


excitantes. Por exemplo, um dia Deus mostrou à equipe de
fatores históricos uma área onde havia remanescentes
arqueológicos, e como estavam vinculados às características
básicas da idolatria e da feitiçaria, que remontavam à civilização
dos maias. Os membros da equipe dos fatores físicos,
simultaneamente, localizou uma casa vazia, exatamente na
mesma área onde estavam ocorrendo reuniões de idolatria e
feitiçaria. Posteriormente Deus mostrou aos membros da equipe
de intercessores dos fatores espirituais que o território espiritual
que controlava aquele lugar estava usando um ser humano
como seu valente. O estilo de vida dessa pessoa incluía a prática
de artes ocultas, feitiçaria e idolatria.
Quando estávamos orando, o Senhor falou e disse:
"Amanhã darei a vocês o primeiro e o último nome desse
homem, pelo jornal". E também nos revelou em qual página esse
nome apareceria. Foi algo absolutamente sobrenatural e
excitante quando descobrimos, exatamente naquela página, o
nome do indivíduo que se dedicava a tais atividades. Ele se
ajustava perfeitamente bem à descrição que havia sido dada
pelo Espírito Santo, incluindo até mesmo a sua aparência física.
Para coroar tudo, também descobrimos que o tal homem era o
proprietário da casa vazia onde estavam tendo lugar os rituais
de artes ocultas, diretamente em frente da rua onde estava o
sítio arqueológico!
Uma vez munidos dessas conclusões, estávamos
preparados para desfechar a guerra espiritual. Não nos podemos
esquecer que nossa milícia não é contra carne e sangue, mas
contra os poderes demoníacos que controlam as pessoas.
Ademais, precisamos lembrar que fomos chamados para
abençoar as pessoas afetadas, e não para amaldiçoá-las. Em
último lugar, como esquecer que Cristo Jesus já ganhou a
batalha por nós?
CONCLUSÃO

A territorialidade dos espíritos é um fato, pelo menos no


que concerne a nós, membros de nossa igreja. Temos estudado
o assunto conforme ele é exposto na Bíblia. Temos feito o nosso
trabalho de casa nesse campo. Compreendemos que o exército
maligno das dimensões espirituais requer adoração e serviço da
parte de seus seguidores, conferindo o seu poder maligno em
proporção à obediência prestada pelos ímpios.
Quando um território é ocupado por pessoas que preferiram
oferecer a sua adoração aos demônios, essa região fica
contaminada, os espíritos territoriais obtêm o direito de
permanecer ali, e os habitante do lugar são mantidos cativos às
forças das trevas. Isso posto, é mister identificar o inimigo e
entrar na batalha espiritual, até obtermos a vitória e redimirmos
aquele território. O mapeamento espiritual é um dos meios que
nos permitem identificar o inimigo. É a nossa espionagem
espiritual.
Não temos tempo a perder! É chegado o tempo de o Corpo
de Cristo levantar-se, dotado do poder do Espírito Santo, para
desafiar os poderes do inferno, destruindo todos os seus
esquemas e devolvendo a terra ao Senhor Deus, que no-la deu
como nossa herança.

Perguntas para refletir

1. Haroldo Caballeros enfocou a sua atenção sobre a conquista


dos perdidos para Cristo — o evangelismo. Como é que ele vê o
mapeamento espiritual como meio que nos permite exercer um
evangelismo mais eficaz?
2. O conceito de que muitos incrédulos não aceitam a Cristo
porque não podem é uma novidade para muitos crentes.
Usualmente pensamos que isso ocorre somente porque eles não
querem. Qual é a sua opinião sobre essa questão?
3. Haverá alguma relação direta possível entre um "valente"
espiritual e uma pessoa viva? Você pode pensar em quaisquer
exemplos disso em sua cidade ou nação?
4. Qual é a origem histórica do nome de sua cidade? Por que
esse nome teria sido escolhido? Alguma característica de sua
cidade, hoje em dia, parece refletir o que há por detrás desse
nome?
5. Pense sobre a sua própria cidade ou vila. Procure nomear pelo
menos três áreas geográficas internas que são claramente dife-
rentes umas das outras. Descreva as características físicas e pro-
cure sugerir quais poderiam ser as potestades invisíveis ou
espirituais por detrás de cada uma dessas áreas.

6. PASSOS PRÁTICOS PARA LIBERTAR UMA


COMUNIDADE

Por Bob Beckett

Bob Beckett é o pastor fundador da Igreja Dwelling Place


Family, em Hemet, estado da Califórnia. Ele começou a mapear
espiritualmente a sua comunidade durante a década de 1970, e
atualmente está ajudando a coordenar os líderes evangélicos do
sul da Califórnia, para que se dediquem a um extenso
mapeamento espiritual. Bob é membro da Spiritual Warfare
Network e é sempre solicitado como orador sobre o assunto da
guerra espiritual.

Em 1974, minha esposa, Susana, e eu fomos solicitados a


nos tornarmos diretores de instalações de segurança mínima
juvenil, pertencente a uma grande igreja baseada no condado de
Orange, no estado da Califórnia. As instalações, que ocupavam
uma área de cerca de 1800km2, estavam localizadas em uma
remota comunidade chamada San Jacinto, na área desértica a
sudoeste de Palm Springs.
Nunca me esquecerei de como eu ficava perguntando por
que o Senhor nos faria mudar para o meio de lugar nenhum.
Afinal, um tanto altivamente, eu pensava que o Senhor me havia
chamado para ministrar a sua Palavra e fazer oposição às trevas
espirituais em algum lugar significativo. Mas em lugar disso, ali
estava eu, vivendo em uma remota comunidade de retiro, quase
tão distante de qualquer coisa de aparente importância ou
crucial ao Reino de Deus como era possível a alguém! Afinal, era
assim que San Jacinto parecia para nós, de acordo com um
julgamento natural. Eu nem de leve desconfiava, naqueles dias,
que me havia mudado para uma das fortalezas das trevas, de
uma larga porção do império ameríndio do sul da Califórnia!

O UMBIGO DA TERRA?

Pouco depois de havermos chegado àquelas instalações


que chamaríamos de nosso lar durante os próximos três anos, fui
informado pelo ex-proprietário do lugar que a propriedade havia
sido antes usada como retiro metafísico e centro de treinamento
da Meditação Transcendental. Durante uma de nossas primeiras
conversações, o ex-proprietário perguntou se eu estava
interessado em visitar um dos "umbigos da terra". Na ocasião eu
não tinha certeza se sabia o que isso significaria, mas a
curiosidade tinha-se apossado de mim, pelo que lá nos fomos.
Fomos caminhando até o leito de um riacho atualmente
seco, até um dos extremos remotos da propriedade,
encarapitado defronte do sopé de algumas colinas. Enquanto
prosseguíamos, ele foi me dizendo como aquele era um local
muito sagrado para aqueles que estão espiritualmente
sintonizados com "o cosmos".
Finalmente, estacamos em uma localização daquilo que
antes era uma paisagem com cataratas, que fluía o ano inteiro, e
apontou como as paredes do canhão haviam sido escavadas,
através dos séculos, pela água, que ali caía em um movimento
circular. Em seguida, ele explicou que aquela localização era o
"umbigo" ou vórtice da terra, um útil centro de poder no
treinamento de pessoas que desejassem envolver-se nos níveis
superiores da Meditação Transcendental.
Um dos mais elevados exercícios espirituais dos seguidores
da Meditação Transcendental, naquele centro de retiros, era ir
até às cataratas, a qualquer momento em que as águas pluviais
enchessem o canhão. E ali punham-se a meditar, no vórtice da
catarata, até que a água parasse de girar na direção dos
ponteiros do relógio, conforme a água naturalmente faz acima
do equador, mas em direção reversa ao seu curso natural.
Aquelas cataratas eram o centro principal do treinamento deles.
Meu guia chegou ao extremo de mostrar que as paredes do
canhão tinham sido desgastadas, no processo do tempo, medi-
ante um movimento giratório da esquerda para a direita, mas
mostrou que a areia e a terra do leito seco do riacho tinham sido
claramente marcadas por um movimento precisamente contrário
das águas, da direta para a esquerda.
Tudo aquilo parecia intrigante e misterioso, mas o que
ocupava os meus pensamentos era um centro de recuperação de
jovens problemáticos. Na oportunidade, eu não estava preparado
para debater a validade de tudo aquilo e de como aquilo poderia
relacionar-se comigo. Devo admitir, contudo, que depois de
algum tempo de nosso encontro, fiquei perplexo quanto ao
motivo que o fizera tentar compartilhar comigo, tão
intensamente, tudo aquilo. Agora acredito que era o Senhor que
me estava atraindo lentamente em uma direção para onde eu
nunca iria por impulso próprio.

TRÊS PONTOS DE PODER NO MAPA

Um dia, não muito depois de minha conversa com o ex-


proprietário do lugar, eu estava planejando ir caçar na nossa
área. Enquanto examinava o mapa, casualmente assinalei a
localização do "umbigo". Eu estava interessado em ver que a
nossa propriedade e aquele "umbigo" estavam localizados bem
ao lado de um ativo e tradicional centro de xamanismo dos
indígenas norte-americanos.
Não foi muito tempo depois que começou a circular o rumor
de que Maharishi Yogi havia adquirido uma propriedade em
nossa comunidade. E sucedeu que notei que a localização, de
acordo com os rumores, também ficava adjacente à reserva
indígena local. Agora a curiosidade realmente começou a invadir
a minha mente. Por que ele teria comprado uma propriedade
naquela pequena e tranqüila comunidade? De certa feita,
conversei com alguém que estava trabalhando na propriedade
recém-adquirida. Quando perguntei ao homem por que Yogi teria
escolhido aquele local específico para ali fundar suas instalações
de retiro, ele retrucou: "É que esta área facilita muito a medita-
ção, e tem uma área espiritual à sua volta".
Embora, na ocasião, eu não tivesse dado muito crédito a
essas reivindicações, também fiquei impressionado com elas, ao
ponto de ter assinalado o local no mesmo mapa. Meu mapa
agora exibia três locais bem demarcados de atividade espiritual:
o "umbigo", a reserva indígena e a propriedade de Maharishi
Yogi, todos adjacentes um ao outro.

UMA COVA DE URSO COM UMA ESPINHA DORSAL

Em meus momentos de oração pessoal, comecei a ter uma


visão que se repetia de quando em vez e que relampejava diante
de mim. Parecia algo como uma cova de urso, no solo. Cada um
dos quatro pontos da pele do animal tinha como que uma perna
de um urso, dotada de garras. O couro do bicho não tinha
cabeça, mas parecia ainda ter a espinha dorsal. De cada vez em
que eu via o couro desse animal, parecia que ele estava
centralizado sobre a nossa área montanhosa local. Cada um dos
jogos de garras da visão parecia estar embebido em uma
localização específica, incluindo o vale de Hemet/San Jacinto.
Todas as demais cidades ficavam dentro de um raio de quarenta
e oito quilômetros da nossa comunidade.
Devo mencionar que nunca tive essa visão em um sonho.
Ela sempre aparecia quando eu estava acordado, e quase
sempre quando eu me encontrava imerso em oração. De cada
vez em que a visão me era dada, eu sentia vagamente que
poderia ter algo a ver com espíritos das trevas, governantes do
lugar, como aqueles referidos no décimo capítulo de Daniel, a
saber, o príncipe da Pérsia e o príncipe da Grécia.
Durante certo período de oração, fiquei poderosamente
impressionado pelo impulso de levar um grupo de doze líderes
da igreja a uma cabana específica, localizada nas montanhas,
que aparecia naquela visão. Por essa altura dos acontecimentos,
Susana e eu pastoreávamos uma pequena igreja que havíamos
implantado na pequena cidade de Hemet. Quando falei a
respeito com os anciãos e vários outros líderes maduros de
nossa congregação, com o meu senso de orientação dado pelo
Senhor, eles concordaram em ir comigo até à cabana, que
pertencia a uma mulher que era membro de nossa igreja.
Deveríamos orar ali até termos quebrado a "espinha dorsal"
daquele espírito dominador, forçando-o a largar o domínio
espiritual que ele exercia sobre as pessoas que viviam debaixo
de seu controle.
Deus me encorajou de forma notável quando conversamos
com a mulher que era a dona da cabana. Entrei na loja que havia
na cidade, e que ela dirigia. Quando ela me viu, baixou-se por
detrás do balcão e então jogou para mim as chaves da cabana. E
então explicou: "Em minhas orações, hoje pela manhã, Deus me
disse que o senhor viria, e que eu lhe deveria dar as chaves!"
Quando todos nos reunimos na cabana, na sexta-feira
seguinte, expliquei com detalhes aquela visão que se repetia, e o
que eu sentia ser o nosso propósito ali na montanha.
Compartilhei com o grupo que eu pensava que todos saberiam
quando tivéssemos partido as costas daquela coisa, ouvindo ou
sentindo os ossos estalarem. Depois de horas de orações muito
intensas, em que ministramos ao Senhor, começamos a cantar
espontaneamente o hino: "Há Poder no Sangue". Cada um de
nós foi alertado por um senso imediato e sufocante de maldade,
que nos circundava. Mas enquanto entoávamos o hino, todos
sentimos que o círculo se quebrava! Muitos de nós chegaram a
ouvir um som audível, não como se vértebras estivessem
exatamente se partindo, mas como se elas se estivessem
desconjuntando e separando. A cabana inteira chegou a
balançar!
Um profundo senso de alívio desceu sobre todos nós,
quando descemos montanha abaixo no dia seguinte. Não
compreendíamos exatamente o que tínhamos feito, e nem o que
poderíamos esperar, em resultado daquela nossa reunião de
oração. Mas coisas começaram a ocorrer espiritualmente, em
nossa pequena comunidade de retiro, aparentemente sonolenta
e despretensiosa. Todos sentimos que havia algo de diferente
em nossa pequena cidade.
OS DEUSES SOLITÁRIOS

Muitos anos mais tarde, Peter e Dóris Wagner vieram


visitar-nos, juntamente com os nossos antigos amigos, Cindy e
Mike Jacobs.
Até então, eu tinha guardado aquele mapa bastante roto,
pois para mim era um objeto confidencial. Eu havia adicionado
ali vários outros pontos de poder, incluindo a gigantesca,
opulenta e bem fortificada Igreja de Cientologia Media Center,
que também servia de retiro, e que L. Ron Hubbard havia
construído. Eu nunca havia falado muito sobre o meu mapa,
porque poucas pessoas da comunidade evangélica tinham
conversado sobre tais coisas, e eu não queria dar a impressão de
que estava à beira de tornar-me um lunático. Mas Cindy
encorajou-me a mostrar o mapa para Peter e Dóris, o que fiz com
certa hesitação. Exibir tal coisa a um professor de seminário
parecia um tanto intimidador.
Fiquei tremendamente encorajado quando recebi total
aprovação da parte deles. Peter disse que, em seus contatos
através da Spiritual Warfare Network, ele tinha podido confirmar
que preparar esses mapas espirituais era uma das mais
poderosas novas que o Espírito Santo parecia estar dando às
igrejas, pelo mundo inteiro, nestes nossos dias. Então ele
confessou que era leitor ávido das novelas de fronteira de Loius
L'Amour, e perguntou se eu já tinha lido o livro The Lonesome
Gods (Os Deuses Solitários — Bantam Books). E ajuntou que o
palco da novela ficava localizado na região de San Jacinto, e que
abordava as antigas lendas indígenas. Na semana seguinte,
comprei um volume da novela e me pus a lê-la. Fiquei
impressionado diante das claras descrições sobre Taquitz, o
espírito que dominava sobre a cadeia montanhosa de San
Jacinto.
O leitor pode imaginar minha admiração quando pesquisei
mais profundamente e descobri que a imensa rocha que ficava
bem por detrás da cabana onde tínhamos orado até partir-se a
coluna vertebral do urso, não era outra coisa senão aquilo que se
chamava Pico Taquitz!
DESCOBRINDO A HERANÇA ESPIRITUAL DA NOSSA
COMUNIDADE

Eu havia guardado aquele desgastado mapa por dezessete


anos, onde assinalei o que eu pensava que tivesse alguma
importância. Durante o mesmo período, fiquei muito interessado
em conhecer mais sobre a história de nossa comunidade e seus
pais fundadores. Com freqüência eu passava meus dias fora,
andando a pé por áreas remotas e canhões nunca explorados,
examinando cavernas e investigando, para ver se achava por ali
antigas cabanas e relíquias indígenas.
Um daqueles canhões, conhecido como Canhão do
Massacre, tinha sido o palco da matança da tribo dos índios
sobobas por outra tribo vizinha, os temeculas. Tendo alguma
compreensão acerca da base bíblica da contaminação de terras,
comecei a perguntar a mim mesmo se aquele incidente e sua
localização teria alguma significação espiritual. E, assim,
marquei devidamente a localização do Canhão do Massacre, em
meu mapa.
Outro importante evento passado, na vida de nossa
comunidade, tinha sido a tentativa, feita por uma companhia
local de serviço de água e esgoto, de perfurar uma grande
adutora que atravessasse o pé das colinas no lado norte de
nosso vale. E isso mostrou ter sido um acontecimento muito
significativo. A companhia errou em seus cálculos de engenharia
e acabou sondando a camada de águas freáticas que nutriam
todas as fontes daquela área!
Durante dezoito meses, a água fluiu sem ninguém
conseguir estacá-la. Todos os esforços para fazer estancar o
fluxo de água resultaram em conseqüências desastrosas. Os
prejuízos foram grandes, não somente em sentido financeiro,
mas também no sentido de perdas de vidas humanas.
Eventualmente, as águas freáticas de todo aquele vale e das
montanhas ao redor se esgotaram e a área nunca mais voltou a
ser a mesma.
Isso explicava por que eu encontrava plantações de frutas
cítricas e ranchos de criação de galinhas no alto das colinas, nas
numerosas excursões que fiz às colinas. Ao que tudo indica,
floresciam antes do desastre com o lençol freático da região.
Todos aqueles ranchos tinham sistemas de irrigação e grandes
poças de água, alimentadas pelos riachos que antigamente
fluíam o ano inteiro. Após o desastre com o lençol freático,
entretanto, até as reservas indígenas locais perderam o seu
abundante suprimento de água e a sua base agrícola, o que
deixou os habitantes da região na miséria.
Muitas pessoas que continuam habitando na reserva
indígena ainda podem lembrar quão furiosos ficaram os
membros do concilio tribal por causa do desastre ecológico. Os
seus xamãs amaldiçoaram a companhia de água do homem
branco, por causa de seu erro. E a situação piorou ainda mais
quando se espalharam rumores de que a companhia de água
estava desviando deliberadamente a água, vendendo-a a outras
companhias de água, não fazendo qualquer tentativa para
estacar o fluxo de água, e muito menos, querendo compensar os
indígenas devido às suas perdas.
Depois de haver localizado o lugar das perfurações em meu
mapa, notei que ele ficava ao longo da mesma cadeia de colinas
onde ficavam o "umbigo" da terra, a reserva indígena, o retiro de
Maharishi Yogi e o local do massacre dos índios sobobas.
Compreendi que isso era significativo, embora eu continuasse
inseguro sobre o que fazer com essa informação. E, assim sendo,
continuei marcando o meu mapa com descobertas que eu sentia
que estavam afetando a herança espiritual da nossa
comunidade.
Ao mesmo tempo, L. Ron Hubbard e a Igreja da Cientologia
mudaram-se para a cidade. Eles tinham comprado um antigo
clube de campo, localizado em uma propriedade específica, ao
longo da mesma serra de colinas onde ficavam localizados o
Canhão do Massacre, o desastre da perfuração do lençol freático,
o retio de Maharishi Yogi, a reserva indígena e o "umbigo" da
terra. Na verdade, o lugar que eles adquiriram chamava-se
Estalagem do Canhão do Massacre. Alguma coisa estava
acontecendo naquela área, e o meu mapa estava começando a
deixar isso claro. Se eu não tivesse percebido essas coisas em
um mapa, provavelmente eu jamais poderia ter feito a asso-
ciação entre essas localizações. Mas vê-las assinaladas em um
mapa conferiu-me uma perspectiva coerente.
ORAÇÕES NÃO-RESPONDIDAS PELA COMUNIDADE

Conforme mencionei, eu continuei silente acerca do mapa e


de minhas suspeitas, embora a nossa congregação, naquele
tempo, estivesse profundamente dedicada à oração e à
intercessão de manhã cedo a cada dia útil da semana. Em nossa
igreja, a Igreja da Dwelling Place, nós orávamos de modo breve,
um crente depois do outro, a respeito de questões nacionais e
internacionais, além de orarmos pelas necessidades individuais e
comunitárias de nossa área. Durante todo o tempo, contudo,
manifestava-se um profundo senso de frustração que se
acumulava em todos nós, embora nos mantivéssemos fielmente
dedicados à oração pela nossa gente e pela nossa comunidade.
Essa frustração derivava-se de uma crescente percepção de que,
com toda a honestidade, as nossas orações não estavam sendo
eficazes.
Tínhamos aprendido a orar eficazmente pelas pessoas, e
estávamos vendo homens e mulheres sendo libertados da
servidão emocional, espiritual, financeira e física. Muitas pessoas
já haviam sido salvas em nossa igreja, porquanto tinham visto o
poder de Deus sob a forma de curas físicas, ou por terem sido
libertadas da opressão demoníaca.
Por que coisas similares não estavam acontecendo em
nossa comunidade? Por que nossas orações em favor de pessoas
estavam sendo respondidas, mas não nossas orações por Hemet
e a região circundante, que estavam sendo ineficazes?
Olhávamos, de nossa igreja, para o norte, para o sul, para o leste
e para o oeste, mas víamos pouca mudança lá fora. Até parecia
que, quanto a certos aspectos, a nossa comunidade estava
perdendo terreno. As condições sociais deterioravam-se cada
vez mais, e nós parecíamos cercados por trevas que nos iam
apertando mais e mais. Sentíamos que estávamos sendo fiéis e
diligentes, mas tudo quanto fazíamos pouco adiantava.
Enquanto eu agonizava no meu espírito por causa da
situação, mentalmente comecei a passar da abordagem que
usávamos para libertar pessoas para a questão da servidão aos
demônios. Seria possível aplicar esses mesmos princípios no
terreno social, tal e qual fazíamos no terreno pessoal? Seria
possível que as cidades têm uma certa personalidade?
Isso me levou a escavar mais as Escrituras e a buscar uma
base bíblica para o conceito de uma cidade dotada de
personalidade. Se essa premissa mostrasse ser biblicamente
válida, novos passos deveriam ser tomados para vermos a nossa
comunidade como uma comunidade, e não meramente como
indivíduos, libertados e emancipados.
Os maus espíritos, como eu sabia bem, buscam controlar
uma personalidade ou caráter. Esses espíritos acham acesso até
à vida de uma pessoa através de pecados passados, pecados
atuais, maldições que acompanhavam várias gerações e
iniqüidade, idolatria, vitimização, traumas, formas várias de
contaminação pessoal e assim por diante. Quando a
personalidade de uma pessoa é contaminada, abre-se a porta
daquela personalidade para as trevas, porquanto Satanás habita
nas trevas. Minhas pesquisas, que procuravam confirmar que
uma cidade também tem personalidade, levaram-me aos
comentários feitos por Jesus, em Mateus 11.20-24:

Então começou ele a lançar em rosto às cidades onde se


operou a maior parte dos seus prodígios o não se haverem
arrependido, dizendo: Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida!
Porque, se em Tiro e em Sidon fossem feitos os prodígios
que em vós se fizeram, há muito que se teriam
arrependido, com saco e com cinza. Por isso eu vos digo
que haverá menor rigor para Tiro e Sidon, no dia do juízo,
do que para vós. E tu, Cafarnaum, que te ergues até aos
céus, serás abatida até aos infernos; porque, se em
Sodoma tivessem sido feitos os prodígios que em ti se
operaram, teria ela permanecido até hoje. Porém eu vos
digo que haverá menos rigor para os de Sodoma, no dia do
juízo, do que para ti.

Fica claro aqui que Jesus referia-se à responsabilidade


pessoal de uma cidade. Cada cidade, segundo parece, é
endereçada como se fosse uma personalidade dotada de
responsabilidade por suas ações e por sua reação diante do
evangelho. Naturalmente, Jesus não estava dizendo que uma
cidade tem uma alma eterna; mas ele referia-se a cidades como
entidades coletivas. Ele dirigiu-se a cada cidade por seu
respectivo nome.
Desejoso ainda de obter maior confirmação bíblica,
pesquisei a Palavra de Deus estudando cidades e procurando
qualquer informação que me permitisse descobrir mais verdades
sobre essa área. Lemos em Hebreus 11.10: "Porque [Abraão]
esperava a cidade que tem fundamentos, da qual o artífice e
construtor é Deus". Abraão estava à procura de uma cidade que
tivesse incorporado princípios piedosos como o seu alicerce. O
termo grego aqui traduzido por "fundamentos" também pode ser
traduzido por "princípios e preceitos rudimentares". Isso refere-
se à moral e à ética de uma cidade. Portanto, embutidos dentro
das muralhas de cada cidade acham-se o seu caráter e a sua
personalidade!
E também descobri que esse vocábulo grego para
"fundamentos" é a mesma palavra usada por Paulo em 1
Coríntios 3.11, 12, quando ele orientou aquela igreja a respeito
dos alicerces da personalidade humana: "Porque ninguém pode
pôr outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus
Cristo. E, se alguém sobre este fundamento formar um edifício
de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha..."
Começamos por indagar sobre o que os fundamentos de
nossa própria cidade poderiam ter sido edificados. Teria ela sido
edificada sobre Jesus Cristo? Nossa comunidade foi construída
com ouro, prata e pedras preciosas, ou haveria na sua estrutura
alguma madeira, feno e palha? Triste é dizê-lo, vemos muita
madeira, feno e palha na área de Hemet.

COMUNICANDO-NOS COM UMA CIDADE

Comecei a acreditar que ministrar libertação a uma cidade


é algo possível. Tanto a minha comunidade quanto a sua podem
ser concebidas como comunidades dotadas de sua própria
personalidade, com fundamentos espirituais perfeitamente reais!
Uma chave para isso seria nos comunicarmos com a cidade.
Naturalmente, isso nos põe diante de um dilema sem igual.
Como podemos fazer a nossa cidade "falar" conosco, como faria
uma pessoa? Como podemos fazer uma comunidade contar-nos
as coisas que têm acontecido naquela região? Como é que ela foi
contaminada e aberta para os espíritos territoriais? Como posso
fazer a minha cidade abrir-se e começar a falar comigo?
Novamente, depois de orar e perscrutar a Palavra de Deus,
em busca de respostas, encontrei um indício. "Clama a mim, e
responder-te-ei e anunciar-te-ei coisas grandes e ocultas, que
não sabes". Esse versículo indica que as coisas ocultas e
invisíveis, que não sou capaz de entender, podem ser
importantes para o Senhor. Ao buscarmos o Senhor acerca
dessas coisas ocultas, cremos que ele é fiel e que nos
responderá e nos mostrará essas verdades ocultas. O Senhor
tem indicado que uma chave para tratar com a comunidade
consiste em fazer as mesmas perguntas que dirigiríamos a uma
pessoa que busca ser libertada de opressão demoníaca, e que
ele nos conduzirá quanto aos pontos específicos, se realmente
colocarmos a nossa cidade no caminho da libertação.
E agora precisávamos descobrir como tinham sido lançados
os alicerces espirituais de nossa cidade. De que eram feitos
esses fundamentos? Onde estavam localizadas as dores e as
dificuldades? Até que ponto a história passada da cidade está
relacionada aos acontecimentos atuais? Haverá algum
envolvimento da minha cidade com o ocultismo? Alguma outra
coisa tem desempenhado um papel que conduziu às condições
presentes da minha cidade, nos campos espiritual, emocional ou
físico?
Eu nem percebia que já me estava comunicando com a
minha cidade por cerca de dezenove anos! Uma das maneiras de
nos comunicarmos ou conversar com uma cidade consiste em
estudarmos e pesquisarmos a história e a herança daquela
cidade.
Poderia o mapeamento e o conhecimento histórico de
minha cidade estar ligados, na tentativa de falar comigo sobre o
alicerce — bom ou mau — de minha cidade? Quando comecei a
examinar de novo essas informações, gradualmente comecei a
ver emergir a personalidade espiritual de minha comunidade.
Era mais ou menos como tirar um quebra-cabeça feito de peças
ajustáveis, derramar tudo sobre uma mesa e contemplar peça
após peça ajustar-se no seu devido lugar.
FOGUETES SCUD E BOMBAS DE INFALÍVEL PONTARIA

De súbito, vi-me a examinar um quadro da personalidade


de minha cidade, como eu nunca o tinha visto antes. Foi
excitante pensar que agora seríamos capazes de ministrar
livramento e iniciar o processo que poderia trazer a liberdade
espiritual para o nosso vale. Poderia ser esse também o
elemento que faltava em nossas orações e intercessões, de que
precisávamos tão desesperadamente? Estaríamos realmente
acertando na mosca de nossos alvos de oração, ou estávamos
apenas atirando a esmo, em derredor de nossa necessidade, de
uma maneira vaga e ineficaz?
Pensei sobre os foguetes Scud que Saddam Hussein lançou
durante a Guerra do Golfo, em 1991. Embora aqueles mísseis
estivessem apontados na direção certa, a óbvia falta de pontaria
deles impediu que os foguetes obtivessem todo o seu potencial
de destruição. Comecei a ver que as nossas orações, em favor
de nossa comunidade, se pareciam, um tanto, com os mísseis
mal orientados do ditador iraquiano. Estávamos acertando no
inimigo, mas por causa de nossa falta de informações
estratégicas, éramos incapazes de isolar ou discernir um alvo
específico, apontar para ele e atingi-lo em cheio.
Agora que estávamos começando a acumular informações
estratégicas sobre a personalidade de nossa cidade (por
exemplo, a sua herança, a sua fundação, o seu pano-de-fundo
espiritual), seríamos capazes de formar um plano de guerra
estratégico e atingir alvos precisos. Isso se parecia bastante com
as bombas de infalível pontaria que os aliados apontaram, em
revide, contra Saddam Hussein. Aqueles que assistiram as
notícias da guerra pela televisão ficaram admirados de como
aquelas bombas eram apontadas para portas, janelas e entradas
de ar específicas.
Mas se alguma bomba espiritual de pontaria infalível tiver
de ser assim exata, alguém primeiramente precisará recolher
informações de reconhecimento. Antes de tudo, será necessário
fazer uma exploração da área. Para nós, isso significa pesquisar,
estudar a terra e os seus primeiros habitantes, mapear e escavar
a história de uma cidade. A guerra espiritual, tal como a guerra
convencional, beneficia-se enormemente com base em
investigações acuradas.
O mapeamento espiritual tem mostrado ser um instrumento
eficaz na intercessão estratégica e nos atos estratégicos de
intercessão pelas nossas comunidades. Enquanto eu
reexaminava e revisava os anos de recolhimento de informação
que passei fazendo, percebi que, intuitivamente, eu havia
conseguido detectar partes significativas da história de minha
área no meu mapa. Ali, defronte de mim, havia informações
históricas, físicas e espirituais. Eu nunca me tinha dado conta da
significação que aquele mapa teria nos anos vindouros.
Aquele desgastado mapa mostrou conter valiosas
informações para a formação de uma estratégia contra as
fortalezas e os espíritos territoriais que se tinham alojado em
nossa comunidade. Uma vez que nós, na qualidade de uma
congregação, aprendemos a nos comunicar com a
"personalidade" de nossa cidade, os resultados de nossa inter-
cessão adquiriram um vulto dramático.

MAPEANDO UMA CIDADE

Quais, pois, são os passos necessários a um pastor, um


crente leigo ou uma congregação, para que dêem início ao
mapeamento espiritual?

A História da Cidade

Em primeiro lugar, devemos pesquisar a história e a


fundação da comunidade em pauta. Busquemos pontos de
contaminação, como derramamentos de sangue, contratos
quebrados, pactos desfeitos e preconceitos raciais que podem
ter tido o apoio de antigas leis da cidade, vinculadas a esses
erros. Por muitas vezes, as crônicas a respeito continuam
guardadas na prefeitura ou na biblioteca da cidade.
Fiz o meu pessoal pôr-se a examinar os nossos livros de
história local, visitar museus e sentar-se em nossa biblioteca,
rebuscando os documentos da cidade. Uma das coisas mais
interessantes que descobrimos foi um antigo marco histórico
localizado na propriedade de uma igreja local da nossa
comunidade. Era um grande arco arquitetônico que o condado
havia preservado, e que foi declarado um marco histórico,
porque um dos primeiros ginásios do país tinha sido construído
ali.
O pastor da igreja local é um amigo pessoal bem chegado,
e ele tinha ficado muito interessado na história da propriedade
de sua igreja como com a sua possível relação com aquele
marco histórico. Suas pesquisas tinham desenterrado algumas
informações interessantes. A igreja dele e o marco histórico
estavam localizados precisamente sobre o local da aldeia dos
índios sobobas, os quais, conforme mencionei acima, foram
massacrados pelos índios de outra tribo, os temeculas. Eles
começaram a matança na região que, atualmente, é San Jacinto,
e, enquanto os guerreiros lutavam, as mulheres e as crianças
fugiam dessa aldeia para o Canhão do Massacre, onde, mais
tarde, todas elas encontraram a morte.
Nossa pesquisa prosseguiu, e dessa maneira foi revelado
que, desde que a igreja fora fundada, no começo do século XX,
cada pastor ou membro da família de algum pastor tinha
experimentado morte violenta, com a exceção do atual pastor e
do pastor que serviu à igreja antes dele. Não podíamos evitar de
perguntar se a violência e o derramamento de sangue havidos
no passado não teriam contaminado aquele terreno e conferido
uma cabeça de ponte para que pudessem operar os espíritos da
morte violenta. Também pensamos que isso poderia ajudar a
explicar por qual motivo aquela circunvizinhança em particular
se tinha tomado o centro geográfico da violência dos bandidos
de toda aquela região.
Quando o pastor ficou sabendo acerca do derramamento de
sangue entre os índios, bem como acerca da morte violenta dos
pastores, ele convocou uma reunião de seus anciãos e
intercessores. Engajaram-se em um período de intercessão
sincera e de profundo arrependimento, em favor de seu terreno
e de sua igreja.
Que aconteceu? Menos de dois meses mais tarde, membros
de gangues locais começaram a converter-se ao Senhor. Pelo
menos um deles entrou na igreja, durante um culto de domingo,
e disse: "Quero ser salvo!" Outro chefe de bando, sua mãe e
depois toda a família dele aceitaram a Cristo. A violência do
banditismo na região caiu vertiginosamente desde então,
embora ainda não tenha desaparecido de vez.

A Personalidade de Uma Cidade

O segundo passo que devemos dar, para realizar o


mapeamento espiritual de nossa comunidade é pesquisar a
formação da personalidade de nossa cidade. Em outras palavras,
nossa cidade tornara-se conhecida por causa do quê? Las Vegas
tornou-se conhecida por causa de sua ganância e jogatina;
Chicago pela violência das turbas, e São Francisco como um dos
fortins de homens efeminados e de mulheres lésbicas. Nossa
própria comunidade tornou-se conhecida como uma comunidade
de pessoas aposentadas, um lugar para onde pessoas de mais
idade costumam vir para passarem tranqüilamente os seus
últimos dias e então morrerem.

Uma área vital que não pode ser negligenciada em nosso


desejo de ver nossas comunidades libertadas da servidão
espiritual é a área do arrependimento e da remissão de pecados
dessas comunidades.

Nesse segundo estágio do mapeamento, procuramos por


instituições financeiras e por quaisquer empresas ou
edifícios da cidade que parecessem formar ajuntamentos
compactos. Descobrimos que Hemet tem os maiores
depósitos bancários per capita do que qualquer outra cidade
dos Estados Unidos da América. Localizamos também bares,
teatros pornográficos e centros de distribuição de drogas.

Os Centros de Artes Ocultas da Cidade


O terceiro passo do nosso processo de mapeamento foi
pesquisar centros psíquicos, de ocultismo, da Nova Era,
metafísicos, holísticos e de cultos estranhos. Tomamos nota dos
santuários, dos templos mórmons, das livrarias da Nova Era e de
todas as igrejas e propriedades dirigidas por cultos aberrantes.
Conversamos também com jovens ginasianos envolvidos com
drogas e com o satanismo, e entrevistamos descendentes de
médicos-feiticeiros dos índios locais. Por muitas vezes, casas
vazias e abandonadas são usadas para ali haver ritos e
sacrifícios de animais, pelo que essas também foram
examinadas.

ARREPENDENDO-NOS DOS PECADOS SOCIAIS


Também aprenderíamos em breve que outra área vital que
não pode ser esquecida, em nosso desejo de ver as nossas
comunidades livres da servidão espiritual, consiste em nos
arrependermos e remirmos os pecados de nossas comunidades.
Esse tópico é coberto com maiores detalhes no livro de John
Dawson, Reconquiste Sua Cidade Para Deus,1 bem como no livro
de Cindy Jacobs, Possuindo as Portas do Inimigo.2 Em setembro
de 1991, Peter Wagner e Cindy Jacobs falaram durante a
Conferência Sobre Guerra Estratégica em nossa igreja. Por
ocasião dessa conferência, fomos capazes de pôr em prática
esse conceito do arrependimento em favor de nossa cidade, bus-
cando o perdão divino para os nossos pecados sociais.
Sob a supervisão de Cindy, os indígenas locais e um
representante da companhia de água reuniram-se diante da
conferência e se declararam arrependidos um diante dos outros,
por seus malefícios praticados no passado. Um pastor metodista
local subiu na plataforma com um pastor pentecostal, e ambos
pediram perdão pelo orgulho e espírito de divisão entre os
evangélicos e os carismáticos. Finalmente, um homem branco e
um homem índio puseram-se de pé, um diante do outro, e se
arrependeram por causa dos pecados e do ódio que tem havido
entre as duas raças. Quando cada uma dessas pessoas
arrependeu-se, um depois do outro, perdoando-se mutuamente,
muitos presentes à conferência choraram em voz alta, porque
anos de divisões e ódios guardados tinham sido quebrados no
terreno espiritual. Os principados e as potestades receberam
golpes rígidos e sérios naquela noite.
DEDICAÇÃO DOS PASTORES A ALGUM TERRITÓRIO

Durante os meus primeiros dias de oração pela minha


comunidade e sua gente, senti que o Senhor começava a
despertar dentro de mim um forte amor por aquela terra e sua
gente. Antes, eu nunca me havia sentido preso à nossa
comunidade. Em meu coração, eu sempre tinha esperado que
algum dia eu partiria para algum outro lugar, dotado de algum
ministério mundial de alguma sorte. Mas o Senhor começou a
mostrar-me que eu jamais poderia ser usado para trazer liberta-
ção de significado real e duradouro, à minha própria região, se
eu estivesse vivendo ali mas com minha bagagem emocional e
espiritual sempre arrumada para ir-me embora, sempre
esperando pelo dia em que o Senhor me chamasse para alguma
comunidade maior, dotado de maior influência e importância.
No entanto, era precisamente isso que eu estava fazendo.
Eu vivia esperando sempre por aquela "chamada superior"! E
assim percebi que o que me estava faltando era dedicação
territorial. E acabei sentindo ser aquele um elemento-chave para
que fosse iniciado o livramento espiritual de minha cidade.
Se minha cidade tivesse de experimentar um verdadeiro
livramento espiritual de seus espíritos governantes de apatia
religiosa, mesquinhez financeira, idolatria oculta e coisas
semelhantes, isso teria de começar com os líderes evangélicos,
que deveriam declarar-se comprometidos com os habitantes do
local e com a própria região. Alguma pessoa como eu precisava
começar a desempacotar a sua bagagem, deixando para trás o
seu sonho de ter algum ministério mais excitante no futuro.
Pastores, líderes leigos e igrejas inteiras precisam unir-se,
assumindo responsabilidade territorial a longo prazo, pela região
onde estiverem residindo! Susana e eu começamos anunciando
à nossa congregação que considerávamos Hemet a nossa
chamada vitalícia, e também compramos sepulturas no
cemitério local.
Uma passagem do livro de Jeremias fala sobre um tempo
em que os líderes de Israel ignoraram as suas responsabilidades.
"Muitos pastores destruíram a minha vinha, pisaram o meu
campo, tornaram em desolado deserto o meu campo desejado.
Em assolação o tornaram, e a mim clama na sua desolação; toda
a terra está assolada, porquanto não há ninguém que tome isso
a peito" (Jr 12.10, 11; a ênfase é minha).
Nossa igreja começou a tomar a peito, como nunca antes, a
nossa região. Certa manhã de domingo, senti o impulso do
Espírito Santo de levar a nossa congregação inteira a um dos
lados de uma colina que dava de frente para o inteiro vale de
Hemet/San Jacinto. Ali ficamos, ombro a ombro, de mãos
estendidas na direção de Hemet, durante meia hora,
intercedendo contra as trevas espirituais que escravizavam a
nossa comunidade.
Certo ano, minha esposa, Susana, sentiu que o Senhor
estava instruindo nossa igreja para entrar na parada de Natal
realizada em Hemet. Novamente, obedecemos devidamente,
entramos na parada, e marchamos pela rua principal de nossa
cidade, entoando louvores a Jesus, com cânticos como "Quão
Poderoso E o Deus Que Servimos" e "Fazei um Ruído Jubiloso ao
Senhor".

Estou convencido de que quando aprendermos a aceitar o


compromisso com os nossos territórios e com a esfera de
influência que nos foi designada, e quando aprendermos a
destruir fortalezas e principados e potestades governantes
sobre as nossas comunidades, então, começaremos a
incorporar, cidade após cidade, nossas cidades e nações
dentro do plano final de Deus para elas.

No ano passado, nossa igreja participou com mais de


quatrocentos membros de nossa congregação que tomaram
parte nos cânticos, nas danças coreográficas, no transporte de
bandeiras e coisas similares. Esforçamo-nos por ministrar às
pessoas de nossa comunidade mediante essa nossa
participação, ao mesmo tempo que fazíamos vigorosas
declarações aos espíritos das trevas. A reação favorável de
nossa comunidade foi tremenda; muitas pessoas estão se
rededicando às igrejas, e as empresas atualmente estão doando
dinheiro e materiais que nos ajudam a contrabalançar o custo
dessa nossa participação. No ano passado, os juizes da parada
evangélica também ficaram impressionados e galardoaram a
participação de nossa igreja com o prêmio mais alto — o Troféu
Presidencial. Digo isso não por motivo de orgulho pessoal, mas
para mostrar como uma congregação comum realmente pode
amar a uma cidade e "trazê-la no seu coração", conforme
mencionou o profeta Jeremias.
Estou convencido de que, quando aprendermos a sentir
responsabilidade por nossos territórios e por nossa esfera
determinada de influência, e quando aprendermos a destruir as
fortalezas espirituais e os principados e potestades que dominam
as nossas comunidades, então, começaremos a incorporar,
cidade após cidade, no plano de Deus em favor de nossas
cidades e nações.

APOSTANDO NOSSAS CIDADES PARA DEUS

Recentemente, enquanto orava acerca da crescente


violência dos facínoras de nossa comunidade, sentimos a
necessidade de estabelecer um dossel de orações sobre a
cidade. Já tínhamos orado antes por uma cobertura espiritual por
sobre a nossa cidade, mas nunca tínhamos feito qualquer coisa
tangível como sentíamos que o Senhor nos eslava guiando para
que fizéssemos.
Em minhas orações, fui atraído pelo trecho de Isaías 33.20-
23, uma passagem que eu já havia lido por muitas vezes, nunca
sentindo que essa profecia, dirigida à Assíria, tinha qualquer
coisa de direto a ver com o meu ministério. Dessa vez, porém,
senti que Deus queria que eu desse atenção ao texto literal,
aplicando-o à nossa cidade em favor de Deus. E importante que
tenhamos as Escrituras diante de nós, enquanto vou explicando:

Olha para Sião, a cidade das nossas solenidades;


Os teus olhos verão a Jerusalém, habitação quieta,
Tenda que não será derribada,
cujas estacas nunca serão arrancadas,
E das suas cordas nenhuma se quebrará.

Mas o Senhor ali nos será grandioso,


Lugar de rios e correntes largas;
Barco nenhum de remo passará por eles,
Nem navio grande navegará por eles.
Porque o Senhor é o nosso Juiz;

O Senhor é o nosso Legislador;


O Senhor é o nosso Rei;
Ele nos salvará.

As tuas cordas estão frouxas;


Não puderam ter firme o seu mastro,
E vela não estenderam.

Quero ser o primeiro a reconhecer que essa passagem, em


seu contexto histórico, pouco ou nada tem a ver com a guerra
espiritual em nível estratégico que visa a tomar alguma cidade
para Deus. Não obstante, sentimos que era a palavra profética
para a Igreja de Dwelling Place, em Hemet, estado da Califórnia,
em 1991. E assim passamos a lhe obedecer e a aplicá-la passo a
passo, conforme sentíamos que Deus nos estava orientando.
Isaías falou ali sobre uma tenda segura em seu lugar por
estacas fincadas no chão. Essas estacas nunca seriam
removidas. Estacas em Hemet? Enquanto eu prosseguia dia após
dia em oração, sentia que o Senhor nos estava dizendo para
fincarmos estacas no chão. Eu nunca ouvira dizer que alguém já
tinha feito tal coisa, e nem ficaria surpreso se tal ato nunca
tivesse sido efetuado. Mas lá em meu espírito eu sabia que para
nós seria algo correto, particularmente se os anciãos da igreja
concordassem comigo.
Convoquei todos os anciãos para uma reunião, certo
domingo pela manhã, para explicar-lhes que eu sentia que o
Senhor nos estava ordenando fincar estacas no chão, a fim de
garantir um dossel espiritual que ele queria estender por cima da
cidade. Oramos juntos e, quando assim fizemos, sentimo-nos
todos de acordo em obedecer à mente do Senhor. Concordamos
que tomaríamos providências e entraríamos em ação, de uma
maneira que poderia parecer estranha não somente para os
nosso vizinhos, mas também até para nós mesmos. Um dos
anciãos, que tinha uma loja de objetos de adorno feitos de
madeira, apresentou-se como voluntário para fazer estacas de
carvalho para nós.
Naquela manhã, em ambos os cultos que houve,
compartilhei com a congregação que faríamos outra excursão de
intercessão, ou seja, aquilo a que Kjell Sjöberg chamou, no
quarto capítulo, de oração de ação profética. "Venham vestidos
casualmente, e reúnam-se no templo da igreja às 16h30",
anunciei. Nós nos dividiríamos em cinco grupos. Quatro dos
grupos acompanhariam um ancião com uma das estacas, a fim
de fincá-la em uma das quatro entradas principais do nosso vale
— todas as entradas eram auto-estradas. O quinto grupo
acompanharia minha esposa e eu, até à intersecção principal,
bem no centro da cidade. Precisamente às 17 horas, cada um
dos anciãos fincaria a sua estaca no chão, para que servisse de
memorial ao Senhor; e o dossel de oração resultante
permaneceria como nossa declaração de guerra espiritual
estratégica contra as trevas que nos estavam apertando cada
vez mais.
Ao mesmo tempo, Susana e eu, de pé na intersecção do
centro da cidade, simultaneamente levantaríamos as nossas
vozes em louvor ao Senhor, como se fosse um poste central do
dossel espiritual. Então voltaríamos à igreja para o culto normal
das 18 horas, quando então compartilharíamos juntos de nossas
experiências, com o grupo inteiro dos crentes.
Ao orientar cada ancião sobre onde ele deveria fincar a sua
respectiva estaca, selecionei cada local através do meu mapa.
Pedi ao ancião e seu grupo que foram para o lado norte do vale
que fincassem a sua estaca ao lado do Canhão do Massacre e da
Igreja da Cientologia. Em cada estaca estava inscrita a
passagem bíblica de Isaías 33.20-24.
Rios, Correntes Largas e Navios

Quando voltamos, o ancião do grupo que se tinha dirigido à


entrada norte, disse que tinha feito uma notável descoberta.
Quando estavam lendo as Escrituras inscritas na estaca em voz
alta, perceberam que Isaías 33.21 diz que o Senhor estava em
um lugar de "rios e correntes largas". Um dos homens notou que
bem defronte deles estava o leito agora seco do rio San Jacinto,
e bem à esquerda deles estava o riacho do Canhão do Massacre,
agora também seco. Ambas as correntes atualmente estão sem
água por causa do desastre na exploração do lençol freático da
companhia de água, sobre a qual falamos páginas atrás.
Isso já serviria de encorajamento suficiente; mas ainda
havia mais. A passagem de Isaías menciona especificamente
navio com cordas, mastros e velas. Vivemos em uma
comunidade no deserto, longe de qualquer objeto náutico. No
entanto, o ancião explicou à congregação, naquela noite, que
depois de terem fincado a estaca, quando já estavam no
caminho de volta para a nossa igreja, passaram pela sede
central da Igreja da Cientologia e, para grande admiração deles,
viram, no terreno dessa igreja e tendo como pano-de-fundo os
sopés das colinas, uma gigantesca réplica, em tamanho natural,
de uma escuna com três mastros, completa com cordas, mastros
e velas!
Todos prorrompemos em gritos de louvor a Deus, ao nos
darmos conta de que não pode ter sido por mera coincidência
extraordinária que todas aquelas três coisas estivessem juntas: o
rio, as correntes e um navio, com suas cordas, mastros e velas,
no meio do deserto. Desnecessário é dizer que ficamos
tremendamente encorajados a premir em intercessão, rogando
pelo livramento espiritual de nossa comunidade. Pudemos
acreditar que o próprio Senhor nos tinha dado, graciosamente,
sinais palpáveis de que ele estava dirigindo e orientando as
nossas atividades.
Depois que aquele dossel espiritual foi erguido, o fluxo de
informações a respeito das atividades das trevas, em nossa
comunidade, aumentou dramaticamente. Parecia que vinham
pessoas de todas as partes, trazendo informações sobre antigos
edifícios, abusos passados de terrenos, ou sobre "algum amigo
de um amigo" que conhecia onde as bruxas costumavam reunir-
se. Imediatamente começamos a ver resultados de nossa nova e
acurada intercessão, que se tornara possível por meio de nosso
mapeamento espiritual.

Vida Nova Para a Igreja

Os resultados de nossa intercessão em nível estratégico e


de nossa ação de oração profética mostraram que rendiam um
efeito dramático na vida de nossa própria congregação. Se
alguma coisa nos havia notabilizado no passado, é que éramos
uma igreja muito sujeita a divisões. Tínhamos passado por cinco
divisões dessas em dezoito anos. Mas a falta de unidade é agora
uma história do passado. Um caloroso espírito de amor e
harmonia está atraindo novas pessoas à nossa igreja, a qual vem
crescendo como nunca antes.
Durante quinze anos nos tínhamos reunido em uma antiga
instalação de produtos de leite, que havia sido parcialmente
mobiliada. Meu gabinete ficava onde eram preparadas as
coalhadas e onde havia um separador do coalho e do soro do
leite, e a creche ficava no antigo frigorífico. Já nos tínhamos
atirado em muitas campanhas de levantamento de fundos, no
esforço de levantar as finanças muito necessárias, para que
pudéssemos remodelar as instalações, em um mínimo básico
para as necessidades da nossa congregação.
Os membros de nossa congregação eram, em sua maioria,
operários, e a nossa capacidade financeira nunca parecia ser
suficiente para nos fazer deslanchar. A congregação, bem como
a liderança, sentia-se incapaz de alterar essa situação.
Mas agora estava acontecendo alguma coisa, o que
demonstrava, de forma inequívoca, a atuação da mão de Deus.
Depois de termos entrado nesse novo nível de intercessão, nossa
própria congregação levantou dinheiro suficiente, em um período
de apenas dezoito meses, para edificar toda uma instalação
nova para as crianças (e nada ficamos devendo). Nesse mesmo
período de tempo, remodelamos completamente o santuário (a
antiga empresa de laticínios), e a congregação duplicou de
tamanho em menos de um ano!
Nova Esperança Para a Comunidade

O resultado desse tipo de intercessão, em que


enfrentávamos as fortalezas das trevas, tem modificado
francamente a face espiritual da nossa comunidade. Nada menos
de trinta e cinco ministros, em nossa cidade, agora trabalham
juntos no evangelismo. Eles reúnem-se mensalmente para terem
um período de oração e de apoio mútuo. As igrejas compartilham
de seus recursos, com máquinas de copiar, projetores e outros
equipamentos de escritório. Uma das igrejas compartilha de seus
ministérios entre as crianças, a cada semana, com outra igreja,
que está sem um local de reuniões permanentes. Não é mais
incomum ouvir que os pastores estão trocando de púlpitos, uns
com os outros, aos domingos pela manhã. Um pastor convidou o
pastor de outra igreja de nossa cidade para vir à sua igreja,
dedicar sua filha recém-nascida ao Senhor, diante de sua
congregação, e então ficar para pregar no culto matinal.
Faz pouco tempo, trinta igrejas e ministérios da cidade
reuniram-se para efetuar um reavivamento de duas semanas,
em uma tenda. A cada noite do reavivamento, pregou algum
pastor diferente, que opera na comunidade, e uma igreja
diferente proveu a música. A cada noite, por duas sólidas
semanas, a tenda ficou cheia ao máximo de sua capacidade,
com membros das congregações espalhadas por todo o nosso
vale, trazendo amigos perdidos para ouvirem o evangelho.
Muitos foram salvos, curados e libertados, nesse espetáculo
aberto de unidade coletiva do Corpo místico de Cristo, em nosso
vale.
Li, em Jeremias 9.3, como o povo de Deus, certa ocasião,
não mostrou ser os "valentes em favor da verdade".
Costumávamos ajustar-nos a essa descrição, mas agora estamos
mudando. Acredito que conseguiremos conquistar as nossas
cidades, uma a uma, tornando-nos não somente um "nome,
louvor e glória" para o Senhor, mas também saindo de dentro
dos limites de nossos templos, das nossas atividades
eclesiásticas, de nossos programas e tradições religiosos e
tornando-nos, literalmente, um povo que se põe ao lado da
causa do Senhor, valentes em defesa da verdade, por toda a
face da terra!
Perguntas para refletir

1. Bob Beckett expressou a sua frustração porque, embora


orações por indivíduos estivessem sendo respondidas, as
orações pela comunidade pareciam ineficazes. Pode você
identificar-se com essa posição? O que pode ser feito a esse
respeito?
2. Analise a reunião de oração, na cabana das montanhas acerca
da "pele de urso", à luz daquilo que aprendemos no capítulo de
Kjell Sjöberg, a respeito das "orações de ação profética".
3. Jesus dirigiu-se a cidades como se fossem personalidades.
Você pensa que poderia fazer a mesma coisa? Poderia isso ser
feito em reuniões de oração coletiva, em sua igreja?
4. Segundo você pensa, quão importante é que um pastor
assuma um "compromisso territorial"? Você conhece algum
pastor que tenha feito compromissos territoriais? Eles
concordariam com Beckett?
5. Bob Beckett pensa que todos nós deveríamos sair e fincar no
solo estacas com versículos bíblicos nelas? Isso soa como algo
que você e seus amigos crentes fariam?

Notas

1. DAWSON, John. Reconquiste Sua Cidade Para Deus. Venda Nova,


MG, Editora Betânia, 1995.
2. JACOBS, Cindy. Possuindo as Portas do Inimigo. Belo Horizonte,
Editora Atos, 1996.

7. EVANGELIZANDO UMA CIDADE DEDICADA ÀS


TREVAS

Por Victor Lorenzo


Victor Lorenzo trabalha em sua pátria, a Argentina, junto à
Harvest Evangelism. Seus dons de discernimento têm-no
equipado para um extenso mapeamento espiritual nas cidades
de Resistência e La Plata. Ele foi consagrado ao ministério na
Igreja Visão do Futuro, sob o pastor Ornar Cabrera. Victor serve
como secretário da Área do Cone Sul, para a Spiritual Warfare
Network da A.D. 2000 United Prayer Track.

Sempre que nos reportamos ao assunto da guerra espiritual


em geral e à questão do mapeamento espiritual em particular,
acredito que é útil esclarecer o papel da Igreja, quanto a essa
atividade.

O MANDATO DA IGREJA

A Igreja cristã recebeu o mandato de pregar o evangelho


pelo mundo inteiro, a fim de expandir o reino de Deus e a sua
justiça. A guerra espiritual e o mapeamento espiritual são, tão-
somente, atividades que ajudam no cumprimento desse man-
dato. Essas duas atividades ajudam-nos a descobrir e destruir as
estratégias e astúcias de Satanás, que ele tem usado para
manter as multidões sob o seu domínio, surdas para com a
gloriosa mensagem de Jesus Cristo.
Por mais exato que seja o mapeamento espiritual, porém, é
minha opinião que, sem um enfoque explícito sobre o
evangelismo, tal mapeamento terá pouca serventia. Por
semelhante modo, o evangelismo que não leva a sério o nosso
conflito com os poderes demoníacos, por meio da guerra
espiritual, pode tornar-se um esforço insano que rende poucos
resultados.
Deus proporcionou autoridade à sua Igreja e aos seus
líderes para que tomem posse de circunvizinhanças, cidades,
nações e até continentes inteiros para Jesus Cristo. A eficácia da
igreja, na conquista dos incrédulos para Cristo e no
aprimoramento moral da sociedade, depende, em grande parte,
de sua disposição para entrar nessa batalha. A unidade espiritual
entre as igrejas e a dedicação à oração intercessória são
condições importantes para a vitória.
CHAMADA DIVINA PARA O MAPEAMENTO ESPIRITUAL

A minha chamada para o mapeamento espiritual ocorreu


em resultado de meu envolvimento no "Plano Resistência", um
maciço esforço evangelístico enfocado em torno da cidade de
Resistência, na Argentina. No momento estou atarefado no
ministério da Harvest Evangelism, sob a liderança de Edgardo
Silvoso, um compatriota argentino. Tínhamos concordado, como
uma equipe, que lançaríamos um projeto evangelístico de três
anos em Resistência, uma cidade de quatrocentos mil habitantes
do norte da Argentina. Uma das ênfases mais importantes é a de
nos atirarmos a uma guerra espiritual em nível estratégico,
efetuar uma intensa campanha de oração intercessória,
multiplicar o número de igrejas, além de empregarmos métodos
tradicionais de evangelismo. No primeiro ano desse esforço, o
Espírito Santo começou a mostrar-nos que a magnitude do
combate espiritual que se fazia necessária para esse
empreendimento era muito maior do que havíamos imaginado a
princípio.
Minha própria visão de guerra espiritual foi grandemente
ampliada no começo do ano de 1990. Comecei a perceber que a
guerra espiritual deve ser efetuada ao nível do solo — expulsar
demônios que atormentam as pessoas — como também ao nível
estratégico. Esta última foi uma dimensão da estratégia
demoníaca que já tinha atingido dimensões tanto complexas
quanto generalizadas. Quando li o livro de John Dawson, Taking
Our Cities for God [Reconquiste Sua Cidade Para Deus] (Creation
House), comecei a pensar sobre a necessidade de aplicar os
princípios sugeridos por Dawson à cidade de Resistência. No
entanto, no começo eu estava relutante. Eu havia ministrado a
muitas pessoas que estavam escravizadas a espíritos malignos e
conhecia, em primeira mão, quais os horrores envolvidos nas
atividades do diabo. Eu não sentia a mínima inclinação para
entrar com maior profundeza nos segredos da estratégia
satânica.
Gonzalo e o Anjo Guardião

A minha relutância em fazer aquilo que, por aquela altura,


eu sabia ser a vontade de Deus, proveu uma abertura para que o
inimigo atacasse tanto a mim mesmo quanto aos meus
familiares. A cada noite, durante uma semana inteira, nosso
menino de quinze meses, Gonzalo acordava chorando, à uma
hora da madrugada. A cada noite precisávamos de cerca de
quatro horas para acalmá-lo. Finalmente, certa noite, senti que
já tinha recebido bastante daquilo e que precisava tomar alguma
outra forma de providência. Eu reconhecia que a minha atitude
de rebeldia estava à raiz daquele nosso problema e pedi que
minha esposa ficasse no leito, enquanto eu cuidava da questão.
Antes de entrar no dormitório do pequeno Gonzalo, fui até à
sala de jantar, a fim de orar, e então eu disse: "Senhor, por
favor, perdoa-me pela minha desobediência. Confesso que não
tenho nem recursos e nem capacidades, em mim mesmo, para
cuidar dessa situação. Oro para que abras os meus olhos e os
meus ouvidos e entenda o que o teu Santo Espírito me quer
revelar. Por favor, Deus, dá-me o mesmo tipo de unção que
deste a Elias, para eu poder perceber as realidades espirituais.
Permite-me ver os meus inimigos, e também concede-me a
confiança de que aqueles que estão comigo são mais numerosos
e mais poderosos do que aqueles que estão contra mim. Que eu
possa divisar a realidade dos teus anjos".
Tendo fé que o Senhor tinha respondido à minha oração,
dirigi-me ao dormitório do Gonzalo. Quando abri a porta, senti-
me avassalado por uma espantosa força do mal. Senti arrepios
de frio e imediatamente percebi a presença da morte, e sabia
que o Senhor me estava revelando a identidade de meu inimigo.
Senti que o Espírito Santo me ordenava: "Assume
autoridade em nome de Jesus". E obedeci. Ordenei que o espírito
da morte saísse e que nunca mais voltasse para atormentar a
meu filho. Naquele momento, vi em minha mente uma gravura
representando um anjo guardião, com a qual eu estava bem
familiarizado.
E então eu disse: "Senhor, prometeste que destacarias
anjos para estarem à nossa volta, para nos protegerem. Se for
de tua vontade, preciso agora dessa proteção, sobretudo para os
meus familiares". De pronto o dormitório foi invadido por uma
luz brilhante. Olhei na direção do berço onde Gonzalo estava
deitado e vi um anjo enorme segurando na mão uma espada
desembainhada. E então o anjo me disse: "De hoje em diante,
estarei ao lado de teu filho a fim de protegê-lo e cuidar dele,
enquanto cumprires a tua chamada divina".
Atualmente, Gonzalo está com três anos de idade, e nunca
mais foi atormentado por espíritos malignos. O menino é dotado
de uma compreensão espiritual incomum, e ele mesmo já sabe
assumir autoridade espiritual no nome de Jesus sobre qualquer
poder das trevas que ele seja capaz de perceber.

Mapeando a Cidade de Resistência

Compreendi que Deus queria que eu fizesse pesquisas


quanto à cidade de Resistência, e também eu estava
dolorosamente consciente de que me faltava treinamento ou
experiência para fazer tais pesquisas. Minha única ferramenta
era aquele livro de John Dawson, Taking Our Cities for God.1
Armei-me com as perguntas feitas por Dawson e dirigi-me à
biblioteca da cidade. Depois de ter examinado, durante quatro
dias, centenas de páginas, eu estava totalmente frustrado. E tive
de admitir que embora agora eu dispusesse de muitas
informações exatas, eu não havia ainda descoberto uma única
coisa que parecesse importante para a tarefa que tínhamos à
frente.
Humilhado por essa experiência, dediquei-me novamente à
oração. Implorei que o Espírito Santo me desse novas
revelações, mostrando-me o caminho à minha frente. Quando
cheguei de volta à minha casa, minha esposa, que não tinha
conhecimento dos detalhes daquilo que eu estava fazendo,
sugeriu que eu visitasse uma exposição local de arte nativa; e,
embora eu não tivesse entendido direito por qual motivo deveria
ir, eu sentia que, se seguisse a sugestão dela, eu encontraria
algumas respostas.
Foi dito e feito. Quando fui ver a exposição, encontrei cinco
professores universitários que se mostraram mais do que
dispostos a compartilharem de suas informações comigo. Eles
concordaram que era importante compreender a identidade
espiritual da cidade de Resistência. Deram-me uma informação
que constituía total novidade para mim. Durante dez dias, e de
uma maneira absolutamente incrível, aqueles cinco eruditos
confiaram a mim tudo o de que eu precisava. Eu estava
admirado da poderosa mão de Deus, que estava agindo quanto a
tudo aquilo. Era difícil de acreditar que aqueles cinco homens,
bem conhecidos e respeitados por toda a cidade, estivessem
realmente trabalhando para mim!

Os Poderes Que Dominavam a Cidade

Mediante as informações que recebi através do folclore da


cidade, fui capaz de identificar quatro potestades espirituais, a
saber: San La Muerte (espírito de morte), Pombero (espírito de
medo), Curupí (espírito de perversão sexual) e Pitón (espírito de
feitiçaria e bruxaria).
Munido desses informes, mas não sabendo exatamente o
que fazer com eles, pedi ao Senhor, uma vez mais, que me
mostrasse o caminho. Dessa vez, a resposta do Senhor foi:
"Espera". Esperei por um mês e meio. E, então, Cindy Jacobs
visitou a Argentina pela primeira vez. A Harvest Evangelism a
estava enviando para ajudar a instruir líderes evangélicos e
intercessores quanto à guerra espiritual.
Acompanhada por Dóris Wagner, Cindy ministrou em
Buenos Aires com extraordinário poder, e então chegou a
Resistência para dirigir um seminário de dois dias. Logo no
primeiro dia compartilhei com ela das informações que havia
recolhido. Falei-lhe sobre quatro grandes murais pintados em
arte moderna na praça central da cidade, que eu pensava
poderia apresentar-nos um tipo de mapa espiritual da cidade.

O mapeamento espiritual combina pesquisas, revelações


divinas e evidências confirmatórias, provendo-nos informes
completos e exatos acerca da identidade, das estratégias e
dos métodos empregados pelas forças espirituais das
trevas, a fim de influenciarem os habitantes e as igrejas de
uma dada região.
Quando Cindy examinou os painéis, naquela tarde, o
Senhor, através do dom de discernimento de espíritos que havia
dado a ela, mostrou-lhe claramente o que era invisível por detrás
do que era visível, conforme Peter Wagner discute no segundo
capítulo deste livro. Ela confirmou a presença dos quatro
principados sobre Resistência, e também discerniu a presença
de mais dois principados. Eram principados de elevada patente
que ela havia encontrado primeiramente em Buenos Aires, e
acerca dos quais ela suspeitava que exerceriam jurisdição
nacional — o espírito da Maçonaria e a Rainha do Céu.
Durante o seminário, Cindy, que foi habilidosamente
interpretada por Marfa Cabrera, compartilhou de profundos e
reveladores discernimentos. Ela conduziu-nos a uma
compreensão muito mais ampla sobre a guerra espiritual, ao
mesmo tempo que orientava os líderes das igrejas quanto a
maneiras práticas de conquistar territórios, em nome de Jesus.

A Batalha na Praça

No dia seguinte, nossa equipe foi até à praça, na


companhia dos pastores das igrejas evangélicas de Resistência,
um grupo de intercessores treinados e Cindy Jacobs. Lutamos
ferozmente contra os poderes invisíveis que dominavam a
cidade, pelo espaço de quatro horas. Atacamo-los naquilo que
sentíamos ser a ordem hierárquica deles, de baixo para cima.
Primeiro desfechamos um ataque contra Pombero, e então
contra o Curupí, em seguida contra San La Muerte, então o
espírito de Maçonaria, e, então a Rainha do Céu, e, finalmente
contra Pitón, o qual, conforme suspeitávamos, atuava como
coordenador de todas as forças malignas da cidade. Ao
terminarmos, descera sobre todos nós, que tínhamos
participado, um senso quase tangível de paz e liberdade.
Tínhamos a confiança de que essa primeira batalha havia sido
ganha e que a cidade agora podia ser reivindicada para o
Senhor. Depois disso, a igreja em Resistência estava preparada
para iniciar uma campanha de evangelização em plena escala.
Os incrédulos começaram a corresponder ao evangelho como
nunca antes tinham feito. E em resultado de nossa campanha de
evangelização de três anos, a freqüência à nossa igreja
aumentou em 102%. O efeito foi sentido em todas as camadas
sociais da cidade. Agora podíamos realizar projetos comunitários
como prover água potável para os pobres. A imagem pública das
igrejas evangélicas melhorou sensivelmente, obtendo elas res-
peito e aprovação da parte de líderes políticos e sociais. Fomos
convidados a usar os meios de comunicação para propalar a
nossa mensagem. A guerra e o mapeamento espirituais que
pudemos realizar abriram, na cidade de Resistência, novas
portas para o evangelismo, para a melhoria social e para a
colheita espiritual de almas.

QUE É O MAPEAMENTO ESPIRITUAL?

Conforme vejo as coisas, o mapeamento espiritual combina


pesquisas, revelações divinas e evidências confirmatórias,
provendo-nos informes completos e exatos acerca da identidade,
das estratégias e dos métodos empregados pelas forças
espirituais das trevas, a fim de influenciarem os habitantes e as
igrejas de uma dada região.

Será Isso Bíblico?

Embora a Bíblia não use a nossa expressão contemporânea,


"mapeamento espiritual", vemos que esse é um dos muitos
procedimentos no processo da condução da guerra espiritual. E
bíblico estarmos conscientes dos "desígnios" de Satanás,
conforme lemos em 2 Coríntios 2.11. E o mapeamento espiritual
tão-somente ajuda-nos a fazer isso. Para mim é como dizer que
as cruzadas de toda uma cidade são bíblicas por serem um meio
de realizarmos evangelismo bíblico, ou que a Escola Dominical é
um meio bíblico legítimo de nutrir espiritualmente os crentes,
embora essas coisas nunca sejam mencionadas nas Escrituras.

O mapeamento espiritual é como as forças de espionagem


de um exército. Por meio dele, vamos até atrás das linhas
do inimigo, a fim de compreendermos os planos e as
fortificações do inimigo. Assim, fazemos... "espionagem
espiritual".

O mapeamento espiritual é como as forças de espionagem


de um exército. Por meio dele, vamos até atrás das linhas do
inimigo, a fim de compreendermos os planos e as fortificações
do inimigo. Assim, fazemos, conforme disse Kjell Sjöberg, no
quarto capítulo, "espionagem espiritual".
Vemos no Antigo Testamento um modelo de conquista de
cidades, por meio das experiências do povo de Israel. Os
israelitas primeiramente enviaram espias para aquilatar as
forças adversárias. No capítulo treze de Números, para
exemplificar, achamos os israelitas em posição de entrarem na
Terra Prometida. Moisés enviou até ali doze espias. Eles foram
munidos da autoridade de Moisés e de Deus. Eles receberam
instruções claras acerca daquilo que deveriam investigar. E eles
voltaram com as informações, juntamente com um relatório
negativo, segundo a opinião da maioria. Resultado? Quarenta
anos de perambulação pelo deserto!
E, então, no capítulo segundo do livro de Josué, os israelitas
receberam outra oportunidade de entrar na Terra Prometida.
Dessa vez, Josué enviou dois espias. Eles receberam autoridade.
Receberam instruções claras. Colheram as informações da parte
de um dos membros do acampamento inimigo, Raabe. E
trouxeram de volta as suas informações, sem o
acompanhamento de qualquer opinião pessoal. Resultado? A
conquista da cidade de Jericó!
No sétimo capítulo do livro de Josué, lemos que os israelitas
estavam prestes a conquistar a cidade de Ai. Eles também
enviaram espias, mas dessa vez havia pecado no acampamento
de Israel. Conforme Cindy Jacobs diria, eles "tinham buracos em
suas armaduras". Foram enviados em um momento errado,
deixaram-se enganar e trouxeram de volta um relatório
defeituoso. Resultado? Os israelitas foram derrotados!
Com base nessas e em outras passagens, tracei diversos
princípios a respeito do mapeamento espiritual, os quais,
conforme creio, são princípios bíblicos, a saber:
1. Precisamos alicerçar o nosso ministério sobre a Palavra de
Deus e a sua revelação.
2. Precisamos ter a certeza de que estamos vivendo em
santidade, antes de partirmos.
3. Precisamos ser enviados por Deus no tempo certo e com a sua
autoridade.
4. Precisamos efetuar a nossa pesquisa de acordo com as instru-
ções que nos são dadas na Bíblia.
5. Precisamos dar relatório sem opiniões pessoais ou
preconceitos.
6. Precisamos manter uma atitude de fé no poder de Deus.

UM NOVO DESAFIO: LA PLATA

Parcialmente, em resultado do ministério efetuado em


Resistência, a associação ministerial da cidade de La Plata
convidou a Harvest Evangelism para efetuar um novo projeto de
evangelismo de três anos, em associação com eles.
Esperávamos que as lições aprendidas na cidade de Resistência
nos ajudariam a fazer um trabalho ainda melhor em La Plata.
Para nós, a cidade de Resistência era como um laboratório
experimental onde, sob condições incomumente estressantes,
poderíamos submeter a teste de campo cada aspecto do nosso
plano. Nosso laboratório acabou mostrando-nos tanto pontos
fortes quanto pontos fracos. Uma coisa que pudemos aprender
foi que o sucesso de qualquer plano dessa ordem depende da
atitude dos pastores da cidade e da disposição das igrejas para
se atirarem a tal projeto. Pudemos concluir que a falta de
penetração em uma cidade, apesar do uso eficaz da
evangelização, tem um relacionamento direto com a condição
espiritual das igrejas.
Em La Plata, queríamos repetir aquilo que tínhamos feito
em Resistência e, ao mesmo tempo, evitar o que tinha saído
errado.
Acreditamos que os resultados permanentes de qualquer
esforço evangelístico em toda uma cidade dependem, em
proporção direta, do sucesso das batalhas espirituais em que os
crentes se tiverem empenhado naquela cidade. Ao mesmo
tempo, a vitória final dependerá da higidez espiritual interna das
igrejas. Para que as igrejas sejam saudáveis, os pastores e
outros líderes evangélicos precisam enfrentar com honestidade
quaisquer condições pecaminosas que possam dar margem à
atuação do diabo. As igrejas precisam aprender a usar as armas
espirituais que o Senhor deu à sua Igreja. Os crentes precisam
rejeitar qualquer forma ou aparência de rebeldia, contenda e
divisão.
Após três anos intensos de trabalho em Resistência, vimos
muitos sinais e maravilhas, vimos uma cidade abrir-se para a
pregação do evangelho de Cristo, vimos bastante melhoria
social, e nós mesmos passamos a ser melhor considerados aos
olhos dos incrédulos. Por outra parte, não conseguimos curar as
feridas causadas pela amargura, entre todos os pastores. Por
conseguinte, embora a unidade das igrejas tenha melhorado
consideravelmente, isso não tinha satisfeito plenamente os
desejos do coração de Deus. Alguns líderes não demonstraram a
coragem de declarar-se abertamente contra as fortalezas que o
inimigo havia implantado entre as igrejas. Em resultado disso, as
igrejas tornaram-se mais vulneráveis aos ataques espirituais do
que era necessário que fosse, e o projeto não se mostrou tão
bem-sucedido conforme nós havíamos esperado que fosse.
A guisa de nota de rodapé, estamos agradecidos que,
enquanto estamos escrevendo, a situação melhorou
enormemente, e que o Corpo de Cristo, em Resistência,
finalmente está chegando a um estado de unidade espiritual. Se
isso tivesse acontecido, digamos, dois ou três anos antes,
sentimos que teríamos podido ver muito mais fruto permanente
do que realmente vimos. Não obstante, o aumento de 102% no
número de pessoas que freqüentam a nossa igreja tem sido
alentador.

Mudando-nos Para La Plata

O plano de evangelização para La Plata deu continuidade


ao plano que Deus deu para Edgardo Silvoso, como estratégia
para conquistar a cidade para Cristo. Silvoso alicerça a sua
estratégia sobre quatro princípios fundamentais:
1. A unidade espiritual das igrejas de uma cidade
2. Poderosas orações intercessórias
3. Guerra espiritual em nível estratégico
4. Multiplicação de novas igrejas.

Declarou Peter Wagner: "A estratégia mais sofisticada para


a evangelização de uma cidade que existe no presente é a da
Harvest Evangelism, de Edgardo Silvoso".2 Para vermos como o
mapeamento espiritual ajusta-se ao inteiro desígnio
evangelístico, seja-me permitido sintetizar os seis passos
sugeridos por Silvoso para a conquista de uma cidade para
Cristo:

1. Estabelecer o perímetro de Deus na cidade

Definir quem e quantos formam o Reino de Deus na cidade.


Procurar o "remanescente fiel", ou seja, aqueles que se
comprometeram a pagar o preço necessário para começar o
reavivamento espiritual.

2. Fortalecer o perímetro

Reconhecer que o adversário infiltrou-se tanto na cidade


como nas próprias igrejas. Fortalecer e edificar os santos.
Discernir as fortalezas do inimigo. "Procurando diligentemente
guardar a unidade do Espírito no vínculo da paz" (Ef 4.3, V. R.).
Iniciar o movimento de oração e estabelecer casas de oração na
cidade.
3. Expandir o perímetro de Deus na cidade

Traçar planos específicos para ampliar o Reino de Deus na


cidade. Formular alvos e objetivos. Tirar proveito de cada
recurso disponível. Começar a treinar líderes e implantadores de
igrejas.

4. Infiltrar o perímetro de Satanás

Lançar um "ataque aéreo" de orações específicas de


intercessão estratégica, mediante centenas ou mesmo milhares
de casas de oração (células de oração), com o objetivo de
debilitar o controle de Satanás sobre os perdidos, reivindicando,
em lugar disso, condições favoráveis para o evangelho. Ao
mesmo tempo, começar a implantar igrejas embrionárias
(faróis), em antecipação a uma colheita abundante.

5. Atacar e destruir o perímetro de Satanás

Dar início ao "assalto frontal". Lançar a conquista espiritual


da cidade, confrontando, amarrando e derrubando as potestades
espirituais que governam a região. Proclamar a mensagem do
evangelho a todo habitante da cidade. Discipular os novos
crentes através dos "faróis" estabelecidos.

6. Estabelecer o novo perímetro de Deus, no que antes era perímetro


de Satanás

Batizar os recém-convertidos em um culto batismal


unificado, como uma declaração espiritual visível de vitória.
Continuar a discipular. Edificar as novas igrejas. Injetar a visão
missionária para que sejam evangelizadas outras cidades.
Repetir o ciclo!
Enquanto estou escrevendo, o plano acerca de La Plata
ainda não atingiu o seu ponto intermediário. Tudo começou em
1991, tendo como alvo ver 5% da população tornarem-se
crentes evangélicos, aí pelo ano de 1993. Isso significa que as
oitenta e cinco igrejas existentes em 1991 terão de aumentar
para trezentas igrejas, aí pelos fins de 1993. Até agora, mil e
setecentas casas de oração foram iniciadas, e muitos seminários
de treinamento intensivo têm sido efetuados. Em junho de 1992,
Cindy Jacobs visitou La Plata pela segunda vez. Por ocasião da
primeira visita de Cindy, ela efetuou um seminário sobre a cura
interior para os membros de igreja, os quais, em geral, não des-
frutavam de higidez espiritual excelente. Por ocasião da segunda
visita de Cindy, conforme detalharei mais adiante, ela conduziu
os pastores e os intercessores a começarem a assumir
autoridade espiritual sobre a cidade, intensificando o "ataque
aéreo".

COMEÇA O MAPEAMENTO ESPIRITUAL

De acordo com os planos evangelísticos de Edgardo Silvoso,


o mapeamento espiritual deveria ser feito, em sua maior parte,
antes do passo de número cinco, "Atacar e destruir o perímetro
de Satanás". Sob a minha orientação, a maior parte do
mapeamento espiritual tinha sido feita antes da visita de Cindy
Jacobs em junho.
Pouco tempo antes de meus familiares e eu nos mudarmos
de Resistência para La Plata, passei algum tempo dedicado à
oração Pedi que o Senhor me mostrasse a situação espiritual de
La Plata. Senti que o Senhor falava comigo, e, um tanto para
minha surpresa, dizia uma única palavra, "Maçonaria".
Imediatamente relembrei que um dos espíritos governantes
sobre Resistência, acerca do qual Cindy Jacobs e Dóris Wagner
tinham suspeitado, era um espírito territorial nacional, o espírito
da Maçonaria. Eu sabia bastante do papel desempenhado pela
maçonaria durante a libertação da América Latina dos
espanhóis, por meio de Simón Bolívar e José de San Martin. Além
disso, entretanto, eu não tinha qualquer conhecimento pessoal
acerca daquela ordem secreta, o que ela acredita ou faz.
Quando chegamos a La Plata, de imediato procurei e
entabulei relações firmes com os intercessores reconhecidos de
diversas igrejas. Sem que tivesse havido qualquer comunicação
entre eles, e sem que eu tivesse mencionado qualquer coisa,
três intercessores apresentaram-se como voluntários para dar-
me a informação que, nas orações que eles tinham feito
recentemente, tinham sido advertidos acerca do espírito de
maçonaria. Isso confirmou a mensagem que eu havia recebido
da parte do Senhor, enchendo-me de confiança para mover-me
ao longo dessa vereda em minhas pesquisas.

Os Fundadores de La Plata

Minhas pesquisas confirmaram que todos aqueles que


participaram na fundação da cidade de La Plata, pouco mais de
cem anos atrás, eram pertencentes à maçonaria. Dardo Rocha,
conhecido como o progenitor da cidade, foi um maçom de
elevado grau. Esses fundadores pertenciam à Loja Maçônica da
Argentina Oriental. O livro publicado pelo jornal El Dia, a fim de
comemorar o centésimo aniversário da fundação de La Plata,
disse: "A cidade de La Plata foi fundada a fim de fornecer refúgio
à família maçônica da Argentina Oriental".

Uma Cidade Planejada Para Glorificar o Adversário

Na página seguinte estou reproduzindo um mapa dos mil


duzentos e cinqüenta e quatro quarteirões do centro da cidade
de La Plata a fim de ilustrar o que parece ter sido o desígnio
intencional dos fundadores da cidade, ou seja, glorificar a
criatura, e não o Criador. O número-chave é o seis, número
proeminente do ocultismo, pois as praças estão espaçadas de
seis em seis quarteirões. O número seiscentos e sessenta e seis
aparece claramente em muitos dos edifícios públicos. No ponto
mais elevado da cidade fica a praça central, de onde partem os
dois principais bulevares diagonais, chamados Diagonal 73 e
Diagonal 74, apontados para os quatro pontos cardeais da
bússola. A cidade não acompanha os quatro pontos cardeais de
norte, sul, leste e oeste, conforme se dá com a maioria das
cidades latino-americanas, mas formando um ângulo de
quarenta e cinco graus, ou seja, em diagonal, de tal maneira de
as Diagonais, e não as ruas ordinárias, estão alinhadas com os
pontos cardeais. Conforme é fácil de perceber, as diagonais
formam pirâmides quase perfeitas.
No processo de estabelecer a nova cidade de La Plata,
Dardo Rocha visitou o Egito, a terra das pirâmides, como
também a antiga terra da maçonaria. Ali chegando, ele adquiriu
dezesseis múmias, presumivelmente com a intenção de ajudar a
fazer a cidade ficar sob o poder permanente de anjos negros.
Hoje, quatro dessas múmias estão guardadas no Museu de
Ciência Natural. Ninguém, de todas as pessoas com quem entrei
em contato, sabe onde ficaram as outras doze múmias. Contudo,
alguns historiadores suspeitam que elas jazem sepultadas em
pontos estratégicos da cidade, com o seu potencial de poder
oculto para influenciar o maior número possível de habitantes.

As Quatro Mulheres

Na praça central, denominada Praça Moreno, há quatro


grandes estátuas que, a princípio, parecem quatro mulheres
atrativas. Mas um exame mais de perto mostra que cada uma
das mulheres foi moldada com o sinal da maldição, ou seja, o
dedo indicador e o dedo mínimo de uma das mãos estendidos.
Uma dessas estátuas, que se acha na Diagonal 73, na direção
oeste, está apontando para a Catedral Católica Romana,
amaldiçoando assim o poder religioso da cidade. Uma segunda
estátua, na parte oriental da Diagonal 73, está segurando um
molho de trigo deformado em uma das mãos, enquanto que com
a outra amaldiçoa o solo, fonte de pão diário. A terceira estátua
fica no lado norte da Diagonal 74. Ela se acha em uma posição
sensual, oferecendo uma flor com uma das mãos, ao passo que
com a outra segura um buquê de flores, fazendo o sinal da
maldição. Ela está amaldiçoando tudo quanto está envolvido no
amor conjugal e na família. A quarta estátua fica no lado sul da
Diagonal 74, estendendo a mão na direção da prefeitura, a fim
de amaldiçoar o poder político da cidade.
Quando comecei a investigar a origem das quatro iníquas
estátuas, descobri que elas tinham sido escolhidas e pedidas de
um catálogo expedido pela Fundição Val D'Osme, em Paris,
França, uma fundição de propriedade de maçons e operada por
eles. E também descobri, para minha grande tristeza, que a
maioria das estátuas de praças por toda a Argentina foi
manufaturada pela mesma fundição maçônica.
Além disso, na praça central, e vindo da mesma fundição,
existem duas grandes urnas da tradição maçônica, com alças
com formato de rostos de demônios.
Depois de haver recolhido todas essas informações a
respeito do papel da maçonaria na fundação de La Plata, ainda
assim eu não sentia que já tinha descoberto a chave verdadeira
para que pudesse fazer o mapeamento espiritual da cidade.
Então consagrei-me à oração por diversos dias, pedindo que o
Senhor me mostrasse mais coisas. Um dia senti que o estava
ouvindo dizer-me: "A chave que estás procurando está
desenhada na planta baixa da cidade".

LA PLATA: UM TEMPLO DA MAÇONARIA?

Se examinarmos mais detidamente o mapa da cidade de La


Plata, começaremos a perceber que as formas geométricas do
traçado da cidade formam símbolos maçônicos, segundo se vê
nos três pontos abaixo:
1. O Compasso. A articulação do compasso maçônico, em
La Plata, é formada pela praça Rivadávia, nome do primeiro
presidente argentino, que era maçom, e pela praça almirante
Brown, nome do oficial militar que participou da revolução
argentina contra a Espanha, e que também era maçom. Os dois
braços do compasso descem pelas Diagonais 77 e 78.
2. O Quadrado. O lado de dentro do quadrado maçônico
forma um ponto em ângulo reto na praça San Martin, nome do
herói nacional da Argentina, que também era maçom. A parte
externa forma um ponto em ângulo reto com a praça Moreno,
onde também estão localizadas as quatro notórias estátuas de
que já falamos. Moreno foi uma figura-chave da revolução de
maio de 1810, e ele, igualmente, era maçom.
3. A Cruz Invertida. Conforme se observa no mapa, a cruz
invertida é formada por aquilo que se chama de "Eixo Histórico
da Cidade", e que contém os edifícios que abrigam os poderes
religiosos e políticos de La Plata. O ponto vertical da cruz com a
chefatura de Polícia, ao pé da cruz (parte superior do mapa, visto
que a cruz está invertida), atravessa a sede do governo da
província, o legislativo da província, o teatro Argentino, a
prefeitura, a catedral Católica Romana, o Ministério da Saúde e
termina com o quartel do exército. No lado esquerdo da barra
transversal fica o tribunal, e no lado direito dela, o Ministério da
Educação.
Um dos princípios de um governo democrático consiste em
manter os ramos do governo independentes uns dos outros. Mas
já descobri que muitas cidades planejadas pelos maçons contam
com túneis subterrâneos secretos, interligando esses vários
ramos. Em La Plata, a rua 52, também chamada de Eixo
Histórico da Cidade, não tem uma rua de superfície, e, sim, um
túnel subterrâneo. Alguns dizem que os maçons costumavam
efetuar ritos secretos debaixo dos centros de poder da cidade,
exercendo assim uma espécie de controle espiritual sobre o
povo, até onde isso era possível.
Visto que os maçons não acreditam que o sangue de Jesus,
vertido no Calvário, é o único pagamento pelos nossos pecados,
assim sendo, o caminho exclusivo para a salvação, parece, por
meio do mapa, que o "X" formado pelas Diagonais 73 e 74, as
diagonais principais, cruza ou cancela a cruz. Essas diagonais
cruzam-se bem era cima da pedra fundamental da cidade, no
centro da praça Moreno. Conforme alguns dizem, ali está contida
a cápsula do tempo da maçonaria, implantada naquele ponto da
cidade pelo próprio Dardo Rocha.
Embora eu não os tenha destacado no mapa, também
encontrei outros símbolos maçônicos, no traçado das ruas da
cidade, como a Estrela Oriental, o pentagrama, e outros.
Símbolos adicionais também existem sob a forma de estátuas e
monumentos espalhados por toda a cidade.
Depois de ter feito mais algumas pesquisas, nos Estados
Unidos da América, no começo do ano de 1992, agora estou
preparado para oferecer a hipótese que La Plata bem pode ter
sido a epítome das cidades planejadas pela maçonaria. Também
não me sentiria surpreso se a própria cidade fosse considerada
como um templo da maçonaria, em todo o continente da
América.

Que é a Maçonaria?

Meus estudos têm indicado que a maçonaria é um


movimento secreto do ocultismo, que adora e serve a Satanás e
os poderes demoníacos. A maçonaria usa quaisquer meios
disponíveis para obter poder, autoridade e influência sobre as
atividades humanas. Compõe-se de uma combinação de muitas
crenças e tem raízes no antigo Egito, passando depois disso pela
Assíria, pela Caldéia, pela Babilônia, pela China, pela Índia, pela
Escandinávia, por Roma e pela Grécia.
Muitas pessoas juntam-se à maçonaria por pensarem que
ela é uma associação fraternal e benevolente. Enquanto seus
membros vão subindo de grau em grau, a demonização
provavelmente vai-se acentuando, e nos graus superiores há
pactos francos e irreversíveis, estabelecidos com Satanás e as
suas forças. O resultado final, na maioria dos casos, não tem
nada de benévolo, mas tão-somente ajuda a Satanás a realizar
os seus objetivos, que são roubar, matar e destruir.
Uma das conseqüências modernas da maçonaria está
vinculada ao crescente movimento da Nova Era. De fato, a New
Age Magazine (Revista da Nova Era) é publicada pelo Supremo
Concilio Mãe do Mundo, o Supremo Concilio do Grau Trinta e Três
e Final, do Antigo e Aceito Rito Escocês da Maçonaria, Jurisdição
Sul dos Estados Unidos da América, cuja sede fica em
Washington, D. C.

Os Poderes Que Dominam La Plata

Por meio de nosso estudo sobre a maçonaria e suas


crenças, sentimos que descobrimos a presença de seis
principados espirituais do mal que governam La Plata. Esses
espíritos territoriais são os seguintes:
1. O Espírito de Sensualidade. Exibido no comum
simbolismo fálico da maçonaria.
2. O Espírito de Violência. Arraigado nos métodos de
punição que cercam os ritos de iniciação da maçonaria.
3. O Espírito de Feitiçaria. Manifestado nas artes
mágicas e nas intrigas da maçonaria.
4. O Espírito da Morte em Vida. Relacionado às lendas
egípcias sobre Osíris, e perpetuado em La Plata por meio dos
rituais de sepultamento de múmias, com a finalidade de
amaldiçoar a cidade.
5. A divindade maçônica Jah-Baal-On: Este é o valente
que domina a cidade.
6. A Rainha do Céu. Manifesta-se primariamente na
adoração à Virgem Maria, e talvez relacionado, por meio da
maçonaria, à antiga deusa egípcia Ísis.

Muitas linhas geométricas da cidade, sem dúvida,


constituem linhas de poder das artes ocultas. O Eixo Histórico de
La Plata, onde deveria estar a rua 52, serve de exemplo
primário. Outra dessas linhas é a Diagonal 74, que vai através da
praça central, onde estão localizadas as quatro estátuas, através
de muitas praças importantes, através da localização de uma
colônia afro-brasileira, que pratica abertamente a macumba e as
maldições de morte, e terminando no cemitério, um evidente
símbolo da morte.

ASSUMINDO AUTORIDADE SOBRE LA PLATA

Houve um ano de mapeamento espiritual e de muitas


outras atividades preparativas, incluindo um seminário de curas
internas que cobriu a cidade inteira, a formação de uma
poderosa teia de intercessores, muitas reuniões de oração de
pastores e o estabelecimento de mil e setecentas casas de
oração. Aí por junho de 1992, os pastores da cidade sentiram
que era chegado o tempo da primeira batalha espiritual contra
as forças satânicas predominantes em La Plata. Cindy Jacobs,
muito bem respeitada entre os líderes evangélicos argentinos,
por motivo de seus dons espirituais e de seu ministério em que
ela orienta os pastores para conquistarem as suas cidades
respectivas para Deus, visitou La Plata, a fim de participar do
ataque.
Os pastores adotaram como texto diretriz a passagem de 2
Crônicas 7.14: "Se o meu povo, que se chama pelo meu nome,
se humilhar, e orar, e buscar a minha face, e se converter dos
seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os
seus pecados, e sararei a sua terra".
Os crentes da cidade reuniram-se em uma das principais
igrejas. Durante quatro horas, as igrejas de La Plata oraram
fervorosamente pela cidade, pedindo perdão por causa das
iniqüidade da comunidade e por causa dos pecados que estavam
sendo cometidos. Os líderes rogaram humildemente a Deus que
apagasse as conseqüências do pecado e removesse a maldição
de cima da cidade. Também oraram por aqueles que tinham sido
ofendidos pelos líderes políticos e pelas estruturas sociais
injustas, bem como por aqueles que tinham sido ofendidos pelas
igrejas e pelos líderes eclesiásticos. Arrependeram-se da
presença da maçonaria na cidade, e por ter sido a cidade
entregue a Satanás. Derramaram os seus corações, pedindo
perdão por toda forma de pecado sexual, pela violência na
cidade (especialmente durante a era terrorista), pela opressão
militar, pela adoração ao principado conhecido como .Rainha do
Céu, e, então, pela bruxaria e feitiçaria. Finalmente, voltaram-se
contra o espírito de morte em vida, com a resultante apatia
predominante entre o povo.
Após um prolongado período de humilhação e
arrependimento, com o derramamento de muitas lágrimas, os
crentes sentiram-se prontos a proclamar: "Agora é chegado o
tempo de Deus para abençoar La Plata!"
Após aquele notável evento, e sentindo que Deus havia
dado resposta às nossas orações, que pediam livramento e
perdão de pecados, vinte pastores e diversos intercessores
reuniram-se com Cindy Jacobs e o marido dela, Mike, para
planejarem uma estratégia para declararem batalha na praça
central de La Plata, a praça Moreno. O resto do grupo ficou para
trás, orando pela nossa proteção. Ficou decidido que os pastores
orariam de dois em dois, na praça Moreno — o primeiro pastor
quebraria o poder do espírito e o segundo invocaria o espírito
contrário, bem como o dom remidor de Deus, utilizando-se das
Escrituras. Um por vez, eles oraram:

1. Contra o Espírito de Sensualidade. Os pastores


orariam de pé, por sobre a pedra fundamental da cidade, na
Diagonal 73, voltados para nordeste, na direção da Europa, de
onde vieram os primeiros colonos para aquela área, quase todos
eles criminosos e prostitutas.

2. Contra o Espírito de Violência. Os pastores orariam


na Diagonal 73, voltados para oeste, olhando para o interior da
nação, onde ataques cruéis foram desfechados contra a
população indígena, causando muito derramamento de sangue e
a extinção de algumas das tribos.

3. Contra o Espírito de Feitiçaria. Os pastores orariam


na Diagonal 74, voltados para o norte, na direção do Brasil, de
onde veio o baixo espiritismo afro-brasileiro da macumba.

4. Contra o Espírito da Morte em Vida. Os pastores


orariam na Diagonal 74, de rostos voltados para o sul, na direção
do cemitério, símbolo da morte.

5. Contra o Espírito da Rainha do Céu. Os pastores


orariam de frente para a Catedral Católica-Romana,
representante do culto à adoração à Virgem Maria, ou melhor, à
Rainha do Céu.

6. Contra a divindade maçônica Jah-Baal-On. Os


pastores orariam de pé sobre a pedra fundamental da cidade,
contra esse espírito que era o valente que predominava sobre a
cidade.
Começamos a orar às seis horas da tarde, acreditando que
o número seis é importante, e oramos na ordem dada acima.
Sentimos que Deus nos deu alguns sinais significativos enquanto
estivemos ali. Para exemplificar, quando começamos a orar
contra o espírito da violência e da destruição, os sinos da
prefeitura ficaram tocando, sem qualquer motivo aparente.
Tínhamos visto fenômeno idêntico tanto em Mar del Plata quanto
em Resistência, pelo que interpretamos que isso seria um sinal
divino. Mais tarde fomos informados que, naquele exato
momento, em que estávamos amarrando o espírito da violência,
manifestaram-se demônios em um rapaz que praticava as artes
marciais. Ele deu um salto de 2,70m no ar, chocou a cabeça
contra uma parede e começou a quebrar mesas e cadeiras. Os
crentes que assistiram à cena oraram por ele, rogando a Deus
que o livrasse, e o jovem foi libertado daquele ataque satânico.
Mais tarde, estando de pé sobre a pedra fundamental da
cidade, no centro da praça Moreno, voltamo-nos contra o espírito
da maçonaria, e sentimos liberdade, no Espírito Santo, para
quebrar as maldições postas sobre as linhas diagonais no
traçado da cidade. Proclamamos que haveria uma nova cidade,
tendo a Jesus Cristo como a pedra fundamental da cidade de La
Plata. Então nos arrumamos de modo a formar uma cruz, no
centro da praça, por sobre a pedra fundamental da cidade,
elevando Jesus sobre a cidade e restaurando a cruz, não de
cabeça para baixo, mas que servisse de símbolo de salvação
para a cidade de La Plata.

CONCLUSÃO

Ainda dispomos de muitos meses em nosso esforço


evangelístico em favor da cidade de La Plata. Acreditamos que
os resultados ainda serão maiores do que em Resistência.
Enquanto concluo este capítulo, estamos em meio a uma
cruzada evangelizadora pela cidade inteira, em companhia de
Carlos Annacondia, um dos mais poderosos evangelistas de
Deus. Mui significativamente, a cruzada está sendo efetuada no
quartel-general do exército, exatamente ao pé da cruz invertida
(naquilo que seria o topo da cruz posta na sua posição correta).
Regozijo-me diante daquilo que está acontecendo e diante
daquilo que continuará acontecendo, bem como devido ao
privilégio de estarmos fazendo uma pequena contribuição para a
ampliação do Reino de Deus, mediante o mapeamento espiritual.

Perguntas para refletir

1. Alguns acharão difícil acreditar que Víctor Lorenzo realmente


tenha visto um anjo. Você acha que isso é possível? Você conhe-
ce pessoalmente alguém que viu um anjo?
2. Reveja os seis princípios postulados por Lorenzo quanto ao
mapeamento espiritual, dados à página 177. Apresente uma ra-
zão pessoal, sua, para cada princípio.
3. A estratégia de Edgardo Silvoso de evangelismo por toda uma
cidade incorpora a guerra espiritual em nível estratégico e o
mapeamento espiritual. Você conhece qualquer outra estratégia
para cidade inteira que faça isso?
4. Estude o mapa de La Plata. Certifique-se de que pode detectar
as características descritas por Lorenzo. Por que alguém haveria
de querer planejar uma cidade de acordo com os padrões própri-
os do ocultismo?
5. Qual é a influência que a maçonaria exerce sobre a sua
própria comunidade? Como isso é percebido pelo público em
geral? e pela comunidade cristã?

Notas

1. DAWSON, John. Taking Our Cities for God [Reconquiste Sua


Cidade Para Deus - Ed. Betânia]. Lake Mary, FL, Creation House,
1989. p. 85.
2. WAGNER, C. Peter. Oração de Guerra. Editora Bompastor.
Parte III:

APLICAÇÃO

8. MAPEANDO E DISCERNINDO SEATTLE,


WASHINGTON

Por Mark McGregor e Bev Klopp

Mark McGregor é um programador de computadores que


vive em Seattle, estado de Washington. Ele está fazendo cursos
no centro de extensão do Seminário Teológico Fuller, em Seattle.
Bev Klopp é fundadora da Gateway Ministries, que ajuda as
igrejas nos campos da oração estratégica, da guerra espiritual e
do evangelismo, em suas cidades. Sendo uma bem conhecida
intercessora, Bev é membro da equipe de intercessores que
servem a Spiritual Warfare Network e a United Prayer Track do
Movimento A.D. 2000 e Além.

Primeira Seção
MAPEANDO SEATTLE
Por Mark McGregor

Este documento está calcado sobre as vinte perguntas que


aparecem no livro de John Dawson, Reconquiste Sua Cidade Para
Deus.1 O propósito dessas vinte perguntas, de acordo com o
próprio John Dawson, é examinar a história de uma cidade ou
país, a fim de ajudar a determinar duas coisas: (1) áreas de
pecados passados que requerem arrependimento e perdão, e (2)
os dons remidores dessa cidade. Mas por que isso é importante?
Antes de tudo, Dawson assevera que os pecados passados
de uma cidade ou nação podem franquear a região para as
influências espirituais demoníacas, mantendo a sua população
sujeita à escravidão espiritual.
Em segundo lugar, Dawson garante que Deus tem dado
certos "dons" remidores a cada cidade, e que o inimigo tenta
perverter esses dons, para impedir que essas cidades produzam
fruto espiritual. Dawson acredita que os líderes evangélicos
precisam descobrir tanto os pecados passados quanto os dons
remidores de suas cidades, a fim de quebrarem os poderes que
escravizam uma cidade, e para que haja um avanço para que se
estabeleça um verdadeiro meio ambiente espiritual, conforme
era a intenção original de Deus.

1. Que lugar ocupa a sua cidade na história de uma nação?

O território de Washington veio a tornar-se uma realidade


quando a Inglaterra e a América do Norte decidiram que
resolveriam a questão das fronteiras nacionais. A América do
Norte reivindicou e recebeu tudo entre o paralelo 48 e o rio
Colúmbia, com exceção da ilha Vitória. Os primeiros colonos
chegaram à área de Seattle no começo da década de 1850,
tendo migrado do território de Oregon. As primeiras indústrias
exploraram os couros e a madeira. As peles de lontra seguiam
para a China e a madeira ia para a cidade de São Francisco, que
estava em grande período de progresso por causa da corrida do
ouro.
A cidade de Seattle começou a desenvolver-se após a
Guerra Civil norte-americana. A cidade não desempenhou
qualquer papel durante a guerra, embora, devido à sua postura e
à lei, não fosse um território escravocrata. O crescimento
ocorreu aos arrancos, visto que a região não dispunha de
qualquer indústria forte e estável. A descoberta do ouro,
primeiro no Fraser, e depois no Yukon, ajudou Seattle a crescer,
visto que era um ponto natural de parada para quem viajava
pela costa marítima. Tornou-se, e até hoje é, o maior ponto de
transbordo entre o estado do Alasca e os demais estados, que
formam um bloco.

É importante examinar a história de uma cidade ou país, a


fim de ajudar a determinar: (1) áreas de pecados passados
que requerem arrependimento e perdão, e (2) os dons
remidores dessa cidade ou país.

Seattle cresceu como cidade industrial e como entreposto


de comércio, que dirigia companhias de navegação que a
ligavam com o Alasca e com o Extremo Oriente. A construção de
navios e o fabrico de aviões tornaram-se duas grandes
indústrias. Durante a Segunda Guerra Mundial, Seattle tornou-se
uma das principais cidades a destacar-se no esforço de guerra,
por causa de sua localização estratégica à beira do oceano
Pacífico, e também por causa do impacto da Corporação Boeing.
É provável que esse período tenha sido o tempo mais
significativo para Seattle, durante a história moderna.

2. Houve alguma imposição de nova cultura ou de idioma, por causa


de conquista?

Sim, embora a palavra "conquista" talvez não seja o melhor


termo para descrever os acontecimentos.
Quando o homem branco chegou àquela região, as tribos
indígenas pertenciam ao grupo de línguas costeiras salish. E a
cultura dos índios estava centrada em torno das atividades da
caça e da coleta, que tinha por centro a pesca de salmões.
Juntamente com o homem branco veio a influência das culturas
espanhola, francesa, inglesa, norte-americana e russa. Foi assim
que se desenvolveu uma língua intermediária, o chinuque, uma
combinação de salish, francês e inglês. Muitos indígenas,
incluindo o chefe Seattle, não apreciavam esse idioma, mas os
brancos recusavam-se essencialmente por aprender o salish, e
geralmente só se comunicavam em inglês, e, só muito
ocasionalmente, em chinuque.
A chegada das culturas do homem branco também indicou
o começo do fim da cultura indígena, além do que muitas tribos
foram dizimadas. Enfermidades trazidas pelo homem branco
mataram milhares de índios. A pesca, como meio de vida, foi
substituída pela exploração da madeira, pela construção e por
outras formas de trabalho manual. Os índios começaram a viciar-
se nas bebidas alcoólicas. Desapareceu o estilo de vida indígena
comunitária, que preferia as casas longas. Em muitas áreas, a
cultura indígena tinha sido de tal modo desarraigada que os
antropólogos e sociólogos da atualidade estão encontrando
muita dificuldade para reconstruir o estilo de vida tribal original.
Para exemplificar, a tribo duwamish estava localizada quase na
mesma área onde Seattle foi originalmente estabelecida. A
cultura deles foi obliterada por inteiro. Aqueles índios não
receberam quaisquer terras, e não mais existem como uma
unidade tribal distinta em nossos dias.
Essa imposição de idioma e de cultura até hoje é motivo de
ressentimento, de diversas maneiras. Os índios continuam
vivendo em reservas e têm procurado recuperar a sua herança
cultural. Os conflitos continuam, a despeito dos direitos dos
índios de caçarem e pescarem, da mesma maneira que os seus
antepassados costumavam fazer. Uma forte área conflitante é o
direito que os índios têm de lançar as suas redes de pesca no
oceano e nos riachos que circundam a área de Seattle. Algumas
tribos têm procurado restabelecer suas festividades pagãs que
honravam o deus salmão, que era a figura central de muitas
cerimônias religiosas.

3. Quais eram as práticas religiosas dos antigos habitantes do lugar?

O grupo dos indígenas salish ocupava o extremo sul das


chamadas "tribos de postes-tótemes". Suas práticas e crenças
religiosas são similares às práticas da maioria dos grupos nativos
que ocupam a costa do Alasca. O líder religioso da comunidade
era um xamã, considerado dotado de grandes poderes nas áreas
da bênção, da maldição e da cura de doenças. A posição de um
xamã era validada por um encontro inicial com um espírito guia,
cuja identidade era mantida secreta. Os xamãs podiam ser do
sexo masculino ou do sexo feminino, e o poder não passava,
necessariamente, de pai para filho. O que emprestava validade e
era a chave para que alguém se tornasse um xamã era aquele
encontro inicial com um espírito.
O encontro espiritual não se limitava aos xamãs. Pessoas
"comuns" também buscavam a orientação de espíritos para guiá-
las por toda a vida. Com freqüência, os espíritos guiavam uma
pessoa a alguma vocação específica, como o fabrico de canoas.
Os artesãos mais habilidosos eram considerados homens
dotados de algum guia espiritual. Esse espírito guia usualmente
aparecia sob a forma de algum animal. Um exemplo disso eram
os entalhadores de madeira, cujo espírito guia geralmente
aparecia com a forma de um pica-pau. Sempre que uma pessoa
ouvia o som típico feito por um pica-pau, entendia que o espírito
estava nas proximidades, observando o trabalho que estivesse
sendo feito.
Um espírito guia geralmente era encontrado após algum
tempo de jejum e oração. As pessoas interessadas se
purificavam cerimonialmente, privando-se de alimentos e
buscando algum tipo de encontro com o mundo dos espíritos.
Com freqüência, entravam em um estado de transe, durante o
qual tinham um encontro com o seu espírito guia.
Os deuses dos índios salish pareciam ser um tanto
impessoais e distantes. Grande parte dos benefícios outorgados
aos seres humanos (como o fogo, instrumentos e assim por
diante) viriam através do espírito cheio de truques que era
pintado como se fosse um corvo ou um coiote. Esse espírito de
truque dava às pessoas coisas que supostamente elas não
deveriam ter. Deus não seria um ser necessariamente amigável,
mas esse espírito enganador, sim, seria amigável.
A principal cerimônia religiosa do ano girava em torno da
volta do salmão. Os indígenas mostravam o maior respeito pelo
salmão, mesmo porque o salmão era uma de suas principais
fontes de alimentos. O primeiro salmão a ser apanhado em um
ano era levado à aldeia, em meio a um cerimonial, e, ali
chegando, através de rito especial, os índios agradeciam aos
espíritos a volta do peixe.
Outro ato cerimonial que não era necessariamente religioso
mas que era extremamente importante para os índios era o
"potlatch". Quando isso sucedia, o hospedeiro oferecia uma
grande festa para os seus convidados, onde não somente havia
festejos, mas também havia intensa troca de presentes. Esse ato
cerimonial era validado pelo ato de presentear. Duas razões
principais para o "potlatch" eram: (1) a autoglorificação — pois o
hospedeiro demonstrava assim as riquezas e a posição de sua
família; e (2) era obrigatório recompensar com outros presentes.
Os presentes dados de volta eram o "atrativo" maior da
cerimônia do "potlatch". Para não se sentirem diminuídos mas
manterem a glória da família, os convidados sentiam-se na
obrigação de oferecer uma festa similar, com presentes maiores
e melhores ainda. Por essa razão, os ricos ficavam cada vez mais
ricos, e os pobres ficavam cada vez mais pobres. De acordo com
uma outra forma de "potlatch", em vez de dar presentes, o
hospedeiro destruía as suas possessões, a fim de demonstrar a
sua grandeza. Em vez de compartilhar, o indivíduo destruía. Essa
destruição podia incluir até mesmo os atos de matar ou aleijar
escravos.
Uma área final de prática religiosa diz respeito aos mortos.
Os espíritos dos antepassados eram grandemente temidos. As
tribos mostravam-se muito cuidadosas no sepultamento e
honrarias prestadas aos mortos, a fim de que os seus espíritos
não voltassem para assombrar a tribo. Uma das crenças era que
proferir o nome de uma pessoa morta a fazia ficar
"desassossegada" no sepulcro. Por conseguinte, deve ser
considerado uma grande ameaça ao grande chefe Seattle o fato
que a cidade recebeu o nome dele, porque, cada vez em que o
nome dele é proferido, isso o afeta no além-túmulo. Com
freqüência, os locais de sepultamento eram adornados com
entalhes e fetiches, o que, em minha opinião, parece algo
repelente e feroz.

4. Houve tempo em que surgiu uma nova religião?

Não, até onde sou capaz de dizer. Os antropólogos


especulam que o xamanismo veio da Ásia, e que foi a forma
dominante de religião entre os ameríndios, até à chegada do
cristianismo.
5. Sob quais circunstâncias o evangelho entrou pela primeira vez na
cidade?

Em 1852, o bispo Demers efetuou a primeira cerimônia


religiosa da cidade, e quase todos os habitantes fizeram-se
presentes. Naquele mesmo ano, o pastor Benjamim Close, um
metodista, efetuou os primeiros cultos protestantes na colônia
de Seattle. O pastor Demers estava indo para Fort Victória, e
Close vivia em Olímpia, pelo que foram apenas cultos efetuados
em ocasiões de visita.
O primeiro ministro residente, que trabalhou por tempo
integral em Seattle, chegou no outono de 1853. O pastor David
Blaine e sua esposa, Catarina, estabeleceram a primeira igreja,
uma congregação Metodista Episcopal. Foram bem acolhidos e
patrocinados por Arthur Denny, que proveu uma residência
inicial para eles. Ele e sua esposa perfizeram dois terços da
congregação inicial. Essa foi a única igreja na área, durante mais
de dez anos.
Os Blaines não deixaram uma impressão profunda e
duradoura em Seattle. De acordo com os padrões da parte
oriental dos Estados Unidos, Seattle não era uma comunidade
religiosa. Um claro problema que envolvia o Rev. Blaine era a
sua atitude para com a população indígena. Em uma carta que
escreveu para sua terra de origem, ele disse basicamente que
era impossível ajudar os índios, e isso por causa destes pontos:
(1) a barreira da linguagem; (2) o comportamento pecaminoso
deles; e (3) o contexto social deles.
Desde o começo de 1856 até os fins de 1860, Seattle não
contou com um ministro evangélico residente. As reuniões
evangélicas eram efetuadas a cada duas semanas, na igreja
metodista. Nos fins de 1860, chegou o pastor Daniel Bagley,
vindo do estado de Oregon. Ele era um implantador de igrejas,
tendo implantado vinte igrejas nos estados de Oregon e de
Washington. Bagley tornou-se um dos principais fundadores da
segunda geração de habitantes da cidade, além de ter servido
de instrumento na formação da primeira universidade iniciada na
cidade de Seattle (mais tarde, Universidade de Washington). Ele
também era maçom, juntamente com vários outros fundadores
da cidade.
Ministros adicionais começaram a chegar, a partir de 1865,
quando os episcopais de Olímpia chegaram à cidade e iniciaram
uma congregação. Os presbiterianos chegaram em 1866, na
pessoa do pastor George Whitworth, que também se tornou
industrial junto com o Rev. Bagley. Naquele estágio inicial, as
igrejas cooperavam harmoniosamente umas com as outras —
duas igrejas e quatro pastores que representavam quatro
denominações. Assim, dois pastores trabalhavam em cada
igreja, alternando-se nos deveres da pregação, e basicamente
sem criarem qualquer problema uns com os outros. Os católicos
romanos chegaram em 1867, os congregacionais e os batistas,
em 1869. O ministro batista era o pastor Edward Hanford, que foi
um dos grandes primeiros líderes espirituais de Seattle.
O chefe Seattle, o famoso líder índio, no seu discurso de
assinatura de um tratado, provavelmente foi quem melhor
articulou a posição dos índios, no tocante ao Deus do homem
branco. Uma parte de seu discurso dizia: "O Deus de vocês não é
o nosso Deus. O Deus de vocês ama o povo de vocês, mas odeia
o meu povo. Ele abraça com amor e proteção os caras pálidas...
mas esqueceu-se de seus filhos de pele vermelha, se é que
realmente são seus filhos. Nosso Deus, o Grande Espírito,
também parece ter-se esquecido de nós". Se o chefe Seattle
conseguiu dizer alguma coisa, disse que a Igreja não consegue
apresentar um quadro veraz de Deus. Infelizmente, o que os
índios viram foi que o Deus dos homens brancos lhes ensinava a
ganância, o assassinato e a luta pelo poder espiritual. Eles viam
a invasão do homem branco como uma luta de poder espiritual,
na qual o Grande Espírito teria saído perdendo.

6. O governo nacional ou da cidade já se desintegrou alguma vez?

Sim, quanto a certa maneira de dizer. O primitivo governo


da cidade era extremamente corrupto. Henry Yesler, um
proeminente proprietário de uma madeireira, conservou-se em
forte posição de autoridade durante muitos daqueles primeiros
anos, tendo usado a sua influência para encher de dinheiro os
bolsos, às custas da cidade. Essa corrupção inicial exigiu que a
cidade começasse tudo de novo, depois que Yesler perdeu a sua
posição de autoridade. As técnicas fraudulentas de Yesler tinham
levado a cidade à beira da bancarrota, por diversas vezes.

7. Qual foi o estilo de liderança dos governos passados?

O estilo de governo de Seattle geralmente tem girado em


torno da filosofia dos negócios, antes de qualquer outra coisa.
Em muitos sentidos, os negócios têm dirigido o governo,
havendo poucas regras no mundo dos negócios. Conforme já
pudemos mencionar, Henry Yesler, durante muitos anos, foi
quem exerceu autoridade no governo de Seattle. Nessa posição,
ele não foi nem honesto e nem justo. Ele favorecia dirigir outras
pessoas por meio dos negócios, dominando com o seu negócio
diversos outros negócios. Quando alguém propunha algo que
poderia beneficiar a outrem, e não a ele, então com freqüência
ele vetava o projeto, ou então afunilava fundos para outras
finalidades.
Yesler é a mais antiga epítome de riquezas e abastança que
pervertia a justiça, a eqüidade e o interesse pelas pessoas.
O período entre 1900 e 1920 foi um período crucial para dar
forma à cidade de Seattle. Foi apresentada a decisão, diante dos
eleitores, se a cidade de Seattle deveria fechar as suas portas
para os jogos, o alcoolismo e a prostituição. A votação ficou
oscilando para cá e para lá, mas no fim Seattle continuou como
cidade aberta a esses vícios, embora não tão aberta quanto
tinha sido durante a corrida do ouro do Yukon. Naquele tempo, o
governo e a força policial viviam moralmente maculados pelo
suborno e pela corrupção.

8. Já houve alguma guerra que afetasse essa cidade?

O efeito primário da guerra sobre Seattle foi a prosperidade


econômica. De várias maneiras, as duas guerras mundiais
ajudaram a fazer prosperar as indústrias de construção naval, de
aviões, de manufaturas e de navegação.
9. A própria cidade foi palco de alguma batalha?

Uma pequena batalha entre os índios ocorreu em torno de


1856. A cidade de Seattle ficou em estado de alerta, e houve
então um pequeno entrevero. Foram mortos dois residentes
brancos da cidade, e um número muito maior de índios. Os
índios desfecharam o ataque por causa de um tratado cujas
promessas não tinham sido cumpridas por parte do homem
branco. Os historiadores acreditam que Seattle sobreviveu a
essa batalha somente porque os índios atacaram a cidade mui
tardiamente, o que permitiu que os habitantes da cidade
solicitassem reforços. Essa ajuda chegou sob a forma de um
barco armado da marinha, que bombardeou os índios e causou a
maior parte das perdas de vida entre os índios.

10. Quais nomes têm sido usados para rotular a cidade e quais os
significados desses nomes?

A Cidade Esmeralda. Essa alcunha é melhor entendida


quando se examina o meio ambiente de Seattle. A cidade é
cercada de árvores perenes, além de estar cercada por lagos e
montanhas. O nome reflete esse aspecto luxuriante de Seattle;
entretanto, o título também poderia representar as riquezas e a
abundância da região.

11. Por que a cidade foi originalmente fundada?

Parece que no começo Seattle foi ocupada pelos índios por


causa da riqueza de seus recursos naturais e por causa do seu
clima. Embora o céu por muitas vezes costume ficar nublado, a
temperatura raramente cai abaixo da temperatura de
congelamento em qualquer período de tempo no inverno, e a
neve é ali infreqüente e de pouca duração.
O homem branco chegou ali com o propósito de fazer
dinheiro, por meio de negócios. Os primeiros homens de
negócios chegaram a caminho da China, ali negociaram com
peles de lontras e descobriram que poderiam fazer uma fortuna
vendendo estas peles aos chineses. Os primeiros colonizadores
enfocaram a atenção sobre os negócios com os índios, de quem
obtinham as peles, a fim de transportá-las à China. Esse período
durou pouco tempo, pois não demorou muito para as lontras
rarearem muito, chegando mesmo à beira da extinção.
Arthur Denny e seu grupo (os fundadores) chegaram ali à
procura de um local próprio para a fundação de um porto, onde
pudessem abrir vias de comércio com o Extremo Oriente. Esses
homens de negócios, que estavam procurando uma localização
apropriada para ganhar muito dinheiro, descobriram que aquele
local era uma ilha um tanto alagadiça, mas com um porto de
águas profundas, de fácil acesso para a madeira e outros
recursos naturais. Grande parte dos negócios originais eram
fechados originalmente com a cidade de São Francisco, que era
a principal cidade afetada pela corrida do ouro da Califórnia.
Seattle era um local apropriado para plantio de cereais e para o
embarque de madeira, da qual a cidade de São Francisco pre-
cisava desesperadamente.
Os recém-chegados posteriores geralmente aportavam com
a idéia fixa de enriquecer. A cidade tinha por habitantes
primariamente pessoas pertencentes à classe média. Muitas
pessoas, na verdade, acabaram enriquecendo, e assim as
classes abastadas tinham raízes sólidas na classe média. As
oportunidades para negócios abundavam, envolvendo madeira,
manufaturas diversas e criação de gado. A cidade cresceu a uma
taxa admirável, até que, na década de 1920, chegou a um
patamar onde o crescimento estacionou, até aos anos de grande
progresso, durante a Segunda Guerra Mundial.

12. A cidade teve um fundador? Qual era o sonho dele?

Seattle foi fundada por Arthur Denny, Carson Boren e


William Bell. Esse grupo localizou o canal de águas profundas e
planejou a localização original da cidade. Charles Terry tinha
originalmente escolhido ocupar o lado oposto da baía, em Alki,
mas não demorou muito para vender algumas terras, e acabou
mudando-se para Seattle propriamente dita.
O sonho de Arthur Denny era estabelecer um lar seguro
para a sua família. Ele estava interessado em edificar uma
comunidade sólida para o futuro. Seu grande alvo não era
tornar-se rico, mas contar com uma sólida comunidade, baseada
no comércio e em uma população forte. Denny era homem de
grande integridade e honestidade, e era muito respeitado na
comunidade. Ninguém podia consumir bebidas alcoólicas em
suas empresas ou em suas terras. Ele foi um fator importante no
estabelecimento de escolas (incluindo a universidade de Wa-
shington), como também na primeira igreja evangélica. Era
considerado por todos, inclusive pelos índios, homem cumpridor
de sua palavra. Entretanto, ninguém daquela época escreveu
que gostava de Denny. Ele era homem respeitado, honesto e
probo — mas ninguém gostava dele.
Não obstante, uma forte característica negativa de Denny,
que acredito refletir-se em Seattle até hoje, também precisa ser
mencionada. Apesar de todos os seus valores de integridade,
Denny parece ter sido basicamente homem de inação no tocante
às questões morais. Até onde sou capaz de dizer, ele não fazia
oposição decidida contra os erros morais que ocorriam
regularmente ao seu derredor. Ele só pensava nos seus próprios
negócios. Essa atitude parece ter permeado a cidade nos seus
dias, e assim continua a ser até o presente.

13. Como surgiram os líderes políticos, militares e religiosos, e o que


sonhavam eles quanto a si mesmos e à sua cidade?

Uma importante visão era fundar uma cidade utópica, para


a classe média alta. Isso tornou-se evidente na divisão de Seattle
e da reconstrução e ampliação da cidade, depois do incêndio de
1889. Quase desde o começo, Seattle foi dividida em bairros
bons e bairros ruins. Os bairros ruins ficavam localizados ao sul
de Skid Road, onde costumavam residir os alcoólatras, os
paupérrimos, os famintos, os destituídos de tudo e uma minoria
da população. Era ali que residiam os trapaceiros, os alcoviteiros
e as prostitutas. Os habitantes "respeitáveis", porém, residiam
nos bairros bons da cidade.
Aqueles que ocupavam posições políticas geralmente
davam apoio à população "boa" — os homens de negócios que
pertenciam à classe média alta. O planejamento e a expansão
iniciais da cidade tiveram por propósito aprimorar as condições
de vida dessa parte mais abastada da população. Os bondes, por
exemplo, percorriam somente os bairros bons da cidades.
Parques eram ali planejados, as ruas eram niveladas e
melhoradas. Mas os beneficiários de todas essas melhorias eram
pessoas pertencentes à classe média alta.

14. Quais instituições políticas, econômicas e religiosas têm dominado


a vida da cidade?

Os grupos políticos, os empresários e os que seguem


profissões liberais são as classes que têm predominado em
Seattle. Houve um breve período de leis justas na cidade, nos
primeiros anos do século XX, principalmente no esforço de
limpar a área de Skid Road. Mas essas leis foram logo
esquecidas em sua quase totalidade, e não demoraram a ser
repelidas.
As uniões trabalhistas sempre foram uma forte influência
sobre a cidade, desde a década de 1930, e algumas grandes
greves têm tido lugar ali, no decorrer dos anos. As uniões
trabalhistas e um governo fortemente orientado em favor da
classe empresarial têm tendido por produzir conflitos ao longo
dos anos. Os empresários geralmente têm explorado os
trabalhadores, e as uniões de várias maneiras têm prejudicado o
empresariado mediante greves, contratos anti-minorias e coisas
semelhantes. Os líderes das uniões trabalhista;, também têm
abusado de maneira considerável de seus liderados, incluindo
coisas como liquidação de empresas, subornos e corrupção.
A dominação econômica tem sofrido modificações com a
passagem do tempo. A base econômica original era a madeira e
a serraria de Yesler era a principal empresa que explorava essa
atividade. Em certo sentido, a indústria madeireira continua
atuante até hoje. A firma Weyerhaeuser, que explora a produção
de objetos de madeira está localizada nas proximidades de
Seattle, e dá emprego a aproximadamente quarenta mil
pessoas.
A navegação e o comércio é uma das principais atividades
da cidade. Grande parte desses negócios tem sido com o
Extremo Oriente e com o Alasca. Seattle é o principal entreposto
para a maior parte do comércio com o Alasca. E essa sempre foi
uma atividade muito importante, sobretudo nos dias da
descoberta de ouro no Alasca. Atualmente, aproximadamente
17% de todos os empregos estão vinculados aos negócios de
importação e exportação.
Mas a principal força econômica da cidade é a Companhia
Boeing. A Boeing prove aproximadamente cem mil empregos
locais, diversificando-se em certa variedade de indústrias,
mormente a indústria aeroespacial. A economia de Seattle está
fortemente vinculada à Companhia Boeing, e parece seguir as
diretrizes dela. Talvez um ponto que deva causar preocupação
seja a dependência da cidade para com a Boeing, em vez da
dependência para com Deus.
No terreno religioso, nenhuma instituição dominante tem
surgido em cena. Não obstante, os maçons precisam ser
mencionados. A maçonaria tem-se feito presente em Seattle
desde o começo de sua história. Vários dos primeiros líderes, no
mundo dos negócios e nas igrejas, eram maçons, incluindo Doc
Maynard e o reverendo Daniel Bagley. Bagley foi maçom a vida
inteira, tendo chegado ao grau do Arco Real da maçonaria, antes
mesmo de mudar-se para Seattle. Em Seattle, ele acabou sendo
escolhido como o Grão-Mestre da primeira loja, no mesmo ano
em que aquela loja foi fundada.

15. Qual tem sido a experiência daqueles que têm migrado para a
cidade?

Geralmente, a experiência deles tem sido boa. Os


fundadores originais da cidade mostravam-se acolhedores para
com os recém-chegados; e nunca veio à superfície qualquer
preconceito contra os irlandeses ou contra os judeus. E isso
devido a dois fatores: (1) Poucos grandes grupos de imigrantes
têm-se estabelecido em Seattle (excetuando escandinavos em
Ballard); (2) a maioria, se não mesmo todos os imigrantes, tem-
se inclinado por terminar nas favelas da cidade, o que vem
acontecendo em Seattle desde a década de 1880. Nos fins do
século XIX talvez tenha surgido, por um breve período, um
desejo de impedir a imigração de chineses para a cidade; e isso
talvez tenha alguma significação espiritual.

16. Tem havido alguma experiência traumática, como colapso


econômico, choques raciais ou terremotos?

No começo de sua história econômica, Seattle esteve ligada


a São Francisco. Quando São Francisco perdeu impulso, devido à
diminuição da corrida do ouro, Seattle também perdeu impulso.
Um importante colapso econômico ocorreu na década de 1890, o
qual praticamente destruiu os bancos da cidade de Tacoma.
Entretanto, os bancos de Seattle sobreviveram, tendo apelado
para o artifício de recursos financeiros caldeados para um
tesouro comum. Sustos econômicos mais recentes têm estado
geralmente ligados a despedidas de empregados pela Boeing, no
começo da década de 1970.
Levantes raciais (efetuados por grupos étnicos não-brancos)
ocorreram em 1968, quando a população negra da cidade
passou por um severo período de transição. Gangues, que a si
mesmas se apelidavam de "Negros" e de "Brancos", chegaram a
fazer manifestações pelas ruas, geralmente em choque um
contra o outro.
Houve grandes incêndios que afetaram Seattle, Spokane e
Ellensburgo, em 1889. Em cada uma dessas cidades, o distrito
comercial foi virtualmente destruído. Seattle e Spokane
recuperaram-se, mas o mesmo não aconteceu com Ellensburgo.
A região do centro de Seattle adquiriu grande parte de sua atual
aparência depois desse incêndio.
Descobri registros sobre dois terremotos de significativa
magnitude. Em abril de 1949 e em abril de 1965 terremotos
sérios abalaram Seattle. O segundo deles atingiu o grau 7.0.
Em 1980, o monte Saint Helens, que fica bastante perto de
Seattle, entrou em furiosa erupção vulcânica, que arrasou o
cume do monte. Isso atraiu grande atenção da nação para a
cidade de Seattle.
17. A cidade já passou pelo surgimento de alguma tecnologia de
transformação social?

E possível. Embora o avião não tenha sido inventado em


Seattle, os avanços feitos pela Companhia Boeing, quanto à
indústria aeroespacial, podem ser considerados transformadores
do quadro social.

18. Tem havido alguma repentina oportunidade de enriquecimento,


como a descoberta de petróleo, ou alguma nova técnica de
irrigação?

Sem dúvida. Todavia, essas oportunidades geralmente se


têm limitado ao comércio.
A primeira oportunidade de comércio de Seattle foi com São
Francisco, que precisava de madeira de construção. Uma
segunda oportunidade deu-se por causa da corrida do ouro no
Alasca e no rio Fraser. Os mineiros que seguiam para o norte
geralmente passavam por Seattle, na ida e na volta, gastando
sempre boas quantias em dinheiro nesse processo.

19. Houve conflitos religiosos entre religiões rivais ou entre os


cristãos?

Até esta altura das investigações, não encontrei qualquer


conflito dessa natureza. As primeiras igrejas de Seattle com
freqüência eram interdenominacionais. Houve época em que
Seattle contava com quatro ministros de denominações
diferentes, que operavam em apenas duas igrejas. Eles
resolviam as suas questões compartilhando de deveres, em vez
de construírem novos templos.
20. Qual a história dos relacionamentos entre os grupos étnicos?

Lamentável. Essa é a maior área de perturbações na


história da cidade de Seattle, o que requer muito
arrependimento e oração. Em sua maior parte, até os primórdios
do século XX, as minorias estavam centradas no distrito
internacional ou nas áreas faveladas do sul, naquilo que era
conhecido como Skid Road. É mister tentarmos compreender a
história dessa região. Essa era a área onde foram construídos os
primeiros bordéis e bares. Era também a seção da cidade onde
havia jogatinas, bebedeiras e prostituição desenfreadas. E essa
era, igualmente, a área onde as minorias étnicas tinham de
viver, de acordo com as leis não escritas da sociedade de
Seattle.

Os Índios

Antes da chegada do homem branco, entre os indígenas


havia guerras e assaltos freqüentes uns contra os outros. O
propósito dessas guerras era capturar escravos, que serviam de
símbolos de riqueza e de posição social. Os escravos, entre os
índios, essencialmente não tinham quaisquer direitos. Podiam
ser usados como prostitutas, podiam ser mortos, podiam ser
desfigurados, e os seus proprietários podiam fazer com eles o
que bem quisessem. As tribos mais ferozes tendiam por estar
localizadas ao norte da Colúmbia Britânica, que hoje fica no
extremo ocidental do Canadá. Os índios locais viviam temendo
aqueles grupos de índios que por muitas vezes chegavam a seus
territórios com essas missões aterrorizantes.
Quando chegou o homem branco na região, imediatamente
o civilizado começou a explorar os índios (com a exceção dos
padres jesuítas). No princípio, os brancos vinham comerciar com
couros; todavia, depois que Seattle foi fundada, eles começaram
a usar os índios para realizarem trabalhos pesados.
Naturalmente, os indígenas eram pagos para tanto, mas
recebiam muito menos do que uma pessoa branca receberia por
igual trabalho. Os brancos, para todos os intuitos e propósitos,
apossavam-se de quaisquer terras que quisessem, ao passo que
os índios eram constrangidos a viver em reservas, "para o
próprio bem deles". Eles prometiam aos indígenas um lugar para
viver, educação, ajuda para iniciar algum negócio, assistência
médica, direitos à pesca, e assim por diante. Mas os civilizados
quase nunca cumpriam essas promessas, tal como continuam
descumprindo os seus tratados com os índios, até ao dia de hoje.
As escravas índias eram tratadas de maneira
extremamente inadequada. Os indígenas já tinham padrões
sexuais muito frouxos; e os homens brancos descobriram logo
que não era difícil explorar sexualmente as mulheres indígenas.
John Pennell veio de São Francisco até à área de Seattle, em
1861, e deu início ao bairro Skid Road, em Seattle. Ele
estabeleceu bares e bordéis para atrair o grande número de ho-
mens solteiros que tinham dinheiro para gastar e que queriam
companhia feminina e entretenimento. Essas "trabalhadoras"
femininas eram índias (até que, finalmente, chegaram algumas
prostitutas profissionais, vindas de São Francisco, durante a
década de 1870). Essas prostitutas eram ou escravas adquiridas
de tribos indígenas locais ou mulheres que tinham sido induzidas
a vir morar naquela área, sob a promessa de um lugar para
ficarem, comida e roupa. Mas o que elas encontravam era uma
vida prostituída, exploração e muito abuso. Muito pouco, ou
mesmo nada, foi feito para pôr fim aos estabelecimentos
iniciados por Pennel.
A justiça também era negada aos indígenas. Quando Bad
Jim, um índio, foi linchado, os seus linchadores brancos foram
julgados em um tribunal. Um dos homens brancos, que estava
sendo julgado, fez parte do grande júri que o estava julgando
(renunciando apenas ao ser condenado). Quando um homem
branco se confessava culpado, o tribunal imediatamente
indicava um advogado para declará-lo inocente. Após um breve
"julgamento", todos os homens brancos eram inocentados de
qualquer crime que tivessem cometido, mesmo quando a culpa
deles fosse inegável. Em contraposição, todos os índios
apresentados para julgamento geralmente eram linchados ou
condenados, sem importar quais fossem as evidências, contra ou
a favor deles. O chefe Leschi foi julgado e enforcado por
homicídio, embora as evidências fossem extremamente
circunstanciais e apesar de muitos de seus amigos (incluindo
Doc Maynard) terem argüido em favor de sua inocência.
Os Afro-Americanos

Os afro-americanos têm tido um interessante


relacionamento com Seattle. A cidade começou a crescer
terminada a Guerra Civil americana, e por lei estava em um
território contrário à escravatura, razão pela qual a questão
nunca constituiu um problema na cidade. Seattle, porém, se era
contra a escravatura, também era contra os negros, pelo que os
negros nunca foram bem acolhidos na cidade, sendo-lhes
conferidos bem poucos direitos. Seattle era uma cidade de
"brancos". Os negros que ali porventura chegavam acabavam
descobrindo que só podiam residir em uma área, ou seja, as
favelas ao sul da Skid Road, o gueto de Seattle. Mesmo com a
passagem dos anos, a população negra recebia ali bem poucos
direitos. Os contratos das uniões trabalhistas excluíam os
negros, até que, já em 1940, os tribunais interromperam essa
norma.

Os Chineses

Os chineses tiveram de enfrentar o seu período de


injustiças sofridas, nos fins da década de 1880. Os chineses
tinham sido originalmente contratados para construir estradas
de ferro e efetuar outras tarefas braçais pesadas e perigosas.
Depois que as estradas de ferro tinham sido construídas, os
chineses começaram a mudar-se para as cidades estabelecidas,
incluindo Seattle, e, ali chegando, estabeleceram-se nas favelas
da Skid Road. Muitos brancos entenderam que isso era uma
ameaça para os seus empregos, e resolveram fazer alguma coisa
no tocante aos trabalhadores chineses. Após semanas de
reuniões e agitações, as multidões passaram a agir. Reuniram os
chineses e começaram a embarcá-los à força em um navio a
vapor, rumo a São Francisco. Mas foi então que um juiz interveio
e fez parar a questão, e eventualmente as coisas voltaram à
normalidade.
O que nos deixa boquiabertos é quem eram as pessoas que
se envolveram ou não se envolveram na expulsão dos chineses
de Seattle. Somente uma igreja, metodista episcopal, publicou
uma declaração opondo-se ao movimento anti-chinês.
Eventualmente, o tribunal decidiu que os chineses não podiam
ser expulsos; mas a verdade é que várias centenas deles
abandonaram de qualquer forma a região, principalmente por
motivo de medo.

Segunda Seção
DISCERNINDO SEATTLE
Por Bev Klopp

Estou muito agradecida pelas pesquisas feitas por Mark


McGregor, que lhe permitiu lançar os alicerces do mapeamento
espiritual da cidade de Seattle. Muitos dos fatos por ele trazidos
à tona fornecerão diretrizes futuras para as intercessões em
favor de Seattle, enquanto eles continuam orando pela nossa
querida cidade.
Antes mesmo das pesquisas feitas por Mark, alguns de nós
já estavam intercedendo pela Cidade Esmeralda. Estou feliz por
anunciar que o número de crentes humildes, chamados por Deus
para mergulharem na batalha espiritual em favor de Seattle e
pela área noroeste de nosso país, à beira do Pacífico, está
aumentando rapidamente. Para vermos o Reino de Deus
derramar-se sobre Seattle, precisamos de um maior número de
intercessores e precisamos de maiores informações sobre nossa
cidade e região. Essa combinação de fatores nos provera um
quadro mais nítido da cidade, conforme ela realmente é, e não
como ela parece ser, tomando por empréstimo as palavras de
George Otis, Jr.
Os pensamentos que estou aqui compartilhando com o
leitor emergiram depois de incontáveis horas de oração, por
muitas vezes agonizada, que rasgaram o meu coração, em favor
da nossa cidade. Percebo que não dispomos de respostas
definitivas para todos os poderes espirituais das trevas, que
procuram manter Seattle em servidão, pelo que aquilo de que
compartilho aqui deve ser visto como derivado de um povo que
está em processo de formação. Ao mesmo tempo, não podemos
esconder o fato que cremos que está sendo obtido bastante
progresso espiritual.
ORAÇÕES REMIDORAS

Na qualidade de líderes e intercessores, temos sido


orientados pelo Senhor para tentar traduzir o tipo de pesquisa
histórica que Mark McGregor tem feito no campo das orações
remidoras, da guerra espiritual eficiente, e da evangelização
restauradora, capaz de derrubar fortalezas. E temos sido
encorajados quanto a tudo isso por termos visto alguns resul-
tados positivos, sob a forma de despertamento da Igreja e de
salvação de almas. Temos clamado a Deus, escudados no trecho
de 2 Crônicas 7.4-16, unidos em oração e arrependimento. A
semelhança de Elias, cremos que temos visto a pequena nuvem
da presença de Deus, preparando-se para liberar um grande
derramamento do Espírito Santo em uma escala nunca antes
vista na nossa região.
Na posição de maior cidade do estado de Washington,
Seattle de muitas maneiras é uma moderna fronteira paga da
independência, onde se evidenciam todas as perversões
possíveis da adoração à deidade e do amor do Pai. O mestre dos
ludíbrios tem mantido, há muito tempo, tanto Seattle quanto a
região do noroeste das costas do Oceano Pacífico oprimidos
pelas trevas espirituais. Mas atualmente o inimigo estremece,
desmascarado diante daqueles que possuem coração puro, que
estão dispostos a obedecer a Deus, corajosa e sacrificialmente.
Acredito que, nesta hora, o Senhor desceu e colocou o seu pé
sobre o estado norte-americano de Washington, pronto a
demonstrar o seu poder mediante gloriosos atos de compaixão.
O estado de Washington é conhecido como o estado norte-
americano que conta com o menor número de igrejas, em
proporção à sua população, além de ser um dos três maiores
centros do mundo do movimento da Nova Era. Há menos de um
ano, Washington foi um foco da atenção nacional, por terem sido
tomadas duas importantes decisões por voto do legislativo
estadual, uma delas fortalecendo os direitos de aborto, e a outra
permitindo a eutanásia. E assim, muitos cidadãos viram o nosso
estado como uma força liderante quanto a ambas essas
questões tão duvidosas. Outrossim, Seattle é considerada por
muitos como uma das cidades mais liberais da América do Norte.
Também é conhecida como a cidade com o maior contingente de
homossexuais de toda a costa ocidental dos Estados Unidos da
América.
Conforme indicou Mark McGregor, a vida dos primeiros
habitantes, os ameríndios, bem como os fundadores brancos de
Seattle refletem laços ímpios que, com freqüência, podem ser
explicados por suas raízes pagãs e por suas alianças
pecaminosas com o inimigo. Para exemplificar, os índios norte-
americanos são herdeiros da cultura mongol, pois eles chegaram
da Sibéria e do Extremo Oriente, trazendo com eles as suas
práticas entrincheiradas no xamanismo e na adoração de
deusas.
No passado, muitas das tribos indígenas do noroeste norte-
americano aliaram-se aos poderes espirituais das trevas
mediante o contato com os espíritos dos ancestrais. Eles
realizavam ritos pessoais para induzir os espíritos guias a ajudá-
los a conquistar riquezas e escravos, bem como para terem êxito
na guerra, na caça, na pesca e na cura de doenças diversas.
Muitas daquelas pessoas preciosas foram afundadas mais ainda
em suas raízes xamanistas através das dificuldades da vida, dos
saques impostos por outras tribos e pela exploração e desilusão
que surgiram em resultado do tratamento que lhes foi
dispensado pelos primeiros colonos europeus. Isso ficou refletido
no célebre discurso do chefe Seattle: "O Deus de vocês ama o
povo de vocês... Ele se esqueceu de seus filhos de pele
vermelha, se é que realmente são seus filhos".
Conforme salientou Mark McGregor, o famoso discurso do
chefe Seattle expressou esse desespero de que o Deus dos
brancos parecia não amar os índios. De que outra maneira ele
poderia haver interpretado a ganância, a avidez pelo sangue, os
abusos e a injustiça de muitos dos primeiros colonizadores de
Seattle? Mas o chefe Seattle também prosseguiu para dizer que
os "mortos invisíveis" de sua tribo permaneceriam. Por ocasião
daquela mesma fala, disse ele: "Nossa religião consiste nas
tradições de nossos antepassados — os sonhos de nossos
homens velhos, conferidos... pelo Grande Espírito. A noite...
quando descer o silêncio sobre as ruas das cidades de vocês...
elas ficarão apinhadas com as nossas hostes, que estarão
voltando".
Os homens da raça branca não pecaram somente contra os
indígenas nativos. McGregor salientou que abusos similares
ficaram registrados no tocante aos asiáticos e aos africanos,
através da exploração de um trabalho barato, atos ilegais e
outras injustiças. Os pecados de reação e vingança, de uns
contra os outros, em vez da atitude de perdão e arrependimento,
armaram em Seattle o palco para o levantamento de outras
fortalezas espirituais da maldade.

UMA IGREJA IMPONENTE

Infelizmente, a Igreja não foi ainda capaz de derrubar as


fortalezas do mal com a mensagem do amor de Deus, em parte
por causa de suas próprias concepções errôneas, mundanismo,
transigências e indiferença. Em conseqüência, as mentiras do
inimigo têm sido reforçadas, estabelecendo novas "fortalezas
mentais", conforme diria Cindy Jacobs, umas contra as outras e
contra o verdadeiro conhecimento das verdades libertadoras de
Deus. Divisões mais profundas resultaram disso, e os poderes
malignos por detrás de tanta malignidade ficaram
essencialmente ocultos, não tendo sido desmascarados. Por
exemplo, as tribos aborígines da área estão separadas e isoladas
no desespero de suas reservas, espalhadas por todo o estado,
enquanto os ricos e os poderosos continuam predominando em
seus "reinos", na cidade, com os seus deuses do materialismo,
do hedonismo, do racionalismo e do intelectualismo.
Estamos vendo que até hoje continuam postos os restos
das vendas de Satanás sobre as mentes dos incrédulos. Parece
ter havido um "fascínio atordoante" que cativa as mentes dos
crentes e dos incrédulos, por meio do ludibrio e da sedução
religiosos, da apatia, da separação e da falta de unidade. Tudo
isso parece apontar para as forças malignas mencionadas no
sexto capítulo da epístola aos Efésios, que têm reivindicado seus
direitos em resultado desses padrões pecaminosos
entrincheirados e pelas alianças profanas que homens têm es-
tabelecido com o inimigo.
Essas alianças têm conferido ao adversário um poder
irrestrito e um largo acesso ao estado de Washington e seus
grupos populacionais. Isso pode ser averiguado através da
continuação de iniqüidade de gerações, através do aumento do
movimento da Nova Era, através dos rituais satânicos, das leis
injustas, das festividades profanas e dos pactos feitos por muitos
indivíduos com as forças satânicas. No passado, isso foi ilustrado
por tratados injustos acerca de terras, acordos violados entre os
índios norte-americanos e os primeiros colonizadores brancos,
injustiças sociais contra grupos minoritários e a remoção da
oração das escolas. Esses acordos são decretos espirituais de
direitos, que permitem ao inimigo manter-se continuamente
entrincheirado dentro de suas fortalezas. Atualmente, os líderes
dessa área estão tomando consciência e estão ficando alertas
diante do conhecimento espiritual e da unidade necessária para
que essas fortalezas sejam derrubadas.

DEVERÍAMOS CHAMAR AS POTESTADES PELOS SEUS


NOMES?

Entendemos que nem todos concordam que devemos


perscrutar profundamente o bastante, em nossa intercessão,
para saber quais os nomes próprios dos principados e das
potestades que dominam alguma cidade, como Seattle. Não
insisto que conhecer esses nomes seja um fator essencial para
uma eficaz guerra espiritual (mas ver Mc 5.9 e Lc 8.30). Peter
Wagner tem discutido essa questão em seu livro, intitulado
Oração de Guerra, e concordo com a conclusão dele: "Embora
nem sempre seja necessário dar nomes aos poderes, ainda
assim, se puderem ser descobertos esses nomes, sem importar
se são nomes pessoais ou funcionais, usualmente é útil enfocar
isso na oração de guerra".2 Não quero mostrar-me dogmática
quanto a esse aspecto da questão, mas muitos de nós que têm
laborado na intercessão pela cidade sentem que temos chegado
a algum acordo quanto às identidades das principais potestades.
A maioria delas consiste em espíritos especificamente chamados
por nome nas Escrituras.
Alguns dos nomes que pudemos descobrir surgiram
relacionados a fortalezas particulares desta região. Dou aqui
nomes a algumas dessas falsas divindades, por causa de seu
"fruto", o que pode ajudar-nos a vincular as potestades
espirituais que controlam esta área: Apoliom (ver Ap 9.11), o
Destruidor, que tem sua morte e destruição, seu espírito de
adivinhação e suas obras de Jezabel, bem como seu espírito
anticristão de ludibrio, rebeldia, idolatria e cobiça. Belzebu (ver
Mt 12.24), ou seja, o chefe dos demônios, com seu controle e
suas manipulações, com seus simulacros religiosos dos dons e
com a sua doutrina de demônios. Asmodeu (que figura no livro
apócrifo de Tobias 3.8), com suas seduções religiosas, ganância
e perversões sexuais. Belial (ver 2 Co 6.15), com seus falsos
profetas e pastores, com seus líderes injustos da iniqüidade, com
sua iniqüidade e com seus falsos ensinos. Em adição a esses há
um espírito reconhecido como "Grande Espírito", na parte
noroeste dos Estados Unidos, inspirador do xamanismo e da
adoração aos antepassados.
Ademais, existem espíritos chamados Androginia e o
Dragão, arrebatador de almas. Juntamente com esses ocorrem a
destruição de pessoas, distorções do amor e da verdade de
Deus, violência e abusos sexuais contra mulheres e crianças, e
perversões de toda espécie nos papéis sexuais masculino e
feminino e o relacionamento entre os dois sexos. Eles estão
vinculados à cobiça, à pornografia, à bruxaria, ao racismo e ao
espírito de religiosidade piegas. Também pensamos que temos
podido identificar um espírito regional que ocupou o monte
Rainier, o qual desde há muito vem sendo adorado como o "deus
altíssimo", através das avenidas da adoração a Satanás, da
adoração à deusa e terra mãe, através do xamanismo e através
das atividades da Nova Era. Finalmente, também precisamos
levar em conta um conceito belicoso, pirata e aventureiro como
o de um marinheiro, relacionado aos negócios, a leis injustas, ao
consumo de drogas e ao uso do ópio.

A CURA COMEÇA PELO ARREPENDIMENTO

Em nosso papel de intercessores, temos procurado fazer


retroceder o holocausto espiritual causado por esses malignos
espíritos que povoam os céus de Seattle. Esses espíritos têm
provocado o caos, a confusão e o tormento entre a nossa gente,
já faz muitos anos. E a conseqüência disso tem sido uma vereda
salpicada de mortes. Por meio da oração, todavia, estamos
procurando quebrar o poder e as maldições que conservam as
pessoas atreladas a seus fracassos passados. Estamos orando
para que as máscaras sejam retiradas, e para que o espírito
sectarista seja desmascarado por intermédio do arrependimento.
Temos procurado a graça e a misericórdia de Deus quanto aos
pecados passados, e temos rogado que o Senhor cure as feridas.
Temos clamado para que Deus quebre os padrões, a dureza de
coração e a insensibilidade das pessoas, tanto crentes quanto
incrédulas, e que daí resultem corações penitentes que perdoem
e estendam a graça e a misericórdia uns para com os outros.
Mediante o arrependimento, a purificação e o rompimento
de laços pecaminosos, esses espíritos devem desaparecer. Uma
legislação justa, o estabelecimento de uma adoração piedosa e
relacionamentos amistosos entre as pessoas podem quebrar
mais ainda os "direitos" que foram sendo adquiridos por esses
espíritos territoriais. A guerra espiritual e as orações de ação
profética, como aquelas descritas por Kjell Sjöberg (ver o quarto
capítulo) podem afrouxar o laço apertado, pelo menos por algum
tempo, preparando as mentes para que se abram ao evangelho,
e, por conseguinte, ao livramento final que se deriva do
arrependimento pessoal e do viver diário piedoso. Na qualidade
de intercessores, temos jejuado e orado com freqüência,
procurando a cura espiritual para a nossa cidade. Passo a passo,
o Espírito Santo nos tem guiado em nossas orações, tendentes a
derrubar as fortalezas do mal nesta nossa região do país.

DERRUBANDO FORTALEZAS

Abaixo oferecemos dois exemplos das muitas maneiras


como temos procurado produzir as mudanças necessárias,
através da oração e da reconciliação.

Oração

Vários anos atrás, começamos a orar sobre a área da praça


Pioneira, situada na parte mais antiga da cidade. Esse segmento
de Seattle foi literalmente construído sobre as suas próprias
ruínas, por motivo do incêndio que foi descrito por Mark
McGregor. Isso nos prove um quadro natural que revela as
condições espirituais da cidade. Quando orávamos, passando
pelas edificações feitas abaixo do nível do solo, lembrando a
corrupção passada da cidade e de seus líderes fundadores,
sentimos uma imensa tristeza. Identificamo-nos com os pecados
deles por meio de nossas próprias raízes de queda espiritual e
confessamos tanto os nossos pecados pessoais quanto a nossa
indiferença, falta de unidade e transigência moral nas igrejas.
Buscamos a misericórdia de Deus e o seu perdão, estribados no
trecho de João 20.23: "Aqueles a quem perdoardes os pecados,
lhes são perdoados..." Sim, temos reivindicado arrependimento e
restauração para a igreja e para os habitantes da cidade de
Seattle.
O combate contra a cegueira das mentes, imposta por
Satanás, subiu facilmente aos nossos corações e mentes,
quando a iniqüidade patente e o ludibrio pespegado pelo inimigo
foi desmascarado. Usando os princípios ensinados no décimo
capítulo de Jeremias, temos começado a derrubar e a
desarraigar, sempre que nos defrontamos com os espíritos maus
por detrás da ganância, do oportunismo, do engano, do orgulho,
da rebeldia, da independência, da orgia, da prostituição, da
sodomia, do homicídio, do racismo, das atitudes
preconceituosas, do desespero, da pobreza abjeta, da
indiferença religiosa, da influência da maçonaria, do liberalismo,
da rivalidade, da contenda, da suspeição, do interesse próprio,
da auto-exaltação, do domínio, da injustiça, da alienação ou da
opressão. Lançamos mão dos princípios ensinados em 2
Coríntios 10.4-6 e começamos a derrubar falsos argumentos e
crenças contrárias a Deus e à sua verdade. Nossa fé robusteceu-
se quando começamos a proclamar o senhorio de Jesus Cristo e
declaramos profeticamente a palavra de Deus, com cânticos que
declaram a derrota das trevas.

Arrependimento

Em maio de 1992, a Gateway Ministries Internacional, aos


quais sirvo, convidou pastores e líderes municipais para um
desjejum de meio de manhã, com o propósito de nos
arrependermos de nossos preconceitos raciais e por causa das
raízes históricas de mágoas de fundo racial em nossa região.
Quase todos os grupos étnicos estavam representados.
Começamos com o relacionamento original que fora quebrado
entre os aborígines norte-americanos e os primeiros colonos
brancos, e fomos passando de grupo étnico em grupo étnico. Na
ocasião, havia mais de duzentas mulheres vindas do estado
inteiro, reunidas para uma vigília de oração de vinte e quatro
horas, no centro de Seattle, para orarem pela cidade e pelos
líderes eclesiásticos presentes. Perdão e arrependimento
também foram expressos entre as mulheres dos vários grupos
étnicos presentes. Também houve expressões de
arrependimento diante dos pecados de relacionamento entre os
homens e as mulheres. Curas notáveis tiveram lugar, e foram
semeadas as sementes da renovação espiritual.

OS DONS REMIDORES DE SEATTLE

O Corpo místico de Cristo em Seattle está começando a


unir-se. Se quisermos poder desfechar um maior impacto sobre
as nossas comunidades, precisaremos aumentar a nossa
vigilância no tocante a vigílias de oração por toda a cidade, bem
como no tocante a uma estratégia unificada para um
evangelismo que produza o arrependimento e a reconciliação.
Fortalezas serão deitadas por terra, quando nos amarmos uns
aos outros e, então, juntos, exaltarmos o nome do Senhor Jesus.
"E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim" (Jo
12.32).

Por meio de nosso arrependimento, a Igreja receberá o


poder de efetuar uma intercessão eficaz e de pregar
poderosamente o evangelho. A Igreja precisa elevar-se à
altura de sua herança, pois hoje é o kairós (o tempo
oportuno) de o Senhor entrar triunfalmente pelos portões
da nossa cidade.

Seattle está sendo chamada para ser uma cidade em uma


colina, uma cidade que não possa jazer escondida — um refúgio
da luz. Ela será uma cidade que glorifique a Deus por meio da
adoração e do louvor, compartilhando de dons espirituais e
físicos com as nações. Seattle deverá ser uma cidade missionária
que anuncie a vida e o amor de Jesus Cristo a multidões, através
da oração, da proclamação e da doação de si mesma.
As forças espirituais do mal que estão por detrás de suas
fortalezas, que têm afetado a cidade de Seattle e o estado de
Washington já faz agora séculos, em breve haverão de dobrar os
joelhos, quando a Igreja unir-se para alcançar os perdidos e os
feridos pelas injustiças da vida. Os mais fracos entre os fracos,
os mais pobres entre os pobres, e os mais desiludidos e
oprimidos em breve levantar-se-ão a fim de derrotar o inimigo,
que os tem esmagado desde os seus primórdios históricos. Por
meio de nosso arrependimento, a Igreja receberá o poder de
efetuar uma intercessão eficaz e de pregar poderosamente o
evangelho. A Igreja precisa elevar-se à altura de sua herança,
pois hoje é o kairós (o tempo oportuno) de o Senhor entrar
triunfalmente pelos portões da nossa cidade.

Perguntas para refletir

1. Por que este capítulo foi dividido em duas partes? Isso é


significativo?
2. Qual é o sentido da expressão "orações remidoras"? Em que
esse método de oração difere de outros métodos?
3. De quais maneiras a igreja pode servir de obstrução do poder
de Deus em uma cidade? Esse é o caso das igrejas existentes em
sua cidade?
4. Segundo você pensa, quão importante é descobrir os nomes
dos espíritos territoriais que dominam uma cidade qualquer?
5. Qual o papel desempenhado pelo arrependimento, na guerra
espiritual em nível estratégico? Explore as maneiras como um
arrependimento sério poderia funcionar em sua cidade.
Notas

1. DAWSON, John. Reconquiste Sua Cidade Para Deus. Venda Nova,


MG, Editora Betânia, 1995. Usado por permissão.
2. WAGNER, C. Peter. Oração de Guerra. São Paulo, Editora
Bompastor, p. 144, 1ª ed.

9. MAPEANDO A SUA COMUNIDADE

Por C. Peter Wagner

Muitos leitores deverão estar pensando: Como poderei fazer


isso em minha cidade ? Visto que poucos líderes evangélicos
atualmente têm muito pano-de-fundo formativo nesse terreno do
mapeamento espiritual, a resposta a essa pergunta não vem à
tona com facilidade. Importa não cairmos no ardil de pensar que
se trata de alguma forma de mágica que funcionará se fizermos
as coisas da mesma maneira que fizeram Victor Lorenzo ou Bev
Klopp. Não existe uma maneira única e padronizada de fazermos
mapeamento espiritual.
Tendo dito esse tanto, também quero destacar que há
diretrizes que podem ser úteis. Este breve capítulo de sumário
tem por finalidade fornecer algumas dessas diretrizes. Na
preparação do sumário, revisei todos os capítulos deste volume
nos quais os contribuintes mencionaram perguntas que eles
costumam fazer ou modos de proceder de que usualmente
lançam mão quando estão mapeando espiritualmente uma
cidade ou uma região. Também tirei proveito de algum material
valioso preparado por Cindy Jacobs, mas que não se acha no
capítulo escrito por ela. Se reunirmos todas essas informações,
contaremos com uma lista sistematizada de perguntas a serem
feitas, quando estivermos preparando o nosso mapeamento
espiritual. Essa lista de perguntas não é nem completa e nem
final. Talvez você queira acrescentar algumas outras perguntas.
Algumas delas talvez não tenham a menor utilidade para você.
Mas já será um começo.
Existem muitos níveis de mapeamento espiritual. Você
poderia preparar o mapeamento de seu bairro ou da zona de sua
cidade em que você mora. Mas você também poderia fazer o
mapeamento de sua cidade como um todo, ou então da cidade e
suas circunvizinhanças, ou de seu estado ou província, ou até
mesmo de seu país inteiro. Alguns crentes haverão de querer
mapear grupos de nações. Para efeito de maior simplicidade,
vamos supor que estaremos mapeando uma cidade, pelo que
usarei de palavras adaptáveis a isso. Mas as mesmas perguntas,
como é óbvio, podem aplicar-se virtualmente a qualquer área
geográfica.
O primeiro passo consiste em recolhermos informações; o
segundo passo consiste em agirmos de acordo com essas
informações. Com isso não quero dizer que o primeiro passo
inteiro deva ser completado antes que possamos começar o
segundo passo. Pois ambos os passos podem e devem operar
simultaneamente. Mas a oração de ação mostrar-se-á mais
eficaz se estiver alicerçada sobre informações sólidas.

PRIMEIRO PASSO:
RECOLHIMENTO DE INFORMAÇÕES
Seguindo as orientações dadas por contribuintes como
Haroldo Caballeros, vou dividir a fase de recolhimento de
informações em três partes: (1) Pesquisa histórica; (2) pesquisa
física; e (3) pesquisa espiritual. Se você quiser distribuir essas
três partes a três equipes distintas, conforme costuma fazer
Caballeros, isso depende somente de você. Mas se você dispuser
de pessoal suficiente, há algumas vantagens nessa regra.

PESQUISA HISTÓRICA

I. A HISTÓRIA DA CIDADE
A. Fundação da Cidade

1. Quem eram as pessoas que fundaram a cidade?


2. Quais foram os motivos pessoais ou coletivos para a fundação
da cidade? Quais eram as suas crenças e filosofias? Qual visão ti-
nham eles acerca do futuro da cidade?
3. Qual o significado do nome original da cidade?
• Esse nome foi alterado?
• Há outros nomes ou designações populares para a cidade?
• Esses nomes têm alguma significação? Estão ligados a alguma
religião? São nomes de demônios ou artes ocultas? Apontam
para alguma bênção? Maldição? Iluminam o dom remidor da
cidade? Refletem o caráter dos habitantes da cidade?

B. História Posterior da Cidade

1. Qual o papel que a cidade tem desempenhado na vida e no


caráter da nação como um todo?
2. Ao surgirem líderes proeminentes da cidade, qual a visão
deles acerca da cidade?
3. Terá havido mudanças radicais no governo ou na liderança
política da cidade?
4. Terá havido mudanças significativas ou repentinas na vida
econômica da cidade? Fome? Depressão? Tecnologia? Indústria?
Descobrimento de recursos naturais?
5. Qual imigração significativa tem ocorrido? Houve a imposição
de alguma nova linguagem ou cultura sobre a cidade como um
todo?
6. Como têm sido tratados os imigrantes ou as minorias? De que
maneira as raças ou grupos étnicos têm-se relacionado uns com
os outros? As leis municipais têm legitimado o racismo em
qualquer sentido?
7. Os governantes da cidade têm violado tratados, contratos ou
pactos?
8. Alguma guerra tem afetado diretamente a cidade? Na cidade
propriamente dita, houve alguma batalha? Houve derramamento
de sangue?
9. De que maneira a cidade tem tratado os pobres e os
oprimidos? A ganância tem caracterizado os governantes da
cidade? Há evidências de corrupção política, econômica ou
religiosa nas instituições da cidade?
10. Quais desastres naturais têm afetado a cidade?
11. A cidade tem algum lema ou slogan? Qual é o seu
significado?
12. De que tipo de música as pessoas gostam e costumam ouvir?
Qual mensagem elas recebem da parte dessa música?
13. Quais são as cinco palavras que a maior parte dos habitantes
da cidade usariam para caracterizar os aspectos positivos de sua
cidade hoje em dia? E quais as cinco palavras que eles usariam
para caracterizar os aspectos negativos da cidade?

II. HISTÓRIA DA RELIGIÃO NA CIDADE

A. Religiões Não-Cristãs

1. Quais eram os conceitos e as práticas religiosas dos


habitantes da área, antes de cidade ter sido fundada?
2. Considerações religiosas foram fatores importantes na
fundação da cidade?
3. Alguma religião não-cristã entrou na cidade em proporções
significativas?
4. Quais ordens significativas (como a maçonaria) se têm feito
presentes na cidade?
5. Quais esconderijos de serpentes, grupos de satanistas ou
outros cultos diabólicos têm operado na cidade?
B. Cristianismo

1. Quando entrou o cristianismo na cidade, se é que entrou? Sob


quais circunstâncias?
2. Os primeiros ou os últimos líderes cristãos têm sido maçons?
3. Qual papel a comunidade cristã tem desempenhado na vida
da cidade como um todo? Tem havido mudanças nisso?
4. O cristianismo está crescendo na cidade, parou em um
patamar, ou está declinando?

PESQUISAS FÍSICAS

1. Localize diferentes mapas da cidade, especialmente os mais


antigos. Quais modificações tiveram lugar nas características
físicas da cidade?
2. Quem foram os planejadores que pensaram em fundar a
cidade? Algum deles era seguidor da maçonaria?
3. Haverá desenhos ou símbolos significativos embebidos no
plano original ou planta baixa da cidade?
4. Haverá alguma significação na arquitetura, na localização ou
na relação das posições dos edifícios centrais, sobretudo
daqueles que representam os poderes político, econômico,
educacional ou religioso da cidade? Os maçons lançaram
qualquer das pedras fundamentais da cidade?
5. Tem havido qualquer significação histórica no terreno
particular sobre o qual um ou mais desses edifícios foi
localizado? Quais eram os proprietários originais das terras onde
está a cidade?
6. Qual é o pano-de-fundo dos parques e das praças da cidade?
Quem os comissionou e fundou? Qual significação poderiam ter
os seus nomes?
7. Qual é o pano-de-fundo e a possível significação das estátuas
e monumentos da cidade? Algum desses objetos reflete
características demoníacas, glorificando a criatura, em vez de
glorificar o Criador?
8. Quais outras obras de arte aparecem na cidade,
especialmente nos edifícios públicos, museus ou teatros?
Procure especialmente por obras de arte sensual ou demoníaca.
9. Haverá algum local arqueológico proeminente na cidade? Qual
significado poderia ter esse sítio?
10. Qual é a localização de centros altamente visíveis de pecado,
como clínicas de aborto, livrarias ou teatros pornográficos,
lupanares, jogatina, tavernas, atividades homossexuais, etc.?
11. Onde existem áreas que concentram atividades baseadas na
cobiça, na exploração, na pobreza, na discriminação, na
violência, nas enfermidades ou em acidentes freqüentes?
12. Onde se encontram locais de derramamento de sangue no
passado ou no presente, através de massacres, guerras ou
assassinatos?
13. A posição de árvores, colinas, pedras ou rios forma qualquer
padrão aparentemente significativo?
14. Certos marcos do território da cidade têm designações que
tendem por desonrar o nome de Deus?
15. Qual é o ponto geográfico mais alto da cidade, e o que está
construído ou localizado ali? Talvez se trate de uma declaração
de autoridade espiritual maligna.
16. Quais zonas, setores ou bairros de sua cidade parecem ter
características todas próprias? Procure discernir áreas da cidade
que parecem ter meios ambientes espirituais diferentes.

PESQUISA ESPIRITUAL

A. Não-Cristãos

1. Quais são os nomes das principais divindades ou espíritos


territoriais associados ao passado ou presente da cidade?
2. Quais são as localizações de lugares elevados, altares,
templos, monumentos ou edifícios associados à feitiçaria, ao
ocultismo, às adivinhações, ao satanismo, à maçonaria, ao
mormonismo, às religiões orientais, às Testemunhas de Jeová e
cultos similares? Quando localizados em um mapa, esses locais
formam algum padrão discernível?
3. Quais são os lugares onde, no passado, havia alguma
adoração pagã, antes mesmo da fundação da cidade?
4. Quais são os diferentes centros culturais que poderiam conter
objetos de arte ou artefatos vinculados à adoração pagã?
5. Algum líder da cidade, tendo consciência disso, dedicou-se a
alguma divindade pagã ou a algum principado demoníaco?
6. Houve maldições conhecidas lançadas pelos habitantes
originais sobre a terra ou sobre aqueles que fundaram a cidade?

B. Cristãos

1. Como têm sido recebidos na cidade os mensageiros de Deus?


2. A evangelização da cidade tem sido fácil ou difícil?
3. Onde estão localizadas as igrejas? Quais delas você veria
como igrejas "doadoras de vida"?
4. As igrejas da cidade são espiritualmente saudáveis?
5. Quais são os líderes evangélicos considerados como "anciãos
da cidade"?
6. É fácil alguém orar em qualquer das áreas da cidade?
7. Qual é a condição de unidade entre os líderes evangélicos, se
considerarmos as questões étnicas e denominacionais?
8. Qual é a opinião dos líderes da cidade no tocante à moral
cristã?

C. Divulgadoras

1. Quais são os intercessores maduros e reconhecidos que


ouvem recados de Deus a respeito da cidade?
2. Qual é a identidade dos principados de proa que
aparentemente controlam a cidade como um todo, ou certas
áreas da vida ou do território da cidade?

SEGUNDO PASSO:

AGINDO COM BASE NAS INFORMAÇÕES

Uma das vantagens para quem conta com diversos


contribuintes, em um livro como este, é que isso prove diversas
abordagens diferentes à guerra espiritual em nível estratégico. Já
vimos Cindy Jacobs levar os pastores da cidade de Resistência ao
arrependimento. Vimos o amigo de Kjell Sjöberg infiltrar-se na
organização sueca de ocultismo, e igualmente observamos
Haroldo Caballeros encontrar o nome de um valente em certo
jornal da Guatemala. Vimos Bob Beckett fincar estacas de
carvalho no chão, nas estradas para Hemet. Por igual modo,
vimos Víctor Lorenzo unir-se com outros crentes para formarem
uma cruz humana no centro da praça central, em La Plata, na
Argentina, e também já acompanhamos Bev Klopp expressar
arrependimento em edifícios subterrâneos. Todos eles
descobriram alguma vantagem nos métodos de que se
utilizaram, mas nenhum deles asseverou que os outros deveriam
fazer como eles costumam agir.
Por meio da oração, Deus mostrará aos líderes, cidade após
cidade, qual ação é a mais apropriada para a situação particular
de cada um. Entrementes, há algumas regras gerais para se
ministrar em uma cidade, usando a guerra espiritual em nível
estratégico. Aqueles que leram o primeiro livro desta série,
Oração de Guerra, ter-se-ão familiarizado com as regras acerca
da conquista de uma cidade, conforme expliquei aqui. Para
benefício daqueles que não leram aqueles livros, ou para
benefício daqueles que se olvidaram dos princípios básicos,
simplesmente alistarei as mesmas seis regras, sem qualquer
outra explicação:
Regra 1: A Área

Selecione uma área geográfica que você possa controlar,


com fronteiras espirituais discerníveis.

Regra 2: Os Pastores

Garanta a unidade entre os pastores e outros líderes


evangélicos na região e comecem todos a orar juntos, de uma
maneira regular.

Regra 3: O Corpo de Cristo

Projete a imagem mental clara de que o esforço não é


alguma atividade meramente dos pentecostais e carismáticos,
mas de todo o Corpo de Cristo.

Regra 4: A Preparação Espiritual

Garanta a preparação espiritual dos líderes participantes e


de outros crentes, por meio do arrependimento, da humildade e
da santidade.

Regra 5: A Pesquisa

Pesquise o pano-de-fundo histórico da cidade, a fim de


detectar quais forças espirituais têm dado forma à cidade. (Isso
foi coberto na primeira parte deste capítulo, intitulada
"Recolhimento de Informações".)
Regra 6: Os Intercessores

Trabalhe em companhia de intercessores especialmente


dotados e chamados para se ocuparem da guerra espiritual em
nível estratégico e para buscarem a revelação divina acerca
destes pontos: (a) O dom ou dons remidores da cidade; (b) as
fortalezas de Satanás na cidade; (c) os espíritos territoriais
designados por Satanás para a cidade; (d) pecados coletivos
passados e presentes, que precisam ser resolvidos; e (e) o plano
de ataque e o tempo oportuno determinados por Deus.

Perguntas para refletir

1. Este capítulo contém sessenta quesitos acerca do


mapeamento espiritual. Algumas dessas perguntas porventura
não se aplicam à sua cidade? Nesse caso, elimine-as.
2. Use as perguntas restantes para fazer o mapeamento
espiritual de sua cidade. Uma ou mais pessoas podem fazer isso
em sua companhia.
3. Marque o que você descobrir em mapas literais da cidade.
Compare as suas descobertas com as de outros líderes
evangélicos a fim de averiguar a exatidão de seus
discernimentos.
4. Forme uma equipe de intercessores para orarem sobre o
mapa e compartilharem de seus achados com líderes
evangélicos participantes.
5. Procure ler o livro de C. Peter Wagner, intitulado Oração de
Guerra, antes de dar início à guerra espiritual em sua cidade.

FIM

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