RESENHA DE OBRA
Comprar ou vender? Como investir na
bolsa utilizando análise gráfica
O livro escrito por Eduardo Matsura tem como
propósito informar ao principiante na análise técnica
e, por que não, em investimentos a respeito das téc-
nicas e ferramentas empregadas por esta escola nas
decisões de investimentos.
Nos primeiros cinco capítulos o autor da obra pro-
cura expor os fundamentos, ferramentas e técnicas
que no conjunto formam a Escola Técnica. Nos últi-
mos três capítulos o autor aborda aspectos do
gerenciamento da estratégia e risco das operações,
assim como dos sistemas mecânicos de negociação
denominados de Trading Systems.
O primeiro capítulo aborda os primeiros princípi-
os da análise técnica, elaborados por Charles Dow,
que se resumem na Teoria de Dow. Charles Dow
criou os princípios da teoria, dos quais, o mais impor-
tante descreve os movimentos de mercado em ten-
dências, que podem ser de longo, médio e curto
prazo. O autor demonstra, também, os tipos de grá-
ficos utilizados pelos analistas, que podem ser de
linha, barra e o candelabro japonês.
No segundo capítulo, a construção e aplicação
prática de projeção de preços com base nas linhas
de tendência de alta, lateral ou de baixa, bem como
dos canais são demonstrados . Adiante a Teoria das
Ondas de Elliot é exposta. O centro da discussão da
teoria são os movimentos do mercado, de acordo
com ela, o mercado se movimenta em ondas de
expansão e retração. Em complemento, a teoria e
seqüência de Fibonacci é mencionada, como nas li-
teraturas tradicionais, e ilustra-se a aplicação das ra-
zões da seqüência de Fibonacci na projeção das on-
das do mercado. Esta teoria em conjunto com a Teo-
ria de Dow forma a base conceitual da Análise Técni-
ca.
O tema do capítulo três trata das figuras gráficas.
As figuras são padrões que aparecem nos gráficos e
Rev. ciênc. hum, Taubaté, v. 12, n. 1, p. 89-90, jan./jun. 2006.
A OBRA:
MASTURA, E.
Comprar ou vender? Como investir na
bolsa utilizando análise gráfica
Rio de Janeiro: Saraiva, 2006
têm origem na linha de cotação que os ativos finan-
ceiros perfazem em determinado período. O autor da
obra explica que por meio de observações passadas é
possível identificar o padrão e prever a provável traje-
tória dos preços. As figuras gráficas mais comuns são:
triângulo, retângulo, bandeiras, flâmulas, ombro-cabe-
ça-ombro, fundos/ topos duplos e, em geral, estão as-
sociadas aos movimentos de reversão ou continuação
de tendências.
Os candlesticks ou gráfico de candelabro japonês
foram o tema da discussão do capítulo cinco. O candle
ou vela é formada pelo corpo real mostrando os pre-
ços de abertura e fechamento e os pavios ou sombras
que demonstram a mínima e máxima do período. A
representação visual de fácil interpretação é a vanta-
gem desta representação. O autor mostra a utilidade
dessa técnica, na medida em que explica aos leitores
que os candlesticks apresentam formações de padrões
que podem ser empregadas para prever reversões ou
continuação do mercado.
O autor perfaz o capítulo sete escrevendo sobre
os indicadores técnicos. Que são obtidos a partir de
volumes negociados e das cotações de preços de fe-
chamento, mínimo e máximo.
Os indicadores formam dois tipos de grupo, os
rastreadores, caracterizados por captarem as tendên-
cias em curso e os osciladores, caracterizados por cap-
turarem as pequenas oscilações de mercado. Os prin-
cipais indicadores técnicos descritos no livro são: as
médias-móveis (aritmética, ponderada e exponencial),
Estocástico, Moving Average Convergence-Divergence
(MACD), Índice de Força Relativa, On Balance Volu-
me, Momentum.
No capítulo seis, a discussão desloca-se dos con-
ceitos e ferramentas e centra-se em aspectos
operacionais. O gerenciamento de risco é analisado
sob a ótica do planejamento e controle das estratégi-
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as de investimento. O autor expõe como principal
ferramenta para gerenciar o risco a técnica do STOP e
sugere que a diversificação auxilia em mitigar os ris-
cos também.
A técnica do STOP exige disciplina e à primeira
vista é de fácil execução. Entretanto, é de grande va-
lia a compreensão da técnica, pois são comuns os
casos de investidores que mesmo dominando a téc-
nica se deixam levar pelas emoções e incorreram em
prejuízos. Consiste em determinar pontos de entrada
e saída do mercado com base nas ferramentas da
escola técnica. O outro aspecto do gerenciamento
do risco é mais conhecido popularmente. A diversifi-
cação consiste em não concentrar em demasia os
recursos financeiros em um tipo de investimento.
No capítulo sete o autor comenta a necessidade
do investidor estabelecer uma estratégia para operar
no mercado financeiro. A estratégia serve para ajustar
a operação ao perfil de risco do investidor. A combi-
nação correta dos indicadores e das ferramentas da
escola técnica procuram, além de maximizar o retor-
no, ajustar a estratégia ao perfil de risco do investidor.
As estratégias descritas no livro diferenciam-se com
base no prazo do investimento; a estratégia de longo
prazo é denominada de seguidora de tendências, as
operações de médio e curto prazo são denominadas
de estratégia swing trader, e para operações de
curtíssimo prazo é destacada a estratégia intraday.
No último capítulo do livro, Eduardo Matsura aponta
os rumos da análise técnica no futuro. Os sistemas
automáticos de negociação são sistemas que geram
indicações para compra e venda de ativos financeiros
com critérios previamente estabelecidos. Para otimizar
a rentabilidade das estratégias, o autor enfatiza, a ne-
cessidade de elaborar uma metodologia para deci-
sões de investimentos. Para tanto os investidores de-
vem estabelecer critérios para gerar indicações, com
preços projetados de entrada e saída das operações,
bem como os objetivos de lucro e valores de STOP a
serem respeitados. Ao elaborar uma metodologia para
investir, os dados necessários à operação do sistema
Rev. ciênc. hum, Taubaté, v. 12, n. 1, p. 89-90, jan./jun. 2006.
automatizado são criados, em seguida devem ser in-
seridos e proceder-se o backtesting para verificar se o
sistema opera de acordo com os critérios estabeleci-
dos. Concluído isto o sistema está operacional.
A abordagem direta, que inclusive é a proposta do
autor, é um ponto forte da obra. A cada conceito teó-
rico exposto um exemplo prático é desenvolvido para
melhor compreensão do leitor. O recurso da exposi-
ção de ilustrações foi bem empregado na obra. Isso
facilita o entendimento da aplicação prática das ferra-
mentas e técnicas nas operações.
Por outro lado, em alguns pontos do livro como,
por exemplo, na seqüência de Fibonacci, um maior
nível de detalhamento seria recomendado. Em outros
pontos, como no capítulo sete, que trata das estraté-
gias de operações, poderia ser melhor encadeado para
facilitar, não só a leitura, mas também o entendimen-
to do leitor.
A leitura do livro proporciona a inclusão dos
iniciantes na esfera de discussão das teorias e concei-
tos da Escola Técnica. Eduardo Matsura atinge o obje-
tivo de transmitir o conhecimento da Escola Técnica.
Recomendo a leitura a pessoas interessadas em apren-
der como tomar decisões no mercado de ações sen-
do estudantes ou profissionais.
Odair Cantanhede Guarneri
Professor Assistente I da Universidade de Taubaté, Mestre em Gestão e
Desenvolvimento Regional, Especialista em administração e Marketing pela
Fundação Getulio Vargas
Rua José Gomes Vieira, 340
Independência - Taubaté - SP
CEP - 12031-180
TRAMITAÇÃO
Texto recebido em: 24/04/2006
Aceito para publicação em: 03/05/2006
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