FILOSOFIA DA CIENCIA nod ena experimentacdo, Bee Le Cees inclusive os biolégicos, vem fornecendo Pen ee a CO Red Ce Seer Pes De Ra ay Pema ener Pr Prec eee Ce Lod Oe LL pela religido catélica. rene eed ta ee eee ce viola o principio Cr da separagdo entre Estado e Igreja no pais, ens Pe rs ee OO PL Ser rad eer eee Peet Peer kere “para 0 outro lado saem 0s jovens-homens, correnclo em fila, calados ddiretamente para 0 rancho do oxim, Arrombam @ ppalhoga ao mesmo tempo, por todos os lados. Agar ram, Ievantam ¢ estragalham 0 oxim ali mesmo. 86 com as mios.” Esse trecho do romance Maira, do antropélogo, educador e escritor Darcy Ribeiro (1922-1997), ilustra bem o pensamento magico ‘que prevalece em populagdes de estruturas pré- ‘Gentificas. No romance, ambientado entre indige- nas brasileiros baseado em sua consideravel ex- periéncia entre eles, a menina Cori more, mordi- dda por uma cascavel, e seu pai suscité-la com 0 auxilio do curandeiro ~ 0 oxim. ‘A incapacitlade de curé-la 6 fatal a oote. No inicio da histéria humana nossos ancestrais, incapazes de compreender 0 mundo que os cer cava, apelaram para pensamento magi. As re lagies estabelecidas entre os fendmenos eram fi- rcui tena res- nalisticas ow ulilitérias, nao se relacionando ne- cessariamente de maneira coerente com os fatos Haveria um poder onipotente espiritual e invist- vel. nem sempre coerente, que seria proprio das divindades.Criou-se assim 0 mito, ou seja, um conceito ou ‘uma afirmacao que nio tem relagao com uma cat salidle empirica conseq le. E para associar o divino com o natural surgiram inicialmente os Feiticeiros ou curandeiros. A funcio do mago era Persuadir os espiritos contidos no ambiente em al a cooperar com a sociedade. As pessoas que se consideravam aplas a tal tarefa receberam en- ‘ao um status especial, que Ihes assegurava vanta: sens mas também riscos, coma no caso apresenta: do no romance de Marcy Ribo Com a evolugio das sociedades humanas possi- bilitada pelas revolugdes agréria © urbana hé todo wy sunt ex ies, com suas revelacdes, mistérios, textos sagrados, e montando-se suas rigidas estruturas hivrarquicas de controle. Embo- ra 0 adepto de uma re 4 nica, a humanidade ~ segundo o antropélogo ccanadense (naturalizado norte-americano) Anthony F.C, Wallace ~ jd criow cerca de 100 mil religides, # a verificagio de que isso pode proporcianar lucro tem resultado (inclusive no Brasil de hoje) em uma proliferagio cada vez. maior to as rel tradicoes Em lermos histévicns, 1 auge do idoaliemo © da 6 sem razio ocorreu na Made Média, com a nogao de que stiria apenas uma verdade. Seu persona- gem paradigmstico 6 Santo Agostinhu (334-430), bispo de Hipona, na atual Argélia, que adotou a FILOSOFIADA CIENCIA doutrina do persa Mani ou Manique (216-278?) segundo a qual o universo foi eriado e é dominado por dois principios antagonicos e irredutiveis: Deus, ou 0 bem absoluto, e 0 Diabo, ou o mal absolute (esta, alids, 6 a origem da palavra maniqueist). Para se ter uma idéia do clima que reinava na dade Média, pode-se recorrer novamente a litera tura, através do romance O nome da rosa, do filé sofo e escrito italiano Umberta Bea, Elo rotrata¢ maneira excelente as interminavels discusses sobre detalhes, as vezes énfimos, da doutrina, que diam rosull oe de horesia e julga mento pela Inquisicdo, o temivel tribunal eclesiss tico criado pelo Papa Gregério IX em 1231. Segun. do o médicu Carlos Antonio Mascia Gottschall, no livro Do mito ao pensamento cientifico, a Inquisicao representou, por corca de sete sécullos, a m mordaga ao conhecimento racional organizado no mundo ocidental. O surgimento da razdo e da ciéncia ttrntza, Defines rie cone'a exfocde nee ‘eventos relacionados com o seu dia-a-dia e 0 muss do exterior. Essa faculdade foi inicialmente cul vada pelos gregos da Antiguidade cléssica, exem plificados por Aristételes (384-22 a.C) malo de 2005 + ciencinmFiLosoriA DA ciEMcIA STITT Mas razio $6 nio basta. Ernst Mayr (1904 2003), bidlogo evelucionista alemao (naturalizado norte-americano) uma das figuras mais impor- tantes do século em que viveu, expressou em livro ppublicado no ano passado:“O que nao comproendo 6 por que a maioria dos fil6sofos da cié dita que os problemas da filosofia da ciéneia pos- sam set resolvidos pela légica.” E concluiu: “Um enfoque empitico parece um melhor caminho.” (© que faltava para compreender razoavelmente ‘o mundo era a ciéncia, que pode ser definida como ‘um conjunto de rogistros sistematizados que visam ao conhecimento de uma parcela da realidade através de método proprio, a metodologia cientiti- cea, Esta desenvolveu-se através de esforgos de uma triade exemplar: o Inglés Francis Bacon (1561 1626), 0 italiano Galileu Galilei (1564-1642) ¢ 0 francés René Descartes (1596-1650) Estabilidade ou mudan¢a? Na interpretagio de nossa existéncia pod distinguir duas filosofias, uma que dé énfase estabilidade, A manutengio do status quo, e outra que coloca como importante @ mudanga De acordo com a visio de religiosos artodoxos, ‘0 mundo esta prefixado através da criagao divina, No que se refere ao mundo biol ditar literalmente na versio da Biblia, documento que registrou historias orais apresentadas hé mais de dois mil anos. Nessa versio, as espécies sio as mesmas descle a sua criagio por Deus; nada se modificou desde entio, Nem todos os religiosos, no entanto, esto de acordo com essas idéias. O padre jesuita francés din (1881-1955) notabil zou-se por procurar conciliar o evolucionismo (que eenfatiza a mudanca) com o cristianismo. Preocu- pado com problemas de evolugao humana, devido 4 suas presquisas arqueoldgicas, ele publicou em Pierre Teilhard de 30 * CIENCIA HOKE # vol. 36 4 8 285, 1039 um Livro (O fendmeno humano) em que visualiza um processo de hominizagao da biosfera. Elo propos que todas as coisas ~ vivas ou inani das ~ tenderiam desde a criagio do mundo a sor is perleitamente unificadas, como revelaria a ciéncia, © que tal proceso leva via, em ultima andlise, para a emergéncia da cons: ciéncia humana e sua unio eventual com Omega, termo classificado pelo evolucionista inglés Julian Huxley (1887-1975) como “um Cristo eosmico No Brasil, em livro publicado em 1986, © gene- ticista Newton Freire-Maia (1918-2003), caldlico bem conhecido e um dos fundadores do 1 ncia e Fé de Curitiba, considerou a controvér sla evolugao versus crlacio um “falso dilema titulo Qual 6, atualmente, a viodo ciontifioa do nivor 80? Contrariando a monotonia de um todo estatico, as evidéncias indicam a ocorréncia de um estado dinimnico. Cosmicamente, estamos em um proces: so de expansio permanente, ¢ a hist6ria dos seres vivos 6 apenas uma parte desse processo global. A palavra evolugdo deriva do termo latino evolutio & desenrolar. Ele pode ser uusada nesse sentido ou em outros que envolvam a idéia de mudanca. Mas nem toda mudanca & evolucionaia: 0 deslocamento das folhas de uma rvore com o vento, por exemplo, ndo é um proces s0 evolucionério. O postulado bisico do conceito de evolucio biolégica é de que todas as formas jcas alualmente existentes em nosso planeta seu significado literal varam de um ancestral comum, universal. Esso ral no deve ser concebido necessariamente lidade discreta definida: o micro- bidlogo norte-americano Carl Woese tem apresen- tado evidéncias de que, no inicio, teria existido uma comunidade de células, isto é, um agrogado supramolecular.‘A teoria da evolucio s6 tomou foros estritamen- te clentificos apos a obra seminal do naturalista, inglés Charles Darwin (1809-1882), denominada nm das especies por melo da selecao natural ou a preservacdo das racas favorecidas na Iuta pela vida e publicada em 1859. Diz-se que o mundo nunca mais foi o mesmo apés @ sua divulgagio. A reagio ao livro de Darwin, especial- ‘mente por parte de elementos conservadores, foi imediata, Entretanto, um a um, todas os argusnen- tos contrérios a Wworia foram sendo descartados. Pela relacio de Fritz Maller (1822-1897) com 0 Brasil ~ ele radicou-se em Santa Catarina ~ deve ser lembrado o livre que esse naturalista alemao publicou em 1863. Fur Darwin, do qual existe uma edicio em porlugués (Fatos e angumentos a favor de Darwin), editada om 1990 por Hitoshi Nomura, com uma série de anotagées adicionats Os eventos posteriores mais importantes ocorre- ram dos anos 30 aos anos 50 do século, passado, com a sintese entre os conhecimentos gensticos © ‘8 evolutivos, Um dos lideres desse trabalho estev também intimamente vinculado ao Brasil ~ esteve aqui por varios periodos, a partir dos anos 40, sendo fundamental na formacio de uma geragio de cientistas, Trata-se do goneticista russo [natura lizadlo nor (1900-1975) cuja obra magistral A genética ¢ a ‘origem das espécies, publicada em 1937, 6 consi ddorada um marco decisive no processo que levou a ossa sinlose, A segunda 1 do século 20 6 caractorizada pelo que se denominou ‘revolucdo molecular’. A doscoberta da estrutura fisica do material genético (0 DNA ou acido desoxirribonucl6ico}, 0 esclare mento de como funciona e de como poderia ser manipulado, abriu amplas horizontes para os estu- dos evolucionarios. Aleanca-se assim a era da ‘gendmica, com o ostudo comparativo da totalidade do DNA (genoma} de diferentes espécies. Se hi alguma licho que a moderna genética evolutiva forneceu, esta seria a de que somos todos inmaos, Nada menos do que 50 genes de uma le- vedura, que nos auxilia @ fabricar pao e cerveja, ém similaridade significativa com genes causado- res de doengas em humanos. Existem 300 genes wos na galinha que tém contrapartida hu- renga genomica média entre huma: Sobre a oi nos ¢ chimpanzés 6 de apenas 1%. O conceito de fratermidade universal deixou de idéia abstrata, para tornar-se uma fria realidade cientiica er, portanto, uma Sobre fanatismo, intolerancia e ética Devido a sua universalidade, @ provavel que 0 comportamento religioso sea ui dario dos processos que moldaram @ mente huma- na, Tentativas de erradicé-lo nao tiveram éxito. Na Unido Soviética, as igrejas foram transformadas ‘em museus e 0s religiosos eram considerados com desconfianga pelos poderosos dirigentes do partido comunista, que comandava 0 pais. Em vio. Apés a queda do regime, voltou tudo ao que era antes. ‘Tom-se procurado investigar © papel social das religioes. © 0 porqué do crescimento do nimero de figis, embora em muitas o celibato de seus sacer dotes seja obrigatério, Em termos do evolugao cultural, elas constituem um fondmeno interessa te de evolucao grupal. Enfatiza-se ao maximo o papel do amor ao préximo, da catidade e da ajuda iitua ‘entre os fiéis', Jd em relagio aos ‘outros’, existe intolerincia, discriminagio e propésitos de climinagao, que geraram e geram as chamadas {guerras santas ~ como, por exemplo, as Cruzadas, Muito do que foi apresentado alé agora pode parecer o bvio ululante para uma parcola dos leitores de Ciéncia Hoje, Por que retomar esses assuntos nesse momento? A razio é a existéncia, por toda parte, paralelamente ao fantastico desen- volvimento da ciéncia, de movimentos fundamen- talistas ¢ anticientificos. Um dos aspectos mais preocupantes desses movimentos 6 a campanha contra os principios da evolucao biologica 0 criacionismo, movimento que proga uma aderéncia estrita ao texto biblico, negando as av: saladoras evidencias cientificas relacionadas a evo- cdo, sempre foi forte - paradoxalmente ~ na nacido lider da area cientifica, os Estados Unidos. E 0 bbioquimico Bruce Alberts, prosidente da mais pres- tigiosa associagio ciontitica daquele pais, a Acade- mia Nacional de Ciencias, recentemente manifes- tou-se alarmado com as proporgdes que esse movl- mento esta alcancando no territério norte-ameri: cano, Em nada menos que 40 estados ow distritos escolares locais ha questionamentos sobre o ensino da evolugao, Outras téticas dos eriacionistas envolvem: (a) a colocagio de adesivos nos livros didaticos de bio- logia da escola secundéria, exigindo ou recomen- dando a inclusio da doutrina do Designio Inteli- produto secun- pacitmcra malo de 2005 + cItncia Hole + 38Ora, 0 Brasil esta (esta no quinto) e edita uma revista; (b) no Centro Ihante; (c} uma lei estadual do Rio de Janeiro criow sua Secretaria de Educacio proconizaram o estudo riacionismo em toda a rede escolar estadua em oposicdo a0 evolucionismo; e (d) aparentem FREEMAN, te medidas equivalentes esto sendo adotadas no Ninguém € contra que sejam ministrada desde @ Proclamacao da Repablica, ha 116 ano jgora no Brasil © principio de separagao enn Estado ¢ Igreja. Se cultores de determinada f¢ Tem-se enfatizado muito os direitos éticos indi — com a ciéneia, Um dos menos lembrados, no (Sone igico, mas também a visio do mundo proporcic “ ia articulando wm movimento para plettear « las de ingresso nas universidades para os ateus ou ater acionalistas clentificos. O que ilustraria o princt era Redonda lialético da contradigéo (racional/irracional ed Pe a) Te asd Crea antigo ancestral, Ce eae origem aos grandes a On Cad Praag eee ea td cee eee Pea Red Fee ee lester aad O confronto entre eet CT eA Ce eee ra ie Cad criacionista. Os textos eee Cees led eee Ti Or Mead ener Ome eed ee Cle Deeded CT Pee eed Cee ea Peo eed ee