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Édipo e a Filosofia

Édipo , sujeito do conhecimento, vive sua vida entre doxa e


episteme .
No mito reconhecemos que na caverna seu mundo é perfeito. Édipo
dominou a episteme quando decifrou o enigma da Esfinge .
Édipo é o sujeito que em seu mundo sensível conhece as coisas e
tem poder sobre elas.
Seu Ser e mundo é como Parmênides descreveu é o mundo das
aparências, das ilusões, aquilo que conhece como verdade é falso.
Sua existência por ser enganadora esta sempre lhe testando, suas
vitórias são sempre temporárias, é o devir de Heráclito .
Édipo, somos todos nós quando não olhamos o mundo, como ele é
verdadeiramente. Nossa existência busca, nas ciências, nas religiões,
nossa essência, porque nossa razão não consegue perceber . Assim
nossa ética é sempre regulada pelas ideologias . Também somos
como Édipo vemos só aquilo que é sensível aos nossos olhos mas
somos cegos naquilo que nos é essencial. Sofremos como ele porque
não sabemos quem somos e de onde viemos.
E como ele trocamos fácil, nossas idéias e ideais, por algo que
conforte o nosso ego, nós ocupamos a vida a resolver problemas
banais, e nos sentimos como ele, heróis .
Como ele herdamos uma culpa, porque como ele sempre somos
feridos na alma, desta ferida, que uns chamam alienação, outros de
recalque. Assim como Édipo nos apoiamos na nossa terceira perna,
para uns vaidade, para outros medo . Assim como ele pensamos que
salvamos a Polis, quando exercemos nosso direito como cidadãos
(matamos os monstros que, segundo os gregos, simbolizam as
perversões dos governantes perversos ) mas logo a Polis esta em
perigo de novo e assim vai...
Até que um dia como ele somos convidados a sair da caverna e
conhecer verdadeiramente o que esta oculto e buscar a verdade, ir
atrás de nossa verdadeira essência, ele foi, uns não irão, eu quero ir,
mas a busca é sempre longa e difícil . Fora da caverna não existe o
conforto da dúvida, só a dura certeza, também não existe
recompensa, nem prêmio, só a realidade . Muitos irão voltar para
contar as grandes novidades, assim como Zoroastro voltou, uns vão
dizer que era louco, outros não acreditarão nele, e como o herói
nietzschiano, estamos destinados a solidão. Mas assim é a filosofia,
solitária naquilo que ela tem de mais democrático que é a
possibilidade de cada um de nós ser herói de si mesmo.
Édipo enfim encontrou-se, viu sua essência verdadeira, descobriu de
onde veio e escolheu o seu fim.
E aí vocês dirão isto é filosofia, eu responderei, e quem disse que
não é?

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