Você está na página 1de 9

1036 ARTIGO ARTICLE

A utilização do “fluxograma analisador”


para a organização da assistência à saúde
no Programa Saúde da Família

The use of an analytic flowchart to organize


healthcare in the Brazilian Family Health Program

Tatiane Aparecida Venâncio Barboza 1

Lislaine Aparecida Fracolli 1

Abstract Introdução

1 Escola de Enfermagem, To reorganize healthcare in the Family Health Em 1994, o Ministério da Saúde propôs a estra-
Universidade de São Paulo,
Program (FHP) it is necessary to change the work tégia do Programa Saúde da Família (PSF), co-
São Paulo, Brasil.
process in health services. The work process is mo uma forma de reorganização da produção
Correspondência both the focus of special attention for introduc- de cuidados de saúde. O desenvolvimento des-
L. A. Fracolli
ing changes in health services and an important sa estratégia tinha como objetivo reorganizar a
Escola de Enfermagem,
Universidade de São Paulo. health services management issue. This study prática assistencial de saúde sob novas bases e
Av. Dr. Eneas de Carvalho aimed to discuss and analyze the use of an ana- critérios, em substituição ao modelo tradicio-
Aguiar 419, 2 o andar,
lytic flowchart with FHP professionals in São nal de assistência, que é orientado para a cura
São Paulo, SP
05403-000, Brasil. Paulo, Brazil, as an instrument to facilitate self- de doenças e centrado no hospital 1. A estraté-
lislaine@usp.br analysis of the work process. Data were obtained gia do PSF pressupunha que a atenção à saúde
through focus groups and analyzed using a poderia estar centrada na família, a qual deve-
technique called collective subject discussion. ria ser entendida e percebida a partir de seu am-
The results showed that the analytic flowchart biente físico e social. Para a estratégia do PSF, a
is a powerful instrument impacting the private adoção desses pressupostos possibilitaria aos
exercises of health professionals, making them profissionais de saúde uma compreensão am-
more controlled and thereby producing services pliada do processo saúde-doença e da necessi-
less focused on the physician-centered logic; it dade de intervenções que vão além de práticas
can also help solve disputes among different curativas. O PSF elegeu como diretrizes opera-
health professionals. cionais os princípios de: caráter substitutivo de
suas práticas (dado pela substituição das práti-
Family Health Program; Delivery of Health Care; cas convencionais de assistência por um novo
Health Personnel processo de trabalho, centrado na vigilância à
saúde); integralidade e hierarquização das ações
(entendendo que a unidade de saúde da famí-
lia está inserida no primeiro nível de ações e
serviços do sistema local de saúde); territoria-
lização e adscrição de clientela (buscando tra-
balhar com território definido); adoção do tra-
balho em equipe multiprofissional (a unidade
produtiva do PSF é a equipe de saúde da famí-

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 21(4):1036-1044, jul-ago, 2005


UTILIZAÇÃO DO “FLUXOGRAMA ANALISADOR” NO PSF 1037

lia, a qual é composta minimamente por um enfermeira (uma), auxiliar de enfermagem (dois)
médico generalista, um enfermeiro, um auxiliar e agentes comunitários de saúde (cinco ou seis),
de enfermagem e de quatro a seis agentes co- e em algumas unidades de saúde da família há
munitários de saúde) 1. odontólogos, psicólogos e nutricionistas incor-
A análise dos princípios do PSF revela que porados às mesmas. As equipes de PSF, no mu-
embora sua concepção teórica se baseie na tra- nicípio, trabalham com cerca de 800 a 1.000 fa-
dição herdada da vigilância à saúde, a mudan- mílias (mais ou menos 4 mil pessoas) e são res-
ça do modelo assistencial somente ocorrerá a ponsáveis por: cadastrar as famílias; fazer vigi-
partir da reorganização do processo de traba- lância de saúde pública (sanitária e epidemio-
lho em saúde. E para atingir a dinâmica médi- lógica); conhecer a realidade das famílias sob
co-centrada que opera no caso da saúde, é pre- sua responsabilidade; elaborar um plano de
ciso que se reorganize o trabalho das equipes, enfrentamento dos determinantes do processo
atuando nos seus processos decisórios, o que saúde-doença; prestar assistência integral na
ocorre no ato mesmo da produção de saúde. recuperação da saúde, na prevenção das doen-
Esses “novos” fazeres e práticas necessitam tor- ças, na promoção da saúde e na reabilitação;
narem-se concretos e materializarem-se como realizar consulta médica, consulta de enferma-
“tecnologias de trabalho”, usadas para produ- gem, acolhimento à demanda espontânea, gru-
zir saúde. pos programáticos, atividades lúdicas e de exer-
Segundo Merhy 2, os processos de trabalho cício físico e visitas domiciliárias 3.
concretos, vivenciados nos serviços de saúde, Embora o PSF se constitua em uma iniciati-
são focos de atenção especial para os proces- va de mudança da saúde, algumas críticas têm
sos de gestão da mudança. Para esse autor, exis- sido elaboradas sobre sua real capacidade de
tem “efeitos” do processo de trabalho, que se fornecer atenção integral, oportuna, contínua,
expressam no dia-a-dia dos serviços e, que de- de qualidade e com humanização do atendi-
vem ser “olhados” como lugares estratégicos- mento. A análise do PSF/QUALIS na região nor-
alvo para operações, que podem disparar po- te do Município de São Paulo, identificou que a
tencializações vitais, na direção de novos pro- ênfase da produção das unidades de saúde da
cessos de produção de saúde. família estava centrada na recuperação e na
Por se constituir em uma estratégia gover- cura, viabilizada pela assistência prestada pe-
namental para reorganização da assistência à las equipes por meio, principalmente, da con-
saúde, o PSF vem sendo amplamente implan- sulta médica e de enfermagem e associada a
tado nos municípios brasileiros, os quais rece- uma forte tendência ao pronto atendimento
bem inclusive verbas diferenciadas para o de- (Salum MJL, comunicação pessoal).
senvolvimento do programa. No Município de O PSF, como uma estratégia de implantação
São Paulo, o PSF se instalou a partir do ano de do SUS, por estar “em realização” e por apre-
1998, sob a coordenação da Fundação Zerbini, sentar uma organização do trabalho em bases
em parceria com Secretaria Estadual de Saúde, não tradicionais, pode ser gerencialmente ins-
e foi denominado de Projeto QUALIS; tinha co- trumentalizada para organizar sua produção
mo objetivo reorganizar o modelo tecno-assis- de cuidados, de forma usuário centrada e com
tencial, baseado na promoção, proteção, diag- processos de trabalho mais publicizados 1.
nóstico precoce, tratamento e recuperação de Para atingir a dinâmica do capital que ope-
saúde conforme as diretrizes do Sistema Único ra no caso da saúde, é preciso que se reorgani-
de Saúde (SUS) 3. Atualmente, o PSF no Muni- ze o trabalho do médico e dos outros profissio-
cípio de São Paulo deixou de ser uma iniciativa nais, atuando nos seus processos decisórios, os
do Projeto QUALIS e passou a integrar a pro- quais ocorrem no ato mesmo da produção de
posta política da Secretaria Municipal de Saú- saúde. Estes “novos” fazeres e práticas, neces-
de, que de 2000 até hoje, já implantou mais de sitam tornarem-se concretos e materializarem-
600 equipes de saúde da família nas regiões se como “tecnologias de trabalho”, usadas para
mais carentes do município 3. produzir saúde 4. Os processos de trabalho con-
Em São Paulo, o PSF representa uma estra- cretos, vivenciados nos serviços de saúde, são
tégia de adequação e reorientação da atenção focos de atenção especial para os processos de
básica e dos demais níveis do sistema. As uni- gestão da mudança e existem “efeitos” do pro-
dades de saúde da família atuam por intermé- cesso de trabalho, que se expressam no dia-a-
dio do trabalho de cinco ou seis equipes de saú- dia dos serviços e, que devem ser “olhados” co-
de. As equipes são compostas por médico (um), mo lugares estratégicos-alvo para operações

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 21(4):1036-1044, jul-ago, 2005


1038 Barboza TAV, Fracolli LA

que podem disparar potencializações vitais, na culação de uma transição ou de uma transação
direção de novos processos de produção de entre as instâncias mentais, que têm como ca-
saúde 4. Os “efeitos” do processo de produção racterística exprimir a problemática de um su-
do cuidado e suas tensões constitutivas, segun- jeito, manifestá-la e denunciá-la.
do Merhy 4, marcam os grandes temas contem- O “fluxograma analisador” se constitui num
porâneos dos debates sobre as práticas de ges- instrumento de análise, que interroga os “para
tão, no terreno dos serviços de saúde, tanto pa- que”, os “que” e os “como” dos processos de tra-
ra os que visam a arranjos institucionais que balho, e ao mesmo tempo revela a maneira de
permitam a estabilização de certos modelos de governá-lo 4. A idéia de se operar com instru-
atenção, quanto para os que apostam na mu- mentos de natureza analítica apóia-se na pro-
dança destes. Desse modo, em qualquer uma posta de que a construção de tecnologias que
destas direções, conservar ou mudar, existe a operem com processos auto-analíticos e auto-
necessidade de se criar estratégias de ação ge- gestivos, articuladas às finalidades dos serviços
rencial para 4: impactar os exercícios privados de saúde, podem ser instrumentos potentes na
dos profissionais, tornando-os mais controla- viabilização do SUS e na viabilização da estra-
dos, produzindo com isso serviços mais cen- tégia do PSF.
trados ou descentrados das óticas corporati- A questão norteadora deste estudo foi tes-
vas; atuar sobre as disputas que ocorrem quo- tar junto aos profissionais de saúde o “fluxo-
tidianamente, procurando impor controle so- grama analisador”, mediante a verificação dos
bre as mesmas e impor certos interesses parti- conteúdos analíticos por ele elaborados, ao vi-
culares de alguns, como sendo universais. sualizarem o processo de trabalho mapeado pe-
Assim, para remodelar a assistência à saúde lo “fluxograma analisador”. Pretendia-se verifi-
dentro da estratégia do PSF, deve-se modificar car se os profissionais conseguiam identificar-
os processos de trabalho em curso; entende-se se com aquele processo de trabalho desenha-
que a implantação do PSF, por si só, não signi- do, e a partir disso analisar os problemas e os
fica que o modelo assistencial seja modificado, pontos positivos do mesmo, terminando por ela-
isso vai depender da forma de se conseguir re- borar propostas para superação dos problemas.
ciclar a maneira de se produzir o cuidado em Assim, a finalidade deste texto é abrir uma
saúde. reflexão sobre os processos auto-analíticos,
Para que essas potencialidades para a cons- ocorridos no interior de uma equipe de saúde
trução do “novo” sejam capturadas, faz-se ne- da família, disparados a partir da apresentação
cessário a implementação de processos de au- do “fluxograma analisador”, e com isso “pro-
togestão do trabalho, que possam quotidiana- por” o uso desse instrumento como uma tec-
mente informar as disputas que se estabele- nologia de autogestão do trabalho.
cem no interior desse processo de trabalho 4. Este estudo foi buscar as bases teóricas pa-
Merhy 4 defende que, uma análise das in- ra sua realização nas concepções de processo
terfaces entre os sujeitos instituídos, seus mé- de trabalho. Segundo Marx (1987, apud Merhy 4),
todos de ação e o modo como estes se intersec- o trabalho é compreendido como uma práxis,
cionam, permite realizar uma nova compreen- que expõe a relação homem/mundo, em um
são da tecnologia gerencial em saúde, toman- processo de mútua produção, concluindo com
do-se como eixo norteador o trabalho vivo em base nisso que, o trabalho produz o homem,
ato. Esse autor aposta na possibilidade de se mesmo que este seja fonte daquele e que, de
constituir tecnologias de gestão do trabalho, modo virtual, seja o lugar da criação e o mo-
que permitam identificar ruídos e quebras mento da existência e expressão do trabalho vi-
ocorridos nos processos de trabalho, que sejam vo em saúde.
fontes potenciais para a abertura de linhas de A experiência Taylorista nos mostra que as
fuga aos processos de trabalho instituídos. Pa- organizações capitalistas sempre tiveram de
ra esse autor, essas tecnologias de gestão do tra- conviver com a existência de um certo autogo-
balho consistem no uso de instrumentos anali- verno do trabalhador no processo de trabalho,
sadores e auto-analíticos, como tecnologias e que “aprenderam” a domesticá-lo e otimizá-
potentes para propiciar avaliações do trabalho lo para os processos da instituição.
desenvolvido nos serviços de saúde. O trabalho em saúde, entretanto, tem uma
A idéia de “instrumentos analisadores” se dinâmica muito peculiar, que faz com que o
baseia no conceito de “analisador” proposto mesmo esteja sempre em estruturação, dentro
por Baremblit 5, trazido da psicanálise e utili- de um quadro incerto, sobre o que é o padrão
zado na análise institucional. Para a psicanáli- de seu produto final. Num centro de saúde, di-
se, um “analisador” é um fenômeno resultante ferentemente de uma fábrica, não é possível
de uma combinação, de uma mistura, da arti- obter estratégias organizacionais, plenamente

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 21(4):1036-1044, jul-ago, 2005


UTILIZAÇÃO DO “FLUXOGRAMA ANALISADOR” NO PSF 1039

competentes, que consigam “capturar” o traba- (1) etapa de apresentação e introdução ao tra-
lho vivo. A “captura” total do autogoverno dos balho em grupo: neste momento houve a apre-
trabalhadores, nas práticas de saúde, não só é sentação dos profissionais e dos coordenado-
muito difícil, como impossível, pela natureza res da dinâmica de grupo, bem como a apre-
tecnológica deste trabalho 4. sentação dos objetivos do trabalho em grupo e
Frente ao exposto, o objetivo colocado para da pesquisa;
este trabalho foi discutir e analisar, com profis- (2) etapa de desenvolvimento do trabalho de
sionais das equipes de PSF, o uso do “fluxogra- grupo: neste momento tem início o núcleo
ma analisador” como um instrumento de auto- central do trabalho do grupo, onde se realiza a
análise e de autogestão do processo de traba- apresentação, em cartazes, de dois “fluxogra-
lho em saúde. mas analisadores” do processo de trabalho de
“acolhimento” e a explicação do que significa
cada figura presente no fluxograma. O “fluxo-
Trajetória metodológica grama analisador”, utilizado para discussão, foi
construído na pesquisa As Potencialidades da
Entende-se que, para se atingir os objetivos de Tecnologia de Acolhimento para o Controle das
uma pesquisa é fundamental a escolha de pro- Doenças Transmissíveis no Programa Saúde da
cedimentos metodológicos que viabilizem uma Família 8. A ação de “acolhimento” foi escolhi-
resposta às questões que o tema suscita, dessa da porque é uma atividade que todos os traba-
forma, a presente pesquisa opta por uma abor- lhadores de saúde no PSF realizam;
dagem qualitativa, pois esse tipo de aborda- (3) etapa de análise e discussão do fluxograma:
gem permite incorporar a questão do significa- nesta etapa estimula-se os profissionais parti-
do e da intencionalidade como inerentes aos cipantes do grupo a emitirem suas considera-
atos, às relações e às estruturas sociais 6. ções sobre o processo de trabalho desenhado
O recurso metodológico para a apreensão no fluxograma exposto. Os depoimentos foram
do real a ser utilizado é o depoimento dos pro- gravados, a dinâmica do grupo foi registrada e
fissionais da equipe de PSF sobre o mapeamen- as fitas transcritas.
to de seu trabalho pelo “fluxograma analisa- Os discursos obtidos, como resultado da di-
dor”, obtido por meio da dinâmica de grupo focal. nâmica do grupo focal, foram analisados utili-
A pesquisa foi realizada em uma unidade de zando-se a técnica de discurso do sujeito cole-
saúde, localizada no Distrito Sanitário Escola tivo 9. O discurso do sujeito coletivo constitui
Butantã. Essa unidade de saúde contava com uma técnica de organização de dados discursi-
cinco equipes de PSF. Foram sujeitos da pes- vos em pesquisa qualitativa que permite resga-
quisa: duas enfermeiras, dois médicos, quatro tar o estoque de representações sobre um de-
agentes comunitários de saúde e duas auxiliares terminado tema em um dado universo. A ma-
de enfermagem que atuam nas equipes do PSF téria-prima a ser trabalhada pelo discurso do
dessa unidade, que puderam e se dispuseram a sujeito coletivo é o pensar expresso de forma
participar da pesquisa. Esses profissionais não discursiva de um conjunto de sujeitos sobre
trabalham, necessariamente, na mesma equipe. um certo assunto. Os discursos são submetidos
Os dados foram coletados após o projeto ter a uma análise de conteúdo que se inicia pela
sido submetido ao Comitê de Ética da Prefeitu- decomposição desses nas principais ancora-
ra Municipal de São Paulo, atendendo assim à gens ou idéias centrais presentes em cada um
resolução de número 196/96 que trata de pes- individualmente e em todos reunidos, seguin-
quisas envolvendo seres humanos. Os profis- do-se a uma síntese que visa à reconstituição
sionais do PSF que consentiram voluntariamen- discursiva da representação social 9.
te em colaborar com o estudo assinaram o ter- As figuras metodológicas constitutivas da
mo de consentimento livre e esclarecido. proposta do discurso do sujeito coletivo in-
A coleta de dados foi realizada utilizando- cluem: expressão-chave, idéia central, ancora-
se a técnica do grupo focal. O grupo focal é uma gem e discurso do sujeito coletivo. Expressão-
técnica de entrevista em grupo, muito utilizada chave é a transcrição literal de trechos ou seg-
para obterem-se dados relativos a sentimentos mentos, contínuos ou descontínuos, do discur-
e opiniões de pequenos grupos acerca de de- so que permitem o resgate do essencial do con-
terminados problemas, e também para desen- teúdo discursivo; idéia central é um nome ou
cadear conhecimentos, atitudes e práticas de expressão lingüística que traduz o essencial do
alguns grupos sociais 7. conteúdo discursivo explicitado pelos sujeitos;
Em data pré-agendada os profissionais aci- ancoragem abarca os pressupostos, as teorias,
ma descritos participaram de uma dinâmica de os conceitos, as hipóteses e as ideologias exis-
grupo que seguiu as seguintes etapas: tentes na sociedade e na cultura, e que inter-

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 21(4):1036-1044, jul-ago, 2005


1040 Barboza TAV, Fracolli LA

nalizados no indivíduo, usualmente, alicerçam Idéia central I: o acolhimento é um processo


um discurso. de trabalho que integra o Programa Saúde
O discurso do sujeito coletivo é a reunião da Família devendo-se, no entanto,
em um discurso-síntese das expressões-chave estar atento à forma de sua realização
que manifestam a mesma idéia central ou an-
coragem. Os indivíduos se dissolvem e se in- • Tema A: processo de trabalho
corporam num ou em vários discursos coleti- de acolhimento é resolutivo e acolhedor
vos que expressam a representação social acer-
ca de um determinado tema da coletividade a Discurso do sujeito coletivo: “(...) [há] acolhi-
qual pertencem. O discurso do sujeito coletivo mento onde existe uma necessidade de entender
configura uma “coletividade discursiva”, cujo o que a pessoa veio procurar na unidade, perce-
conteúdo compõe-se pelo que é falado por um ber o que ela quer e resolver na unidade.(...) Você
sujeito individual e pelo que seu “companheiro não pode falar que a pessoa só veio para conver-
de coletividade” atualiza por ele. Os passos até sar (...) [muitas vezes] aquela queixa de dor e de
a síntese nos discursos do sujeito coletivo in- tontura com uma conversa a gente esclareceu e
cluem 9: (a) leitura do conjunto dos depoimen- viu que não era [central], (...) só que a pessoa
tos coletados nas entrevistas; (b) leitura da res- não colocou isso na [sua] fala quando descreveu
posta a cada pergunta em particular, marcan- seu problema. O acolhimento em si é terapêuti-
do as expressões-chave selecionadas; (c) iden- co, [a pessoa] precisa falar com alguém e só isso
tificação das idéias centrais de cada resposta; ajuda a passar a dor [pela qual] ela foi em busca
(d) análise de todas as expressões-chave e idéias de uma vaga médica [e ao final] a pessoa admi-
centrais, agrupando as semelhantes em con- tiu que estava se sentindo melhor e que ela pre-
juntos homogêneos; (e) identificação e nomea- cisava falar porque não tem com quem falar”.
ção da idéia central do conjunto homogêneo,
que será uma síntese das idéias centrais de ca- • Tema B: processo de trabalho
da discurso; (f ) construção dos discursos do su- não é resolutivo
jeito coletivo de cada quadro obtido na etapa
anterior; (g) atribuição de um nome ou identi- Discurso do sujeito coletivo: “(...) ela [a pacien-
ficação para cada um dos discursos do sujeito te] estava também com [uma] queixa clínica e
coletivo. também não foi encaminhada para [nenhum]
lugar. (...) ela [profissional] não deu resolutivi-
dade, não deu encaminhamento [e tentou pelo
Resultados que aparece no tom do quadro meio pejorativo]
‘ai meu Deus do céu ela só quer conversar’ então
Como propõe a técnica do discurso do sujeito não tem uma resolubilidade a partir da conver-
coletivo, as falas dos sujeitos foram organiza- sa, parou ali. [Uma outra questão importante]
das segundo a idéia central que as mesmas tra- (...) mais até do que se preocupar com o ar do
zem e os temas que constituem estas idéias cen- paciente naquele momento, a gente tem que se
trais. preocupar com os rótulos que impedem a gente
Neste estudo encontramos nos registros das de ver a realidade, pode até ser que como eu es-
discussões do grupo a existência de três idéias tou no grupo [equipe de PSF] eu já conhecesse a
centrais, quais foram: (1) o acolhimento é um história da pessoa (...) na hora que eu falo, uma
processo de trabalho que integra o Programa pessoa que procura atendimento, já é diferente,
Saúde da Família devendo-se, no entanto, estar é uma pessoa que busca os meus cuidados (...) o
atento à forma de sua realização; (2) o acolhi- que impacta é eu saber que é uma pessoa que
mento determina como será a porta de entrada busca o meu atendimento e é uma pessoa que
da unidade de saúde; (3) o fluxograma analisa- não sabe o que tem (...) então eu fico meia hora
dor é um instrumento potente para avaliação ali cutucando até identificar que ela tem tontu-
do processo de trabalho. ra e perna machucada, uma queixa biológica e
aí qual foi a terminalidade, qual foi a interven-
ção que ele [profissional] fez nessa queixa bio-
lógica? Nenhuma (...) dependendo da situação,
do local e da demanda (...) se eu tenho 16 vagas
e 30 pacientes é bom que eu atenda logo, senão,
quer dizer, dependendo de como eu me organi-
zar, se eu começo atendendo e fico trinta minu-
tos com uma pessoa, como é que eu vou dar con-
ta do restante (...)”.

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 21(4):1036-1044, jul-ago, 2005


UTILIZAÇÃO DO “FLUXOGRAMA ANALISADOR” NO PSF 1041

• Tema C: processo de trabalho Num primeiro momento da análise, os pro-


não articula social e biológico fissionais olham para o processo de trabalho
descrito e passam a avaliá-lo como positivo ou
Discurso do sujeito coletivo: “(...) se o trabalha- negativo, como adequado ou inadequado ou,
dor que atendeu tivesse falado dessa coisa para como querem os sujeitos, como resolutivo ou
além [do biológico], por exemplo, como já fala- não. A seguir, chegam mesmo a identificar ques-
ram a paciente não comeu. Se comeu, é só mu- tões que tornam esse processo de trabalho mais
dar o enfoque. (...) quando ela atende só fala as- ou menos resolutivo, tais como, abordar o bio-
sim: chegou uma paciente psiquiátrica, sentou lógico e não o social; o preparo do profissional
lá, começou a falar e aí eu fui perguntando, mas de saúde para a atividade de triagem, confun-
a paciente tinha uma aceleração de pensamen- dida como a centralidade do acolhimento. Para
to, não conseguia responder, até que ela me dis- os termos da pesquisa, o surgimento desses te-
se que tinha tontura e estava com a perna ma- mas nas discussões do grupo, atinge o objetivo
chucada (...) eu não sei se ela mora na favela e de identificar se o “fluxograma analisador” é
tal (...) a pessoa [o profissional] não faz essa ar- capaz de desencadear, nos profissionais de saú-
ticulação. [Num] Atendimento, o que acontece, de, um processo de auto-análise do seu trabalho.
eu vou [identificar] uma série de coisas que de
verdade eu não tenho como resolver, eu posso Idéia central 2: o acolhimento
até propor soluções, quem de nós no acolhimen- determina como será a porta de entrada
to já não teve que ouvir as angústias de uma da unidade de saúde
pessoa, aí talvez o que eu precise fazer é saber
[como intervir], então eu vou enrolando, isso • Tema A: é preciso ter um motivo biológico
denuncia um ruído aí, eu acredito numa coisa e para poder entrar no serviço de saúde
acabo produzindo outra. (...) chega uma pa-
ciente com uma dor no peito, quando ela come- Discurso do sujeito coletivo: “(...) aquilo serviu
ça a falar e você não vai de imediato na dor, vo- de desculpa, uma justificativa para a pessoa
cê deixa ela falar e ela fala trinta minutos com que quer ‘conversar’ [e vai] (...) até a unidade
você, de toda uma situação de problema que ela (...) [de fato] ela não estava com tontura, essa
tá enfrentando na casa dela, no relacionamento foi a justificativa, ela não comeu, estava com
com o marido e com os filhos; ao diagnosticar a problema, tem uma perna machucada (...) [es-
dor no peito eu sei que é de fundo nervoso (...) a sa é a razão real]”.
gente [profissionais] tem que aprender a olhar
as questões individuais e coletivas (...)”. • Tema B: acolher é mais que triagem

• Tema D: processo de trabalho é resolutivo Discurso do sujeito coletivo: “(...) olha tem uma
se o profissional é “treinado” para triagem pessoa por trás dela (...) ela é uma pessoa com
má história de vida que procura, então eu acho
Discurso do sujeito coletivo: “(...) se uma con- que isso já mostra. (...) eu tenho sentido que o
duta [clínica] é correta ou não depende da ca- acolhimento não é acolhimento, na verdade ele
pacitação do profissional. (...) no caso aqui o está identificado como PA, como triagem, muito
profissional foi perguntando e chegou ao diag- mais centrado nas queixas clínicas. [porque o
nóstico: tontura e perna machucada. (...) se eu acolhimento] Tem que levar em consideração
tenho uma pessoa que procura atendimento [na [que o usuário] (...) está [inserido] no meio [so-
unidade básica de saúde] e eu vou ter que aten- cial], [o profissional] que escutou durante trinta
der, o que eu estou conseguindo produzir no minutos, porque [ao] escutar durante trinta mi-
momento é um agendamento de exame, uma nutos você escuta muita coisa, não [foi] só (...)
conduta para resolver, eu estou conseguindo ou- triagem, o outro não escutou nada, só fez o diag-
vir até entender que ela tem uma tontura (...) nóstico, essa [o primeiro] pessoa escutou, essa
uma determinada queixa (...). Outra [questão pessoa acolheu”.
importante] é essa questão de limite [da prática
clínica da enfermagem], e se vocês lembrarem • Tema C: acolher é menos que triagem
bem foi por isso que surgiu a questão do proto-
colo que ameniza um pouco a questão da clíni- Discurso do sujeito coletivo: “(...) ouvir [duran-
ca. (...) [uma pessoa que esperou na fila] não ti- te] trinta minutos e não mudar o resultado, não
nha nada visível, porque a pessoa [profissional] sabemos [se esse foi o resultado do acolhimen-
não ia demorar trinta minutos [para atender] to] porque não tem um encaminhamento. (...) a
se estivesse olhando uma perna machucada ou pessoa [profissional] demorou trinta minutos
alguma dificuldade de deambulação”. para chegar [no diagnóstico] de tontura e perna

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 21(4):1036-1044, jul-ago, 2005


1042 Barboza TAV, Fracolli LA

machucada e não sabe o que fazer com o resto. busca ativa ou fazer uma supervisão dessa pes-
E (...) termina no encaminhamento para con- soa (...) talvez fosse legal que um agente comu-
sulta ou só com uma conversa”. nitário fosse até a casa para ver como a pessoa
Nesse bloco de considerações, suscitadas está”.
pelo “fluxograma analisador”, o grupo passa a Nessa idéia central podemos identificar que
questionar qual é a centralidade (a finalidade) os profissionais acolhem o “fluxograma anali-
do processo de trabalho em análise, questio- sador” como um instrumento que possibilita a
nando o fato de que, se ele for a porta de entra- auto-análise e autogestão do processo de tra-
da do PSF, tem de operar com uma lógica dife- balho, uma vez que ao identificarem pontos crí-
rente da biologicista e médico-centrada. Num ticos, discutem as possíveis soluções para os
segundo momento, o grupo identifica que os mesmos.
instrumentos de trabalho utilizados por eles, Os discursos do sujeito coletivo acima nos
para operar o acolhimento (saberes e técnicas), indicam que, ao submeter o processo de traba-
não são suficientes para realizar a finalidade lho de acolhimento para análise dos profissio-
proposta para o processo de trabalho de aco- nais de saúde, que ao mesmo tempo são os
lhimento. “agentes” desse processo de trabalho, desenca-
deamos uma reação que vai desde identificar
Idéia central 3: o “fluxograma analisador” como esse processo de trabalho se articula, até
é um instrumento potente para avaliação identificar quais os meios e instrumentos que
do processo de trabalho esse processo utiliza para se concretizar e as
formas de superar as dificuldades do mesmo.
• Tema A: o “fluxograma analisador”
denuncia o processo de trabalho
Considerações finais
Discurso do sujeito coletivo: “(...) ele [o fluxo-
grama] deixa claro a dificuldade que a gente O PSF, enquanto uma estratégia técnico-políti-
[profissionais] tem para aplicar tudo o que vo- ca do Ministério da Saúde, para a implementa-
cês colocaram no acolhimento [teoria] e trans- ção do SUS, constitui-se em uma estratégia pa-
formar isso em trabalho (...) esse fluxograma ra reorganizar a atenção básica, implementan-
denuncia na verdade, o ponto falho do dia-a- do uma mudança no enfoque da assistência ao
dia.(...) a gente fala tanto em acolhimento mas processo saúde-doença; priorizando as ações
na hora que a gente vai fazer acolhimento, a de proteção e promoção à saúde dos indiví-
gente volta para a queixa e repete o processo de duos e da família, tanto dos adultos quanto das
trabalho [clínico e biomédico] de novo”. crianças, sadios ou doentes, de forma integral
e contínua. A implementação do PSF implica a
• Tema B: o “fluxograma analisador” interação com a comunidade, especialmente
evidencia os instrumentos do processo aquela da área de adscrição de cada equipe, vi-
de trabalho sando a construir, de forma participativa, prá-
ticas e estratégias mais eficazes de enfrenta-
Discurso do sujeito coletivo: “(...) conversar, é mentos aos problemas e necessidades de saú-
pouca coisa? Isso é um instrumento de interven- de. Isso exige dos trabalhadores e profissionais
ção, a comunicação é um instrumento de inter- de saúde que atuam no PSF, a incorporação de
venção [em saúde] (...) o que a gente discute contínuas discussões acerca do seu processo
quando olha [o processo de trabalho] é (...) que de trabalho e da relação que travam com os
instrumento a (...) pessoa utilizou, em nenhum usuários dos serviços de saúde, pois no encon-
momento ela foi buscar o saber relacional ou tro entre trabalhador e usuário operam proces-
um saber na psiquiatria, ou na saúde mental, sos tecnológicos (trabalho vivo em ato) que vi-
ela operou com o saber clínico. (...) quando a sam à produção de relações de escutas e res-
gente diz mudar (...) a concepção é adotar ou- ponsabilizações, que se articulam com a cons-
tros saberes na nossa prática, é incorporar ou- tituição de vínculos e dos compromissos em
tros saberes além do clínico. (...) se eu quero projetos de intervenção 4.
transformar o acolhimento em algo eficiente Os resultados encontrados mostraram que
(...) não (...) numa sala específica, numa caixi- o “fluxograma analisador” é um instrumento
nha com horários e regras pré-determinadas, capaz de captar a estrutura do processo de tra-
(...) [eu tenho de mudar] o seu momento de or- balho desenvolvido, evidenciando as lógicas
ganização também da recepção (...) [tem de ser] presentes nos mesmos, bem como os saberes e
uma atitude de acolhimento. (...) o PSF tem a práticas predominantes e, o mais importante,
potencialidade de ir para o domicílio, fazer uma sendo capaz de propiciar aos profissionais de

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 21(4):1036-1044, jul-ago, 2005


UTILIZAÇÃO DO “FLUXOGRAMA ANALISADOR” NO PSF 1043

saúde que eles, por si só, visualizem como seu O “fluxograma analisador” é, também, po-
processo de trabalho se conforma e busquem tente para identificar as disputas que ocorrem
formas de remodelá-lo. no interior dos processos de trabalho e os inte-
A visualização do processo de trabalho, por resses entre os diferentes profissionais, que dis-
intermédio do “fluxograma analisador”, possi- putam o poder de dar direcionalidade ao tra-
bilitou que os profissionais, individualmente e balho da equipe de saúde, revelando que a re-
em grupo, discutissem o trabalho que realizam ferência clínica ainda é a base sobre a qual se
e o trabalho que os outros membros da equipe inscreve a maioria dos processos de trabalho
fazem, possibilitou, também, que cada profis- em saúde.
sional visualizasse a finalidade da sua ação, O “fluxograma analisador” permitiu que os
identificando que, embora a ação de acolhi- profissionais de saúde pudessem identificar as
mento estivesse vinculada a uma proposta de possíveis falhas, ou seja, o “o que” e o “como”
mudança do modelo, na prática, a ação de ca- do processo de trabalho, que precisam ser mo-
da um estava reiterando o modelo biologicista dificados. Esta questão é muito importante,
e médico-centrado. pois quando o sujeito por si só identifica qual é
O uso do “fluxograma analisador” possibili- a mudança que precisa ser feita, estamos iden-
tou, também, que os profissionais realizassem tificando a expressão do trabalho vivo, em ato,
uma reflexão sobre a sua prática, reflexão esta criador, capaz de subsumir o trabalho morto e
que tem potencialidade para ajudar na mudan- dar nova direcionalidade para o trabalho em
ça da referência epistemológica do sujeito, des- saúde. O trabalho em saúde por estar sempre
pertando no mesmo a necessidade de capaci- em estruturação, dentro de um quadro incerto
tação para um agir diferente. sobre o que é o padrão de seu produto final,
Ao discutir o processo de trabalho mapeado necessita de estratégias organizacionais com-
pelo “fluxograma analisador”, o profissional de petentes para “capturar” o autogoverno dos tra-
saúde foi capaz de identificar a necessidade de balhadores no sentido de torná-lo capaz de
rever os instrumentos de trabalho que vem utili- viabilizar o SUS.
zando, para realizar suas práticas de saúde, con- Enfim, pode-se concluir com este estudo que
seguindo entender a importância do planeja- o fluxograma é um instrumento potente para
mento participativo para o trabalho em equipe. operar na direção de se produzir serviços e pro-
fissionais de saúde mais responsabilizados e
criativos com seu processo de trabalho.

Resumo Colaboradores

Para remodelar a assistência à saúde dentro da estra- T. A. V. Barboza realizou a redação da primeira versão
tégia do Programa Saúde da Família (PSF) deve-se do artigo. L. A. Fracolli foi a responsável pelo desen-
modificar os processos de trabalho em curso. Os pro- volvimento das correções sugeridas pela revista e pe-
cessos de trabalho vivenciados nos serviços de saúde la redação da segunda versão do artigo.
são focos de atenção especial para os processos de ges-
tão da mudança e compõem os grandes temas con-
temporâneos dos debates sobre as práticas de gestão
em saúde. O objetivo deste estudo foi discutir e anali-
sar com os profissionais do PSF, a utilização do “fluxo-
grama analisador” como instrumento de auto-análise
e autogestão do trabalho. Os dados foram coletados
por meio da dinâmica de grupo focal e analisados se-
gundo a técnica de Discurso do Sujeito Coletivo. Os re-
sultados mostraram que o “fluxograma analisador” é
um instrumento potente para impactar os exercícios
privados dos profissionais, tornando-os mais contro-
lados e produzindo com isso serviços mais descentra-
dos da lógica medicocêntrica; é um instrumento capaz
de atuar sobre as disputas que ocorrem entre os dife-
rentes profissionais dos serviços de saúde, procurando
impor um certo controle sobre estas.

Programa Saúde da Família; Prestação de Cuidados


de Saúde; Pessoal de Saúde

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 21(4):1036-1044, jul-ago, 2005


1044 Barboza TAV, Fracolli LA

Referências

1. Franco TB, Merhy EE. PSF: contradições de um 5. Baremblitt GF. Compêndio de análise institucio-
programa destinado à mudança do modelo assis- nal e outras correntes: teoria e prática. Rio de Ja-
tencial. In: Mehy EE, Magalhães Jr. HM, Rimoli J, neiro: Rosa dos Tempos; 1996.
Franco TB, Bueno WS, organizadores. O trabalho 6. Minayo MCS. O desafio do conhecimento: pes-
em saúde: olhando e experienciando o SUS no quisa qualitativa em saúde. 6a Ed. São Paulo: Edi-
cotidiano. São Paulo: Editora Hucitec; 2003. p. 55- tora Hucitec/Rio de Janeiro: ABRASCO; 1999.
124. 7. Morgan DL. Focus groups as qualitative research.
2. Merhy EE. A perda da dimensão cuidadora na pro- London: Sage Publications; 1988.
dução da saúde: uma discussão do modelo assis- 8. Alves CL, Fracolli LA. As potencialidades da tec-
tencial e da intervenção no seu modo de trabalhar nologia de acolhimento para o controle das do-
a assistência. In: Merhy EE, Campos CR, Malta enças transmissíveis no Programa Saúde da Fa-
DC, organizadores. Sistema único de saúde em mília. In: 9o Simpósio Internacional de Iniciação
Belo Horizonte: reescrevendo o público. São Pau- Científica da Universidade de São Paulo. Ribeirão
lo: Xamã; 1998. p. 103-20. Preto: Pró-reitoria de Pesquisa, Universidade de
3. Chiesa AM, Batista KBC. Desafios da implantação São Paulo; 2001.
do PSF em uma grande metrópole: reflexões acer- 9. Lefrève F; Lefrève AMC, Teixeira JJV. O discurso
ca da experiência de São Paulo. Mundo Saúde do sujeito coletivo: uma nova abordagem meto-
2004; 28:42-8. dológica na pesquisa qualitativa. Caxias do Sul:
4. Merhy EE, Onocko R, organizadores. Agir em saú- EDUCS; 2000.
de: um desafio para o público. São Paulo: Editora
Hucitec; 1997. Recebido em 08/Jun/2004
Versão final reapresentada em 03/Nov/2004
Aprovado em 03/Fev/2005

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 21(4):1036-1044, jul-ago, 2005

Você também pode gostar