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POS-GRADUÇAÇÃO EM NUTRIÇÃO CLÍNICA – FIJ

ALUNO: CARLOS HENRIQUE FONSECA

TAREFA 01 – INTRODUÇÃO

Prezado Prof. Rafael Saad, bom dia !

Irei finalizar a monografia nesse final de semana. Estou enviando as tarefas pelo portal
conforme normas. Gostaria que me enviasse o padrão de formatação da monografia para
as devidas adequações visto não o ter encontrado no portal. Gostaria de saber também
sobre o prazo para finalização. Obrigado.

1. INTRODUÇÃO = 5 laudas
O estudante será avaliado nesta etapa pela definição do Tema, Elaboração da Introdução
NUTRIÇÃO E (mínimo de 5 laudas) e pelo levantamento Bibliográfico. (Todos os trabalhos deverão ser
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DIETÉTICA apresentados de acordo com as normas da ABNT constantes no material de Metodologia do
Trabalho Científico - CD)

A globalização e a enorme velocidade da informação padronizam os


modos de vida das pessoas. No livro Mundo em Descontrole, Guidens (2000)
afirma que “a globalização não está relacionada apenas àquilo que está
afastado e muito distante do indivíduo; ocorre também próximo a ele,
influenciando aspectos íntimos e pessoais da sua vida.”
Nesse sentido, Santos (2003) enfatiza que os efeitos da transformação
da sociedade atingem a singularidade do sujeito, fazendo com que o homem
passe a buscar alternativas de sobrevivência, distanciando os integrantes do
convívio da família. Ferreira (2010) ao estudar as variantes da união civil no
Brasil demonstra que a modernidade remodelou os comportamentos. Segundo
o autor:

“A mulher deixou de omitir-se e garantiu sua escalada (...) na


pirâmide social, conquistou o voto, o mercado de trabalho e,
principalmente, o direito de si, deixou de ser a mulher de,
propriedade inconteste de outrem, para se tornar esposa de
seu esposo. Com isso, o casamento também se
transformou, se adaptou à novas realidades, se pluralizou
para atender à anseios e necessidades sociais sem,
contudo, perder sua faceta contratual.”

As estatísticas do registro civil constituem importante instrumento para o


acompanhamento da evolução da população brasileira, o monitoramento do
exercício da cidadania e a implementação de políticas públicas, especialmente
na área da Saúde. As estatísticas do registro civil pesquisadas pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) denotam uma elevação do número
de divórcios em relação ao de separações, entre 1998 e 2008, indicando uma
mudança gradual de comportamento. Somando separações e divórcios, houve
231.329 uniões desfeitas em 2007, uma para cada quatro casamentos (IBGE,
2009).
O divórcio constitui uma ruptura no sistema familiar ao esgotarem-se
todas as possibilidades de convivência gerando um alto nível de tensão
emocional e modificando a estrutura e o relacionamento entre o casal e os
filhos. Silva e Maia (2007) estudaram adultos com obesidade mórbida,
candidatos à cirurgia bariátrica, em Portugal, e relataram elevados índices de
experiências adversas na infância. Para as autoras, a depressão infantil existe
e está intimamente ligada ao ambiente e às situações vivenciadas pela criança:

“(...) A família e a escola são, geralmente, o foco desta


depressão. Situações como: divórcio dos pais, morte,
abandono, doenças, maus-tratos físicos e mentais,
também levam a distúrbios psicológicos na infância.

A prevalência desse tipo de experiências sugere que o comportamento


alimentar deve ser compreendido considerando-se a totalidade de vida do
sujeito. Desse modo, falar da infância e mais concretamente dos seus
problemas implica logo de imediato considerar a criança obesa em uma
perspectiva interdisciplinar.
A principal causa da obesidade, incluindo, aqui, crianças e adolescentes,
está na ingestão excessiva de calorias em relação às necessidades individuais.
Esse fator é determinado pelas profundas mudanças comportamentais
ocorridas na sociedade moderna, na industrialização dos alimentos e no
ambiente familiar.
Nesse contexto, com a profissionalização da mulher, as crianças
passaram a receber uma maior quantidade de alimentos industrializados, em
porções cada vez maiores, alimentos esses altamente palatáveis e
densamente calóricos, ricos em carboidratos, gorduras e sal. Ao fazer refeições
rápidas, principalmente lanches e guloseimas, a comer na escola, geralmente
em cantinas sem preocupação com a qualidade nutricional dos alimentos, as
crianças passaram a conviver em um ambiente obeso ou, obesogênico.
Há 60 anos, a família brasileira realizava as refeições no lar, sob a
supervisão da “dona de casa” ou “do lar”, figura exercida pela mãe ou avó, que
como cuidadora, se dedicava exclusivamente a casa e aos filhos. No entanto, a
mulher passou a acumular outras funções e assumiu outro papel na sociedade
atual. Na cultura familiar brasileira ainda existe a crença de que a criança
‘gordinha’ é mais bonita e mais saudável.
É um cenário de retrato antigo que remete aos almoços nas casas das
avós, que não acabavam enquanto o prato sempre farto não era visto vazio.
Muitas vezes, a mãe acha que o certo é preparar um prato cheio de arroz e
feijão para o filho por acreditar que esses alimentos são suficientes para nitri-lo.
No entanto, uma das Regras de Ouro da Nutrição adotada mundialmente é que
mais importante que a quantidade é a qualidade do alimento oferecido.
Kincheloe e Steimberg (2001) consideram que a educação infantil é uma
vítima do fim do século XX à medida que os adultos permanecem ausentes
durante boa parte do dia, na maioria dos lares brasileiros. As famílias se
desestabilizaram. As crianças, que ficam no lar, têm sido obrigadas a se
desenvolverem sozinhas, inserindo-se fácil e docilmente na cultura do consumo
de alimentos industrializados, mais saborosos e baratos propagada pela
televisão e pela internet. Todas essas mudanças dificultam a reeducação
alimentar das crianças, aliadas a um fator de grande impedimento ao
tratamento da obesidade infantil: os maus hábitos alimentares dos próprios
pais.
Araújo, Teixeira e Coutinho (2009) consideram que as crianças ficam
confinadas a áreas mais restritas, onde atividades passivas como assistir
televisão, vídeo games, computadores, períodos longos de aulas e tarefas
escolares, espaço pequeno das habitações associado à violência e perigos das
ruas instalaram hábitos mais sedentários e diminuição de gasto calórico,
tirando da criança a oportunidade de brincar e dispender energia. Friedman
(2009) ressalta que crianças que assistem 5 horas ou mais de televisão por dia
têm 5 vezes mais chances de se tornarem obesas do que crianças que
assistem 2 horas de televisão por dia.
Durante a 63ª Assembléia Mundial de Saúde realizada em Genebra em
maio de 2010, a Organização Mundial da Saúde (OMS), recomendou que os
países adotassem medidas para reduzir o impacto do marketing desses
alimentos sobre as crianças. A OMS sugere como tratar do marketing de
alimentos e bebidas para crianças, bem como sua categorização de acordo
com composição nutricional desses itens (WHO, 2010).
Galindo e Assolini (2008) enfatizam o aumento da participação da
criança brasileira nas decisões da família e sua proporcionalidade com o
abandono dos pais gerando um déficit de atenção. Os autores argumentam
que, para compensar a ausência, estes pais ficam mais sugestivos aos pedidos
das crianças, influenciando-se mais facilmente, inclusive no que se refere às
decisões relacionadas ao consumo, substituindo a atenção aos filhos por
doces, guloseimas e comida fast food.
A adoção de hábitos alimentares em função das exigências da vida
moderna modificou o perfil das famílias (Giacomini Filho, 1991). O aumento da
obesidade em crianças e adolescentes constitui um agravo à saúde e exige
medidas urgentes para reverter a situação e obter resultados de médio e longo
prazos.
Percebendo a gravidade da situação, a Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (ANVISA) baixou a RDC no 222/2002 para regular comercialização de
alimentos para lactentes e crianças de primeira Infância (NBCAL), visando
reduzir a influência da propaganda veiculada nos entretenimentos eletrônicos
do lar. O objetivo central das políticas públicas que regulam a propaganda de
alimentos e bebidas é impedir o aumento das chamadas doenças crônicas não
transmissíveis (DCNT) como diabetes, obesidade e infarto, principalmente em
crianças e adolescentes, público considerado de maior vulnerabilidade às
mensagens publicitárias (ANVISA, 2002; CONSEA, 2006).
Pesquisas recentes sobre obesidade infantil têm comprovado uma
realidade bastante destoante da visão poética da saúde. A obesidade é o
problema nutricional de maior crescimento em todo o mundo, revestindo-se de
grande importância na pediatria preventiva e na saúde pública. A Organização
Mundial da Saúde (OMS) tem destacado incisivamente que a obesidade é um
fenômeno global.
Devido à dimensão que a obesidade vem adquirindo nas últimas
décadas tem sido referendada como uma epidemia, não só nas Américas, mas,
praticamente, no mundo inteiro. Nos países economicamente desenvolvidos a
obesidade infantil está aumentando dramaticamente. Apesar de encontrar-se
uma menor ocorrência nos países em desenvolvimento, a obesidade está
aumentando de forma significativa em muitas partes do mundo.
O Brasil, assim como outros países em desenvolvimento, passa por um
período de transição epidemiológica que se caracteriza por uma mudança no
perfil dos problemas relacionados à saúde pública, com predomínio das
doenças crônicas não-transmissíveis, embora as doenças transmissíveis ainda
desempenhem um papel importante. Essa transição vem acompanhada de
modificações demográficas e nutricionais, com os índices de desnutrição
sofrendo reduções cada vez menores e a obesidade atingindo proporções
epidêmicas.
Dados recentes do IBGE e Ministério da Saúde indicam que quatro em
cada dez brasileiros maiores de 15 anos apresentam excesso de peso. O
estudo multicêntrico Nutri Brasil Infância avaliou 3.111 crianças em fase pré-
escolar (2 a 6 anos) durante oito meses, em escolas e creches das redes
públicas e privadas. Pelo estudo, uma de cada quatro crianças menores de 6
anos já apresenta excesso de peso e quase 11% apresentam obesidade e a
avaliação antropométrica identificou excesso de peso em 27,4% das crianças
menores de 5 anos, revelando carências e excessos de nutrientes na
população infantil brasileira (IBGE, 2009; DANONE, FISBERG, 2010).
A obesidade infantil é considerada uma doença endêmica global,
resultante de estilos de vida sedentários, da melhoria das condições
socioeconômicas e da disponibilidade de alimentos industrializados.
Considerada como uma epidemia mundial pela OMS, a obesidade afeta
milhões de crianças e traz como principais conseqüências, o diabetes,
problemas cardiovasculares, aumento dos níveis de colesterol e triglicérides.
Além dessas conseqüências, crianças obesas sofrem também problemas
físicos, sociais, econômicos e psicológicos (FRIEDMAN, 2009).
A obesidade infantil é uma patologia conceituada como um distúrbio do
estado nutricional, traduzido por acúmulo de tecido adiposo, conseqüência de
um desequilíbrio permanente e prolongado entre a ingesta calórica
(alimentação) e o gasto energético (metabolismo basal, crescimento e atividade
física), em que o excesso de calorias é armazenado na forma de gordura
(ALENCAR; CAMARGO, 2003).
A obesidade é provavelmente a situação de mais difícil entendimento
entre todos os transtornos relacionados à esfera alimentar. O excesso de peso
é uma doença ou um estilo de vida? É uma tendência atual ou pouco se
preocupou com os efeitos deletérios do sobrepeso? Será que “criança
gordinha” é sinônimo de saúde?
Obesidade infantil é um tema de saúde pública atual e sua discussão
envolve grande complexidade por se tratar de variáveis relacionadas a
alimentação, metabolismo, desenvolvimento antropométrico, entre outros.
Indiretamente, mas igualmente importante, o tema suscita a análise dos hábitos
de vida da sociedade moderna e suas intercorrências na família e nas crianças,
permeando as influências do sedentarismo, da mídia e a propaganda de
alimentos.

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