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Faculdade de Ciências Universidade do Porto

Produção Industrial do amoníaco

Trabalho: Seminário de Química 2002/2003

Pedro Alves Martins

Introdução

Aprender ciência: estamos habituados a associar, por exemplo, as

reacções químicas aos laboratórios onde é costume elas serem ensaiadas e

estudadas. Mas a química não começa ao entrarmos no laboratório nem acaba

ao sairmos dele. Essa é uma visão muito limitada da química como ciência.

Também quando ouvimos falar de química associamos a escola, com a

finalidade de entrar numa universidade. O Homem já passou pela Idade da

Pedra, pela Idade do Bronze, Idade do Ferro...ou seja, evoluiu. Verificou que

a Terra lhe oferecia uma vasta gama de materiais, compostos por um sem

número de substâncias diferentes que aprendeu a utilizar, tirando delas o

melhor partido, integrando-as na sua maneira de viver. Aprendeu a

transformá-las, criou novas substâncias (plásticos, semicondutores, adubos

sintéticos, etc...). A Química é precisamente a ciência dos materiais da

Terra, das substâncias que os compõem, das transformações que neles

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ocorrem e, portanto, até dos seres vivos. Ela está presente na nossa vida,

nas transformações que ocorrem à nossa volta. Por isso, é importante o seu

estudo, pois permite conhecer o avanço da ciência nesta área, reconhecer a

sua contribuição para o nosso bem-estar e desenvolvimento e antever as suas

potencialidades na resolução dos problemas actuais da humanidade.

As sociedades tecnológicas como a nossa dependem da procura de

conhecimento (inovações cientificas e tecnológicas) para obterem sucesso, isto

é, evoluir...

Urge uma educação científica que acompanhe essa evolução que contribua para

a formação de cidadãos cientificamente esclarecidos. Uma educação virada

para a sociedade, para o ambiente, para a ciência, para tecnologia. O novo

ensino das ciências tem de conseguir romper com o ensino tradicional

(aprender para um exame final). O novo programa para o básico e secundário

quer seguir esse novo rumo.

Este trabalho encontra-se inserido na unidade I – Química e industria:

equilíbrios e desequilíbrios, do novo programa do 11º ano de escolaridade. O

tema que explorei é sobre a produção industrial do amoníaco. Começo com a

exploração de conceitos que os alunos têm de assimilar para perceberem os

factores que influenciam a sua produção; Passando de seguida para uma

análise mais completa dos factores que influenciam a produção industrial do

amoníaco; constatando as condições necessárias e ideais para uma boa

laboração e terminando, já que se fala de produção de amoníaco e como não

podemos ter uma industria nas nossas casas, com uma proposta de obter

amoníaco no laboratório ou em casa.

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Modelo teórico do equilíbrio Químico

1. Aceita-se o modelo corpuscular da matéria. Existem átomos, em

constante movimento, como unidades elementares nas transformações

químicas. Os átomos contém diferentes tipos de partículas, com ou sem

carga, entre os quais electrões, protões e neutrões que se encontram

em posições energicamente possíveis

2. Os átomos interagem formando ligações mais complexas, poliatómicas,

neutras ou com carga eléctrica, que se denominam, tal como os átomos

isolados, espécies químicas.

3. Na formação de ligações poliatómicas ocorrem trocas de energia que

favorecem que entre os átomos intervenientes se estabeleçam ligações

químicas de natureza eléctrica ou estrutural. nas ligações intervêm os

electrões das camadas de valência.

4. As ligações mais estáveis são aquelas que necessitam de mais energia

para se romper.

5. As ligações menos estáveis são aquelas que requerem menos energia

para se quebrar.

6. A ruptura de ligações pode ocorrer por acção da energia.

7. A ruptura das ligações pode ocorrer por efeito de colisões de umas

espécies com outras.

8. Na formação de novas ligações, as espécies químicas devem estar

próximas, colidir e dispor da energia necessária para isso.

9. A formação de novas espécies químicas ocorre num processo chamado

de reacção química

10. Por exemplo, a reacção entre I2 e H2 para dar HI, pode considerar-se,

de forma simples, uma molécula de I2 aproxima-se a uma de H2, as

moléculas colidem com energia e orientação adequadas dando lugar a

novas moléculas de HI.

3
H 2 ( g ) + I 2 ( g ) ⇔ 2 HI ( g )

Esta reacção implica a rotura de duas ligação covalentes e a formação de

outras duas ligações covalentes.

Algumas reacções mais complexas fazem pensar na ocorrência de vários passos

intermédios, por exemplo a oxidação do Fe2+ por HCrO4-, cuja reacção global

é a seguinte:


3Fe 2+ + HCrO 4 + 7 H + ⇔ 3Fe 3+ + Cr 3+ + 4 H 2 O

Para que esta reacção ocorra requer-se que 11 espécies se aproximem e

colidam, pelo que é mais provável que se formem espécies intermédias [por

exemplo Cr(V) o Cr(IV)], em vários passos da reacção.

11. As espécies químicas necessárias para que ocorra uma reacção química

chamam-se reagentes e as novas espécies formadas denominam-se produtos.

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As distribuições geométricas dos átomos nos reagentes são diferentes das dos

produtos.

12. Conforme decorre uma reacção química, os reagentes diminuem e os

produtos aumentam.

13. Uma equação química é a representação do que acontece numa reacção

química no que diz respeito às proporções, mas nela não se registam os

passos (mecanismos de reacção) mediante os quais sucede a transformação.

14. Se o sistema em que ocorre uma reacção química mantém constante o

seu volume, o número de ligações dos reagentes por unidade de volume

diminui no decorrer da reacção, isto é, a sua concentração diminui. Quanto

às ligações dos produtos, aumenta conforme a reacção avança, isto é, a

concentração dos produtos aumenta.

15. Se unicamente as interacções entre reagentes dão lugar a novas

espécies e a reacção chega ao seu fim quando um ou mais de um deles se

esgota, a reacção química é quantitativa. Se as interacções, para formar

novas espécies, só se dão entre os reagentes, implica que entre os

produtos consigo mesmo ou entre os reagentes e produtos não existe

interacção alguma. Uma reacção quantitativa indica-se por uma só seta

num único sentido.

16. aA + bB → qQ + rR

17. Se as interacções entre os reagentes dão lugar a produtos, a de esses

consigo próprios dão lugar a reagentes, a reacção é uma reacção

quimicamente reversível. Uma reacção reversível indica-se por uma dupla

seta de sentidos opostos.

18. aA + bB ⇔ qQ + rR

19. No início da reacção existem mais espécies reagentes, porque a

oportunidade de interacções entre elas é maior. Conforme a reacção

avança, esta oportunidade diminui ao diminuir as ligações dos reagentes.

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20. Conforme se formam os produtos a oportunidade para que estas espécies

interajam, aumenta já que essas espécies aumentam.

21. As interacções entre os reagentes e entre os produtos ocorrem a

velocidades diferentes, mas chega um momento em que as trocas

reversíveis ocorrem à mesma velocidade.

22. Nesse momento diz-se que se alcançou um equilíbrio sempre e quando

isto acontece num sistema fechado no qual no há nem saída nem entrada

de energia ou matéria com o exterior.

23. Num sistema fechado, no equilíbrio as concentrações dos reagentes e

produtos não variam se as condições do sistema não se alterarem.

24. No equilíbrio as energias envolvidas na ruptura e formação de ligações

químicas, aproveitam-se totalmente nas trocas reversivas que ocorrem a

nível microscópico. Isto é, a soma destas energias é igual a zero.

25. Num sistema em equilíbrio, não só a velocidade da reacção reversível é

igual em ambos os sentidos, como também existe reversibilidade em cada

passo intermédio (interacções microscópicas) e as suas velocidades também

são iguais. Esta reversibilidade considera-se como reversibilidade

microscópica. As trocas energéticas e químicas que ocorrem devidas à

reversibilidade microscópica num estado de equilíbrio não são observáveis

nem medíveis. Em que as propriedades macroscópicas se mantenham

aparentemente invariáveis, nem sempre significa que se trata de um estado

de equilíbrio, já que existem estados aparentemente estacionários nos

quais ou estão a ocorrer trocas extraordinariamente lentas ou porque se

aplica o critério a sistemas que não são fechados (chama de um isqueiro).

26. A soma das variações no número de espécies químicas totais com

respeito à variação da energia envolvida é igual a zero e também, a soma

das variações da energia envolvida devidas à variação no número de

ligações, é igual a zero.

27. A reversibilidade microscópica é a que permite falar da existência de um

equilíbrio dinâmico.

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28. As condições de equilíbrio dinâmico num certo estado que chamaremos

Estado(1), permanecem enquanto o Estado(1) não se alterar.

29. O estado pode se alterar se se introduz energia externa ao sistema ou

se altera a concentração, isto é, o número de ligações por unidade de

volume, por adição de matéria. O sistema deixa de ser fechado.

30. Se se introduz energia poderão partir-se ligações e formar-se outras.

Se a reacção ao ocorrer deixa em liberdade energia, por exemplo calor, as

ligações formadas nos produtos necessitam da energia que perderam para

poder-se partir e regenerar os reagentes, isto é, se se fornece calor ao

sistema em virtude da reversibilidade microscópica, consumir-se-á a

energia, e aumentar-se-á a velocidade de formação dos reagentes no que

diz respeito aos produtos, até que a energia proporcionada se consuma.

31. Obtém-se um novo estado de equilíbrio, caracterizado por uma nova

relação de velocidades na reacção reversível e as concentrações de

reagentes e produtos mudarão.

32. A energia associada pode ser: luminosa, calorífica, eléctrica ou

mecânica, a condição é de que seja capaz de produzir uma mudança físico-

química.

33. A energia também pode ser retirada ao sistema, o equilíbrio alterar-se-

á e evoluirá até um novo estado, também de equilíbrio.

34. Se a concentração dos participantes no equilíbrio se altera por aumento

da concentração de algum deles, por exemplo de um ou mais reagentes, se

aumentará a possibilidade de que as interacções entre os reagentes

aumente e se formem mais produtos. Se pelo contrário o equilíbrio se

altera por aumento da concentração de um ou mais produtos aumentar-se-

à a possibilidade de que as interacções entre os produtos aumentem e se

formem mais reagentes. No equilíbrio, devido à reversibilidade

microscópica, a relação entre a formação e destruição de espécies

mantém-se constante e a relação entre as concentrações dos produtos e

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dos reagentes permanece constante. A relação entre as velocidades de

formação e de destruição de espécies também se mantém constante.

35. A relação entre as velocidades de formação e de destruição de

espécies, no equilíbrio, é uma constante enquanto o sistema permaneça

fechado.

36. Esta relação é o que se conhece como constante de equilíbrio.

37. Sabendo que as velocidades de transformação de espécies pode

expressar-se como função das concentrações, para o seguinte exemplo

têm-se:

38. H 2 ( g ) + I 2 ( g ) ⇔ 2 HI ( g )

v1= k1[H2][I2] v2=k2[HI]2

K 1 [H 2 ] ⋅ [I 2 ]
=
K2 [HI ]2

Se v1=v2, então: k1[H2][I2]=k2[HI]2

39. Mesmo quando a constante de equilíbrio provem realmente de uma

interpretação cinética, ao igualar as velocidades o quociente converte-se

numa relação de concentrações. Vem de aqui as aplicações à predilecção e

determinação de concentrações nos sistemas químicos em equilíbrio.

40. A velocidade com que se alcança o equilíbrio é variável. Existem

equilíbrios que se alcançam em tempos finitos e equilíbrios que se alcançam

ou se supõe que se alcançam em tempos infinitos. Entre esses dois

extremos existe uma grande variação. Este campo pertence à cinética.

41. Como em todos os processos mencionados intervêm a energia como a

causadora da ruptura e/ou formação de ligações químicas, o conceito de

equilíbrio tem uma interpretação termodinâmica.

42. Como nas reacções químicas que ocorrem no âmbito do equilíbrio químico,

as transformações de reagentes em produtos não é completa em virtude da

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reversibilidade microscópica, e sempre coexistem reagentes e produtos, a

estas reacções chamam-se de reacções não quantitativas.

Equilíbrio químico

REACÇÕES COMPLETAS
Numa reacção completa há transformação até que um dos reagentes se

esgote. A transformação dá-se integralmente, ou seja, com o rendimento de

100%.

REACÇÕES INCOMPLETAS
A maioria das reacções, quer ocorrendo espontaneamente, quer provocadas, é

incompleta e apresenta rendimento inferior a 100%.

Exemplo de uma reacção nesta situação, com grande aplicação industrial é a

síntese do amoníaco, a partir dos seus elementos constituintes, azoto e

hidrogénio

N 2 ( g ) + 3H 2 ( g ) ↔ 2 NH 3 ( g )

Partindo de quantidades estequiométricas, a reacção conduzida em recipiente

fechado aparenta ao fim de algum tempo, te, não progredir mais e, mantendo-

se as condições experimentais, não há alteração, com o tempo, das

quantidades quer de reagentes quer de produtos que coexistem (ver fig. 1).

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Fig. 1 Evolução, com o tempo, da composição do sistema N2, H2, NH3

A variação da temperatura é um dos factores determinantes nas alterações ao

estado de equilíbrio de um sistema.

Deslocamento do equilíbrio
Um equilíbrio é deslocado quando se alteram as concentrações de uma ou

várias espécies presentes no sistema, provocando uma alteração da velocidade

da reacção directa e a velocidade da reacção inversa. O sistema reage de

forma a que seja encontrado um novo estado de equilíbrio.

O princípio de Le Châtelier aplica-se aos equilíbrios

dinâmicos em sistemas fechados e pode ser enunciado assim:


Se submetermos um equilíbrio químico a uma alteração externa, o equilíbrio

desloca-se no sentido de contrariar essa alteração de forma a que um novo

estado de equilíbrio seja atingido. Ou seja: as alterações provocadas no

equilíbrio são contrariadas.

Este Princípio apenas prevê qualitativamente as alterações, e não

quantitativamente.

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Factores que afectam o equilíbrio

Concentração das espécies envolvidas:

Não altera a respectiva constante de equilíbrio. Aumentando a

concentração dos reagentes de um sistema em equilíbrio este tende a

reagir de forma a deslocar-se no sentido directo (velocidade da

reacção directa, vd > velocidade da reacção inversa, vi, até que um

novo estado de equilíbrio seja encontrado);

Aumentando a concentração dos produtos do sistema, este desloca-se

no sentido inverso (velocidade da reacção inversa, vi > velocidade da

reacção directa, vd, até que um novo estado de equilíbrio seja

encontrado);

A variação das concentrações dos reagentes ou dos produtos num

equilíbrio químico.

Volume do sistema:

Uma diminuição de volume do sistema provoca um deslocamento do

equilíbrio no sentido de formação de menor quantidade de substâncias

em fase gasosa;

O aumento de volume num equilíbrio faz com que este reaja no sentido

de formação de uma maior quantidade de substâncias na fase gasosa;

Quando o número de partículas gasosas dos reagentes for igual ao

número de partículas gasosas dos produtos a variação de volume não

provoca alteração do estado de equilíbrio.

Pressão no sistema:

O aumento de pressão no sistema provoca um deslocamento do equilíbrio

no sentido de formação de menor quantidade de substâncias em fase

gasosa;

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A diminuição da pressão num equilíbrio faz com que este reaja no

sentido de formação de uma maior quantidade de substâncias na fase

gasosa;

Quando o número de partículas gasosas dos reagentes for igual ao

número de partículas gasosas dos produtos a variação de pressão não

provoca alteração do estado de equilíbrio.

Temperatura do sistema:

O aumento da temperatura de um equilíbrio favorece a reacção

endotérmica desse equilíbrio;

A diminuição da temperatura favorece a reacção exotérmica do

equilíbrio;

A constante de equilíbrio varia com a temperatura.

Presença de catalisadores:

A adição de catalisadores a um equilíbrio aumenta as velocidades das

reacções directa (vd) e inversa (vi), não alterando o estado de

equilíbrio.

Os catalisadores permitem que o estado de equilíbrio de um sistema

seja atingido mais rapidamente.

Entalpia, Calor de Reacção e Equações Termoquímicas:

Há reacções que liberam calor e reacções que absorvem calor. De acordo com

a Lei da Conservação de Energia, esta não pode ser criada nem destruída,

apenas transformada de uma forma para outra.

Em reacções de combustão ocorre liberação de energia na forma de calor.

Mas, de onde veio essa energia?

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A resposta pode ser a seguinte: todas as substâncias possuem uma

determinada quantidade de energia; nas combustões, a energia dos reagentes

é maior que a dos produtos, logo, parte dessa energia é liberada.

Ao contrário, se os produtos tiverem energia maior que a dos reagentes,

houve fornecimento de energia (reacção endotérmica).

Para a energia armazenada nas substâncias (reagentes e produtos) damos o

nome de entalpia (H).(a entalpia de uma substância decorre das ligações entre

os átomos, iões ou moléculas).

Numa reacção, a diferença entre as entalpias dos produtos e a dos reagentes

é definida como variação de entalpia (∆H):

∆H = HP – HR.

em que HP = soma das entalpias dos produtos, HR = soma das entalpias dos

reagentes.

Quando uma transformação se realiza a pressão constante, o calor liberado

numa reacção exotérmica ou o calor absorvido numa reacção endotérmica é

igual à variação de entalpia:

∆H = calor de reacção.

Diagramas Termoquímicos
Reacções exotérmicas

Nas transformações exotérmicas a entalpia dos reagentes é maior que a dos

produtos, havendo liberação de energia.

Como HR > HP temos que ∆H = HP – HR ⇒ ∆H < 0. O calor de reacção é

negativo, indicando a saída de calor do sistema. Esta situação é representada

graficamente a seguir:

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Reacções endotérmicas

Nas transformações endotérmicas a entalpia dos reagentes é menor que a dos

produtos, tendo ocorrido absorção de energia. Como HR < HP temos que ∆H >

0. O calor de reacção é positivo, indicando a entrada de calor ao sistema.

Esta situação é representada graficamente a seguir:

Equação termoquímica
A equação termoquímica representa a transformação química realizada, a

energia envolvida, as condições de pressão e temperatura e os estados físicos

de reagentes e produtos.

Exemplo:

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2 NH 3 ( g ) + N 2 ( g ) + 3H 2 ( g ) ∆H = + 92,2 kJ a 25ºC e 1 atm.

a 25° C e 1 atm (o calor de reacção nestas condições pode representar-se por ∆Hº), a

decomposição de 2 mol de amoníaco gasosa em 1 mol de gás azoto e 3 mol de

gás hidrogénio absorve 92,2 kJ de calor.

Síntese do amoníaco

O amoníaco (NH3), conhecido pelo odor característico e irritante, é um gás

incolor resultante da combinação directa do azoto com o hidrogénio sob

temperatura elevada, comercializado normalmente como solução aquosa.

Utiliza-se como fertilizante e como fonte de vários compostos azotados

comercialmente importantes. O principal método comercial de síntese do

amoníaco é o processo de Haber-Bosch.

Fórmula molecular do amoníaco:


NH3
Ligações e polaridade:
O amoníaco apresenta ligações covalentes polares entre os átomos de azoto

e hidrogénio. Em função de sua estrutura molecular, o amoníaco apresenta

momento dipolar, logo a sua molécula é uma molécula polar. Veja bem, tem

ligações covalentes polares, e sua molécula é também polar. Por ter moléculas

polares, que apresentam a ligação entre hidrogénio e azoto, a atracção

intermolecular existente entre essas moléculas é por ligações de hidrogénio (ou

pontes de hidrogénio).

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Geometria molecular:

Piramidal triangular, com átomo de azoto sendo o vértice da pirâmide e os

átomos de hidrogénio formando a base triangular. Dos cinco electrões da

última camada do azoto, três são usados nas ligações com os hidrogénios e

dois não são utilizados.

Como o amoníaco tem um par de electrões disponível, pode participar de

reacções funcionando como base de Brönsted e Lowry, ou seja recebendo H+

+
HCl + NH 3 → NH 4 + Cl − ,

ou doando o par de electrões e funcionar tipicamente como uma base de Lewis

H+ + :NH3 → H-NH3

Características e aplicações:
O amoníaco tem ponto de ebulição de -33ºC e é, à temperatura ambiente,

um gás incolor, de cheiro forte e irritante.

É produzida industrialmente pelo processo Haber-Bosch, que consiste numa

reacção exotérmica entre o gás hidrogénio e o gás azoto:

N 2 ( g ) + 3H 2 ( g ) ↔ 2 NH 3 ( g ) ∆H =-92,2 KJ

Como o processo é exotérmico, um abaixamento da temperatura desloca o

equilíbrio no sentido de aumentar a produção de amoníaco. Um aumento da

pressão também desloca o equilíbrio no sentido directo, aumentando a

produção de amoníaco.

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O amoníaco tem diversas aplicações, sendo as mais importantes:

Gás para refrigeração, produção de adubos e fertilizantes, preparação de

ácido nítrico e aminas, produtos clareadores de pêlos e tinturas de cabelos.

É solúvel em água, com quem produz uma solução aquosa de NH4OH

conhecida como hidróxido de amonía, que é muito usada em produtos de

limpeza.

O amoníaco é produzido industrialmente pelo processo de Haber-Bosch.

No fim do século 19, os nitratos do Chile, eram a maior fonte de nitratos.

Era óbvio, que essa fonte não satisfaria as necessidades futuras. Também se

sabia que em caso de guerra, qualquer nação, que não tivesse acesso ao

carregamento vindo do Chile, não conseguiria produzir adequadas quantidades

de munições. A Alemanha (país natal de Haber) era particularmente

dependente desta fonte de compostos de azoto, para fazerem explosivos.

Então precisava-se de um método alternativo para produzir nitratos. Fritz

Haber sabendo da necessidade de produzir nitratos começou a trabalhar no

problema criando o método em 1909.

O mundo entrou em guerra, os aliados bloquearam os portos sul-americanos. O

fornecimento do nitrato do Chile foi cortado. Se Haber não tivesse inventado

o processo, a Alemanha seria obrigada a render-se anos antes do que

verdadeiramente aconteceu. Como resultado indirecto do processo Haber-

Bosch milhares de soldados perderam a vida.

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Então o que é o processo Haber-Bosch?

A produção de amoníaco é conseguida pela combinação directa de hidrogénio e

azoto, por um catalisador de ferro ou alumínio. O hidrogénio é obtido pela

decomposição do metano por aquecimento. O azoto é obtido a partir da

destilação de ar líquido. Foi o primeiro processo químico a usar condições de

alta pressão.

Segundo a seguinte reacção: N 2 ( g ) + 3H 2 ( g ) ↔ 2 NH 3 ( g )

O processo é altamente exotérmico (∆Hº =-92,2 kJ). Um compromisso tem de

ser considerado em relação à temperatura usada. Uma temperatura alta

favorece uma extensão maior da reacção e o equilíbrio é atingido mais

rapidamente; uma alta temperatura no entanto favorece a reacção inversa

porque o processo é exotérmico. (o princípio de Le Chatelier afirma que,

quando um sistema em equilíbrio é sujeito a uma perturbação o equilíbrio

desloca-se no sentido que contraria essa alteração, até se estabelecer um

novo estado de equilíbrio). Por isso, como o processo é exotérmico,

aumentando a temperatura promove-se a reacção no sentido inverso desde que

receba energia das vizinhanças, por isso tem de se baixar a temperatura.

Como resultado, um compromisso entre os dois factores é feito. Essa

temperatura de compromisso encontra-se entre 673 K e 950 K.

Catalisadores: o catalisador fornece um caminho alternativo para a reacção

ocorrer, o qual tem mais baixa energia de activação. Isto significa que uma

temperatura pode ser usada sem prejudicar muito a extensão. Carl Bosch

descobriu que uma mistura de

Fe2 O3 e Fe2O4 catalisa melhor a reacção no intervalo de temperatura de 650

K a 950 kelvin.

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Pressão:Também devido ao princípio de Le Chatelier uma pressão elevada é

usada. A razão das moles gasosas é de 4:2, consequentemente uma pressão

elevada é usada para favorecer a reacção directa. A pressão usada é de 200

a 400 atmosferas, o que é bastante elevada.

Processo Industrial da produção de amoníaco

Processo Haber-Bosch

História

O ciêntista alemão Fritz Haber, que devido a necessidades do seu país em

produzir amoníaco para fabrico de munições, inventou um método de o obter

através de azoto atmosférico e hidrogénio a reagirem em condições de altas

pressões e temperaturas moderadas

Processo Haber-Bosch.

o A produção de amoníaco é conseguida pela combinação directa de

hidrogénio e azoto, por um catalisador de ferro.

o O hidrogénio é obtido pela decomposição do metano por aquecimento.

o O azoto é obtido a partir da destilação de ar líquido.

Equação química:

N 2 ( g ) + 3H 2 ( g ) ↔ 2 NH 3 ( g ) + 92,2kJ / mol N 2

o À pressão de 200 atm a 400 atm.

o Temperatura de 650 K a 950 K.

o Catalisador de ferro contendo pequena percentagem de óxidos de potássio

e alumínio.

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Processo industrial

o O catalisador de ferro permite que a reacção ocorra a uma temperatura

mais baixa (maior extensão).

o Remover o amoníaco da fornada mal seja formado promove o deslocamento

da reacção no sentido de formação dos produtos.

o Quanto mais baixa for a temperatura e mais alta for a pressão, maior é a

proporção de amoníaco formada.

Condições de compromisso para síntese industrial

Síntese industrial

Equilíbrio químico Cinética química Balanço segurança


económico

Escolher condições que Condições de trabalho que


tornam a reacção rápida tornam
o processo o menos
caro possível
Tornar a reacção o mais extensa possível

Condições de segurança

O segredo do processo Haber-Bosch

o Catalisador de ferro contendo uma pequena percentagem de óxidos de

alumínio: O estado de equilíbrio atinge-se mais rapidamente.

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Razão da utilização de altas pressões

o A reacção realiza-se a alta pressão, o estado de equilíbrio é deslocado

no sentido directo: Pelo princípio de Le Chatelier, aumentando a pressão

o sistema evolui no sentido de diminuir o número de moles gasosas

(diminuição da pressão).

o Não é utilizada uma pressão mais elevada porque a construção de

equipamentos para pressões muito altas é mais dispendiosa e sujeita a

mais frequentes avarias.

Compromisso entre extensão e a velocidade da reacção

o Embora a reacção seja exotérmica ,não se utilizam temperaturas

baixas, como seria de esperar (a reacção é tanto mais extensa quanto

mais baixa for a temperatura),porque a velocidade seria reduzida.

o Na indústria é desejável que as reacções ocorram o mais rapidamente

possível.

o É necessário, portanto, um compromisso entre a extensão e a

velocidade da reacção.

Temperatura.

o Prejudicando um pouco a extensão da reacção, preferem-se

temperaturas mais altas porque a quantidade de amoníaco produzido por

hora é superior (mais vale produzir 80% de um composto em duas horas

que 85% em quatro Horas…)

Produção de amoníaco no laboratório

Material
Tubo de ensaio. Lamparina de álcool. Tripé e grelha.

Rolha de cortiça perfurada. Óculos de protecção. Tubo de vidro.

Tubo de borracha.

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Compostos
Cloreto de amónio. Hidróxido de cálcio. Água destilada.

Procedimento

1. Misturar bem o cloreto de amónio com o hidróxido de cálcio. (a mistura


deve ser feita sobre um papel, de maneira a obter a melhor mistura possível)

2. Transfere a mistura sólida para o fundo de um tubo de ensaio [1]. (a


transferência deve ser feita com a ajuda de um cone feito de folha de papel)

3. Une o tubo de vidro à cortiça perfurada, numa das suas pontas. Une a
outra ponta a um tubo de borracha. Por fim, une o tubo de ensaio [1] à rolha

de cortiça perfurada. (a união do tubo de vidro à cortiça perfurada deve ser feita

com a ajuda de um pano de algodão. O pano terá a função de proteger as mãos no

caso de o tubo partir)

4. Enche com água destilada metade do segundo tubo de ensaio [2],


inserindo depois a ponta do tubo de borracha livre no seio desta.

5. Aquece a mistura sólida do tubo de ensaio [1]. O aquecimento deverá


ser feito pela chama da lamparina de álcool. (durante o aquecimento, o tubo de

ensaio [1] deve estar na horizontal, pois isso fará com que o sólido esteja mais

espalhado, facilitando o aquecimento de uma maior quantidade de sólido. No

decorrer do aquecimento, irá ser verificada a subida de água destilada no tubo de

borracha, devendo-se isso à variação de pressão no tubo de ensaio [1]. Quando a

água começar a subir deve-se ter o cuidado de tirar um pouco o tubo de borracha

do seio desta)

6. A solução que se irá formar no tubo de ensaio [2] é chamada solução de


amónia. (a solução deverá ter um cheiro forte, característico do amoníaco)

Bibliografia:
Chang, Raymond; “Química” 5ª edição, McgrawHill, ISBN:972-9241-68-6
Corrêa, Carlos; “Química 10º ano”,Porto editora, ISBN:972-0-42229-7
Corrêa, Carlos; “Química 11º ano”,Porto editora, ISBN:?????

Fim

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Breve crítica à aula assistida:

A minha aula foi sobre Reacções entre ácidos e bases em solução aquosa.

A aula não foi como as outras, os alunos que normalmente participam

permaneceram calados, com medo de intervirem, não ajudando nada no

seguimento do planeado para a aula, deixando-me cada vez menos à vontade

tendo uma situação nova que não consegui resolver da melhor maneira. Alunos

calados e orientadores presentes!

Tentei obter algum “feedback” com eles, mas como depois vim a saber,

não queriam prejudicar a minha aula (não fazendo barulho, estando muito

atentos, sem dúvidas...)

A minha aula foi bastante expositiva, o que infelizmente está dentro do

espírito da escola. Devia ter preparado a aula com algumas demonstrações

experimentais. Não tendo nas minhas aulas de química até então realizado

demonstrações (não tenho aulas no laboratório) e devido constantes “recados”

de usar os reagentes só para os trabalhos práticos obrigatórios (conselho

executivo “falta de dinheiro para comprar reagentes”).

Passado alguns meses depois dessa aula (muitas aulas de experiência),

tenho a noção de que a teria realizado de outra maneira...

O que descobri neste ano de estágio:

SER PROFESSOR É UM ESPECTÁCULO !

Depois de ler o meu trabalho, um pouco de descontracção:

Humor Científico:

P: Porquê que o urso branco se dissolve em água?


R: Porque é polar...

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P: O que é o Ba(Na)2
R: Banana

Regras do Laboratório

1.Quando as coisas te correm bem é porque te esqueceste de alguma coisa...


2.Quando não sabes o que estás a fazer fá-lo impecavelmente!
3.Todas as experiências devem ser reproduzíveis, isto é, devem falhar
sempre da mesma maneira!
4.A experiência é directamente proporcional à quantidade de material
estragado.
5.O trabalho em grupo é essencial, permite ter sempre alguém em quem pôr
as culpas se algo correr mal!
6.Quando um trabalho corre mal, qualquer coisa que faças para o corrigir
só o vai tornar pior!
7.Os frascos e goblés que não estão marcados são sempre aqueles que
contêm as substâncias mais tóxicas...
8.Regra da fissão espontânea: Qualquer peça de vidro cara e delicada
parte-se sempre sem que qualquer uso tenha sido feito dela!

Regra da precisão
Quando trabalhas para encontrar a solução de um problema, é sempre útil saberes
antecipadamente a resposta!

Regra do fracasso
Se à primeira falhares destrói todas as provas que tentaste.

Regra da razão
Se ninguém o utiliza é por alguma razão...

Dicas para os relatórios

1.Num conjunto de dados aqueles que com maior exactidão confirmam


determinada teoria estão errados..
2.Nenhumas das pessoas a que pedes ajuda encontra o erro que procuras.
3.A primeira pessoa que vem para te chatear, vê o erro imediatamente!
4.Se a experiência resultou é porque utilizaste o equipamento errado.
5.Uma experiência pode ser considerada um sucesso se não tiveres que
desprezar mais de metade dos valores para concordares com a teoria.
6.Nenhuma experiência é um completo fracasso - pode sempre servir como
um mau exemplo!

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