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CONCEITO E EVOLUÇÃO
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6 Instituições de Direito Civil, v. 5, p. 33. 5 Estatuto da Família de Fato, p. 23.
7 Estatuto da Família de Fato, p. 23
Desse entendimento, compreende que o casamento não é apenas a
formalização ou legalização da união sexual, como pretendem Jemolo e Kant8,
mas a conjugação de matéria e espírito de dois seres de sexo diferente para
atingirem a plenitude do desenvolvimento de sua personalidade, através do
companheirismo e do amor9.
Assim, os conceitos trazem elementos como a diversidade de sexo, a
formalidade da celebração, a geração de prole e os deveres paternos para com
ela, o auxílio mútuo, a natureza do ato constitutivo, o consentimento dos
nubentes, a legitimação da satisfação sexual, ou elevam o casamento à
categoria de instrumento de salvação espiritual.
Assim, os conceitos trazem elementos como a diversidade de sexo, a
formalidade da celebração, a geração de prole e os deveres paternos para com
ela, o auxílio mútuo, a natureza do ato constitutivo, o consentimento dos
nubentes, a legitimação da satisfação sexual, ou elevam o casamento à
categoria de instrumento de salvação espiritual.
Nessa linha de entendimento, ressaltamos a clássica definição de
Clóvis Beviláqua10: “o casamento é o contrato bilateral e solene, pelo qual um
homem e uma mulher se unem indissoluvelmente legitimando por ele suas
relações sexuais; estabelecendo a mais estreita comunhão de vida e de
interesses e comprometendo-se a criar e educar a prole que de ambos nascer”.
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8 Jemolo, Ii matrimonio, p. 3. Kant chega a afirmar que o casamento seria uma união para a posse
recíproca das qualidades sexuais dos cônjuges, durante a vida(Die Metaphysik der Sitten, in Kant’s
desammelt Schriften, v.6, p.227).
9 Domingos Sávio Brandão Lima, Desquite amigável; doutrina, legislação e jurisprudência, 2. Ed., Rio de
Janeiro, Borsoi, 1972, p.21.
10 Clóvis Beviláqua, Direito de família, §6.
Casamento caracteriza-se pela convivência pública e contínua, de um
homem e uma mulher, estabelecida com objetivo de constituição de família,
como também se caracteriza a união estável11, tendo, por principal diferencial
de formação em relação a esta última, a declaração solene da vontade que
estabelece o vínculo conjugal, realizada perante autoridade. O casamento
consiste, assim, na união afetiva matrimonializada pelo rito formal da
celebração.
As inovações trazidas pela Carta Magna e recepcionadas pelo Código
Civil Brasileiro trouxeram grandes mudanças no Direito de Família, havendo
sensível mudança em conceitos básicos, norteadores das relações familiares,
como a igualdade de filiação, a igualdade entre homens e a mulher, o
reconhecimento da união estável como entidade familiar e da denominada
família monoparental, formada por somente um dos pais e seus filhos.
Antes da atual dicção constitucional, o casamento era a única forma de
constituição legítima da família, porém, ao admitir outras formas de entidade
familiar, consagra-se a partir daí uma definição ampla de família, com o seu
reconhecimento expresso e sob égide.
Apesar das inovações, e embora tenhamos hoje, a proteção legal às
relações familiares fora do casamento, este continua a ser tratado como um
dos principais institutos de direito de Família, pela sua importância,
abrangência e efeitos, observando-se que o próprio legislador lhe dá uma
aparente valoração ao prever que deve ser facilitada a conversão da união
estável em casamento, demonstrando, ainda, certo destaque à tradicional e
clássica forma de constituição familiar através do casamento.
Do matrimônio nascem relações pessoais entre os cônjuges, com a
imposição de deveres recíprocos e direitos mútuos, provindo também, relações
patrimoniais através do regime escolhido, bem como direitos e deveres em
relação aos filhos, entre outros efeitos.
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11 Neste sentido o casamento é definido por César Fiuza como “a união estável e formal entre homem e
mulher, com o objetivo de satisfazer-se e amparar-se mutuamente, constituindo família.” Direito Civil:
curso completo, p. 60
O Decreto 181, de 24/01/1890, institui o casamento civil no Brasil, cujo
principal objeto era a legitimação da prole e a proteção à família, excluindo a
família natural. O casamento era indissolúvel e tal regulamento somente
permitido a separação de corpos em determinadas hipóteses.
O Código Civil de 1916 manteve a referência ao casamento como
indissolúvel, mas fez previsão do desquite (hoje separação judicial), para
determinadas situações. Eram separados os bens e os corpos, mas mantido o
vínculo. O casamento era dissolvido apenas pela morte.
A idéia de casamento indissolúvel, sempre amparado pela Igreja
Católica, dogmaticamente opositora da dissolução do vínculo matrimonial,
vingou até a reforma constitucional de 1977, que através da Emenda
Constitucional nº 09, aboliu o princípio da indissolubilidade do matrimônio com
a instituição do divórcio, regulamentado pela Lei 6.515, de 26/12/1977, o qual
foi garantido pela Constituição Federal de 1988, em seu artigo 226, §6º, bem
como pelo Código Civil.
É o casamento um contrato vinculado a normas de ordem pública
revestido de caracteres especiais, sendo um ato solene por excelência, pelas
formalidades que o cercam, em razão de sua relevância pessoal, social e
jurídica. Requer a observância rígida de certos requisitos que dizem respeito a
sua existência e validade, como autoridade que o celebra, a forma de ato e as
pessoas dos contraentes. São elementos essenciais para sua existência a
diversidade de sexo, o consentimento e a celebração.
Ademais, o processo de habilitação é regulado pela Lei 6.015/73 (Lei
de Registros Públicos) e, subsidiariamente pelo Código Civil. Dessa forma, vale
lembrar, que várias foram as mudanças trazidas e introduzidas pelo Código
Civil referentes ao casamento, com destaque: o desaparecimento da figura do
chefe de família decorrente da igualdade entre os cônjuges, competindo a
ambos a direção da sociedade conjugal (artigos 1.565 e 1.567), previsão de
gratuidade (artigo 1.512), mudança no prazo para o registro civil do casamento
religioso (artigos 1.515 e 1.516), redução da idade núbil do homem e da mulher
para 16 anos (artigo 1.517), redução dos impedimentos matrimoniais (artigo
1.521), causas suspensivas do casamento (artigo 1.523), exigência de
homologação judicial da habilitação do casamento (artigos 1.526), possibilidade
de adoção do sobrenome do outro por qualquer dos nubentes (artigo 1.565
§1º), novo regime de bens: participação final dos aquestos (artigo 1.672) e
possibilidade de alteração do regime de bens no curso do casamento (artigo
1.639 §2º).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS