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  MÓDULO 07 A Dinâmica da População Mundial Geografia

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  MÓDULO 07 A Dinâmica da População Mundial Geografia

ROTEIRO

 Dinâmica da população mundial;

 O crescimento da população mundial;

 As desigualdades na distribuição da população mundial;

 Diferença entre populoso e povoado;

 Superpopulação e superpovoamento;

 Indicadores demográficos;

 Migrações: O mundo em movimento.

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Objetivos

 Compreender os conceitos de população e sociedade;


 Entender o processo de crescimento da população mundial;

 Diferenciar um território populoso de um super povoado;

 Entender porque das desigualdades na distribuição da população mundial;

 Identificar as causas e conseqüências de um superpovoamento e de uma


superpopulação;

 Analisar os indicadores demográficos;

 Compreender como ocorrem os principais movimentos populacionais no


mundo.

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DINÂMICA DA POPULAÇÃO MUNDIAL

A população pode ser classificada segundo a sua A população é o


religião, e suas condições de vida retratada através de conjunto de pessoas
indicadores sociais, tais como: taxa de natalidade e de que reside ou habita
mortalidade, expectativa de vida, índice de analfabetismo, em um determinado
participação na renda, etc. Em suma, a população território, que pode
depende da sociedade em que está inserida em nível ser uma cidade, um
local, municipal, nacional e internacional. país, um estado ou um
planeta como um
A dinâmica demográfica (populacional) é o todo.
resultado da interação de duas dimensões : o
crescimento da população e a sua distribuição espacial.

O CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO MUNDIAL

O crescimento da população e suas conseqüentes transformações foram


lentas e gradativas até a Revolução Industrial, como podemos verificar ao
analisarmos o gráfico abaixo: a 10.000 anos antes do nascimento de Jesus Cristo
havia na Terra 4 milhões de pessoas e passados 5000 anos a população aumentou
para 5 milhões. Nesta época os homens eram nômades e viviam em grupos,
dependendo exclusivamente da natureza. A população não podia aumentar
demasiadamente, por duas razões: poderiam faltar alimentos e também dificultaria
para a mulher carregar mais de um filho, nas expedições
(constantemente o grupo tinha que mudar de lugar para outro à procura de
alimentos).

Por volta de 3.600 anos A.C quando foi inventada a escrita, a população
aproximou-se de 14 milhões. Quando Jesus nasceu já existiam 170 milhões de
habitantes.

Veja com atenção o quadro abaixo.

O crescimento
populacional foi notável
a partir do final do
século XVIII, com a
Revolução Industrial.
De 1700 a 1800,
aumentou para 290
milhões de habitantes no
planeta.

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Já com o surgimento das sociedades modernas ou industrializadas,


caracterizadas por forte urbanização, produção sistemática de mercadorias,
assistência médica e sanitária, a população passou a crescer de maneira
assustadora. Esses assuntos vão ser analisados mais adiante.

Em 1993, o planeta contava com 5,5 bilhões de pessoas, Os especialistas


em demografia prevêem que a população mundial será de 8 bilhões e 525 milhões
de habitantes em 2025.

Desde que a população começou a crescer vertiginosamente muitos


pesquisadores e economistas passaram a se preocupar com a situação e com a
sociedade.

A Inglaterra foi a pioneira na formação das sociedades industrias, em 1750


contava com 5 milhões de habitantes e em habitantes e em 1840 a população havia
crescido para 10 milhões. Nesse período, Thomas Robert Malthus (1798), um
pastor protestante, defendeu uma teoria sobre as questões demográficas e escreveu
um livro chamado Ensaio Sobre Princípio da População e tentou explicar como o
crescimento demasiado da população afeta a melhoria da sociedade.

Segundo a Teoria de Malthus, o crescimento da população não seria


acompanhado, na mesma proporção pelo crescimento da produção de alimentos ,
isto é, enquanto a população cresce em progressão geométrica (2,4,16,32...) a
produção de alimentos cresce em progressão aritmética (2,4,6,8,l0...). Essa teoria
indicava que a vida das gerações futuras estaria comprometida. Os povos iriam
defrontar-se com a escassez de alimentos, com o alastramento de doenças e
epidemias, com o confronto entre grupos sociais pela disputa de alimentos e,
conseqüentemente com a desestruturação de toda vida social.

Como Malthus era reverendo, não aceitava a idéia de controle de natalidade


por quaisquer meios (preservativos, pílulas, abortos). Segundo ele, as pessoas
deveriam adiar o casamento, até que tivessem condições de manter uma família
dignamente. Caso não adquirissem essas condições, deveriam abster-se do
matrimônio.

As idéias malhusianas foram muito discutidas até no final do século XVIII e


início do século XIX.

Malthus não levou em consideração que:

• O aumento populacional nem sempre apresenta altos índices quanto melhor for
o nível de vida da população menor é o índice de aumento;
• o progresso técnico para a agricultura, ou seja, desde que modernizem as
técnicas de plantio, a produção também pode multiplicar-se;
• novos contingentes (crianças) são futuras mãos-de-obra para as remanescentes
indústrias;
• a fome no planeta não é uma decorrência do aumento da população, mas é o
resultado da má distribuição de renda e de alimentos.

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Veja que, após a Segunda Guerra Mundial, em São Francisco (EUA) em


1945, ocasião em que foi criada a ONU (Organização das Nações Unidas), foram
discutidas estratégias de desenvolvimento, visando evitar a eclosão de um novo
conflito militar em escala mundial.

LEIA COM ATENÇÃO O TEXTO A SEGUIR.

“Havia apenas um ponto de consenso entre os participantes: a paz


depende da harmonia entre os povos e, portanto, da diminuição das desigualdades
econômicas no planeta. Agora, como explicar e, a partir daí, enfrentar a questão da
miséria nos países subdesenvolvidos ?”.

Esses países buscaram a raiz de seus problemas na colonização do tipo


exploração implantada em seus territórios e nas condições de desigualdade das
relações comercias que caracterizam o colonialismo e o imperialismo. Passaram a
propor amplas reformas nas relações econômicas em escala planetária, que, é
óbvio, diminuíram as vantagens comercias e, portanto, o fluxo de capitais e a
evasão de divisas dos países subdesenvolvidos em direção ao caixa dos países
desenvolvidos.

Nesse contexto histórico, foi criada a teoria demográfica neomalthusiana,


uma tentativa de explicar a ocorrência da fome nos países subdesenvolvidos. Ela é
defendida pelos países desenvolvidos e pelas elites dos países subdesenvolvidos,
para se esquivarem das questões econômicas”.

Você sabia que...


os países colonizadores foram os que mais incentivaram as famílias de
colonos e de escravos a terem muitos filhos .

Para quem e para que?

A teoria neomalthusiana defende que uma numerosa população jovem


(elevada taxa de natalidade) oneraria o Estado, pois necessitaria de grandes
investimentos sociais em educação e saúde. Também, diminuiria o investimento
produtivo no setor da produção (agropecuária e indústria). Ainda, defende que
quanto maior o número de habitantes de um país, menor é renda per capita e a
disponibilidade de capital a ser distribuído pelos agentes econômicos.

Fundamentadas nessas idéias, inúmeras instituições e muitos governos


dos países subdesenvolvidos começaram propor certas medidas a fim de
diminuírem os índices de natalidade, a mais conhecida delas é o planejamento
familiar.

Que consiste em limitar o número de filhos .

Passaram, então, a propor programas de controle de natalidade e


disseminar a utilização de métodos anticoncepcionais.

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Reflita sobre a frase a seguir !

"Dizer que os países subdesenvolvidos desviam dinheiro do setor


produtivo para os investimentos sociais é , no mínimo, hipocrisia, explícita de política
demográfica neomalthusiana”.

Surge uma terceira teoria, em relação às duas anteriores- a teoria


reformista.

Segundo esta teoria a população jovem não é a causa, mas


conseqüência do subdesenvolvimento.

Em países desenvolvidos,
onde houve investimentos sociais e a
conseqüente elevação de padrão de vida
da maioria da população, o controle de
natalidade ocorreu paralelamente à
melhoria de vida e espontaneamente, de
uma geração à outra. Nos países
subdesenvolvidos, o controle de
natalidade foi forjado, sem uma tomada
de consciência da maioria da população.
Antes, as famílias eram preparadas para
ter muitos filhos com a finalidade de
obter numerosa mão-de-obra barata nas
colônias agrícolas. Depois que essas
colônias se tornaram independentes politicamente , continuaram
dependentes economicamente e precisavam de mão-de-obra para trabalhar na
agricultura de exportação. Esta é uma das razões do grande crescimento
populacional.

De 1950 a 1993, em apenas 43 anos, a população dobrou. Esse


crescimento recente é conhecido por explosão demográfica.

Note que a população jovem dos países do Sul (subdesenvolvidos) tornou-se


um obstáculo para o desenvolvimento econômico porque não houve investimento
social, particularmente em educação e saúde. Por essa razão gerou-se um grande
contingente de mão-de-obra desqualificada ingressando anualmente no mercado de
trabalho e como conseqüência obtém-se baixa produtividade por trabalhador e o
empobrecimento da maioria da população.

À medida que as famílias obtêm condições dignas de vida, o controle de


natalidade torna-se espontâneo e consciente, isto é, tende a diminui o número de
filhos para que seus dependentes tenham acesso aos sistemas de educação e
saúde. Podemos verificar esta situação ao compararmos as famílias brasileiras de
classe média e as de classe baixa.

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“Quando o cotidiano familiar transcorre em condições miseráveis e as pessoas


não têm consciência das determinações econômicas e sociais, vivem de
subempregos, em submoradias e subalimentadas, como esperar que elas estejam
preocupadas em gerar filhos ?”.

Essa teoria, enfim, é a mais realista, por analisar problemas econômicos,


sociais e demográficos de forma objetiva, partindo de situações reais do dia-a-dia
das pessoas. Os investimentos em educação são fundamentais para a melhoria de
todos os indicadores sociais. Quanto maior a escolaridade da mulher, menor é o
número de filhos e a taxa de mortalidade infantil.

Observe o gráfico
ao lado quanto mais
desenvolvido for o país,
menor é a prole, isto é,
menor número de filhos por
mulher em idade
reprodutiva e também:
quanto maior é a
escolaridade, menor é a
fecundidade.

Leia com atenção o quadro abaixo .

No século XIX, o sociólogo Karl Marx, responsabilizava a estrutura do


sistema econômico capitalista como causadora das desigualdades sociais e da
pobreza. Para ele, as leis de desenvolvimento populacional não eram naturais e
seguiam os padrões históricos de cada sociedade.

Marx apresentou a idéia de superpopulação relativa, que significa a


necessidade histórica para o capitalismo de um excesso populacional. Essa
situação facilitaria a reposição de mão-de-obra, o rebaixamento de salários e o
aumento das taxas de lucro.

Os seguidores de Marx, ao contrário dos malthusianos, defendiam que


cabia ao Estado, em um novo tipo de sociedade, o papel de redistribuir a riqueza e
exercer o combate à fome e à miséria.

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DESIGUALDADES NA DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO

A desigualdade na distribuição populacional se deve em grande parte, aos


ritmos desiguais de crescimento e aos fatores históricos e econômicos.

Enquanto a Europa e parte da Ásia (Rússia) levaram cem anos para duplicar a
sua população, o sudeste asiático e a África levaram sessenta anos, quarenta anos
a América Latina, trinta anos. Os países africanos, americanos e do sudeste asiático
foram colônias européias.
As primeiras civilizações desenvolveram-se ao longo dos rios, nas planícies
onde havia solos úmidos e férteis e clima favorável para determinados produtos
agrícolas conhecidos na época. Com o aparecimento da técnica na maneira de
produzir, surgiram excedentes alimentares e começou o desenvolvimento do
comércio. Essas áreas passaram a atrair e fixar inúmeras pessoas. Com o aumento
da população, os povos aumentaram os seus territórios, conquistando e marcando
definitivamente os seus espaços territoriais. Por essas razões o sul e o sudeste da
Ásia são áreas mais povoadas, seguidas dos países europeus, como podemos
observar no mapa a seguir.

No mapa você poderá visualizar, superficialmente, onde se encontram as


maiores concentrações populacionais e no quadro, como se distribuem por
continente. Podemos observar que num continente existem áreas superpovoadas
como sudeste asiático- formando um verdadeiro formigueiro humano e ao lado,,
imenso vazio demográfico (áreas pouco povoadas).

No interior dos países populosos também há desigualdades na distribuição


espacial da população. Há regiões e áreas superpovoadas e outras pouco
povoadas.

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Observando o mapa do
Brasil ao lado, percebemos
o litoral densamente
povoado e o interior,
notadamente a região Norte,
pouco povoada. Por razões
históricas, políticas e
econômicas a população
sempre esteve concentrada
no litoral.

Para você
Pensar ...
POPULOSO SIGNIFICA
POVOADO?

POPULAÇÃO
ABSOLUTA- é o
total de habitantes de
uma área.

O termo
populoso refere-se a
população absoluta ou
número total de habitantes
de um país. Por exemplo, o
Brasil é o quinto país mais
populoso do planeta, com aproximadamente 164 milhões de habitantes, mas pouco
povoado, possuindo apenas 19,18hab./km2 . Portanto, povoado refere se a
concentração de habitantes por quilômetro quadrado, ou seja, a população relativa
de uma área, região ou país.

Para calcular a densidade demográfica de uma área, divide-se o número de


habitantes por sua extensão territorial.

Densidade
POPULAÇÃO RELATIVA OU Demográfica = 164.000.000 =
DENSIDADE DEMOGRÁFICA – 19,18hab./Km2
indica o número de habitantes por No Brasil 8.500.000
quilômetro quadrado (Km2). A
população relativa indica se uma
região é muita ou pouco povoada.

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OBSERVE COM ATENÇÃO O QUADRO A SEGUIR:

Para analisar a qualidade de vida da população ou a economia de um país,


estado ou região em relação a sua população, esses conceitos devem ser
revitalizados. Por exemplo, os Países Baixos (Holanda), Bélgica e Japão, apesar de
serem densamente povoados com mais de 300 hab./Km*, não são considerados
superpovoados, porque possuem uma estrutura econômica e serviços públicos que
atendem às necessidades dos seus cidadãos. Enquanto que o Brasil, mesmo
possuindo uma baixa população relativa é “muito povoado” ou superpovoado, devido
à carência de serviços públicos, de empregos com salários dignos, habitações, etc.
o nível de desenvolvimento socioeconômico e tecnológico de suas populações em
relação a área de seus territórios é muito baixo.

SUPERPOPULAÇÃO É MELHOR QUE O SUPERPOVOAMENTO?

Nesse contexto, a superpopulação é o termo


utilizado para expressar apenas a quantidade de
indivíduos que habitam um determinado espaço
geográfico. Essa expressão também é utilizada
para os estudos de plantas ou animais. Portanto
podemos definir a população como conjunto de
indivíduos de uma mesma espécie, que vive num
mesmo espaço geográfico, ao mesmo tempo.

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O superpovoamento leva em conta a análise das condições socioeconômicas


da população.

Uma área ou um país só é considerado superpovoado quando sua população


é maior que os recursos disponíveis, isto é, quando a população ultrapassa um limite
a partir do qual começa a baixar significativamente o nível de vida, prevalecendo a
fome e a difusão de moléstias infecto-contagiosas.

Nas áreas superpovoadas a população vive em condições que levam à


pobreza absoluta.

Ao analisar a distribuição da população mundial na superfície terrestre,


percebemos que nem sempre as áreas mais povoadas, de maior concentração
demográfica, são aquelas que apresentam problemas socioeconômicos, como foi
citado anteriormente, o exemplo dos Países Baixos em relação ao Brasil.

Alguns países que no passado foram considerados superpovoados hoje não


mais o são, apesar de possuírem uma população maior que antes. Mas, a maioria
dos países que foram colônias no passado hoje são considerados superpovoados.

Veja o caso da China, que em 1953 era considerado a área mais


superpovoada do planeta, com 550 milhões de habitantes apresentando um padrão
alimentar deficiente, baixa produtividade, altas taxas de mortalidade, analfabetismo,
desemprego e outros inúmeros problemas. Após uma profunda reforma social e
econômica, com o objetivo de construir uma sociedade mais igualitária melhorou
sensivelmente a qualidade de vida dos chineses: a taxa de mortalidade passou a ser
uma das mais baixas do mundo, elevou-se o padrão alimentar, houve crescimento
na produção e o desemprego é quase inexistente. Diante disso não é mais
utilizado o termo “superpovoamento” quando se refere à população chinesa, apesar
de ter ultrapassado um bilhão e duzentos milhões de habitantes.

No período em que o governo chinês


estabeleceu rígidos regulamentos para o
planejamento familiar houve uma redução das
taxas de natalidade e continua reduzindo (44 em
1995 e 18 em 1995). Mas isso se deu mais como
decorrência natural da melhoria da qualidade de
vida: do aumento dos índices de alfabetização e
da elevação do custo de formação do indivíduo (a
obrigatoriedade de colocar os filhos na escola,
restrições ao trabalho infantil, etc.).

Um país que pode ser comparado com esse


exemplo é a Índia, onde houve um controle de
natalidade muito mais intenso, chegando a práticas desumanas, mas continua a ser
um país superpovoado, porque não foi acompanhado de alterações sócio-
econômicas.

Esta é uma das provas de que é melhor investir na educação das massas e na
sua conscientização.

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TOME NOTA!!!

O superpovoamento é sempre relativo, ou seja, ele depende muito mais das


condições sócio-econômicas que do tamanho do território e da população.

OS ELEMENTOS DA DINÂMICA POPULACIONAL

Como foi visto anteriormente, as teorias buscam estabelecer relações entre o


crescimento da população e as condições de vida, mas não suficientes para
esclarecer a questão.

Muito mais que teorias, os governantes, os empresários e as comunidades


precisam desenvolver políticas sociais e planejar atividades econômicas tanto no
âmbito local, estadual ou nacional quanto no mundial. Para que o planejamento e a
realização sejam adequados à população é fundamental que tenham em mãos
recursos numéricos e dados e dados estatísticos. Entre esses recursos, destacam-
se os indicadores demográficos, as pirâmides etárias e os indicadores sociais.

No mundo globalizado em que vivemos, esses recursos são importantes, não


só para os dirigentes da nação, mas para toda a sociedade se informar e se inteirar
das condições socioeconômicas e das transformações ocorridas em diferentes
lugares.

COMO ENTENDER OS INDICADORES DEMOGRÁFICOS?

Para compreender melhor o crescimento da


população mundial, suas desigualdades e sua
distribuição populacional. É necessário entender certos
indicadores que explicam a dinâmica da população, tais
como: taxa de natalidade, de mortalidade, do crescimento
natural ou vegetativo, de fecundidade e de mortalidade
infantil e a expectativa de vida.

Tome nota.
Expectativa de vida ou esperança de vida ao nascer: é o número de
anos que um recém-nascido poderá viver, levando-se em conta os
recursos alimentares, médico-hospitalares, condição de higiene, etc.

LUCCI, Elian A. O homem no espaço global p.163

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VEJA O QUADRO A SEGUIR.

No quadro acima encontram-se, como exemplo, países subdesenvolvidos


emergentes e desenvolvidos. Quanto mais desenvolvido for o país menor é a taxa
de crescimento demográfico, de mortalidade infantil , de fecundidade e maior é a
expectativa de vida. Essa ocorrência confirma o que já foi visto. Onde o padrão de
vida é elevado, há um controle de natalidade e conseqüentemente a mortalidade
infantil é menor e a expectativa de vida em virtude da melhoria da qualidade de
vida.

É importante lembrar que nos indicadores demográficos os dados são uma


média entre os habitantes de determinado espaço ou país. Se formos analisar a
realidade com certos detalhes veremos que há diferenças. Os países em
desenvolvimento e os subdesenvolvidos apresentam grandes desigualdades tanto
regionais como entre a grande maioria e uma minoria ( a elite dominante ).

Podemos exemplificar com os dados do quadro a seguir. Por exemplo, a


expectativa da população da região Sul é bem maior que a do Nordeste.

Isso não quer dizer que todas as pessoas da região Sul possuem o mesmo
padrão de vida. Como em todos os lugares, há uma parcela da população vivendo
em péssimas condições, quase subumanas, a maioria se enquadra no padrão
razoável e uma minoria possuindo alto nível de vida.

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VEJA COM ATENÇÃO O QUADRO A SEGUIR

GRANDES Esperança de vida ao Taxa de mortalidade


REGIÕES nascer (anos) 1998 infantil por mil – 1998
Homens Mulheres
Norte 65,1 71,1 35,2
Nordeste 62,1 68,2 57,91
Sudeste 64,8 73,8 24,76
Sul 66,9 74,5 22,39
Centro-Oeste 65,8 72,4 25,09
Brasil 64,3 72,1 36,1
Fonte :IBGE/ Fundo da População das Nações Unidas

Com certeza , para que a dinâmica demográfica entre em equilíbrio é


necessário o enfrentamento, em primeiro lugar, das questões sociais e econômicas.
Apesar de estar aumentando o número de pessoas que vivem na miséria e
passam fome em virtude do sistema político-econômico vigente, o crescimento
vegetativo ou natural está decrescendo.

LEIA COM ATENÇÃO O TEXTO A SEGUIR

“Atualmente, o que se verifica é uma queda global dos índices de natalidade


e mortalidade. Essa está relacionada principalmente ao êxodo rural e suas
conseqüências no comportamento demográfico”: Maior custo para criar os filhos
– é muito mais caro e difícil criar filhos na cidade, pois é necessário adquirir maior
volume de alimentos básicos, que são mais cultivados pela família.
Além disso o ingresso dos dependentes no mercado de trabalho urbano
costuma acontecer mais tarde que no campo e as necessidades gerais de
consumo com vestuário, lazer, medicamentos, transportes, energia, saneamento e
comunicação aumentam substancialmente;

Acesso a métodos anticoncepcionais – com a urbanização, as pessoas


passaram a residir próximo às farmácias, hospitais, postos de saúde, tomando
contato com a pílula anticoncepcional, os preservativos, os métodos de
esterilização;

Trabalho feminino extradomiciliar – no meio urbano, aumenta sensivelmente


o percentual de mulheres que trabalham fora de casa e desenvolvem carreiras
profissionais. Para essas mulheres, a gravidez sucessiva passa a significar queda
no padrão de vida e comprometimento de sua atividade profissional;

Aborto – é ilegal na esmagadora maioria dos países os índices de abortos


clandestinos são conhecidos. Sabe-se, porém que a urbanização levou bastante a
sua ocorrência, contribuindo para uma queda da natalidade.
Acesso a tratamento médico, saneamento básico e programas de vacinação –
esses fatores justificam um fenômeno: nas cidades, a expectativa de vida é maior
que no campo. Portanto, com a urbanização, principalmente nos países
subdesenvolvidos, caem as taxas de mortalidade. Mas isso não significa que a
população esteja vivendo melhor. Está apenas vivendo mais”.
SENE, Eustaquio de e. p.340-1

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A partir da década de 80, principalmente nos países capitalistas desenvolvidos,


onde há presença marcante da mulher no mercado de trabalho e o modo de vida
baseado na preservação da individualidade, está ocorrendo um novo fenômeno: a
implosão demográfica, índices de crescimento negativos.

Taxa média anual Taxa média anual


de crescimento de crescimento
País País
no período 90-95 no período 90-95
(%) (%)
0,2
França 0,4 Dinamarca
0,2
Hungria 0,5 Espanha
0,1
Bélgica 0,3 Itália
0,1
Romênia 0,3 Portugal
0,3
Bulgária 0,6 Reino Unido

Em quase todos os países europeus têm ocorrido índices de crescimento


próximos de zero. Portugal e Espanha são pouco industrializados em relação às
economias mais desenvolvidas do continente, apresentam taxas negativas.

Tome Nota!!!
Além dos fatos mencionados, “as novas descobertas e a diversificação dos
métodos anticoncepcionais permitiram à mulher separar a sua sexualidade da sua
capacidade reprodutiva”.

Obs.: as taxas de natalidade e de mortalidade também são expressas em


porcentagem. Assim, baseando-se nos dados dos exemplos anteriores:
Taxa de natalidade: 1,4%.
Taxa de mortalidade: 0,6%

♦ Taxa de crescimento vegetativo: diferença entre a taxa de natalidade e a taxa


de mortalidade. Conforme os exemplos de taxas de natalidade e mortalidade
anteriores
Taxa de natalidade: 14%
Taxa de mortalidade: -6%
Crescimento vegetativo: 8% ou 0,8%
Obs.: A taxa de crescimento vegetativo é também denominada taxa de crescimento
natural.

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♦ Taxa de fecundidade: número médio de filhos por mulher em idade de procriar,


que, por convenção, tem entre 15 e 49 anos.
♦ Taxa de mortalidade infantil: relação entre o número de óbitos de crianças com
menos de um ano, multiplicado por mil, e o número de crianças nascidas vivas
durante o ano civil.

TAXAS
♦ Taxa de natalidade: número de nascidos vivos registrados em um ano por mil
habitantes. É portanto a relação entre os nascimentos e a população total,
expressa por mil habitantes.
Exemplo:
Nascimentos anuais: 775.000.
População total: 55.173.000 habitantes.
Taxa de natalidade: 775.000 x1000=14%
55.173.000
Ou seja, para cada grupo de 1000 habitantes, nasceram 14 crianças vivas num ano.
♦ Taxa de mortalidade: número de óbitos registrados em um ano por mil
habitantes. É calculada a partir da relação entre óbitos anuais, multiplicados por
mil, e a população total.
Exemplo :
Óbitos anuais: 335.000.
População Total: 55.173.000 habitantes.
Taxa de mortalidade: 335.000x1000=6%
55.173.000
Ou seja, para cada grupo de 1000 habitantes, morreram 6 pessoas num ano .

Por Que as Pessoas Migram?

Observe o mapa a seguir:

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Nos países subdesenvolvidos, de uma forma geral, embora as taxas de


natalidade e de mortalidade venham declinando, a taxa de crescimento vegetativo
continua elevada, acima de 1,8%.

As desigualdades na evolução econômica e na distribuição da população mundial ou regional


aliadas ao crescimento vegetativo sempre resultaram em deslocamentos humanos ou migrações. As forças
propulsoras dessas migrações são as áreas de atração e as áreas de repulsão
repulsão.

Emigração X Migração ou Migrações Externas

Na escala internacional, o principal


motivo das migrações (emigração e
imigração) é o econômico e o
crescimento populacional. As pessoas se
deslocam de um país para outro em
busca de oportunidades de trabalho e de
melhores condições de vida.

Os países ou regiões que


apresentam um crescimento superior a
sua capacidade de crescimento
econômico costuma apresentar o
fenômeno da emigração, isto é, seus
habitantes saem em direção à outras
regiões. Estas áreas transformam-se em pólos de repulsão. Inversamente, quando
as regiões ou países têm um crescimento econômico superior ao da população, se
tornam pólos de atração e provocam o fenômeno da imigração.

Um dos maiores pólos de atração no início da década de 90 foi a União


Européia. Com o aprofundamento das relações econômicas entre os países
europeus e a necessidade de competir com as economias americana e asiática
esses países se uniram e criaram uma nova realidade – a livre
circulação de pessoas no interior da União Européia. Nessa
época intensificou-se a imigração na Europa, pois muitas
pessoas aproveitaram a economia em ascensão e emigraram
de seus países em busca de oportunidades de
trabalho e também, fascínio pelo primeiro
mundo.

Em menor dimensão, as pessoas saem


do país por motivo de perseguição religiosa,
política ou retorno ao seu país de origem.

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Texto de apoio: A nova Pátria

A imigração de judeus “russos” , sob estímulo do governo israelense, não pára


de crescer. O êxodo de judeus do antigo bloco soviético para Israel iniciou-se em
1989. Só no ano passado vieram 54 mil imigrantes e para este ano, até o final de
dezembro estima-se em 60 mil. No ano 2000 atingiu cerca de 1 milhão de “russos”
em Israel, ou um sexto da população do país (5,9 milhões de habitantes).

Em Israel, fundaram uma espécie de pequena Rússia, com partidos políticos


próprios e representantes no governo e no parlamento, além de jornais em russo. Os
funcionários da imigração falam em russo. A música de fundo é russa. Os
israelenses riem da piada: “O hebraico está se tornando a segunda língua em
Israel”.

Os “russos” em Israel não se submetem, como os imigrantes etíopes ou


marroquinos – impõem-se. Também não se integram, mas conquistam direitos.

Geralmente esses imigrantes depois de cadastrados (banco de dados)


recebem do governo israelense uma carteira de identidade, seis meses de
assistência médica gratuita, ajuda imediata em dinheiro e mais um carnê para a
retirada mensal em bancos que ainda inclui benefícios para o primeiro ano em Israel.
Para cada família de quatro pessoas, são destinados US$540,00 na hora e o
equivalente a US$ 10 mil em 12 meses. Aos aposentados , aposentadoria, doentes,
e hospitalização. Para todos, cursos intensivos de hebraico. A única condição para
ser aceita como imigrante é a de ser judeu.
High Tech ou hi-tech – A revoada de “russos” está russificando
abreviatura do inglês high
tecnology, alta tecnologia Israel. Eles influenciam muito e de várias formas
refere-se a produtos ou na cultura israelense. Por exemplo,
processos de produção de impulsionaram a economia principalmente por
tecnologia de ponta, ou seja, oferecer um grande número de profissionais
a tecnologia mais avançada altamente qualificados. Tornou possível um
em dado momento histórico.
enorme do setor highTech.

“Nas cidades em desenvolvimento do deserto do Neguev e da Galiléia, uma


situação totalmente diferente está criada, pois 25% de sua população é de novos
imigrantes. Eles pesam nas decisões sobre educação, esportes e vida cultural”.
Revista Época 19/10/98
Como você acabou de ver, Israel teve um crescimento populacional por
imigração. Outros países podem ter um declínio na sua população por motivo de
emigração ou perdas (mortes) numa guerra.
O Brasil já foi um país de imigrantes, ao lado
Importante . A população dos Estados Unidos e dos outros países americanos.
de um país ou região pode Para suprir a necessidade de mão-de-obra nas
crescer através do lavouras vieram europeus de todas as nacionalidades.
crescimento vegetativo ou Nesse período, a Europa atravessava uma série de
natural e por imigração. dificuldades: desemprego em massa, perseguição
religiosa, conflitos internos, etc.

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  MÓDULO 07 A Dinâmica da População Mundial Geografia

Para o Brasil de início vieram os portugueses e africanos (escravos). No


auge da cultura cafeeira vieram os imigrantes espontâneos. Os principais grupos
que entram no Brasil foram os portugueses, italianos, espanhóis, alemães e
japoneses.

Embora tenha estabelecido a Lei das Cotas (1934) que restringia a imigração a
números bastante modestos, com exceção dos portugueses, o Brasil continuou
recebendo imigrantes. Com a Segunda Guerra Mundial muitos judeus, poloneses,
japoneses, chineses, entre outros, vieram para cá em busca de oportunidades e
melhores condições de vida.

Da década de 70 até os dias atuais, tem ocorrido o inverso, o Brasil


transformou-se em um país de emigração. Com a expansão da soja na região sul do
país aliada à concentração de terras e às empresas agropecuárias, mais de 300 mil
brasileiros passou a viver em terras paraguaias – são os brasiguaios, que
representam cerca de 6,5% da população daquele país.

Principais grupos de Im igrantes no Brasil (1800-1970)

Alem ães
5% 4%
31% 17% Japoneses
Outras
Espanhóis
13% Italianos
30%
Portugueses

Na década de 80, a recessão mundial


TOME NOTA Xenofobia – afetou principalmente o mundo subdesenvolvido,
aversão a tudo o que não é o que intensificou a saída de brasileiros em
nacional. direção aos Estados Unidos, Paraguai, Japão e
Neo-Nazismo – Doutrina países europeus. Estima-se que, atualmente,
semelhante em alguns aspectos
1,5 milhão de brasileiros estejam vivendo no
ao nazismo. O Nazismo defendia
a superioridade dos brancos exterior.
europeus e particularmente dos
alemães, a inferioridade dos ONDE ESTÃO OS BRASILEIROS? E OS
negros e judeus. Os neo-nazistas IMIGRANTES SÃO BEM - VINDOS?
são muito mais radicais, agridem
os imigrantes de países pobres, Embora a emigração tenha autorização
queimam suas residências, fazem ou até incentivos por parte do governo, sempre
manifestações ruidosas e há uma rejeição natural dos grupos nacionais
defendem a expulsão dos devida a instabilidade que ela causa. Essa
estrangeiros.
instabilidade pode ser causada pela
competitividade no trabalho, no emprego, na
habitação, etc. De certa forma há choque cultural – ambos terão que aceitar as
mudanças. Como por exemplo, a Alemanha teve que passar a conviver com uma
acentuada migração interna quando houve a unificação.
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  MÓDULO 07 A Dinâmica da População Mundial Geografia

O índice de desemprego chegou a 30% da população economicamente ativa


em 1993. Faltava à Alemanha mais 7 milhões de empregos. Essa conjuntura foi
favorável ao surgimento de um nacionalismo extremado de alguns grupos, cuja
ideologia estava alicerçada na xenofobia e no neonazismo.

Os países do leste europeu passaram a constituir uma zona de repulsão, as


pessoas tentaram recomeçar suas vidas no capitalismo já consolidado no Ocidente.
A transição do socialismo para a economia de mercado (capitalismo) causou
problemas maiores do que os políticos e economistas previam. Nos países
socialistas, como a economia era controlada pelo Estado, houve defasagem
tecnológica e conseqüentemente, ineficiência na produção de bens de consumo.
Com a abertura para o capital estrangeiro, as multinacionais levaram consigo
equipamentos e tecnologia do Ocidente e não absorveram toda mão-de-obra
existente nas empresas estatais. Essa transição econômica gerou desordem e
marginalização em boa parte da sua população (deserdada pela nova estrutura
política, que abandonou a política do pleno emprego).

Por isso muitas pessoas saíram de seus países para a Europa Ocidental
(Área de atração) em busca de melhores perspectivas.

Os imigrantes vindos do leste europeu, foram rejeitados, marginalizados e até


hostilizados. Ao contrário dos “russos” imigrantes de Israel, como foi visto no texto
que se impuseram na cultura israelita.

De todas as migrações, as mais preocupantes são as multidões sem rumo ou


refugiados de guerra no mundo contemporâneo.

No Brasil vivem 2.280 estrangeiros refugiados, devido à perseguição ou às


guerras:

Angola: 1254 Sérvia 49 Bósnia: 17


Libéria: 264 Peru: 36 Chile: 16
Congo: 163 Líbano: 24 Irã: 16
Cuba: 90 Vietnã: 22 Outros: 238
Iraque: 70 Croácia: 21 Fonte: Ministério da
Justiça/Conare

Além desses estrangeiros cadastrados moram, no Brasil, muitos


imigrantes que vieram clandestinamente por inúmeros motivos.

Responda em seu caderno.

1- Você conhece alguma família nessas condições, que entraram


clandestinamente no Brasil?

2- Com o conhecimento que você obteve até agora de Geografia, faça uma
análise sobre os motivos que os imigrantes saíam de seus países no século
XVIII e os motivos que hoje as pessoas migram ou se refugiam para outros
países.

21
  MÓDULO 07 A Dinâmica da População Mundial Geografia

Observe no quadro a seguir que, muitos deles foram violentamente


desterritorializados e não conseguiram mais um território fixo.

Os refugiados de guerras e conflitos se espalham pelo mundo.


Migrações forçadas: refugiados de guerra e conflitos desde l980.

EX- IUGUSLÁVIA:
3,7milhões de pessoas foram deslocadas de suas moradias pela guerra civil de 1992-1995.
EUROPA OCIDENTAL :
Abriga mais 5 milhões de refugiados.
ORIENTE MÉDIO
A agência que cuida dos refugiados palestinos tem sob sua responsabilidade 2,8 milhões deles.
SERRA LEOA E LIBÉRIA
As guerras civis forçaram 1 milhão de pessoas a se exilar na Guiné e Costa do Marfim.
MOÇAMBIQUE
6 milhões de pessoas começaram a voltar ao país a partir de 1992.
SUDÃO E ERITRÉIA
Guerras civis produziram 1,6 milhões de refugiados.
RUANDA E BURUNDI
2,2 milhões de exilados estão sob a proteção da ONU nos dois países, dilacerados por
sangrentos conflitos étnicos.
EX-UNIÃO SOVIÉTICA
Há 1,5 milhão de pessoas flutuando entre a Armênia , Geórgia e Azerbaijão.
AFEGANISTÃO
Três milhões de cidadãos estão no Paquistão e no Irã.
SRI LANKA
30 mil cidadãos se refugiam na Índia.
MIANMA (EX- BIRMÂNIA)
Há 250 mil refugiados do país em Bangladesh.
VIETNÃ
Há 40 mil exilados vietnamitas espalhados pelo Sudeste Asiático.

Dentro de dez anos o número de refugiados em todo o mundo terá duplicado para 60 milhões,
segundo previsão da Cruz Vermelha Internacional. Além disso, na China há 120 milhões de
desempregados no campo e dentro de 35 anos o país não poderá alimentar todos os seus habitantes. Já
hoje, no chamado Chifre da África, há 71 milhões de pessoas sem comida. A cada ano 143 mil pessoas
são mortas em conflitos em todo o mundo e 5 milhões ficam sem casa (Fonte: Jornal da Tarde,
02 Junho de 1996).

Tanto a emigração como imigração entre os países são migrações externas


ou internacionais. Existem outros movimentos dentro de uma região ou país, são as
migrações internas .

Os movimentos de migração interna e externa podem ocorrer simultaneamente


ou por algumas razões vistas anteriormente, as áreas de imigração tornarem-se de
emigração.

O povoamento de Paraná é um exemplo típico das constantes migrações.

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  MÓDULO 07 A Dinâmica da População Mundial Geografia

MIGRAÇÕES INTERNAS

Em todos os lugares existem deslocamentos ou migrações internas. As


migrações pelo território brasileiro estão associadas a fatores econômicos desde o
tempo da colonização. Com a crise na população de açúcar no Nordeste e início do
ciclo do ouro em Minas Gerais, houve um enorme deslocamento de pessoas e um
intenso processo de urbanização no novo centro, econômico do país. Mais tarde,
como o processo de industrialização, a região Sudeste pôde se tornar efetivamente
o grande pólo de atração de migrantes, que saíam da sua região em busca de
emprego ou de melhores condições de vida e salários.

Note que, é natural que qualquer região do país que receba investimentos
produtivos públicos ou privados, aumentando a oferta de emprego, receba também
pessoas dispostas a preencher novos postos de trabalho. Como você pode ver no
mapa abaixo.

De 1940-70, os estados do Centro-Sul constituíram –se pólo de atração. Na


década de 60, a construção da atual capital brasileira (Brasília) também contribuiu
para a expansão do Centro-Oeste.

Somente a partir da década de 70, juntamente com o processo de


descentralização da atividade industrial, a migração em direção ao Sudeste
apresentou uma queda significativa.
Outros fatores atraíram migrantes de várias regiões para Amazônia foram :

♦ A construção de grandes rodovias;


♦ Implantação de projetos agropecuários;
♦ Os incentivos ao desenvolvimento das atividades de mineração;
♦ Os programas de venda de pequenos lotes de terras coordenados pelo INCLA
(Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária).

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  MÓDULO 07 A Dinâmica da População Mundial Geografia

TOME NOTA.

“Atualmente nota-se um processo simultâneo de desmetropolização e


metropolização. São Paulo e Rio de Janeiro são capitais que menos crescem. O
modelo de desenvolvimento social e econômico adotado no Brasil e a formação de
um mercado nacional integrado formaram aglomerações urbanas com mais de um
milhão de habitantes, chamadas cidades milionárias, e multiplicaram-se as cidades
pequenas e médias. A expansão industrial acelerou a constituição das cidades
milionárias, para as quais afluíram os principais investimentos e as atividades
modernas, transformando-se em importantes pólos de desenvolvimento e atração
populacional”.
(MOREIRA, Igor. O Espaço geográfico p. 408)

Além das migrações regionais que acabamos de estudar existem outras


importantes, como : êxodo rural, pendular, transumância e urbana- urbana.

DO ÊXODO RURAL À MIGRAÇÃO PENDULAR

A modernização e mecanização na agricultura e a concentração de terras no


campo provocaram um intenso êxodo rural, isto é, a saída de pessoas do campo
em direção às cidades.

Como as cidades não receberam investimentos públicos em obras de infra-


estrutura urbana (habitação, saneamento básico, saúde, educação, transportes
coletivos, lazer e abastecimento), passaram a crescer em direção à periferia, onde
eram construídas enormes favelas e loteamentos clandestinos, sobretudo ao redor
dos bairros industriais. Esse processo provocou o surgimento de metrópoles – Um
conjunto de cidades interligadas, onde ocorre uma migração diária entre os
municípios, fenômeno conhecido como Migração pendular. Para a população que
realiza esse movimento diário, o transporte coletivo metropolitano é de suma
importância.

Segundo a estimativa do IBGE, no ano 2000, 84% da população brasileira


passará a viver nas cidades.

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  MÓDULO 07 A Dinâmica da População Mundial Geografia

TRANSUMÂNCIA

A transumância é um movimento populacional sazonal, ou seja que ocorre em


certos períodos do ano e que se repete. No Brasil, já é considerada histórica a
transumância da população que mora no polígono das secas, nas regiões Nordeste.
Os órgãos públicos responsáveis pelo combate à seca atendem prioritariamente aos
interesses dos latifundiários, excluindo os despossuídos do acesso freqüente a
açudes e sistemas de irrigação.
A conseqüência é óbvia e previsível – quando pára de chover no Sertão
(março), os pequenos e médios proprietários são obrigados a migrar para o Agreste
ou para Zona da Mata, em busca de ocupação que lhes permita sobreviver até
dezembro e quando volta a chover no Sertão eles retornam então às suas
propriedades.
Também é comum a transumância praticada pelos bóias-frias volantes,
que não têm residência fixa. O trabalho volante é temporário, só ocorre durante o
período do plantio, da colheita ou do corte da cana-de-açúcar, por exemplo. Tal
situação obriga os trabalhadores a migrarem de cidade em cidade atrás do serviço.
A partir da década de 80 , nas regiões do país em que os sindicatos rurais se
fortaleceram, esse movimento periódico passou a ser programado com
antecedência, de forma a manter os bóias-frias com ocupação ao longo de todo o
ano, em locais preestabelecidos.

MIGRAÇÃO URBANA-URBANA

Atualmente, nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, é significativa a saída


de população das metrópoles em direção à cidades médias do interior. A causa
desse movimento é que as metrópoles estão completamente inchadas, com
precariedade no atendimento de praticamente todos os serviços públicos, altos
índices de desemprego e criminalidade. Já as cidades do interior desse estados,
além de estarem passando por um período de crescimento econômico, oferecem
melhor qualidade de vida à população.

(SENE, Eustáquio de e. Espaço Geográfico e globalizado p 360.-2)

RESPONDA EM SEU CADERNO.

3. Explique a teoria de Malthus e justifique se ela é ou não correta.


4. Observando o mapa da página 09 responda: Qual é o continente mais povoado
da Terra e o menos povoado?
5. Por quê atualmente ocorre uma queda global dos índices de natalidade e
mortalidade?
6. O que é crescimento natural ou vegetativo?
7. Qual a diferença entre êxodo rural e migração pendular?
8. O que é migração interna? O que faz com determinada região se torne pólo de
atração de migrantes.

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  MÓDULO 07 A Dinâmica da População Mundial Geografia

BIBLIOGRAFIA

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VESENTINI, J. William. Sociedade e Espaço. São Paulo. Editora Ática, 1997.

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ELABORADO PELA

EQUIPE DE GEOGRAFIA CEESVO 2004

Deise Quevedo Bertaco


Jaime Aparecido da Silva
Maria de Fátima Pinto

COLABORAÇÃO

Luiz Gustavo Cerqueira Ferreira


Júlia de Oliveira Rodrigues Vieira
Neiva Aparecida Ferraz Nunes

DIREÇÃO

Elisabete Marinoni Gomes


Maria Isabel R. de C. Kupper

APOIO.

Prefeitura Municipal de Votorantim

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