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POESIA
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Vinícius de Moraes
MESTRES DA POESIA
Vicente de Carvalho
CLIQUE NO POETA
Ou clique na página para seguir seqüência Fernando Pessoa
Olavo Bilac
“...Descansem o meu leito solitário
Na floresta dos homens esquecida.
Carlos Drummond de Andrade
À sombra de uma cruz, e escrevam nela:
-Foi poeta – sonhou – e amou na vida.”
Álvares de Azevedo Raul de Leoni
Alceu Wamosy
Fagundes Varela
E assim quando mais tarde me procure Mas não partira delas; a mais louca
Quem sabe a morte, angústia de quem vive Apaixonou-me o pensamento; dei-o
Quem sabe a solidão, fim de quem ama Feliz – eu de amor pouco e vida pouca
Eu possa lhe dizer do amor (que tive): Mas que tinha deixado em meu enleio
Que não seja imortal, posto que é chama Um sorriso de carne em sua boca
Mas que seja infinito enquanto dure Uma gota de leite no seu seio.
Meu ser em mim palpita como fora Quero que meu soneto, no futuro,
do chumbo da atmosfera constritora.
năo desperte em ninguém nenhum prazer.
Meu ser palpita em mim tal qual se fora
a mesma hora de abril, tornada agora. E que, no seu maligno ar imaturo,
ao mesmo tempo saiba ser, năo ser.
Que face antiga já se năo descora
lendo a efígie do corvo na da aurora? Esse meu verbo antipático e impuro
Que aura mansa e feliz dança e redoura há de pungir, há de fazer sofrer,
meu existir, de morte imorredoura? tendăo de Vênus sob o pedicuro.
Sou eu nos meus vinte anos de lavoura
de sucos agressivos, que elabora Ninguém o lembrará: tiro no muro,
uma alquimia severa, a cada hora. căo mijando no caos, enquanto Arcturo,
claro enigma, se deixa surpreender.
Sou eu ardendo em mim, sou eu embora
năo me conheça mais na minha flora
que, fauna, me devora quanto é pura.
VOLTAR AOS POETAS
RAUL DE LEÔNI
INGRATIDÃO HISTÓRIA ANTIGA
Nunca mais me esqueci! ... Eu era criança No meu grande otimismo de inocente,
E em meu velho quintal, ao sol-nascente, Eu nunca soube por que foi... um dia,
Plantei, com a minha mão ingênua e mansa, Ela me olhou indiferentemente,
Uma linda amendoeira adolescente. Perguntei-lhe por que era... Não sabia...
Daí por diante, pela vida inteira, Nunca mais nos falamos... vai distante...
Todas as grandes árvores que em minhas Mas, quando a vejo, há sempre um vago instante
Terras, num sonho esplêndido semeio, Em que seu mudo olhar no meu repousa,
Tudo é luz e esplendor; tudo se esfuma Todas sem mais amor! Sem mais paixões!
Às carícias d’aurora, ao céu risonho, Mais uma fibra trêmula e sentida!
Ao flóreo bafo que o sertão perfuma! Mais um leve calor nos corações!
VANDALISMO
Vês ! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Meu coração tem catedrais imensas, Foi tua companheira inseparável!
Templos de priscas e longínquas datas,
Onde um nume de amor, em serenatas, Acostuma-te à lama que te espera !
Canta a aleluia virginal das crenças. O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora entre feras, sente inevitável
Na ogiva fúlgida e nas colunatas Necessidade de também ser fera
Vertem lustrais irradiações intensas
Cintilações de lâmpadas suspensas Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
E as ametistas e os florões e as pratas. O beijo, amigo, é a véspera do escarro
A mão que afaga é a mesma que apedreja
Com os velhos Templários medievais
Entrei um dia nessas catedrais Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
E nesses templos claros e risonhos... Apedreja essa mão vil que te afaga
Escarra nessa boca que te beija
E erguendo os gládios e brandindo as hastas,
No desespero dos iconoclastas
Quebrei a imagem dos meus próprios sonhos!
VOLTAR AOS POETAS
PARA VOCÊ
Álvares de Azevedo
Pálida, à luz da lâmpada sombria,
Sobre um leito de flores reclinada,
Como a lua por noite embalsamada,
Entre as nuvens do amor ela dormia!
Eu era criança, mas já percebia, Estou sozinho em meu jardim sem cores,
O pouco pão que havia em nossa mesa E ainda que eu tenha mágoas, bem guardadas,
E a aparência acanhada da pobreza Cuido dessas roseiras desmaiadas
Que tinha a nossa casa tão vazia. Que em meu canteiro nunca abriram flores.
De noite, antes do sono, uma certeza: Tais quais receosas almas delicadas
Elas se encolhem, sobre seus temores,
A minha mãe rezava a Ave-Maria!
E abortam seus rebentos nas ramadas
E ao terminar a prece eu sempre via Enquanto vão morrendo em suas dores...
No seu olhar uma esperança acesa.
Após a reza desligava a luz, Quantas almas que por serem assim,
Como essas tristes plantas no jardim,
Beijava o crucifixo, e a fé era tanta
Calam-se a olhar o nada... tão descrentes...
Que adormecia perto de Jesus.
Depois que ela dormia (isso que encanta) Feito as minhas roseiras dolorosas
Nosso Senhor descia ali da cruz Que só olham para a vida, indiferentes,
Para beijar a sua face santa. E não me dão espinhos e nem rosas.
de Andrade
A vida é para mim, está se vendo,
uma felicidade sem repouso:
eu nem sei mais se gozo, pois que o gozo
só pode ser medido em se sofrendo.
Amo a hera, que entende a voz do muro Sombra de névoa tênue e esvaecida,
E dos sapos, o brando tilintar E que o destino amargo, triste e forte,
De cristais que se afagam devagar, Impele brutalmente para a morte!
E da minha charneca o rosto duro. Alma de luto sempre incompreendida!...
Amo todos os sonhos que se calam Sou aquela que passa e ninguém vê...
De corações que sentem e não falam, Sou a que chamam triste sem o ser...
Tudo o que é Infinito e pequenino! Sou a que chora sem saber por quê...
Asa que nos protege a todos nós! Sou talvez a visão que alguém sonhou.
Soluço imenso, eterno, que é a voz Alguém que veio ao mundo pra me ver
Do nosso grande e mísero Destino!... E que nunca na vida me encontrou!