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OBJETIVOS
LEITURA RECOMENDADA
EXTRAÇÃO
INTRODUÇÃO
A extração é um dos processos de separação mais antigo e mais utilizado pelos químicos
orgânicos. Virtualmente, todas as reações orgânicas exigem a extração ou purificação de seus
produtos em algum estágio. Na prática, a extração é empregada para separar uma substância
orgânica da sua solução (ou suspensão) em um meio líquido, geralmente água, ou sólido (lixiviação).
O processo mais frequente é o de extração simples (líquido-líquido), consistindo em agitar a solução
ou suspensão da substância desejada com um solvente imiscível em um funil de separação (Figura
2). Os vários solutos presentes, se distribuem, então, entre as camadas (geralmente aquosa e
orgânica) de acordo com suas solubilidades relativas.
Figura 2: (a) Maneira correta de segurar um funil de separação quando agitado; (b) Separação das
camadas usando o funil de separação.
Durante o processo de extração simples pode ocorrer a formação de emulsões, isto é gotas
de uma fase permanecem em suspensão na outra fase. Para quebrar a emulsão em alguns casos,
basta deixar a mistura em repouso por alguns minutos. Em outros, a emulsão persiste por horas ou
dias. Neste caso, o processo pode ser acelerado por adição de agentes antiemulsificantes ou
tensioativos.
Uma das causas da formação de emulsões está relacionada com diferenças muito
pequenas de densidade entre as duas fases. A adição de uma substância capaz de aumentar a
diferença de densidade contribui para quebrar a emulsão. Pentano é normalmente usado para
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diminuir e tetracloreto para aumentar a densidade de soluções orgânicas. A adição de cloreto de
sódio aumenta a densidade da fase aquosa, enquanto a adição de solventes orgânicos miscíveis com
água, como etanol, tende a diminuir a densidade. Emulsões podem ocorrer também em extrações
envolvendo soluções básicas. Isto ocorre porque o sal orgânico formado tem muitas vezes
características emulsificantes. A adição de algumas gotas de ácido acético pode eventualmente
resolver o problema. A formação de emulsão pode ser evitada agitando a mistura com cuidado, no
funil, durante um tempo maior.
No processo de separação por extração simples deve-se levar em conta as seguintes
observações:
♦ a torneira do funil deve ser lubrificada com algumas gotas de água e o funil testado com o
solvente que se pretende usar para verificação de vazamento; funis com torneira deTeflon
prescindem dessa precaução.
♦ quando o funil for agitado, a tampa e a torneira devem ser seguradas com firmeza e a pressão
interna abrandada frequentemente, invertendo-se o funil e abrindo-se a torneira lentamente,
evitando o direcionamento da abertura para si ou para o seu vizinho.
♦ se houver tendência à formação de emulsão entre os líquidos imiscíveis agite o funil de
separação em movimentos suaves e circulares; se a emulsão persistir adicione cloreto de
sódio (ou, se necessário, ácido clorídrico) à mistura e repita a operação anterior.
♦ existem situações onde podem surgir dúvidas a respeito de qual é a camada orgânica, neste caso,
adicione mais um pouco de um dos líquidos e verifique qual a camada que aumenta de volume.
♦ para remover a camada inferior, remova a tampa e abra a torneira cuidadosamente, pressionando-
a horizontalmente, se for de vidro.
♦ terminada a extração, lave todo o sistema e, se for o caso, guarde-o desmontado para evitar a
aderência da torneira ou da tampa, fato comum quando soluções básicas são usadas.
K = CA/CB
Se ao invés de fizer a extração com uma única porção de 100 mL de éter, realizarmos a
extração com duas porções de 50 mL de éter, teremos na primeira extração:
(x2) g de S/ 50 mL de éter
K = ___________________________ = 2
(3 - x2) g/ 100 mL de água
Portanto, a extração da solução inicial com duas porções de 50 mL éter irá extrair um total de
4,5 g do soluto S (x1 + x2). Três extrações com 33,33 mL de éter extrairia 4,7 g de soluto (S), e assim
sucessivamente. Então é importante guardar que o uso de pequenas quantidades de solvente,
repetidas vezes, é mais eficiente no processo de extração do que uma quantidade equivalente de
solvente usada de uma só vez.
Quando a constante K é muito pequena, não se recomenda a extração simples por causa do
gasto excessivo de solvente. Prefere-se, neste caso, o método de extração contínua, que utiliza um
volume bem menor de solvente. Uma aparelhagem comum para extração contínua de sólidos com
uso de solventes de baixo ponto de ebulição é chamado extrator Soxhlet (Figura 3).
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Figura 4. Aparelhagens para extração contínua de líquidos: extração por líquidos menos densos (A);
extração por líquido mais denso (B).
Até agora consideramos casos em que não há reação entre o soluto e o solvente, mas
também podemos fazer uma separação usando solventes quimicamente ativos, denominados
“solventes de reação”. Um solvente de reação é aquele que reage com o soluto para dar origem a
um composto mais solúvel. Por exemplo, uma amina tal como a anilina é solúvel em uma solução
aquosa de HCl, porque forma um sal solúvel em água. Esta reação permite uma separação da anilina
de impurezas não básicas. O sal passa para a solução aquosa ácida enquanto que os outros
componentes permanecem em solução na fase orgânica. Após a separação das camadas, a amina
pode ser regenerada a partir do sal, pela reação com uma base, e subseqüentemente ser extraída
com um solvente orgânico.
5
NH2
Et2O NH2
Impurezas neutras
+ HCl
1. NaOH
C6H5NH3 Cl
H2O 2. Et2O
Reações similares podem ser usadas para separar ácidos carboxílicos, fenóis e aminas de
substâncias neutras, aplicando a variação do pKa destes substratos. O uso de solventes de reação
também pode ser útil para separar uma substância desejada de impurezas solúveis no mesmo
solvente. Essas impurezas podem ser destruídas ou transformadas em derivados solúveis na fase
aquosa, via reações rápidas.
PARTE EXPERIMENTAL
Fracionamento dos componentes ácido (aspirina), básico (cafeína) e neutro (fenacetina) de uma
mistura por meio de extração líquido-líquído. A mistura aspirina-cafeína-fenacetina é conhecida como
APC e encontra-se presente em algumas formulações farmacêuticas.
O
O H
O N
O N
N
CO2H
O N N
OCH2CH3
Procedimento:
Precaução: o uso de éter como solvente requer cuidado. O solvente é muito volátil (pE 34ºC) e
inflamável!
⇒ Os resíduos aquosos deverão ser descartados na pia com bastante água corrente.
⇒ Todas as misturas contendo solventes orgânicos deverão ser acondicionadas em frasco
deposição de resíduos conforme indicado pelo instrutor.
⇒ Reservar os sólidos obtidos após o fracionamento, para utilização em práticas posteriores.
DISCUSSÃO
EXPERIMENTO OPCIONAL
Objetivo: Isolamento de um produto natural (trimiristina) a partir da noz moscada usando a técnica de
extração contínua de sólidos.
A noz moscada (Myristica fragrans) é uma semente natural da Índia Oriental. O componente principal
da noz moscada é um lípídio, mais precisamente um triglicerídeo (trimiristina) com grupos acila
derivados do ácido mirístico (n-C13H27CO2H). A trimistina é também um dos principais contituintes do
óleo de coco.
CH2 O CO C13H27
CH O CO C13H27
CH2 O CO C13H27 Trimiristina
Dado que triglicerídeos (óleos e gorduras de origem vegetal ou animal) não são hidro-solúveis, não é
possível extrai-los com água. Posto que não são voláteis, também não podem ser extraídos usando-
se a técnica por arraste a vapor ( a ser apresentada mais adiante em nosso curso). A metodologia
mais apropriada para o isolamento de insumos com tais características é a extração com solventes
pouco polares, para que apenas o componente lipídico (relativamente apolar) seja extraído.
Por exemplo, a trimiristina, um triglicerídeo sólido cristalino, poder ser extraída da semente de noz
moscada por extração a quente (Figura 5) seguida de purificação do extrato bruto por meio de
sucessivas cristalizações.
Procedimento:
1. Coloque cerca de 5 g de noz moscada em pó em um balão de 100 mL, contendo uma barra
magnética e 15 mL de éter etílico (Cautela! Solvente muito volátil e inflamável).
2. Adapte um condensador como mostrado na Figura 5 e aqueça brandamente sob refluxo por
aproximadamente 30 min.
3. Separe o solvente de extração do resíduo insolúvel por filtração para um balão de 25 mL, lavando
o resíduo com 2 a 4mL de éter etílico.
4. Remova o solvente a vácuo, utilizando o evaporador rotatório e dissolva o óleo amarelo resultante
em 3 a 4 mL de acetona, com aquecimento.
5. Coloque imediatamente a solução quente em um frasco Erlenmeyer de 25 mL e deixe a solução
atingir a temperatura ambiente. Se não ocorrer cristalização neste momento, esfregue levemente
as paredes do frasco com um bastão de vidro.
6. Complete a cristalização resfriando o frasco em um banho de gelo.
7. Colete a trimiristina por filtração a vácuo em um funil de Büchner.
8. Depois de seca, pese a trimiristina . Calcule o rendimento bruto da extração.
9. Reserve o material para recristalização em aula prática posterior.
DISCUSSÃO
(a) O coeficiente de distribuição K= (conc. em ligroína/conc. em água), entre ligroína e água para
o soluto A é 7,5. Qual o peso de A que seria recuperado da solução de 10 g de A em 100 mL
de água com uma única extração usando 100 mL de ligroína? Qual o peso de A que seria
recuperado com quatro extrações sucessivas com 25 mL de ligroína? Quanto de ligroína
seria necessário para recuperar 98,5% de A em uma única extração?
(b) O pKa do p-nitrofenol é 7,15. Você esperaria que p-nitrofenol se dissolvesse numa solução
de bicarbonato de sódio? O pKa do 3,5-dinitrofenol é 5,15. Você esperaria que dissolvesse
numa solução de bicarbonato?
(c) (Provão MEC - 2002) Em um laboratório de química orgânica experimental, dois alunos
receberam uma amostra de naftaleno contaminada por ácido benzóico. Um dissolveu a
amostra em éter dietílico (SISTEMA I) e o outro, em diclorometano (SISTEMA II). A seguir,
as soluções foram transferidas para funis de decantação que continham solução aquosa de
NaOH a 5%. Após agitação das misturas, foram obtidas as fases mostradas na figura abaixo.
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Dados:
o
Substância Densidade a 25 C
(g/cm3)
Éter dietílico 0,7
diclorometano 1,3
(d) (Provão 2000– MEC): Os compostos (a), (b), (c), (d) representados abaixo, estão presentes
na mistura 1.
Fase aquosa
Fração I
Mistura 1 NaHCO3 aq 5%
Solução em éter etílico Fase etérea
Mistura 2
NaOH aq 5%
Fase Fase
Etérea Aquosa
Mistura 3 Fração II
HCl aq. 5%
Fase Etérea Fase aquosa
Fração IV Fração III
Os Compostos (a), (b), (c) e (d) põem ser recuperados respectivamente das frações:
(A) I, III, II e IV
(B) II, IV, III e I
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(C) III, I, IV e II
(D) IV, II, I e III
(E) IV, II, III e I
N N
H H
NH2
(I) (II) (III)