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HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 8ª série

Para facilitar seus estudos:

 Leia atentamente os módulos e se achar necessário responda


NO CADERNO as atividades propostas. Elas não são
obrigatórias.

 Consulte o dicionário sempre que não souber o significado das


palavras. Se necessário, utilize o volume da biblioteca.

 Se você tiver dúvidas com a matéria, consulte uma das


professoras na sala de História.

IMPORTANTE:

NÃO ESCREVA NA APOSTILA, POIS ELA SERÁ


TROCADA POR OUTRA.

A TROCA SÓ SERÁ FEITA SE A APOSTILA ESTIVER EM


PERFEITO ESTADO.

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Estamos acostumados a ver a história do Brasil repleta de heróis... de


homens quase perfeitos...responsáveis por grandes feitos...Mas será mesmo
que a nossa história é feita de heróis?

QUEM REALMENTE FAZ A


HISTÓRIA???

Direitos nunca são doados. Ninguém dá direitos a outros de mão


beijada. Direitos não vêm através da caridade. Os poderosos só abram mão de
seus privilégios depois de terem sido derrotados. O direito é sempre
conquistado. E conquista envolve luta. O povo trabalhador conquista seus
direitos quando, unido e organizado, luta para arrancá-los das classes
dominantes.
Essa conversa de que quem faz a História são os heróis não é
encontrada só na escola. Na televisão, nas histórias em quadrinhos,
vemos aos montes os “salvadores dos oprimidos-coitadinhos”. Sempre a
mesma idéia: “o povo é fraco, é incapaz, é ignorante...”.
D. Pedro não foi o autor da Independência do Brasil. Ele era apenas a
pecinha de uma grande máquina, controlada pelos grandes latifundiários e
apoiada pela Inglaterra. Se, em alguns momentos, ele assumiu um papel
importante, e até de liderança; foi porque tinha o apoio de poderosos grupos.
Schmidt, MárioNovaes - História Crítica do Brasil

E o povo?
Ah... O povo não
aparece nos livros
tradicionais...

Bem, para você compreender melhor a história do Brasil entre


1840 e 1889 – época de D.Pedro - é importante saber antes, alguns
acontecimentos que modificaram para sempre a vida dos povos da
América Latina e da África, vamos lá?

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Vou
mostrar
quem é
que
manda!

Hoje, no momento de globalização em que


vivemos, é comum encontrarmos produtos com etiquetas
aonde se lê: Made in Taiwan, Made in Hong kong, Made
in Korea, ou então as marcas: Pepsi, Coca-cola, etc.,
fabricados por indústrias multinacionais.
Isto acontece porque as grandes empresas do mundo recebem
vantagens para construir suas fábricas nos países pobres, principalmente
através de isenções de impostos, doações de terrenos, mão-de-obra mais
barata, assim como as leis de proteção ao meio ambiente, nem sempre tão
rigorosas. Isso facilita a instalação, funcionamento e obtenção de lucros pelas
grandes empresas estrangeiras.
Esse processo também ocorre no
Brasil. Basta você observar que, a
maioria das indústrias que temos são
as multinacionais,exemplo:
Volkswagen que é uma empresa
Alemã, Coca-Cola que é dos Estados
Unidos etc.

É o imperialismo econômico dos países ricos sobre os


países pobres.

No século XIX, ocorreu também um processo de extensão da exploração


dos países com tecnologia mais desenvolvida sobre áreas com menor
desenvolvimento tecnológico.
Os países industrializados do continente europeu, necessitando de
matéria-prima e de mercados consumidores para seus produtos, iniciaram um
processo de expansão e conquista de outros continentes.
A essa expansão chamamos imperialismo do século XIX ou
Neocolonialismo.
O imperialismo do século XIX sobre os continentes africano e asiático foi
realizado através de conquistas e formação de colônias.

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Na América Latina, o imperialismo se firmou através de acordos com as


elites e governos locais.
O imperialismo do século XIX sempre usou de violência para eliminar a
resistência das populações africanas e asiáticas.
Porém, não foi apenas no século XIX que os europeus saíram em busca
de áreas para explorar. Já no século XV, portugueses e espanhóis iniciaram a
dominação de outras regiões do mundo em busca de riquezas. Foi quando
Cabral tomou posse do Brasil em nome do rei de Portugal. Conforme o que
você estudou no módulo 5.
Existem diferenças entre o colonialismo da época de Cabral (século XVI)
e o imperialismo do século XIX.

Observe o quadro abaixo:

Colonialismo do século Imperialismo do


XVI século XIX
Áreas exploradas Américas e África Principalmente África e
ou colonizadas Ásia.
Países Principalmente Portugal e Principalmente
colonizadores ou Espanha Inglaterra, França e
imperialistas Alemanha.
Mais tarde, também os
Estados Unidos e o
Japão.
Objetivos • Atender as necessidades • Atender as
comerciais européias. necessidades
• Encontrar metais industriais
preciosos. européias.
• Fundar bases
navais.
• Colocar
excedentes
populacionais.

A Inglaterra foi um dos países que teve mais colônias no


século XIX. No entanto, como você viu acima, outros países
também exerceram esse imperialismo.

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Saiba que...

Na América Latina, o único país que, durante o século XIX


não ficou sob o domínio inglês foi o Paraguai.

Desde sua independência em relação à Espanha, o governo paraguaio


adotou uma política de desenvolvimento nacional a ponto de, no século XIX,
não haver analfabetos no país. O Brasil, até hoje, não conseguiu resolver o
problema do analfabetismo.

Se o Paraguai era um
país desenvolvido no século
XIX, por que hoje é um
país pobre, que tem
grande parte de sua
economia voltada para o
comércio de importados de
Taiwan, Coréia, China,
etc?

Bem, o processo de decadência da economia paraguaia teve início com


a Guerra do Paraguai.
No período 1865 - 1870, o Brasil, o Uruguai e a Argentina, formaram a
Tríplice Aliança (um acordo entre esses três países), para lutar contra o
Paraguai. Entre outros fatores desse conflito, podemos citar:
• Os interesses ingleses em exterminar o exemplo de independência
que o Paraguai poderia representar para os demais países
americanos;

• O interesse do imperialismo inglês em penetrar no Paraguai;

• A política ofensiva de Solano Lopes (ditador do Paraguai), que


procurava formar o “Paraguai Maior”, por meio da conquista de uma
saída para o mar através do território brasileiro, argentino e uruguaio.

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Observe no mapa abaixo a localização do Paraguai:

É importante salientar que, a partir de sua industrialização, tornou-se


importante para o Paraguai uma saída para o mar que lhe proporcionasse
comércio com outros países. A guerra se tornou inevitável.
Não podendo interferir diretamente na região, a Inglaterra patrocinou o
Brasil, Argentina e Uruguai que derrotaram o Paraguai reduzindo-o a um
estado de miséria.
Ao final do conflito, o Paraguai estava arrasado: 96% dos homens e
55% das mulheres haviam morrido. De seus 800 mil habitantes, restavam
apenas 194 mil.
As terras pertencentes a pequenos produtores foram vendidas a
estrangeiros, que passaram a cobrar para que os antigos donos pudessem
trabalhar nelas.
Os objetivos ingleses foram plenamente alcançados: o Paraguai
não representava mais uma ameaça e passou a depender da economia
inglesa.
Argentina, Uruguai e Brasil tiveram inúmeras mortes em seus exércitos,
além de aumentarem suas dívidas com os ingleses.
O Brasil e seus aliados ganharam a guerra contra o Paraguai, acabando
com a sua economia. Entretanto, todos os países que participaram dessa
guerra, ficaram dependentes economicamente da Inglaterra.

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O exército brasileiro quando voltou da guerra começou a exigir maior


importância e participação na vida política passando a defender as idéias
republicanas, acelerando a queda do Império e o processo de implantação de
um governo republicano.

Para responder em seu caderno:

1. “A Inglaterra foi o país que mais se beneficiou com a Guerra entre


Brasil e Paraguai”. Explique a afirmativa.

1840-1889

ORGANIZAÇÃO POLÍTICA

Ao assumir o trono em 1840, com


apenas 14 anos de idade, D. Pedro II, para
dar uma aparência democrática ao seu
reinado adotou idéias liberais (lembre-se
que liberalismo é o conjunto de idéias que
pregam a liberdade individual nas
atividades econômicas e políticas).

Como pode
um garoto ter
idéias tão
sinistras??
D. Pedro II

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Na verdade, essas idéias liberais vinham dos partidos que se


revezavam no poder: o partido Liberal e o Conservador.

Você sabia que...


O menino Pedro de Alcântara, filho de D. Pedro I, só poderia assumir o
governo ao atingir a maioridade, (18 anos). Os representantes do Partido
Liberal decidiram antecipá-la e deram o golpe da maioridade, isto é,
articularam-se para declarar Pedro maior de idade no dia 23/7/1840. No ano
seguinte, com 15 anos, foi coroado imperador, recebendo o título de D.
Pedro II.

Até que em 1848, entrou em vigor a lei que implantou o Parlamentarismo


no Brasil. O governo de D. Pedro II é conhecido como “Parlamentarismo às
avessas”.

Veja por quê:


O Parlamentarismo é um sistema de governo no qual o povo elege os
parlamentares (deputados e senadores) e estes aprovam ou não um primeiro
ministro indicado pelo chefe de Estado, que exercerá as funções de chefe de
governo. É isso o que ocorre na Inglaterra e na Itália dentre outros países, nos
dias de hoje, sendo considerado um governo democrático.
No Brasil, porém, quem escolhia o presidente do conselho de ministros
(primeiro ministro) era o imperador e, na realidade, era ele próprio que exercia
de fato o governo, pois nenhuma lei aprovada poderia entrar em vigor sem a
aprovação de D. Pedro II, o que impedia a democracia, pois o Imperador
continuava centralizando todo o poder do país na sua pessoa, através do
poder moderador, que dava amplos poderes ao Imperador. Nessa época, o
voto era censitário, isto é, só participava da vida política quem tivesse renda
superior a cem mil réis e fosse do sexo masculino. Poucas pessoas tinham
condições econômicas para votar.
Apesar do crescimento da economia cafeeira e do início da
industrialização, a situação da grande maioria da população brasileira era de
pobreza e miséria.
Mas, será que essa política
era aceita por todos os
brasileiros?
Não havia nenhuma reação do
povo?

Isso é o que você pensa! As reações surgiram através de revoltas em


várias regiões do Brasil.
Uma dessas revoltas foi a Revolução Praieira (1848), que ocorreu em
Pernambuco, na qual os participantes propunham a forma de governo
republicana.

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Com isso, queriam que o governo fosse exercido não mais pelo
Imperador, mas por um Presidente da República.
Suas reivindicações eram:
• Voto livre e universal (todos poderiam votar);
• Trabalho para todos os cidadãos;
• Comércio controlado por brasileiros (queriam livrar-se dos comerciantes
portugueses);
• Garantia dos direitos individuais. Interessante notar que essas garantias
dos direitos individuais não se estendiam aos negros.

Por que, se a abolição da escravatura já havia sido feita em


grande parte dos países americanos?

Porque no Brasil não era interessante que os escravos se


tornassem livres, pois os proprietários de terra perderiam quase toda
mão-de-obra.
Bem, o exército do governo imperial, comandado pelo Duque de
Caxias, aniquilou a revolta, punindo severamente os participantes mais pobres.
Além das revoltas populares, também ocorreram outras, só que dessa
vez, organizadas
pelos ricos
proprietários de
terras que
Nada de
dominavam
mexer na
os partidos grande
Conservador propriedade!
e Liberal.

Bom, como
era de se esperar,
esses partidos
mantinham constante
disputa entre si para
assumir o poder junto
ao imperador
utilizando, para isso,
qualquer método fraudulento durante o pleito eleitoral.
Por conta das tais disputas, em 1842, uma onda de protestos chamados
Revoltas Liberais, abalaram os laços de amizades entre o partido e o
imperador, pois D. Pedro II havia nomeado um ministério com políticos do
grupo conservador.

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O protesto armado teve início em Sorocaba (SP) comandado pelo


Brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar e pelo Padre Antonio Feijó, contando com o
apoio dos revoltosos de Teófilo Ottoni, em Minas Gerais.
Essa revolta foi vencida pelas tropas do exército imperial, comandadas
pelo Duque de Caxias.
O Padre Diogo Antonio Feijó foi preso quando estava à frente dos
revoltosos, sobre a ponte do Rio Sorocaba.
Caxias prendeu o Brigadeiro Tobias onde hoje abriga um museu
conhecido como Casarão do Brigadeiro, situado no distrito de Brigadeiro Tobias
(bairro de Sorocaba).
Presos os principais líderes, a Revolta Liberal terminou, sem qualquer
alteração na política brasileira.

Para Responder em seu caderno:

2. Explique o termo: “Parlamentarismo às avessas”.

A economia continuava baseada na

Sem dúvida, a maior riqueza do Brasil


durante o Segundo Reinado foi o café. A partir de
1850, as exportações do café representavam mais
da metade do total das exportações brasileiras.

Os principais compradores de café foram os países


europeus e, no fim do império, também os Estados Unidos.

Além do café, outros produtos eram também exportados: o açúcar, o


algodão, o fumo, o cacau e a borracha.

A pecuária continuava a ser a principal atividade econômica do Sul e foi


responsável pela ocupação e povoamento de novos territórios. Era o único
produto que não se voltava para a exportação.

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Você sabe que para montar uma indústria são necessárias algumas
condições básicas:
• Capital para aquisição dos meios de produção (prédio e máquinas);
• Mercado consumidor (compradores para os produtos);
• Mão-de-obra disponível.

Observe:
Durante todo o período colonial foi proibida a formação de indústrias. Os
produtos ingleses sempre entraram no Brasil em larga escala, consumidos
principalmente pelos grandes proprietários de terras.
Somente a partir de meados do século XIX as indústrias passaram a ter
importância no Brasil, quando a produção industrial brasileira passou a se
desenvolver. Isso ocorreu devido a certos fatores do momento:

 Capital disponível nas mãos dos cafeicultores (os chamados barões do


café);
 Extinção do tráfico de escravos e a liberação de capital que, então, pôde
ser aplicado nos setores industriais;
 A tarifa Alves Branco que, indiretamente, favoreceu as indústrias
nacionais pois
aumentava os impostos
sobre os produtos
importados;
 Grande quantidade de
mão-de-obra disponível,
principalmente de
imigrantes.
Embora muitas
indústrias nacionais tenham se
desenvolvido durante esse
período, o setor agrícola
permaneceu predominante no
Brasil até a década de 1850.
Nessa época, começa a ser empregada na agricultura, a mão-de-obra
vinda principalmente da Europa, dando origem a uma grande corrente
imigratória.

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Os historiadores afirmam que os imigrantes que para cá vieram traziam


como única experiência de trabalho as atividades rurais, ou seja, a mesma do
ex-trabalhador escravo. No entanto, a eles estavam reservadas as novas
oportunidades de trabalho. Em 1901, um estudo sobre a indústria paulista
calculou que 90% dos operários industriais eram imigrantes. Observando esse
estudo, podemos perceber que ex-trabalhador escravo foi de fato expulso do
processo de industrialização que se iniciava no país.

Em Tempo...
Não podemos esquecer que o ex-trabalhador escravo havia sido
o principal produtor de riquezas durante quase quatro séculos, no
entanto, não recebeu nenhum tipo de indenização, tendo sido
entregue à própria sorte.

Hoje a importância do trabalho negro é relatada por diferentes


estudiosos. Não só o ouro ou o açúcar, mas a produção do tabaco, do
algodão, do café entre outros, foi resultado do trabalho escravo. Apesar disso,
o povo negro foi praticamente excluído da nova ordem que se instaurou a partir
de 1888. A partir desse momento, passou a ser associado a problemas de
saúde pública, criminalidade, entre outros (assunto que você verá mais adiante)
Aos portadores de pele branca pertencia o futuro do Brasil, sonhavam as elites.

Alguns surtos imigratórios foram incentivados pelo governo e por


fazendeiros brasileiros, principalmente depois que o governo pressionado pelos
ingleses, aprovou a Lei Eusébio de Queiroz.

Essa lei que proibiu o tráfico negreiro para o Brasil, aliada à atitude
inglesa de fiscalizar os navios negreiros e de aprisionar os traficantes de
escravos, em pleno Oceano
Atlântico, provocou grande
aumento do preço dos
escravos.

Nas cidades, os negros


exerciam qualquer tipo de
atividade para garantir sua
subsistência e ainda
recebiam maus tratos.

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Mas, qual seria o motivo da preocupação da Inglaterra


com os negros escravizados?

As pressões inglesas surgiram em função do desenvolvimento industrial


e foi um dos fatores determinantes do processo da abolição da escravatura.
Cada escravo liberto implicaria na substituição do trabalho escravo em
assalariado e conseqüentemente no aumento do mercado consumidor.
Em função disso, como já dissemos, no ano de 1850 foi aprovada
a Lei Eusébio de Queiroz que proibia tráfico de africanos para o Brasil, ou
seja, a partir dessa data, não poderia mais haver entrada de escravos africanos
no país.
Esse processo de abolição foi lento graças à resistência da aristocracia
escravista composta pelos senhores de engenho e cafeicultores do Vale do
Paraíba, que conseguiram a assinatura de leis com o objetivo retardar a
abolição, pois essas leis foram abolindo aos poucos a escravidão, e não
totalmente, como deveria ser feito logo de início.

Pela Lei do Ventre Livre (1871), os filhos de escravos nascidos a partir


da aprovação da lei estariam livres, porém, ficariam sob a tutela do proprietário
até completarem 21 anos, ou seja, apesar de libertos continuavam vivendo nas
mesmas condições dos escravos.

A Lei dos Sexagenários (1885), libertava os escravos com mais de 65


anos de idade. Na realidade a lei beneficiava os proprietários de escravos que
ficaram livres dos idosos, o que também não resolveria a situação do escravo,
porque poucos chegavam até essa idade. O escravo trabalhava até morrer,
sem direito algum de usufruir dos frutos do seu trabalho.

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Será que os
trabalhadores
da ativa e os
aposentados
usufruem dos
frutos do seu
trabalho?

Até o momento, da elaboração desta, a legislação prevê a aposentadoria


do trabalhador: para as mulheres, aos 30 anos de contribuição com a
previdência e 55 anos de idade. Para os homens, aos 35 anos de contribuição
e 60 anos de idade.

Para Responder em seu caderno:

3. Qual foi interesse da Inglaterra na abolição da escravidão no Brasil ?

Em 13 de maio de 1888, data oficial da abolição da escravatura, menos


de 20% dos negros encontravam-se na condição de escravos, pois a maioria já
estava liberta, em razão de fugas e rebeliões.

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Vemos que assinatura da Lei Áurea, pela princesa Isabel, não foi um ato
de bondade. Ao contrário do que diz a história oficial, a lei apenas reconheceu
algo que já se dava na prática. Além disso, deveu-se também às pressões
internacionais para que o Brasil criasse um mercado consumidor dos produtos
europeus, o que só poderia ser feito por trabalhadores assalariados, conforme
você já viu neste módulo.

Mesmo com a extinção


da escravatura, ainda existem
as desigualdades raciais,
apesar de todo o discurso de
que no Brasil existe uma
democracia étnica.

É importante saber que


a história da resistência negra,
com todos os seus detalhes,
ainda está para ser contada. Só
muito recentemente a história
oficial tem se ocupado em
resgatá-la.
No entanto, essa
resistência é marca registrada
da história brasileira. Antes e
depois da abolição.

Como exemplo dessa


trajetória de luta, temos entre
1903 e 1963 um fenômeno em
São Paulo que tem sido
estudado por muitos cientistas Crianças em uma favela carioca.
sociais: o surgimento de mais
de 20 diferentes jornais
escritos por negros.

Esses jornais eram mantidos pelos próprios negros, com a colaboração


de membros da comunidade que se uniam para ajudá-los. Eles são um fato
único no Brasil: revelam a determinação em manter a organização dos negros.
As discussões nesses jornais, a colocação permanente dos problemas
da comunidade negra, as denúncias contra o racismo e a violência policial
contra os negros levaram à criação do maior movimento político negro do
Brasil: A Frente Negra Brasileira.
Criada em 1931, na Rua da Liberdade, em São Paulo, a Frente Negra foi
um movimento de caráter nacional, com repercussão internacional. Abrigou
milhares de negros e, transformou-se em partido político, em 1936. No entanto,
em 1937, o então Presidente da República Getúlio Vargas dissolveu todos os
partidos, entre eles a Frente Negra Brasileira.

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Atualmente jovens, universitários, pesquisadores, sindicalistas, grupos


culturais, mulheres, intelectuais, agrupam-se cada vez mais em organizações
de combate ao racismo. Contam muitas vezes com aliados brancos –
estudiosos e militantes que acreditam cada vez mais na luta anti-racismo.

Em substituição a Lei Afonso Arinos de 1951, Lei Caó


O Congresso Nacional aprovou em janeiro de 1989, a A Lei 7.716 contra a
lei Caó que define os crimes resultantes de discriminação racial
preconceitos de raça ou cor. A partir da criação dessa foi criada pelo
lei, o Brasil adota princípios constitucionais e deputado negro
legislações que proíbem a discriminação racial. A Carlos Alberto Caó,
prática discriminatória não ofende somente a por conta disso, tem
dignidade da pessoa humana, mas fere também uma o seu sobrenome.
das bases da democracia: o direito à igualdade.

A idéia de que todos são iguais perante a lei significa que todas as
pessoas devem desfrutar das mesmas oportunidades, embora as pessoas e os
grupos sejam diferentes, seus direitos são iguais.

Bem, agora que você já sabe um pouco mais sobre as leis,


vamos voltar à década de 1880 e 1890...

A década de 1880-1890 foi marcada por


crises cada vez mais agudas, determinadas
pelas seguintes situações:
• Embora, por acordo feito, liberais e
conservadores dividissem o poder político entre
si, havia grande insatisfação popular devido à
situação de miséria. As escolas eram mantidas
e freqüentadas pelos filhos da elite,
permanecendo, a maioria do povo, no
analfabetismo e na ignorância. Este fato, aliado
ao voto censitário, impedia a participação
popular na política do país.

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HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 8ª série

• Muitos fazendeiros, descontentes com a administração de D. Pedro II e


querendo assumir o poder político, passaram a defender a forma republicana
de governo para o Brasil.
• Os militares, após a Guerra contra o Paraguai passaram a exigir
melhores condições de trabalho, o que causou vários atritos com o
imperador D. Pedro II.
• A Igreja, no Brasil, era obrigada a obedecer a vontade de D. Pedro II,
que estava acima das ordens do Papa. Isso gerou crises entre a Igreja e o
Império.
• A partir da Abolição da Escravatura, o segundo reinado deixou de
receber apoio dos senhores engenho e dos cafeicultores escravocratas do
Vale do Paraíba, pois a fonte de riqueza desses latifundiários era a mão-
de-obra escrava.

Com o lançamento do Manifesto Republicano de 1870 e a Convenção


realizada na cidade de Itu, em São Paulo, o movimento republicano ganhou
forma e se organizou através da fundação de partidos republicanos, como o
PRP (Partido Republicano Paulista) e PRM (Partido Republicano Mineiro).

República: forma de governo pelo qual o povo escolhe seus


representantes que governam por um tempo determinado.

A República pode ser parlamentarista ou presidencialista.


Na República Parlamentarista o presidente é o chefe de Estado e o
primeiro ministro é o chefe de governo escolhido pelo parlamento
(Congresso Nacional).

Na República Presidencialista o presidente acumula as funções de


chefe de Estado e chefe de Governo.

Aliados a esses fatores, idéias liberais, pregando liberdade econômica


sem a intervenção do Estado chegavam ao Brasil estimulando o movimento
que via forma republicana de governo, a solução para os problemas do Império.

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HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 8ª série

Dessa forma, no dia 15 de novembro de 1889,


Marechal Deodoro da Fonseca...

Porém, a proclamação
da República apenas
assegurou os interesses dos
cafeicultores, pois foram eles
que governaram no período
de 1894 a 1930.
Agora sim Enquanto isso, a
minha vida situação da maioria da
vai mudar!
população continuou
marginalizada do processo
econômico, social e político.

Saiba que os primeiros anos


da República brasileira, foi
chamada de
República Velha.

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HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 8ª série

ASPECTOS POLÍTICOS

Após a proclamação da República (15/11/1889), foi eleito,


de forma indireta, o primeiro presidente do Brasil. Por um
pequeno período (1889-1891) conhecido como República
da Espada, porque o Brasil foi governado por Marechal
Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto, que eram militares.

Nesse período, a censura foi intensa sobre a população: grupos políticos


e intelectuais que se manifestassem poderiam ser presos, mortos ou
exilados, (expulsos do país) por criticarem a política governamental.

Atualmente, a liberdade de criticar as ações do governo é maior e as


eleições ocorrem em períodos regulares e determinados pela Constituição,
aprovada em 1988.

Porém, isso não quer dizer que hoje a situação do povo seja
melhor do que no primeiro período republicano,
pois a miséria, o analfabetismo e o desemprego são uma realidade
vivenciada por milhares de brasileiros.

E como era a política brasileira na República Velha?

O Congresso Nacional aprovou, em 1891, uma Constituição na qual foi


instituída a eleição direta para os cargos políticos, porém o voto não era
secreto, mas aberto.

Eleição Direta: sistema pelo qual o povo elege seus representantes


através do voto, que pode ser: secreto ou aberto. Neste último caso, todos
podem saber em quem os eleitores votam.

Eleição Indireta: os candidatos são eleitos pelos membros do Congresso


(deputados e senadores).

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HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 8ª série

Com o voto aberto essa organização eleitoral abriu espaço para que a
corrupção e as fraudes fossem atitudes comuns naquela época. Tal realidade
perpetuou os ricos fazendeiros — Coronéis do café — no poder político, pois
ficou fácil para eles (ricos fazendeiros) decidirem em quem a população deveria
votar. Esse tipo de controle foi chamado de CORONELISMO.

Você já pensou se o seu


patrão exigisse em quem
você deve votar?

Era isso o que acontecia na República Velha.


O coronelismo foi responsável pela:

• Política dos Governadores: os Governadores indicavam quem deveria


substituí-los e escolhiam os candidatos a Presidente.

• Política do Café-com-leite: São Paulo, como o maior produtor de café,


e Minas Gerais como o maior produtor de gado leiteiro, se revezavam
indicando, cada um deles, o seu candidato à
presidência da república.
Os governadores, os políticos paulistas e
mineiros só conseguiam se manter no poder
devido ao apoio dos coronéis que garantiam
os votos necessários à eleição.

Os coronéis usavam de violência ou


faziam muitos favores aos trabalhadores rurais:
terras, ajuda em caso de doença, arranjavam e
emprestavam dinheiro. Em troca exigiam o voto
dos eleitores para seus candidatos. Isso foi
chamado de voto de cabresto. VOTO DE CABRESTO

Para Responder em seu caderno:


4. Sintetize, quer dizer, escreva em poucas palavras os principais aspectos
políticos da República Velha.

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HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 8ª série

ASPECTOS ECONÔMICOS E SOCIAIS:


Na República Velha, a desigualdade social era muito grande.

Você estudou, no item anterior, que os ricos coronéis comandavam a


política brasileira.

Quando você vê os noticiários da TV, percebe que as notícias giram


sempre em torno da alta criminalidade existente no país, do nível de corrupção
cada vez mais vergonhoso, da pobreza cada vez maior, desemprego, falência
dos sistemas de saúde e educação e outros problemas sociais que atingem
principalmente as classes de baixa renda.
Como você já pôde ver, desde o tempo da Colônia que as desigualdades
sociais existem.
Quando a República foi implantada no Brasil, o povo teve esperanças de
que isso fosse mudado, mas não aconteceu mudança alguma. A sociedade
sempre foi dividida em classes distintas, a riqueza sempre concentrada nas
mãos de poucos.
Através da pirâmide da estratificação social, você pode perceber que a
desigualdade social existente no Brasil, não foi superada com a proclamação
da República.

A sociedade ficou dividida da seguinte forma:

Grandes fazendeiros

Classe média urbana

Classe trabalhadora

• grandes fazendeiros que também investiam capital na montagem


de indústrias.
• classe média urbana que, devido ao sistema eleitoral via-se
destituída da participação política.
• classe trabalhadora, constituída por trabalhadores urbanos e
trabalhadores do campo explorados pelos fazendeiros e industriais;
eram manipulados através do voto de cabresto.

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HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 8ª série

Esse predomínio dos ricos fazendeiros na sociedade pode ser explicado


pelo fato de que eles detinham o poder econômico, isto é, eram os donos dos
latifúndios (grandes extensões de terra) e alguns que se mantinham na
atividade industrial.
O principal produto de exportação nesse período foi o CAFÉ. Como o
café proporcionava altos lucros aos produtores, a cada ano os fazendeiros
plantavam maior número de pés de café.
A produção em grande escala passou a não ser
totalmente comprada pelo mercado consumidor interno e
externo. Dessa forma, o excedente (sobra) provocava quedas
constantes nos preços do café.

Se o café era a fonte de riqueza dos fazendeiros, essas quedas de preço


não provocaram crise para eles?
NÃO, pois como você percebeu, quem controlava o governo eram os
ricos fazendeiros. Dessa forma, eles criaram mecanismos que os protegiam de
crises com por exemplo:
O governo, através de empréstimos no exterior, comprava o café dos
produtores, pelo preço de mercado guardava em grandes armazéns para
vendê-lo depois a bom preço.
Porém, esse bom preço nunca foi alcançado, pois como o governo
mantinha o preço de mercado para o fazendeiro, aumentava o número de
fazendeiros a produzirem café e o governo ficava no prejuízo. Este acordo
governo-fazendeiros de café, foi feito na Convenção de Taubaté, em 1906.

Além do café, o cacau, a borracha e o açúcar também se destacaram,


embora sem alcançar a importância do café.

A INDÚSTRIA, nesse período, dispunha de um nível


tecnológico ainda baixo. Os produtos importados eram
vendidos a baixo preço ocasionando forte concorrência aos
produtos brasileiros. A primeira guerra mundial levou o
Brasil a substituir as importações pela produção de bens de
consumo, pois os europeus dedicaram-se à indústria bélica
(armas).
Somente após 1930, a indústria brasileira recebeu grande impulso, pois
Getúlio Vargas, presidente na época, adotou uma política de incentivo à
industrialização nacional.
A partir de 1950, as indústrias estrangeiras passaram a ter livre acesso
no Brasil, pois o presidente Juscelino Kubitschek, os governos militares (1964 a
1985) e os presidentes posteriores, desenvolveram uma política econômica de
incentivo ao capital estrangeiro.
Por esse motivo, a grande maioria das indústrias no Brasil são
multinacionais, ou seja: são indústrias de capital pertencente a outros países.

22
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 8ª série

Para Responder em seu caderno:


05. Explique por que os grandes fazendeiros formavam a classe alta no 1º
período da República Velha.
06. A maioria das indústrias brasileiras são multinacionais. Justifique.

As desigualdades sociais fazem com que as pessoas q

Dessa forma, nessa época surgem


vários movimentos de operários,
inspirados em manifestações européias.
A partir da república, com o
desenvolvimento industrial, foi formada
no Brasil, a classe operária
(proletariado).
Hoje, os operários possuem direitos garantidos por lei, como por exemplo:
• descanso semanal e férias remunerados;
• 13º salário;
• aposentadoria.

Esses direitos foram conquistados ao longo de vários anos através de


lutas reivindicatórias dos trabalhadores. Atualmente, mesmo com vários
direitos garantidos, a situação do trabalhador ainda é precária, pois ele não
ganha o suficiente para garantir suas necessidades básicas como:
• moradia;
• saúde;
• alimentação;
• educação.

Existem negociações entre trabalhadores e empregadores, onde os


direitos trabalhistas sofrem modificações temporárias. Essas negociações
fazem com que o assalariado perca seu poder aquisitivo.

Imagine como era a vida do trabalhador na época em que esses direitos


não existiam. Pois era essa a realidade vivida pelos operários na República
Velha. A maioria dos operários desse período eram imigrantes europeus ou
filhos de imigrantes.
Esse trabalhadores trouxeram da Europa várias formas de organização,
como os sindicatos e, ideais políticos, como o anarquismo.

Sindicato: entidade organizada pelos diversos setores de trabalhadores,


para fortalecimento da política salarial reivindicada pelos seus membros,
assistência médica, jurídica, lazer, etc.
Anarquismo: defendia o fim do Estado e do capitalismo e a organização
de uma sociedade igualitária. Seria abolida qualquer forma de governo.
23
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 8ª série

Reflita!

Atualmente, o brasileiro
desempregado, pode fazer o
que para melhorar sua
condição social?

Veja como os operários da 1ª República


reivindicaram seus ideais socialistas, que buscavam
uma sociedade mais justa.
Entre 1917-1918, no eixo Rio de Janeiro-São
Paulo, começaram a ocorrer greves, que em um
primeiro momento eram vistas como simples casos de
polícia. Os confrontos entre o operariado e a
repressão policial eram uma constante. Os
trabalhadores lutavam para se impor enquanto camada social. Eles apenas
queriam o mínimo que qualquer cidadão deseja, ou seja: melhores salários,
melhores condições de trabalho, redução na jornada de trabalho.
As áreas rurais também sofreram os males decorrentes da desigualdade
social. Vários foram os movimentos de reação promovidos pelos trabalhadores
da terra, reprimidos pelo governo.
Atualmente, vemos o M.S.T (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra) reunindo as reivindicações dos trabalhadores do campo desempregados
e daqueles que, vindo para a cidade e não encontrando emprego, tentam voltar
para o campo.
Portanto, assim como a classe operária, os problemas enfrentados pelos
trabalhadores do campo não são recentes, pois já aconteciam também na
República Velha.

Para responder em seu caderno:


07. Explique a situação do trabalhador brasileiro, atualmente.
08. Todo trabalhador deve ser sindicalizado. Justifique a afirmação.

Até agora você viu movimentos onde não houve guerra civil, mas no final
do Império, aconteceu uma guerra que teve grande importância pela maneira
como o povo resistiu às reações do governo.

24
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 8ª série

Como você já estudou, os coronéis eram os grandes fazendeiros que


mantinham sob seu domínio os trabalhadores do campo.
A grande miséria vivida pelos trabalhadores do campo aliada ao
sentimento religioso católico da grande maioria da população, deu origem a
movimentos que ficaram conhecidos como MESSIÂNICOS.

MESSIANISMO: é o conjunto de crenças religiosas de um grupo


que deposita suas esperanças num herói, e salvador, o Messias.
O grupo acredita que o Messias lhe abrirá as portas
para uma

No final do século XIX, surgiu no interior da Bahia,


o movimento de Canudos, fruto da miséria absoluta na
qual vivia a população.
Canudos era o nome do povoado, fundado em
1893 pelo beato Antonio Conselheiro (espécie de guru
religioso), ele propagava a salvação eterna e uma vida
igualitária.

O Arraial de Canudos crescia, a ponto de incomodar


o Governo Federal. O sistema de produção era comunitário, a sociedade
era igualitária. Não havia grandes riquezas... Mas ninguém passava fome.
Canudos foi uma revolta social contra as explorações e injustiças da
estrutura agrária nordestina, principalmente o latifúndio.
No arraial de Canudos, a prostituição foi abolida, bebidas alcoólicas
A REVOLTA
foram proibidas. A comunidade atraía pessoas de DA
toda CHIBATA
a região nordeste. Os
fazendeiros descontentes com a falta de trabalhadores que partiam para o
arraial, pressionaram o governo federal, que enviou expedições militares que
Ser marinheiro, viver no mar, conhecer o
acabaram por destruir completamente
mundo. MuitosCanudos.
jovens em diferentes épocas
acalentaram sonhos românticos como esses.
MasCanudos
é duraé aapenas ummar.
vida no exemplo
Pior de movimento
ainda de luta
se for um e resistência
simples marujo.
dos camponeses.
Ainda mais terrível se tiver sido marujo brasileiro até por volta da década
de 1910.
Você faz idéia de como eram tratados os marinheiros até essa época?
Para começar, o trabalho era extenuante e sem hora para começar
ou terminar. Além disso, o soldo (salário) era irrisório e a alimentação,
insuficiente. Para finalizar, o pior de tudo: os atos de indisciplina eram
punidos com extrema violência, com castigos corporais nos quais
predominavam os açoites.
Todos os marinheiros, na sua esmagadora maioria negros,
continuavam a ser açoitados às vistas dos companheiros, por
determinação da oficialidade branca. Vivia-se uma situação absurda: no
mesmo país onde a escravidão havia sido abolida anos antes praticava-se
um outro tipo de escravidão. A diferença era de local: em vez das 25
lavouras, o interior dos navios da Marinha.
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 8ª série

Com isso criaram-se condições de revolta entre os marujos.


Chefiados por Francisco Dias, João Cândido e outros tripulantes do
navio Minas Gerais, organizaram-se contra a situação humilhante de
que eram vítimas. Em 22 de novembro de 1910, num golpe rápido,
apoderaram-se dos principais navios da Marinha de Guerra brasileira
e se aproximaram do Rio de janeiro. Em seguida mandaram
mensagem ao presidente da república e ao Ministro da marinha
exigindo a extinção do uso da chibata.
O governo ficou estarrecido. Depois de muitas reuniões
políticas foi aprovado um projeto de anistia (perdão) para os
amotinados.
A revolta havia durado 5 dias e terminava vitoriosa.
Desaparecia, assim, o uso da chibata como norma de punição
disciplinar na Marinha do Brasil.
As forças militares, não conformadas com a solução
encontrada para a crise, apertaram o cerco contra os marinheiros. A
anistia fora uma farsa para desarmá-los. João Cândido e seus
companheiros de revolta são presos incomunicáveis, e o governo e a
Marinha resolvem exterminar fisicamente os marinheiros.
Esses marinheiros foram sendo assassinados aos poucos: fuzilados
sumariamente e jogados ao mar.
João Cândido enlouqueceu. Tuberculoso e na miséria,
consegue, contudo restabelecer-se física e psicologicamente.
Perseguido constantemente, morre como vendedor no Entreposto de
Peixes da cidade do Rio de Janeiro, sem patente, sem aposentadoria e
até sem nome, este herói que um dia foi chamado, com mérito, de
Almirante Negro.
(Extraído de “Cidadania em preto e branco”- Maria Ap. Silva Bento- Ed Ática - 2001)

Continuando...

Atualmente vivemos no Brasil, um período de liberdade política, no qual


os variados grupos sociais podem se manifestar através de greves, passeatas,
protestos e pelos meios de comunicação; as escolas tornaram-se mais
acessíveis à uma parcela maior de pessoas, graças às pressões da própria
população que vê essa escola como meio de ascensão social.
Mesmo com essa liberdade e a existência de um número cada vez maior
de escolas, vemos um quadro de alto índice de analfabetismo, baixo nível de
ensino, pobreza, miséria e muitas promessas de políticos.

Após um século de proclamação da República,


o poder ainda se mantém nas mãos das elites que dominam,
das mais diversas formas, as áreas econômicas,
social, política e cultural do país.

26
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 8ª série

SÉCULO XX- Das grandes guerras ao final do


Governo de João Goulart

Hoje, vivemos a ausência de guerras que envolvam continentes inteiros.


Isso não significa que não existam conflitos no mundo, pois você ouve nos
noticiários da TV que em muitos locais do planeta existem guerras por
questões políticas, econômicas, étnicas e religiosas.
Porém, o século XX viveu o impacto de duas grandes guerras que
afetaram, principalmente, os países da Europa, parte da Ásia e da América.
Essas guerras são chamadas de 1ª e 2ª Guerras Mundiais.

Primeira Guerra Mundial (1914-1918)


Porque houve a 1ª Guerra na Europa?

• os países industrializados na Europa, passaram a disputar territórios,


pois a conquista dos mesmos garantia o fornecimento de matérias-
primas e mercado consumidor de seus produtos. Essa rivalidade era
muito forte entre Alemanha, Inglaterra e França;
• a Rússia (na Ásia) pretendia expandir seu território para o Ocidente,
ameaçando os impérios turco e austro-húngaro;
• essas rivalidades levaram os países envolvidos a aliarem-se
conforme interesses mais comuns. Assim formaram:
Tríplice Entente: Inglaterra, França, Rússia.
Tríplice Aliança: Itália, Áustria, Alemanha.

O governo de cada país procurava fabricar armas mais


eficazes, prevenindo-se contra uma possível invasão.

 O estopim da guerra foi a invasão da Sérvia pela


Áustria após o assassinato do futuro imperador do
Império Austro-Húngaro por um estudante sérvio.

O equilíbrio de forças entre os países envolvidos prolongou


a guerra por quatro anos (1914-1918).

Enquanto a Europa perdia vidas, cidades eram destruídas e a economia


arrasada.

Vamos ver o que acontecia com países de outros continentes?

27
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 8ª série

• o BRASIL passou a produzir bens de consumo, antes importados


da Europa. Assim várias fábricas surgiram aqui. O Brasil não
participou diretamente da guerra, mas enviou medicamentos aos
participantes e auxiliou no patrulhamento do Oceano Atlântico;
• os ESTADOS UNIDOS enriqueceram com a guerra, pois
tornaram-se os principais fornecedores de alimentos, armas,
munições e outros artigos para a Europa, firmando-se como
potência mundial;
• com a saída da RÚSSIA, os Estados Unidos entraram na guerra
temendo o enfraquecimento da França e Inglaterra. Pretendiam
garantir seus interesses na Europa, como por exemplo receber o
pagamento das dívidas européias.
Gás asfixiante, aviões e submarinos foram utilizados nessa guerra
garantindo a vitória da França, Inglaterra e Estados Unidos.

E como ficou a Europa depois da Guerra?


É fácil imaginar como ficou a Europa após a guerra!
• A Alemanha, considerada culpada pela guerra,
perdeu territórios e deveria pagar aos vencedores
enormes quantias como indenização pelos prejuízos
causados.
• Novas nações se formaram na Europa, como:
Iugoslávia, Checoslováquia, Romênia, etc.
• A Europa ficou devastada pela guerra, o que ocasionou grave crise
econômica e social.
Essa crise facilitou a expansão das idéias marxistas (socialistas) entre a
população mais pobre, e o apoio ao Fascismo e Nazismo pelas classes média
e alta. Assim, estava preparado o caminho para a 2ª Guerra Mundial.

Fascismo: Doutrina política adotada por Benito Mussolini (Itália) que tinha
como principais objetivos: o controle da economia pelo Estado, o aumento
das áreas comerciais, o controle da sociedade através do sistema forte de
repressão, partido único e liderança pessoal.

Nazismo: Doutrina política adotada por Adolf Hitler, (Alemanha - 1933) que
tinha como principais objetivos: o controle da economia pelo Estado, o
expansionismo territorial, o controle da sociedade através dos sistemas
repressivos e a purificação da humanidade através da raça ariana.

Responda em seu caderno:


01. Identifique os motivos da 1ª Guerra Mundial.
02. A crise econômica da Europa, provocada pela 1ª Guerra Mundial promoveu
a ascensão do nazismo e do fascismo. Explique a diferença entre essas
doutrinas políticas.

28
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 8ª série

Segunda Guerra Mundial (1939-1945)


As raízes da 2ª Guerra Mundial se encontram na primeira
guerra, pois a Alemanha foi profundamente humilhada com as
obrigações pela culpa do primeiro conflito, permitindo que os
nazistas chegassem ao poder sob o comando de Hitler. Este
pregava o desenvolvimento da Alemanha através de um
sentimento nacionalista militarizado e revanchista, marcado pelo
imperialismo sobre povos vizinhos.
O aparecimento do fascismo na Itália representava um apoio
externo aos nazistas na Alemanha, sendo que, em ambos os casos,
o receio em relação à expansão do regime soviético levou inúmeras
pessoas a se tornarem adeptas de governos totalitários.
Com a crise econômica de 1929, as democracias liberais ficaram
enfraquecidas, perdendo espaço para doutrinas de extrema direita que
defendiam as atividades bélicas para beneficiar o país.
Na Ásia iniciou-se um choque de interesses imperialistas entre Japão e
Estados Unidos. Os japoneses haviam dominado a Coréia e invadido a
Mandchúria, na China, enquanto que os norte-americanos dominavam as
Filipinas, o Hawai e um número enorme de ilhas.
Ficou estabelecida a aliança entre Alemanha, Itália e Japão, o chamado
EIXO, o qual tentaria se impor através do conflito.

Antecedentes

Tropas italianas e alemãs participaram da Guerra Civil Espanhola, onde


puderam testar sua tecnologia bélica.
Em 1938, tropas alemãs invadiram a Tchecoslováquia sob o argumento de
se tratava da ocupação dos Sudetos, região de maioria alemã. Porém, no
mesmo ano, a Áustria foi anexada à Alemanha.
Diante de um clima diplomático tenso, foi realizada a Conferência de
Munique, na qual Hitler se comprometeu em não mais invadir outros países.
No entanto, o governo alemão e a União Soviética assinaram
secretamente o Pacto Nazi-Soviético de Não-Agressão, pelo qual os dois
países iriam dividir entre si a Polônia. Portanto, a Segunda Guerra era
inevitável.

O Conflito

Uma vez a Alemanha invadindo a Polônia, França e Inglaterra declararam


guerra ao governo nazista.
Em 1940, as tropas alemãs ocupavam quase todo o continente europeu,
usando para isso a chamada “blitzkrieg” (guerra relâmpago). Até mesmo a
França torna-se uma nação sob ocupação alemã.
A Inglaterra resistiu aos bombardeios alemães, impedindo que as forças
inimigas invadissem o país.

29
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 8ª série

Os Estados Unidos só entraram no conflito após o bombardeio japonês


sobre a base de Pearl Harbor (07/12/1941).
Com objetivo de obter cereais, petróleo e outros recursos, Hitler ordenou
a invasão sobre a União Soviética em junho de 1941. Apesar das vitórias
iniciais, os alemães não contavam com a resistência soviética, o grande
número de soldados na parte asiática do país e o rigor do inverno local. A partir
do final daquele ano, os alemães não mais conseguiam conter o avanço
soviético e começaram a sofrer uma série de derrotas.
Os japoneses foram derrotados em Midway e iniciaram o seu recuo no
Pacífico.
Tropas anglo-americanas derrotaram os alemães e italianos no norte da
África e, posteriormente, invadiram o sul da Itália.
Em 6 de junho de 1944, ocorreu o Dia D, ocasião em que ingleses e norte-
americanos invadiram a Normandia, no norte na França, derrotando os
alemães no Atlântico norte. Pouco tempo depois, Paris foi libertada do domínio
nazista. A partir desse momento, os alemães começaram a sofrer pressões em
três frentes.
Em maio de 1945 os aliados chegaram
em Berlim, ocasião em que Hitler cometeu
suicídio e a Alemanha se rendeu
incondicionalmente (8 de maio).
Mussolini foi preso, fuzilado e seu
corpo pendurado em uma praça em Milão.
Para pôr fim à guerra no Pacifico, o
governo norte-americano autorizou o
bombardeio nuclear sobre as cidade de
Hiroshima e Nagazaki, obrigando o Japão
a se render em 19 de agosto de 1945.
Conseqüências

O mundo ficou dividido entre duas potências militares: Estados Unidos e


União Soviética. Tal situação permitiu a criação da Guerra Fria, o conflito
político ideológico entre ambas, marcando as relações internacionais até 1990.
Enquanto os países do Leste Europeu se tornaram “satélites” da União
Soviética, os Estados Unidos criaram o Plano Marshall para reerguer a
economia da Europa Ocidental, impedindo o crescimento de partidos de
esquerda na região.
A Alemanha tornou-se uma nação dividida em duas: Alemanha Ocidental
(capitalista) e Alemanha Oriental (comunista).
Os criminosos de guerra foram julgados pelo Tribunal de Nuremberg.
Foi fundada a Organização das Nações Unidas,cujo objetivo principal é
manter a paz e provocar o desenvolvimento e a justiça entre os povos, meta
esta nem sempre atingida.
O conflito ceifou milhares de vidas, desestruturou economias e deixou
profundas marcas na humanidade que podem ser sentidas ainda nos dias de
hoje.

30
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 8ª série

A CRISE MUNDIAL DE 29
O ano de 1929 foi um ano de crise mundial. O Brasil sofreu muito as
conseqüências desta crise. Os Estados Unidos eram os maiores produtores de
artigos industrializados do mundo, assim como os maiores compradores de café do
Brasil.
No final dos anos vinte, a indústria norte-americana cresceu muito,
produzindo muito mais do que poderia vender. Logo, os prejuízos foram maiores do
que os lucros, gerando a falência da maioria das fábricas e o desemprego, quando
ocorreu a famosa “quebra da Bolsa de Nova Iorque”. Se não vendiam, os norte-
americanos não tinham lucro, logo, não podiam comprar. Com isso, deixaram de
comprar o café brasileiro. Se a situação para os cafeicultores já estava ruim antes
da crise de 1929, com ela, os cafeicultores tiveram muito prejuízo. O governo
federal não tinha mais recursos para comprar dos cafeicultores o café excedente
(de acordo com o Convênio de Taubaté), nem tinha onde estocar tanto café.
Milhares de sacas de café eram queimadas pelo governo, enquanto os
cafeicultores sofriam com a crise econômica.

A crise econômica teve reflexos na política. Enfraquecidos pelos


movimentos tenentistas dos anos vinte e pelo descontentamento popular, a
aliança entre paulistas e mineiros estava abalada. Conforme acordo, o
presidente Washington Luís havia sido indicado pelos paulistas, portanto, o
candidato a presidente nas eleições de 1930 deveria ser indicado pelos
mineiros. O Partido Republicano Paulista indicou um candidato seu, Júlio
Prestes, causando revolta entre os mineiros, que se aliaram à oposição. Estava
rompida a política do café-com-leite.
Os mineiros se aliaram aos gaúchos e nordestinos, formando um grande
bloco de pequenos partidos regionais, chamado Aliança Liberal, que tinha
como candidato o gaúcho Getúlio Vargas.
As campanhas foram marcadas por muita violência. Enquanto Júlio
Prestes prometia tirar o Brasil da crise, Getúlio Vargas denunciava a corrupção
e as mentiras dos governos passados, comprometidos com os interesses dos
cafeicultores.
As eleições aconteceram em clima de tensão. Apurados os votos, Júlio
Prestes foi declarado eleito, o que causou revolta em vários pontos do país.

A REVOLUÇÃO DE 1930
Chamamos de Revolução de 1930 o conjunto dos fatos que levou Getúlio
Vargas a assumir a presidência da República.
Várias agitações ocorreram por todo país, acusando o governo federal de
ter cometido fraudes nas apurações. Numa manifestação no estado da
Paraíba, o candidato a vice-presidente pela chapa de Getúlio Vargas, João
Pessoa, foi assassinado. Este fato aumentou ainda mais as tensões políticas.
Temendo uma guerra civil, os generais Tasso Fragoso e Mena Barreto
tomaram o poder dias antes da posse de Júlio Prestes e entregaram o governo
do Brasil a Getúlio Vargas.

31
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 8ª série

Chegava ao fim o domínio político dos cafeicultores e iniciou-se um longo


período em que o Brasil teve Getúlio Vargas à frente do governo.

O GOVERNO PROVISÓRIO — 1930-1934

Getúlio Vargas, ao assumir o poder, declarou que estaria governando o


Brasil temporariamente, até que a situação “entrasse nos eixos”. É importante
lembrar que Getúlio recebeu o apoio de militares, operários, donos de fábricas,
grandes proprietários de terra do Nordeste, de Minas Gerais e do sul do país
(Getúlio era gaúcho), em oposição aos cafeicultores paulistas e seus aliados.
Entre as primeiras medidas de Getúlio, destacam-se:
 Nomeou interventores nos governos estaduais: Getúlio substituiu por
interventores de sua confiança, os governadores de estado eleitos, que
o haviam apoiado no processo revolucionário.
 Dissolveu o Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado):
Getúlio suspendeu as atividades dos deputados e senadores da
República.
 Suspendeu a Constituição republicana de 1891: Getúlio suspendeu a
Constituição, com a promessa de convocar novas eleições para
deputados e senadores em breve, que formariam uma Assembléia
Nacional Constituinte, encarregada de elaborar novas leis para o Brasil.
Sem Constituição (que é a lei máxima de um país) e sem deputados
(encarregados da elaboração das leis), todo o poder do país ficou centralizado
nas mãos de Getúlio Vargas. Isso causou descontentamento em alguns setores
da população, principalmente entre os cafeicultores paulistas, que eram
inimigos de Vargas.
Ao entregar o governo do Estado de São Paulo a um militar (tenente João
Alberto), Getúlio causou revolta entre os industriais e comerciantes paulistas,
que esperavam indicar um representante de seu partido (o PD — Partido
Democrático, que havia apoiado Getúlio) para o cargo de governador.
Sentindo-se traídos, os representantes do PD uniram-se ao PRP (Partido
Republicano Paulista, formado por cafeicultores), formando a Frente Única
Paulista — a FUP. A Frente passou a exigir do governo federal maior autono-
mia para os estados (principalmente São Paulo), a nomeação de um interventor
“paulista e civil” para chefiar o governo do estado e a convocação imediata de
eleições para a formação de uma Assembléia Nacional Constituinte para a
elaboração de uma nova Constituição.
Getúlio Vargas cedeu às pressões e indicou Pedro de Toledo (que era
paulista e civil) como interventor e anunciou a convocação de novas eleições.
Mesmo assim, continuavam as manifestações contrárias a Getúlio.

32
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 8ª série

A CONSTITUIÇÃO DE 1934
Em 3 de maio de 1933 ocorreram as eleições para a Assembléia Nacional
Constituinte, que iniciou seus trabalhos em no-
vembro de 1933.
Em 16 de julho de 1934 foi promulgada a nova
Constituição, que continha características
diferentes da antiga Constituição republicana de
1891, com destaque para:
• criação de um salário mínimo: regulamentava o
valor mínimo que um trabalhador deveria
receber como salário;
• modificações no sistema eleitoral: foi criado o
Supremo Tribunal Eleitoral, com a função de fiscalizar as eleições. O voto
passou a ser secreto. O direito do voto passou a ser de todos os cidadãos
brasileiros maiores de 18 anos, desde que alfabetizados. As mulheres
também conquistaram o direito ao voto;
• nacionalização da exploração mineral: a exploração das riquezas minerais
passou a ser controlada pelo governo, sendo permitida somente para
brasileiros;
• regulamentação do trabalho: a Constituição de 1934 criou diversos direitos
para os trabalhadores, como a regulamentação da jornada diária de 8 horas,
o direito a férias anuais remuneradas, entre muitos outros.
De acordo com a Constituição de 1934, a primeira eleição presidencial
após sua promulgação deveria ser de forma indireta, isto é, só votariam os
membros da Assembléia Nacional Constituinte, ou seja, deputados e
senadores. Getúlio Vargas foi reeleito presidente.

O GOVERNO CONSTITUCIONAL (1934-1937)


Getúlio Vargas, eleito pelos deputados e senadores, passou a governar o
Brasil de acordo com a nova Constituição. Getúlio iniciou uma nova fase em
seu governo com a simpatia dos trabalhadores, que tiveram seus direitos
assegurados.
Nesta época surgiram dois grandes grupos políticos com posições bem
diferentes, como veremos a seguir:

• ALIANÇA LIBERTADORA NACIONAL — ALN — Formada por


trabalhadores, inteIectuais, artistas e membros do Partido Comunista
Brasileiro. Faziam oposição ao governo de Getúlio Vargas, isto é, eram
contrários a ele. Defendiam:
- a liberdade de expressão;
- a suspensão do pagamento da dívida externa (o dinheiro destinado para o
pagamento da dívida externa deveria ser aplicado na saúde, na habitação e na
educação);
- a reforma agrária (as grandes propriedades que nada produzissem deveriam
ser tomadas pelo governo e divididas entre os camponeses que não possuíam

33
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 8ª série

terras). Sofriam grande influência dos ideais comunistas.


A ALN cresceu rapidamente e em 1935 foram proibidas suas ações,
sendo considerada ilegal pelo governo. Apesar de proibida, a ALN continuou a
existir, promovendo reuniões e manifestações de rua para divulgar seus ideais
e lutar por eles.

• AÇÃO INTEGRALISTA BRASILEIRA — AIB — Formada por pessoas da


classe média, pequenos comerciantes e setores do comando do Exército,
além de receber o apoio dos grandes industriais e proprietários, que viam na
AIB uma forma de combater as idéias da ALN. Defendiam:
- a centralização do poder em apenas um governante (ditadura). Sob o lema
“Deus, Pátria e Família”, em defesa da propriedade privada, dos “bons
costumes” e das tradições.
- Os integralistas sofriam grande influência dos ideais nazistas.

O GOLPE DE 1937

As tensões entre integralistas


(membros da Ação Integralista Nacional)
e aliancistas (membros da Aliança
Libertadora Nacional) cresciam e
diversas manifestações de rua se
transformaram em pancadaria, que
causaram centenas de feridos e diversos
mortos.
A cada dia que passava, Getúlio
Vargas se aproximava mais das idéias
defendidas pelos integralistas, embora
não assumisse publicamente simpatia
por um ou outro grupo.
Aproveitando-se da situação
caótica gerada pelos conflitos entre a
ALN e a AIB, Getúlio Vargas armou um golpe para continuar no poder.
De acordo com a Constituição de 1934, no início do ano de 1938
deveriam ocorrer eleições para escolher o novo presidente. Getúlio agia
normalmente, até que, em setembro de 1937 (menos de 6 meses antes das
eleições), anunciou ter descoberto um plano chamado “Plano Cohen” (que na
verdade foi forjado por militares ligados a Getúlio Vargas). Segundo Getúlio,
era um plano comunista para tirar dele o poder, através de greves e
manifestações públicas que terminariam com sua morte.
Imediatamente, Getúlio ordenou a prisão dos principais líderes ligados ao
comunismo e instalou a ditadura.

Na verdade, nunca houve o “Plano Cohen”. Foi apenas uma forma


encontrada por Getúlio para aproveitar-se da situação e continuar no governo,
com mais poderes ainda.

34
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 8ª série

ECONOMIA

• Incentivo à Industrialização nacional;


• Limitação dos investimentos estrangeiros no
Brasil.

POLÍTICA

• Ditadura (poder centralizado nas mãos do


presidente);
• Partido Comunista foi colocado na
ilegalidade;
• Controle dos meios de comunicação;
• Fim das liberdades e garantias individuais;
• Culto à personalidade do Chefe de Estado;
• Criação de leis trabalhistas (CLT);
• Controle dos sindicatos (peleguismo).

SOCIEDADE

• Basicamente rural, passando gradativamente para urbana;


• Fortalecimento da classe média urbana e da burguesia industrial.

FIM DO GOVERNO

• O Brasil enviou soldados para


lutarem contra as ditaduras de Hitler
(Alemanha) e Mussolini (Itália);
• Campanha pela deposição de
Vargas incentivada pelo capital
internacional.

35
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 8ª série

ECONOMIA

• Abertura do mercado brasileiro para o capital


internacional em especial o norte-americano (E.U.A).

POLÍTICA

• 1946 – Aprovação de nova Constituição;


• A princípio, o Partido Comunista recuperou a legalidade, mas o governo
Dutra o colocou novamente na ilegalidade embora a Constituição
garantisse liberdade de expressão;
• Alinhamento com os Estados Unidos;
• Rompimento das relações com a União Soviética (URSS).

SOCIEDADE

• Afirmação da sociedade urbana;


• A burguesia se constitui como classe dominante;
• Aumento da população proletária.

FIM DO GOVERNO

• Cumpriu seu mandato, deixando o governo após a eleição de Vargas.

ECONOMIA

• incentivo à indústria nacional;


• tentar controlar a remessa de lucros para o exterior;
• criação da Petrobrás;
• aumento do salário mínimo.

36
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 8ª série

POLÍTICA

• Intervenção do governo na economia;


• Eleições livres e gerais;
• Liberdade de expressão garantida pela
Constituição de 1946;
• O PCB foi mantido na ilegalidade;
• Embora tenha conquistado grande simpatia
popular, não contou com o apoio dos grandes
grupos econômicos (principalmente ligados ao
capital estrangeiro);

SOCIEDADE

• Não houve alterações.

FIM DO GOVERNO

• Pressionado pela burguesia internacional e nacional, Vargas suicidou-


se.

João Café Filho, Carlos Coimbra da Luz e Nereu de Oliveira Ramos ocuparam a
presidência da República no período entre o suicídio de Vargas (24/08/1954) e a posse
de Juscelino Kubistchek de Oliveira (31/01/1956)

ECONOMIA

• Prometeu para o Brasil um desenvolvimento de


50 anos em 5 anos de governo;
• Plano de metas: maior infra-estrutura para os
setores energia, transporte, alimentação, indústria
de base;
• SUDENE (Superintendência para o
Desenvolvimento do Nordeste);
• empréstimos para realização de grandes obras
(ex. Brasília);
• inflação e achatamente salarial;
• incentivo à instalação de filiais de empresas estrangeiras no Brasil:
Volkswagen, Ford, General Motors.

37
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 8ª série

POLÍTICA
• Alinhou-se aos interesses dos Estados Unidos.
• Eleições diretas e gerais; e liberdade de expressão garantida pela
Constituição de 1946;
• O P.C.B. foi mantido na ilegalidade.

SOCIEDADE
• A população passou a exigir com maior intensidade as reformas de
base: reforma agrária, educacional, na saúde entre outras;
• Crescimento da classe operária e da urbanização.

FIM DO GOVERNO
• Cumpriu seu mandato legando ao Brasil inflação e dívida externa maior
do que no início de seu governo.

ECONOMIA
• Inflação;
• Congelamento de créditos e salários.

POLÍTICA

• Aproximação com o Bloco Socialista


(URSS, Cuba, China).
• No plano interno, atendia aos interesses
dos setores conservadores (empresários,
Igreja Católica);
• Eleições gerais e livres;
• Havia liberdade de expressão garantida
pela Constituição de 1946;
• O P.C.B. foi mantido na ilegalidade.

SOCIEDADE
• Carestia;
• Desemprego;
• Greves e movimentos sociais.

FIM DO GOVERNO
• Renunciou alegando não suportar as pressões do capitalismo nacional e
internacional.

38
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 8ª série

ECONOMIA

Reformas de Base:

• Nacionalização das refinarias de petróleo;


• monopólio estatal sobre importação de petróleo
• regulamentação e limitação da remessa de
lucro para exterior;
• desapropriação de terra para fins de reforma
agrária;
• estreitamento das relações comerciais com o
bloco socialista.

POLÍTICA

• Foi obrigado a governar inicialmente na forma parlamentarista de


governo
• após plebiscito retomou seus poderes como presidente;
• eleições livres e gerais;
• liberdade de expressão garantida pela Constituição de 1946;
• O P.C.B. foi mantido na ilegalidade;

SOCIEDADE

• Crescimento do movimento sindical e organizações populares:


estudantes camponeses, trabalhadore urbanos, Igreja Católica;
• formação de centrais de trabalhadores CGT – CONTAG;
• decretou as reformas de base: agrária, educacional entre outras.

FIM DO GOVERNO

• Foi deposto por um golpe militar em 31/03/1964; esse golpe resultou da


união entre a burguesia nacional e internacional com setores da classe
média, da Igreja e do Exército, que não apoiaram as reformas de base.

39
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 8ª série

ANTES DE 1964...

Os brasileiros – homens e mulheres simples, sindicalistas, estudantes


das universidades públicas e particulares etc., na década de 1950, começavam
a se engajar nos movimentos sociais, não eram acomodados, pelo contrário, se
organizavam e saíam às ruas, para fazer valer a voz do cidadão na
democracia.
Os jovens eram conscientes de que os conhecimentos adquiridos nas
universidades eram também para auxiliar, dar sustentação na construção de
uma sociedade visando os interesses da coletividade, isto é, da maioria dos
brasileiros e não apenas de uma pequena parte – de uma elite.
A idéia da justa divisão de rendas, isto é, acesso igual a todos (como
por exemplo, a reforma agrária - onde o governo deveria desapropriar
imensas propriedades de terras improdutivas, indenizar seus donos e dividi-las
com aqueles que não possuem terras), não eram bem aceitas pela burguesia.
Isso incomodava tremendamente os grandes empresários capitalistas e
proprietários de terras, as grandes multinacionais americanas etc. Seus
interesses eram de acumular e não repartir.
Eram tempos da Guerra Fria Guerra Fria
(leia a caixa de texto ao lado). Confronto diplomático e ideológico
Para a elite, essas pessoas entre Estados Unidos e ex-União
Soviética.
eram simpatizantes do comunismo – e
os comunistas eram “perigosos”, O mundo dividido em dois sistemas
de poder econômico: de um lado, os
“traidores da nação” e colocavam a interesses do capitalismo, liderado
segurança do país em risco. pelos Estados Unidos da América e do
A verdade é que se as outro, os interesses do
socialismo/comunismo, liderado pela
reformas fossem realizadas, estaria extinta União Soviética – o comunismo
comprometida a ordem imposta pelo apavorava essa gente e as idéias de
capitalismo: lucro de poucos e miséria justa divisão de rendas à grosso modo,
de muitos. fazia parte das idéias comunistas.

Como calar essas pessoas?

40
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 8ª série

“A nossa Pátria mãe


tão distraída sem perceber que era subtraída
em tenebrosas transações.”
Chico Buarque de Holanda

O governo do Presidente da República João Goulart (1961-1964) foi


marcado pela abertura às organizações sociais.
Estudantes, organização populares e trabalhadores ganharam espaço,
causando a preocupação das classes conservadoras como, por exemplo, os
empresários, banqueiros, Igreja Católica, militares e classe média.
No dia 13 de
março de 1964, João
Goulart (foto ao lado)
realiza um grande
comício na Central do
Brasil (Rio de Janeiro),
onde defende as
REFORMAS DE BASE
(reforma na educação,
reforma bancária,
reforma agrária, etc).

Esse discurso
acelerou o golpe; os
militares tomam o
poder, no dia 31 de
março de 1964.

Os políticos
opositores foram
cassados e os
funcionários públicos
perderam a estabilidade.
JOÃO GOULART prometia mudanças radicais na
estrutura agrária, econômica e educacional.
A Ditadura
Militar foi o período da política brasileira em que os militares governaram o
Brasil. Esta época vai de 1964 a 1985, portanto, 21 anos.

A semente de um Brasil melhor, que estava brotando na década de 1950


e início dos anos 60, foi destruída de forma implacável.

41
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 8ª série

Populares protestam contra a


deposição de João Goulart.
Afinal, foi eleito por eles!

Alguns disseram ao presidente João Goulart para que resistisse


ao golpe de 1964 com armas na mão!

Mas, o presidente, não queria derramamento de sangue.

Enquanto isso, no Rio de Janeiro - Copacabana e Ipanema, a classe


média se confraternizava com a burguesia. Chuva de papel picado, toalhas nas
janelas, buzinaço, banda e chope. Abraços, choro de alegria, alívio pelo fim da
“desordem”!
O Brasil estava a salvo dos comunistas!

Tropas nas ruas


do Rio de Janeiro
após o início do
golpe de 1964.

Euforia da elite!

42
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 8ª série

Os crioulos não invadiriam mais as casas das pessoas de bem! As


empregadinhas voltariam a ficar de cabeça baixa!
Mas, nos subúrbios, o medo substituía o chope. Ali, a revolução iria
procurar os "inimigos do Brasil".

E quem eram os inimigos?

Pessoas simples,
enrugadas pelo trabalho
duro, mas que tinham
ousado não se curvar ao
regime militar.
Militares procuravam
operários, camponeses,
sindicalistas.
Os políticos que não
concordaram com o golpe,
tiveram seus mandatos
cassados, isto é, perderam
seus direitos políticos por Popular é revistado por militares.
dez anos. Rio de Janeiro, 1965.

O primeiro a ser cassado foi o ex-presidente João Goulart.


Juscelino e Jânio Quadros também perderam seus direitos, para que
não tentassem nenhuma aventura engraçadinha na política.
Depois, veio uma lista de milhares de pessoas que foram demitidas de
empregos públicos perseguidas e arruinadas em sua vida particular.

Nenhum banqueiro, nenhum mega empresário, nenhum tubarão foi


sequer chamado para depor numa delegacia.
Esses eram todos homens de bem, pessoas que amavam o próximo...,
e, principalmente se o próximo fosse um bom parceiro de negócios!!

Os soldados armados de fuzis prendiam milhares de pessoas: dirigentes


populares, intelectuais, políticos democratas.

Os comunistas, claro, eram perseguidos como ratos. Muitos foram


presos e espancados com brutalidade. Ah! comunista era qualquer
cidadão que não concordasse com o regime militar.

43
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 8ª série

A UNE (União Nacional dos Estudantes), foi proibida de funcionar e seu


prédio, incendiado.

A CGT (Comando
Geral dos Trabalhadores),
fechada. SINDICATOS
invadidos à bala.
Nas escolas e
universidades, professores e
alunos progressistas
expulsos.
Os jornais foram
ocupados por censores e
muitos jornalistas postos na
cadeia.

A ordem era calar a


boca de qualquer oposição.

Para espionar a vida


de todos os cidadãos, foi
criado em 1964 o SNI Estudante preso, março de 1968.
(Serviço Nacional de A passeata em São Paulo
Informações). contribuiu para o endurecimento
do regime militar.
Havia agentes
secretos do SNI em quase todos os cantos: escolas, redações de jornais,
sindicatos, universidades, estações de televisão.
Microfones, filmes e ouvidos aguçados. Bastava o agente do SNI
apontar um suspeito para ele ser preso.
Imagine o clima numa sala de aula! Por exemplo. Se você perguntasse,
a um professor de história “o que ele achava” de algo que os militares haviam
decretado. Ele, apavorado, responderia algo como: “Não acho nada”!
Muitos alunos não concordavam e falavam abertamente. Essas pessoas
desapareciam. Eram muitos os “desaparecidos” naqueles tempos!
O professor corria risco de ser detido caso fizesse uma crítica ao
governo.
Os alunos, falando baixinho, desconfiando de cada pessoa nova;
apavorados com os dedos-duros. A ditadura comprometia até as novas
amizades!

O novo governo passou a governar por decreto, o chamado AI


(Ato Institucional). O presidente elaborava e assinava um AI sem consultar
ninguém e todos tinham que obedecer.
Em 15 de abril de 1964 era anunciado o primeiro general-presidente,
que iria governar o Brasil segundo interesses do grande capital estrangeiro:
HUMBERTO DE ALENCAR CASTELLO BRANCO.

44
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 8ª série

Tranqüilos com a vitória do GOLPE, os generais nem se importaram com


as eleições diretas para governadores dos Estados em 1965. Esperavam que o
povo brasileiro em massa votasse nos candidatos apoiados pelo governo
militar.
Estavam errados! Na Guanabara e em Minas Gerais venceram políticos
ligados ao ex-presidente Juscelino Kubitschek. Era a resposta do cidadão
brasileiro, que não aprovava o regime autoritário e defendia a democracia.
Ficava claro que, depois do golpe militar, ainda tinha muita gente que
não apoiava o regime. Pois bem, os militares reagiram.
Vinte e poucos dias
depois das eleições que os
militares consideraram
desastrosas, foi baixado o
AI-2, que acabou com os
partidos políticos
tradicionais e instituiu
eleições indiretas – agora
votava-se no partido e não
mais no nome do candidato
(ao lado, manchete do
jornal “Folha de São Paulo”,
de 27.10.1965).

O PSD, o PTB, a
UDN, foram proibidos de
funcionar.
Agora, só poderiam
existir dois partidos
políticos: ARENA (Aliança
Renovadora Nacional) e o
MDB (Movimento
Democrático Brasileiro).
A ARENA era o
partido do governo e faziam
parte todos os políticos que
apoiavam o regime militar em tudo o que fazia.
O MDB era o partido da oposição consentida, formado pelos que
sobraram das cassações. No começo, a oposição era muito tímida.
A ditadura, querendo uma imagem democrática, permitia a existência de
um partido levemente contrário, contanto que ninguém fizesse uma oposição
muito forte, por isso, oposição consentida, isto é, permitida.

Naqueles tempos, brincando se dizia a verdade. Comentavam que o


MDB era o partido do “SIM” e a ARENA era o partido do “SIM SENHOR”!!

45
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 8ª série

Não foram apenas líderes políticos e O governo militar


sindicais que foram perseguidos pelo regime também atribuiu à Justiça
militar. Militar o poder de julgar civis
Intelectuais, funcionários públicos, com base na LEI DE
militares e artistas foram demitidos ou SEGURANÇA NACIONAL.
sofreram perseguições porque a ditadura os Assim, todas as
considerava perigosos. manifestações políticas e
Voltava a crescer no Brasil a sociais (comícios,
esquerda (termo para designar os que eram greves, publicações de
a favor da democracia e contra o regime). revistas e jornais etc.) contra
Nas ruas, as passeatas contra o regime o Regime Militar, eram
militar começavam a reunir milhares de considerados crimes contra a
pessoas em quase todas as capitais. segurança do país.
Esse abuso dos cidadãos fez com
que os oficiais da linha-dura se irritassem e pressionassem o governo para
medidas mais severas ainda.
Os militares estavam apavorados. Até onde
aquilo tudo iria levar? Concluíram que precisavam
endurecer mais ainda o regime. E endureceram.
Por conta disso, o governo baixou o AI-5 que foi o
principal instrumento de abuso da ditadura militar.
Esse ato estabeleceu a censura - não poderia ser
divulgada nenhuma notícia que desabonasse o
governo, as passeatas eram crimes e atribui
CENSURA poderes quase que absolutos ao presidente militar.

Se a ditadura já era ruim, agora ela piorava. E muito!

As passeatas de estudantes passaram a ser reprimidas pelas próprias


Forças Armadas e muitos estudantes foram baleados. Agora, em vez do
cassetete, vinha o fuzil automático.
Em Ibiúna
(SP), o
congresso
secreto da
UNE, foi
dissolvido,
com 1240
estudantes
presos.

Caminhões da Força
Pública com
estudantes presos no
XXX Congresso da UNE
em Ibiúna (SP),
outubro de 1968.

46
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 8ª série

Em virtude do endurecimento do regime, as produções artísticas em


geral e várias publicações passaram a ter um engajamento político mais
intenso, ou seja, eram usadas como um meio de protesto ao regime.
Assim, canções de protesto,
filmes e peças teatrais, cuja temática
era essencialmente política, passaram
a ocupar um espaço de contestação e
eram controlados e censurados pelos
militares. Muitos artistas foram
surrados, inclusive a atriz Marília Pêra.
Surgiram nomes como Chico
Buarque de Holanda, Nara Leão,
Geraldo Vandré, Maria Bethânia,
Gilberto Gil, entre outros, compondo e
cantando músicas de denúncias e
protestos ao regime.
Como estratégia para enganar e
Geraldo Vandré ao violão cantando
“Caminhando e cantanto e seguindo a
canção, somos todos iguais, braços dados
ou não”. Os militares consideraram Vandré
subversivo e perigoso.
unir o povo em torno dos seus objetivos, a ditadura, além do uso do aparato
repressor, criava campanhas de exaltação patriótica com ampla divulgação
pelos meios de comunicação, principalmente a televisão, com “slogans” que
diziam “Pra frente, Brasil”, “Brasil, ame-o ou deixe-o” , “Ninguém mais
segura este país”, e outros.
Grandes planos econômicos e projetos que se revelaram muito caros
e pouco produtivos foram alvo dos governos militares. Um deles foi o início da
construção da rodovia Transamazônica, que devia cortar toda a Amazônia, até
o litoral do Atlântico que acabou abandonada, apesar dos milhões de dólares
que nela foram investidos e do grande desmatamento que provocou.
Esses projetos, além de outros, tiveram um custo muito alto, o que
serviu de justificativa para grandes empréstimos feitos pelo governo no exterior,
gerando, assim, uma enorme dívida externa.

 O PROCESSO DE ABERTURA POLÍTICA


A posse do quarto presidente militar, ERNESTO GEISEL, em 15 de
março de 1974 marca o começo do processo de ABERTURA DO REGIME.
É claro que este não foi muito fácil! Mas, como o próprio general Geisel
desejava, a abertura deveria ser lenta, gradual e segura.

De um lado estava a sociedade organizada em partidos e associações


e até a própria igreja, lutando para o fim do regime e a volta da democracia e
do outro lado, a linha dura do regime contra o governo e contra o processo de
abertura do regime.

47
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 8ª série

 A LINHA DURA

O presidente militar, General Geisel,


por conta da abertura do regime, enfrentou uma
dura oposição dentro das Forças Armadas, que
ficou conhecida como a linha dura do Exército,
que ansiava por mais espaço dentro do governo
e a permanência da repressão, que incluía
prisões, julgamentos sumários e tortura,
defendendo a permanência da ditadura.
Esse grupo alegava que a volta da
democracia poderia trazer de volta o “perigo do
comunismo”. ERA FACHADA!!
Muitos historiadores vão além e dizem que
a defesa da ditadura escondia milhares de
O jornalista Herzog,
interesses econômicos particulares.
assassinado por
Os linha-duras realizaram diversos atos torturadores da “linha
de violência e procuraram culpar os dura” no QG do II
movimentos de esquerda - os grupos que Exército em 1975.
lutavam para o fim do regime.
Disseram
que ele se enforcou.
Dentre esses atos, destacaram-se dois: a
morte do jornalista Wladimir Herzog (ao lado)
dentro da prisão e o atentado ao Rio Centro, no Rio de Janeiro.

 ANISTIA POLÍTICA

Você estudou que milhares de


ANISTIA POLÍTICA
pessoas foram presas por se oporem ao regime
Lei pelo qual se faz
e centenas de outras foram exiladas, isto é,
cessar as conseqüências de
tiveram de sair do Brasil, para não serem presas um fato punível.
e torturadas. Em sentido amplo,
O motivo?? Por serem contra a esquecimento, perdão.
ditadura e expressar essa opinião – eram
considerados criminosos. Para defender os interesses desses cidadãos
brasileiros, teve início um movimento popular onde se pedia para que o
governo tirasse a acusação de crime e concedesse perdão a essas pessoas.
Esse movimento foi chamado de Anistia.
Continuando o projeto de “Abertura do Regime”, durante o governo do
presidente general JOÃO BATISTA FIGUEIREDO, em 28 de agosto
de 1979, foi proposta a Lei da Anistia, que beneficiou todos os que estavam
presos ou exilados desde 1961. Aproximadamente 5 mil exilados puderam
retornar ao país e retomar a luta pela volta da democracia.

Essa foi apenas a primeira de uma série de leis que objetivaram


acabar com as injustiças cometidas pela
ditadura militar brasileira ao longo de seus 21 anos.

48
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 8ª série

 O FIM DO REGIME MILITAR

O Brasil não havia melhorado em nada apesar dos grandes


sacrifícios impostos à população. O crescimento econômico não
beneficiou as classes trabalhadoras. As regiões mais pobres do país
continuavam pobres, como o Norte e o Nordeste.
O número de analfabetos, apesar dos projetos do governo para
acabar com o analfabetismo, continuou aumentando. O atendimento à
saúde não melhorou em quase nada. A inflação, apesar de ter sido
contida por algum tempo, reapareceu com mais força.

Esse era o chamado “milagre brasileiro”, como passou a ser chamado


o desenvolvimento econômico durante o governo do presidente general
GARRASTAZU MÉDICE.

“Milagre” para poucos.


A maioria da população continuou no abandono!

Cresceram os partidos de oposição, fortaleceram-se os sindicatos e as


entidades de classe.

A partir do final de 1984, já no governo do presidente general JOÃO


BATISTA FIGUEIREDO (último presidente militar) o país mobiliza-se na
campanha pelas Diretas Já, que pedia a volta das eleições diretas para
Presidente da República.
Em março de 1983, um deputado do, agora, PMDB, Dante de Oliveira,
apresentou um projeto de emenda constitucional que propunha já para o ano
de 1984, eleições diretas para a Presidência da República, mas, pela pressão
dos militares, a emenda não foi aprovada.

As eleições para presidente (mandato seguinte – 1985),


ainda foram eleições indiretas,
indiretas, mas, desta vez, o partido,
PMDB (oposição) foi vencedor e um presidente civil foi
eleito pelos deputados e senadores – Tancredo Neves.
Ao longo de 1983, algumas peças-chave da política brasileira foram
aderindo à tímida campanha iniciada, pelo PMDB, entre eles Lula, Leonel
Brizola, Franco Montoro e Tancredo Neves, além, é claro, dos mais
prestigiados políticos daquele momento — Ulysses Guimarães e Teotônio
Vilela.

Estes últimos, por já serem conhecidos mesmo antes do golpe de 64,


concentravam em suas figuras a aspiração do retorno à democracia.

49
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 8ª série

As Diretas Já
vagarosamente iam ganhando
espaço nas ruas, primeiramente
nas pequenas cidades e,
posteriormente, nas grandes
capitais brasileiras.
Em janeiro de 1984, era
dada a largada para os grandes
comícios, começando por
Curitiba, no dia 12 de janeiro.
Artistas famosos como
Chico Buarque, Elba Ramalho e
Fafá de Belém e o apresentador
Osmar Santos aderiram à
campanha, popularizando-a e
transformando as Diretas Já
num movimento de milhões.

A transição do final do regime militar se deu de forma pacífica. A eleição


indireta de um presidente civil pelos deputados e senadores fechou a transição
do regime.

Assim, após 21 anos, de um período


negro e violento na História do Brasil, foi eleito,
ainda pelo voto indireto – TRANCREDO
NEVES, um presidente civil, que foi recebido
com grande entusiasmo pela maioria dos
brasileiros.
A ansiedade de todo o país pela sua
posse e por uma reorganização da sociedade,
ainda amedrontada pelo regime militar, era
nítida.
No entanto, Tancredo não chegou a
assumir a Presidência. Na véspera da posse foi
internado no Hospital de Base, em Brasília, com
fortes dores abdominais e José Sarney toma
seu lugar interinamente no dia seguinte, em 15
de março de 1985.
Depois de sete cirurgias, veio a falecer em
21 de Abril, aos 75 anos de idade, vítima de
infecção generalizada. Deu-se uma comoção
nacional, tantas as esperanças que haviam sido depositadas em Tancredo.

50
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 8ª série

Em 22 de abril, JOSÉ SARNEY


(1985-1990) foi investido oficialmente no cargo
de Presidente do Brasil.
No início do governo do presidente Sarney, o
Brasil estava em profunda crise econômica,
apresentando uma inflação muito alta, o que levou os
meios sindicais a decretarem seguidas greves por
aumentos reais de salários.
Politicamente, o governo Sarney cumpriu o
compromisso de manter a democracia e encaminhar a
elaboração de uma nova Constituição, que foi
promulgada em 1988.
A CONSTITUIÇÃO DE 1988, apesar
de grandes limitações apresenta pontos
importantes, como:
• Racismo passa a ser crime inafiançável.
• Fim de qualquer forma de Censura.
• Novidades nos direitos trabalhistas: jornada
de trabalho semanal de 44 horas, licença-
gestante de 120 dias, férias remuneradas com
1/3 a mais de salário.
• Voto dos analfabetos.
• Direito de voto aos 16 anos.
• Ampliação do poder do Congresso, que
agora pode votar orçamento, emissão de
moeda, etc.
• Benefícios da Previdência Social -
estendidos aos trabalhadores do campo.

Apesar dos avanços,


alguns problemas sérios não
foram resolvidos, como:

• A dívida externa do
Brasil continuou aumentando.
• A reforma agrária não
chegou a ser encaminhada, o
que levou ao agravamento das
lutas no campo e ao
assassinato de Chico Mendes,
líder dos trabalhadores rurais,
em Rondônia.
• A fome e a miséria
cresceram em todo o país.

51
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 8ª série

A Constituição de 1988 restabeleceu as eleições


diretas para presidente da República, em dois turnos.

FERNANDO COLLOR DE MELO


(1990-1992) foi o primeiro presidente eleito pelo
voto direto após o regime militar.
Collor, apoiado por um esquema publicitário
excepcional e favorecido pela TV, venceu as eleições. A
burguesia respirou aliviada.
De uma forma geral, o presidente Collor não conseguir pôr em prática
muito daquilo que prometera em campanha. Sem condições de adquirir bens, a
massa trabalhadora não comprava, o comércio não vendia e indústria não
conseguia se livrar dos estoques. A recessão ia desgastando o governo.
Em maio de 1992, veio à público denúncias sobre ações ilícitas de
Paulo César Farias (ex-tesoureiro da sua campanha) envolvendo o presidente.
A nação passou a exigir a punição dos responsáveis pelo esquema de
corrupção.

Tiveram início as passeatas, notadamente estudantis, que mobilizaram


toda a nação. Conclamava-se o impeachment do presidente, isto é,
(impedimento do presidente para governar), que foi aprovado pelo Congresso
Nacional.

Imediatamente, foi empossado, como presidente em exercício o vice


Itamar Franco.

No final de dezembro de 1992, Collor foi julgado e condenado pelo


Senado, sendo definitivamente afastado da presidência da República, e seus
direitos políticos cassados por 8 anos.

Com a saída de Collor, assumiu o vice-


presidente, ITAMAR FRANCO (1992-1994)
que deveria completar o mandato.

Seu governo foi marcado por indecisões sobre


os problemas nacionais.

Apenas no último ano, quando era Ministro da


Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, lançou um
plano de combate à inflação que na ocasião alcançava
níveis elevados, o Plano Real.
Os resultados imediatos do Plano Real
impressionaram a opinião pública em geral, favorecendo dessa forma a vitória
na eleição para Presidente da República, do candidato Fernando Henrique
Cardoso, pelo PSDB (Partido Social Democrático Brasileiro).

52
HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 8ª série

Baseando sua campanha no êxito do plano


Real, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
(1995-1998) venceu as eleições.

O novo presidente assumiu o cargo em 1º de


janeiro de 1995, para cumprir um mandato de quatro
anos.
Durante seu governo, a inflação manteve-se
baixa. A manutenção dos preços era obtida pela
ampla abertura do mercado a produtos
estrangeiros.

Nas eleições de outubro de 1998, apresentando-se como o único líder


capaz de defender a estabilidade do real, conseguiu se reeleger - 2º mandato
(1999-2002).

Em 2002, no final do mandato de Fernando Henrique, ocorreram


eleições para deputados estaduais, federais, senadores, governadores e
Presidente da República. Nessas eleições, os cidadãos brasileiros elegeram
para o mandato de 2003 a 2006, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), para Presidente
da República.

“Um olhar para o passado”


Os processos sobre mortes e torturas ocorridos durante a
ditadura militar foram retomados pelo governo de Fernando
Henrique Cardoso, o qual reconheceu a morte de 136
desaparecidos, concedendo aos parentes os atestados de óbito
e propondo o pagamento de indenizações para cada família.

Ligado historicamente à esquerda, LUIZ


INÁCIO LULA DA SILVA é eleito com mais
de 60% dos votos, cerca de cinqüenta e dois milhões
de votos, para o mandato de 2003 a 2006.
Seu plano de governo, entre outros previa a
retomada do crescimento com soberania, ampliação
da democracia, inclusão social etc.
Hoje, uma das tarefas mais difíceis é,
certamente, a avaliação do governo atual.

Se, por um lado, ainda é provável contar com


decepções, por outro, as esperanças continuam...

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HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 8ª série

Qualquer brasileiro com sensibilidade e reflexão critica é capaz de


enumerar os problemas sociais que o Brasil tem pela frente. Aqui trataremos
em especial de um deles:

E também, quais providências, no sentido de políticas públicas estão


sendo tomadas para conscientizar o cidadão e tratar esse mal, pois, o
preconceito racial contraria uma regra básica nas relações entre quaisquer
seres humanos: o da afeição.

 O artigo 5º da Constituição Federal de 1988 torna “a prática do


racismo é crime inafiançável e imprescritível”.

Isso significa que, ao se relacionarem, as pessoas devem se tratar com


consideração e respeito, aceitando as diferenças, já que todos são humanos.
O preconceito racial é um conceito negativo que uma pessoa ou um
grupo de pessoas tem sobre outra pessoa ou grupo diferente. É uma espécie
de idéia preconcebida, acompanhada de sentimentos e atitudes negativas de
um grupo contra outro. Além disso, é algo como uma predisposição – que até
nem resulta numa ação ou prática, mas está em nós.
No Brasil, se prega, que o preconceito racial é vergonhoso e condenável,
aí as pessoas tendem a NEGAR e DISFARÇAR seus preconceitos.
É comum ouvirmos: “Não sou preconceituoso, não tenho nada contra os
negros, mas se tiver de escolher uma secretária, prefiro uma branca”. Ou
então: “Gosto dos negros, tenho muitos amigos negros, mas prefiro que meus
filhos se casem com brancos”.
Se a pessoa não tem preconceitos contra negros, por que não aceita
uma negra trabalhando como secretária ou não deseja negros em sua família?
Seguramente porque ele já formou uma imagem negativa sobre os negros.
Com certeza você já ouviu alguém dizer: “Tinha que ser Preto...”
Bem, entre 1991 e 1993, as manchetes dos principais jornais do nosso
país divulgaram uma série de reportagens sobre desvios de grandes somas em
dinheiro, falcatruas, suborno de políticos por grandes empresários, altas somas
de dinheiro público utilizadas para realização de festas, etc.

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HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 8ª série

A mais importante figura pública do país, o presidente da República,


Fernando Collor de Melo, foi acusado de envolvimento em falcatruas.
O país se rebelou. Trabalhadores, estudantes, donas de casa se
organizaram para exigir a identificação e punição dos culpados. O Congresso
Nacional pediu o impeachment – o afastamento – do presidente.
Um exame nos noticiários e nos jornais desse período sobre a cor das
pessoas envolvidas nessas falcatruas revela que todos os políticos,
governantes e empresários acusados eram brancos.
No entanto, não se ouviu comentários do tipo: “Os brancos são
malandros, são bandidos”. Ou piadinhas como: “Branco quando não suja
na entrada, suja na saída”.
Entretanto, se entre os acusados figurassem negros, certamente as
pessoas diriam: “Preto é assim mesmo”, ou “Tinha que ser preto”.

Cabe aqui uma indagação: por que isso acontece, se todos sabemos
que bandidos e ladrões tanto podem ser brancos, negros ou amarelos?

Isso tem uma explicação: Não conhecemos a história do Continente


Africano e a importância que os negros tiveram na construção da sociedade
brasileira.
Não conseguimos enxergar os negros que conhecemos, como
descendentes dos africanos (afro-descendentes) que, arrancados
brutalmente de suas famílias na África, foram trazidos para trabalharem
como mão-de-obra escrava aqui no Brasil, quando ainda éramos colônia
de Portugal.
Um exemplo da importância do trabalho negro nessa época da história
do Brasil pode ser observado nos dados sobre a produção de açúcar e do
ouro.
Com o fruto do trabalho dos negros, a partir de 1560, os portugueses se
tornaram os MAIORES produtores de açúcar, dominando o mercado mundial
na época.
Quanto ao ouro, entre 1700 e 1800, a produção brasileira foi tão grande
que alcançou em 100 anos metade de todo o ouro que o mundo produziu em
300 anos. Foram 983 mil quilos de ouro brasileiro saqueados e despejados
principalmente na Inglaterra. Essa riqueza serviu, inclusive, para financiar a
Revolução Industrial na Inglaterra no século XVIII.
Não só o ouro ou o açúcar, mas a produção do pau-brasil, do tabaco, do
algodão, do arroz, do café, foi RESULTADO do trabalho escravo.
Apesar disso, o povo negro foi praticamente EXCLUÍDO a partir de
1888, quando da assinatura da Lei Áurea, foram abandonados à sua própria
sorte. Saíram das senzalas para a rua: não receberam nenhuma indenização
ou ajuda do governo para conseguirem uma vida digna. A partir desse
momento era conveniente associar o negro a problemas de criminalidade,
incapacidade, preguiça, saúde pública, entre outros.

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HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 8ª série

Por mais de 300 anos trabalharam como escravos – após a abolição,


não serviam para o trabalho assalariado – que venham os imigrantes europeus.
Aos portadores de pele branca pertenceria o futuro do Brasil, sonhavam
as elites.
O branco representa a beleza estética e cultura da raça humana e ainda
acha-se normal que detenham o poder político, econômico, cultural e religioso,
como se fosse algo natural e NÃO RESULTADO DA ORGANIZAÇÃO
HISTÓRICA CAPITALISTA, DISCRIMINATÓRIA E EXCLUDENTE DA
SOCIEDADE BRASILEIRA!
O MOVIMENTO NEGRO, organizado em todo o Brasil, além do artigo 5º
da Constituição Federal de 1988, vem obtendo importantes conquistas,
apesar de termos muito a caminhar ainda.
Como compromisso de campanha, de “um Brasil sem racismo”, uma das
primeiras medidas do governo popular do Presidente Lula foi sancionar a
Lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003 que torna obrigatório incluir nos
currículos escolares o ensino da História da África e Cultura Afro
Brasileira”.
(Texto adaptado. Cidadania em Preto e Branco – Maria Apda. Silva Bento, Editora Ática).

Um projeto de combate ao racismo está sendo construído!

Para responder em seu caderno:

3. De acordo com os Atos institucionais, qual era o tratamento


costumeiro dispensado pelo governo militar às pessoas que
discordavam dos seus atos?
4. Na sua opinião, como seria o Brasil atual, se o presidente
João Goulart tivesse conseguido realizar as Reformas de Base?
5. Porque os conhecidos “Linha Dura” do Exército, defendiam a
permanência da ditadura militar?
6. De acordo com o que você aprendeu, porque o negro é vitima do
preconceito racial?

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HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 8ª série

BIBLIOGRAFIA

 RODRIGUES, Joelza Éster. História em


documento:imagem e texto – São Paulo. FTD, 2002.
 PEDRO, Antonio. História por eixos temáticos. São Paulo:
FTD, 2002.
 CARNEIRO, Maria Luiza Tucci. O racismo na História do
Brasil – Mito e Realidade. São Paulo: Editora Ática, 2001.
 BORGES, Edson. Racismo, preconceito e intolerância.
São Paulo: Atual, 2002.
 CARMO, Paulo Sérgio do. História e ética do trabalho no
Brasil. São Paulo: Moderna,1998.
 PILETTI, Nelson. História e vida integrada. São Paulo:
Ática, 2002.
 MORAES, Robson Alexandre de. História: Ensino
Fundamental. São Paulo: Frase Editora, 2001.
 SARONI, Fernando. Registrando a História: Idade
Moderna e Idade Contemporânea. São Paulo: FTD,
1997.
 BENTO, Maria Aparecida. Cidadania em Preto e Branco:
Discutindo as relações raciais. São Paulo: Editora Ática,
2001.
 STAMPACCHIO, Léo. Projeto Escola e Cidadania: História-
São Paulo – Editora do Brasil, 2000.
 MUNANGA, Kabengele. A mestiçagem no pensamento
brasileiro. Texto extraído do livro: Rediscutindo a
mestiçagem no Brasil – Identidade Nacional versus
identidade negra- Minas Gerais. Ed. Autêntica, 2004.
 APOSTILAS DO CEES DE SOROCABA
 PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS – Ensino
Fundamental
 DIRETRIZES CURRICULARES PARA A EDUCAÇÃO DAS
RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS E PARA O ENSINO DE
HISTÓRIA E CULTURA AFRO- BRASILEIRA E AFRICANA.
 Sites da Internet

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HISTÓRIA - Ensino Fundamental - 8ª série

ESTA APOSTILA FOI ELABORADA PELA


EQUIPE DE HISTÓRIA DO CEESVO
CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO SUPLETIVA
DE VOTORANTIM

PROFESSORAS: DENICE NUNES DE SOUZA


MEIRE DA SILVA OMENA DE SOUZA
ZILPA LAURIANO DE CAMPOS

COORDENAÇÃO: NEIVA APARECIDA FERRAZ NUNES


DIREÇÃO: ELISABETE MARINONI GOMES
MARIA ISABEL R. DE C. KUPPER

VOTORANTIM, 2005.
(Revisão 2007)

OBSERVAÇÃO

MATERIAL ELABORADO PARA USO


EXCLUSIVO DO CEESVO,
SENDO PROIBIDA A SUA COMERCIALIZAÇÃO.

APOIO

PREFEITURA MUNICIPAL DE VOTORANTIM

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