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(2 aulo ¥ Julio Valse ok cromo'pie Tapesto, 1993. P gS- jo] CoMtAzar 4. PARA UMA POETICA Avstosia Br que te pole dav nbcenaiement fexprimer par Timage et lz mélaphore ne se comprendrait Dar a, en profonder, Respérience pottique pow trait dre ante chose que le entnent Pune dlc tion privilégée de homme et du monde Gabran Picon, Sur Eluard ‘Talvez convenha voltar uma vez mais 3 interroga- so que aponta em cheio para © mistério potico. Por «que toda poesia € fandamentalmente imagem, por que 85 imagem, se_devtace 00 poem como_o insirumento EncanttGrle por exeelénci’ Gabtan Plcon ale « uma ‘relaglo priviegiada do homem com 0 mundo”, que @ experéncia pottica nos levaria » suspeilar e-nos reve" lava. Nao pouco privilegiads, na verdade, uma relagho fue permite tent pronmos'e covexos clementos que 'Gehcia considera Seolados e beterogeneos, sear, por xempl, que beleea = encontzo fortulo de um guar da-chuva e uma maquina de costa (Lauéamoot us ebserando melhor oa feaidade £2 Gna que etabelece elagbes “priviegiadae”e, em ama. and \ their ao homem que tem de incorport-tas pou ico e por aprendizagem Uma crianga de qualTo ance ‘pode dizer com toda a espontaneidade: "Que esqusito 5s Sivores se aganalham no verdo, a0 contrtio da gen- te", mas 5 aor oil, € com que trabalho, aprenderé 2s carateristess dos vegeais eo que Val de una drvore am legume. Foi suffcentemente provado que a ten- ‘enc metaérica € logar-comum do omem, © no ftitade privatve da poesia; basta perguntar Jean Pauthan. A. pocsia sarge mum tereno comum © até ulgar, como'e eine no conto de Andersen; © 0 que pode despertarcuriosdade € que, entre tanto patinho, Eresga de quando em quando um com destino dif Fente: Qs falos Ho simples; de ceto modo, a Hinguagem ogra € metaforiea,relereadando a tendéacia humana { para_a_concepsf0 anal6gica do mundo” eo Ingresso (potiico ou aio) das analogias nas formas da lngua fm, Esea urgencia de apreensio por analog, de vi Eulagdo.pré-cientlica, aascendo no. homem desde as primeiras operagies.semsvelt © inelectuns, € que 0 feva a suspeitar uma forga, uma diregio do seu ser para a concepefo simpites, muito mals importante ¢ {ranscendeme do. que todo racionalismo quer admit. culturas, persiste em diversos estratos € com diverts graus de intensidade em todo individuo. Consttul 0 elemento emotivo € de descarga da iaguagem nos di- versos falares, desde © rural. ("Tlene mds acomodos que gallina com treinta huevos"; "Puso unos ojos como rueda ¢ "sulhy"), € 0 suburbano (“Pianté de la novia # Se fue mi mujert"), até a lingua culta, as formas 86 ee oe i) | | | | | & | é ce ade sa, came see @ subjaz e assoma vida junto com a cor de nossos olhos selicht da comunicagio oral cotidiana, o, em dime termo, a elaboracto literdria de grande estilo — a ima- gem lutuosa e inédita, rogando a esfera pottica ou j& em cheio nela, Sua permanéncia e frescor invaiavels, sua renovagdo que todos 03 jas e em milhoes de for: ‘humano no fundo do feadinho chamado Terra, acentua a convicgao de que, se 0 homem se ordend, se comporta racionalmente, aceitando 0 juizo Tégico como eixo da sua estrutura , 20 mesmo tempo e com a mesma forga (embora ‘essa forga nio tenha eficdcia), se entrega a simpalia, & ‘comunicagao analdgica com o ambiente. O mesmo ho- mem que julga, racionalmente, que a vida & dolorosa, sente 0 obscure prazer de enunciar esse fato com uma imagem: a vida € uma cebola, que & preciso descascar chorando. Entéo, se a poesia compartia ¢ leva a0.extremo_ -esta_preméocia atalégiea comum, fazendo da imagem ‘.seu eixo estrutura, a “Jogica afetiva” que, a0. mesmo. tempo, 9-atquiteta ¢ habits; e se a direrdo. andldeice Séuma forga continua e inaliendvel em todo. homer nig ser hora de descer da consideragho somente © nosso grupo sangiineo? ‘Aceitar este método supde ¢ exige algumas e ¢ distingdes imediatas; 1) O “deménio da_analogia” € {ncubo, € familiar, ninguém pode deixar de suporté-lo. Mas, 2) 86 0 posta ¢ esse_individua que, mavide pos — ue se converte, po insrumento; que escolhe a direcao analdgica, nadando ostensivamente contra a corrente comum, para a qual ‘ aptidio anal6gica € surplus, floreio ‘de conversa, ‘comodo cliché que descarrega tensdes e resume esque- ‘mas para a comunicagio imediata — como os estos ou a8 inflexdes vocais, Feita essa distinglo, 3) cabe perguntar — no pela primeira vez — se a direcdo analdgica nao sera muito mais que um autliar instinivo, um uso que-coexiste a , dando-the apoio para_coneeic_ twar_¢ julgar, Ao responder a esta pergunta, 0 poeta Se apresenta como 0 homem que reconhece na diregdo analogica uma faculdade essencial, um meio instrumen- 7 | tal eficaz; no um surplus, mas um sentido espiritual — algumna coisa como olhos ¢ ouvidos ¢ tato projeta- dos fora do sensivel, apreensores de relagGes ¢ cons tantes, exploradores de um mundo jeredutivel em sua ‘eséncia 2 rau, ‘Mas s¢ falimos de wm meio instrumental eficaz, a que eficécia se refere o poeta? Qual pode sera eft aein da atividade analégiea? Intertiatio magico ‘Qvamio sigutm ation, com pereigho, que a mmeitra ea fro magica 0 peineipo de Wena, toenow evscne a conepgbo pon ete da rs: Ia, €'afimagio de enoque couture ono- Voge seo (maton antonio smpleto, quando Inuit Inftenga) ao catndimente enticed teal in snpls rc antopologn mostra deine {he tal eonlpeio cance (snalpeament, lao!) Sen noqto mages ao mundo gee & props Jo ito, A vel aposimagio co prin the pode arent coe rin ORB es 3 empregades ablusinent, Dire que 0 pos & Sm Seimlieg nu mea qu etd fred i stems cSncepun gta poate pretre see gu foray cate no anda da pepe clas nao ek fons gi cn ow pnp sae Aga mos der gue ¢ pot eo pimlvo eoneden ESHo a6 fb devil sr ancoa W iegbO aan tSpen, eigda ent mods © instumento, Nagi: 0 primitive posa do poca sia cn vans ve, do Pianos dts inaiaden de una eeaea dvepio™ BR coup coslnte do Bove fal fo propentnnssts a conmovisio agen sbi de plo aricuagbr que lisa tort stra de Hosta e Jaca, Em planor igus (poi ambas 2s forts de conbetient, be des) de coMhecinen, So Imorcseday "nao dominio de range 6 Iniodo magic fol pradutnete dead plo meio A sdicrcentilen. "0 atagonimo eis ens Se ereerar eyerepatrmenes Tipe useam ofmuleo eo ewandeksy men 6 colons aol" homem renonios quae que ialmeate umn pei ea oar ger 38 Permanecem as formas aberrante, a8 rcorréncias pré- prias do inconsciente coletivo que enconta suas so. Fedas ‘na magia negra ow brane, nas sinbioses com sopestigoes reliiosas, nos culos exotéeos nas gran ey cidndes. Mas a escola ent a bola de cts e 0 fovtorado em letras, ene passe mogodt ‘Ho de esreplomicns, } Ma iquanto de. séclo. em sécul_te travava 0 combate ente 0 mago © 0 fileote, ents aadeico eo medio, um tcrcero combatente cham poeta coninuava sem oporgao aiguma uma tala e frankamente andloga 0 atvidade ralpca priming: A patente diferenga enue cle eo mago lato que o sali 4: extngSo) era um ndo eienos aparene desinerese o fato de procedet "por amor a arte tim punhado de fortososfrtos inofesivos ¢ dbores: bless, lowor, eases, alga, comemorayan. asin de dominio da resldade =o grande © unico ‘objetivo da magia — socedia por parte do pacia ‘um fxercicio que se resiinga a0 epiitual sem acess. 20 {atual E, fomo 3 primeir vista o poeta eto dopulava com 0 filisofo a verdade fsica-e-petafisiea (verdade para o fil6sofo e para 6 savané, equivale a posse © © pela qual combate), 0 poeta foi deixado . olhado com indulgéncia, ¢, se fot expulso da a silo de advertncia © de demarcagto a d8 terstérios, mente rico —, procuraremos.precisar proximidade que, de modo’irvacional, pré-ogico, se verifiea entre ste mago vencido © poeta que sobrevive a ele. O. fato extraordinirio de que existam, alualmente, povos. primitives que nfo alteraram sua visio do mundo, per- mite aos antropélogos assist as manifestagdes “dessa direcdo analdgica que no mago, 0 bruxo da tbo, se estrutura como técnica de conhecimento e dominio. E. permite-me a mim abranger numa tnica visada 0 com- portamento de um matabelé ¢ 0 de, digamos, um alto produto ocidental como Dylan “Thomas. Cortanda c2- iho: o poeta continua e defende um sistema andlogo 0 do mago, compartthaido com ele & suspeita de Uma conipoténcia do pensamento intuitivo, a efieicia da. pa lavia, 0 “valor sagrado” dos produtos metaforicos, AG pensamento ldpico, 0 pensamento (atelhor: o sentimen- 9 a

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