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Tradução
Capítulo 2
A maioria dos historiadores diz que a filosofia nasceu na Grécia, por volta do
século VI a.C. Em todas as civilizações que conhecemos, as religiões ocupavam o lugar
da filosofia, detinham o monopólio das respostas para a pergunta da salvação, dos
discursos destinados a acalmar as angústias provenientes do sentimento de
moralidade. Essa busca por respostas logo assumiu uma forma racional com liberdade
e autonomia de pensamentos, emancipando-se aos diferentes cultos religiosos.
Ê Th
Vara nele encontrar lugar é necessário antes conhecer o mundo nos cerca. Essa é a
primeira tarefa da teoria filosófica, que vê o essencial do mundo, o que nele é mais
real, mais significativo. Vara os estóicos a ordem cósmica, não é apenas uma
organização magnífica, mas também uma ordem análoga á de um ser vivo. É essa
ordem, esse cosmos como tal, que os gregos chamam de ͞divino͟, esse divino que não
tem nada de um Deus pessoal, mas se confunde com a ordem do mundo, que os
estóicos nos convidam a contemplar com ajuda de todos os meios apropriados. E
como o universo é todo ͞bem -feito͟: o movimento regular do planeta,a estrutura do
menor organismo vivo, provam ao observador atento como a idéia de cosmos
descreve de maneira adequada a realidade que nos cerca.Vode-se dizer que a
estrutura do universo é racional.
Se alguém hoje dissesse que o mundo é animado, passaria por louco, mas
compreendemos bem os antigos, o que queriam dizem não tem nada de absoluto: ao
afirmar o caráter divino do universo todo, eles exprimiam sua convicção de que uma
ordem ͞lógica͟ operava por trás do caos aparente das coisas, e que a razão humana
poderia trazê-lo á luz. O mundo possui uma espécie de alma, que é como um ser vivo,
que mais tarde se chamara de ͞animismo͟. Já o cosmo é essencialmente harmonioso,
justamente porque a natureza inteira é harmoniosa que em certa medida vai poder
servir de modelo de conduta aos homens. Marco Aurélio pensa que a natureza
executando-se os acidentes ou catástrofes que às vezes nos submergem, faz justiça a
cada um, tendo em vista que ela nos dota, quanto ao essencial, daquilo que
precisamos, de modo que, cada um recebe o que lhe é devido. Sob esta ótica, uma das
finalidades ultimas da vida humana será encontrar seu justo lugar no seio da ordem
cósmica, é realizando essa tarefa, que se pode conquistar a felicidade e a vida boa. A
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possui também uma dimensão estética, já que a harmonia do mundo que ela
desvela torna-se um modelo de beleza para os humanos. Existem também no seio da
natureza coisas que, pelo menos a primeira vista, parecem feias, até mesmo horríveis.
É preciso, no entanto, segundo os estóicos, saber vencer as impressões imediatas e
não permanecer na perspectiva comum das pessoas que não refletem. Se as pessoas
comuns pensam que o mundo é imperfeito, é porque cometem o e rro de ͞dirigir ao
inverso todo observações que se referem apenas aos objetos sensíveis. A extensão do
mundo sensível que nos cerca é a única em que reinam a geração e a corrupção, mas
ela nem chega a representar uma parte do todo. De modo que seria mais justo
absorver o mundo sensível. Evidentemente, se nos limitamos a olhar nosso cantinho
do mundo, não veremos a beleza do conjunto. A h
da qual nos falam os estóicos
nos desvela o mais perfeito e mais ͞real͟ no mundo. Com efeito, você vê que o mais
real, o mais essencial na descrição do é sua ordenação, sua harmonia. É nisso
que a h
, que nos revela tudo isso e nos oferece meios de compreendê-lo, é ao
mesmo tempo o que os filósofos chamarão de ͞antologia ͟ (uma doutrina que define a
estrutura mais intima do Ser) e uma teoria do conhecimento (um estudo dos meios
intelectuais pelos quais se chega a esses conhecimentos do mundo).
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A moral e a arte de viver devem tirar seus princípios da harmonia que rege todo o
Aos olhos dos estóicos, a h
era a primeira disciplina a ser praticada , pois
suas conseqüências praticas não podiam ser absolutamente negligenciadas! Essa visão
antiga da moral e da política se encontra nas anteporás do que pensamos hoje nas
democracias, nas quais é a vontade dos homens, e não a ordem natural, que deve
predominar em qualquer reflexão. Assim é que adotamos o principio da maioria para
eleger nossos representantes ou ainda para escolher e fabricar nossas leis. Alem disso,
duvidamos freqüentemente de que a natureza seja em si ͞boa͟: na melhor das
hipóteses, quando não nos brinda com uma furação ou um
, ela para nós um
material neutro, que em si não é moralmente nem bom nem mau. Vara os ecologistas
a natureza forma a totalidade harmoniosa que os humanos teriam todo o interesse em
respeitar e ate imitir.
Comecemos pelo essencial: os dois males que pesam, na opinião dos estóicos ,
sobre a existência humana, os dois freios que a paralisam, o apego ao passado e a
preocupação com o futuro. Continuamente eles nos levam a perder o instante
presente, nos impedem de viver plenamente.
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Vrimeiro traço, o mais fundamental de todos: o logos que, como vimos para os
estóicos se confundia com a estrutura impessoal, harmoniosa e divina do cosmos todo,
para os cristãos vai se identificar com a pessoa singular, o Cristo. Apoiando-se na
definição da pessoa humana e num pensamento inédito do amor, o cristianismo vai
deixar marcas incomparáveis na historia das idéias. Não compreende-las é também
não se permitir qualquer entendimento do mundo intelectual e moral no qual vivemos
ainda hoje. É, pois essencial, ter uma idéia mais ou menos exata da argumentação com
a qual o cristianismo vai romper radicalmente com a filosofia estóica; o segundo traço:
a fé vai ocupar o lugar da razão, e mesmo levantar-se contra ela; o terceiro traço: o
requisito para se aplicar e praticar convenientemen te a nossa nova teoria não é mais o
entendimento dos filósofos, mas a humanidade das pessoas simples. Há na religião
uma dupla humanidade que se opõe de saída à filosofia grega, e que corresponde,
como sempre, aos dois métodos da theoria. Vor um lado a humanidade objetiva, por
outra subjetiva. Encontramos a dupla humanidade de que falava há pouco: a de um
Deus que aceita se ͞rebaixar͟ até se fazer homem entre os homens, a do crente que
renuncia o uso da razão para depositar toda a confiança na palavra de J esus, e assim
dar lugar a fé; quarto traço: nessa perspectiva que atribui primazia a humanidade e á
fé sobre a razão, o ͞pensar por meio de Outro͟ de preferência a ͞pensar por si
mesmo͟, a filosofia não vai desaparecer inteiramente, mas vai se tronar ͞serva da
religião͟; o quinto traço: por não ser mais a doutrina da salvação, mas apenas uma
serva, a filosofia vai se tornar uma ͞escolástica͟, quer dizer, no sentido literal, uma
disciplina escolar , não mais uma sabedoria ou uma disciplina de vida. A maioria dos
filósofos continua a rejeitar a idéia de que a filosofia possa ser uma doutrina da
salvação ou até mesmo uma aprendizagem da sabedoria.
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Capitulo 4
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A nova visão do mundo forjada pela ciência pela ciência moderna não tem mais
nada a ver com a dos Antigos. Especificamente o universo que Newton nos descreve
não é absolutamente um universo de paz e harmonia. Não é mais uma esfera fechada
sobre si, é um mundo de forças e de choques onde os seres não podem mais se situar
verdadeiramente, pelo simples e bom motivo que ele é infinito, sem limites no espaço
e no tempo. Esse pensamento moderno vai colocar o homem no lugar e na posição do
cosmos e da divindade. A partir dessas constatações surgem conseqüências
profundíssimas, onde são indicadas as três principais:
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: os humanos são dotados de dupla hist oricidade. De um lado
haverá a historia do individuo, de outro a historia da espécie humana.
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: a existência do homem precede sua essência.
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: é por que é livre , porque não é prisioneiro de nenhum código
natural ou histórico, determinante que o ser humano é um ser moral. É preciso de fato
afastasse do real para avaliá-lo como bom ou mau, do mesmo modo que é preciso
distanciar-se dos pertencimentos naturais ou históricos para adquirir o que
comumente se chama de ͞espírito crítico͟, fora do qualquer não há julgamento de
valor possível.
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Com efeito, é a Kant e aos republicanos franceses que se aproximam dele que
caberá expor as duas conseqüências morais mais marcantes da nova definição
rousseauniaca do homem pela liberdade: a idéia de que a virtude reside na ação ao
mesmo tempo desinteressada e orientada não para o interesse particular e egoísta,
mas para o bem comum e ͞universal͟. A segunda dedução ética fundamental esta
diretamente ligada a primeira: trata-se da insistência no ideal do bem comum, a
universalidade das ações morais entendidas como a superação dos exclusivos
interesses particulares. Os dois momentos da ética moderna se reúnem, assim, na
definição do homem como ͞perfectibilidade͟.
Moral aristocrática e moral meritocrática: as duas definições da virtude e a valorização
moderna do trabalho
Na perspectiva aristocrática o ser ͞virtuoso͟ não é aquele que atinge certo nível
de graças a esforços livremente consentidos, mas aquele que funciona bem, no seio
de tal visão ética , a questão dos limites que não devem ser ultrapassados tem assim
uma solução ͞objetiva͟: é a ordem das coisas na realidade do cosmos, que se deve
procurar seu traço. No plano político, esse novo espaço de vida comum terá três
marcas características: a igualdade formal, o individualismo e a valorização da idéia de
trabalho.
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͞penso logo existo͟: é, entre todas as sentenças filosofias ,
uma das mais celebres do mundo, que marca o humanismo moderno, no seio do qual
vai reinar o que será se dignado ͞ subjetividade͟. Com isso surgem três idéias
fundamentais que aparecem pela primeira vez na historia do pensamento:
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é um estado de nossa consciência subjetiva, a certeza, que vai se tornar
o novo critério da verdade.
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é a da ͞tabula rasa͟, a da rejeição absoluta de todos os preconceitos e
de todas as crenças herdadas das tradições do passado.
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é preciso rejeitar todos os argumentos de autoridades. Em outras
palavras Descartes, simplesmente, inventa o ͞espírito critico͟ , a liberdade de
pensamento e, com isso, funda a filosofia moderna.
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Capitulo 5
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A filosofia pós - moderna vai contentar esses dois postulados. Ela será, pois, ao
mesmo tempo critica do humanismo e critica do racionalismo.
Sua teoria é no sentindo em que se diz um homem que não crê em Deus é
ateu: sem Deus. Vorque para Nietzsche, de um lado, o fundamento real, a essência
mais intima do ser, nada tem de cósmico nem de divino, ao contrario; de outro , o
conhecimento não parte das categorias de visão. Vamos considerar o fato com
atenção antes de voltarmos a ontologia.
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A tese mais profunda de Nietzsche é que não existe nenhuma ponto de vista
exterior a vida, nenhum ponto de vista que tenha o privilegio de se abstrair do tecido
de forçar de constituem o fundamento do real, a mais intima essência do ser. Segundo
uma das suas mais celebres formulas, ͞não existem fatos, apenas interpretações͟:
assim como nunca poderíamos ser indivíduos autônomos e livres, transcendendo o
real no seio do qual vivemos, mas apenas produtos históricos, inteiramente imersos
nesta realidade que é a vida. A filosofia aute ntica leva, portanto a um ponto de vista
abissal: a tarefa de desconstrução que anima o ginecologista acaba contatando que
por trás das avaliações não existem fundo, mas um abismo; pôr trás dos próprios
abismos, outros abismos, para sempre inacessíveis. Mas se o conhecimento jamais
alcança a verdade absoluta, seu horizonte é, continua mente recuado, impedindo que
atinja a rocha sólida e definida, é porque, evidentemente, o próprio real é um caos que
não se parece em nada com o sistema harmonioso dos Antigos, nem mesmo com o
universo ainda mais ou menos ͞racionalizável͟ dos Modernos.
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Se você que compreender bem Nietzsche, tem apensas de partir da idéia de que
ele pensa o mundo quase de maneira que de modo oposto aos estóicos, pensa o
mundo tanto orgânico quando inorgânico, tanto em nos quanto fora de nos, como um
vasto campo de energia um tecido de forças ou de pulsões, cuja multiplicidade infinita
e caótica é irredutível a unidade. Vosso dizer que a diferença entre Kant e Nietzsche é
que estes ainda procuram com todas as forças encontrar unidade, coerência e ordem
no mundo, nele infectar a racionalidade lógica. Os racionalismos científicos dos
modernos são nada mais do que uma ilusão, quer dizer, um modo de tomar nossos
desejos por realidades, de nos oferecer um simulacro de poder sobre uma matéria
insensata, multiforme, caótica, que na verdade nos escapa totalmente. A idéia de um
universo único e harmonioso é a ilusão suprema. Vara o genealogista, é sem duvida
arriscado, mas, apesar disso, necessário dissipá-la. Como todo filosofo ele devera
tentar compreender o real que nos cerca, aprender a natureza profunda de sse mundo
no qual , mesmo e sobretudo se ele for caótico, temos de aprender a nos situar. Mas
em vez de procurar a todo custo uma racionalidade no caos, esse tecido de forças
contraditórias que é o universo e que ele chama de Vida, Nietzsche vai propor a
distinção entre duas ordens, dois grandes tipos de força: forças reativa (aquelas que só
podem se expandir no mundo e produzir a ou tros os seus efeitos, reprimindo,
aniquilando outras forças) e forças ativas (podem se instalar no mundo sem a
necessidade de alterar ou reprimir outras forças)
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Aos olhos de Nietzsche, o novo ideal, o ideal enfim aceitável porque não é, como
todos os outros, falsamente exterior a vida, mas, ao contrario, explicitamente
sustentado nela. E é exatamente isso que Nietzsche chama de grandeza, o sinal da
grandeza arquitetaram aquela no seio da qual as forças vitais, por que são enfim,
harmonizadas e hierarquizadas, atingem como um mesmo ímpeto a maior intensidade
e simultaneamente a mais perfeita elegância. A quem se interrogar sobre ͞moral de
Nietzsche͟, aqui vai uma resposta possível : a vida boa e a vida mais intensa porque a
mais harmoniosa ; a vida mais elegante quer dizer, aquela na qual a forças vitais , em
vez de contrariarem, se dilacerarem e se combaterem ou se esgotarem umas as
outras, cooperam entre si, mesmo que seja sobre o primado de umas, as forças ativas
certamente, de preferência as outras , as reativas . Nesse ponto, pelo menos, o
pensamento de Nietzsche é perfeitamente claro ; sua definição da grandeza , em toda
sua obra da maturidade de uma univocidade sem defeito.A noção de vontade de
poder não tem quase nada a ver com que os leitores superficiais acreditaram
compreender . É preciso que eu lhe fale a respeito antes de continuarmos.
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A noção de vontade de poder é de tal forma primordial que Nietzsche não hesita
em fazer dela o núcleo de sua definição real, o ponto ultimo que chamamos de
ontologia ou, como ele mesmo diz em varias ocasiões, ela é a essência mais intima do
Ser. A vontade de poder não tem relação de ocupar sei lá que lugar importante. Trata-
se de outra coisa. É a vontade que quer intensidade, que quer evitar a qualquer custo
dilaceramentos internos dos quais acabo de lhe falar e que, por definição mesmo, nos
diminui já que as forças se anulam umas a outras de modo que a vida se estiola e se
apequena. Vor tanto não é absolutamente vontade de conqui star de ter dinheiro ou
poder, mais o desejo profundo de uma inte nsidade de vida, de uma vida que não seja
mais empobrecida, enfraquecida porque dilacerada, mas, ao contrário, a mais intensa
e mais vida possível. Vodemos dizer que o Classicismo designar o essencial da arte
Grega, mas também a arte clássica Francesa do século XVII. O Classicismo é uma arte
que confere uma arte primordial a harmonia e a razão. Ele desconfia como toda
sombra da expansão sentimental que vai, ao contrário , caracterizar em grande medida
o Romantismo. No fim, você notara, e é um aspecto essencial de toda a filosofia , e o
ponto de vista prático encontrar o da teoria, e que a ética e inseparável da ontologia ,
pois, nessa moral da grandeza, é a intensidade que te a primazia , é a vontade de
poder que sobre põe a qualquer outra consideração . ͞Nada na vida vale mais que o
grau de Voder!͟, diz Nietzsche. Que significa qua l ha valores, uma moral, para o
imoralista.
A doutrina do eterno retorno foi inventado por Nietzsche . Vara nos fornecer um
critério finalmente terrestre, de seleção do que merece e do que não merece ser
vivido. Vara aqueles que crêem, permanecera letra morta . Mais para os outros, para
aqueles que não crêem mais, para aqueles que também não pensam que os
engajamentos militantes, políticos ou outros bastam, é preciso admitir q ue a questão é
interessante...Que , por outro lado, ela corresponda a problemática da salvação , não a
nenhuma duvida. Vara se convencer disso, basta observa rapidamente o modo como
Nietzsche a apresenta, em comparação com as religiões. Ela contém, ele afirma ͞ mais
que todas as religiões que ensinaram a despreza a vida como passagem, a cobiçar a
outra vida͟ .Nessa ótica Nietzsche chega a propor explicitamente que se ponha ͞
doutrina do eterno no lugar da metafísica e da religião͟ . Vortanto a salvação não
poderia ser outra se não decididamente terrestre, enraizada no tecido de forças que
constitui a trama da vida. Ela não é nenhuma descrição do curso do mundo nem uma
volta aos Antigos, como por vez se acreditou tolamente, nem muito menos uma
profecia, trata-se, graças a ela, de interrogar nossas existências, a fim de fugir das
falsas aparências e das meias medidas de todas essas covardias que nos levariam a
desejar esta ou outra coisa só uma vez, como uma concessão , todos esses mo mentos
em que nos abandonamos a facilidade de uma execução , sem a querer realmente .
Nietzsche o retoma por seus próprios meios, acompanha a progressão de seus
pensamentos. Voderíamos viver como se cada estante fosse eterno , isso por um
motivo que os budistas e os estóicos já compreenderam: se tudo é necessário, se
compreendermos que o real se reduz de fato ao presente, o passado e o futuro
perderam sua inesgotável capacidade de nos culpar, de nos persuadir de que teríamos
pedido conseqüentemente, devi do , agir de outro modo.Atitude do remorso, da
nostalgia , dos arrependimentos, mais também das duvidas e das hesitações em face
do futuro, que conduz sempre ao dilaceramento interior, a oposição de se contra se ,
logo, a vitoria da reação, já que ela leva nossas forças vitais a se enfrentarem .
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A desconstrução dos ídolos da metafísica revelou coisas demais para que não a
levemos em consideração. Se as posições anteriores eram tão fiáveis e tão
convincentes, nunca teriam passado pelos rigores da critica. Os comunitários não são
os mais mesmos, as aspirações mudaram, nossas relações com as autoridades e nossos
modos de consumo também. O mesmo acontece com a historia da filosofia, Nietzsche
apresentou questões impossível de ser descartadas por isso , depois dele, não
podemos mais pensar como antes . E hoje nos encontramos bem no meio de uma
alternativa que poderíamos resumir assim: continuar por uma caminho aberto pelos
pais fundadores da desconstrução ou retomar o caminho da procura .
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E aquela segundo a qual a ciência vai nos permitir liberta r os espíritos,
emancipa a humanidade dos grilhões da superstição e do obscurantismo medieval. A
razão vai sair gloriosa do combate contra a religião e, geralmente contar todas as
formas de argumentos de autoridades. O domínio do mundo vai nos liberta r das
servidões naturais e ate mesmo reverte-la em nosso favor.
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As ciências hisotircas, em sentido lato incluindo toda a parte das ciências sociais,
enraizaram-se, do modo mais consciente na convicção de que a historia peça mais em
nossa vidas quando ignorarmos.
É o que exige a alta reflexão de que falávamos a pouco: para que se tome
consciência de si, é preciso situar-se a distancia de si mesmo. Onde o espírito limitado
permanece envesgado em sua comunidade de origem a ponto de julgar que ela é a
única possível ou, pelo menos, a única boa e legitima, o espírito alargado consegue,
assumindo tanto quanto possível o ponto de vista de outrem, contemplar o mundo
como espectador interessado e benevolente .
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Existem três modos de pensar o luto, de uma pessoa que amamos, podemos
ser tentados pelas recomendações do budismo ʹ que se identifica, quase que palavra
por palavra, as dos estóicos. No fundo eles se resumem a um preceito primeiro: não se
apegar. Não por indiferença ʹ ainda ai o budismo, como o estoicismo prega a
compaixão e os deveres da amizade.