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Pensão Alimentícia - Considerações Gerais 

Sumário

1. Introdução
2. Dedução da Base de Cálculo do IRRF
2.1 - Condição para Dedutibilidade
2.2 - Momento em que é Devida a  Dedução
2.3 - Hipóteses em que se Admite a Dedução
2.4 - Casos em Que Não se Admite a Dedução
3 - Indedutibilidade de Despesas com Educação e Médicas
4. Dedução na Declaração de Ajuste Anual de quem Paga Pensão
Alimentícia
5. Tratamento para o Beneficiário do Rendimento
5.1 - Rendimento tributável para o Carnê-Leão
5.2 - Tratamento na Declaração de Ajuste Anual
6. Cálculo da Pensão Fixada em Juízo Sobre o Rendimento Líquido

1. Introdução

A pensão alimentícia e os alimentos provisionais, dedutíveis  previstos no art. 643 e


sujeitos ao Carnê-leão previstos no inciso II, art. 106, ambos do Decreto nº
3.000/99 (RIR), podem ser entendidos da seguinte forma:

A pensão alimentícia é o valor que uma pessoa deve pagar, periodicamente, ao ex-
cônjuge ou a parentes, para prover a subsistência desses, segundo as
possibilidades do prestador e as necessidades do beneficiário, quando houver
previsão na lei civil

Os alimentos provisionais são os valores que o juiz determina que sejam pagas de
forma provisória pelo alimentante para a manutenção do alimentado durante o
processo judicial de separação, divórcio ou anulação de casamento.

2. Dedução da Base de Cálculo do IRRF

Os valores efetivamente pagos a título de pensão alimentícia em face das normas


do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão judicial ou acordo
homologado judicialmente, inclusive a prestação de alimentos provisionais, poderão
ser deduzidos na determinação da base de cálculo mensal do Imposto de Renda, da
pessoa física.

2.1 - Condição para Dedutibilidade

A dedução a título de pensão alimentícia é permitida, somente quando for


decorrente de acordo ou decisão judicial. Portanto fica claro que a pensão
alimentícia paga à margem do processo judicial competente não poderá ser
deduzida na determinação da base de cálculo do Imposto de Renda.

2.2 - Momento em que é Devida a  Dedução


A pensão alimentícia poderá ser deduzida pela pessoa física que suporta o encargo
correspondente somente a partir da sentença judicial que homologar o acordo
firmado pelos cônjuges.

Entendimento firmado pelo Conselho de Contribuintes

A Segunda Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes decidiu, por meio do


Acórdão nº 102-24.776/90, publicado no DOU de 18.07.90, que uma vez
demonstrada inequivocamente a efetiva prestação alimentar e a dependência
econômica da ex-esposa e dos filhos, há que se admitir o abatimento da respectiva
parcela, mesmo quando paga enquanto não decretada a separação judicial, ou
homologada a amigável, posto que compatível com o espírito que preside as regras
jurídicas de proteção à família.

2.3 - Hipóteses em que se Admite a Dedução

É admitida a dedução das importâncias pagas a título de pensão alimentícia na


apuração da base de cálculo (arts. 78,83,110,114 e 643 do RIR/99):

I - do Imposto de Renda Retido na Fonte sobre rendimentos do trabalho assalariado


pagos por pessoas físicas ou jurídicas, inclusive remuneração mensal de titular de
empresa individual e de sócios ou dirigentes de pessoas jurídicas (pró-labore),
rendimentos do trabalho não assalariado (autônomos), aluguéis, royalties, direitos
autorais, etc., observado o seguinte (art. 49 e 50 da IN SRF nº 15/01 e Instrução
Normativa SRF nº 277, de 3 de janeiro de 2003):

a) é vedada a dedução cumulativa dos valores correspondentes à pensão


alimentícia e à de dependente, quando se referirem à mesma pessoa;

b)  Quando a fonte pagadora não for responsável pelo desconto da pensão
alimentícia, os valores pagos a esse título podem ser considerados para fins de
dedução da base de cálculo sujeita ao imposto mensal, desde que haja anuência da
empresa e que o beneficiário lhe forneça o original do comprovante de pagamento;

c) o valor da pensão alimentícia não utilizado como dedução, no próprio mês do


pagamento, poderá ser deduzido nos meses subseqüentes;

d) o valor relativo à pensão judicial utilizado como dedução do 13º salário não
poderá ser deduzido na determinação da base de cálculo de quaisquer outros
rendimentos;

II - do recolhimento mensal obrigatório - carnê-leão, quando não tiver sido


utilizado como dedução de outros rendimentos percebidos pelo contribuinte no mês
(§ 2º  do art 3º da Instrução Normativa SRF nº 277/03);

III - da complementação mensal facultativa do imposto - mensalão;

IV - do imposto apurado na Declaração de Ajuste Anual, quando o contribuinte


apresentar a sua declaração no modelo completo.

2.4 - Casos em Que Não se Admite a Dedução

Não é admitida a dedução dos valores pagos a título de alimentos e pensões no


cálculo do imposto:
a) devido sobre rendimentos de tributação exclusiva na fonte como ganhos de
capital em aplicações no mercado financeiro;

b) incidente sobre ganhos de capital na alienação de bens e direitos;

c) devido sobre ganhos líquidos obtidos em operações no mercado de renda


variável.

3 - Indedutibilidade de Despesas com Educação e Médicas

As despesas com educação e médicas dos alimentados, quando realizadas pelo


alimentante em cumprimento de decisão judicial ou de acordo homologado
judicialmente, não são dedutíveis da base de cálculo do IRRF ou do Carnê-leão,
conforme art. 78, §4º, do RIR/99.

No entanto, são passíveis de dedução pelo alimentante na Declaração de Ajuste


Anual, observado limite anual individual de R$ 1.700,00, no caso de despesas de
educação (art. 50, § 2º da IN SRF nº 15/01).

4. Dedução na Declaração de Ajuste Anual de quem Paga Pensão


Alimentícia

A dedução de pensão alimentícia na Declaração de Ajuste Anual somente é


permitida quando o contribuinte declarar no modelo completo, uma vez que no
simplificado o desconto de 20% dos rendimentos substitui todas as deduções
admitidas na legislação, observando-se que (art. 49, § único da IN SRF nº 15/01):

a) na Declaração de Ajuste Anual não poderá ser utilizada a dedução de pensão


alimentícia cumulativamente com a dedução de dependentes relativamente à
mesma pessoa, exceto na hipótese de mudança da relação de dependência no ano-
calendário;

b) o contribuinte que pagar a pensão alimentícia e apresentar a declaração no


modelo completo deverá informar o beneficiário (nome e CPF) e o valor pago na
Relação de Pagamentos e Doações efetuadas;

c) o valor deduzido fica sujeito à comprovação, mediante recibo que identifique o


beneficiário ou por meio de cópia de cheque nominativo emitido em nome do
beneficiário da pensão alimentícia.

5. Tratamento para o Beneficiário do Rendimento

5.1 - Rendimento tributável para o Carnê-Leão

As importâncias recebidas a título de pensão alimentícia em face das normas do


Direito de Família, inclusive alimentos provisionais, em cumprimento de acordo ou
decisão judicial, sujeitam-se à Tributação mensal na forma do carnê-leão (art. 106
do RIR/99). 

Este tratamento é dado quando o valor da pensão for descontado em folha de


pagamento e repassado ao beneficiário, neste caso não fica sujeito à incidência do
Imposto de Renda na Fonte, uma vez que o imposto deve ser calculado e pago pelo
próprio beneficiário do rendimento.

5.2 - Tratamento na Declaração de Ajuste Anual

As importâncias recebidas a título de pensão alimentícia, inclusive alimentos


provisionais, em cumprimento de acordo ou decisão judicial, comporão os
rendimentos tributáveis na Declaração de Ajuste Anual, qualquer que seja o modelo
adotado pelo contribuinte: completo ou simplificado.

No caso de pensão alimentícia recebida por menores ou por incapazes, a


apresentação da Declaração de Ajuste e o pagamento do imposto devido é de
responsabilidade da pessoa sob cuja guarda estiver o beneficiário da pensão (art.
5º do RIR/99).

Quando a decisão ou acordo judicial especificar os beneficiários da pensão


alimentícia, o responsável pela guarda do menor poderá opcionalmente (§ único do
art. 5º do RIR/99):

a) apresentar a declaração em nome de cada um deles, separadamente, sob CPF


próprio; ou

b) incluir as importâncias recebidas pelos filhos em sua declaração e considerá-los


como dependentes.

6. Cálculo da Pensão Fixada em Juízo Sobre o Rendimento Líquido

Na hipótese do valor da pensão ser fixado em percentual aplicável sobre o


rendimento líquido mensal, a fonte pagadora ou o contribuinte deverão, para obter
o valor correto da pensão a ser paga, utilizar a seguinte fórmula:                      

P = {RB - CP - [ _T_  x (RB - CP - D - P)] + PD} x _PA_


   100     100

onde:

P = valor da pensão a ser paga;


RB = rendimento bruto;
CP = Contribuição Previdenciária;
T = alíquota da faixa da tabela progressiva a que pertencer o rendimento bruto;
D = dedução de dependentes, caso o contribuinte tenha outros dependentes sob
sua guarda, que não o beneficiário da pensão;
PD = parcela a deduzir correspondente à faixa da base de cálculo (da tabela
progressiva) a que pertencer o rendimento bruto;
PA = percentagem da pensão alimentícia fixada em juizo.

Exemplo:

Supondo que no mês de setembro de 2003 uma pessoa que recebe um salário de
R$ 3.000,00 deva pagar pensão alimentícia, cujo valor foi fixado judicialmente em
30% do rendimento líquido do mês.

Rendimento bruto R$ 3.700,00


INSS descontado R$ 205,63
Dependente (1) R$ 106,00

Alíquota da faixa a que pertence o rendimento bruto da tabela progressiva: 27,5%

Parcela a deduzir da tabela progressiva correspondente à faixa a que pertence 


o rendimento bruto ............................................. R$ 423,08

Percentual da pensão alimentícia fixado sobre o rendimento líquido: 30%

I - Cálculo do valor da pensão alimentícia a ser paga, mediante aplicação da


fórmula:

P = {RB - CP - [ _T_  x (RB - CP - D - P)] + PD} x _PA_


   100     100
x (3.700,00 - 205,63 - 106,00 - P)] + 423,08} x
P = {3.700,00 - 205,63 - [_27,5
_30_
   100     100

P = {3.700,00 - 205,63 - [0,275 x (3.388,37 - P)] + 423,08} x 0,30

P = {3.494,37 - [931,80 - 0,275P] + 423,08} x 0,30

P = {3.494,37 - 931,80 + 0,275P + 423,08} x 0,30

P = {2.985,65 + 0,275P} x 0,30

P = 895,69 + 0,0825P

P - 0,0825P = 895,69

0,9175P = 895,69

P = 895,69
0,9175

P = 976,23

II - Demonstrativo do cálculo do Imposto de Renda:

Rendimento bruto R$ 3.700,00


(-) INSS R$ 205,63
(-) 01 dependente R$ 106,00
(-) Pensão alimentícia R$ 976,23
(=) Base de cálculo R$ 2.412,14
(X) 27,5% da tabela progressiva R$ 663,33
(-) Parcela a deduzir da tabela progressiva R$ 423,08
(=) Imposto de Renda R$ 240,25

Atenção:

Observamos que se o rendimento bruto (RB) deduzido do valor relativo a


dependentes da Contribuição Previdenciária e da pensão alimentícia resultar em
valor pertencente à faixa inferior da tabela progressiva, o cálculo deverá ser refeito
utilizando-se a alíquota e a parcela a deduzir correspondentes à faixa a que
pertence o rendimento bruto (RB).

III - Comprovação do valor da pensão alimentícia:

Rendimento bruto R$ 3.700,00


(-) INSS descontado R$ 205,63
(-) IRRF R$ 240,25
(=) rendimento líquido R$ 3.254,12
(X) percentual fixado da pensão R$ 30%
(=) valor da pensão alimentícia R$ 976,23

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