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A LÓGICA AMPLIADA DA

REDE DE CUIDADOS EM
ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS

OS CAPS E A REDE
ASSISTENCIAL

PROFª TÂNIA GRIGOLO


TANIA.GRIGOLO@SAUDE.COM.BR

2010
Princípios da Reforma
Psiquiátrica
 Reorientação do modelo assistencial
 Mudança na maneira de cuidar: da cultura da internação
ao acolhimento da crise
 Mudança na maneira de olhar o território: tratamento
centralizado em uma só instituição (hospital) x cuidado
em rede (de pessoas, de dispositivos, de recursos
comunitários)
 Mudança no enfrentamento clínico-político: gestão
burocrática x gestão de conflitos a partir das demandas
advindas da clínica de atenção psicossocial
Conceitos
Fundamentais


Rede

Território

 Clinica da Atenção Psicossocial


 Acolhimento
 Vínculo

Autonomia

Cotidiano
Para se pensar em uma rede ampliada de cuidados em
saúde mental/álcool e outras drogas é necessário
considerar:

1. Critérios epidemiológicos
2. Critérios populacionais
3. Perfil da rede de saúde
4. Serviços e ações de saúde mental
5. Fluxo das demandas e da atenção em saúde mental
6. Características do município e da região
7. Perfil dos profissionais existentes
8. Ofertas de Formação de RH
Que rede é essa ?

 PSF – ESF + ACS- saúde mental na atenção básica


 NASF (1, 2 e 3)
 NASF 3: Prioridade para saúde mental/álcool e outras drogas (municípios abaixo de
20.000)
 Consultórios de Rua
 CAPS (CAPS I, II, III, AD, infanto-juvenil (CAPSi) e CAPS AD III
 Ambulatórios
 Leitos em hospitais gerais para usuários com problemas de saúde mental/álcool e
outras drogas
 Casas de Acolhimento Transitório ( CAT)
 Para moradores: Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT)
 Programa de Volta para Casa
 Centros de convivência
 Associações de Usuários e Familiares
 Empreendimentos de Geração de Renda e Trabalho
 Articulações intersetoriais
 Rede social, intersetorial
SM na AB: alguns princípios

• “Todo problema de saúde é também - e sempre –


mental e toda saúde mental é também produção de
saúde”
• Sofrimento psíquico associado a toda e qualquer
doença
• Saúde mental é transversal pois se articula e
potencializa a atenção básica
• Vinculação e acolhimento como possibilidade de
produção de saúde
Saúde Mental na Atenção Básica:
PSF, ACS e NASF

• Acolhimento no território – o usuário é atendido


onde está
• Atendimento da necessidade e não só da demanda –
muitas vezes os que mais demandam não são os que
mais precisam
• Intervenção a partir do contexto familiar
• Continuidade do cuidado – crise como continuum na
vida
• Potencialidades da rede sanitária e comunitária
Princípios fundamentais na
articulação SM na AB
 Noção de território – espaço de convívio social
(família, escola, trabalho, igreja, grupos etc.)
 Articulação em rede

 Intersetorialidade

 Desinstitucionalização

 Reabilitação psicossocial

 Construção de autonomias possíveis de


usuários e familiares
No território tudo acontece: o
desafio da saúde mental
 56% das ESF referenciam realizar alguma ação de
saúde mental ou lidar com esta questão
 3% da população necessita de cuidados contínuos
(transtornos mentais severos e persistentes)
 9% precisam de atendimento eventual (transtornos
mentais leves)
 10 a 12% da população dependente de álcool
Organização das ações de Saúde Mental na
Atenção Básica

 Apoio matricial da Saúde Mental às equipes da


Atenção Básica
 Responsabilidade compartilhada

 Desconstrução da lógica do encaminhamento

 Priorização do casos mais graves

 Aumento da capacidade resolutiva no

atendimento
 Formação e supervisão continuada
Diretrizes para as ações de Saúde Mental
e Saúde da Família
 NASF – Núcleos de Apoio à Saúde da Família
 Portaria GM 154 de 24 de janeiro de 2008
 “Ampliar a abrangência das ações da atenção básica, sua
resolubilidade, apoiando a ESF na rede de serviços e o processo
de territorialização (...)”
 “A responsabilização compartilhada entre as ESF e a equipe do
NASF na comunidade prevê a revisão da prática do
encaminhamento com base nos processos de referência e contra-
referência, ampliando-a para um processo de acompanhamento
longitudinal (...)”
 Os NASF devem buscar a plena integralidade do cuidado físico
e mental aos usuários do SUS
NASF - Núcleos de Apoio à Saúde da
Família

 Modalidades: NASF 1 e NASF 2 e NASF 3


 NASF 1- 5 profissionais: médico acupunturista,
ginecologista, homeopata, pediatra, psiquiatra, assistente
social, professor de educação física, farmacêutico,
fisioterapeuta, fonoaudiólogo, nutricionista, psicólogo e
terapeuta ocupacional. Referência para no mínimo 8 ESF até
20 Equipes
 NASF 2- 3 profissionais: assistente social, professor de
educação física, farmacêutico, fisioterapeuta, fonoaudiólogo,
nutricionista, psicólogo e terapeuta ocupacional. Mínimo 3
ESF
 Recomenda-se que cada NASF conte com pelo menos 1
profissional da área da saúde mental
NASF 3
 Núcleos de Apoio à Saúde da Família com
prioridade para a atenção integral para usuários de
crack, álcool e outras drogas
 Municípios com população menor que 20.000 hab.
 4 a 7 ESF
 3 profissionais (psiquiatra, assistente social, professor de
educação física, farmacêutico, fisioterapeuta,
fonoaudiólogo, nutricionista, psicólogo e terapeuta
ocupacionalmédico acupunturista, ginecologista,
homeopata, pediatra,)
NASF - Núcleos de Apoio à Saúde da
Família

Recursos
NASF 1: 20.000,00 mensais
NASF 2: 6.000,00 mensais
NASF 3: 6.000,00 mensais
Ações de Saúde Mental - NASF

 Agenda compartilhada com as ESF


 Apoio as ESF nos casos de transtornos mentais, álcool e outras
drogas, egressos de internações psiquiátricas, usuários dos
CAPS, tentativas de suicídio
 Violência intra-familiar
 Casos que necessitem de ampliação do olhar em direção às
questões subjetivas
 Estratégias para abordar problemas relacionados à violência,
uso de álcool, tabaco e outras drogas, visando à Redução de
Danos e à melhoria do cuidado
 Atividades clínicas pertinentes
Ações de Saúde Mental -NASF

 Ações de matriciamento com as Equipes de Saúde da Família


 Mobilização de recursos comunitários, oficinas comunitárias,
articulações intersetoriais com conselhos tutelares, associações
de bairro
 Promover o acesso e a atenção integral dos usuários (saúde
mental/álcool e outras drogas)
 Vínculo com as famílias – parceiras no cuidado e constituição de
redes de apoio
 Priorizar as abordagens coletivas, apoiar a criação de grupos de
ajuda-mútua
 Integração com os agentes Redutores de Danos
 Priorizar o cuidado dos grupos mais vulneráveis
Os CAPS

 São serviços abertos de atenção diária


 Devem fazer acolhimento das crises
 Ordenador da porta de entrada da rede de saúde mental
 Atenção diária que possa promover a redução das internações
em hospitais psiquiátricos
 Articulador dos recursos do território: criação de redes
(sócio-sanitárias, jurídicas, sociais e educacionais)
 Referência e Apoio para as ações de Saúde Mental na
atenção básica
Os CAPS devem oferecer :

 Acolhimento diário (porta aberta)


 Projeto Terapêutico Individualizado
 Terapeuta de Referência
 Atendimento individual (psicológico, médico, orientações, entre outros)
 Atendimento em grupo – grupos e oficinas terapêuticas, musicoterapia,
projetos de geração de renda, atividades esportivas
 Atendimento aos familiares
 Atividades na comunidade
 Assembléias com usuários e familiares para avaliação e organização do
serviço
 Atendimentos domiciliares
 Matriciamento (PSF, outros serviços)
 Acompanhamento de internações
 Outras atividades que potencializem as habilidades da equipe, dos usuários e
familiares
Os CAPS devem

 ofertar cuidados intensivos para os casos graves


 construir projetos terapêuticos individualizados
 promover a reinserção social e cidadania
 dialogar com o hospital psiquiátrico em seu território tendo
em vista à desinstitucionalização
 garantir cuidados contínuos - crise como continuum na vida
 trabalhar com as famílias e a rede de relações dos usuários –
parceiros no tratamento
 Ser reconhecido e atuar no território onde se situa
Consultórios de Rua
 A experiência de Consultórios de Rua foi iniciada em Salvador, no
final dos anos 90, e consiste na disponibilização de recursos móveis
para abordagem e acolhimento das situações de uso prejudicial de
Álcool e outras Drogas nos locais onde vivem e/ou se encontram os
usuários.
 Seus componentes principais são:

1) uma equipe volante, constituída por profissionais da saúde mental,


da atenção básica, e pelo menos um profissional da área de
assistência social;
2) um veículo amplo, capaz de prover o deslocamento da equipe e
armazenamento dos insumos durante as ações;
3) insumos para tratamento de situações clínicas comuns,
preservativos, cartilhas e material instrucional, material para
curativos, medicamentos de uso mais freqüente em tais situações;
4) rotina de atividade, contendo os protocolos clínicos aplicáveis,
Casas de Acolhimento Transitório
(CAT)
 A proposta das Casas de Acolhimento Transitório
passa pela implantação de dispositivos que
permitam o abrigamento temporário, o acolhimento
e a proteção social, no contexto de um Projeto
Terapêutico Individualizado desenvolvido pelos
Centros de Atenção Psicossocial em articulação
com a atenção básica e com dispositivos
intersetoriais (saúde, assistência social, direitos
humanos, justiça, educação, e outros).
CAT I
São três as modalidades das Casas de Acolhimento Transitório:
 CAT I (até 10 leitos),

 CAT II (até 20 leitos)

 CAT infanto-juvenil (para crianças e adolescentes; até 12 leitos).

a. Casa de Acolhimento Transitório tipo I


I. Número de vagas: 10
II. Período de permanência: até 40 dias (em média, de 15 a 30 dias),
dependendo do projeto terapêutico desenvolvido pela equipe de referência
III. População municipal ou regional mínima de referência: 100 mil habitantes
IV. Equipe mínima: m profissional de nível superior em período integral, três
uacompanhantes terapêuticos ou redutores de danos em período
noturno. Um acompanhante terapêutico ou redutor de danos em período
diurno e profissionais de apoio: manutenção, limpeza, alimentação
CAT II
 Casa de Acolhimento Transitório tipo II
 I. Número de vagas: 20 
 II. Período de permanência: até 40 dias (em média, 15 a 30 dias),
dependendo do projeto terapêutico desenvolvido pela equipe de
referência III. População municipal ou regional mínima de
referência: 250 mil habitantes 
 IV. Equipe mínima
 a) Dois profissionais de nível superior em período integral
 b) Quatro acompanhantes terapêuticos ou redutores de danos em
período noturno. Dois acompanhantes terapêuticos ou redutores
 de danos em período diurno
 c) Profissionais de apoio: manutenção, limpeza, alimentação
CAT i
I.Casas de Acolhimento Transitório tipo infanto-juvenil
Número de vagas: 12
Período de permanência: até 90 dias, dependendo do projeto terapêutico desenvolvido
pela equipe de referência
Por tratar-se de um dispositivo voltado para uma população bastante específica, as
demandas de intersetorialidade apontam para uma rede mínima municipal diferente.
Assim sendo, a rede assistencial deve apresentar: CRAS, CREAS, CAPS i ou CAPS
ad que desenvolvam ações com crianças e adolescentes (devendo as ações estar
descritas no projeto), Núcleo de Apoio a Saúde da Família que desenvolvam
projetos com crianças e adolescentes e SAMU.

Equipe mínima com:


a) Dois educadores sociais em período noturno e um educador em período diurno
b) Um psicólogo em período integral
c) Um assistente social em período integral VI. O projeto deve especificar um conjunto
de atividades de caráter ocupacional ou lúdico (esportes, danças, música, literatura,
oficinas de vídeo, jogos, etc).
Leitos em Hospitais Gerais
 Necessidade de ampliação destes serviços;
 Superação da resistência entre os gestores e
profissionais;
 Serviço deve estar articulado à rede de saúde mental;
 A rede deve se oferecer como suporte para
compartilhamento dos casos;
 Necessidade de revisão da normatização
 Nova Portaria SHR-ad (2.842 de 20/09/2010 )
 Normas de Funcionamento e Habilitação dos Serviços
Hospitalares de Referência para a Atenção Integral aos
Usuários de Álcool e outras Drogas – SHR-ad.
Serviços Residenciais Terapêuticos (SRTs)

 Dispositivo essencial para o processo de


desinstitucionalização
 Devem estar localizadas no espaço urbano e atender às
características de uma moradia
 Deve acolher, no máximo 8 pessoas ( no máximo 2 por
quarto) e deve estar articulada a um CAPS
 Acompanhamento de um cuidador para apoiar os
moradores no resgate da autonomia
 Incentivo federal de R$ 10.000 para a montagem de cada
casa
 Custeio por re-alocação de AIHs
Programa de Volta para Casa

 Estratégia potencializadora da emancipação dos usuários


 É fruto de reivindicação histórica do movimento da Reforma
Psiquiátrica
 Foi criado pela Lei Federal 10.708 em 2003
 Auxílio-reabilitação psicossocial de R$ 240,00 mensais, pago
diretamente aos beneficiários
 Destinado a pessoas egressas de longas internações (período
igual ou superior a dois anos)
 Duração de um ano, renovável
 Suspenso quando ocorrer internação em hospital psiquiátrico
ou quando sejam alcançados os objetivos de autonomia do
usuário
Geração de renda e economia solidária

 A política de inclusão social pelo trabalho e geração


de renda é intersetorial e interministerial (MS e
MTE)
 A lógica que fundamenta esta política é da Economia
Solidária baseada nas iniciativas de autogestão,
trabalho coletivo e solidário
 PT 1169/2005
 Lei de Cooperativas Sociais (Brasil-Itália)
 416 iniciativas de (2005-2010)
Situações de risco e definição de prioridades

 Transtornos mentais graves e problemas decorrentes


do uso abusivo de álcool e outras drogas
 Crack
 Violências (doméstica, intrafamiliar, infantil, sexual,
homicídios)
 Suicídios
 Exclusão social (pacientes cronificados em hospitais
psiquiátricos, pessoas em prisão domiciliar, população
em situação de rua, idosos em situação de abandono,
crianças e adolescentes em situação de risco pessoal e
social)
Principais desafios clínico-políticos

 Consolidação do modelo de atenção territorial e da


responsabilização sanitária para a atenção dos
problemas relacionados ao álcool e outras drogas
 Completar implantação dos diversos serviços dentro
de uma lógica ampliada de rede
 Articulação das Redes de Atenção (Saúde da Família,
Saúde Mental, Urgências, Hospital Geral etc)
 Articulação com as redes sociais e intersetoriais
 Prevenção do uso abusivo de álcool e outras drogas,
intervenção precoce e promoção da saúde mental

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