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O mashup (ou bastard pop ou bootleg) é hoje um conceito além da música. Na música passou
a ser um gênero com a inserção de trechos de uma sobre a outra. Mas o manshup também
pode ser aplicado à web, com site que combinam conteúdos de diferentes sites; e no vídeo,
com a fusão de takes de outros vídeos já prontos para formar um novo.
Pouco tempo atrás Stephen Dewaele, do 2ManyDJs, falou que esse já é um formato superado.
Besteira dele dizer isso, porque o mashup se transformou em uma técnica, podendo ser
recorrida a qualquer momento, assim como fazemos filmes em pb em tempos efeitos especiais.
Creio que foi mesmo o dj Danger Mouse quem jogou de forma midiática o conceito para as
pessoas, quando ele irritou a indústria fonográfica mashupando o intocável e venerado Álbum
Branco dos Beatles, gerando o Grey Album, com os vocais do Black Album do rapper Jay-Z.
Foi uma desobediência mercadológica aos olhos dos donos dos diretos autorais.
Mas The Beatles´Love, esse mashup feito pelo Sir George Martin e seu filho Giles, é um
exemplo de como o mercado, que reclama inicialmente daquilo que o apavora, entra em
contradição lá na frente, apropriando-se da técnica em benefício próprio. A indústria é assim:
reclama da pirataria e lança gravador de dvd. Sim, a música eletrônica, ou melhor, os
equipamentos digitais aceleraram essa técnica.
Está aí disponível para quem quer fazer. É uma proposição cyberpunk. Passa pela apropriação
tecnológica, recupera o faça-você-mesmo e ainda desmonta o poder do controle autoral e da
circulação.
O bacana é que artistas como David Bowie vêem o poder pop dos bootlegs. A gente lembra
que ele, após autorizar mashup de suas musicas, promovendo "roubos criativos", ainda deu um
carro de prêmio ao vencedor do concurso, o californiando David Choi, de 18 anos. Mesmo com
a indústria já utilizando o mashup como produto de consumo, ele será sempre desobediência,
anarquia e criatividade, com humor.