LÚCIO DE ARAÚJO
caderno de viagem
JEHASÁ YPÁ REMBE’Y RUPI
kuatiahai guataha
TRÁNSITO AL MARGEN DEL LAGO
cuaderno de viaje
1. a edição
Realização: Claudia Washington e Lúcio de Araújo
Projeto gráfico e desenvolvimento de website: Claudia Washington e Lúcio de Araújo
Tradução e revisão em guarani: Elígio Miranda Ortiz
Tradução e revisão em espanhol: Maria Rosa da Silva Miranda
Revisão em português: Sabrina Lopes e Maikon Kempinski
Os conteúdos e opiniões manifestadas pelos autores em cada texto são de inteira responsibilidade dos mesmos.
Toda produção gráfica, audiovisual e web de Trânsito à Margem do Lago foi realizada com softwares livres.
Página 122: "Em guarani, língua e alma são sinônimos / Quando um povo perde sua língua, perde sua alma"
Páginas 163-170: Montagem a partir de representações gráficas de Wylky Doharâta, xamã da etnia Chamacoco.
Washington, Claudia.
Trânsito à margem do lago : caderno de
viagem = Jehasá ypá rembe'y rupi : kuatia
guataha = Tránsito al margen del lago : cuaderno
de viaje / Claudia Washington, Lúcio de Araújo. -
Curitiba, PR : Edição do autor, 2010. Dados internacionais de
catalogação na publicação
176 p. : il. ; 17 x 23 cm. Bibliotecária responsável:
Mara Rejane Vicente Teixeira
Texto também em espanhol e guarani
Caderno de Viagem
Kuatiahai Guataha
8-10
Cuaderno de Viaje
Claudia Washington e Lúcio de Araújo
Carroça
11
Lauro Spaniol
Homem Cordial
Felipe Prando
21-23
Permacultura e espaços bioconstruídos como forma e possibilidade estética em
propostas coletivas em arte para moradia e obtenção de energia
24-31
Permacultura ha pa’û maba’e porâ teko ikatúva jejapo tekove oñondive
jaguereko hâgua mbarete tekohape
Permacultura y espacios bioconstruidos como forma y posibilidad estética en
propuestas colectivas en arte para la vivienda y aquisición de energía
Janice Martins Sitya Appel Ilustração: Ana Helena Polak
Cartografia aváguarani
Aldeia Tekoha Ocoy
42
Border 43-44
Glerm Soares
A fronteira por um conhecedor extratos da fala de Francisco Amarilla 45-52
Peteî oikuaa porâva teta rembe’y - mombe’upyre Francisco Amarilla
La frontera por un conocedor - extraído del relato de Francisco Amarilla
Lúcio de Araújo e Claudia Washington
Diário de Viagem
Pe Kuatia Guataha
59-116
Diario de Viaje
Claudia Washington e Lúcio de Araújo
GuaraNike 124-125
Goto
Retrato 174
Aldeia Tekoha Añetete
Julinho Nhemboatevy
Caderno de Viagem
TRÂNSITO À MARGEM DO LAGO Durante 30 dias do mês de janeiro de 2010, transitamos pelas margens do
Lago Artificial de Itaipu. O impulso inicial para essa ação surgiu por
percebermos – apesar da proximidade geográfica e da política de
integração dos mercados – uma considerável lacuna entre as culturas
brasileira e paraguaia. Assumimos que pouco conhecíamos sobre esses
universos, e à medida que buscávamos informações compreendíamos que
muitas eram obscuras, superficiais ou deturpadas. Surgia para nós um
abismo chamado “fronteira” e, com ele, a vontade de adentrarmos nessa
realidade.
Estar de passagem foi nossa escolha por ser um modo de operar comum
àquele lugar, uma estratégia de tomada de espaço que desconsidera o
pertencimento enquanto fixação, uma vez que redefine o território a cada
momento e necessita do movimento para existir. Essa atitude frente ao
lugar é um caminho para a reflexão artística dos trânsitos e migrações
contemporâneos como modos de existência.
Água
apesar de sabermos que o interesse
econômico e político sobre o controle dos
acessos aos recursos naturais aludem às
primeiras organizações da sociedade.
Desde o primeiro Fórum Mundial da
Água (1997), em Marrakesh, as
conferências da ONU defendem que a e quem paga?
água seja transformada em um bem
Porém, exemplos de experiências mal sucedidas
econômico; econômico no sentido de
nesse sentido nos mostram como é frágil o
aceitar a lógica do capitalismo neoliberal,
processo pelo qual estamos passando e nos
partindo da idéia de que “apenas a
indica que a luta, através de mobilizações
iniciativa privada teria tecnologia e
sociais, é imprescindível e possível de
capital necessário para gerenciar
realização. Tomemos como exemplo o caso da
adequadamente os recursos hídricos,
cidade de Cochabamba na Bolívia: no final dos
enquanto os governos seriam detentores
anos 90, o Banco Mundial exigiu que o
da propriedade e da infraestrutura
governo privatizasse o sistema de
necessária, possibilitando a todos o acesso
abastecimento da cidade em troca do perdão de
à água”[1].
parte da dívida externa. Em 1999, após um
Além da ONU, a OMC, o Banco Mundial
leilão com apenas um concorrente, a empresa
e o FMI não fazem cerimônia na defesa
estadunidense Bechtel garantiu 40 anos de
da privatização da água. A União
concessão para sua subsidiaria Águas del
Européia, por exemplo, detentora das
Tunari. O aumento de mais de 50% das tarifas
maiores corporações mundiais nesse setor,
privou os mais pobres do acesso à água. O povo
pediu a vários países, entre os quais 50 dos
saiu às ruas, enfrentou a violenta repressão da
mais pobres do mundo, a liberação total
polícia e conseguiu a quebra do contrato e o
dos serviços de saneamento básico, o que
sistema de abastecimento voltou a ser público.
permitiria que empresas vencedoras das
Não podemos nos esquecer que o Brasil
licitações cobrassem pela água. Em troca,
também está inserido nessa realidade, visto que
a cúpula dos governos garantiria alguma
o interesse de empresas privadas pelos recursos
....
abertura para os produtos agrícolas do sul
naturais existentes no país é cada vez maior e
do mundo (GOMES, 2003).
deriva de pressões internas e externas,
colocandose assim em contradição com os
interesses existenciais da maior parte da
população brasileira.
Por Elisa Rodrigues Dassoler
[1] GOMES, Marcel. A reinvenção do futuro: o Fórum de Porto Alegre e a sua mundialização. São Paulo: Boitempo
Editorial, 2005, p.22.
Mavapiko opaga Ypore mba’ erepy 19
Ko’anga opárupi ñomongetahárupi ñahendu upe problema ysyry
rehegua, avei jaikua’a oîha tuicha redito pe pira pire (kuarepotitî)
ñongatupyre ha ojokuáiva umi osambyhyva jarekova yvy apere
he’iva umi teko avaty ñepyrundy.
Upe peteîha “Foro Mundial” Yregua (1997) Marrakech pe
ñomongeta ONU odefende he’ívo y ha’e ha jepota rakate’ý,
takate’ý jahecháramo pe “capitalismo ha neoliberalismo”
ontendeháicha he’iva “umi iplatava amoñepyrû ramo orekota
apopyreko ha viru oraha hâgua tenonde pe tembiapo yregua ha
katu mburuvichakuéra ovichea hâgua mba’e reko tee ha tekotevê,
ikatu hâgua enterove oreko pe y potî ” [1].
Avei ONU, OMC, Banco Mundial ha FMI ndojapoi
ñemomba’eguazú ni ñemo’â pe y jeipe’arâ (ñehepyme’erâ) Unión
Europea, jahechauka ovichea pe tuichave aty oîva yvy apere pe’a
pe tembiapope, ojerure opa tetâme, umiva apytepe oî 50
imboriahuveva ko yvy apeári, ojeheja reite hâgua ichupekuéra
oipuru hâgua pe y potî, ha oganava empresa ojapovaerâ
ogueraha hâgua y ichupekuéra ha upe’í ohepy me’etava avei.
Ñemby’emkovía, umi sambyhyha mbarete oñatendetava
ikatuhâgua oî tembi’urâ chokokue ry’aíre yvy yvyári pe guarâ
(GOMES, 2003).
Upevare, jehechauka mba’éichapa ikangy pe’a pe tembiapo
jehasa vaima vaekue, ohechauka iñimportanteha ñañeha’â, ñañe
mby’aty, ha ikatuha ñamo hu’â upevare ndaikatu’i jaheja takykue.
Jarekomi, jechauka háramo, pe Cochabamba, tava Bolívia pe 1990
paha, upe Banco Mundial ojopy sambyhyharape oipe’a hâgua umi
tavagui pe y ñeme’e ha omyengoviavo ombogue kuenta okapegua
terâ ambu’e tetândiguava. Pe 1999, peteî rematerire oñepresenta
...
peteî ’ete empresa estadunidensegua “Bechtel” omba’apo hâgua
40 arajere. “Águas del Tunari”. Ohupi (50%) a la mitá upe precio
ha heta mboriahu opyta y ýre. Umi tavaygua osê tapere, rutape
oñorairôvo policiandi ha oconsegui amborrecula pe kuati’a
(contrato) ha upéicha ohasa jey pe y ñeme’ê tavapovype.
Ndaikatúi ñande resarái Brasil avei oîha pe’icha avei. Pe “empresa
privada” añemomba’epaseva oîvaguive ñane retâme, ha upéicha
ojopy hyepýpe ha okape. Ñemo’î péicha kuaaýra ñane interé
jarekava brasileroháicha.
20 Mercadería Marca Agua, y ¿quién paga?
El dilema de la privatización de los recursos hídricos en la actualidad es tema
central en diferentes conferencias en todo el mundo, además de saber que el
interés económico y político sobre el control del acceso a los recursos
naturales alude a las primeras organizaciones de la sociedad.
Desde el primer Foro Mundial del agua (1997), en Marrakech, las
conferencias de la ONU defienden que el agua sea transformada en un bien
económico; económico, en el sentido de aceptar la lógica del capitalismo
neoliberal, partiendo de la idea de que “apenas la iniciativa privada tendría
tecnología y capital necesario para gerenciar adecuadamente los recursos
hídricos, mientras los gobiernos serían detectores de la propiedad y de la
infraestructura necesaria, posibilitando a todos el acceso al agua”[1].
Además de la ONU, la OMC, el Banco Mundial y el FMI no hacen ceremonia
en la defensa de la privatización del agua.
La Unión Europea, por ejemplo, detentora de las mayores corporaciones
mundiales en ese sector, pidió a varios países, entre los cuales 50 de los
más pobres del mundo, la liberación total de los servicios de saneamiento
básico, lo que permitiría que empresas vencedoras de las licitaciones
cobraran por el agua. En cambio, la cúpula de los gobiernos garantiría alguna
apertura para los productos agrícolas del Sur del mundo (Gomes, 2003).
Sin embargo, ejemplos de experiencias poco exitosas en ese sentido nos
muestran como es frágil el proceso por el cual estamos pasando y nos indica
que la lucha, a través de movilizaciones sociales, es indispensable y posible
de realización. Tomemos como ejemplo el caso de la ciudad de
Cochabamba, en Bolivia: En los fines de los años 1990, el Banco Mundial
exigió que el gobierno privatizara el sistema de abastecimiento de la ciudad
en cambio del perdón de parte de la deuda externa. En 1999, después de
una subasta con solamente un concurrente, la empresa estadounidense
Bechtel garantizó 40 años de concesión para su subsidiaria Agua del Tunari.
...
El aumento de más de 50% en las tarifas privó a los más pobres al acceso
del agua. El pueblo salió a las calles, enfrentó la violenta represión de la
policía y consiguió la quiebra del contrato. El sistema de abastecimiento
volvió a ser público.
No podemos olvidarnos que Brasil también está inserido en esa realidad. El
interés de empresas privadas por los recursos naturales existentes en el país
es cada vez mayor, resultante de presiones internas y externas, poniéndose
así en contradicción con los intereses existenciales de la mayor parte de la
población brasileña.
. . . J a m e’ eta a ra py p e h o m e m c o rd i a l . H e ko h o rýva ,
i m b o h u p a s e re kova , i p o j e rava , h e ko m a ra n gat ú va
h a’ a n gava pyt a g u a ñ a n e m b o h u p a j ave ñ a n d e’ ýva
a ñ ete o j o g u ava b ra s i l e ro p e , o îg u ete r i h a h e ñ o i va
o h ovo ñ an eypyku e re kove j e i ko , j ah e c h avap e o karagu a
te rá ñ e m o ñ a re . Kat u ete j a p u t a ñ a i m o’ â ra m o
i m a ra n gat u h a h e i s eva “ te ko p o rá ” , te kove re ko . J e’ e
a ñ ete ñ a h e n d u va , te m i a n d u et a ñ a n e m ya n yh eva . Pe
te kove re ko j ato p a o p a m b a’ e j a p o ka py h a’ e i kat u
ñ e ñ a m i m o h e n d a te m b i a p o u ka py. [ ra íze s d o b ra s i l]
Pensar o espaço como morada não é somente
uma visão ampliada da ocupação de um lugar,
como também é forma de deslocamento sobre
possibilidades de excursões em um sistema. Essa
afirmação provém de um pensamento que surge
da percepção do espaço em que vivemos como
um sistema. Pensar a estética como percepção do
espaço em seu sentido mais amplo também faz
parte desse sistema.
O sistema solar segue um desenho em que a
forma de galáxia pode ser ainda mais ampliada
para a coexistência de outros sistemas, outras
galáxias e assim por diante. Em todos os casos, o
espaço se configura como certa ordenação de
energia, ou melhor, um sistema de relações de
energia entre as partes. No caso deste exemplo,
tendo o sistema solar como base de pensamento
sobre a configuração primeira de espaço, temos
o Sol como fonte ordinária de energia a todos os
demais que estão em sua órbita. O sistema é
generoso, dando conta dos planetas e de todo
tipo de vida e não vida que exista sobre esses
lugares. O calor promovido pelo Sol é absorvido
pelos organismos vivos, minerais, vegetais e até
por outros reinos, já que o calor se torna unidade
de cooperação entre os seres desde o início dos
tempos. Dando conotação específica ao Sol,
atribuindo-lhe o sentido de calor e a distribuição
desse sentido como cooperação entre os seres, é
que o calor se distribui e se constitui como
possibilidade de energia para várias aventuras
humanas. Além do Sol, podemos ainda incluir o
vento, as águas, o fogo, entre outros recursos
naturais, como fontes naturais de obtenção de
e n e r gi a .
25
A ênfase está na aplicação criativa de princípios básicos da
natureza, integrando plantas, animais, construções e
pessoas em um ambiente produtivo, com estética e
harmonia. Bioconstrução é o termo utilizado para se referir
às construções em que a preocupação ecológica está
presente desde a concepção até a ocupação. Já na
concepção, as bioconstruções se valem de materiais que não
agridam o ambiente de entorno, pelo contrário: se possível,
reciclam materiais locais, aproveitando resíduos e
minimizando o uso de matéria-prima do ambiente. Todo o
projeto foca o máximo aproveitamento dos recursos
disponíveis com o mínimo de impacto. O trato e
reaproveitamento de rejeitos, coleta de águas pluviais, uso
de fontes de energia renovável e não poluente,
aproveitamento máximo da iluminação natural, em
detrimento da artificial, exemplificam as preocupações
desses projetos. A ocupação também segue a proposta da
responsabilidade ambiental de seus ocupantes.
Muitas dessas propostas estão sendo apresentadas por
coletivos de artistas e de arquitetos para soluções em
energia. Um exemplo é o do coletivo dinamarquês Superflex,
um grupo de artistas que propôs uma estrutura chamada
Biogás para a produção de energia elétrica em uma
comunidade. Em 1996-97, criaram o Supergas, um novo
sistema de biogás. Devido à inovação de um sistema de
compensação de pressão e um novo método de construção e
de design, a tecnologia de biogás pode ser divulgada nos
mercados das áreas rurais e suburbanas em torno do
Equador. O coletivo Superflex também tem colaborado com
engenheiros dinamarqueses e africanos para a construção
de uma unidade simples de biogás portátil que pode
produzir gás suficiente para a cozinha e as necessidades de
iluminação de uma família africana. O sistema foi adaptado
para atender às demandas de eficiência e estilo de um
consumidor africano e destina-se a responder às
necessidades e recursos econômicos que se acredita existir
26
em economias de pequena escala. Outro exemplo é o do artista
Tiravanija, que fundou em 1998, junto a outros artistas, o projeto
27
PERMACULTURA HA PA'Û MAMA'E PORÂ TEKO oñe mbotuicha pajepeva ohovo, jaikua’a
IKATÚVA JEJAPO TEKOVE OÑONDIVE haicha hidroeléctrica (Ysyry), ita kyra, terâ
JAGUEREKO HÂGUA MBARETE TEKOHAPE 28 ambue’e usina. Kô ava mba’e ningo
omuapesa tesarekorâ ha jeguenoherâpe y
Jepy’amongueta tekohare ndaha’ei techa mbarete ñemosarambi hâgua ojupity hâgua
pyso año oîhape p a’ u , ha avei hetape. Pe mboechaucapy vaicha oî porá,
ogueroguatava ikatu m b o’ e ñ emy’ î rupi noiriramo po karé ha pe ñ em o p eteî
ko’âva mba’e ha’â jepy’amongueta osêva oikoteveva pe guarâ. Upe mbo’ereko
remiandugui ñande tekoha ha ñande ha’eteva añete ha moangapyhy ndaha’eirire
mba’eva ko’êre. J agu ero ñ an d uvo avei jajapo ñemonda sâ’ý umi oha’ârotava oipuruvarâ.
mba’e iporâva maymavare. Upe kuarahy Tuichava mbo’ereko omosarambi
ruguái oseguiva galaxiaicha ikatuhina mba’eveteýre ndojupitykái ha omonda umi
tuichapa jepe oîhame ambue mbo’e, terâ omyakava micropolitica kuéra. Oîhame
galaxia ha upéicha ohovo. Ha katu upe pa’û hidroelectrica tuichava ikatu jagueropensa
ojogua pe mbohysýi mbarete, ha peteî avei upe Biogás jareko hâgua mbarete
m b arete’ eta o ñ o n d i ve terâ ambuendive. tendyry mbovyramojepe, ikatu hina óga ha
Ja’ehaicha kurahy ruguái jamboguapy tuguáipe ome’ê pe’ape ka’apa renondepe.
jepy’ambogueta upe pa’û iñepyrumby, Peteî tape ndohupityiva tuichava terâ
jaguereko kuarahype mbarete katuinte michiva mbo’ereko ñeguenohê mbarete ha’e
guava, ha avei oîva pe hapepe. Upe mba’e jerovia upe p erm acu l tu ra rupi p a’ û
katupyry ome’e kuarahyray ha enterotekove b i o co n s tru i d o s arte ha arquitectura ikatu
ha tekoveýva oîva umirupi pe tata opoiva oguerú pe ñemýi ha ñemyatâ ikatuva
kuarahy oipyteva tekove, itapua, ka’avo, ha jeipuru peicha javeramo. Ñemyesakara
ambueteko. Pe ara haku ogueru avei permacultura ha’e peteî método jopara
temime’e ñadeve iñepyrumby guive. ha pe japlaneahãgua, ha jaactualiza yvypora
Kuarahy omosaramby ome’evo pe mbarete mbo’epyrâ ha’eva: yvotyty, tava’i, ogaaty terâ
maymava tekovepe heta ikatu j aj ap o atyguazú opárupi ikatu ñemongakua’a, avei
Kuarahy gui ouva mbarete ñandeve guara. moñoirurâ pirapirerâ ikatutava jahupity.
Avei pe yvytu, y, tata ha jatopava yvyári Upevarâ ñañangarekovaerâ heta mba’e
jaipuru hâgua pe mbareterâ heta oî jatopava yvy ap e ari ha’eva ka’avo,
jaguenohe hâgua mbarete, iporâ ñamoña mymba,yvypora, óga apo, iporâve hâguaicha
ko’âva técnica ha tecnología jahecha py ha py’aguapype. Ko’angarupi ñahendu
puku. Avei pe yvytu, y, tata ha jatopava quebranto ogueru pe fabrica, óga apo jareko
yvyári jaipuru hâgua pe mbareterâ heta oî hâgua iñepyrumbyguive jejapopeve upe
jaguenohe hâgua mbarete, iporâ ñamoña jerespeta pe ñande rekoha ha’eva karai
ko’âva técnica ha tecnología jahecha py ñe’eme: (Preocupación ecológica desde la
puku. Ha’e peicha enterorehe marave bioconstrucción). Upevarâ jeipuru va’erâ
ndoikoi anga terâ ojehekaguive upe ha’erâ ndo mby’aimo’aiva ko teko h a javeve.
tecnologia ñ egu en o h e h âgu a p e m b arete ha Ha katu, jaguerekomivante jaipuru vaerâ
jeipuru porâ. Oguahe peteî je’y pe mbarete umi tembyre ha jaipuru michive pe tekoha
ome’eva ñandeve. Entero umi tembiapo hendukarâ okape Guaíba rembeype Porto
oreko tendonde jeipuru hãgua ikatuva guive Alegre/RS. Ombyaty y pe yvykuape, yvykua
jeperjudikayre ñande tekoha. Upevare 29 ombyvevo ha oñongatu pe Kuarahy rakukué
jaipuru jey umi ñemombomavaykue, ñejunta m b ovym i pe limeta ha mbayru hidráulico
amangyre, jeipuru mbarete ikatuva guiguava jepurupyré. Jepy’a mongueta pe
ñemyengovia yey ha nombyaivai tekoha, bioconstruidos ha permacultura rehe
jeipuruporâ Kuarahy rendy ha jaheja ñamoppo rã arte rupi, mbarete ha tekoha
takykue upe ndaha’eiva, koape avei jahecha pukuveta ñane j ei ko katu porâveta
techaukaha osê tembiaporâ jejapovarâ. yvypora haicha, ha anitei comercio año
Peva enterovepe ñ an e m o h em b i ap o ho’ovo ombovaleva jaheño teko re h a j ei ko ku a’ ap e
enteroiterehe. Heta umi tembiapo ogueru ñande sy guazu yvyndive. Upe arte (i p o râ)
artista ha arquitecto ku éra osolucionahãgua ha’e o m e’ etava tem i an d u , en terove ru p i h a
mbareterâ. Jaguereko mbayruguatá ñ em e’ em b ai teram o ñane ñe’akua guive ha
dinamarquês Superflex, oñepyruva artista teko ko’ ê, ko’ êre, ambotuichave hâgua upe
aty ohenoiva Biogás ojapovo upe energia compromiso ambue porâkua’a yvypora
electrica peteî tava. háicha, o h ech au ka h a o j ap o ku a’ ái ch a. Iporâ
Pe 1996-97 ramo ojapo hikuái “Supergas” pe permacultura ha’e peteî jetopa
peteî mbo’e pyahu biogasguiguava. Upevarâ tembiapokapy ñamoporave hâgua pe ñande
m b o’ e pyah u ha’e novedá ohechauka jeiko, jahaíhuve hâgua ñanderekoha
ikatuha upe tecnologia pyahu b i o gás en tero m b a’ e j ai ku a’ aru p i ve. Ha’e
oñemosarambi oparupi ñemuha ñemegua compromiso pe problemaita renondepe avei
ha tava Ecuadorpe. Pe mbayru guata ogueru pe solución óga aporupi, ha
Superflex, avei umi ingeniero dinamarcagua jeguereko hâgua mbarete, yvypora háicha.
ha africanogua ndive ojapo peteî maquina
michiva oguenoheva gás ikatuva oipuru
cociname terâ ojehesape hâgua peteî
africano roga. Peva ohecharamo ha oadopta PERMACULTURA Y ESPACIOS BIOCONSTRUIDOS
oñatende porâ hâgua africano kuéra COMO FORMA E POSSIBILIDADE ESTÉTICA EN
remikotevê, upeicha avei ojapo pira pire PROPUESTAS COLECTIVAS EN ARTE PARA LA
omo py’a hãgua hêta. Avei artista Tiravanija VIVIENDA Y AQUISICIÓN DE ENERGIA
pe 1998 ramo ambue tapichandi ogueraha
tenonde “The Land” o m b o aty ñ em e’ eva Pensar el espacio como morada no es sólo una
co l ab o raci ó n p e, h a vi ru ó ga ap o râ h a visión amplia de la ocupación de un lugar, como
j egu ereko h âgu a m b arete tavayguakuérape también es una forma de traslado sobre
Tiravanija ha’e upe tembiapo apoha óga posibilidades de excursiones del espacio en
regua iporâ ipu’akatava. Ha ogaieta jejapova que vivimos como un sistema. Pensar la
sobradoári ha igype oñoty arró. Ojevaraja estética como percepción del espacio en un
pe Foro Social Mundial 2005 ramo tembiapo sentido más amplio también hace parte de ese
teko porâve ha pe permacultura je’eha. sistema. El sistema solar sigue un diseño, en el
Upero oñemopyenda ñemonguetarâ, cual, la forma de galaxia puede ser todavía más
ampliada para la coexistencia de otros máxima energía a ser distribuida para el mayor
sistemas, otras galaxias y así en adelante. En número de beneficiarios. El sistema parecería
todo caso, el espacio se conforma ciertamente
como ordenación de energía, o mejor, como un
30 lógico y satisfactorio, si no fuera por el robo de
la autonomía de sus dependientes usuarios.
autonomía
sistema de relaciones de energía entre las Grandes sistemas distribuyen sí un beneficio en
partes. En lo que se refiere a ese ejemplo, larga escala, pero roban la autonomía de aquél
teniendo el sistema solar como base de que instruye la micro política y el dominio del
pensamiento sobre la conformación primera de usuario sobre el sistema. En el lugar de
espacio, tenemos el Sol como fuente ordinaria grandes hidroeléctricas, se puede pensar en las
de energía a todos los demás que están en su posibilidades de biogás para la obtención de
órbita. El sistema es generoso, dando cuenta de energía eléctrica en menor escala, suficiente
los planetas y de todo tipo de vida y no vida que para proveer a familias y casas en menor
exista sobre esos lugares. El calor número, sin embargo, con una relación de
promocionado por el Sol es absorbido por los autonomía de esas familias sobre el recurso.
organismos vivos, minerales, vegetales y hasta Una salida para la desproporción de escala
por otros reinos, ya que el calor se convierte en entre grandes y pequeños sistemas de
unidad de cooperación entre los seres desde el obtención de energía es el incentivo de medidas
comienzo de los tiempos. Dando una basadas en la Permacultura para espacios
connotación específica al Sol, atribuyéndole el bioconstituidos, pues el arte y la arquitectura
sentido de calor y la distribución de ese sentido pueden traer consigo un movimiento de
como cooperación entre los seres, es que el resistencia que torna aplicable la solución para
calor se distribuye y se constituye como este caso. Como definición popular y de
posibilidad de energía para varias aventuras concepto corriente, la Permacultura es un
humanas. método holístico para planificar, actualizar y
Además del Sol, podemos aun incluir el viento, mantener sistemas en escala humana, como
las aguas, el fuego, entre otros recursos jardines, villas, aldeas y comunidades en
naturales, como fuentes naturales de obtención ambientes sustentables, socialmente justos y
de energía. De las posibilidades de energía financieramente viables. La énfasis está en la
surgen diferentes técnicas para su obtención y aplicación creativa de principios básicos de la
con las tecnologías como una mirada naturaleza, integrando plantas, animales,
retrospectiva sobre ellas. Afirmo eso de forma construcciones y personas en un ambiente
genérica, pues no importan el tiempo y la productivo, con estética y armonía.
medida, pero sí el hecho de que la búsqueda Bioconstrucción es el término utilizado para
por técnicas y tecnologías para el dominio de referirse a las construcciones en que la
diferentes formas tecnologías para el dominio preocupación ecológica está presente desde la
de diferentes formas de obtención de energías concepción hasta la ocupación. Ya en la
van tomando megaformas, como en el ejemplo concepción, las bioconstrucciones se valen de
de hidroeléctricas, plataformas de petróleo y materiales que no dañan el ambiente y su
otros tipos de usina. Todas esas formas alrededor, al contrario: si es posible, reciclan
totalizan grandes sistemas, que visan obtener la materiales locales, aprovechando residuos y
minimizando el uso de materia-prima del En ese proyecto, Tiravanija fue el autor de
ambiente. Todo el proyecto enfoca el máximo moradas con estética sustentable, ya que las
aprovechamiento de los recursos disponibles
con el mínimo de impacto. El trato y
31 casas son pequeñas estructuras sobre palafitos
encima de plantaciones de arroz. La discusión
reaprovechamiento de desechos, colecta de sobre espacios bioconstituidos y la estética de
aguas pluviales, uso de fuentes de energía la Permacultura fue uno de los temas fuertes de
renovable y no contaminante, aprovechamiento presentación del Foro Social Mundial 2005. En
máximo de la iluminación natural, en detrimento él, los espacios bioconstruidos fueron definidos
de la artificial, ejemplifican las preocupaciones como estructura tanto para los auditorios de
de esos proyectos. La ocupación también sigue conferencia como para espacios expositivos al
la propuesta de la responsabilidad ambiental de aire libre, dispuestos a la orilla del Guaíba en
sus ocupantes.Muchas de esas propuestas Porto Alegre/RS. Los espacios bioconstruidos
están siendo presentadas por artistas y contaban con cisternas para colecta de agua,
arquitectos para soluciones de la energía. Un pozos ecológicos y captación de energía solar
ejemplo es el del colectivo dinamarqués en pequeña escala a través de estructuras
Superflex, un grupo de artistas que propuso una hechas a partir de botellas pet y caños
estructura llamada Biogás para la producción de hidráulicos reutilizables. Pensar los espacios
energía eléctrica en una comunidad. En 1996- bioconstruidos y Permacultura como formas y
97, crearon el Supergas, un nuevo sistema de posibilidades de estética, en arte, energía y
biogás. Debido a la innovación de un sistema de medio ambiente, amplia nuestra mirada para
compensación de presión y un nuevo método posibilidades de vivienda y supervivencia en
de construcción y de design, la tecnología de escala humana, con sentido no comercial y que
biogás puede ser divulgada en los mercados de valore la autonomía sobre la existencia de un
las áreas campesinas y suburbanas alrededor sistema operativo de vida en armonía con la
de Ecuador. El colectivo Superflex también ha naturaleza. El arte es una posibilidad que da
colaborado con ingenieros dinamarqueses y forma aquél sentido, desde que operada por
africanos para la construcción de una unidad una propuesta colectiva y contributiva,
simple de biogás portátil que se puede producir intrínseca a la vida y al cotidiano, ampliando así
gas suficiente para la cocina y las necesidades sus límites de actuación y comprometimiento
de iluminación de una familia africana. El con otras áreas del conocimiento humano, de la
sistema fue adaptado para atender a las expresión y creatividad. La estética de la
demandas de eficiencia y estilo del consumidor Permacultura es la discusión a raíz de
africano y se destina a responder a las proyectos en arte colectivo para espacios
necesidades y recursos económicos que se bioconstruidos, aumentan nuestra visión de
acredita existir en economías de pequeña transdisciplinariedad entre diferentes áreas y
escala. Otro ejemplo es el del artista Tiravanija, retoman nuestro compromiso con el arte y la
que fundó en 1998, junto a otros artistas, el vida delante de cuestiones que indican
proyecto The Land, que reúne acciones soluciones para vivienda y obtención de
cooperativas y colectivas para vivienda y energía, aun en escala humana.
obtención de energía natural para la comunidad.
32 Algum tempo atrás recebemos uma mensagem via
uma lista de discussão cujo conteúdo havia a
indicação para um vídeo[1] sobre o processo
de criação de um gerador de energia
artesanal.
ALTERNATIVA
"LIMPADORA"
Intitulado Gerador P2RCA, foi elaborado com
imãs retirados de Hds estragados e bobinas de
fio de cobre, montados em um compensado
circular fixado sobre uma roda de bicicleta,
o armazenamento de energia se dava através de
baterias de no-break. Dias depois um segundo
ENERGIA
gerador
vídeo abordava o processo de instalação desse
mesmo gerador na reserva Canhambora,
localizada no Alto do Ribeira, interior do
P2RCA
Estado de São Paulo. Procuramos então nos
informar sobre esse processo, conhecer as
pessoas envolvidas e detalhes sobre a
montagem do gerador. Logo descobrimos que
dois dos responsáveis pela pesquisa eram
Peetssa e Mauro Souza, entramos em contato
com eles e obtivemos a seguinte resposta,
aqui compartilhada em um texto levemente
adaptado para esta publicação.
...
Extratos da fala de Francisco Amarilla no encontro
do dia 5 de janeiro de 2010 em Foz do Iguaçu.
...
Em 1903, quando levantaram o marco das dividiria o Estado do Paraná da Argentina.
três fronteiras, o sargento José Maria de Desse fato nasceu a tríplice fronteira que
Brito fez o primeiro acordo internacional e conhecemos hoje. Até então se falava o
determinou um mapa de onde seria a guarani, a moeda ainda era o guarani. Era
fronteira. A região do Rio Paraná dividiria um lugar comandado pelos paraguaios,
o Brasil do Paraguai, e o Rio Iguaçu onde hasteava‐se a bandeira paraguaia.
45
Esses dias fui visitar os Aché; o cacique vestia muito ao seu cantinho, ainda mais um povo
uma camiseta dos Rolling Stones, um relógio de 5.200 anos, sentiram muito de ter que
suíço, meias Adidas e chinelos Havaianas, abandonar seus cemitérios. Até o
um show, cinco culturas num só homem, um alagamento, a comunidade Acaray era da
indígena.
... mesma tribo que havia em Foz do Iguaçu.
Viviam nas margens do Rio Paraná,
Chama‐se de índio uma pessoa porque atravessavam de canoa para visitar seus
nasceu no mato; a meu ver é uma palavra parentes. Quando a água começou a subir,
equivocada, pois são na realidade nativos. disseram a eles: “Vocês vão ter que sair, pois
Hoje nós podemos chamar de comunidade, a água vai chegar até aqui”.
em vez de aldeia indígena. Inclusive chamá‐ Foi como um despejo. Então levaram essas
los de "indiarada" é uma forma muito baixa pessoas para uma comunidade em Diamante
para eles, soa como gentalha, pessoas com d'Oeste chamada Tekoha Añetete, que,
quem não se deve se juntar. Os Guarani não entre aspas em negrito e vermelho, significa
são gente de contar histórias, são de “moradia de verdade”. Há parentes que são
responder perguntas, e há uma série de da mesma comunidade e que jamais se
perguntas que não adianta fazer a eles, visitaram. O lago dividiu o povo, gerou um
simplesmente porque não irão responder, problema, tornaram‐se os guarani‐
por exemplo: “Como se faz um parto ou um paraguaios e os guarani‐ brasileiros; isso não
enterro?”. Você tem que ver ou vivenciar se existe. Índio é índio, onde ele pisar é a terra
quiser saber.
... dele. Apesar de hoje em dia quase todos
falarem o espanhol ou o português, não
O que mais me marcou na época da adianta chamar um indígena de paraguaio
construção de Itaipu, além da vinda das ou brasileiro, porque eles respondem: “Eu
máquinas e turbinas, foi como as pessoas sou Guarani. Nós somos Guarani, os
foram sendo retiradas de seus lugares com o paraguaios e brasileiros vieram depois". Os
crescimento do lago. Esse acontecimento Guarani, por serem receptivos, sofreram
trouxe o progresso e Itaipu exerce uma muito nas mãos dos jesuítas, bandeirantes e
influência muito grande em toda essa região. colonizadores. Eram conhecedores da
Inclusive nas comunidades indígenas, onde região, de toda a América Latina. Sabiam
interfere. O povo indígena perdeu boa parte onde estavam o ouro, os metais, só não
de suas terras, a água invadiu suas áreas; sabiam exatamente o que eram. Sofreram e
essa pode ser considerada a parte mais triste sofrem muito até hoje. Antes eram nômades;
dessa história, pois os Guarani se apegam hoje, pelo fato de não haver mais território
46
para andar, são seminômades. Mesmo assim sobrevivência mesmo. Esses dias viajei para
se mudam constantemente, levantam uma o sul do Paraguai. Cheguei em uma
casa aqui e, três a quatro meses depois, a comunidade e o cacique estava muito doente
casa está ali ou lá na frente. Eles sentem e lembro de seu depoimento: "Como eu
necessidade de sair do mesmo ponto inicial. queria ir para o mato", então eu disse: "Mas
Como não há mais para onde irem, vão você está tão doente, por que quer ir para o
dando volta. Essa necessidade faz parte da mato?" e ele me respondeu: "Porque no mato
espiritualidade deles. tem a cura". E sabe a quantos quilômetros se
... encontrava a mata mais próxima? 35
Tudo isso aqui se chamava Nação Guarani. O quilômetros. Entrar na mata cura dor de
mais curioso – e não sei se os índios Guarani cabeça, cansaço, medo, enfim, a mata tem a
tinham conhecimento ou é coincidência – é cura deles, mas hoje não tem mais. Se
que o Aquífero Guarani está localizado oferecer 35 hectares de terra batida ou 100
...
exatamente embaixo do território guarani. metros quadrados de mato a um índio, sabe
qual deles ele vai escolher? O mato; tudo de
Os europeus ficaram sabendo que essa que eles precisam está no mato. Mas não
região era muito rica em prata e ouro, então está sobrando mais nada, se você sobrevoar
enviaram "espiões" para fazerem o Guaíra até Posadas ou Encarnación, não há
levantamento completo da região. Fizeram
uma pesquisa completa sobre a cultura
mais mata.
...
guarani. Souberam no que eles acreditavam, Hoje, em Foz do Iguaçu, há em torno de 38
seus deuses etc.; e em cima desse laudo favelas, numa cidade de aproximadamente
criaram a chamada Companhia de Jesus. Os 320 mil habitantes. Quase todas as favelas
jesuítas vieram para evangelizar, chegaram foram geradas com a construção de Itaipu,
com toque de flauta e ravé, foi um choque esse é o lado negativo do progresso. Muitas
cultural do dia pra noite. Mas como seria pessoas vieram pensando que aqui era o
difícil dominar os índios em plena selva, Eldorado, que iriam conseguir trabalho e
construíram as chamadas “reduções”, para ganhar muito dinheiro. Grande parte foi
onde levavam índios de toda parte e que,
literalmente, reduziam cinco a seis tribos em
parar nas favelas.
...
um só lugar.
... Aqui é uma babilônia, está tudo misturado,
aqui ninguém fala bem o espanhol, nem o
Antigamente, a maior alegria de um índio português ou o guarani, falam tudo
era uma boa caça, sair para o mato e trazer a misturado. É o charme da fronteira.
anta ou o porco‐do‐mato, suas carnes
prediletas. Hoje, se alguém perguntar para o
cacique qual sua maior alegria, ele vai
responder "estar vivo", trata‐se de
47
Peteîˆ oikuaa porâva
,
ˆ teta jaikuava ko anga. Uperamo oñeñe’ê
rembe y guaraní, pe viru ha’egueteri kuri guaraní.
Mombe’upyre Francisco Amarilla pe jotopa po Upe tenda oñangareko vaekue paraguayo
ára pe jasyteî 2010 Foz do Iguaçu pe. kuera, ojehupi pe ñane reta poyvi Paraguay.
...
Jajevy 1995 pe, Che ru oreko kuri peteî yvy
Paraguay pe aguîete Villarricagui, oñepyru Upe kaaguy tuvichava Che ru ogueropensa
ñehendú pe yvyro rasa apo Brasil ha oñangarekovo, oikuaa, oñongatu umi yvyra
Paraguay ndi. Upepe heñóita peteî tava, kuera, jeheja tokakuaa, upevare ko che
peteî ñemuha tuvichava haeva ko ânga hegui oiko tekoha ñangarekoha. Akakuaa
Ciudad del Este; uperamo guarê heravakue aikuapype umi tenda, tavaeta avakuera,
Puerto Flor de Lis, tera oñemyenkoviava pe ysyry. Che ru ndaha’ei sambyhyha, katu
poatâ ronguare Puerto Stroessner. Upepe ha’e oikuaa porâva. Ha’e rupi, aprende
ou pe ñemongueta jeiko hâgua Alto antende pe kaaguy ñane mbo’eva.
Paranáme. Che ru opensa: “Ñavende umi Ko’a ára rupi aha ambohupa umi Achepe;
poteî pa hectárea pe yvy ha jaha amo pe cacique omonde camiseta Rolling
yrembe’yvo”. Ohepyme’ê poteîpa hectárea Stones, peteî relo suizo, pyao Adida ha
popa posu guaraní, ko ãnga guarã ni zapatilla Havaiana, peteî yopara, po cultura
Paraguaîpe nde repagai pasaje pevare. peteî tapicha ava rehe.
Oguahêvove ape oñandu pa hectárea yvy ...
ovaleva pokôi pasu guaraní. Pe pira pire
pateî pa nome’êi jepaga hâgua pa. Opaga Ojehero ava peteî tapichape heñói haguere
kuri yrundy su guaraní papapyre ha kaaguype; che ahechavaí ojepuru vai pe’a
hepyme’ê hembyre pa ary, opyta hâgua pe ñe’ê, añetehape ha’e kuera ha’e ypygua.
papo su ivolsillope, upea pe 1957. Che ru ou Ko ânga ñande ikatu ñahenói tavaygua ha
ojapo hâgua pe yvyro rasa. Che aju ape po anive indio raity (tava ypygua) oî ohenóiva
ary, uperamo naipori gueteri tava, yvy ijara “indioeta” ivaietemi peicha ja’e
ynva, ore ha’e umi oguahe ypy vaekue ko ichupekuéra, hyapu ichupekuera mbya,
arupi. Ndojekuaaiva moopa opa Paraguay tapicha ikatuyva ñane aty hendie.Umi
ha oñepyrû Argentina terâ Brasil. guarani nguera ndaha’ei omombe’uva
... tekovekue, no mbohovaiva ñeporandúpe,
ha oî heta ñeporandú nderejapóivaerâ voi
Pe 1903, oñemopu’â pe mbohapy rembe’y, ichupekuera, nomohovai mo’ai: “Mba’eicha
sargento José Maria de Brito ojapo kuri jejapo membyrâ terâ ñeñoty?”. Nde
peteîha ñembopy’a peteî tetâpavêgua ha rehechavaerâ terâ rehasavaerâ
omoî pe mapape mamo guivepa pe reikuaaséramo.
rembe’y. Pe tenda Ysyry Paraná omboja’ota ...
Brasil Paraguay gui, ha pe Ysyry Iguaçu
omboja’ota pe Tava Paraná Argentina gui. Pe Itaipú jejapo ronguare che mandu’a,
Pe’âvagui heñói pe mbohapy rembe’y ouramo umi maquinaita ha pe turbina
48
nguera, jahecha umi tapicha ojeipe’a heko py’inte, omopu’â ko’ápe peteî óga ha,
hagui upe y oñemyenyhevo. Âva oikovaekue mbohapy terâ irundy jasyho rire, pe óga oî
ogueru ñekarapu’â ha Itaipú Pepe terâ amo tenonde. Hikuái oñandu
oñemombarete tuicha upérupi. Avei umi tekotevê osê pe oî ypy haguegui. Nda
tava ava oîhame, upepe omo ambueva. Pe iporiveimaramo mamopa ohovo, ojere pe
tava ava kuera ningo ojeipe’a ichugui kuera oikohare. Pe tekotevê ha’e heko ánga
tuvicha yvy, pe y omyanyhe oparupi, umiva porâva hikuái.
la itriste etereiva ojehasavaykue, umi ...
Guaraní nguera ohayhuimi hekoha, peteî
tava 5200 ary ma oî hague, hasy asy Entero âva mba’e ko ápe ojeherova Tava
ichupekuera oheja pe tyvyty. Pe ysyrysê, Guaraní. Igustomí ningo – ndaikuáai umi
tava Acaray ha’e pe tribu oîva avei Foz do ava Guaraní nguera pa oikuaa o terâ
Iguaçu pe. Oikovéva pe Ysyry Paraná okoincidi – ha pe yrape Guaraní oî ko
rembe’yre, ohasava kanoame ombohupavo tenda guaraní guype.
ipehengue kuerape. Upe y oñepyrû ojupi, ...
he’i hikuái: “Pe’ê peseta mante, pe y
oguaheta apeve”. Ha’ete peteî ñemosê. Umi europeo opyta oikuapente oîha árupi
Upevare ogueraha umi tapichape peteî tava heta kuarepotî ha itaju, upéi ombo’u
Diamante d’Oeste heropy Tekoha Añetete, “pyrague” omombe’u hâgua mba’epa oî
he’iseva “tekoha añetete”. Oî pehengue upepe. Ojapo hikuái peteî japyteka pe
ha’eva pe tava pegua avéi ha ndojohechaiva guaraní reko oikuaamive hâgua hikuái.
upe ára peve. Pe y omboja’o pe tava, Oikuaa mba’epa oguerovia hikuái,
ogueru peteî problema, ojevy guaraní- iñandejara, etc. Ha péa ári ojapo hikuái pe
paraguayo ha umi guaraní-brasilero; umiba compañía de Jesús. Umi jesuita ou
ndaipóri. Ava ha’e ava, opyruhame ha’e pe oevangelizavo, oguahê ombopu mimby ha
yvy imba’e. Ko angarupi haime entero oñe’ê rabel, peteî ñombotá porâ pyhare ko’eme.
karai ñe’ême terâ portugués, ndaikatui Hasyetemita osamyhy umi avape kaaguype,
ñehenói indígena pe paraguayo o brasilero, ojapo hikuái pe “avakuéra ñembyaty”,
he’í ha’ekuera: “Che ha’e Guaraní. Ore ha’e upepe ogueraha ava oparupiguá, otavy’o po
Guaraní, umi paraguayo ha brasilero ou tera poteî tribu peteî tendape.
uperire”. Umi Guaraní imba’e porá rupi, ...
ohasa asy umi jesuíta, bandeirante ha
colonizador poguype. Hikuái oikuaa porá Miami, vy’a tuvichavéva peteî avape ha’e
umírupi, América Latina tuvicha kuejave. ojucaramo vicho, osêvo pe kaaguype ha
Oikuaa mamópa oî itaju, kuarepotinguera, ogueru peteî guasu ha kuré kaaguy, âva
ndoikuaainte mba’epa âva ra’e. Ohasa asy ro’o ho’usemi. Ko anga, maymava
vaekue ha gueteri ko anga peve. Ymami oporandurámo caciquepe mba’epa pe
ndopyta arei mamove; ko anga guarâ nda ombovy’avéva chupe?, ha’e heita “aikove
iporivéima yvy oiko hâgua, opyta ha ndo gueteri”, añete hape jeikove. Umi árape aha
pytáipe oiko hikuái. Upeicha Omo ambu’e pe yvýgotyo Paraguaype. Aguahê peteî
49
tavape ha pe cacique asyete ha che la frontera por un
mandu’a pe ñe’êre: “Ahasetepa pe conocedor
kaaguype”, che ha’e chupe: “mba’eichaiko Extraído del relato de Francisco Amarilla en el
rehota nderasy ningo, maerâiko rehosê pe encuentro del día 5 de enero de 2010 em Foz
kaaguype? ha’e he’i cheve: “Pe kaaguype oî do Iguaçu.
pe pohâ”. Ha eikua pico mboy kilometro oî
pe kaaguy hi’âguivéva? mbohapy pa po Volvamos a 1995, mi padre tenía un terreno en
kilometro. Reike ramo kaaguype ohasa akâ Paraguay cerca de Villarrica, cuando surgió un
rasy, kane’ô, kyhyje, entero mba’e pe comentario sobre la construcción de un puente
kaaguy oreko pohâ, ko ánga ndorekoveima. entre el Brasil y el Paraguay. Allá nacería una
Ojekuâve’ê mbohapy pa po hectárea yvy ciudad, un gran centro comercial que hoy es
jeporupyre tera su metro cuadro kaaguy Ciudad del Este; en la época se llamaba
ava pe guara, Reikua pico mavapa Puerto Flor de Lis, nombre alterado en la
oiporavota pe ava? Pe kaaguy; entero umi dictadura para Puerto Stroessner. Viene
hemirekotevê oî kaaguype. Na entonces la idea de vivir en Alto Paraná. Mi
hembyveiteko mba’eve, nde revevéramo padre pensó: “Venderemos esas 60 hectáreas
pepo atâme Guaíra ári Posada terâ de tierra y vamos allá para la frontera”. Vendió
Encarnación ári, ndaipóriveima kaaguy. 60 hectáreas por 55 mil guaraníes, que hoy
... con eso no paga un pasaje hasta Asunción.
Cuando llegó aquí percibió que 10 hectáreas
Ko anga, Foz do Iguaçu, oî mbohapy pa de tierra costaban 70 mil guaraníes. El dinero
poapy tavai mboriahu, peteî tava oîhame de 60 no dio para pagar 10. Pagó 40 mil
320 su yvypóra. Haime entero umi guaraníes al contado y financió el resto en 10
mboriahu ou pe Itaipu jejapo rupi, âva años, para quedar con 15 mil en el bolsillo, eso
mba’e vaí ogueru pe ñekarapu’â. Heta en 1957. Mi papá vino para construir el puente.
tapicha oimo’â ape ra’e El Dorado, Yo llegué aquí con 5 años, prácticamente no
okonseguitaha komchavo ha oganata heta había ciudad todavía, era tierra de nadie,
pira piré. Heta ohova opyta umi tavai fuimos una de las primeras familias en llegar
mboriahupe. Ape ha’e pe apañuái, en ese lugar. No se sabía dónde terminaba
imbatarapaite ko ápe, ápe avave no ñe’ê Paraguay y comenzaba Argentina o Brasil.
porâi karai ñe’ê, ni portugue ha guaraní, ...
oñe’ê joparapaite. Péa ha’e porombohorýva
pe tetârembe’yre. En 1903, cuando levantaron el marco de las
tres fronteras, el sargento José María de Brito
hizo el primer acuerdo internacional y
Moacir Ferreira
profissional das Artes Cênicas foi a A experiência foi ótima.
interpretação no espetáculo A Matita, uma Levamos arte para
aventura orgânica, produzido pela Linha comunidades e crianças que
Ecológica de Itaipu. O espetáculo tem jamais haviam visto um
54 concepção cênica da Fátima Ortiz e foi
escrito pela Fabra Morata. O espetáculo foi
espetáculo de teatro. Os
seres mágicos ali presentes
apresentado por três grupos para as narravam princípios de
escolas de 16 municípios. Eu fazia a Educação Ambiental e a
primeira das várias turnês pelas pequenas arte cumpria sua função: a
cidades, que juntas colaboram para a reflexão. Plim!
geração de 20% da energia demandada
pelo País, gerada pela usina de Itaipu.
59
Sobre o lago artificial de Itaipu percebemos padronizada das residências, com estrutura
a dimensão noturna do monumento. Após do telhado abaulada como galpões. Em sua
sobrevoarmos quase toda extensão do origem, uma mesma construção dividia‐se
Paraná sob lua cheia chegamos em Foz do em cruz, o que permitia abrigar até quatro
Iguaçu no início da madrugada. Já na casa famílias. Pouco a pouco estas construções
de Juca conversamos por horas a respeito se singularizam pelas ocupações e suas
de nossas intenções de deriva e histórias. Entramos em um bar, lá estavam
rememoramos o encontro de um ano atrás. Tekão, Juca, Gealmir, Aguirras e sua esposa,
Juca vive com Teresa, dois filhos e seus pais. todos moradores da vila desde a década de
Seu Zé, pai de Juca, descreve um recente 70. Passamos cerca de quatro horas
episódio de perseguição policial, seu desejo ouvindo suas histórias. A infância, o banho
é não estar ali, pois a cidade é perigosa e em água dourada, "Foz do Iguaçu não era
bandido não perdoa. A procura de um hotel nada", a construção de Itaipu, o caminhão
conhecemos Luis, um chileno que vive a pipa, o caminhão ‘pega‐corno’, a valeta de 5
doze anos no Brasil. Tem vontade de metros de profundidade que isolava a vila, a
trabalhar com conscientização ambiental e façanha da colheita de alface e o caminho
contra o tráfico de animais silvestres, quer para casa, as canções, mágicas e pinturas, a
instruir as pessoas que possuem animais na receita de sabão que a vila inteira faz e que
zona urbana, citou como exemplo os cavalos causa coceira, a colher gigante entalhada
sem ferradura que andam sobre o asfalto em Caqui Chocolate e a intoxicação nas
quente. De volta à casa de Juca iniciava‐se o plantações do Paraguai. Na volta passamos
filme "Em busca da Felicidade" pelas torres de alta tensão que partem da
acompanhado por rodadas de tomate, usina de Acaray localizada no Paraguai. Vila
queijo e salame argentinos. Entre outros C apesar de ter surgido devido a Itaipu é
papos a novidade: Teresa vai à China. No alimentada por energia paraguaia, dizem
fim do dia, já no hotel, a porta do guarda‐ seus moradores ser a energia mais cara do
roupas revelou uma antiga notação: Brasil. Integração para o desenvolvimento.
"Estivemos passando a pasqua de 98 em
indigenismo e fino humor. Seus familiares
foram pioneiros em Ciudad del Este. Fizera a Acordamos cedo em São Miguel, Fátima nos
pouco tempo atrás uma deriva pelo extremo levou até Sadi, pescador da região, antes
sul do Paraguai, um recôndito lugar onde disso foi agricultor e comerciante. Quando
conheceu uma senhora que não conhece chegamos estava rodeado por três cães e
abridor de latas. colhia tomates‐cereja, nos recebeu sorrindo.
Comentou suas façanhas com os peixes:
suas transformações, prevalece o relato
oficial dos fatos históricos. Hoje o lugar tem Partimos para Diamante D’oeste na
pouco mais de um terço da população que intenção de visitar a comunidade guarani
tinha no início dos anos 80, findou‐se Tekoha Añetete. Na busca por informação
qualquer tradição possível e os elos com o sobre uma parada de ônibus conhecemos
passado foram perdidos. Natan exemplifica: Cândida, uma senhora cheia de histórias
o nome da cidade é Santa Helena, mas seu tristes sobre terras, grilagens, mortes e
padroeiro é Santo Antônio, seu monumento solidão. Seu desejo era vender tudo e ir para
é um Cristo, suas calçadas são em petit‐ outro lugar, estava com problemas de saúde
pavê como na capital, importa modelos e necessitava de uma intervenção cirúrgica.
urbanísticos ingleses ou italianos e sua O conflito por causa de terras é marcante
comida típica é o costelão gaúcho. Uma das no Oeste do Paraná. Andamos pouco mais
diversões da cidade é o trenzinho, que apita de um quilômetro e chegamos a um posto
pra lá e pra cá. Natan comentou também na beira da estrada, lá conhecemos Djane e
sobre a desarticulação, as necessidades e Marcelo. Nos ajudaram com informações de
dependências, a simulação de grupos horários de ônibus e contatos de Diamante
organizados, o vale tudo pela perpetuação D’oeste. Marcelo pouco circula pela cidade, o
do poder, a rotação pelos partidos políticos, comércio o prende em seu local de trabalho.
a depressão, o ressentimento e a solidão, a Na parada de ônibus conhecemos José,
luta do negro e a Coluna Prestes. mineiro de 65 anos, atualmente agricultor,
Na casa de câmbio trocamos reais por mas disse que já havia feito de tudo,
guaranis e conhecemos Gustavo, que inclusive trabalhado como barrageiro em
desenhou em um pedaço de papel a Itaipu. Mora em Vila Bonita, veio para o sul
travessia de balsa de Santa Helena até "caçar miora". Sua recordação de Itaipu foi
Porto Índio e Sangafunda, portos do através de movimentos corporais, os
Paraguai. Seu pai vive por lá. necessários para que os barrageiros não se
Sandra nos recebeu no escritório de seu acidentassem no momento em que os
marido, ela trabalha no fomento ao turismo, caminhões despejavam concreto na
falou sobre pessoas, lugares e fatos construção. "Morreu muita gente naquele
históricos como a Coluna Prestes na Ponte lugar" afirmou José, sua feição transpareceu
Queimada. a recordação e complementou: "Ser
Tarde chuvosa, permanecemos debaixo de barrageiro é muito perigoso".
um toldo retratando situações molhadas. Em Diamante D’oeste enquanto
Andamos até o porto e nos informamos dos esperávamos uma carona até a aldeia
68
visitamos uma rádio comunitária. Lá rádio para conhecer Nésio, um ex‐bailarino
conhecemos Elisângela, uma jovem que organiza as atividades culturais da
locutora. Para ela seu momento mais triste cidade e trabalha como comunicador.
foi a despedida da rádio uma vez que Comentou sobre o episódio que ocorreu no
decidiu morar em outra cidade. De volta à Paraguai tempos atrás, quando um
prefeitura Leomar nos levou a aldeia Tekoha fazendeiro em seu avião despejou veneno
Añetete a doze quilômetros da cidade. nos campesinos que ocuparam algumas
Leomar trabalha na prefeitura e é estudante terras. No ponto de ônibus, batemos papo
de história, antes disso era caminhoneiro, com alguns motoristas, falou‐se da
profissão que possibilitou conhecer muitos importância de se ter educação e de
lugares. A paisagem montanhosa de episódios de gente que se deu mal por não
Diamante D’oeste difere muito dos fazer uso dela.
municípios e comunidades que visitamos
nos dias anteriores, Leomar conhecia cada
canto. Em Santa Helena minutos depois de
Ao chegarmos na aldeia, entramos na passarmos pelo procedimento padrão da
escola Kuaa mbo'e (Saber ensinar). Lá havia Polícia e Receita Federal estávamos em
uma grande roda com vários caciques e cima da balsa "Oro y Plata" a caminho de
alguns membros de instituições como Puerto Indio, a bordo mais alguns
Itaipu, Funasa e prefeitura. Como é de caminhoneiros em busca de milho e soja.
costume nas aldeias conversamos com o Durante a travessia um bosque de árvores
cacique afim de obter a permissão para mortas, fruto da inundação. Em Puerto
acompanhar a reunião, o que não foi Indio fomos recebidos por Steban, Carlos,
possível. O cacique Mário nos disse que se Francisco e Gustavo. Atenciosos, nos
tratava de uma reunião fechada aos informaram como transitar pela região.
organizadores do encontro, nos explicou que Depois de uns tantos tererês, Francisco,
existem certos grupos contrários a administrador do porto, nos convidou para
organização dos Guarani e por isso almoçar com seus amigos campesinos –
precisam se precaver. Disse também que Sara, Pedro, Victor e mais umas crianças.
poderíamos conhecer a aldeia e em outra Conhecemos um típico "almuerzo
oportunidade nos receberia com prazer. paraguayo": mandioca cozida sem sal,
Mário é irmão de Daniel, cacique de Tekoha ensopado de poroto e carne, como
Ocoy. Em uma das casas da comunidade sobremesa manga e melancia.
avistamos um grande desenho na parede Sara é estudante de engenharia ambiental
feito por Julinho Nhemboatevy, sua e gosta de cartografia, utiliza esse tipo de
inspiração foi um desenho animado no representação para visualizar e denunciar
estilo mangá que nos pareceu mais um problemas ambientais como a diminuição
auto‐retrato. de nascentes d’água, áreas florestais e o
De volta ao centro de Diamante D'oeste nos crescimento da monocultura no Paraguai.
despedimos de Leomar e retornamos a Pedro luta por se manter no campo, para ele
70
terra não é mercadoria, é contra o uso de pela estrada de terra é uma casa bastante
agrotóxicos e a monocultura, se vê ilhado limpa. Fomos até o mercadinho de seu
pela vastidão de soja transgênica ao redor irmão Américo, sua esposa era uma das
de onde vive. Victor estava quebrando o piso pioneiras do lugar. Ambos comentaram
do galpão a duras marteladas, preparava o sobre as dificuldades de viver no local, o
espaço para receber uma ordenhadora. analfabetismo, o passado: "General Días era
Havia estudado plantas medicinais, o que tudo mato".
ajuda em muito a comunidade, pois não há Em Mbacarayu conhecemos o fazendeiro
atendimento médico fácil na região. O local Mário e seus filhos Ademir e Walmor. Mário
pertence a associação de campesinos e lá é um "grande proprietário" de terras da
funciona uma rádio. Gustavo precisava região, açougueiro e também dono do
comprar gelo e buscar as chuteiras e o mercado. Contou sobre sua vinda do
uniforme do seu time. Na região há um interior do Paraná àquelas terras, da perda
campeonado onde participam nove equipes dos primeiros 70 hectares que comprou com
locais, no último ano o time de Gustavo foi sua família porque caiu em um golpe da
campeão, o "Shealsea" de Puerto Indio. Nos colonizadora. Comentou também do
levou de volta ao porto onde esperamos por trabalho que teve para criar os quatro filhos,
uma carona até General Días, lá teríamos do fim da agricultura de subsistência, do
onde dormir. João é um caminhoneiro que sonho da mecanização e da realização
atravessa frequentemente a fronteira em financeira – sempre gostou de números – ,
busca de grãos, nos levou até nosso destino. do isolamento em relação aos paraguaios e
Nas duas margens da estrada uma do êxodo – somente no último mês quatro
imensidão de soja, vez ou outra avistamos famílias haviam partido de Mbaracayu.
algum cilo, uma entediante paisagem. Aguardamos até o início da tarde para
Descemos em frente a lanchonete do visitar a Casa de Cultura, lá conhecemos
Lourival, nos fundos haviam quartos para Nidia, uma das poucas paraguaias do lugar.
hospedagem. Com a voz mansa e em Com seu temperamento calmo nos mostrou
português Lourival nos encaminhou ao alguns livros de estatística e de poesias em
último quarto vago. No final do dia demos guarani, coisa rara em meio a tantos livros
uma pequena volta pelas ruas de General em português. Nos falou sobre a morte de
Días, uma comunidade de sua mãe e de seu retorno à Mbaracayu para
aproximadamente 600 habitantes, quase ficar perto do pai.
todos brasileiros. Walmor e Mário nos deram uma carona até
San Alberto. No caminho perguntamos
cidade Brasiguaia e Colorada. Ainda deu
tempo para deixarmos nossas roupas sujas
numa lavanderia algumas quadras do hotel. À tarde, fomos de táxi comunitário até Salto
del Guairá, com quatro passageiros no
banco de trás, três na frente e um no porta‐
Em busca de um mapa da região, entramos malas. Em Salto del Guairá, no domingo, os
em uma escola. Lá conhecemos Amancio, mais jovens desfilam com suas motos pela
que nos falou da influência do Lago de avenida principal. Na rua do porto acontecia
Itaipu e de sua pesquisa sobre questões uma alegre festa paraguaia ao som de uma
culturais e ambientais na região de San banda tradicional – todo mundo dançou. De
Alberto. Em sua casa, tivemos um bom manhã, partimos em direção a Guaíra.
exemplo da mistura das culturas: a esposa Durante a travessia, passamos sobre as
Gracinda é brasileira; a filha Beatriz, Sete Quedas. Já em solo brasileiro, fomos
paraguaia. Embora falem muito bem os três até a Casa do Artesão, onde conhecemos
idiomas, Amancio e Gracinda conversam Margarida – segundo ela, os habitantes de
entre si em guarani; Beatriz prefere falar Guaíra sentem a perda das quedas do Rio
com o pai em castelhano; já entre elas a Paraná, provocada pela formação do Lago
comunicação é em português. No farto de Itaipu.
almoço, acompanhado de um bom vinho No dia seguinte, encontramo‐nos com Ana,
argentino, houve uma bela salada de que trouxe uma sacola cheia de
idiomas. Amancio nos levou até a próxima personagens lendários de Guaíra, pequenos
cidade. bonecos feitos com palha de milho. À
durante quatorze anos reflorestou uma ilha.
Estudioso, possui uma vasta produção em Chegamos a Marechal Cândido Rondon no
entalhe, escultura e cerâmica baseada na início da tarde. No caminho à casa de Marly,
cultura guarani e no cristianismo. Com um caiu uma pancada de chuva. Em busca de
português truncado – viveu muitos anos na abrigo, entramos em um armazém de
Europa –, falou sobre espiritualidade e da queijos produzidos na região. Lá
simplicidade do gostar, explicou conhecemos os Vinciguera, nome de origem
minuciosamente a simbologia de seus italiana surgido durante a viagem de navio
trabalhos e nos ensinou como semear erva‐ ao Brasil. Escapar da guerra foi o modo de
mate. Suely, sua esposa, nos serviu suco do vencê‐la. Armínio e Ivani falaram sobre os
abacaxi cultivado em sua horta. Transitamos ciclos de exploração da região: laranja Pepu,
pelo vasto jardim, rico em espécies vegetais madeira, hortelã, erva‐mate e soja.
– Frei Pacífico e Suely vivem bem com elas. Comentaram também sobre o lendário
Pouco depois, fomos até dona Lucila, uma Allica, senhor temido na região – na época
paraguaia conhecida por suas histórias e do “mensu”, ele jogava seus cobradores Rio
por ofertar um lanche à comunidade após Paraná abaixo.
as três horas da tarde – pão caseiro recém‐ Marly mora em uma casa de madeira que
tirado do forno, chipas e cozido paraguaio. foi transportada de Porto Mendes antes do
Dona Lucila cuida da Capela Nuestra Señora alagamento. Naquele tempo, era comum o
de los Milagros de Caacupé, construída ao uso de caminhões adaptados para levar
lado de sua casa devido a um desejo de sua casas inteiras de um lugar a outro. Depois
mãe. Lucila nos contou sobre o sumiço da de criar suas duas filhas e após a morte do
santa, que – após doze anos – marido, Marly decidiu fazer faculdade; há
“milagrosamente” retornou ao altar da dois anos se formou em Letras, hoje leciona
capela. Ao final da história, mostrou‐nos em escolas públicas e dá aulas particulares
uma estatueta que cabe na palma da mão. de alemão em sua casa. Falou da vida
Na casa de Lucila também estavam comunitária da colônia à margem do Rio
Bonifácio e Maria, um casal de La Paloma. Paraná e do isolamento na cidade. Segundo
Bonifácio cantou algumas músicas Marly, para os colonos que trabalhavam na
tradicionais do Paraguai, todas lavoura a mudança foi radical e
acompanhadas por uma rica desestruturou famílias inteiras.
contextualização. Maria participa da Descendente de alemães e Guarani, Marly
76
nos mostrou muitas fotos de família e falar que os revolucionários ficaram nas
objetos antigos – seu desejo é transformar o terras de Allica, comeram seu gado e
lugar em um museu da família. No grande libertaram muitos colonos que viviam em
jardim, havia galinhas, um cachorro e dois regime de escravidão. Quando partiram,
louros – um deles vez ou outra falava. Na assinaram uma promissória deixando as
hora de nos despedirmos, Marly traduziu despesas a cargo do governo. Edson, filho
uma placa presa no portão: Neue de Benitez e geógrafo. Interessou‐se pelo
Aussichten – Novo Horizonte. A tarde foi assunto e trouxe à tona o conflito de terras
repleta de lembranças. entre quilombolas e fazendeiros em
Ainda conhecemos Sérgio. Disse ele que há Maracaju dos Gaúchos, região próxima dali.
trinta anos havia muitas rádios paraguaias Aconselhou‐nos a manter distância devido
e argentinas na fronteira, algumas delas à complexidade da situação. Para Edson,
com grande alcance. De um lado e de outro Porto Mendes se tornou um vilarejo de
do Rio Paraná, a cultura desses países era aposentados.
ouvida e no Brasil se passava a tomar gosto Tomando um café na padaria, conhecemos
pelas duas. Ciente desse fato, a ditadura Nega. Soubemos que entre os moradores de
brasileira incentivou a abertura de rádios Porto Mendes e Puerto Adela, no Paraguai,
como estratégia para estabelecer fronteiras há uma forte união, visitam‐se
culturais. constantemente e organizam festas juntos.
Ainda visitamos Lauro, o fotógrafo das
Orlando e da dupla Nelson e Diamante. O
papo que circulava era de que Orlando havia De Nueva Esperanza partimos em um táxi
mudado seu comportamento nos últimos coletivo. Já em Hernandarias, conhecemos
tempos, suspeitaram que estivesse Miriam e sua família. Pessoa comunicativa,
apaixonado; logo concluíram que naquelas ela nos passou várias informações sobre a
paragens todo homem tem o coração cidade.
pequeno. Estávamos sem dinheiro e sem o “permiso”,
Entre outras conversas, ficou claro que por isso fomos a Foz do Iguaçu e, em
Marangatu é um lugar muito violento. Nos seguida, à migração em Ciudad del Este. No
últimos meses, sete pessoas próximas de percurso, pudemos ver pela primeira vez
nossos recém‐conhecidos foram mortas, parte das barragens de Itaipu e Acaray,
alguns chegaram a contar setenta mortes. muito próximas uma da outra. Devido ao
De lá partimos com Orlando para o Mania engarrafamento na Ponte da Amizade,
Open Show. Em pouco tempo chegaram os levamos cerca duas horas. O retorno a
outros violeiros e a festa se estendeu. Hernandarias foi com Francisco, taxista de
Saímos de lá no meio da tarde. Ciudad del Este. No caminho, mostrou‐nos
Pretendíamos chegar a Nueva Esperanza um acampamento em frente à Itaipu
ainda naquele dia, mas, por ser domingo, Binacional Paraguaia – há mais de um ano
seria difícil conseguir carona. Marangatu ex‐funcionários protestam contra suas
vive no isolamento, atualmente não há demissões.
ônibus na região. Hernandarias é a cidade paraguaia onde
Na lanchonete do Baiano, esperamos por Itaipu está instalada. Diferentemente do
duas horas. Quando nossas esperanças já que ocorre no Brasil, a visita às instalações
acabavam, Luiz apareceu para abastecer seu da usina é gratuita, o que nos incentivou a
carro bem em frente de onde estávamos e fazer o passeio pela hidrelétrica. Durante o
atendeu prontamente a nosso pedido, passeio, assistimos a um vídeo institucional,
desde que pagássemos a gasolina. Por uma na versão paraguaia, com o título “Itaipu
estrada de terra esburacada, passamos por Monumental”. Vários superlativos e recordes
fazendas de cinquenta mil hectares enfatizando a grandiosidade do projeto, o
pertencentes a um único dono e por avanço tecnológico, melhoria no nível de
reservas indígenas arrendadas para o vida, cuidado com a biodiversidade,
plantio de soja. Durante o percurso, ouvimos prodígios da engenharia e geração de
84
energia. Ao final do vídeo, entramos em um da construção de Itaipu, momento no qual
ônibus que fez o percurso pela usina. se incentivou a construção de hotéis, uma
Paramos na margem direita e de lá vez que por ali haveria uma concentração
avistamos Ciudad del Este e Foz do Iguaçu de trabalhadores. Não foi bem assim. Pouco
lado a lado; entre elas o que restou do Rio depois da finalização da primeira etapa de
Paraná. Mesmo com algumas comportas do seu hotel, o presidente Stroessner ordenou
vertedouro abertas, o nível do Lago estava que a base para os trabalhadores fosse
alto devido às intensas chuvas em São transferida para a cidade que levava seu
Paulo. Aliás, há quem diga que o aumento nome. Durante horas conversamos na
das chuvas em São Paulo é causado pela penumbra, parte da iluminação não
evaporação do Lago de Itaipu. Algum tempo funcionava por conta da queda de energia,
para fotografar e partimos novamente, fato frequente na região. Em Hernandarias,
atravessamos o túnel que liga as duas além do problema de energia, poucas
margens e chegamos ao lado brasileiro da pessoas têm acesso à água potável e não
usina. O retorno foi por cima da barragem, há serviço de esgoto apropriado.
quando então pudemos observar o Pela manhã, a luz ainda não havia voltado.
gigantismo do Lago. Partimos para Asunción, uma das primeiras
Na saída de Itaipu, fomos até as barracas de cidades da América Latina, centro de poder
lona na beira da estrada onde algumas político e onde se concentram os museus e
pessoas protestavam. Soubemos que, por bibliotecas do Paraguai. De Hernandarias
questões políticas, cerca de duzentas até Asunción são trezentos e quarenta
pessoas foram dispensadas da função que quilômetros, percorridos em sete horas de
exerciam em Itaipu, principalmente viagem devido a muitas paradas.
trabalhadores de serviços de limpeza e
crueldade da guerra. No mesmo edifício
funciona o acervo histórico de Asunción, Partimos de Asunción em direção à antiga e
onde é possível encontrar documentos nômade Villarrica, uma das primeiras vilas
originais desde 1534. Uma senhora nos da América espanhola. No fim de janeiro a
explicou os procedimentos para acessar tais cidade se prepara para o carnaval; na praça
documentos, todos disponíveis aos encontramos um grupo pintando tambores
pesquisadores. No El Cabildo, Centro para o desfile, preparativos para que “las
Cultural da República do Paraguai, visitamos comparsas” tomem as ruas. Passamos pelo
uma exposição com parte do acervo de mercado popular e observamos a
Moisés Bertoni, mapas da região do Rio movimentação dos feirantes já no término
Paraná, desenhos da fauna e flora, fotos, de mais um dia de trabalho. Queríamos
impressos e mais uma porção de coisas. atravessar a fronteira ainda durante o dia.
Bertoni viveu na região no início do século Os últimos momentos em Villarrica se
passado, sua documentação dá conta de deram por mais uma caminhada pela
quarenta e dois anos de cultura guarani e cidade, em que descansamos numa praça
geografia paraguaia. de grandes árvores e muitos pássaros. O
Conhecemos Zulma na recém‐criada percurso de Villarrica até Ciudad del Este foi
Secretaria Nacional de Cultura, que procura um tanto sofrido. Em um daqueles dias de
se consolidar como órgão encarregado das sol nos quais é possível fritar ovos no
políticas culturais do Paraguai. asfalto, viajamos em um ônibus lotado que
Encaminhou‐nos para a Direção de a cada minuto parava para embarcar e
Assuntos Comunitários, onde conhecemos desembarcar mais pessoas. Atravessamos a
Lea e tratamos de diversidade cultural e fronteira papeando com um taxista. Ele
ações na fronteira. À tarde fomos até a casa disse que um dos grandes problemas é a
de Guillermo. Ao entrar, conhecemos o falta de conhecimento sobre a cultura
cacique Bruno, um educado senhor indígena, o que gera conflitos étnicos. Em
Chamacoco. Ambos desenvolveram um geral, as pessoas da cidade não consideram
dicionário da língua de sua etnia. Guillermo o fato de que, há menos de duas gerações,
nos contou sobre seu trabalho voltado a os índios que hoje são pedintes nos
grupos nos quais a pobreza é uma terminais rodoviários e semáforos eram
constante; comentou também sobre sua coletores nas vastas matas paraguaias e
ligação com Antropologia e música. Ele que a tradição e os costumes são difíceis de
busca estimular os Chamacoco, Guarani e serem mudados em tão pouco tempo.
camponeses para que fortaleçam suas
103
Encontramos a Medina en el restaurante por sus dolores. El señor Zé da recomendaciones
acaso. Cuando le conocimos, hace un año, era de cómo acabar con las plagas de la huerta,
un recién llegado a Foz do Iguaçu; ahora pasó a describe cada planta del quintal, revelándose un
vivir en São Paulo. Estaba acompañado de conocedor de té medicinales, le gusta mismo es
Kyara y Sami. Kyara nos contó brevemente “vivir para el campo”. Moa estaba por allá, a la
sobre su nombre – Maykyara, cuyo origen viene noche iría para un desierto salado de Bolivia, en
de mucho antes de ese lugar sea Brasil, cuanto nosotros partiríamos para São Miguel do
Paraguay o Argentina. Sami mostró su celular Iguaçu para encontrar con sus parientes. En la
paraguayo multifuncional con precio inigualable parada, recibimos la noticia de que el ómnibus
a los cobrados en el Brasil. Más tarde, fue la vez había sido descompuesto en São Miguel. Más
de conocer a Moa, que relata sus actividades de una hora de atraso. Pasada a las diez de la
con el teatro en Foz de Iguaçu y en los noche, llegamos a São Miguel; conocemos a
municipios linderos. Ya al final del día Mónica, Carlos, Tião, Fátima y Monique. La
conocimos también a Fernanda; ella nos indicó conversación avanzó hasta tarde de noche
personas que desarrollan trabajos por la región acompañada de la cena.
con las cuales podríamos cambiar ideas. Una de
ellas fue Amarilla, con quien entramos en Despertamos temprano en São Miguel. Fátima
contacto. Él es un conocedor de la región, nos llevó hasta Sadi, pescador de la región que,
nuestra conversa fue larga. En sus historias, antes de trabajar con eso, fue agricultor y
matizadas de antropología, indigenismo y fino comerciante. Cuando llegamos, estaba rodeado
humor. Sus familiares fueron pioneros en por tres perros y recogía tomate-cereza- nos
Ciudad del Este. Hiciera poco tiempo una deriva recibió sonriendo. Comentó sus hazañas con
por el extremo sur de Paraguay, un recóndito los peces: armado, pacú, bagre, traira, corvina,
lugar donde encontró una señora que no conoce pez-cachorro, cará, piabuzú, surubí, pintado,
abridor de latas. tucunaré, lambarí, tilapia, palometa, betara entre
otros. Algunas especies han reaparecido en el
En el camino a la casa de Juca conocimos a lago. En medio de la risa, juró sobre la variedad
Zulmira, que nos contó sobre su antiguo trabajo de sus historias, a pesar de ser pescador.
con la hermana: vendedoras de ropas por los Durante la tarde, fuimos con Tião, fátima y
mercados de la región lindera. Tiempos atrás Monique a la aldea ava-guaraní Tekoha Ocoy,
una vida repleta de dislocamientos, ahora una localizada en el distrito de Santa Rosa del Ocoy.
mercería para administrar. A pesar de la La entrada de acceso es curiosa: de un lado la
violencia, le gusta donde vive. En la mercería, reserva indígena, del otro, campos de soja –
un cartel hecho a mano marca la hora de paisaje común en la región. Los colonos
atención, información destinados a los jubilados descendientes de alemanes también preservan
que tienen por hábitos jugar naipes en una sus costumbres; En Santa Rosa del Ocoy un
mesa puesta en la vereda. Ciertos días, el juego dialecto alemán es la lengua corriente. En el
se prolonga hasta la madrugada y “todo tiene puesto de salud de la aldea, fuimos recibidos
límite”. En la casa de Juca, Doña María comenta por el cacique Daniel. Según él, la cultura y la
sobre la temperatura que marca los 47 grados y lengua de un pueblo son sus mayores riquezas
104
y por eso deben ser honradas. No en tanto, hoy con una casa adornada con botellas plásticas.
dan prioridad a la enseñanza de la lengua En ella, un letrero menciona que por allá está
portuguesa. Para ser cacique no hay prohibida la caza, quien firma es el empresario
candidatura, la decisión es colectiva. Si la Geladinho. Aplaudimos hasta que un hombre
persona cumple su papel, permanece por grande nos atendió. Maximiliano nos habló de
tiempo indeterminado. Con el surgimiento del amor, de la belleza femenina, de la música, de
Lago, visitar parientes y amigos del otro lado del la infancia y del poder político. Entre sus
margen quedó difícil, los encuentros ahora son invenciones están: Brizola muerto-vivo, aviones
esporádicos. La historia de los ava-guaraní es de la TAM, Teixeirinha, la santa de sostén y el
sufrida y, cuando les visitamos, la aldea pasaba pescador. Debido al dengue, quedan pocos
por una epidemia de malaria. Tião todavía nos adornos, muchos fueron retirados por orden de
llevó a otros distritos de la región, ora colonias la municipalidad. Él entonces agarra su guitarra
de alemanes, ora de italianos. hecha de envase tipo “bombona” cinco litros y
cantó algunas canciones italianas. Geladinho
Por la mañana visitamos una pista de skate que vive solo y la soledad hace con que fuera a la
Tião ayudó a construir. Supimos que en São radio a buscar una nueva compañera, gorda o
Miguel do Iguaçu no se realizan más partos, delgada, desde que sea compañera. Quién
pues la única maternidad de la ciudad fue sabe un día. Geladinho nos llevó hasta su
cerrada. Seguimos hasta Ipiranga; por la vecina Zulmira, otra artista de la ciudad. Su
primera vez estuvimos en una playa de la Costa deseo es dejar Itaipulandia, quiere vivir en
Oeste – así como el Lago, todo el ambiente es Jaraguá do Sul. Cambió de ciudad y de
artificial. Volvimos por la entrada principal y actividad, de costura de artes para las terapias.
conocimos a Clarindo y su esposa María, ambos Zulmira habla de amor, memoria celular,
pescadores. Para él la pesca no es un ramo de transposiciones dimensionales, víctimas,
futuro, más de supervivencia. Nos explicó la agresores, pertenecimiento, exclusión y poder
diferencia entre los términos “asociación” y político. Nos dirigimos al mirador de la ciudad,
“colonia” de pescadores. En una colonia, son construido en homenaje a la Aparecidinha
derechos garantizados de recibir salario en el d’Oeste, villa inundada con el surgimiento del
periodo de veda y jubilación; en una asociación Lago. Monumentos como ese son comunes en
eso no ocurre. Maria es analfabeta por decisión toda la región. Chico, el taxista, comentó sobre
del padre, hasta poco tiempo no reconocía ni los tiempos de la desapropiación. En plena
siquiera los billetes de dinero. Fue en una época de la dictadura sus padres protestaron en
emergencia que ella percibió la necesidad de la orilla de la entrada a fin de mejores
aprender a juntar las letras y las palabras. Hoy, indemnizaciones. Retornamos a la ciudad y la
sabe firmar su nombre y es tesorera de la Casa de la Memoria estaba cerrada debido al
Colonia de Pescadores de São Miguel do horario. Aguardamos acostados en el pastizal
Iguaçu. Su mayor placer es tirar la red de pesca. hasta que Urbano llegase con las llaves de la
antigua municipalidad. En la entrada un muñeco
Bajamos la avenida principal con destino al equilibrista, un juguete de madera con
centro de Itaipulandia. En el camino nos fijamos movimiento sutil. En el fondo, una pieza con
105
plantas medicinales y ornamentales bastante voluntario en la radio comunitaria de la ciudad,
extraño. Urbano habló sobre restauración, donde se responsabiliza por los boletines de
acervo, en cómo aprender a hacer haciendo, deporte. Nos llevó hasta Gisela, investigadora
detalló cada planta. Inventa cuchillos y de la región. Ella escribió un libro que trata de la
colecciona monedas. Tuvimos una tarde bien historia de Misal; comentó sobre la presencia
divertida. En el inicio de la noche llegamos a la británica en la tarea de la extracción de la
casa de Rodison, autor de un libro sobre la madera utilizada en la reconstrucción de Europa
ciudad. Nos contó de la inundación, del pos-guerra. Habló también sobre la disminución
analfabetismo y de la estrategia de drástica de la población en los años de la
desarticulación colectiva a través de la política década de 80 y sobre la cultura germánica.
de distribución de indemnizaciones. En cuanto Misal significa “libro de misas”. Terminamos el
aguardábamos el ómnibus para Misal día en Santa Helena. Allá andamos por la Línea
conversamos con Ella, matriarca de la familia Progreso, que queda próximo al refugio
Münch. Su historia comenzó en la fuga de los biológico. Encontramos muchos árboles
alemanes de Rusia, dejando para atrás las fructíferos, entre ellos coco y mandarina.
pertenencias y hasta los bebés en las cunas.
Quien consiguiese entrar en el tren o enfrentar En la municipalidad conocimos a Cladir. Ella
la nieve, en una travesía de trineo por ríos habló del cambio de clima debido al surgimiento
congelados, escapaba. De las personas que del Lago y de la decepción de su padre por
partían de Europa en barco repleto, muchos haber perdido sus tierras. Según ella, los
quedaron por el camino. Como consecuencia, la royalties benefician pocos a la población. En su
familia de Ella posee parientes esparcidos por sala, muchos mapas y alfiler coloridos para
varias partes del mundo, hubo hasta quienes marcar áreas de contaminación y casos de
nacieron en China. Ella nació en el Brasil, creció enfermedades en animales. Encontramos a
abriendo caminos en el campo virgen, por un Natán en la panadería, llegó apurado, pues
tiempo vivió en Paraguay. Terminó diciendo: tenía muchas cosas que hacer debido a un viaje
“Ustedes no creen, bien interesante es la vida marcado. Mismo así conversamos por un buen
de la gente”. tiempo. Según él, Santa Helena carece de
registros históricos sobre los cambios que
En Misal encontramos a Ivo, el Negro. Según él, ocurrieron en los últimos 30 años. La memoria –
en los comienzos de la ciudad, solamente los viva de aquellos que quedaron en la ciudad
alemanes católicos podían entrar en la Gleba de después del Lago – tiende al olvido debido a la
los Obispos, que no está bien porque ya hay falta de debate o reflexión colectiva sobre sus
italianos y nortistas en la región. Ivo tiene un transformaciones, prevaleciendo el relato oficial
restaurante donde trabaja con dos de sus hijos, de los hechos históricos. Actualmente, el lugar
Ademir y Betão. Ademir recuerda bien de los tiene poco más de un tercio de la población que
días anteriores a la inundación, describió una tenía al inicio de los años 80, se terminó
villa desierta: “era como si nadie hubiese vivido cualquier tradición posible y las relaciones con
por allí un día”. Presenció cuando criatura, el el pasado fueron perdidas. Natán ejemplifica: el
agua subiendo y sepultando todo. Betão es nombre de la ciudad es Santa Helena, más su
106
patrono es San Antonio, su monumento es un Andamos poco más de un kilómetro y llegamos
Cristo, sus veredas son de petit-pavé como en la a un puesto en la orilla de la entrada, allá
capital, importa modelos urbanísticos ingleses o conocimos a Djane y Marcelo. Nos ayudaron
italianos y su comida típica es la costilla gaucha. con informaciones sobre horarios de ómnibus y
Unas de las diversiones locales es el trencito, contactos en Diamante d’Oeste. Marcelo poco
que silba para allá y para acá. Natán comentó circula por la ciudad, el comercio lo ata en su
también sobre la desarticulación, las lugar de trabajo. En la parada de ómnibus
necesidades, dependencias y la simulación de conocimos a José, minero de 65 años,
grupos organizados, el vale-todo por la actualmente agricultor, pero dice haber hecho
perpetuación del poder, la rotación de los ya de todo, inclusive trabajando como
partidos políticos, la depresión, el resentimiento, constructor de represa en Itaipú. Vive en Villa
la soledad, la lucha del negro y la Coluna Bonita, viene para el Sur “caçar miora”(buscar
Prestes. En la casa de cambio, cambiamos mejorías). En cuanto recordaba de Itaipú José
reales por guaraníes y conocimos a Gustavo, hace los mismos movimientos corporales de la
que dibujó en un pedazo de papel la travesía de época en que era constructor de represa –
la balsa de Santa Helena hasta Puerto Indio y aquellos necesarios para que no ocurriesen
Sanga Funda, puertos de Paraguay. Su papá accidentes en el momento en que los camiones
vive por allá. Sandra nos recibió en la oficina de despejaban concretos en la construcción. “Murió
su marido. Ella trabaja en el fomento al turismo, mucha gente en aquel lugar”, afirmó José su
habló sobre personas, lugares y hechos semblante transparentó la recordación y
históricos – como la Coluna Prestes en el complementó: “Ser constructor de represa es
Puente Quemada. Tarde lluviosa, muy peligroso”. En Diamante d’Oeste, en
permanecemos debajo de un toldo retratando cuanto esperábamos ir a dedo hasta la aldea,
situaciones mojadas. Andamos hasta el puerto y visitamos una radio comunitaria. Allí la
nos informamos, sobre los procedimientos para conocimos a Elisángela, una joven locutora.
la travesía. Al regresar a la ciudad visitamos la Para ella, su momento más triste fue la
biblioteca, donde Mario nos mostró muchos despedida de la radio una vez que decidió vivir
mapas, uno de ellos repletos de presidentes en otra ciudad. De retorno a la municipalidad,
muertos y generales olvidados. Leomar nos llevó a la aldea Tekoha Añetete, a
doce kilómetros de la ciudad. Leomar trabaja en
Partimos para Diamante d’Oeste con la la municipalidad y es estudiante de Historia,
intención de visitar la comunidad guaraní Tekoha antes de eso era camionero, profesión que le
Añetete. En busca de información sobre una posibilitó conocer muchos lugares. El paisaje
parada de ómnibus, conocimos a Cándida, una montañoso de Diamante d’Oeste difiere mucho
señora llena de historias tristes sobre tierras, de los dos municipios y comunidades que
usurpaciones, muertes y soledad. Su deseo era visitamos en los días anteriores. Leomar
vender todo e ir para otro lugar, estaba con conocía cada canto. Cuando llegamos a la
problemas de salud y necesitaba de una aldea, entramos a la escuela Kuaa mbo’e
intervención cirúrgica. El conflicto por causa de (Saber enseñar). Allá había una gran rueda con
tierras es notorio en el Oeste del Paraná. varios caciques y algunos miembros de
107
instituciones, como Itaipú, Funasa y nos informaron sobre cómo transitar por la
municipalidad. Como de costumbre en las región. Después de unos tantos tereré – bebida
aldeas, conversamos con el cacique a fin de hecha con la yerba mate, agua fría mezclada
obtener permiso para acompañar la reunión, con hojas o raíces de plantas medicinales
que no fue posible. El cacique Mario nos dice refrescantes – Francisco, administrador del
que se trataba de una reunión cerrada a los puerto, nos invitó para almorzar con sus amigos
organizadores del encuentro, explicó que campesinos: Sara, Pedro, Victor y más unas
existen grupos contrarios a la organización de criaturas. Conocemos un típico“almuerzo
los Guaraní y por eso precisa ser precavido. paraguayo”: mandioca cocida sin sal, caldo de
Dice también que podríamos conocer la aldea y poroto y carne. Como postre, mango y sandia.
que en otra oportunidad nos recibiría con placer. Sara es estudiante de ingeniería ambiental y le
Mario es hermano de Daniel, cacique de Tekoha gusta la cartografía, utiliza ese tipo de
Ocoy. En una de las casas de la comunidad, representación para visualizar y denunciar
vimos un gran dibujo en la pared hecho por problemas ambientales, como la disminución de
Julinho Nhemboatevy, su inspiración viene de nacientes de agua y áreas forestales y el
un dibujo animado en el estilo mangá que nos crecimiento de la monocultura en Paraguay.
pareció más un autorretrato, pues es muy Pedro lucha para mantenerse en el campo; para
parecido con su autor. De vuelta al centro de él tierra no es mercadería, es contrario al uso de
Diamante d’Oeste, nos despedimos de Leomar agrotóxicos y la monocultura – se ve aislado por
y regresamos a la radio para conocer a Nésio, la vastedad de soja transgénica alrededor de
un exbailarín que organiza las actividades donde vive. Victor estaba rompiendo el piso del
culturales de la ciudad y trabaja como galpón a duras martilladas, preparaba el
comunicador. Comentó sobre el episodio que espacio para recibir una ordeñaría. Había
ocurrió en Paraguay tiempo atrás, cuando un estudiado plantas medicinales, lo que ayuda
ganadero – en su avión – pulverizó veneno en bastante a la comunidad, pues no hay
los campesinos que ocupaban algunas tierras. atendimiento fácil de médico en la región. El
En la parada de ómnibus, hablamos con local pertenece a la asociación de campesinos y
algunos choferes – se habló de la importancia allí funciona una radio. Gustavo necesitaba
de tener educación y de episodios de personas comprar hielo y buscar los botines y el uniforme
que actuaron mal por no hacer uso de ella. de su equipo. En la región hay un campeonato
en que participan nueve equipos locales; en el
En Santa Helena, minutos después de pasar por último año el equipo de Gustavo fue campeón,
el procedimiento de rutina de la Policía y de la el “Chealsea” de Puerto Indio. Nos llevó de
Receita Federal, estábamos sobre la balsa “Oro vuelta al puerto, donde esperamos ir a dedo
y Plata”, a camino de Puerto Indio en Paraguay, hasta General Díaz, allá tendríamos donde
y a bordo estaban más algunos camioneros en dormir. Juan, un camionero que cruza
busca de maíz y soja. Durante la travesía, un frecuentemente la frontera en busca de granos,
bosque de árboles muertos, fruto de la nos llevó hasta nuestro destino. En las dos
inundación. En Puerto Indio fuimos recibidos por márgenes de la entrada, una inmensidad de
Steban, Carlos, Francisco y Gustavo. Amables, sojales, a veces u otra vemos algún silo – un
108
paisaje aburrido. Bajamos enfrente de un cosa rara en medio de tantos libros en
copetín de Lourival, en el fondo había cuartos portugués. Habló sobre la muerte de su madre y
para hospedajes. Con una voz suave y de su retorno a Mbaracayú para quedar cerca
hablando portugués, Lourival nos encaminó al de su padre. Walmor y Mario nos dieron una
último cuarto disponible. Al final del día, dimos gauchada hasta San Alberto. En el camino,
una pequeña vuelta por las calles de General preguntamos sobre el uso de agrotóxicos en las
Díaz, una comunidad de aproximadamente 600 plantaciones, a lo que respondió no estar en
habitantes, casi todos brasileros. contra, pues los técnicos de las empresas
químicas enseñan su correcta utilización. Para
Lourival nos invitó para entrar en su casa de ellos, la contaminación del agua por el veneno
piso encerado, cortinas en las puertas, es toda bobería dicha por la gente que no
bordados y crochés en la lavandería. Para quien entiende de las cosas, “lo que contamina el
vive bajo el polvo rojo levantado por los agua es la cloaca que viene de São Paulo”.
camiones que pasan diariamente por el camino Terminamos nuestro día en San Alberto, ciudad
de tierra, es una casa bastante limpia. Fuimos brasiguaya y colorada. Todavía dio tiempo de
hasta el mercadito de su hermano Américo, su dejar nuestras ropas sucias en una lavandería a
esposa era una de las pioneras del lugar. algunas cuadras del hotel.
Ambos comentaron sobre las dificultades de
vivir en el local, el analfabetismo, el pasado: En la búsqueda por un mapa de la región,
“General Díaz era todo monte”. En Mbaracayú entramos en una escuela. Allá conocimos
conocimos al ganadero Mario y sus hijos Ademir Amancio, que nos habló de la influencia del
y Walmor. Mario es un gran propietario de tierras Lago de Itaipú y de su investigación sobre
de la región, carnicero y también dueño del cuestiones culturales y ambientales en la región
mercado. Contó sobre su venida del interior de de San Alberto. En su casa, tuvimos un buen
Paraná para aquellas tierras y sobre la pérdida ejemplo de la diversidad de las culturas: la
de las primeras 70 hectáreas que compró con esposa Gracinda es brasileña; la hija Beatriz,
su familia porque cayó en un golpe de la paraguaya. Aunque hablen muy bien los tres
colonizadora. Comentó también del trabajo que idiomas, Amancio y Gracinda conversan entre si
tuvo para criar los cuatro hijos, del fin de la en guaraní; Beatriz prefiere hablar con su padre
agricultura de subsistencia, del sueño de la en castellano; ya entre ellas la comunicación es
mecanización y de la realización financiera – en portugués. En el abundante almuerzo,
siempre le gustó los números -, del aislamiento acompañado de un buen vino argentino, hubo
con relación a los paraguayos y del éxodo – una hermosa combinación de idiomas. Amancio
solamente en el último mes cuatro familias nos llevó hasta la próxima ciudad. Hermoso
habían partido de Mbaracayú. Esperamos hasta trabajo en equipo o Minga Porã, así podemos
el inicio de la tarde para visitar la Casa de llamar al municipio cuya historia es la de la
Cultura. Allá conocimos a Nidia, una de las resistencia de un pueblo delante del radical
pocas paraguayas del lugar. Con su cambio que se estableció desde la Revolución
temperamento calmado, nos mostró algunos Verde. Asagrapa es la asociación de
libros de estadística y de poesías en guaraní, agricultores campesinos que luchan por una
109
vida sustentable, preferentemente a la Garcia, el primer hombre blanco que había
plantación orgánica con semillas nativas. pasado por Guaíra, tiempos después devorado
Anunciación, actual coordinadora de las en la región de Asunción; y el “chismoso”
mujeres, nos recibió en su casa y nos explicó guaraní, un informante – importante miembro de
cómo ellas se organizan y participan de las la aldea que dejaba por los caminos pequeños
decisiones. Su familia es una de las primeras en objetos, símbolos comprendidos por su pueblo.
Minga Porã, hasta fueron presos en la dictadura De las desaparecidas Sete Quedas, nos
por protestar a favor de la emancipación político- comentó sobre el sonido que ellas brindaban:
administrativa de la ciudad. A la tarde fuimos en para los guaraní, se trataba de la voz de Tupã.
taxi comunitario hasta Salto del Guairá, con Con el surgimiento del Lago, su dios se fue. A la
cuatro pasajeros en el asiento trasero, tres tarde visitamos la “oficina” de Fraile Pacífico,
adelante y uno en el porta-valijas. El domingo artista y ambientalista de la región que durante
en Salto del Guairá, los más jóvenes desfilaban catorce años reforestó una isla. Estudioso,
con sus motos por la avenida principal. En la posee una gran producción en talla, escultura y
calle del puerto había una alegre fiesta cerámica basada en la cultura guaraní y en el
paraguaya al sonido de una banda tradicional – cristianismo. Con un portugués cortado – vivió
todos los que estábamos, participamos y muchos años en Europa -, habló sobre
bailamos mucho. Por la mañana, salimos hacia espiritualidad y de la sencillez del gustar, explicó
Guaíra. Pasamos sobre las Sete Quedas, con detalle la simbología de sus trabajos y nos
mientras realizábamos la travesía. Ya en suelo enseñó cómo sembrar yerba-mate. Suely, su
brasileño, fuimos hasta la Casa del Artesano, esposa, nos sirvió jugo de piña cultivado en su
donde conocimos a Margarita – según ella, la huerta. Transitamos por el amplio jardín, lleno
población de Guaíra siente mucho la pérdida de en especie vegetal – Fraile Pacífico y Suely
las caídas del Río Paraná, provocada por la conviven bien con ellas. Poco después, fuimos
formación del Lago de Itaipú. junto a doña Lucila, una paraguaya conocida
por sus historias y por ofrecer una merienda a la
En la mañana siguiente, nos encontramos con comunidad después de las tres de la tarde –
Ana, que trajo un bolso lleno de personajes pan casero recién sacado del horno, chipas y
lengedarios de Guaíra, pequeños muñecos cocido paraguayo. Doña Lucila cuida de la
hechos con paja de maíz. Mientras ponía sobre capilla Nuestra Señora de los Milagros de
la mesa los objetos, nos contaba historias de los Caacupé, construida al lado de su casa según
tránsitos de los pueblos y de las ciudades. el deseo de su madre. Lucila nos contó sobre el
Guaíra, por su ubicación estratégica, siempre desaparecimiento de la santa, que – después
fue lugar de pasaje, se encuentra de doce años – “milagrosamente” ha vuelto al
aproximadamente en la mitad de camino hacia altar de la capilla. Al final de la historia, nos
Peabiru. Ya la histórica Villa Rica, construida por mostró una estatuita que cabe en la palma de la
los Jesuitas, fue varias veces destruida por los mano. En la casa de Lucila también estaban
bandeirantes u opositores. Ciudad nómada, Bonifácio y Maria, una pareja de La Paloma.
pasó por siete lugares diferentes hasta fijar en Bonifácio cantó algunas canciones tradicionales
Paraguay. Algunos personajes son: Aleixo de Paraguay, todas acompañadas por su
110
excelente contexto. Maria participa de la lugar en un museo de la familia. En el gran
Asociación de los Derechos Humanos en jardín, había gallinas, un perro y dos cotorras –
Paraguay, y comentó sobre las diferencias de uno de ellos a veces hablaba. A la hora de
apoyo por parte de los gobiernos brasileño y despedirnos, Marly tradujo los escritos de una
paraguayo, habló de jubilación – “envejecer en placa colgada en el portón: Neue Aussichten –
Paraguay es difícil”. Vino a Brasil para Nuevo Horizonte. La tarde fue repleta de
tratamiento médico. Después de la lluvia nos recuerdos. Conocimos aún a Sérgio. Nos dijo
despedimos. que, hace unos treinta años, había muchas
radios paraguayas y argentinas en la frontera,
Llegamos a Marechal Cândido Rondon al algunas de ellas con muy gran alcance. De los
comienzo de la tarde. En el camino a la casa de dos lados del Río Paraná, la cultura de esos
Marly, justo cayó un aguacero. Para abrigarnos, países era escuchada y en Brasil la gente sentía
entramos en un almacén de quesos producidos gusto por esas riquezas trasmitidas.
en la región. Allí conocimos los Vinciguera, Conociendo estos hechos, la dictadura brasileña
nombre de origen italiana que surgió a lo largo incentivó la apertura de radios como estrategia
del viaje en navio hacia Brasil. Huir de la guerra para establecer fronteras culturales.
fue el modo de vencerla. Armínio e Ivani
hablaron sobre los ciclos de explotación y Al final de la tarde llegamos a Porto Mendes.
cultivos en la región: naranja apepú, madera, Como en otros lugares, persiste el vaciamiento
menta, yerba-mate y soja. Comentaron también de la población provocado por las inundaciones
sobre el leyendario Allica, señor temido en la resultantes de Itaipú, por la mecanización y por
región – en la época del “mensu”, él echaba sus el uso de venenos en la agricultura. Al visitar el
cobradores en el Río Paraná. Marly vive en una museo local, nos deparamos con bichos
casa de madera que ha sido trasladada de Porto disecados y objetos antiguos, entre ellos un
Mendes antes de la inundación. En aquel carro con grandes ruedas de estilo inglés – era
tiempo, era común el uso de camiones una donación de la familia Allica.
adaptados para llevar casas enteras de un lugar Inmediatamente recordamos lo que los
a otro. Después de crear sus dos hijas y con la Vinciguera nos habían dicho un día antes.
muerte de su esposo, Marly decidió ir a la Fuimos a la casa de Benitez, uno de los más
universidad; ya ha hecho dos años que se antiguos pobladores de la región. Trabajó en el
graduó en el curso de letras, hoy enseña en puerto cuando aún había el transporte de la
escuelas públicas e imparte clases de alemán yerba-mate de Guaíra era hecha en tren,
en su casa. Habló sobre la vida comunitaria de ferrocarril Mate Laranjeira, empresa que –
la colonia a la orilla del Río Paraná y del según Benitez – esclavizaba sus trabajadores.
aislamiento en la ciudad. Según Marly, para los Sobre la Columna Prestes, comentó que había
campesinos que trabajaban en la agricultura el escuchado hablar que los revolucionarios se
cambio fue radical y desmanteló familias quedaron en las tierras de Allica, comieron su
enteras. Descendientes de alemanes y guaraní, ganado y liberaron muchos campesinos que
Marly nos mostró muchas fotos de familias y vivían en régimen de esclavitud. Cuando
objetos antiguos – su deseo es transformar el partieron, firmaron un recibo dejando las
111
cuentas para la responsabilidad del gobierno. Adela trabajaba con la agricultura de
Edson, el hijo de Benitez es geógrafo. Tuvo subsistencia; en 80 y 90 ha empezado el
curiosidad por el tema y nos dio a conocer los proceso de mecanización, que no fue el factor
conflictos de tierras entre quilombolas y responsable por la diminución de la población –
ganaderos en Maracaju de los Gaúchos, región fueron las cuestiones de jubilación y la falta de
muy cercana de este entorno. Nos aconsejó a atendimiento a la salud que vaciaron el lugar.
mantener alejados a causa de la complejidad de Agapito estaba de paso y nos indicó una
la situación. Para Edson, Porto Mendes se ha persona, Francisco, para que continuáramos la
convertido en una pequeña villa de personas conversación. Alfonso y su hijo Marcos nos
jubiladas. Tomamos un café en la panadería, llevaron hasta la casa de Francisco, donde
conocimos a Nega. Supimos que entre los fuimos recibidos en una área externa con
pobladores de Porto Mendes y Puerto Adela en mucha sombra. Francisco se colocó como un
Paraguay, hay una fuerte unión, a menudo se contador de historias, pues por ellas siempre se
visitan y juntos organizan fiestas. También ha interesado. Su curiosidad lo llevara hasta la
visitamos a Lauro, el fotógrafo de los casa de la viuda de Allica, para saber la verdad
alrededores. Cuando era iniciante, sacó fotos de sobre las muertes de las cuales les acusaban el
la barranca de Río Paraná. Es aficionado por fallecido en la época del “mensu”. Fingiendo
anacondas. Nos enseñó algunas fotos de la interese en comprar herramientas, llegó hasta el
década de 70, una de ellas del carro inglés de lugar secreto y estratégico que daba para las
los Allica. Al final del día, entramos en un bar. aguas del Río Paraná, lugar donde Allica
En las góndolas, imágenes de víbora, pescas y encaminaba cobradores, enemigos o
cazas. Allí estaba Júlio que nos habló sobre las funcionarios que no respetaban sus órdenes.
transformaciones a lo largo de los últimos años Preguntó si nos gustaría saber por qué aquel
– según él, los estancieros han destruido a lugar se llama Puerto Adela. La respuesta fue
Porto Mendes. Partimos para Puerto Adela en positiva, entonces, empezó una nueva historia.
una barca con cinco personas – en otros En las tierras brasileñas del señor Allica (sus
tiempos estaría llena. Al llegar, vimos algunas dominios iban de Brasil a Paraguay), había una
casas cerradas. Anduvimos aproximadamente escuela que atendía los hijos de los
quinientos metros por un único camino y nos trabajadores, y una de las profesoras se
deparamos con el Destacamento de la Marina; llamaba Adela. La joven estaba de boda
allí buscamos informaciones sobre la pequeña marcada con un marinero que trabajaba en el
villa. Carlos nos atendió y luego llamó a su itinerario Porto Mendes–Buenos Aires. Su novio
superior, el suboficial principal Alfonso, “Jefe del partió definitivamente en viaje antes de la boda.
Destacamento Naval de Puerto Adela”. Ninguno Mientras que Adela aguardaba la vuelta del
de los oficiales vivía en la región. Mientras novio, “hombres de Allica” supieron lo de la
conversábamos, llegó un señor en una moto: boda y la violaron. Adela, en desespero, se
Agapito, nacido en Puerto Adela, es uno de los suicidó en honor a su novio. Dejó una carta, en
responsables por la organización comunitaria. la cual decía que deseaba ser enterrada en
Nos dijo que en los años 70 la mayoría de los suelo paraguayo. Su cuerpo fue sepultado en la
inmigrantes brasileños que habitaban Puerto barranca paraguaya del Río Paraná, hoy
112
desaparecida. llena porque los sábados muchas personas
En otra historia, Francisco mencionó que en la vienen de compras a Brasil. En la llegada a
época de la extracción de la yerba-mate, en una Puerto Marangatu, Lia nos presentó a Luiz, que
de sus andanzas por las sendas de Canindeyú, nos llevó hasta el comercio de su papá,
se deparó con un cargador de yerba y su carga Demetrio. Allí conocimos a Lidía Berenice y
pesaba alrededor de ciento sesenta kilos (nos Letícia. Demétrio trabajo mucho tiempo llevando
demostró cómo el hombre caminaba). Dijo que gente de un lado a otro de la frontera. En una de
el hombre llevaba grandes sandalias hechas de esas travesías, su barco hundió con catorce
goma para que no se hundiera en el suelo a personas, entre las cuales, cuatro murieron. Es
causa del peso que traía en las espaldas. uno de los moradores más antiguos, llegó en la
Todavía nos contó sobre el cementerio indígena, década de 50, cuando todo aún era floresta. En
donde encontró muchos cráneos sobre la tierra; la juventud trabajó con tipografía y con eso ha
dijo que los indígenas de la región enterraban aprendido mucho de la escrita guaraní.
sus parientes con la cabeza para fuera. De Almorzamos y ganamos semillas de poroto.
vuelta al Destacamento Naval, nos sirvieron un Berenice se animó y sacó unas fotos. Las
“almuerzo paraguayo” – arroz altuko y marinera empanadas de Lídia parecían muy exquisitas,
de pollo – preparado por chef Carlos. Un hubo gente que las comió seguidamente unas
muchacho llegó manejando una moto, le dieciséis. Al rato, Luiz nos dejó en la casa de
preguntamos sobre la escuela de la región, Dete, tomamos un tereré con ella y enseguida
respondió que hace tiempo está cerrada por encontramos a siete mujeres bajo la sombra de
falta de alumnos. Al volver a Porto Mendes, los árboles – Valdete, Lia, Adriana, Kayla,
Júlio nos llevó hasta Iguiporã. No tardó mucho y Djenifer y Kyria. Chico también estaba por allí.
entonces fuimos en ómnibus para Pato Valdete tiene una casa de bailes llamada Mania
Bragado. Open Show, donde sirve también la comida
para los funcionarios del silo que está al lado.
Encontramos a Walter, pionero de Pato Bragado Se marchó tres veces de ahí, pero siempre
y con él tomamos un mate. Nos contó que dejó vuelve. Ahora quiere ir en definitivo; su papá,
el comercio para abrir caminos, para que los Vive en Espírito Santo, está enfermo y necesita
primeros colonos se instalaran en la tierra. Se de cuidados. Dete nos contó que su marido fue
queda feliz al saber que muchas personas han indemnizado por Itaipú por las inundaciones de
construido sus vidas a partir de lo que hicieron sus tierras, lo poco que sobró estaba allí del otro
años antes. Para Walter, lo que falta hoy en día lado del camino. Después de haber recibido la
es la creatividad, las personas se contentan sólo “bolada” – cantidad de plata – él se marchó y la
con empleos. La ciudad necesita desarrollar, las dejó con sus cinco hijos para cuidar. Lia por su
personas deben caminar con sus propias carrera de cantora, ya fue comunicadora de
piernas, sin la dependencia del dinero repasado radio y hoy vive una fase de transición entre un
por Itaipú. Esperando el colectivo para Porto grupo en Cuiaba y una posibilidad en Curitiba.
Britânia – remanente puerto de la ocupación Néia también ya fue locutora, tiene una
inglesa -, encontramos a Dete y su hija Lia, que hermosa voz y dos hijas, Djeni vive en Rio
también iría a cruzar la frontera. La barca estaba Grande do Sul y Kayla va a estudiar en Pato
113
Bragado. Néia comentó sobre los cambios en la media tarde y querríamos llegar a Nueva
región en los últimos años, donde hoy está el Esperanza aún en aquel día, pero porque era
silo habían muchas casa “parecidas con las del domingo, sería difícil conseguir a dedo.
viejo oeste”. Chico es constructor – en el villorrio Marangatu está aislado, actualmente no hay
Primero de Marzo, nosotros pudimos ver colectivo en la región. En el copetín de Baiano,
algunas casas fruto de su trabajo. Néia y Chico esperamos por dos horas. Cuando nuestras
nos llevaron en moto hacia la hospedería de la esperanzas ya estaban por acabar, apareció
profesora Arsênia, donde pasaríamos la noche. Luiz para abastecer su coche, ahí mismo donde
Con Arsênia, hemos pasado a entender un poco esperábamos y nos atendió prontamente desde
más sobre los cambios que hubo en la región, la que pagáramos el gasoil. Fuimos por un camino
violencia, la falta de oportunidades, la de tierra muy feo, pasamos por haciendas de
desarticulación colectiva, el fin de las fiestas y el cincuenta mil hectáreas pertenecientes a un
sedimento de los ríos. Mostró fotos de sus hijas único dueño y por reservas indígenas
y nietos que viven lejos, de los bailes en su arrendadas para el plantío de soja. Durante el
salón y de amigos que fueron muertos. También trayecto, escuchamos la aventura de Luiz
conocimos a Baiano, el propietario del copetín. cuando se fue a Porto Alegre a ver Gremio
Nos dijo que de Brasil sólo conocía Maranhão. Porto Alegrense ser rebajado para la segunda
Para su hijo Edgar, Marangatu es un verdadero división. Dos horas después estábamos en
infierno. En el día siguiente, fuimos al salón de Nueva Esperanza, completamente empolvados
fiesta donde había un programa al vivo y cansados. Por treinta mil guaranies, dormimos
promocionado por la radio en colaboración con en la primera hospedería que encontramos. De
los guitarristas y cantantes de la región. Al llegar Nueva Esperanza partimos en un taxi colectivo.
escuchamos la voz de Tatu anunciando más una Ya en Hernandarias habíamos conocido a
música. Después de terminar el programa y un Miriam y su familia. Persona comunicativa y nos
almuerzo a estilo gaúcho, las canciones informó mucho sobre la ciudad. Estábamos sin
continuaron con composiciones propias de plata y sin “permiso”, por eso fuimos a Foz do
Orlando y de la dupla Nelson y Diamante. La Iguaçu y, enseguida a la migración en Ciudad
broma que circulaba era que Orlando había del Este. En el trayecto pudimos ver por primera
cambiado su comportamiento en los últimos vez parte del terraplén de Itaipú y Acaray, muy
tiempos, sospechaban que estuviera cerca una de la otra. A causa del
apasionado; luego concluyeron que en aquellos embotellamiento en el Puente de la Amistad,
paradores todo hombre tiene el corazón gastamos cerca de dos horas. El retorno a
pequeño. En otras conversaciones, se quedó Hernandarias fue con Francisco, el taxista de
claro que Marangatu es un lugar muy violento. Ciudad del Este.
En los últimos meses, siete personas cercanas En el camino nos mostró un asentamiento
de nuestros recién conocidos fueron muertas, delante de la Usina de Itaipú Binacional
algunos hasta setenta muertes. De ahí Paraguaya – hace más de un año que los ex –
marchamos con Orlando para Mania Open funcionarios protestan contra sus dimisiones.
Show. En poco tiempo llegaron los demás
guitarristas y la fiesta continuó. Salimos a la Hernandarias es la ciudad paraguaya donde
114
Itaipú está instalada. Diferentemente de lo que realidad de su país no ha cambiado.
ocurre en Brasil, la visita a las instalaciones de Por la noche, Miriam nos contó su historia,
la usina es gratuita, lo que nos incentivó a dar sumergida en la promesa de progreso. Primero
un paseo para conocer. Mientras conocíamos en la Colonia Presidente Stroessner, donde fue
vimos un vídeo institucional, versión paraguaya a vivir con sólo nueve años, cuando su papá
con el título “Itaipú Monumental”. Varios entró para los negocios de hotelería. Después
superlativos y record enfatizaban la en Hernandarias, en el período anterior al inicio
grandiosidad del proyecto, el avance de la construcción de Itaipú, momento este, que
tecnológico, mejorías de vida, cuidado con la ha incentivado la construcción de hoteles, una
biodiversidad, prodigios de la ingeniería y vez que por allí habría una concentración de
generación de energía. Terminado el vídeo, trabajadores. No hubo tanto éxito como se
entramos en un colectivo e hicimos un recorrido decía. Al terminar la primera etapa de su hotel,
por la usina. Paramos en la orilla a la derecha y el Presidente Stroessner ordenó que la base
desde ahí avistamos Ciudad del Este y Foz do para los trabajadores fuera transferida para la
Iguaçu lado a lado; entre ellas lo que sobró del ciudad que llevaría su nombre. Por muchas
Río Paraná. Mismo con algunas compuertas del horas conversamos en la penumbra, parte de la
vertedero abiertas, el nivel del Lago estaba alto luz no funcionaba por caída de la energía,
debido a intensas lluvias en São Paulo. Mejor hecho que sucede a menudo en la región. En
dicho, hay gente afirmando que el aumento de Hernandarias, además del problema de energía,
las lluvias en São Paulo es causado por la pocas personas tienen agua potable y servicios
evaporación del Lago de Itaipú. Tiempo para de saneamiento básico apropiado por SENASA.
fotografiar y partimos otra vez, cruzamos el túnel Por la mañana, la luz aún no había vuelto.
que conecta las dos márgenes y llegamos al Partimos hacia Asunción, una de las primeras
lado brasileño de la usina. El retorno fue sobre ciudades de América Latina, centro del poder
el terraplén, desde ahí sí, pudimos observar el político y donde se concentran los museos y
gigantesco del Lago. En la salida de Itaipú, bibliotecas de Paraguay. De Hernandarias hasta
fuimos hasta las chozas de plástico negro a la Asunción son trescientos cuarenta kilómetros,
orilla del camino donde algunas personas llevamos siete horas de viaje debido a muchas
protestaban. Supimos que, por cuestiones paradas.
políticas, cerca de doscientas personas han sido
despedidas de la función que ejercían en Itaipú, En Asunción nos quedamos en la hospedería de
principalmente trabajadores de servicios de Angélica, una casa centenaria y bien cuidada.
limpieza y seguridad. El asentamiento ya ha La presencia de inmigrantes brasileños, chinos
completado un año y hasta el momento nada y coreanos es grande en la ciudad. En el mes
había sido negociado. Edgar fue dimitido con de enero, están en Asunción aproximadamente
veintiocho años de trabajo prestado. María dijo tres mil brasileños cursando maestría y
que vivió en Brasil y en otros países de América doctorado. En las calles, el guaraní se destaca y
del Sur. En el exterior, cuando escucha hablar las “yuyera”, mujeres que venden hierbas
de Paraguay, se siente avergonzada; cuando preparadas para tereré, están por todo lado. En
retorna, se siente inconformada al ver que la búsqueda de referencias históricas, artísticas y
115
culturales, fuimos hasta las librerías de la Plaza campesinos para que fortalezcan sus propias
Uruguaya. Allí encontramos mapas, culturas y también conozcan los códigos de la
diccionarios, métodos de la lengua y textos cultura opresora. Nos planteó a desarrollar
sobre la cultura guaraní. En un anticuario, proyectos de integración entre grupos de
conseguimos una pequeña cédula de un investigadores brasileños y paraguayos – una
guaraní, aquella con el soldado paraguayo. En el necesidad de la región y de los pueblos.
Museo de Bellas Artes encontramos imágenes Partimos de Asunción hacia a la antigua y
de un Paraguay amortecido por la crueldad de la nómada Villarrica, una de las primeras villas de
guerra. En el mismo edificio funciona el acervo la América española. Estamos en fines de enero
histórico de Asunción, donde es posible y la ciudad se prepara para el carnaval; en las
encontrar documentos originales desde 1534. plazas encontramos un grupo pintando
Una señora nos explicó los procedimientos para tambores para el desfile, preparativos para que
tener acceso a tales documentos, todos “las comparsas” tomen las calles. Pasamos por
disponibles a los investigadores. En el Cabildo, el mercado popular y observamos el movimiento
Centro Cultural de la República del Paraguay, de los feriantes ya terminando más un día de
visitamos una exposición con parte del acervo trabajo. Queríamos cruzar la frontera aún
de Moisés Bertoni, mapas de la Región del Río durante el día. Los últimos momentos en
Paraná, diseños de la fauna y flora, fotos, Villarrica se dieron por un paseo más por la
impresos y más una cantidad de cosas. Bertoni ciudad, descansamos en una plaza con árboles
vivió en la región al inicio del siglo pasado, su enormes y muchos pájaros.
documentación comprende más o menos
cuarenta y dos años de cultura guaraní y El trayecto de Villarrica hasta Ciudad del Este
geografía paraguaya. Conocimos a Zulma en la fue muy sufrido. En uno de aquellos días de sol
Secretaría Nacional de Cultura que que se podría fritar huevos en el asfalto,
recientemente ha sido creada, se procura viajamos en un ómnibus llenísimo que en cada
consolidar como órgano encargado de las minuto paraba para llevar más pasajeros.
políticas culturales de Paraguay. Nos indicó y Cruzamos la frontera charlando con un taxista.
nos hizo pasar junto a la Dirección de Asuntos Nos dijo que uno de los grandes problemas es
Comunitarios, donde conocimos a Lea y la falta de conocimiento sobre la cultura
tratamos de diversidad cultural y acciones en la indígena, lo que genera conflictos étnicos. En
frontera. A la tarde fuimos a la casa de general, las personas de la ciudad no
Guillermo. Al entrar conocimos al cacique consideran el hecho de que, en menos de dos
Bruno, un señor muy educado del grupo generaciones, los indígenas que hoy son
Chamacoco. Han desarrollado juntos un mendigos en los terminales de autobuses,
diccionario de la lengua de su etnia. Guillermo semáforos eran colectores en las amplias
nos contó sobre su trabajo que es direccionado florestas paraguayas y que sus tradiciones,
a grupos en que la pobreza es permanente; costumbres son difíciles de cambiarlas en tan
comentó también sobre su relación con la poco tiempo.
Antropología y la música. Él busca trabajar,
incentivando a los Chamacoco, Guaraní y
116
Esta terra não tem dono
Então me mostre a escritura
Nada aqui é de ninguém
É a verdade mais pura
Hélio Leites
Hélio Leites
Encontro com Anunciación em 17 de janeiro de 2010 em Minga Porã
Jotopa Anunciación ndive ára 17 pe jasyteî 2010 pe Minga Porã me
Encuentro con Anunciación en el día 17 de enero de 2010 en Minga Porã
120
121
YVY RA`ANGA ÑEMBOJOGUAPYRE 2003 HA 2006 PE
OJEIKUAA HÂGUA MBA`ÉICHAPA OJEIPURU ÑANDE JAREKOVA YVY
ARI.
SARA BLANCO
122
La publicación del territorio comprado A publicação do território comprado entre
entre los años 2003 y el 2006. os anos de 2003 e 2006.
126
Procuramos através deste debate nossos saberes e fazeres. Vidas
confabular novas relações de poder, mutuamente excluídas, antecipadas nas
refundar processos afetivos e telas de TV nossas reações pessoais,
autopoiéticos (Maturana) que afirmem o criamos no hoje uma ideia de cultura e
viver bem. Como problematizar as política sem perceber como a
ações das megacorporações globalizadas consumimos em nossas refeições, como
e das instituições que deveriam ser nos expressamos tecnologicamente ou
multilaterais (lobbies, ONU, FAO), que ultrapassamos os limites estabelecidos
têm hoje a prerrogativa de determinar o por determinada tecnologia,
que vai ou não vai ser feito da reapropriando-a, desdobrando-nos na
natureza? Como recriar nossas relações criação de nossxs filhxs, definindo
com a natureza, nossas culturas? Enfim, assim como será o planeta que
que globalização queremos: a que vem habitaremos no futuro.
se impondo ou a que desde abajo vem Sob quais culturas vivemos?
buscando outros caminhos? Das sementes ao plástico,
Práticas como o GNU/Linux - a semente medicamentos, reprodução humana e
digital originária -, que não detém distribuição de alimentos, por nanofios e
patente e colabora para a difusão do pelo ar, convergindo conhecimentos
conhecimento. Ou o recente debate bioquímicos e a microeletrônica, nos
sobre propriedade intelectual com o tornamos bilhões de consumidorxs e
copyleft, bancos de sementes, práticas produtorxs, submetendo-nos a algumas
agroecológicas, permacultura, centenas de bilionárias empresas
isolamentos voluntários, boicotes, ações bélicas, farmacêuticas, petrolíferas e
de contestação à produção transgênica e alimentícias mais poderosas do que
reprodutiva por camponesxs, assim governos, populações e culturas locais:
como, no campo teórico, o como Monsanto - antiga fabricante de
ciberfeminismo instaurando o armas químicas, empresa que hoje
feminismo como crítica à cultura abocanha quase metade do setor de
tecnocrática. Esses são pequenos, sementes transgênicas, Du Pont - antiga
táticos, no entanto muito importantes fabricante de pólvora, uma das gigantes
passos para o novo desafio. da indústria química dos Estados
Com os recentes avanços da ciência Unidos, detentora de mais de 34 mil
sobre o nosso dia a dia através das patentes desde 1804[3], Bayer -
grandes indústrias do nano, procuramos sobrenome de um químico alemão que
entender a construção deste sistema- inspirou a empresa produtora da
mundo desde um âmbito cotidiano, aspirina, produz toda uma linha de
muito mais amplo e íntimo do que sementes para hortaliças transgênicas,
meramente o campo científico ou prestes a introduzir o arroz transgênico
antropológico. É, sobretudo, um debate no Brasil sob o lema “Almejar o sucesso:
cultural, que diz respeito aos Não desistir, especialmente se surgirem
127
resistências e reveses”[4]; ou ainda a Campesina) ou aquelxs que trocam
Nestlé - “Boa Comida, Boa Vida”, arquivos pela internet, que vendem CDs
parceira do programa Fome Zero, que nas ruas ou criam suas estações de
desmineraliza águas no Brasil e compra radioamadores, utilizando-se das
(junto à Coca-Cola) fontes de águas de técnicas disponíveis, as apropriando,
aquíferos como o Guarani[5] (a maior questionando e criativamente
cisterna natural de água doce do mundo, recombinando. Na biopirataria
localizado em nosso continente). A corporativa, paga-se somente uma
Nestlé foi escolhida a transnacional multa, normalmente muito mais
mais irresponsável do planeta nas modesta do que os lucros. E assim, o
questões sociais e ecológicas (pela mesmo jatinho que jogou o agente
conferência Olho Público em Davos, laranja durante a Guerra do Vietnã por
ligada ao Fórum Social Mundial)[6], ao nove anos, matando as colheitas de
lado de Dow Chemical, Shell, Syngenta e arroz e causando fome, começa a ser
Wal-Mart. usado repleto de fertilizantes, ajudando
Além de toda a pressão pela mudança a “salvar” o planeta da fome, sob o signo
de paradigma na produção de comida, da “revolução” verde, através das
produtorxs rurais vêm sofrendo todos décadas seguintes. São as biopolíticas
os tipos de violência, como calúnias, desenvolvidas desde os gabinetes das
perseguições, prisões e assassinatos, Nações Unidas e implementadas em
enfrentamentos com milícias, jagunços e escala planetária, recentemente
a mídia corporativa, além dos inúmeros renovadas pela aprovação do Codex
casos de biopirataria[7]. Mesmo o milho, Alimentarius[11]. Além do que ingerimos,
um dos alimentos considerados mais há ainda a contaminação de lençóis
sagrados pelas populações indígenas ao freáticos pela imensa quantidade de
centro e ao sul de nosso continente, resíduos tóxicos. Até mesmo os
altamente nutritivo, sofre ainda fitoterápicos acabam sendo manipulados
contaminações “descontroladas”, como a por empresas de distribuição,
que aconteceu no Brasil. Isso se soma à fabricantes de cápsulas. Muitos
pressão da aprovação dos transgênicos produtos orgânicos são trazidos por
no país[8]. Segundo o jornal Brasil de longuíssimas distâncias até as
Fato, a Embrapa confessa que existirá prateleiras dos supermercados,
em breve “uma contaminação persistindo a dependência das pessoas
generalizada”[9], sendo que a maior do modo passivo de consumo e nossa
parte da produção que alimenta as dissociação da natureza. Tornamos o
pessoas no mundo é feita pelx pequenx corpo das mulheres um campo de
produtorx[10]. No entanto, xs únicxs batalha à parte, consumindo cosméticos,
presxs são justamente essxs que têm cirurgias estéticas, contraceptivos,
suas plantações contaminadas, xs que cesáreas, esterilizações, próteses,
resistem em ações diretas (MST/Via abortos clandestinos e extração de
128
óvulos, somando-se isso aos tempo de abundância, com a troca de
antidepressivos e estimulantes sexuais arquivos digitais, compartilhamento de
consumidos por todxs. Uma vez bruxas banda e software livres. Sob uma visão
e operadoras de grandes mainframes, única, a técnica torna-se, nas sociedades
criando lógicas de computação sem modernas, o mecanismo das relações
computadores (Ada Lovelace). Nos dias das pessoas com seus territórios, seres
de hoje, mesmo em comunidades mais e tempo, dissociadas dos cósmicos
inclusivas como a do software livre, saberes, suas artesãs originárias e suas
representam apenas 1,5% das que potências.
controlam os códigos[12]. No entanto, esse rompimento de nossos
É a derradeira destruição de modos e métodos naturais, solidários e
conhecimentos e culturas tão sólidos colaborativos, adquiridos no campo da
que não necessitavam ser registrados experiência vivida e coletiva, se mostra
em papel ou patentes. Adotando slogans ainda mais difícil de resgatar. Já foram
como “o milagre da ciência” e “o testadas inúmeras possibilidades de
especialista global” para justificar as expansão colonial geográfica, bem como
apropriações indevidas de nossos ampliadas as limitações do espaço com
conhecimentos tradicionais, os piratas o virtual, quando a invasão é
não mais precisam de armas: vêm em apresentada desde uma nova fronteira -
magníficas cópias de folhas verdes. o espaço molecular. Seres humanos
Substituímos nosso leite materno por como matérias-primas, condicionamento
seus pós. de células nervosas e
Segundo Milton Santos, as modificações microprocessadores, uma rapidez
no campo técnico-científico e incrível de emanação inauguram a era
informacional teriam criado um da biotecnocracia, que intensifica ainda
momento da história em que um novo mais a produtividade através da
modelo de natureza artificializada se apropriação das sementes da vida e do
instala, mediada e altamente controle totalitário de todos os seres,
manipulável, e se reproduz por esferas aspectos determinantes no sentido do
distintas, construindo todo o nosso compartilhar das produções energéticas.
imaginário social, adotando modelos É agora a partir do átomo, do micro, do
únicos de tempo e espaço, unindo sobre recorte, que nasce a ideia da biopolítica.
moldes capitalistas ciência e produção. Nesta configuração de mundo, os
Esse modelo é legitimado por leis e princípios de territorialidade coletiva
políticas cada vez mais restritivas (em são abandonados, substituídos pela ideia
ações de confinamento, fome, de um grande mercado onde é possível
subordinação de corpos, fetiche da comprar e vender simplesmente tudo.
estética cirúrgica e da alta tecnologia,
proibição de troca de sementes ou Tati Wells e Ruiter Rodrigues
material cultural - dádivas comuns a {{ .. / Coletivo Baobá Voador ´;;~}
todas as pessoas, à própria vida),
proibindo liberdade e engenhosidade Agradecemos ao Prof. Carlos Walter Porto-
como cultura humana, mesmo em um Gonçalves pela gentil leitura e correções.
129
REFERÊNCIAS http://www.cpt.org.br/?system=news&action=rea
d&id=245&eid=127 /
1 Expressão com que o movimento indígena vem, http://www.midiaindependente.org/pt/red/2003/0
desde 2004, nomeando o continente chamado 5/254956.shtml Acesso em 26 Fev. 2010.
América. Consultar Porto-Gonçalves, C.W. 2009.
Abya Yala. In: SADER, E. e JINKINGS, I. 6 Segundo o site da ação Olho Público em Davos
(Coordenadores) 2009 Enciclopedia Contemporánea http://www.publiceye.ch/en Acesso em 26 Fev.
de América Latina y el Caribe. 2010.
Akal/Boitempo/Clacso, Madrid.
7 Segundo o site
2 Recente categoria analítica que fala dos esforços http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EM
de superação das problemáticas enfrentadas pela I80394-15223,00-HENRY+W... e a Wikipedia
América Latina desde a colonização. É um http://pt.wikipedia.org/wiki/Henry_Wickham
conceito que está sendo formulado por muitos Acesso em 26 Fev. 2010.
teóricos, como Quijano, Mognolo, C. W. Porto-
Gonçalves, Arturo Escobar, e praticantes, como 8 Segundo estudo de pesquisadores da Fiocruz
Paulo Freire e Augusto Boal. Citamos aqui a http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-
pesquisadora Catherine Walsh (2008) que destaca 88392004000300011&script=sci_a... e clippings de
quatro formas de colonialidade: "A colonialidade matérias à época
do poder - se refere ao estabelecimento de um http://www.ecolnews.com.br/transgenicos/trans_
sistema de classificação social baseado em uma historia.htm
hierarquia racial e sexual; a colonialidade do saber Relatório do Greenpeace ilustra inúmeros outros
- trata do eurocentrismo como a perspectiva casos
única do conhecimento, o que descarta a http://www.greenpeace.org/raw/content/brasil/d
existência e viabilidade de outras racionalidades ocumentos/transgenicos/sum... Acesso em 26 Fev.
epistêmicas e outro conhecimento (...); a 2010.
colonialidade do ser - é o que se exerce por meio
da inferiorização, subalternização e a des- 9 Segundo o site do jornal Brasil de Fato
humanização, fetichização do ser humano (...); por http://www.brasildefato.com.br/v01/agencia/naci
fim, a colonialidade da mãe natureza - ocorre ao onal/a-ciencia-segundo-a-... Acesso em 26 Fev.
se dissociar razão, cultura, sociedade e natureza. 2010.
Cria o impossível, o humano como dissociado da
mãe natureza." In: A perspectiva eco-relacional e a 10 Segundo pesquisa do /ETC Group
educação intercultural no entrelaçar de afetos: a http://www.etcgroup.org/upload/publication/pdf_
descolonialidade do saber com foco na file/ETC_Who_Will_Feed_Us... Acesso em 26 Fev.
sustentabilidade ambiental, João Figueiredo 2010.
http://aric.edugraf.ufsc.br/rest/artigo/32/semFolha
DeRosto/pdf?chaveDeAc... / Acesso em 26 Fev. 11 O Codex Alimentarius é um Programa Conjunto
2010. da Organização das Nações Unidas para a
Agricultura e a Alimentação - FAO e da
3 Segundo o site da empresa Organização Mundial da Saúde - OMS. Trata-se de
http://www2.dupont.com/Plastics/en_US/News_E um fórum internacional de normalização sobre
vents/article20090716.html Acesso em 26 Fev. 2010. alimentos, criado em 1962
http://www.inmetro.gov.br/qualidade/comites/cc
4 Segundo o site da empresa ab.asp Acesso em 26 Fev. 2010.
http://www.bayercropscience.com.br/site/aempre
sa/visaomissaoevalores.fss Acesso em 26 Fev. 12 Ada Lovelace foi a primeira programadora
2010. http://pt.wikipedia.org/wiki/Ada_Lovelace
Dados sobre a mulher nas comunidades de
5 Segundo os sites da Comissão Pastoral da Terra software livre http://flosspols.org Acesso em 26
e do Centro de Mídia Independente, entre outros Fev. 2010.
oñatendeva’erã ome’êvo solución(lobbies,
ONU, FAO), oguerekóva puaka ipopekuéra
Nda arei’ete kuri, enteromba’ete oîhaicha’ite mba’epa ojejapovaerã terâ nahaniri ko ñane
kuri, upei omoambue yvypora reño’i rekohagui? Mba’eiko jamoporã jeyta ñane
ojapovaekue umi ava ka’aguype (Balée jeiko ñanerekohandie ha porã rekondive?
okalkula 12% pe ka’aguy Amazona ha’e pe Upeicha, mba’eiko la ñamopeteîséva: ko
tembiapo’a). Aimete po’apy ary guive ava oñemoîva ñandeve piko terâ ouva yvygui ha
Abya Yala [1] nguera ombohetesorõ pe ohekava ambue tape?
“ka’aguy reko”: ñemity ha ñemboguatarupi Ojapova ouvo GNU/Linux - pe ta’ýi ypy
ome’ê heta ka’avo joguaha, pohano ha kuãpyryrýre -, ndo jokoiva kuatia atâ
japopy porupi, jekua’a “rekotee’ýre”, omosarambihãgua kuaapy. Terã
omomba’eheta ñemoñarupi, oipuruvo ha ñomongueta ramoite guare pe kuaapy
ombohetesorõ pe aty rupi. Peicha ijaty heta mba’eteevape copyleft, oîhape ta’ýikuéra,
teko arandu tyru, upepe omombarete pe agrorembiapope ekologiaguigua,
ñopytyvôeta poguype: Tekopytuva, porâ, Permacultura, ñemopeteî, boicot, jejapopyre
tembi’u, kuaapy – jeikua’a porâ mbyjakuera, ñemoata pe ta’ýire ñembyaiseva ha
oikuaukavo teko aporeko. chokokue omomembyva ohovo, peicha
Yma ha ko’angagua jehechauka, umi kuatiape, ciberfeminismo omombareteva
opaichagua renondepe umi zapatista oñe’ereityvo pe tecnocráticare. Umiva ha’e
mbarete renondepe, mbarete chokokue michimi, tembiapo, ha katu iñimportante
ñorairô, avanguera ha tava-i, pe kolonia jegueroguata tape pyahure ñekarapu’arã.
ñemboja’o [2] ha teko sâso ku tava Bolivia ha Nda’arei ciencia jegueroguatarupi ko’anga
México peguaicha, Política Institucional rupi industria umi tecnología michi ha katu
ko’anga Ecuador ha Venezuela peguaicha ipotenteva jeherova: micro-tecnologia,
jajepy’a mongueta pe avareko, ñantende ontendeuka jejapopy ko sistema-mundo
porâ ve hãgua mba’eichapa jaguata umi ko’e ko’ere, peicha ñantendeporãve ýro
payé umi científico ija’o morotîvandie, ku japyta kuatiape heihaichaitente ciencia ha
física py’ahu osakoiva tape ñañamindu’u yvyporarekore. Peva ha’e jepy’amomgueta
ko’anga guarã ha’eteva: peatantevoi jaikuamivare ha jajapovare. Tekove
(Heidegger). Ndojeikovei pe ko’anga, ha katu ndoikeiva, tenondera ta’anga ryryipe ñande
ojesakoi pe ko’erorã. “Eme’ê entero umi ku’i reko añete oñondive, peicha jajapo
oîhaicha pe yvagape, ha entero umi mbarete ko’angarupi kuapyra ha tembiapoka politika
oîva hiarikuera há oikua’ata pe koerã” rupi ñepensaýre upevare peichaite jamoko,
(Laplace). mba’eichapa ja’e tera jahasa la raya pe
Roñeha’ãko ñomonguetaruoi ñañome’ême tecnología guiguava, ñañemomba’evoikatu,
jaikua’apyahu mbarete, ñamyaty hâgua ñanentema voi la tayra tera tajyra
remiandu ha kerayvoty ñemoapesâ rupi japosehaicha jajapo hekovegui, ja
(Maturana) he’iva jeiko porâ rupi. decidimakatu mba’eichapa opytata
Mba’eichapa umi ambu’e tembiapo ñanderekoha tapepukuvo.
tuvichaiteva ha institución kuera Mba’eichagua Kua’a Poguypepa Jaiko?
131
Ta’ýi jehasa plastikope, pohaita, yvypora medio corporativo prensa guakuera, avei
apo ha tembi’u ñemosarambi, kable po’imi kañyhape jejapova umi piratería[7]. Avei
rupi ha yvyture, kuapy bioquimico ha avati, ha’eva tembi’u marangatu ava kuera
microelectrónica, jehupityma hetaiteréima rembi’u ñane tyrupe, hypy’ûva, ko’anga
oipuruva ha ojapova, ñane moinge umi guara avei oñekontamina mbama
empresa oporojukavandi, poha apopyre, “noñesambyhyveiva”, ku Brasilpe
itakyra ha tembi’u apo iporo’oveva umi oikohagueicha. Ava ñamoi umi ojopyva
omyakava tetâ, tavaygua ha kuapy tenda ojeguereko hagua transgenico tetâme [8].
rupigua: Monsanto – ymaguive ojapova Pe kuatia Brasil de Fato, EMBRAPA
pojoapy química, ko’âva empresa omombe’u oitaha ndaipukuveima “pe ñe
ko’ángarupi oñangareko pe ta’ýi envenena guazú” [9], upeicha tembi’urâ
transgénica, Du Pont – ymaguive ojapova tuichaveva osêva umi tembiapo chokokue
mombuha, ha’eva peteî tuichapajepéva ojapova michi michimime [10]. Ha katu,
tembiapo química Estado Unido pe, imba’e ha’ekuerata hina la ojeperjudikatava umi
tee mbohapy pa porundy su techaukaha oñemity’iveva, umi oñemyatãva tembiapoita
upe peteî su poapy sa irundy[3], Bayer – rupi (MST/Via Campesina) têra umi
peteî têra químico alemán ojapoypy vaekue omoambu’eva internet rupi, ohepyme’êva
pe tembiapo empresa aspirina gui oñepyrû, CDs tapere terã ojapova ñe’êpuho’e oipuru
ojapo enteroiteichagua ta’ýi koga técnica orekova henondepe, oñemo mba’e,
huertapegua transgénica, oîma oike omba’e porandu ha ojapo joparape. Pe
haguáicha arro transgenico Brasilpe heivo: Biopirateria corporativa, ojepaga peteî
“Jeheka akârapu’â: Ani eheja, osêjaveramo multa, michive katuete la opytatava
ñemo atâ terâ oguývo”[4]; Avei Nestlé – ivolsillope.
“Tembi’u porâ, teko porâ”, oipytyvôva opa Ha upeicha, uni opulverizava aviónrupive
haguâ ñembyahy’i, odesmineralizava y veneno opoiva ombya’i ha oporoyuka
Brasilpe ha ojogua (Coca Cola ndive) pe y Guerra Vietnan porundy Ary, ohundi arro
eta opupuva jaherova acuífero Guaraní[5] (y jekosecha ha ogueru ñembyahy’i, oñepyru
potî nde heva oîva ñane tyrupe mba’yru ojeipuru abono químico, ojerrecupera
oîva ñane rekohape). Pe Nestlé ojeiporavo hâgua kuarahy ra’y pe ñembyahy’igui,
kuri umi multinacional apytegui ndo japo “ñembojere”hovy, pa ary rire. Ha’e umi
poraîgui hembiapo ñanerekohare ha biopolitika ombohetesorova aty Naciones
tavayguandie (pe conferencia Ojo Público Unidas rembiapopy há omosarambiva ko
Davos pe, Foro Social Mundial ndive) [6], yvy Ari, nda arei’ete ombopyahu ha
Dow Chemical ykere, Shell, Syngenta ha omoporâva Codees Alimentarius [11]. Avei
Wall-Mart. jaipuruva, oî gueteri ñembonky’a umi y
Avei umi jejopyeta apytepe ñemo ambu’e yguyrape veneno yty agrotóxicorupi. Avei
hagua pe tembi’u apo rechauka, umi umi pohanguera oñembojehe’avo empresa
ñumegua kuéra rembiapo ohasa asy omosarambiva, ofrabricava cápsula
opaichagua ñorairô, japu, jeikovai, preso ha umívape avei ajagarra ko’â mba’e. Heta
jejuka, ñorairô militar ndive, jukaha ha umi producto reko rehegua ojereru mombyrygui
132
ñemoi hagua mba’e ñemuhame, oî ñeha’arô sasô. Peva peteînte, ojevy peva pe tecnica,
ambu’e teko oha’arô oñeme’ê ha jaje’ivo ko ñane socieda pyahu, ñane jeiko
tera ñañemo ambu’e ko ñanderekohagui. oñondive teko tekohare, teko ha ary,
Pe kuña regui jajapo peteî ñorairô renda, ojepoky’i pe kuapy yvagarape, umi porâ
jeipuru javeramo cosmético, cirugia apo ypy ha ipokatu.
estética, contraceptivo, cesárea, Ha katu, jejoka ñane jeiko ha rekoapo,
esterilizaciones, protesis, aborto kañyhame mba’e rechakua’a ha pojera, jagueruva
ha tupi’á jepe’a kuña ry’epygui, tekoapo ha jehasapyre oñondive, jahecha
antidepresivo ha mokyre’yra ojeipuruva gueteri hasy ha jajoko terâ jagueru je’y.
oparupi. Peteî kuña pajé ha maquina Ojeprobama heta posibilidad ñemosarambi
tuvichava rembiapo mainframes, ojapova colonia grográfica, avei ñembotuvichave pe
computadorpe guarâ ñegueropensa limitación pe pa’u pe virtual, oñepresentavo
computador y’etere (Ada Lovelace). Ko ku invasion ko rembe’y pyahugui – pa’u ku’i
angarupi, aty harupi software sâ’yre, oî 1,5% ra’y totemi. Tekove ojepuru material-prima
oñangarekova umi papapy [12]. ramo, ocondiciona célula nerviosa ha
Âva ha’e hina ombya’ivamomarandu ha porâ microprocesador, ipya’e ñaimo’ayre otororô
ata noikotevêiva jemo’i kuatiare terâ oñeingura pe biotecnocracia, pe’a
techaukahape. He’ivo peicha: “kua’a pokatu” omopya’eve pe jejapore oñemomba’e rupi
ha “katupyry apu’a renyhe” oñemomba’e pe ta’ýi tekovesa ha okontrolavo entero
umi ñane kuapy ñanemba’eteete, umi pirata tekove oîva yvyári, imbareteva avâ mba’e
noikotevê veima arma: ouma pira pire ñemboja’ovo tembiapore mbareterâ.
hovype. Jamo ambu’ema ñane sy kamby Ko’anga ñepyrû pe kyta ytotemigui,
timbore. michimi, pehengue onaceva pe
Milton Santos he’i haicha, ñemo ambu’e pe biopolitikagui. Ñantende haicha ko yvyári,
campo técnico-científico ha informacional umi teko ypy ha entero umi yvyñepyrumby
pe ojejapo sapy’ami tekovekue peteî avâ jehejapa, oñe moambu’e ñemuha
techauka pyahu teko gua’u oñemoi, guazúre ikatuhape jejogua ha ñe hepyme’e
mediada ha omyakaky’o, ikatu enterove enteroite mba’e.
omboheta, ojapo ñane jeiko rupi, omopeteî
hechakarâ ary ha arapy, omopyenda pe
kapitalista aranduka ha rembiapokarâ Tati Wells y Ruiter Rodrigues
joguaha rupi. Pea petechauka lei ha politika {{../Coletivo Baobá Voador ´;;~}
omohekoporâ ha amyatâ (oñongaturupi,
ñembyahy’i, omoingue tetepe, omopajereko Roagujeveme’ê Mbo’ehara Carlos Walter Porto-
pe estética cirúrgica ha tecnologia, oprohibi Gonçalves ikatupyryhare oleevo ha
ta’ýi ñemo ambu’e ha kuatia porâra – okorregihaguere.
ñeme’ê maymava tekovepe, hekove imba’e
teepe), oprohibi sasô ha ojapovo porâ
tekora, pe heta oîhame, ambu’e ñongatuha
kuâpore, oipurukavo banda ha software
133
Procuramos a través de este debate confabular
nuevas relaciones de poder, re-fundar procesos
Desde hace poco tiempo, casi todo era natural, afectivos y auto-poéticos (Maturana) que
misma con las intensas modificaciones afirman el vivir bien. ¿Cómo problematizar las
indígenas en las florestas (el antropólogo Balée globalizadas y de las instituciones que deberían
estima que cerca del 12% de la Floresta ser multilaterales(lobbies, ONU, FAO), que
Amazónica sea fruto de ese trabajo). tienen hoy la prerrogativa de determinar lo que
indígenas de Abya Yala[1] desarrollan sus ¿Cómo recrear nuestras relaciones con la
“florestas culturas ”: agriculturas y manejos que naturaleza, nuestras culturas? En fin, ¿qué
comunidad entera. Así se consolidaron muchas colabora para la difusión del conocimiento. O el
civilizaciones del continente, donde reciente debate sobre propiedad intelectual con
formando una sólida cosmología, que influenció voluntario, boicot, acciones de contestación a
Tanto por su pasado cuanto por sus modelos ciberfeminismo instaurando el feminismo como
países como Bolivia y México, o por política nuestro día a día a través de las grandes
de entender cómo caminamos de los payés a mundo desde un ámbito cotidiano, mucho más
los cientistas de chaleco blanco, la física amplio e íntimo que meramente el campo
del pensamiento actual: el determinismo debate cultural, que dice al respecto a nuestros
prepara el futuro. “Me des las posiciones de excluidas, anticipadas en las pantallas de TV
todas las partículas del universo, y todas las nuestras relaciones personales, creando hoy
fuerzas que actúan sobre ellas, y preveré el día una idea de cultura y política sin percibir
cómo la consumimos en nuestras comidas,
134
futuro”(Laplace).
cómo nos expresamos tecnológicamente o conferencia Ojo Público en Davos, conjunto al
ultrapasamos los límites establecidos por Foro Social Mundial) [6], al lado de Dow
determinada tecnología, reapropiándola, Chemical, Shell, Syngenta y Wal-Mart.
desdoblándonos en la creación de nuestros Además de toda la presión por el cambio de
hijos, definiendo así cómo será el planeta que paradigma en la producción de comida,
habitaremos en el futuro. productores rurales vienen sufriendo todos los
¿Bajo cuál cultura vivimos? tipos de violencia, como calumnias,
De las semillas al plástico, medicamentos, persecuciones, prisiones y asesinatos,
reproducción humana y distribución de enfrentamientos con milicias, matones y los
alimentos, por cables ínfimos y por el aire, medios corporativos de prensa, además de los
convergiendo conocimientos bioquímicos y la innúmeros casos de biopiratería[7]. Mismo el
microelectrónica, nos volvemos billones de maíz, uno de los alimentos considerados más
consumidores y productores, sometiéndonos a sagrados por las poblaciones indígenas al
algunas centenas de billones de empresas centro y al sur de nuestro continente, altamente
bélicas, farmacéuticas, petrolíferas y nutritivo, sufre todavía contaminaciones
alimenticias más poderosas que los gobiernos, “descontroladas”, como el que sucedió en el
poblaciones y culturas locales: como Monsanto Brasil. Eso se suma a la presión de la
– antigua fabricante de armas químicas, aprobación de los transgénicos en el país[8].
empresa que hoy se abocan casi la mitad del Según el periódico Brasil de Fato, la EMBRAPA
sector de semillas transgénicas, Du Pont – confiesa que existirá en breve “una
antigua fabricante de pólvora, una de las contaminación generalizada”[9], siendo que la
gigantes de la industria química en los Estados mayor parte de la producción que alimenta a
Unidos, dueña de más de 34 mil patentes las personas en el mundo es hecha por los
desde 1804[3], Bayer – apellido de un químico pequeños productores[10]. Sin embargo, los
alemán que inspiró a la empresa productora de únicos presos son justamente esos que tienen
aspirina, produce toda una línea de semillas sus plantaciones contaminadas, los que
para hortalizas transgénicas, listo para resisten en acciones directas (MST/Via
introducir el arroz transgénico en Brasil bajo Campesina) o aquellas que cambian archivos
lema: “Búsqueda del éxito: No desistir, por Internet, que venden CDs en las calles o
especialmente si aparezcan resistencias y crean sus estaciones de radioaficionados,
reveses”[4]; o todavía la Nestlé – “Buena utilizando las técnicas disponibles, como
Comida, Buena Vida”, auspiciante del apropiando, cuestionando y creativamente
programa Hambre Cero, que desmineraliza recombinando. En la biopiratería corporativa,
agua en Brasil y compra (junto a la Coca Cola) se paga solamente una multa, normalmente
fuentes de aguas del acuíferos como el mucho menos que la ganancia.
Guaraní[5] (la mayor cisterna natural de agua Y así, el mismo pulverizador rasante que tiró el
dulce del mundo, ubicado en nuestro agente naranja durante la Guerra de Vietnan
continente). La Nestlé fue elegida la por nueve años, matando las cosechas de
transnacional más irresponsable del planeta en arroz y causando hambre, comienza a ser
las cuestiones sociales y ecológicas (por la usado lleno de fertilizantes, ayudando a
135
“salvar” el planeta del hambre, bajo el signo de leche materna por sus polvos.
la “revolución” verde, a través de las décadas Según Milton Santos, las modificaciones en el
siguientes. Son las biopolíticas desarrolladas campo técnico-científico e informacional
desde los gabinetes de las Naciones Unidas e habrían creado un momento de la historia en
implementadas en escala planetaria, que un nuevo modelo de naturaleza
recientemente renovadas por la aprobación del artificializada se instala, mediada y altamente
Codees Alimentarius[11]. Además de lo que manipulable, y se reproduce por esferas
ingerimos, hay todavía una contaminación de distintas, construyendo todo a nuestro
las venas de aguas por la inmensa cantidad de imaginario social, adoptando modelos únicos
residuos tóxicos. Inclusive los fitoterápicos de tiempo y espacio, uniendo sobre moldes
acaban siendo manipulados por empresas de capitalistas ciencia y producción. Ese modelo
distribución, fabricantes de cápsulas. Muchos es legitimado por leyes y políticas cada vez
productos orgánicos son traídos por lejísimas más restrictivas (en acciones de confinamiento,
distancias hasta las góndolas de los hambre, subordinación de cuerpos, fetiche de
supermercados, persistiendo la dependencia la estética cirúrgica y de la alta tecnología,
de las personas de modo pasivo de consumo y prohibición de cambio de semillas o material
nuestra disociación de la naturaleza. cultural – dádivas comunes a todas las
Convertimos el cuerpo de las mujeres en un personas, a la propia vida), prohibiendo libertad
campo de batalla a parte, consumiendo e ingeniosidad como cultura humana, mismo
cosméticos, cirugías estéticas, contraceptivos, en un tiempo de abundancia, con el cambio de
cesáreas, esterilizaciones, prótesis, abortos archivos digitales, compartiendo de banda y
clandestinos y extracciones de óvulos, a eso se software libres. Bajo una visión única, la
suman los antidepresivos y estimulantes técnica se vuelve, en las sociedades
sexuales consumidos por todos. Una vez brujas modernas, el mecanismo de las relaciones de
y operadores de grandes máquinas de personas con sus territorios, seres y tiempo,
informática, creando lógicas de computación disociados de los conocimientos cósmicos, sus
sin computadores (Ada Lovelace). En los días artesanas originarias y sus potencias.
actuales, mismo en comunidades más Sin embargo, ese rompimiento de nuestros
inclusivas como el del software libre, modos y métodos naturales, solidarios y
representan apenas 1,5% de las que controlan colaborativos, adquiridos en el campo de la
los códigos[12]. experiencia vivida y colectiva, se muestra
Es la última destrucción de conocimientos y todavía más difícil de rescatar. Ya fueron
culturas tan sólidas que no necesitaban ser probadas innúmeros de posibilidades de
registrados en papel o patentes. Adoptando expansión colonial geográfica, bien como
slogans como “el milagro de la ciencia” y “el ampliadas las limitaciones del espacio con el
especialista global” para justificar las virtual, cuando la invasión es presentada desde
apropiaciones indebidas de nuestros una nueva frontera – el espacio molecular.
conocimientos tradicionales, los piratas no Seres humanos como materias-primas,
necesitan más de armas: vienen en magníficas condicionamiento de células nerviosas y
copias de hojas verdes. Sustituimos nuestra microprocesadores, una rapidez increíble de
136
emanación inauguran la era de la gran mercado donde es posible comprar y
biotecnocracia, que intensifica todavía más la vender simplemente todo.
productividad a través de la apropiación de las
semillas de la vida y del control totalitario de
todos los seres, aspectos determinantes en el Tati Wells y Ruiter Rodrigues
sentido de compartir de las producciones {{../Colectivo Baobá Volador ´;;~}
energéticas. Es ahora a partir del átomo, del
micro, del recorte, que nace la idea de la Agradecemos al Prof. Carlos Walter Porto-Gonçalves
biopolítica. En esta configuración de mundo, los por la gentileza en las lecturas y correcciones.
principios de territorialidad colectiva son
abandonados, substituidos por la idea de un
137
138
Hacia una cultura
de concienciación
ambiental Amancio Chamorro es educador en la ciudad de San Alberto en
Paraguay. Ha realizado una investigación que trata de educación
y medidas preventivas de contaminación ambiental. El texto a
seguir es parte de su investigación.
Al hablar con las personas se nota que La basura tirada en cualquier parte que
conocen el tema, saben que están es uno de los factores de mayor
contaminando, pero les parece que no contaminación ambiental sustentable
es muy calamitoso y que por eso nadie que trae consigo los avances
se preocupa por nada, no tienen tecnológicos y el mejoramiento de
asistencia técnica, ni las personas otras culturas, sin embargo, con sus
encargadas de hacerlo, como las de prácticas higiénicas poco saludables
Itaipú no ayudan, no castigan a los que dejan huellas profundas en el
grandes delincuentes ecológicos, sino a medio ambiente.
los pequeños que inciden muy poco en
el efecto final. Es preocupante el uso En los planeamientos docentes, la
indiscriminado de los defensivos reforma Educativa insiste que debe ser
agrícolas, inclusive, esta región, es en forma transversal, debe abarcar
destino final de los agrotóxicos todas las materias, destacando que las
prohibidos en Brasil como el 4-2T que mismas se inscriben casi siempre con
es letal para la citricultura; y la gente, frases muy bellas, pero en la hora de
tanto quienes lo aplican y quienes llevarlas a la práctica, no pasan de
reciben ese aire contaminado por el meros deseos y embellecimiento de
139
una fina expresión para engalanar con aun más en lo que se refiere a la
palabras rebuscadas. Educación ambiental que parece ser la
única alternativa válida para que la
Estas prácticas debemos revertir, zona de influencia de la mayor
llevando a los educandos a un hidroeléctrica del mundo tenga una
aprendizaje significativo, hay que vida útil y los pobladores puedan
hacerles conocer, porque nadie puede aprovechar esta enorme riqueza con
querer lo que no conoce, a través de una vida LIBRE DE CONTAMINACIÓN.
una educación formal, organizada,
vivenciada para que se habitúen y así Lo que hace falta es la colaboración de
llegue a los padres y a las madres para los estamentos sociales, el
que reflexionen, se eduquen, se cumplimiento de la Constitución
conciencien y puedan sentir la Nacional. En la Sección II, sobre
necesidad de dejar algo para sus nietos ambiente, asegura en el Art.7 "Toda
y bisnietos, conservando lo poco que persona tiene derecho a habitar en un
sobra y restableciendo otros que faltan. ambiente sano y ecológicamente
La educación debe ser de prevención y equilibrado."
140
Peteî jeikua’aykavo
jepuru porâve hâgua
ñande rekoha Amancio Chamorro ha’e mbo’ehara tava San Alberto Paraguaype
ojapo ñe porandu teko mbo’e mba’éichapa jajokota pe ñomogy’a
ñande rekoha. ko ape mby kymí jeha’ipyre rembiapore.
Heta jey ñañamindu’u rire ja’ese hâgua ja hecha ambue tetâ rupi oñe
ndajejavy’ichene ko tekoha ñembya’ire, industrialisa avei tekoha opyta ky’a ndoje
ndajarekoiha mba’evete oikova ko yvy aprovechaporâiramo.
apere, mba’e vaieta, cheningo peteî yvy Pe mba’aporâ mbo’eharakuéra, oipota
poraminte heta renondepe, mba’e ajapova ñemyatyrô ñemboja’o rupi, ñemba’apo
ndo perjudikai avavepe no mbonguy’a hâgua maymava mbo’epy apytu’û rykue
mo’ái ni nogueru mo’ai mba’e ambu’e iporâveva rupi, jahaihu hâgua ñande
vaieta yvy ári. Peicha jagueropensáramo rekoha ha anitei opyta ñe’ê yvoty pente.
ipu’akase ha ñande mokanguyse ha nda Jajevy va’erâ ko jajapóva jajuvo,
jajapoi iporâva ñande rekoha ñamoí jevy jaguerahavo mbo’ehara kuérape pe arandu
hâgua. añete opyruvo pe tekoha oñandu hâgua
Ñañomonguetaramo perupi enteroveva ipire ha ñe’â rupi, jaikua’apype avave
ontende pe oikova ñembyaí ha ohovo pe ndohaí hui pe ndoí kua’aivape. Upeicharô
ñande rekoha haeteva ku iporâ jeytava añoite je le’e, ha jeiko ohova’erâ oñondive
peichante, ndojerekoi tesa pe’a, ni umi ýro ndoikoi. Jagueroguahê tu’a, ha sy
itaipugua ndo osistiri tecnicamente, ndo kuérape oñamindu’u hâgua, oñemoarandú
castigai umi ombyaiva ñande rekoha há ha oñanduhâgua mba’e pa oheja ohovo
katu opersegui umi omba’apoivevape remiaryrô ha membymembyrepe kuérape,
añetehape avei ombyaiva jahecha oñangareko poravê ko hembymiva ha
mba’éichapa ojeipuru agrotóxico ha’eva jeipuru porâve jarekova ñaina.
veneno ndojepuruiva Brasilpe 4-2T ojukava Tekombo’e ñandereko hare jahekombo’e
naranja ha gentepe pe hyrukue ojejapi vaerâ pea ha’e ogueru jeytava pe
oimehame, jepoko po nandire hidreeléctrica ohejava hapy kuerere, aveí
ipeligrosoimi, aveí ojepurujaveramo yvytu ogueruva mba’e porã ñandeve ha yvy ári
atândi nane pytu rehe ikatu avei ñande hi’â vaerâ enterove oipuru ko mba’e porã
juka. ome’eva ñandeve teko sasõ pe
Umi ka’aguy-y Brasilgua ou ojuka, ombyai ñemonguy’agui.
ndo respetai ovalepa terâ okakuamapa Entero ojapovaerâ iparte yvategua
jeipuruhâ guáicha terá omonda yvyra ha tembiguai kuera ha he’i háicha
oheja perô vera pe ñande yvy. “constitución Nacional” pe Sección II oñe’e
Pe yty ñemombo mamorei ningo hape teko harepe Art. 7 “Enteroveva oreko
ñemonguy’a ha ñanderekoha-uperave derecho oikovo pe tekoha potime.”
ogueru jeiporavorupi ojeaprovecha je’y
Para uma cultura de 141
conscientização Amancio Chamorro é educador na cidade de San Alberto no
ambiental Paraguai, realizou uma pesquisa que trata de educação e
medidas preventivas de contaminação ambiental. O texto a
seguir é parte de sua pesquisa.
Na maioria das vezes pensamos que não temos a O lixo jogado em qualquer parte é um dos
culpa da destruição ambiental, que não temos fatores de maior contaminação ambiental,
nada a ver com o que acontece no mundo, com provocando avanços tecnológicos e o
as calamidades; que eu sou apenas uma pessoa surgimento de outras culturas com as suas
entre bilhões e que minhas ações não refletiria práticas higiênicas poucas saudáveis que
tanto na alteração ambiental, na contaminação deixam marcas profundas no meio ambiente. Nos
e que não teriam tantas conseqüências. Este planejamentos educacionais, a Reforma
pensamento reflete negativamente e não ajuda Educativa insiste que a educação deve ser
para nada na recuperação da destruição transversal, deve abarcar todas as disciplinas,
ambiental. Quando falamos com as pessoas, porém as mesmas se destacam quase sempre
percebemos que elas conhecem muito sobre o com frases muito bonitas, ficando apenas na
tema, sabem que estão poluindo, porém não se teoria porque na prática não passam de meros
dão conta das grandes calamidades e por isso desejos e de bonitas expressões para tentar
não se preocupam, não têm assistência técnica. convencer com palavras rebuscadas. Estas
Os que são os maiores responsáveis, no caso de práticas devemos reverter, levando aos
Itaipu, eles não ajudam, não punem os grandes educandos uma aprendizagem significativa, é
delinqüentes ecológicos, e sim os pequenos, preciso que eles conheçam, porque ninguém
que refletem pouco no efeito final. É pode querer o que não conhece, através de uma
preocupante o uso indiscriminado dos educação formal, organizada e vivenciada para
defensivos agrícolas, inclusive a região de que se habituem e cheguem aos pais para que
fronteira é destino final dos agrotóxicos reflitam, se eduquem, se conscientizem e
proibidos no Brasil, como o 42T que é letal possam sentir a necessidade de deixar algo
para a citricultura e para as pessoas, tanto para seus netos e bisnetos, conservando o
para os que trabalham no manuseio do defensivo pouco que sobra e restabelecendo outros que
quanto para os que recebem o ar contaminado e faltam. A educação deve ser de prevenção e
também os recipientes, embalagens jogadas em ainda mais no que se refere à Educação
qualquer parte como algo muito natural e sem ambiental que parece ser a única alternativa
perigo. Trabalham com os defensivos sem válida para que a zona de influência da maior
nenhuma proteção adequada, sem respeitar a hidrelétrica do mundo tenha uma vida útil e as
hora e a direção dos ventos. Isto é, faltam pessoas possam aproveitar esta enorme riqueza
técnicas para “melhor utilizar” os defensivos com a vida LIVRE DE CONTAMINAÇÃO. O que faz
agrícolas. As reservas ecológicas são falta, é a colaboração dos estamentos sociais,
invadidas por caçadores brasileiros, assim como o cumprimento da Constituição Nacional, na
pescadores que não respeitam o tempo em que Seção II sobre meio ambiente, no artigo 7 afirma:
é proibida a pesca; aproveitando para cortar e “Toda pessoa tem direito a habitar num ambiente
roubar as árvores, provocando o desmatamento. saudável e ecologicamente equilibrado.”
143
BELO MONTE
VEM AÍ?
MARIA ROSA DA SILVA MIRANDA
Pe ñande reko rembiasakue ndaikatui ohasa rei ñemongueta guasurâgui momba’apo, teko ava,
teko joaguy, ñembohasa asy tapicha rekoverehe ha ko anga guarâ “noñemomba’ei” jeikove reko.
Teko umi enteroveichagua tekove, cósmica, kuarahy ra’y, etc.
Jean-Jacques Rousseau suizo (1712-1784) peteîa iñarandukape iñepyrumby pe teko joaguy rehegua,
joajuha teko yvy porâ añetegua ha avei tekove reko avaty tavaygua. Peteîha yvypora rembiandu,
he’i: ha’e tekove; peteîha ñangareko, ñongatupy. Hi’upy yvy ome’êva entero umi oikotevêva, pe
yvypora oikomivaekue jokupytype teko reko ndive. Pe iñambueva ohovo kuaapyrupive; ipuaka
técnica puahu omombay ha ogueraha ñemoha’eñome. Pe yvy porâ ojagarrava puaka
remiandurupi ha odomina, oguahê peteî sapy’ami he’ivo: “Âva che mba’e”1, ha upepe ofalta
ojokovaera omongoratajave ijyvy, ha ikatupe osapucai: “Ani pehendu pea ijapuva! Pe ñehundima
pe nderesarairamo yvy’a ha’e enterove mba’e ha pe yvy ndaha’ei avave mba’e”2.
Pea peproceso ñemo mba’e yvypora yvyre, ndaha’ei ramoguare. Tekotevê heta jerovia ha mbarete
ñembetirâ ha ñemombe’u opaichagua jepuru vai ha ñemomba’e umi mba’e repyetare oîva
mbovymi pope.
Pe tava upe teta rembe’yregua oikuaava pe tembiapo Itaipú rehegua avei oikuaa mba’epa ogueru
ha ohejata hapykuerepe.Tuvicha py’a tya’i, mba’eichapa rojokota âvaichagua tembiapo guasu, avei,
oguerutava ñekarapu’âra mokoî tetâme? Kera yvoty heta brasilero ha paraguayo kuerape ko’anga
peve.
Pe 90 ha 91 ramo, oiko kuri São José das Palmeiras, Santa Helena ypy’eterupi, amoirûva heta
ogaygua rembiasa asy hasêva hapichare omanorupi pe Usina Hidroelectrica de Itaipú jejapohape,
heta kuri tembiasakuera momba’apo rei, mba’apoharakuera opa rire pe jejapo ndoguerekoi
comodida oî hâgua hekopete he’i hagueicha oñepyruvo ojejapo pe mbarete tendyry. Heta jey
aguapy tapicha ovy’ava ndive, ro’umivo pira Ypa pe guare, ogaygua oñeñanduva py’aguasupe,
oguerekova yga pira ñuhâha ha omopeteî mbava pira ñehepyme’ê uperupi. Avei aguapymiva
ogaygua imboriahuva ndive ha ojepy’apyva oikuavo ijyvy oîha yguype há opytapaite
mandu’arântema, oñepromete kuri oñemyengoviataha heta gueteri ndohupityiva gueteri. Pe ko’ê
porâve rekavo omombarete orahavo tenonde umi ñepysanga ouva ipira pire etagui oîva mbovymi
pope omyakâva tembiapo tuvichava mbarete ha ñekarapu’âra.
Pe tavai Santa Helena osê tenonde uperamo, ome’ê heta tembiecharâ Ypa rupive, ome’ê pira
ñerenoherâ ha jejahurâ yrembe’yre. Upepe heta oñehundi tekove kuera, ndoikuaaiva ipypukuha
Ypa oipuruvai rupi. Ypa Itaipú jehecharamo, tuvichava yvyro rasa jejapopyre, tuvichapajepeva, ha
katu nome’eiva kyhyje’ý ha py’a guapy umi tava uperupi guape.
Tuvicha problema osê pe ñemu ñemi rupi otopava tape osyryryvo uperupi, hakuve ñande
rekohape, oîvema monocultura há umi ñangarekoha ñemity rehegua ha’eva kuri já’orâ
146
tesâipeguarâ, umi mba’apoharakuerape.Pe mbarete tendyry ha’eva kera maymabape ndogueru’i
pe oha’arô vaekue, heta umi mba’apohara ome’êvaekue imbyry’ai mba’apo rupi usinape
ndoguerekoiva heta viru ojogua hagua hemikotevê ikatu hagua omba’apove hoga guive oipuruvo
pe mbarete. Tekotevê kuri jehepyme’ê hepy jepuru rupi. Aña ojuaju kuaa’ýva! Umi oguerekova
mbarete omopeteîvo ha umi ojapovaera ñamytime asyme tekovepe. Ñeme’ê mbarete, jehupi ha
ñeñongatu hembyva, ñeguenohê umi ogaygua ava aty ha ñeme’ê tekoha ndaikatuihape oreko
ymaguare teko porâ nguera.
Jepy’amongueta ñekarapu’a rerape, mba’e porâ enterovevape, oaseguravo ñemoañotenonde
yvyapuape ha ho’ava katuinte umi oimo’ava peteî árape iñambuetaha. Ohudi hekove, ohundi
hembiahuhara, nohundiri jerovia ha omano jeroviapope.
Belo Monte ndapepe ou. Mba’enepa ome’ê añetetava pe avaty brasilpeguava ha ambue tavape?
Ñehepyme’ê saive mbareterehe terâ jehepyme’ê hetave?, omombe’u hagueicha pokôiratyme
ojupivetaha mbarete umi oipuruvakuerape, ko’anga ojeipuruveta jave ro’y rupi.
Araka’e pevepa, ñame’êta ñande ry’ái ha heta jey ñande ruguy, jahepy me’êvo umi ombyatyvape
hembyva oiko hagua kyhyje’ýme, py’a guapype ha tyguatame?
¿BELO MONTE
VIENE AHÍ?
MARIA ROSA DA SILVA MIRANDA
La historia de la humanidad no consigue escapar de los grandes temas que generan explotaciones,
barbaries, desigualdades sociales, abusos a los derechos humanos y hoy más que nunca la
“banalización” del sentido de la existencia. Existencia de todos los seres vivos, cósmica, planetaria, etc.
El suizo Jean-Jacques Rousseau (1712-1784) en uno de sus estudios sobre el origen de la desigualdad
social, analizó el ser humano en el estado natural y también las formas de organización de la sociedad
civil. El primer sentimiento del ser humano, afirma: es el de la existencia; el primer cuidado, el de la
conservación. Los productos de la tierra les proveían todos los auxilios necesarios, el ser humano vivía
en equilibrio con la naturaleza. Con el proceso de evolución y conocimiento; dominio de nuevas
técnicas ha despertado o ha hecho de ese ser un egoísta. El ser humano tomado por las ganas de
poder y dominio, en un cierto momento ha dicho: “Esto me pertenece.”1, ahí faltó quien les impidiera de
cercar su tierra, y que pudiera gritar: ¡“Os guardáis de escuchar a ese impostor! Estáis perdidos si os
olvidáis de que los frutos de la tierra a todos pertenecen y que la tierra no es de nadie”2. Ese proceso
de desapropiación del ser humano de la tierra, no es algo reciente. Es necesario mucha valentía y
decisión para enfrentar y denunciar todas las formas de explotación y dominio de nuestras riquezas que
147
están cada vez más concentradas en las manos de unos pocos.
El pueblo de la región de frontera conocían el proyecto Itaipú y conocían también las consecuencias
que irían a enfrentar. El gran dilema era, ¿cómo vamos a impedir un proyecto de esa dimensión, el
cual, traería beneficios a dos o más países? La utopía de muchos campesinos brasileños y paraguayos
sigue hasta hoy.
En los años 90 y 91, viví en São José das Palmeiras, región próxima a Santa Helena, acompañaba los
problemas de muchas familias que lloraban la pérdida de personas queridas en la construcción de la
Usina Hidroeléctrica de Itaipú, eran muchas las historias de explotación en el trabajo, los trabajadores
que después de la construcción no tenían las comodidades y el bienestar que prometían con la energía
eléctrica. Muchas veces me senté con personas felices, saboreábamos los pescados del famoso Lago,
familias que se sentían orgullosas, que tenían sus barcos de pesca y que monopolizaban la venta de
pescados en la región. Me sentaba también con familias empobrecidas y angustiadas porque sabían
que sus tierras estaban bajo el agua y que todo se quedara en el recuerdo, promesas de indemnización
que muchas no habían cumplido por completo todavía. La utopía de días mejores les garantizaba la
superación de las dificultades impuestas por el capital acumulado en manos de dirigentes de grandes
proyectos de energía y desarrollo.
La pequeña ciudad de Santa Helena se ha destacado en la época, prometía mucho turismo debido al
Lago que daba para la pesca y para los bañistas en la famosa playa artificial. Ahí muchos perdieron sus
vidas, sea por los abusos o por la falta de conocimiento de los peligros de profundidad del Lago. El
Lago de Itaipú impresionaba, enormes puentes fueron construidos, era monumental, pero no daba la
seguridad y tranquilidad para los pueblos de la región.
Mayores problemas surgieron con el contrabando en la región que ya encontraba más salidas para el
tránsito, el calentamiento climático ha aumentado asustadamente, el incentivo a la monocultura y a los
agrotóxicos utilizados en la agricultura era una amenaza para la salud, principalmente la de los
trabajadores. La energía eléctrica que era el sueño de todos no dio para las comodidades que
deseaban, muchas de las personas que dieron su sudor trabajando en la usina no tenían poder
adquisitivo suficiente para comprar bienes y que pudiera seguir trabajando desde sus casas utilizando
de esa energía. Era necesario pagar caro por el uso de la misma. ¡Maldita contradicción! Aquellos que
tienen el poder de decisión y aquellos que son obligados a los ajustes de las condiciones precarias de
la vida. Producir energía, aumentar y acumular excedentes, desalojar grupos enteros de familias
indígenas y ofrecer ambientes no compatibles con sus tradiciones culturales.
En nombre de una ideología de desarrollo, de bienestar para todos, la de garantizar la competitividad
en ese mundo globalizado, quien asume las consecuencias son los que creen que un día las cosas
cambiarán. Pierden la vida, pierden sus gentes queridas, pero no pierden la esperanza y mueren
creyendo.
Belo Monte viene ahí. ¿Cuáles serán los reales beneficios para la sociedad brasileña y para otros
pueblos? ¿Pagar menos por la energía o pagar más? como ha anunciado esta semana el aumento de
energía para los consumidores, justamente ahora que consumimos más porque es invierno.
¿Hasta cuándo, vamos a dar nuestro sudor y muchas veces la sangre, pagando para que los
detectores del excedente vivan seguros, tranquilos y bien alimentados?
149
Titilante Corazón de América del Sur
Eligio Miranda Ortíz
“De hijo bien nacido es ser agradecido” obra un refrán popular que traigo
a colación para compartir mi parecer sobre cuatro décadas, como testigo
de los acontecimientos en Paraguay y las relaciones con los países
vecinos.
Así como se guardan los tesoros más valiosos en un cofre de valor
incalculable, en un lugar especial, está ubicado esta nación dentro del
continente de América del sur.
La tragedia que ha ocasionado el capital inglés en explotar y preservar el
petróleo en territorio paraguayo, causó casi la fulminación de sus
habitantes (guerra de la triple alianza). En más, iban surgiendo líderes
como Alfredo Stroessner que se perpetuó en el poder (1954 – 1989),
heredero de un clan que propiciaban el amiguismo con personas
acaudaladas, que tenían fijos los ojos para invertir pingues dineros,
conseguir jugosas ganancias en tierra guaraní, que hasta hace poco era
practicada entre políticos y plenipotenciarios compatriotas o extranjeros.
La globalización, ayuda a sacudir del letargo a hombres y mujeres, en
explotar sus potencialidades para que éste país vaya saliendo del pozo
que sus verdugos han sepultado. Posee una tierra fértil para cultivar,
pero últimamente la falta de una buena política de la reforma agraria,
apaga el entusiasmo de la gran mayoría de los agricultores en tener
siempre los frutos para una buena alimentación en la mesa familiar.
Actualmente, hay una tendencia de mecanización de la agricultura
implantado por extranjeros brasileros, argentinos por encontrar una
situación adversa aprovechan en arrendar grandes extensiones de
tierras, luego se convertirán en sojales, arrozales, trigales y cría de
ganados para la exportación, etc. Los recursos favorecen bastante a los
aventureros empresarios que consiguen créditos blandos del estado, ya
sea de origen o mismo en Paraguay e invierten en estas actividades que
generan lucros incalculables, que por cierto no se dejan en el país los
beneficios sino son exportados para el exterior y dejan empobrecidas las
tierras, contaminando laguna, manantiales, arroyos, ríos y a la población
entera en algunos casos como en Ybycuí, Alto Paraná, Itapúa, etc.
He tenido la suerte de tener algunas referencias sobre los países
fundadores del Mercosur que en la cláusula figuran respetados artículos
para el funcionamiento de la dinámica del mercado, más en la práctica
es una burla; veamos el motivo: se ha tomado una campaña de
150
publicidad en debilitar un foco importante que mueve el turismo, el
comercio en la frontera con Brasil, me refiero a Ciudad del Este.
Actualmente se ha convertido en una gran tienda mezclado en la mayor
parte por inversionista extranjeros como árabes, chinos, brasileros,
japoneses, libaneses, algunos paraguayos, etc. Solamente tienen su
local de trabajo en territorio guaraní y todo los recaudados son
depositados en bancos del exterior, por tanto, la utilidad no genera
ventajas para dicho país, solamente son exteriorizadas por algunos
hechos tales como la improvisación de los vendedores en las calles, las
ventas de productos de contrabandos, estupefaciente, piratería, asalto,
mendigo, nativos indigentes que deambulan alrededor de la terminal,
manifestaciones de moto boy, enfrentamientos de la policía nacional y
de la receita federal, en fin la lista es larga y deprimente. Sin embargo,
en esa variedad de expresiones culturales, la población de la región al
margen del Paraná va combatiendo con el avance de otras culturas
emergentes, sin perder aún lo autóctono que es el alma expresada en el
idioma, estilo de la concepción de la realidad y el ritmo de acompañar
los avances científicos para mejorar la calidad de vida de todos sus
habitantes.
Para restablecer el espíritu de investigación, de trabajo y de generar
riquezas en la región es tarea de todos los hombres y mujeres que se
suman con su aporte para que todos tengan acceso a la producción y no
en el sometimiento, mucho menos ser eliminando por quien es más
fuerte, al contrario, el que es país desarrollado debería de ofrecer
mejores condiciones para elevar a un nivel más digno y no ofreciendo
siempre créditos que hipotecan hasta 100 generaciones. La asimetría es
vergonzosa, es dura pero persiste. Ojalá que el corazón siga siempre
bombeando sangre buena para funcionar armoniosamente los países
vecinos, ayudándose con políticas que benefician a todos y no sólo
desangrando una parte.
Finalmente, se percibe que hay proyectos de nuevos horizontes como la:
UNILA proporcionará que es posible la integración cultural, de
convivencia, ya que allí serán formados los selectos semilleros del
desarrollo de cada país de América del Sur.
151
Py’a otytýiva América del Surpe soja, arro, trigo ha mymba kuera ohepyme’ê
hâgua tetâ ambuepe, etc. Umi orekova ñane
Eligio Miranda Ortíz
retâ oipytyvô umi po’a ra’âhame empresario
kuera ojuhuva viru jeipuruka ivevúiva tava
“Memby heñoi porâ ramo ha’e ijaguyjeve rupive, taha’e hetâme terâ Paraguaype ha
me’ê kuaava” oje’e perúpi ha che agueru ojapo tembiapo oguenohê peve tepyme’ê
ko'anga ambohasavo peême che ahechahaicha heta, ndopytaiva ñane retâme jeipuru hâgua
irundypa ary, oikomivaekue Paraguaype ha mba’apo tapichakuera oîva ko’ape katu
ijeiko katu umi tetâ ijykerekuera oîva. oguerhapa okape ha omomboriahu pe yvy,
Ku ñongatupype jareko haicha karameguâme omongy’arupi y no’ô, yvu, ysyry, y ha
umi mba’e hepyva, peteî tenda poravopyrepe, tavayguakuérape umi Ybycui, Alto Paraná,
oî pe tetâ tyru ryepy América del Surpe. Itapúape guaicha, etc.
Pe tembiasyete ojapo vaekue inglés kuera viru Che po’ami kuri asêvo che tapy’igui upevare
omomba’apovo ha oñongatu pe ita kyra yvy aikuaa maymava umi tetâ oîva Mercosurpe
Paraguaype, ogueru haimete jejukapa iporâite he’iva pe kuatiape mba’eichapa
itavayguape(ñorairô mbohapy tetâ ndive). Ha ojejapota oku’emie hâgua ñehepyme’ê, amo
uperire, osêva sambyhyhara kuera Alfredo hapope jepukarâite; jahechami mba’erepa:
Stroessner icha hi’arapa’ýva pu’akape (1954 ojejapo peteî jenohê rupive umi mba’e iky’a
–1989), iñemuñare ha’e peteî atype terâ ivaivéva oîva tetâme omo kangy hâgua
omoñemuñava angyrûnguera tapichakuera jeju, ñeñemu pe tetâ rembe’y Brasil ndive,
imba’etava ndive, ojesarekova oipuka hagua añe’ê Ciudad del Este rehe. Ko’anga guarâ ha’e
viru mbovymi, okonsegui peve tembirepykue peteî mbatara oîhame heta omoîva viru
heta porâ yvy guaranime, nda areiete peve tepyme’ê râ tetâ ambuegua ha’eva árabe,
ojejapo gueteri tetâ rembijokuaikuera rupi ha chino, brasilero, japone, libane, mbovymi
umi ipuakapava tetâugua terâ tetâ ambuegua paraguayo, etc. Oguereko hikuai
kuera. imba’apoharamo tenda yvy guarani ha ojarava
Pe mba’e apu’apape, ñanepytyvô japayvo oñongatupa bancope okapegua, upevare, ñane
kuimba’e ha kuña nuera, jeipuruvo ñane retâme ndoguerui ñepytyvôrâ, ha katu
katupyry ko ñane retâ osê hâgua ykuá ohejapaite paraguaygua ári ha’ekuera ouva
pypukugui umi ijukare ohejavaekue yvykuape. ojapo hetâme nda ikatúiva, oheja hepyme’êha
Oguereko yvy iporâva ñemityrâ, ha oimehaicha rei tapere, jehepyme’ê ñemû
ipahápendoguerekoigui ku ñemboja’o porâ ñemire, droga, ñemonda para, ñemonda,
reforma agraria rupive, ombogue kyre’ý heta mba’e jerure, ava oikoteveva oguata
tapicha chokokuepe oguerekovo hi’u pyrâ ikatu opárupiete pe mbayru pytaha jerere, ñemo
hâgua okaru porâ ogaygua kuera. atâ motope omba’apova, ñoko’ôi policia
Ko’anga guarâ, oî peteî ñe mba’apose nacional ha receita federalgua, heta jareko pe
tembipuru rupive kokuepe ogueruva tetâ kuatia haipe ja’e pataramo ñanemokanguyse.
ambuegua brasilero, argentino kuera Ha katu, opaichagua jehechauka porâ reko, pe
otoparupi yvy hu’û oñemotenonde opagavo tavayguakuéra Paraná rembe’yregua honorario
terâ oarrenda yvy tuvichava, upei oñoty ipype umi pora ouva ambue tetâgui, oheja ynre
152
takykue ñane mba’e teeva ha’eva ñane anga Cintilante Coração da América do Sul
hechakapy ñane ñe’ême, jejapohaicha Eligio Miranda Ortíz
jehechahaicha umi oikova ha pu rysýirehe
jegueroguata umi ñemotenonde ciencia rupive
oñemoporave hâgua ñane rekove maymava “De um filho bem nascido é ser agradecido”,
yvypóra. refrão de uma obra popular que trago neste
Ñemojoapy je’y hâgua pe pytu jejatypeka, texto para partilhar meu parecer sobre
mba’apo ha jeheka mba’e repy umirupi ha’e quatro décadas, como testemunho dos
tembiapo entero kuimba’e ha kuña kuera acontecimentos no Paraguai e as relações
ombojoapyva pytyvôme ikatu hâgua oike com os países vizinhos. Assim, como se
entero jejapope ha aniteí tindype,ha katu guardam os tesouros mais valiosos em um
anitei oñe mbogue imbareteveva rupi, umiva cofre de valor incalculável, em um lugar
rovake, umi tetâ tuvichavéva ome’êvevamo’ã especial, está localizada esta nação
temikotevê porâve me’ê ohupive hâgua ou dentro do continente de América do Sul. A
porâve hâgua ichupe ha ani ome’ê katuinte tragédia que ocasionou o capital inglês em
ijeroviapy ohepyme’êva peteî sa ñemoñare explorar e preservar o petróleo em
kuerape. Upe ndojojaiva ñanemotî, hasy peva território paraguaio causou quase o
ha oîko. Hi’âite pe py’a katuinte oguenohê extermínio de seus habitantes (guerra da
tyguy porá ombongu’e mbopujoyvy umi tetâ tríplice aliança). E mais, foram surgindo
ambue ykere oîvame, ñepytývô rupive líderes como Alfredo Stroessner que se
mbarete ome’eva maymabape ha nda ha’eiva perpetuou no poder (1954 – 1989), herdeiro
ohuguy’o peteîmente. de um clã que propiciava o amiguismo com
Opakuetevo, ñañandu oîha tembiapo pyahu pessoas endinheiradas, que tinham os olhos
tesape’arâ ha’eva: UNILA (Universidad fixos para aplicações financeiras
Internacional Latino Americana), ome’etava gigantescas e conseguir latifúndios com as
ikatuha ñembyaty porânguera, teko reko rupi, terras dos guarani, há pouco tempo
upepe oñe mbokatu pirita jeporavopyre rupive praticado entre políticos e diplomáticos
omoheõi hâgua ñekarapu’â maymavave compatriotas ou estrangeiros. A
tétame América del Surpe oîva. globalização ajuda a sacudir da hibernação
homens e mulheres para explorar suas
potencialidades, para que este país vá
saindo do poço que os seus malfeitores o
têm sepultado. Possui uma terra fértil para
cultivar, porém ultimamente a falta de uma
boa política de reforma agrária apaga o
entusiasmo da grande maioria dos
agricultores em ter sempre os frutos para
uma boa alimentação na mesa familiar.
Atualmente, existe uma tendência de
mecanização da agricultura implantada por
153
estrangeiros brasileiros e argentinos. assaltos, mendigos, nativos indigentes que
Esses, por encontrarem uma situação perambulam nas proximidades do terminal
adversa aproveitam para arrendar grandes rodoviário, manifestações de motoboys,
extensões de terras e logo as transformam enfrentamentos da polícia nacional e da
em plantações de soja, arrozais, trigais e receita federal, enfim a lista é enorme e
invernadas de gado para a exportação, etc. deprimente. No entanto, nessa variedade de
Os recursos favorecem bastante os expressões culturais, a população da
aventureiros empresários que conseguem região à margem do Paraná vai combatendo
créditos fáceis do Estado, seja do país de com o avanço de outras culturas
origem ou mesmo do Paraguai e investem emergentes, sem perder ainda sua
nestas atividades que geram lucros originalidade que é a alma expressada no
incalculáveis, que com certeza não deixam idioma, estilo da concepção da realidade e
para o país os benefícios e sim os exportam o ritmo de acompanhar os progressos
para o exterior, deixando empobrecidas as científicos para melhorar a qualidade de
terras, contaminando os lagos, mananciais, vida de todos os seus habitantes. Para
arroios, rios e a população inteira, em restabelecer o espírito de investigação, de
alguns casos como em Ybycuí, Alto Paraná, trabalho e de gerar riquezas na região, é
Itapúa, etc. Tive a sorte de ter algumas tarefa de todos os homens e mulheres que
referências sobre os países fundadores do cooperam cada um com o que tem de melhor
Mercosul que na cláusula figura para que todos tenham acesso à produção e
respeitados artigos para o funcionamento não fiquem na dependência, muito menos ser
da dinâmica do mercado, mas na prática é eliminado por quem é mais forte, ao
uma gozação; vejamos o motivo: temse contrário, o país que é mais desenvolvido
usado uma campanha publicitária para deveria oferecer melhores condições para
debilitar um foco importante que move o elevar a um nível mais digno e não
turismo, o comércio na fronteira com o oferecendo sempre créditos que hipotecam
Brasil, me refiro à Ciudad del Este. até 100 gerações. A assimetria é
Atualmente, se transformou numa grande vergonhosa, é dura, porém persiste. Oxalá
loja em que os comerciantes e investidores, que o coração continue sempre bombeando
são na maioria estrangeiros, como árabes, o sangue bom para funcionar
chineses, brasileiros, japoneses, libaneses, harmoniosamente com os países vizinhos,
alguns paraguaios, etc. Somente têm seu ajudandose com políticas que beneficiem a
local de trabalho no território guarani e todos e não somente sangrando uma parte.
tudo o que ganham são depositados em Finalmente, se percebe que existem
bancos no exterior, portanto, a utilidade projetos com novos horizontes como a:
não gera vantagens para o dito país, UNILA que proporcionará a integração
somente são exteriorizadas por alguns cultural, de convivência, já que nesse
fatos, tais como a improvisação dos espaço universitário serão formados os
vendedores nas ruas, as vendas de produtos semeadores do desenvolvimento de cada
de contrabandos, entorpecentes, piratarias, país em América do Sul.
154
`
Amanty Kira y sus margenes
El Cerro de la Mantiqueira es una secuencia de montañas geográficamente
equidistante de las ciudades más pobladas de Brasil (São Paulo – Belo
Horizonte – Rio de Janeiro), desde 1985 se ha convertido en una APA – Área
de Preservación Ambiental que abarca 4.350 km² ubicados en 25 municipios
de tres Estados (SP – MG – RJ), donde casi siempre las altitudes sobrepasan
los 1000 metros.
Amanty Kira - era como los pueblos ancestrales, la llamaban – es adónde
nacen las aguas, los ríos que abastecen a millones de habitantes de la región
más desarrolladas del país, sea para uso doméstico, industrial y agrícola, sea
para la generación de energía. Se puede decir que la sobre vivencia de las
megalópolis enrededor de la Mantiqueira depende de la preservación de sus
fuentes y florestas, vestigios del Bosque Atlántico que otrora cubría enorme
extensión del Brasil.
A horta
vertical
como
uma
plataforma
de saberes
compartilhados
Por outro lado, esta proposta tem a pretensão de gerar um espaço-tempo inserido na
realidade capaz de causar uma desestabilização no jogo representacional. Neste jogo, os
papéis do propositor, da proposta artística e do participante acontecem/se desenrolam
num contexto específico, a comunidade do Morro do Palácio em Niterói/RJ por um período
relativamente prolongado de atuação. Tem a pretensão de gerar descontinuidades locais
visando a alterar a realidade imediata. Nesse sentido, o propositor, agora mediador de
narrativas contextuais de reconhecimento mútuo, compartilha responsabilidades éticas,
científicas e estéticas com o outro. Por sua vez, a proposta artística, ao praticar a
realidade como uma ficção modélica de mundos possíveis, leva os participantes a gerarem
representatividade em relação a um contexto estratificado de conflitos. Passando a atuar
de forma complexa, esta forma emergente de arte viabiliza interações, reflexões, e
principalmente o ensaio de modos de vida mais dignos de serem vivenciados junto à
esfera dinâmica da vida. Reinaldo Laddaga, em seu livro “Estética da emergência”3, nos
indica que o presente das artes está marcado pela proliferação de um certo tipo de
projetos que visam, segundo este autor:
Considerando com Laddaga que uma emergência é a ocasião de uma aprendizagem 5, este
processo é entendido como uma experiência de arte colaborativa que se molda conforme
as situações e desejos vão se apresentando. Devido à complexidade dos acontecimentos,
esta proposta se faz em tempo real. Isso significa compreender sua construção como um
“lugar praticado”6 que está se configurando enquanto uma plataforma de saberes
compartilhados. O processo criativo, portanto, está aberto a outras estratégias e táticas
criativas que provoquem acontecimentos, a uma produção de subjetividades que resistam
a formas de representação massificadas.
Reconhecendo que a arte de cunho colaborativo, aquela que para acontecer depende da
participação do outro, atravessa hoje um grau de transparência inclusiva dentro da própria
instituição arte, marcada por proposições que necessitam ser vivenciadas por períodos de
tempo mais abrangentes, nas quais o mais importante são as vivências e
descontinuidades que uma proposição pode gerar, esta proposta lança mão da noção de
dispositivo relacional. Tem como uma de suas linhas de força o ensino, a confecção,
instalação e manutenção de conjuntos de módulos de hortas verticais em ferrocimento e
pneus, a ser instaladas nas residências da comunidade do Morro do Palácio. Esse é o
referente inicial, o gatilho propulsor para que outros desejos aflorem. Por sua vez,
entender a horta vertical como um dispositivo significa estar aberto a diluir o que é tão
caro ao sistema da arte, o princípio da autoria. Portanto, as hortas verticais têm a
pretensão de ativar o processo criativo colaborativo. Está aberta inclusive a não acontecer,
pois irá afinal depender do desejo do outro de querer jogar junto.
Para tentar finalizar, cumpre ressaltar que a arte é um jogo que anula e reinventa suas
próprias regras. Hoje posturas dialógicas, transparentes e inclusivas exigem dos artistas a
aventura e o compromisso de usarem os referentes que pertencem inclusive a outros
campos representacionais. O propositor, ao atuar como um mediador, estabelece e cria
vínculos com outras formas de representação: estética, ciência e ética, ao serem
158 costuradas criativamente, geram um fenômeno artístico complexo capaz de potencializar
as difíceis relações da arte contemporânea para com a vida. Para tanto, o propositor
engajado neste novo jogo formal deve controlar desde dentro e incorporar novos
referentes para exercer plenamente sua criatividade. Nesta situação, supera limites
deterministas, passando a ter sua produção desvinculada de sistemas de representação
dados a priori.
1 NIETZSCHE, F. A Gaia Ciência. Trad. Paulo César Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. p. 132
2 Cf. DEBORD, G. A sociedade do espetáculo: comentários sobre a sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro:
Contraponto, 1997.
3 LADDAGA, R. Estética da emergência. Buenos Aires: Editora Hidalgo, 2006.
4 Idem, p. 22
5 Idem, p. 288
6 DE CERTEAU. A invenção do cotidiano. Tradução Ephraim Ferreira Alves. Petrópolis: Vozes, 1996.
159
moda hecharamomby.
Pe ka'avo
~
nemopu'a^ jaipuru Avei, âva marandú ome’ese tenda-ára oike
ñande rekohape ikatu ñane mohetyma ryry’i
kuaapy pyendara^ umi ñembosarái hechakapype.
Jose Luiz Kinceler – Tembiapo apoha umi heko Ko ñembosaráipe, tembiapo apohara ome’ê
hasyveva aporâ porâ ha ojapótava oiko peteî tavaipe
Mbo’ehara Mba’e Porâ Hechapyrâ pe Centro de Cerro del Palacio Niterói/RJ, peteî apopy
Artes UDESC pegua. arapukuete. Oreko ojapovo ambue tenda
ikatuhâgua ombopyahu pe jeiko.
Ko’anga jahecha ogueru tuvicha jehecharamo Upéicha rupi, tembiapo apoha, ko’anga pe
peteî terâ hetameguarâ, âva mba’e porâ ohendu ñemombe’ure jeikuaa hâgua,
hi’ava pya’e oî oike hâgua pe hechapyrâ omboja’o hese guava teko porâ, cientifica ha
sapy’ami ha pya’e nda ikatui jajoko. Ha katu, porâ reko ambuendive. Avei oime porâ
jahecharamo ramope mba’e porâ ha’e rehegua, apopy ohechauka peteî hechapyrâ
katuinte ñemo’atâ, jeikovái terâ ñembya’i. gua’u ikatuha ko yvy ari, ogueraha umi
Mba’éicha jajapota ña nde rekogui peteî teko ojapotavape ome’êvo porombuekoviáva
porâ? Pe’a pe ñeporandu renondepe ou ñane apañuái apytepe. Jehasavo jehechapypukuve
akâme pe Nietzche jepy’amongueta upe siglo ko âva ñepyrumby porâ regua
XIXpe: Mba’éicha ikatu pe porâ ojapo jey oñemoapesavo, oñeporanduvo ha
tekove ha jejapo me’ê teko reko? Ñane ojepratikavo ko teko potîme hechakapyrâ
momandu’a pe kuaarekaha: Pe iporâva reko teko marangatuharamo. Reinaldo Laddaga,
rupi pe tekove jaaguanta gueteri, pe porâ arandukape he’í: “Porâ opupuva” 3, ohechaka
rupi ome’ê ñandeve tesa ha po, py’a porâ ñandeve ko porâ oî oparupi tembiapo
jajapo hâgua ñandehegui âva mba’e1 . Ko ára apytepe terâ apopyrame, Ko oha’ivaekue
pyahu ñane rerahapava temiñemuñarámo, ningo he’í:
ñanerekope ikatupa ñantende teko ...ñepyrû mbarete apopy ambu’e(sapy’ante)
iporâháramo añonte? Âva ñeporandu ogueru oyavo artista yn ára pukukuejave, mamo
heta ñembojoaju pe “ka’avo ñemopu’â tekotevêhame, pe mba’e porâ jejaporâme
jaipuru kuaapy pyendarâ” ojereko gueteri ogueraha tuvicha ñemosarambi Omo ambuevo
angapeve. umi oîmavape taha’e jepe ape terâ amo ha
Ñepyrumby jahecharamovaerâ, pe kuaapy oapuntava pe ñepyrumby “tekove’eta jejapo
oguerutava pe’a pe teko peteî teîme, pe porâ gua’uramo” , hâva ha’e hina japopyre
apo osê hâgua katuinte ombya’i umi oipotava tekovendive4.
oî añeteguáramo. Ko’âva jejapo ha mante Ja’evo Laddaga ndive, pe peteî ytororô ha’e
ñemopotîeta ha jehechauka mba’e porâ 2 kuaapyrâ 5, jepe porâ apo enteroitendive
jejapo kuaapy ndo topai ára ni mamopa omoimba entero rembiandu ha’ete háicha.
jeapopyrâ, ha peicha ko’êre oñemomichi Katu avei jypy’û umi ohasamavaekue, âva
ohovo pe’a rangue, jahecha umi Medio jejapo mbaaporâ pya’e ha añetete. Upéva
omosarambí oity igustoitépe yty/kate he’ise ñentende pe apopy “tenda jejapore” 6
jehe’apava ogueraha maymavape ojapovo oñembohetéva ohovo ha oñemopyenda
160
kuaapy ñecompartipyre. Pe apo jejapo, katu, Opa hâgua, pe porâ ha’e peteî ñembosarai
oî ambue jetapa’ynetere pyenda ha teko ombogueva ha ojapojeyva ireglarâ. Oî
oguerúva oikovaera ha peteî opokapy mba’éichapa ñomongueta, hesakâva ha
ohechauka pe jejapopyré atype. omoingueva artista kuerape po’a ra’â ha
Ñareconoce pe porâ enterove ojaporámo, pe oñecomprometevo oipuru entero umi
pora apo oiko hãgua tekotevê ambue ikatuva ohechauka hembiaporupive. Pe
tapicha, ko’anga ohasa sakãrupi pe tembiapo apoha, ojapovo ñemombyteramo,
institución porã ryepype, oapuntalava pe omoî ha ojapo joaju ambue tembiapo
ñaimo’ava tekotevêha jehasa ára pukumieve jehechaukava: porâreko, kuaapy ha tekokatu,
ha iñimportante pe jehasa tekorupi ha oñembojoapyvo apopy, ome’ê heta
ñemosãso pe ñe’êra ikatuva osê, âva ñe’êra porârehegua ikatuva ojejapo mbeguepe umi
jepo’i pe jeikokua’ape ñantendemive hâgua. hasyveva ñemongueta pe porâ angaguava pe
Oreko peteî hai kuapy mbarete, ha’eva, tekove ndive. Upevarâ, pe tembiapo apoha
jejapo, ñemoi ha jevicheakatu entero umi oike avéi ko tembiapo pyahu iseriovape
ka’avo ñemopu’â ita, itaku’i ha mba’ejerepytu okontrola hâgua hyepyguive há omoingue
oñemo’îtava umi ógaharupi pe tava-i Morro hâgua ambue mba’e pyahu ojapovo iporâve
del Palacio. Pe’a ha’e iñepyrumby pe ñekua hâguáicha. Péicharamo, ohasapaite umi raja
mbopu ikatu hãgua ambue ojapo avei. ñemoîpyre, há ohasa pe hapopyre orekovo
Upeva’erã, ñantende porá pe ka’avo sasô entero umi sistema ohechaukava
ñemopu’ã pe ñemokyre’ynra he’iseva ñaime iñepyrumby guive, upevare ndorekoi
po jerape ñamosarambi hãgua pe mba’e ñapytimbype.
porá, ñepyrumbyguive.
Upevare, ikatu, umi ka’avo ñemopu’ã oreko Niterói, Comunidade do Morro do Palácio,
omongu’evo pe apopy enterovendi. Oî peteî Março 2010.
pa’â nadaikatu’i ojapo ha’eño, katu ojeko
ambu’e remiandure oñembosarai hâgua
oñondive.
Pe apopyrâ jahecha oku’eha temiandupente.
Ohechauka jotoparupive ha ñeme’ê kuaapy La huerta vertical
pe jejaporire temiandu año pe ka’avo como una plataforma
ñemopu’â ikatu hãgua omopyenda umi de saberes compartidos
ojapotavandive. Upéicharupi, ojapótava oreko José Luiz Kinceler – Proyectista de tácticas creativas
omoporãve hãgua pe kuaapy pyenda Profesor de Artes Visuales del Centro de Artes de la
JOAQUIM RODRIGUES (JUCA), TERESA E FILHOS, JOSÉ, MARIA, MOA, VERA, LUIS, TEKÃO,
JUCA, GEALMIR, AGUIRRAS E ESPOSA, MEDINA, KYARA, SAMI, FERNANDA, MATILDE,
FRANCISCO AMARILLA, ZULMIRA, MÔNICA, CARLOS, TIÃO, FÁTIMA, MONIQUE, SADI, MARIA
ROSA, DANIEL, MARCOS, LEILANE, JANE, CLARINDO, MARIA, SEDENEI, MAXIMILIANO
GELADINHO, ZULMIRA, CHICO, URBANO, RODISON SCARPATO, ELLA, IVO, ADEMIR, BETÃO,
GISELA LUNKES, NATAN, SIDINEI, GUSTAVO, SANDRA, MÁRIO, CÂNDIDA, DJANE, MARCELO,
JOSÉ, NELI, ELISÂNGELA, LEOMAR, MÁRIO, JULINHO NHEMBOATEVY, MÁRIO, NÉSIO, STEBAN,
CARLOS, FRANCISCO, GUSTAVO, SARA, PEDRO, VICTOR, JOÃO, LOURIVAL, AMÉRICO E ESPOSA,
QUILOMBO JOÃO SURÁ, ANA GONZALEZ, RITINHA KUROSKI, ELISABETE KUBASKI, ÉDSON BELO
CLEMENTE DE SOUZA, TÂNIA BLOOMFIELD, FLAVIA VIVACQUA, PAULO REIS, ORQUESTRA
ORGANISMO, ANA VASCONCELOS, ELÍGIO MIRANDA ORTIZ, MARIA ROSA DA SILVA MIRANDA,
SABRINA LOPES, MAIKON KEMPINSKI, GRÁFICA POPULAR E AOS DEMAIS QUE DE ALGUMA FORMA
COLABORARAM NA REALIZAÇÃO DESTA PUBLICAÇÃO.
Realização:
Apoio:
Esta iniciativa integra o Prêmio Interações Estéticas – Residências Artísticas em Pontos de Cultura