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BOÊMIOS COM A SECA

Noites passam numa metrópole incendiada de oportunidades de diversão e


entretenimento em que pessoas se encontram e trocam suas experiências e
vivências de um cotidiano repleto de incertezas, imperfeições e grandes e
apaixonadas emoções. Certo é que apesar das grandes mazelas sofridas por todos
que habitam esse lugar, a noite sempre os aguarda para um encontro mais
cauteloso e ofuscado pelas suas sombras e magias.
A noite na metrópole nunca deixou de ser a mesma, por mais que se diga que
foram criados obstáculos aos seus freqüentadores e admiradores, esses exímios
adoradores do que ela tem a oferecer não se deixam levar por algumas regras de
conduta impostas por uma maioria social. Os boêmios são fiéis a sua crença, a sua
habitualidade e, melhor, são fãs enigmáticos dos prazeres escondidos e encobertos
pelo manto negro da noite. Eles por mais obstáculos que lhes sejam postos nunca
hão de abandonar a emoção cativante dos bares, boates, restaurantes, pizzarias e
casas de prazer que emergem com o cair do dia.
A lei trouxe e continuará trazendo caminhos queridos e desejados por uma
melhor qualidade de vida em sociedade, visto ser necessária a mantença da paz
social, apesar de haver vozes discordantes e perturbadoras a se insurgir contra ela
com razões econômicas ou pseudo-jurídicas de prejuízos sociais. Certo é que não há
maior prejuízo do que aquele enfrentado pela perda de uma vida, ainda mais
quando se trata de um ente querido ou um amigo inestimável.
A noite apesar das leis e das regras de condutas advindas dos hábitos nunca
deixará de ter sua identidade e seus atrativos imensuráveis aos seus adoradores,
por isso, esses, por certo, também não deixarão de desfrutá-la só em virtude de
uma norma previdente de maiores danos sociais, ao contrário, os boêmios buscarão
como sempre o fizeram, meios de usufruí-la com a maior qualidade de vida possível
sem que tenham que abandoná-la, mesmo por que ela também não será a mesma
sem eles.

Francis Rajzman
Advogado e colunista de jornal no RJ

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