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Epistemologia da ciência agron.

e agroecológica – História da Agricultura –Valtair Verissimo 1

ATIVIDADES AGRÍCOLAS E COMERCIAIS DAS CIVILIZAÇÕES


AMERICANAS PRÉ-COLOMBIANAS
De todas as civilizações ameríndias, as três que deixaram traços mais importantes de
sua organização social, política, religiosa e econômica e do seu brilho, ainda hoje vislumbrado
através das ruínas de seus monumentos e cidades, foram os maias, os astecas e os incas. Essas
civilizações alcançaram o mais alto estágio de evolução no período da História Universal ou
Idade Média. Os astecas e os incas ainda estavam nesse elevado nível cultural quando foram
descobertos e aniquilados pelos espanhóis, a partir de 1520. Neste período os maias já tinham
praticamente desaparecido, deles os europeus só encontraram as ruínas, inexplicavelmente
eles tinham abandonado suas cidades e templos há muito tempo.

Essas três grandes civilizações desenvolveram técnicas próprias de cultivo agrícola. Por
exemplo, classificavam o solo de acordo com as plantas e a matéria orgânica (areia e argila,
por exemplo). Além das plantas alimentícias, cultivavam plantas medicinais.

MAIAS
O povo Maia habitou a região das florestas tropicais da atual Guatemala, Honduras, e
península do Yucatan (região sul do México) na América Central. Já viviam nessas regiões por
volta de 1000 a.C. Entre 250 d.C. o período de maior progresso, que foi até o ano 900 d.C.
Hoje, os maias e seus descendentes formam populações consideráveis em toda a área antiga
maia. Muitas línguas maias continuam a ser faladas como línguas primárias ainda hoje.

A base da economia era a agricultura primitiva praticada nas Milpas, unidades de


produção agrária. O trato da terra era comunal (uso coletivo), em sistema rotativo de culturas,
sem adubação ou técnica elaborada.

As áreas de florestas eram desmatadas para o plantio. Utilizavam o fogo (queimadas)


para limpar as áreas de cultivo. As cinzas serviam como o único adubo. Com um bastão faziam
buracos no solo para colocar as sementes. Desconheciam ferramentas metálicas.

Da forma como se dava os cultivos, a produção se mantinha por dois ou três anos
consecutivos. Quando esgotavam os recursos agrícolas de uma área, os maias escolhiam outro
local para retomar o cultivo; pois não sabiam como reaproveitar o terreno cultivado. Pouco a
pouco, os campos se tornavam cada vez mais distantes das habitações. Então, se estabeleciam
em novas terras e construíam nova cidade.

Cultivavam milho, feijão, abóbora, cacau, batata, algodão, tomate, pimenta e frutas.
Domesticaram o peru e a abelha. Também viviam da caça e pesca.

Não tinham animais de tração; construções e agricultura se desenvolveram à base da


força humana – mais especificamente escrava.
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Por falta de matéria-prima no local, eles desenvolveram a indústria lítica (trabalho em


pedra) para a confecção de armas, enfeites e instrumentos de trabalho. Os Maias
comercializavam com outros povos produtos como jade, peles, baunilha, tecidos, sal, etc.

Como os recursos naturais eram escassos não havia excedente de produção o que
demandava maior desenvolvimento das técnicas agrícolas, como terraços para superar os
problemas com a erosão do solo. Suas técnicas de irrigação do solo eram muito avançadas
para a época.

As observações astronômicas davam aos Maias o domínio sobre o fenômeno da


mudança das estações, o que permitia melhores colheitas.

Hoje, a hipótese mais provável para o declínio desta civilização foi uma explosão
demográfica, aliada à erosão do solo, tornando-o incapaz de atender ao crescimento
vertiginoso de uma civilização tão próspera. “A agricultura se tornou predatória e foi
destruindo as bases que permitiam a própria sobrevivência”.

ASTECAS
Os Astecas foram um povo guerreiro que habitaram a região do atual México, entre os
séculos XIV e XVI. Fundaram no século XIV a importante cidade de Tenochtitlán (atual cidade
do México). A economia Asteca foi um exemplo pré-capitalista.

A base da economia era a lavoura, uma agricultura regida pelas divindades. Havia o
deus do milho, da chuva, da fertilidade entre outros. A cerimônia da colheita era a mais
importante.

Na alimentação utilizavam milho, feijão, abóbora, abacate, pimenta, cacau e tomate.


As sementes de cacau eram utilizadas como moeda. Também consumiam peixes e crustáceos.
O milho era a cultura vegetal mais importante.

Cultivavam o solo com pás de madeiras, pois não possuíam arados, animais de carga
ou ferramentas de ferro.

Parte do sucesso na lavoura veio com a habilidade que eles possuíam em cultivar
terras totalmente circundadas de água dos lagos, chamadas de chinampas (semelhante a ilhas
artificiais ou canteiros flutuantes). Como essa era uma região pantanosa, eles drenavam
algumas partes do terreno e formavam montes de terras, onde realizavam os plantios. Eram
construídas com uma armação de caniços, galhos e ramos recoberta por terra, que acabava
por fixar-se no Fundo dos lagos. A camada superior do solo das chinampas era periodicamente
renovada com o lodo ou lama fértil retirado do fundo do lago.

Os pilares econômicos dos astecas eram a agricultura, em parte de subsistência, e o


comércio.
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INCAS
No apogeu da civilização Inca, cerca de 1400, a agricultura organizada espalhou-se por
todo o império, desde a Colômbia até o Chile, com cultivo de grãos comestíveis da planície
litorânea do Pacífico, passando pelos altiplanos andinos e adentrando na planície amazônica
oriental. Fundaram no séc. XIII a capital do império: a cidade sagrada de Cusco. Foram
dominados pelos espanhóis e seu imperador executado em 1533.

A agricultura era a base da economia da época. Ao casar cada lavrador ganhava do


recolhedor de impostos de sua aldeia um lote de terra.

Estima-se que os Incas cultivavam cerca de 700 espécies vegetais. A chave do sucesso
da agricultura Inca era a existência de estradas e trilhas que facilitavam a distribuição das
colheitas numa vasta região. As principais culturas vegetais eram batata, batata doce, milho,
pimentas, algodão, tomate, amendoim, mandioca e um grão chamado quinua.

O plantio era feito em terraços e já usavam a adiantada técnica de curva de nível e


também utilizavam a irrigação. Os Incas utilizavam varas afiadas e arados para revolver o solo.
Utilizavam a lhama para transporte, lã, couro e carne e seus resíduos (esterco) para adubação
do solo. Também foram os únicos a criarem gado. Os camponeses criavam alpaca, um tipo de
mamífero do qual se obtinha lã.

Também plantavam ervas aromáticas e medicinais. As folhas de coca eram reservadas


para a elite. Haviam funcionários do império que fiscalizavam a produção agrícola. O milho
apareceu tardiamente e era de menor utilidade alimentar que a batata ou a quinua, mas o
interesse estava aumentando, até porque, a variação culinária era bem menor do que a
existente na América Central. O milho era a matéria prima de uma bebida sagrada e
embriagante (denominada de chicha).

Técnicos do governo dirigiam-se com frequência a essas aldeias para ensinar os


processos de criação de animais e orienta-los a respeito do preparo da terra e outros afazeres
como o plantio, irrigação, colheita e conservação de alimentos. Para garantir a alimentação, os
alimentos eram desidratados e estocados. Parte da colheita era para pagamento de impostos.

Os produtos têxteis e cerâmicos eram de qualidade extraordinária. Produziam belas


peças de artesanato com ouro e prata.

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