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Flora Evangelista
Priscilla Cappelletti
Ravik Andrade
O movimento hippie:
os hippies da Ferinha de Tambaú
João Pessoa
2009
UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA
CAMPUS V – MINISTRO ALCIDES CARNEIRO
RELAÇÕES INTERNACIONAIS
ANTROPOLOGIA CULTURAL
Flora Evangelista
Priscilla Cappelletti
Ravik Andrade
João Pessoa
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2009
Introdução
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O estilo de vida hippie
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violência” de Gandhi. O vegetarianismo e a valorização da natureza também mostram
tal influência. Por sinal, uma das ações mais lembradas quanto aos hippies se deu
quando eles rodearam o Pentágono (sede do aparelho9 militar americano) e tentaram
fazê-lo levitar com apenas a “força da meditação”.
Outra característica de grande relevância é o uso de drogas, relacionado com o
“abrir da mente”. Toda e qualquer droga pode ser utilizada: maconha1, haxixe,
alucinógenos (como o LSD e cogumelos) etc. Ajudaria a intensa experimentação e
consumo de tais a inovação tecnológica, que, espelhando-se nas indústrias química e
farmacêutica, desenvolveria novos tipos de drogas, inicialmente consideradas
inofensivas (como o LSD). O próprio Thimothy Leary, já supracitado, defende: “o ácido
lisérgico é o passaporte que leva o homem além das previsíveis e limitadas fronteiras da
consciência, permitindo-lhe gratificantes viagens de autoconhecimento”.
Para completar um outro slogan (“Sexo, drogas e rock’n’roll”), tem-se que falar
sobre a influência da música no movimento, que constituía um meio de expressão e
difusão da ideologia hippie. As músicas eram escritas, tocadas e ouvidas sob o efeito de
droga, uma vez que esta conjugação levava à libertação dos pensamentos. Inicialmente,
teve grande papel o folk music, caracterizado por palavras críticas e agressivas, e som
fortemente ruidoso e ritmado. É deste estilo que se tira uma das músicas mais
representativas dessa contracultura: “Blowin’ in the wind” (“Soprando no vento”), de
Bob Dylan, tem frases marcantes como “Quantas vezes precisará balas de canhão voar
até serem para sempre abandonadas?” e “quantos anos podem algumas pessoas existir
até que sejam permitidas a serem livres?”. O pop dos Beatles também foi referência por
suas letras falarem de amor. Entretanto, foi o rock a marcar a maior presença,
exemplificado por Jimmy Hendrix, Janes Joplin, Grateful Dead e The Doors. É comum,
entre os hippies, a reunião para tocar música, além dos festivais ao ar livre, como o
Festival de Woodstock.2
O “estilo” hippies também é um importante meio de contestação, dessa vez
referente à sociedade de consumo, que compra o que está na moda e julga quem não
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Na década de 60, a maconha era utilizada mais por sua natureza iconoclasta e ilícita do que por seus
efeitos psicodélicos.
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O “Woodstock Music and Art Fair” foi realizado em 1969, perto da cidade de Nova York. O evento
durou quatro dias e teve como público 450mil pessoas. Apesar de festivais como esse serem freqüentes na
época, o Woodstock teve grande repercussão por ter mostrado que há grande quantidade de pessoas
dispostas a adotar uma contracultura. Foram dias regados por amor livre, uso explícito de drogas e
rock’n’roll. Uma outra curiosidade adicionada ao evento foi a necessidade de declarar estado de
emergência pelas autoridades, já que o trânsito se tornou incontrolável e era necessário acabar com
aquela proliferação de ideologias. Como disse um dos hippies entrevistados: “O movimento hippie
começou e terminou em Woodstock”.
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está. As roupas são (ou costumavam ser) coloridas e brilhantes, abusa-se das calças
boca-de-sino, das sandálias rasteiras e das camisas tingidas, há inspiração indiana e a
“flor” tornou-se um símbolo recorrente (chegou a se usar a expressão "flower power"
como referência ao movimento). As barbas e os cabelos são longos, há aplicação de
piercings e tatuagens em todas as partes do corpo. Isso serve para mostrar que a
aparência não define a essência da pessoa.
Por fim, deve-se salientar a crítica feita contra os meios de produção de massa,
como a televisão, o rádio, o jornal. Estes padronizam as pessoas, alienando-as, fazendo-
as adotar certos atitudes e valores pré-estabelecidos. Portanto, fazem crescer
preconceitos, alimentam o sentimento consumista das pessoas, direciona-as a aceitar a
ordem vigente e a se cegar frente às deficiências sociais e políticas da realidade.
Os hippies no Brasil
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Os hippies brasileiros não só se (e nos) influenciaram com sua ideologia da
liberdade. Eles também introduziram o uso em larga escala de entorpecentes no país e o
sexo despreocupado em relação às doenças e à gravidez. A tríade “paz, amor e
liberdade” até hoje é presente em nossa realidade jovem.
Nas praias ou em ferinhas no Brasil, ainda vemos pessoas que levam a vida com
tranqüilidade, vendendo seu artesanato em busca da auto-sustentação. Vemos também
pessoas praticando yoga e meditação. Alguma delas podem nem estar ligadas ao
movimento em si, mas vivem a vida da mesma forma e passam adiante alguns dos
traços culturais hippies.
Portanto, pode-se dizer que o movimento hippie existiu no Brasil e continua a nos
influenciar. O tropicalismo é ainda tomado como um marco revolucionário, não só na
música brasileira, mas também no modo de ser e estar das pessoas.
Um movimento em declínio?
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Em nossas entrevistas, podemos perceber que muitas pessoas não acreditam que o
movimento hippie ainda exista. Ou ainda: os hippies existentes em nada influenciam no
cotidiano. Será verdade? Vejamos...
O mito popular de que o movimento não mais exista iniciou logo após Woodstock.
Os hippies, a partir desse marco, tiveram menor aparição nos meios de comunicação,
assim como procuraram menor publicidade (afinal de conta, não queriam se tornar mero
modismo). Aliado a isso, muitos jovens voltaram ao conforto de suas casas. A ideologia
hippie, de fato, perdera sua voz ativa.
Entretanto, desde 1970, o estilo hippie em muito tem sido incorporado pela cultura
principal. Um exemplo disso são os incontáveis festivais presentes em nossa cultura
musical que promovem a liberdade. Um exemplo muito forte disso é o Burning Man
Festival, que ocorre no meio de um deserto, em Nevada (EUA). Durante uma semana,
milhares de pessoas se reúnem para viver uma vida alternativa: permite-se tudo, desde
correr pelado e levar choques até promover seus próprios shows. Entretanto, durante o
evento, não é permitido transações com dinheiro, sendo tudo produto de troca (por
exemplo: se quero um isqueiro, tenho que trocá-lo por uma camisa). Além disso,
poluição ambiental é proibido. Isso invoca o sentimento de comunidade, igualdade e
valorização da natureza. Também, a frase “sexo, drogas e rock’n’roll” ainda é proferida
incessantemente por todo artista que quer se firmar como astro do rock (e até mesmo de
outros estilos).
No mundo cinematográfico também encontramos os hippies. Há vários
documentários sobre este estilo de vida. “The Doors: When you’re strange” e
“Woodstock: tragédias de paz, música e amor” são apenas uns dos exemplos.
O modo de se vestir também sofreu influência. Não é fora do comum ver alguém
usando um colar, brinco, pulseira ou qualquer outro acessório fabricado por algum
hippie. Além disso, muitas pessoas fazem sua tatuagem de rena com um. Está na moda
fazer um dread ou uma trança com uma mecha de cabelo. As sandálias baixas e as
roupas de motivo religioso-oriental também estão em volga.
Ainda: há cada vez mais jovens que podem não ser hippies, mas que almejam o
fim da guerra, a liberdade, a igualdade entre os povos e, consequentemente, uma vida
cheia de paz e amor. O Fórum Social Mundial é um exemplo de movimento em que a
maioria dos participantes são jovens, vindos de todas as partes do mundo, os quais
podem ser os novos hippies ou não, mas que se juntam com intuito de procurar soluções
para um mundo melhor e menos individualista.
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Enfim, não faltam provas de que a contracultura propiciada pelos hippies ainda
está presente entre nós. E não se trata de exemplos raros. Podemos crer, dessa forma,
que a “cultura” hippie não está morta. Sendo assim, fica fácil decifrar que os hippies
também não. Novas abordagens necessitam novas facetas.
Atualmente o que se pode ver daqueles que mantém um visual hippie é uma certa falta
de
interesse em questões políticas,o que era uma das marcas do movimento original,hoje
em
dia o que se percebe é uma comunidade muito mais ligada ao trabalho com o artesanato
por exemplo,esse trabalho que antes não estava presente se tornou essencial para se
manter o estilo de vida de pessoas que se preocupam em consumir somente o básico e
tem como característica marcante o nomadismo,pessoas que falam de suas experiências
de vida como conquistas alegando que quem fica preso num só lugar não vive
intensamente,são pessoas que chegam até a criticar o movimento hippie original pois
segundo eles”eram mauricinhos que sempre que a situação apertava,voltavam pra casa.”
Conclusão
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só segue a moda,o próprio movimento se globalizou e agora se vê camisetas com temas
de divindades da Índia e mantras de origem budista presentes nos chamados neo-
hippies.
A geração que protestava contra a guerra do Vietnã deu ligar a uma menos política,só
que mais espiritual e independente de qual sub grupo se fosse entes sempre era um dos
lados mais cultuados,o do pacifismo e o da fé na vida sem ser ligados a nenhuma
religião,tema duramente criticado pelo grupo,principalmente pelos artesão da praia que
foram o foco do trabalho,para eles a religião católica ou evangélica estão ligadas a um
tipo de escravidão mental que proíbe a pessoa de pensar por si próprio o que acaba
gerando em uma exploração econômica,e acomoda a pessoa nessa situação.
Em fim,a base do movimento dos anos 60 que era a valorização da liberdade ainda
existe mas não é tão divulgada, e como qualquer cultura de diversos segmentos os
hippies vem se atualizando sempre incorporando novas características que combinem
com o pensamento mais forte do grupo:a valorização de uma vida simples e em
harmonia com a natureza.
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