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Apostila de Português
Belo Horizonte
2010
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Interpretação de Textos
3
Como qualquer outro texto, o texto acadêmico pode e deve possuir características
objetivas que atinjam o leitor de maneira rápida e eficaz, como por exemplo:
• Contexto: parte em que o leitor deve ser informado a respeito de qual assunto o
texto falará/fala. Deve-se ainda informá-lo sobre características que serão utilizadas
e, se possível, como serão desenvolvidas. É o assunto, tema. De maneira geral,
quando se diz que algo não faz parte do contexto é porque não tem relação com o
que se está tratando.
• Argumentação: a escolha por determinado caminho teórico deve ser sustentada por
argumentos que validem a proposta inicial e transmitam ao leitor a segurança de
quem sabe, de fato, (d)o que (se) está a falar.
_______________________________________________________________________
Os “Porquês”1
Porque
O termo porque é uma conjunção causal ou explicativa e o seu uso tem significado
aproximado de “pois”, “já que”, “uma vez que” ou ainda indica finalidade e tem valor
aproximado de “para que”, “a fim de”.
Exemplos: Vou fazer mais um trabalho porque tenho que entregar amanhã. (conjunção)
Não faça mal a ninguém porque não façam a você. (finalidade)
Porquê
Por que
Pode ser usado com o sentido de “por qual razão” ou “por qual motivo”, e trata-se da junção
da preposição por + o pronome interrogativo que:
Exemplos: Não sei por que não quis ficar até mais tarde.
Por que ficar até mais tarde?
Ainda pode ser empregado quando se tratar da preposição por + pronome relativo que e,
neste caso, será relativo às expressões “pelo qual”, “pela qual”, “pelos quais”, “pelas quais”
ou ainda “para que”:
Exemplos: A rua por que passei ontem não era parecida com essa!
Quando votarmos, que seja por que nos próximos anos possamos ver mais obras.
Por quê
O uso do por quê é equivalente ao “por que”, porém, é acentuado quando vier antes de um
ponto, seja final, de interrogação ou exclamação:
1
http://www.alunosonline.com.br/portugues/porques/
5
Texto 1.
Os números assustam: 80% dos problemas numa corporação são provenientes de falhas na
comunicação. Parece até coisa de maluco, mas a realidade é essa. As pessoas não conseguem
se comunicar. E isso pode ser decorrente de vários fatores: política da empresa - inibe a
interação entre os colaboradores -, timidez, falta de conhecimento, arrogância, enfim, motivos
que justifiquem esse quadro nada favorável não faltam, sobram.
Faça uma pequena pausa agora. Pense como seria um mundo sem a comunicação, quero dizer
sem a linguagem oral, escrita, verbal, comportamental. Conseguiu? Claro que não, pois a
comunicação é o elo entre as pessoas, os grupos e as sociedades. Sem ela nada perdura, resiste
ou sobrevive. Entretanto não basta apenas se comunicar, é preciso fazer isso bem-feito, ou
melhor, com clareza e objetividade, ou então, você passará a ser mais uma a "encher
lingüiça". Portanto, é hora de fugir desse rótulo. E mais: se tornar uma expert na arte de
dominar a palavra.
A famosa frase do saudoso comunicador televisivo Chacrinha é mais valorizada do que nunca
no universo corporativo atual e você sabe bem disso. A comunicação está tão em foco que as
empresas estão se preocupando, cada vez mais, em divulgar suas imagens por meio da
chamada comunicação institucional. "Sempre e em qualquer situação, é necessário passar uma
mensagem clara e objetiva para o ouvinte e talvez essa seja uma tarefa difícil porque depende
de diversos fatores", afirma Fernanda Campos, sócia-diretora da Mariaca Intersearch.
Para despertar o interesse de alguém, mantenha a conversa agradável e atraia a atenção para
suas idéias, porém, não basta apenas ser clara e direta. É necessário mais do que isso. Tente
mostrar entusiasmo, interesse pelo outro, por exemplo. Não esqueça que a comunicação
envolve vários aspectos que variam de pessoa para pessoa.
A falta de hábito de expor seus pensamentos por medo de uma crítica ou por uma educação
muito repressiva é um desses aspectos. "Nestes casos a melhor solução é se conscientizar de
que esta causa existe e começar gradualmente a revelar suas opiniões com mais freqüência.
inicie mostrando seus pensamentos, para ganhar confiança, quando eles não forem opostos
excessivamente aos das outras pessoas envolvidas na conversa", aconselha o consultor Carlos
Hilsdorf.
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Comunicar é um verbo que exige mais de uma pessoa e não é uma disputa, portanto, não tente
sair vencedora de uma conversa. Alguns profissionais, nos ambientes de trabalho pensam ser
essencial sempre 'sair por cima do bate-papo'. Pura ilusão que pode inibir aquelas que não
estão dispostas a entrar no duelo verbal. Fazer conhecidos seus pensamentos e submetê-los à
crítica é muito mais um processo de aprendizagem do que uma competição.
Quando um indivíduo é criticado durante uma apresentação ou diálogo, diz Silvio Celestino,
diretor da Enlevo, ele acaba perdendo o foco e fala como se estivesse despreparado. "Com o
tempo isso se acentua e o profissional perde o desejo de se colocar em público ou mesmo de
arriscar-se a se aproximar de alguém que poderia ser relevante para sua carreira ou para o
propósito que deseja alcançar".
Com relação ao ambiente, há famílias que 'levantam' e outras que 'derrubam' a pessoa em
termos de qualificação. "Os pais não devem ser entraves à auto-estima dos filhos. Se o
indivíduo cresce em uma atmosfera que 'derruba' poderá ficar com a auto-estima
comprometida e desenvolver senso de inadequação.
Do mesmo modo, há países, escolas, empresas, departamentos e comunidades que fazem mais
pela expressão pessoal e outros menos, aponta José Antônio Rosa, consultor da Manager. Aí,
é essencial buscar força interior para se sobrepor aos círculos inibidores.
A eficiência na comunicação também está atrelada a outras razões, como temperamento, que é
inato ao próprio ambiente. Algumas pessoas nascem mais tímidas, outras mais extrovertidas.
São os tipos psicológicos 'naturais', que vêm sendo descritos desde Aristóteles.
Segundo José Antônio Rosa, nos casos de temperamento, é preciso lutar contra si mesmo, é a
chamada auto-superação, necessária para o crescimento pessoal e a realização plena.
Justificar falhas de comunicação, baseada no temperamento é uma saída pela "tangente" e isso
não vai resolver os problemas do dia-a-dia nem faz com que os outros sejam tolerantes.
7
Texto 2.
A Internacionalização do Mundo
Cristovam Buarque2
Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse patrimônio, ele é nosso.
Como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre a Amazônia, posso
imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância para a
Humanidade.
Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser internacionalizado. Se a
Amazônia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela
vontade de um dono, ou de um país. Queimar a Amazônia é tão grave quanto o desemprego
provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as
reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação.
Durante este encontro, as Nações Unidas estão realizando o Fórum do Milênio, mas alguns
presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira
dos EUA. Por isso, eu acho que Nova York, como sede das Nações Unidas, deve ser
internacionalizada. Pelo menos Manhatan deveria pertencer a toda a Humanidade. Assim
como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua
beleza específica, sua história do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro.
demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de
vezes maior do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil. Nos seus debates,
os atuais candidatos à presidência dos EUA têm defendido a idéia de internacionalizar as
reservas florestais do mundo em troca da dívida. Comecemos usando essa dívida para garantir
que cada criança do Mundo tenha possibilidade de comer e de ir à escola.
Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o país onde nasceram,
como patrimônio que merece cuidados do mundo inteiro. Ainda mais do que merece a
Amazônia. Quando os dirigentes tratarem as crianças pobres do mundo como um Patrimônio
da Humanidade, eles não deixarão que elas trabalhem, quando deveriam estudar; que morram,
quando deveriam viver.
Texto 3.
Charge 1.
(Fonte: www.chargeonline.com.br)
Charge 2. Charge 3
Charge 4 Charge 5
http://fellyp2010.esporteblog.com.br/r1978/CHARGES-TIRINHAS/
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Texto 4.
A donzela e o sapo
Era uma vez uma donzela que caminhava pela beira de um rio quando ouviu um “psiu”. Parou
e olhou em volta e não viu ninguém. Viu uma floresta de conto de fadas e um límpido rio de
antigamente, e um céu de puro azul com nuvens brancas e muitos pássaros, mas não viu
ninguém. Recomeçou a caminhar, e de novo ouviu um “psiu”. E então descobriu que quem
fazia o “psiu” era um sapo. Levou um susto, mas o olhar do sapo era tão triste e a donzela tão
boa que ela se curvou para ouvi-lo. E o sapo contou que era, na verdade, um príncipe
amaldiçoado. Fora transformado em sapo por uma bruxa vingativa com poderes mágicos, que
fazia qualquer coisa virar qualquer coisa, e só se transformaria de novo em príncipe se uma
donzela boa o beijasse. A donzela acreditou e beijou o sapo, que se transformou num príncipe
lindo que a levou para o seu castelo feudal. E os dois viveram felizes para sempre, explorando
os camponeses.
Anos depois, outra donzela caminhando pela beira do mesmo rio ouviu o mesmo “psiu”.
Olhou em volta, temendo que fosse um dos tantos salteadores que, com o fim do feudalismo,
infestavam a floresta, mas descobriu que quem fazia “psiu” era um sapo, que contou a mesma
história. Era um príncipe transformado em sapo por uma bruxa vingativa com poderes
mágicos, que fazia qualquer coisa virar qualquer coisa, e só se transformaria de novo em
príncipe se etc, etc. A donzela concordou, com uma condição:
- Beijo de língua, não!
E o príncipe a levou para seu castelo, e os dois viveram felizes para sempre, vendendo a
prataria e os móveis e tudo que restara dentro do fausto medieval.
O episódio seguinte aconteceu muitos anos mais tarde, depois da revolução industrial. Uma
donzela desempregada caminhava pela beira do mesmo rio, no meio da mesma floresta quase
toda abatida para fazer carvão para os fornos, quando ouviu o “psiu”. A mesma história.
Bruxa com poderes mágicos, maldição, tudo. Só que quando o sapo se transformou de novo
em príncipe, era um príncipe muito feio, deformado por gerações e gerações de casamento
consangüíneo. A donzela protestou que esperava um príncipe mais bonito e o príncipe fez
pouco do seu desdém:
- Ué, pra quem já beijou sapo!
Mas foram morar na cidade, onde o príncipe ganhava a vida explorando seu título para tirar
dinheiro da burguesia nascente, e foram felizes para sempre.
Já neste século. Anos vinte. A mesma história. “Psiu”, sapo, bruxa com poderes mágicos. A
única diferença é que o beijo foi atrasado por uma questão técnica:
- Precisa ser donzela?
Anos sessenta. A história é a mesma com uma variação: a mulher que caminhava pela beira
do rio poluído era feminista. Quando ouviu o que bruxa vingativa com poderes mágicos, que
fazia qualquer coisa virar qualquer coisa, fizera ao príncipe, concluiu:
- Alguma você andou aprontando!
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Jovem com espírito empresarial caminhando pela beira do rio artificial de seu condomínio
fechado ouve o “psiu”, depois a conversa do sapo, a história da bruxa vingativa que faz
qualquer coisa virar qualquer coisa, e mais que ligeiro coloca o sapo no bolso do jeans. Diante
dos protestos do sapo – “Um beijo, um beijo, e você será a mulher de um príncipe!” – ela
raciocina em voz alta.
- Um príncipe, hoje, não vale muita coisa. Mas você faz idéia do que eu posso ganhar com um
sapo falante, só em cachês? E ela fez uma fortuna em contratos publicitários, e viveu feliz
para sempre.
Variação final. Foi anteontem. Jovem ouviu a proposta do sapo mas não decidiu em seguida.
Procurou seu consultor financeiro, que sempre lhe dizia que era preciso saber interpretar um
relatório e lhe lembrou que nada é mais valioso no mercado do que a informação privilegiada.
Ou seja:
- Esquece o sapo e encontra essa bruxa!
Texto 5.
RESUMO: este artigo tem como objetivo abordar a questão da importância da leitura na
formação de alunos conscientes e críticos, onde os mesmos possam fazer do ato de ler uma
condição essencial para viver a sua cidadania, Esta pesquisa buscou por meio de observação e
análise compreender o processo do ensino e do hábito de leitura no ensino fundamental. A
partir desse aspecto desenvolveu-se o trabalho enfatizando a importância da leitura no
contexto escolar, apontando a problemática da falta de leitura e suas conseqüências no
processo de ensino-aprendizagem e seus reflexos no comportamento dos alunos.
ABSTRACT:
Introdução
As políticas de leitura vêm sendo discutidas nos diversos segmentos da educação, destacando-
se a sua relevância para a aquisição do conhecimento, da cultura, do saber e da
conscientização política, face aos desafios do mundo. Saber ler tornou-se, pois, condição
indispensável para o acesso a qualquer área do conhecimento e, mais ainda, à própria vida do
ser humano, uma vez que a leitura apresenta função utilitária e transformadora da sociedade.
Porém, pesquisas indicam que a falta de leitura não se concentra apenas no ensino
fundamental, mas prossegue no ensino médio e, por efeito dessa constatação, alcança o ensino
superior. Sendo assim, nem sempre é correto acreditar que o aluno chega à universidade
adotando práticas sistemáticas de leitura. Embora a problemática da leitura esteja em todos os
níveis da educação, este trabalho busca identificar as possíveis relações entre as experiências
de leitura no ensino fundamental. Já que foi esta a etapa observada e analisada durante o
estágio supervisionado.
Silva (1992, p.42) enfatiza que a leitura está intimamente relacionada com o sucesso
acadêmico do ser que aprende, e, contrariamente, à evasão escolar. Mais adiante, o autor
conclui que escrever e ler são atos complementares: um não pode existir sem o outro (idem, p.
64). Sendo assim, para escrever bem, esse aluno terá na leitura o suporte do conhecimento a
ser armazenado em sua memória de longo prazo (Smith, 1989; Lencastre, 2003), na
organização do repertório lexical e semântico, à semelhança de fontes matriciais.
Por tal motivo, defendemos que ler é estabelecer relações entre o texto e o conteúdo
sistematicamente internalizado sob a forma de conhecimentos. Abordamos a questão do
conhecimento como resultado de experiências que se sobrepõem àquilo que se é e já se sabe.
Essa idéia reforça nossa concepção de que a prática da escrita também pode estar atrelada às
experiências de leitura.
3
Artigo cientifico solicitado para o trabalho de conclusão de graduação do curso de Letras, ministrada pelos
professores Ms. Márcia Rita Trindade Leite Malheiros e Ms. Renata Pessoa Silvano, oferecido pela Universidade
para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal – UNIDERP Interativa.
13
Neste sentido o autor Smith (1999), fala que a concepção para estimular a leitura consiste em:
“Somente por meio dela que as crianças aprendem a ler, e que os professores devem, portanto
garantir que a leitura seja acessível e agradável a todas as crianças [...] mostro que elas podem
aprender a ler somente pelo uso de materiais e atividades que elas entendam e que desperta
seu interesse, que possam relacionar com atividades que já conhecem.”Os únicos livros que
devem ser lidos para as crianças ou que elas devem ler são aqueles que realmente despertam
interesse, que contêm rimas e histórias fascinantes, e não a prosa desinteressante e artificial a
que muitas crianças são obrigadas a prestar a atenção, como por exemplo, ler sobre um dia
entediante na vida de duas crianças fictícias ou então ler frases tipo vovó viu a uva” (SMITH,
1999, p. 134).
Portanto, o que acontece em sala de aula referente à leitura é de extrema importância, pois
essas experiências são determinantes para que os alunos tornam-se leitores ou não;
considerando que ser leitor não é apenas decodificar códigos, mas ler, entender e opinar sobre
o que foi lido.
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1 - A coesão textual4
Um texto é uma unidade construída não por uma soma de frases, mas pelo encadeamento
semântico delas. Tal encadeamento, também chamado de coesão, é que será responsável
pela trama semântica a que damos o nome de textualidade.
“Os fatores de coesão são aqueles que dão conta da seqüenciação superficial do texto, ou
seja, são os mecanismos formais de uma língua que permitem estabelecer, entre os
elementos lingüísticos do texto, relações de sentido.” (KOCH, 2000a, p.35). Trata-se de
uma maneira de recuperar, em uma sentença B, um termo presente em uma sentença A.
Eles foram testemunhar sobre o caso. O juiz disse, porém, que tal testemunho não era
válido por serem parentes do assassino.
Ele não suportou a desfeita diante de seu próprio filho. Desfeitear um homem de bem não
era coisa para se deixar passar em branco.
Os quadros de Van Gogh não tinham nenhum valor em sua época. Houve telas que serviram
até de porta de galinheiro.
São Paulo é sempre vítima das enchentes de verão. Os alagamentos prejudicam o trânsito
provocando engarrafamentos de até 200 quilômetros.
A propaganda, seja ela comercial ou ideológica, está sempre ligada aos objetivos e aos
interesses de classe dominante. Essa ligação, no entanto, é ocultada por uma inversão: a
propaganda sempre mostra que quem sai ganhando com o consumo de tal ou qual produto
ou idéia não é o dono da empresa, nem os representantes do sistema, mas, sim, o consumidor.
Assim, a propaganda é mais um veículo da ideologia dominante.
Amigos, fãs e funcionários da rádio procuravam se organizar. Todos queriam ver a cantora
famosa.
O presidente pretende anunciar as novas medidas que mudarão o imposto de renda, mas
não deverá fazer isso nesta semana.
Um encapuzado atravessou a praça e sumiu ao longe. Que vulto era aquele a vagar, altas
horas da noite, pelas ruas desertas?
Renata lançou os olhos pelas terras que se estendiam a perder de vista. Tudo isso era seu!
4
KOCH, Ingedore Villaça. A coesão Textual. 13 ed., São Paulo: Contexto, 2000.
VALENÇA, Ana et al. Roteiro de Redação: lendo e argumentando. São Paulo: Scipione, 1998. (texto adaptado).
15
Luis e Márcio trabalham juntos num escritório de advocacia. Este dedica-se a causas
criminais, aquele a questões tributárias.
Haverá prêmios para os melhores trabalhos. O primeiro será uma viagem à Europa.
Marta, Lúcia e Inês são esportistas. A primeira joga tênis, a segunda basquete e a terceira
(a última) pratica natação.
Antônio, José e Pedro estudam muito desde pequenos. Os três pretendem formar-se em
Medicina.
Bem defronte à entrada da penitenciária fica um pequeno café. Tarde da noite, estava eu ali
sentado.
Manuel da Silva Peixoto foi um dos ganhadores do maior prêmio da Loto. Peixoto disse que
ia gastar todo o dinheiro na compra de uma fazenda e em viagens ao exterior.
O governo tem se preocupado com os índices de inflação. O Planalto diz que não aceita
qualquer remarcação de preço.
Santos Dumont chamou a atenção de toda Paris. O Sena curvou-se diante de sua invenção.
2 - A coerência textual5
5
ERNANI & NICOLA. Práticas de linguagem: leitura & produção de textos. Ensino médio: Volume único.
São Paulo: Scipione, 1995. (texto adaptado).
16
Este sentido, evidentemente, deve ser do todo, pois a coerência é global.” (KOCH, 2000b, p.
21).
Um texto pode não ter coesão e mesmo assim ter coerência. Exemplo:
“O Pedro vai buscar as bebidas. A Sandra tem que ficar com os meninos. A Teresa arruma a
casa. Hoje vou precisar da ajuda de todo mundo.” (Marcuschi).
“Corrupção, criminalidade, violência, fome, guerras. O novo milênio começa mal.” (texto de
abertura de um telejornal).
Todos os textos acima são estruturados a partir de enumerações, o que dispensa os elementos
coesivos. No entanto, o sentido dos textos deve-se à coerência global. No último texto, a
coerência acontece em decorrência, também, da situação de comunicação (telejornal).
A coesão textual é elemento facilitador para a compreensão do texto, mas não garante seu
sentido. É a coerência que dá sentido ao texto. Podemos encontrar textos desprovidos de
elementos de coesão, mas coerentes (como vimos anteriormente), bem como textos que
apresentam mecanismos de coesão, mas que não são coerentes.
Nesse exemplo, temos a conjunção mas funcionando como importante elemento coesivo,
estabelecendo um tipo de relação entre as duas orações. O texto, no entanto, é incoerente, pois
não há relação de adversidade entre o fato de o time Ter jogado bem e ter perdido; pelo
contrário, seria possível estabelecer uma relação de adição: o time não jogou bem e perdeu.
(2) No rádio toca um rock. O rock é um ritmo moderno. O coração também tem ritmo. Ele é
um músculo oco composto de duas aurículas e dois ventrículos.
(3) “João vai à padaria. A padaria é feita de tijolos. Os tijolos são caríssimos. Também os
mísseis são caríssimos. Os mísseis são lançados no espaço. Segundo a teoria da Relatividade,
o espaço é curvo. A geometria Rimaniana dá conta DESSE fenômeno.” (Marcuschi).
A coesão também é resultante da perfeita relação de sentido que deve haver entre as partes de
um texto. Por isso, o uso adequado de conectivos (palavras que relacionam partes da oração
ou orações de um período) é importante para que haja coesão textual. Observe a frase abaixo:
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Embora saísse de casa com bastante antecedência, Luciana chegou atrasada à reunião que
decidiria a compra do material, porque seu carro quebrou no caminho.
A conjunção embora introduz uma oração que encerra idéia de concessão; o pronome relativo
que retoma o substantivo reunião da oração anterior; e finalmente a conjunção subordinada
porque introduz uma oração que exprime idéia de causa.
Conectivos são elementos que relacionam partes do discurso estabelecendo entre elas relações
de significado. Possuem valores próprios: usamos embora para exprimir concessão; porque
para exprimir causa; mas para exprimir condição etc. Dessa forma, a troca de um conectivo
por outro de valor diferente implicará a quebra da coesão.
Há conectivos distintos para estabelecer valores idênticos. Na frase acima, para estabelecer a
relação de concessão, poderíamos substituir embora por apesar de; para estabelecer a relação
de causa, poderíamos substituir porque por já que ou uma vez que. Veja:
Apesar de sair de casa com bastante antecedência, Luciana chegou atrasada à reunião que
decidiria a compra do material, já que (ou uma vez que) seu carro quebrou no caminho.
_________________________________________
Abaixo, uma lista dos principais elementos CONECTIVOS, agrupados pelo sentido6.
Prioridade, relevância: em primeiro lugar, antes de mais nada, antes de tudo, em princípio,
primeiramente, acima de tudo, precipuamente, principalmente, primordialmente, sobretudo, a
priori (sempre em itálico), a posteriori (sempre em itálico).
Adição, continuação: além disso, demais, ademais, outrossim, ainda mais, ainda cima, por
outro lado, também, e, nem, não só … mas também, não só… como também, não apenas …
6
Lista baseada no autor Othon Moacyr Garcia, em Comunicação em Prosa Moderna. Para maiores detalhes,
conferir o site http://enemnota100.blogspot.com/2007/06/conexo.html
18
como também, não só … bem como, com, ou (quando não for excludente).
Dúvida: talvez, provavelmente, possivelmente, quiçá, quem sabe, é provável, não é certo, se é
que.
Ilustração, esclarecimento: por exemplo, só para ilustrar, só para exemplificar, isto é, quer
dizer, em outras palavras, ou por outra, a saber, ou seja, aliás.
Propósito, intenção, finalidade: com o fim de, a fim de, com o propósito de, com a
finalidade de, com o intuito de, para que, a fim de que, para.
Lugar, proximidade, distância: perto de, próximo a ou de, junto a ou de, dentro, fora, mais
adiante, aqui, além, acolá, lá, ali, este, esta, isto, esse, essa, isso, aquele, aquela, aquilo, ante,
a.
Causa e conseqüência. Explicação: por conseqüência, por conseguinte, como resultado, por
isso, por causa de, em virtude de, assim, de fato, com efeito, tão (tanto, tamanho) … que,
porque, porquanto, pois, já que, uma vez que, visto que, como (= porque), portanto, logo, que
(= porque), de tal sorte que, de tal forma que, haja vista.
Contraste, oposição, restrição, ressalva: pelo contrário, em contraste com, salvo, exceto,
menos, mas, contudo, todavia, entretanto, no entanto, embora, apesar de, ainda que, mesmo
que, posto que, posto, conquanto, se bem que, por mais que, por menos que, só que, ao passo
que.
_______________________________________________
Exercícios de fixação:
Questão 1:
b - Naquela manhã Paulo ligou para o amigo, cumprimentando-o, leu no jornal que seu amigo
havia entrado na faculdade e acordou bem cedo.
c - Não concordo em nenhuma hipótese com seus argumentos, pois eles vão ao encontro dos
meus.
Questão 2:
Reúna as diversas frases num só período por meio de conjunções e pronomes relativos. Faça
as devidas alterações de estrutura.
b) As moscas conseguem detectar tudo o que acontece à sua volta. Têm olhos compostos.
Seus olhos lhes dão uma visão de praticamente 360 graus.
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c) Tratava-se de uma pessoa. Essa pessoa tinha consciência. Seu lugar só poderia ser
aquele. Lutaria até o fim para mantê-lo.
d) Ele ficava à cata das pessoas. Queria conversar. As pessoas não lhe davam a menor
atenção.
e) Ele era auxiliado em suas pesquisas por uma professora. Ele morava numa pensão. Ele
se casaria mais tarde com essa professora.
g) Era um homem de frases curtas. A boca desse homem só se abria para dizer coisas
importantes. Ninguém queria falar dessas coisas.
Questão 3:
A fome dizima o Nordeste. A sociedade civil procurar minorar o problema. O governo deixou
o social de lado.
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CONCORDÂNCIA VERBAL
Regras básicas
O verbo e o sujeito de uma oração mantêm entre si uma relação de mútua solidariedade
chamada concordância verbal. De acordo com essa relação, verbo e sujeito concordam em
número e pessoa:
Devido ao limitado uso das formas verbais de segunda pessoa do plural (vós) no português
atual, tem surgido com bastante freqüência a concordância:
Em todos os casos vistos até agora, os sujeitos compostos estão antepostos ao verbo com que
concordam. No caso de sujeitos compostos pospostos ao verbo, abre-se uma nova
possibilidade de concordância: o verbo pode deixar de concordar no plural com a
totalidade do sujeito para estabelecer concordância com o núcleo do sujeito mais
próximo. Essa possibilidade é extensiva aos demais casos de concordância com os sujeitos
compostos que estudaremos mais adiante.
ATIVIDADES
Há casos em que o sujeito simples assume formas que nos fazem hesitar no momento de
estabelecer a concordância com o verbo. Em muitos desses casos, a concordância puramente
gramatical é contaminada pelo significado de expressões que nos transmitem noção de plural
apesar de terem uma forma de singular ou vice-versa. Por isso, vamos analisar com cuidado
algumas dessas expressões.
a) Quando o sujeito é formado por uma expressão partitiva (parte de..., uma
porção de..., o grosso de..., metade de..., a maioria de..., a maior parte de..., grande
número de...) seguida de um substantivo ou pronome no plural, o verbo pode ficar no
singular ou no plural:
Nesses casos, o uso da forma singular do verbo enfatiza a unidade do conjunto; já a forma
plural destaca os elementos que formam esse conjunto.
Mais de um casal, mais de uma família já perderam qualquer esperança num futuro melhor.
Observe que a opção por uma ou outra forma indicada há inclusão ou exclusão de quem fala
ou escreve. Quando alguém estabelece a concordância “Muitos de nós sabíamos de tudo e
nada fizemos.”, está-se incluindo num grupo de omissos, o que não ocorre com a
concordância “Muitos de nós sabiam de tudo e nada fizeram.”, que soa como uma denúncia.
24
Nos casos em que o interrogativo ou indefinido estiver no singular, o verbo ficará na terceira
pessoa do singular:
Quanto se trata de nomes próprios, a concordância deve ser feita levando-se em conta a
ausência ou presença de artigo (que pode ou não fazer parte do título de obras literárias).
Observe:
Com as expressões um dos... que... e um dos que, o verbo costuma assumir a forma plural:
Nesses dois casos, há muitos gramáticos que consideram aceitável a concordância no singular.
ATIVIDADES
1) Complete as frases seguintes com a forma apropriada dos verbos entre parênteses:
3) Complete as frases seguintes com a forma apropriada dos verbos entre parêntese:
4) Complete as frases seguintes com a forma apropriada dos verbos entre parênteses:
Além do que já foi dito nas regras básicas sobre o sujeito composto, devemos considerar
alguns casos em que a concordância verbal indica matizes particulares de significação.
Observe:
Com o verbo no singular, enfatiza-se, no primeiro caso, a unidade do sentimento formado pela
combinação desalento/tristeza. No segundo caso, o singular enfatiza o último elemento da
série gradativa.
b) Quando os núcleos do sujeito composto são unidos por ou ou nem, o verbo no plural indica
que a declaração contida no predicado pode ser atribuída conjuntamente a todos os núcleos:
O verbo no singular com esse tipo de sujeito indica alternância ou mútua exclusão. Observe:
c) Com a expressão um outro e nem um outro, a concordância costuma ser feita no singular,
embora plural também seja praticado. Com a locução um e outro, o plural é mais freqüente,
embora também se use o singular. Não há uniformidade no tratamento dado a essas
expressões por gramáticos e escritores. Em todos esses caos, parece razoável adotar o mesmo
procedimento usado com outros sujeitos unidos por e, ou e nem.
d) Quando os núcleos do sujeito são unidos por com, a forma plural do verbo indica que esses
núcleos recebem o mesmo grau de importância. Com, nesses casos, tem sentido muito
próximo ao de e:
Nesse caso, não se tem propriamente o sujeito composto, e sim um sujeito simples
acompanhado de um adjunto adverbial de companhia.
e) Quando os núcleos do sujeito são unidos por expressões correlativas como não só... mas
também..., não só... como também..., não só... mas ainda..., não somente... mas ainda, não
apenas... mas também..., tanto... quanto... o verbo concorda de preferência no plural:
Carros, casa, prédios, viadutos, pontes, tudo foi destruído pelo terremoto.
Luxo, riqueza, dinheiro, nada o tentava.
ATIVIDADES
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Haver e fazer são impessoais quando indicam tempo. Nesse caso, devem permanecer na
terceira pessoa do singular:
A concordância do verbo ser é muito rica em detalhes. Em muitas situações, esse verbo deixa
de concordar com o sujeito para concordar com o predicado. Em outras, pode concordar com
um ou com outro, de acordo com o termo que se quer enfatizar. Observe:
- quando colocado em um substantivo comum no singular e outro no plural, o verbo ser tende
a ir para o plural. Poderá ficar no singular por motivo de ênfase:
- quando colocado entre um pronome não pessoal e um substantivo, o verbo ser tende a
concordar com o substantivo:
Nos dois primeiros casos, há gramáticos que consideram possível também a concordância
com o pronome.
- nas expressões que indicam quantidade (medida, peso, preço, valor), o verbo ser é
invariável:
- nas indicações de tempo, o verbo ser concorda com a expressão numérica que o acompanha:
É uma hora.
São duas horas.
São três e vinte.
Já é mais de uma hora.
Já são mais de duas horas.
São cinco para uma.
Hoje são vinte de setembro.
Hoje é dia vinte de setembro.
ATIVIDADES
1) Passe para o plural os termos destacados em cada uma das frases seguintes e faça
as mudanças necessárias em cada caso:
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CONCORDÂNCIA NOMINAL
2. Os advérbios são palavras invariáveis, sem relação de concordância com os termos a que se
referem.
QUESTÕES DE FIXAÇÃO
2) (UFMG) A palavra destacada admite outra flexão em todas as opções, EXCETO em:
QUESTÕES DE FIXAÇÃO
Quando funcionam como advérbio, essas palavras são invariáveis. Quando têm função adjetiva,
concordam com o termo a que se referem.
QUESTÕES DE FIXAÇÃO
3) (UFMG) As lacunas podem ser preenchidas por apenas uma das formas entre
parênteses, EXCETO:
a) Etelvina estava meio irritada e, a meia voz, porém com bastante razões, dizia desaforos.
b) Elas mesmas escolheram as fotos, que enviariam anexas aos envelopes, como provas
bastantes de sua inocência.
c) Conhecia mulheres meio loucas que nunca estavam alertas aos perigos e nem bastantes
informadas.
d) Há crianças sem educação que são o mais insuportáveis possíveis e meio desajustadas.
e) Anexo ao envelope, vai a minha carta que tem revelações as mais prováveis corretas.
QUESTÕES DE APROFUNDAMENTO