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Entre pincéis e agulhas

Sofia Barral (barral.sofia@hotmail.com)

A moda sem entremeia nas mais diversas áreas do pensamento e comportamento


humano. Ler a sociedade e o contexto que o cerca, tomar referências do cotidiano faz do
trabalho do designer um grande “dar e tomar”, “comer e deglutir”. Pensar que esse
universo de apropriações se limita ao Design de Moda se faz um grande equívoco. Criar
depende dessa visão ampla e analista. Assim, compreende que o trabalho de um artista
depende das mesmas ferramentas inventivas do desenhista de produtos.

Durante séculos temos visto o jogo moda-arte se desenvolver. Estilistas extraem


da arte questionamentos, temáticas, formas, cores, volumes, linhas e texturas. Artistas
renovam o ciclo abstraindo das passarelas suas reflexões sobre o homem e sociedade.
Na história, vemos a ilustração de vestuário partilhar das duas áreas. Um bom exemplo,
são as obras de Jacques Louis-David, que no século XVIII influenciaram a moda ao
conferir formas neoclássicas a seus quadros e, captaram o vestuário dos indivíduos que
viviam as Revoluções Burguesas.

Figura 1- DAVID, Jacques Louis. The Lictors Returning to Brutus the Bodies
of his Sons. 1789; Oil on canvas, 323 x 422 cm. Musée du Louvre, Paris

Figura 2 - DAVID, Jacques Louis. Retrato Madame Récamier. 1800; Oil on


canvas, 173 x 244 cm. Musée du Louvre, Paris.

Nos dias hipermodernos - como classificou Gilles Lipovetsky -, vemos o mesmo


acontecer. Mais do que apropriações, parcerias têm integrado esses campos. Assim, a
arte invade a imagem fashion e a moda participa ativamente das atividades artísticas.
Um exemplo claro disso está no trabalho de Steven Smith com a Chilli Beans. O artista
plástico ilustrou a campanha da empresa de acessórios, resultando na troca já citada.

Assim, pincéis e agulhas se confrontam e se cruzam para partilharem do novo e


único.

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