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Assim,para Szondi,as três categoriasfundamentaisda antiga teoria Restaura-se, assim, para a reflexão estética, a possibilidade de reto-
dos gêneros - a épica, a lírica e a dramática - encontrariam em Hegel mar em nova chave as formas herdadas da tradição e nela fixadas
o seu acabamento, ou seja, ao mesmo tempo sua culminação e seu esgo- como modalidades permanentes de expressão, ou seja, como modos
tamento, na medida em que, já inteiramente historicizadas, perderiam de formar codificados. Já inteiramente historicizadas e desprovidas de
suaessênciasistemática.Segundoele,"apósessatransformaçãonos fun- seus conteúdos normativos, as categorias fundamentais dos gêneros
damentos da poética, a ciência viu-se diante de três vias": ela poderia, poéticos tornam-se dialéticas em um sentido radical, isto é, assimilam-
como em Croce, julgar que, juntamente com sua essência sistemática, os se inteiramente ao regime da contradição.
gêneros pOéticos fundamentais haviam perdido sua razão de ser, tor- Com a precisão que lhe é habitual, $zondi situa neste ponto - está-
nando-se necessário excluí-Ios da reflexão estética. Poderia ainda, no gio extremo de uma reflexãode longo curso - o lugar de onde nasce
pólo oposto, observar as bases históricas da poética, isto é, os gêneros a Teoriadodramamoderno.Com efeito,o dispositivoqueestáemsua
concretos, para projetar, agora, o "épico", o "lírico" e o "dramático" como matriz consiste em explorar sistematicamente a "antinomia interna"
três modos de ser atemporais do homem, conforme fez Emil Staiger. que. e.mcada obra em particular, estabelece-se entre o "enunciado da
com quem o próprio Szondi estudara.~ Mas, diz Szondi, poderia tam- forma" e o "enunciado do conteúdo".Ambos. assim, criticam-se um
bém "perseverar no terreno historicizado", como haviam feito, na su- - ao outro, apontam um no outro os limites próprios e, dessa forma,
cessão de Hegel, A teoria do romance de Lukács, a Origem do drama reciprocamente se historicizam.
barroco alemão, de W. Benjamin, e a Filosofia da 1101'amúsica de Th. W. Para fazê-Io,Szondi identifica,na tradição, o momento em que se
Adorno. Nestes, mas particularmente no último, explicita-se a possibi- constituiua formado dramapropriamentedito.Paraele,o dramada
lidade de compreender a forma como conteúdo "precipitado", ou seja. época moderna surgiu no Renascimento - quando a forma dramá-
como uma dialética entre dois enunciados: o "enunciado da forma" e o tica. após a supressão do prólogo, do coro e do epílogo, concentrou-se
"enunciado do conteúdo". Note-se que, aqui, os "conteúdos" temáticos, exclusivamente na reprodução das relações intel;':b).,lm~1,}a~,
ou seja, en-
advindos da vida social; não são, por oposição à forma artística, algo controu no 9.iálogo sua mediação universal. O drama que surge daí é
informe a que esta daria forma:elesjá constituem por seu turno, eml1J- "absoluto", no sentido de que só se representa a si mesmo - estando
ciados,isto é, são jáformados. fora dele, enquanto realidade que não conhece nada além de si, tanto o
Abre-se aqui, para $zondi, a possibilidade de que ambos esses autor quanto o espectador, o passado enquanto tal ou a própria convi-
enunciados, o da forma e o do conteúdo, entrem em contradição _ zinhança dos espaços.Tornado inteiramente presençae presente.e ani-
quando uma forma estabelecida e não questionada. é posta em questão mado por uma dinâmica interna de que o diálogo é o motor exclusivo,
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I.
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o drama constitui-se como forma fechada e completa em si mesma - "épica encoberta da matéria", o próprio diálogo é progressivamente
ele se absolutiza. Por isso, não se incluem no conceito de drama tanto tomado por funções épicas. tributárias da cisão de sujeito e objeto,
a tragédia antiga quanto a peça religiosa medieval, o teatro mundano quando não se manifesta,paradoxalmente,como insulamento líricoou
barroco ou a peça histórica de Shakespeare etc. até, como é o caso de Tchékhov, literalmente como um diálogo com
O drama, tal como definido na Teoria do drama moderno, não é, um surdo. Colocado sistematicamenteem confronto com a e.~t:.~~-4i2--
assim, algo que se encontre em qualquer tempo ou em qualquer lugar. lógi~~de seu próprio modelo -
na qual se manifesta a centralidade
Também neste sentido poderia se decepcionar com o estudo de Szondi das relaçõesintersubjetivas -, o dramamoderno,rondadopelosoli-
quem esperasse encontrar a visão panorâmica, com visos de exaustivi- lóquio e pela mud~z.,pela objetivação
. . e pela reificação. dá testemunho,
dade, uma vez que ele constrói um objeto muito específico, historica- em sua própria crise formal. de um estado de coisas que Adorno cha-
mente determinado, que não se encontra em toda parte. maria de "a vida danilicada".5
Esse modelo de drama, que, tendo se constituído no Renascimento, Szondi não é nem um pouco enfático a esse respeito, antes pelo
desenvolveu-se na Inglaterra elisabetana e, principalmente, no século contrário. Mas o rigor de seu dispositivo. em seu laconismo abrupto
XVIIfrancês, sobrevivendo no classicismo alemão, Szondi irá encontrá- e irretorquível. fala por ele: as transformações da estética teatral em
10vigente no final do século XIX:ainda na década de 80 desse século, a direção às formas modernas e às vanguardas não é lida simplesmente
forma do drama não era "apenas a norma subjetiva dos teóricos", mas como a superação do antigo e o avanço do novo, mas é obrigada. a
"representava também o estado objetivo das obras". Estudando, então, partir do exame de sua dialética interna, a ret1uirsobre si mesma -
sucessivamente, Ibsen, Tchékhov, Strindberg, Maeterlinck e Haupt- a refletir-se - e. assim, a deixar entreve~ a figura de um 4estino, cujas
mann, o procedimento de Szondi será o de examinar sistematicamente marcas principais mostram-se como as do isolamento, da regressão,
a contradição crescente, nas peças, entre a forma do drama, presente da perda de sentido.
nelas como modelo não diretamente questionado, e os novos conteúdos Nessa perspectiva, disse-se antes que, em Szondi. as antigas catego-
que elas tratam de assimilar. O núcleo do confronto. que caracteriza a rias dos gêneros poéticos, historicizadas de modo decisivo por Hegel,
crise da forma dramática. encontra-se na crescente separação de sujeito tornavam-se radicalmente dialéticas, ou eram inteiramente assimiladas
e objeto - cuja conversão recíproca era a base da absolutez do drama ao regime da contradição. Nesse discípulo e admirador de Hegel, a ima-
-. separação que mais e mais se manifesta nas obras, principalmente gem da Aufhebung, da síntese que supera conservando, dá lugar a con-
pela impossibilidade do diálogo e pela emersão do elemento épico. tradições que se põem e repõem continuamente, que permanecem inso-
De certo modo, seria possível descrever a Teoria do drama moderno lúveis e, sob esse aspecto, aparentam-se, antes, à dialética negativa de
como a história do lento e inexorável avanço do elemento épico no seio Adorno, assim como remetem às noções de "alegoria" ou de "tradução",
da forma dramática, a qual, em princípio, o excluiria. Neste avanço da tal como aparecem em Benjamin. Ainda uma vez, o próprio Szondi ma-
nifesta, em outro ensaio, perfeita consciência de sua própria posição. versação" se refugiará em um sucedâneo degradado da antiga efetivi-
Curiosamente, ele a vê como um recuo para antes de Hegel: ao comen- dade do diálogo, - a conversação burguesa -, e só dará bons frutos
"-
tar a idéia, também sua, de que em Hegel se dava o "acabamento" da quando, como em Hofmannsthal ou Beckett, a conversação "se vê no
estética clássica alemã, ele afirma: "quem diz acabamento diz, ao mesmo espelho", isto é, quando se volta sobre si mesma para tornar significa-
tempo, fim. Não se pode ultrapassar o fim a não ser recuando. Eis por- tivo seu próprio vazio. Já a "peça de um só ato", o "confinamento" e 0-\
que nada de novo na poética dos gêneros foi criado na seqüência do sis- "existencialismo" se mostrarão como tentativas de salvar a forma dra-
tema hegeliano (...), ao contrário, foi preciso voltar ao fundamento do mática, seja pela redução à exigüidade temporal ou ao conflito mínimo,
hegelianismo, às perspectivas que não dependem do Sistema, ou seja, seja pela redução espacial a núcleos concentracionários, só bem-suce-
à concepção romântica da filosofia da história e das relaçõ~s3ue ela dida em experimentos existencialistas como o de Sartre, em Huis CIos,
mantém com os gêneros poéticos. É disso que dão testemunho o livro quando a concentração e o estreitamento tornam-se temáticos e são rei-
de Benjamin sobre A origem do drama barroco alemão e A teoria do terados no plano formal.
romal/ce, de Lukács,escrito dez anos antes. Um e outro escreveram
As "tentativas de solução" da crise do drama formam a última e
esses livros na seqüência de um estudo aprofundado de Schlegel".6 mais extensa parte do livro. Nela são examinados mais de dez autores
Visto dessa perspectiva, o método de Szondi, cujo traço essencial e um encenador (Piscator). do expressionismo aA. MilIer, passando por
talvez seja o de "estabelecer a cada momento uma relação de oposição, Pirandello e Brecht. Não caberia resumi-Ia pormenorizadamente aqui,
ultrapassando a identidade aparente e revelando a diferença"7 radica- mas talvez seja o caso de dizer que, com todas as diferenças que apre-
se, mais longinquamente, em sua predileção pelo conceito de ironia, de sentam entre si, os dramaturgos aí estudados caracterizam-se pela
Schlegel, que tem larga refração em suas outras obras. assunção e enfrentamento da crise da forma dramática, não se limi-
Na seqüência da análise dessa dramaturgia que, de Ibsen a Haupt- tando a manifestá-Ia ou a procurar refugir a ela. Ao contrário, pode-
mann, configura a "crise do drama", Szondi examinará o que chama de se dizer que, da perspectiva de Szondi, praticamente todos eles pro-
"tentativas de salvamento" da forma dramática. Justamente por tenta- curaram "solucionar" a crise do drama assumindo como elementos
rem unificar o que irremediavelmente já se cindira, estas "salvações" do temáticos e formais, tão plenamente quanto possível, os elementos'-
drama permitirão tornar mais patente a contradição insolúvel que se contraditórios em cuja emersão ela se manifesta e. assim, procurando
desdobra ao longo de toda a Teoriado drama moderno:o "naturalismo" recuperar para o teatro uma integridade estética à altura dos impasses
se revelará uma escolha finalmente conservadora, mesmo regressiva, que ele defronta.
por abrigar-se, na representação compassiva do proletariado como Porém, entre estas análises de Szondi, talvez seja o caso de comen-
última instância da "naturalidade", contra a fratura que cindia igual- tar, ainda que sucintamente, a da obra de Brecht. Se, como se disse an-
mente todos os indivíduos e o conjunto da sociedade. A "peça de con- teriormente, é possíveller a Teoriado drama modemo como a história
da emersão progressiva do elemento épico, é no mínimo curioso que Não é possível, aqui, ir além dessas indagações, mas o tratamento
Szondi passe de modo tão célere e francamente redutor justamente dado a Brecht neste livro de Szondi suscita de imediato um paralelo,
pelo dramaturgo que colocou sua obra sob a rubrica englobante de no contexto brasileiro, com o conhecido O teatro épic~, de Anatol Rosen-
feld,9 Este livro excelente deve bastante, aliás, ao estudo de Szondi, como
"teatro épico", teorizando e praticando as formas correspondentes em
todos os níveis de suas peças e encenações, Szondi, aliás, o reconhece várias vezes indica seu autor, mas salta à vista que Rosenfeld reo!:,g.ani-
plenamente, com a concisão e o brilho que lhe são peculiares: "Atra\'és zou de outra maneira o trabalho de Szondi, partindo declaradamente
desses processos de distanciamento, a oposição sujeito-objeto, que está da obra de Brecht, para executar o mergulho nas formas anteriores do
na origem do teatro épico - a auto-alienação do homem, para quem o teatro épico e, finalmente, desembocar de novo em Brecht, a quem
próprio ser social tornou-se algo objetivo -, recebe em todas as cama- dedica todo o capítu~o final. A diversidade de contextos e de propósi-
das da obra [de Brecht] sua precipitação formal e se converte assim no tos, além das inefáveis diferenças individuais, certamente explicam tais
princípio universal de sua forma", Mas, a despeito dessa percepção, seu diferenças, cabendo apenas saudar o fato de que ambos esses livros
enfoque de Brecht praticamente se resume ao comentário do conhecido finalmente possam se reencontrar nas estantes brasileiras, Em um e
esquema de oposição entre as formas "dramática" e "épica" de teatro outro, guardadas as diferenças também quanto a esse aspecto, o eixo
(1931), eximindo-se de exames mais detalhados, seja das suas peças de reflexão passa pela teoria dos gêneros. No nível em que o fazem,
mais importantes, seja da própria evolução do conceito de teatro épico essa teoria tem ainda
.~ uma outra função: ela "representa uma possibili-
em sua obra, O que pensar desse fato? Que Szondi, analista e historia- dade rara de aplicar rigorosamente uma reflexão de ordem filosófica a
dor da emersão do épico, encontrara em Brecht o "acabamento" de sua um objeto puramente literário",lo Nesse caso, "a poética dos gêneros
própria perspectiva e, assim, tal como no caso da teoria dos gêneros em restitui ao objeto sua dignidade; a dificuldade de reflexão, à qual nos
estudos literários não se está habituado, tem um efeito de distancia-
relação a Hegel, só poderia recuar para antes desse final, ultrapassá-Ia
para trás? Nesse caso, o teatro épico de Brecht seria algo como o defla- mento",11Com muito mais razão, essas reflexões se aplicariam ao domí-
nio dos estudos teatrais,
gador oculto da pesquisa histórico-sistemática de Szondi? Mas não
seria igualmente possível pensar que, dado o contexto alemão dos anos Muitas vezes já se falou de "nostalgia" em relação aos pontos de
50, tal como jamais menciona Marx (embora impregnado dele) pela vista deste estudo de Szondi.u Se levarmos em conta a admiração fran-
"razão muito fina de distinguir os valores emancipatórios do marxismo ca com que ele recolhe e analisa as soluções mais brilhantes e inventi-
das diferentes realizações que se reivindicam dele",8 assim também vas da dramaturgia contemporânea, veremos que essa palavra talvez
Szondi evita deter-se sobre Brecht? E, ainda, não se poderia levar em não seja adequada, Mas não resta dúvida de que a sua adesão tão rigo-
con ta seu vínculo com Adorno, além de uma possível antipatia em rela- rosa ao teatro e, nele ao drama em seu estado mais puro - constituído
ção às posições políticas de Brecht? de presença e presente, inteiramente situado na esfera do intersubje-
tivo e mediatizado pelo diálogo -. tem algo de um anacronismo bem
pensado:demonstra que ele sevolta para uma época,~ormais im.~-
feita que fosse.em que a divisa do homem talvez não precisasseser
aquelafrase de Balzac.que ele cita mais de uma vez,e com a qual pra-
ticamente termina seulivro: "nous mourrol/s tousir/col/nus".
Notas
6 P. Szondi. "La théorie des genres poétiques chez F.Schlegel",em Poésieet poéli-
7 J. Bollack (org.). L'acle crilique, Paris/ Lille: Presses Universitairs de Lille c Ed.
8 Ibidem.p. 263.
9 A. Roscnfeld. O lealro épico. São Paulo: Perspectiva, 1997.
11 Ibidem. p. 154.
a que permite problematizar historicamente uma forma poética, e o ma de uma obra de arte expressa sempre algo de inquestionável, o claro
que aqui se apresenta é a tentativa de explicar as diversas formas da entendimento desse enunciado formal geralmente só é obtido em uma
dramática moderna a partir da resolução dessas contradições. época para a qual o que era antes inquestionável se tornou questioná-
Portanto ela permanece no campo da estética e se nega a dilatar-se vel, para a qual o evidente se tornou problema. Dessa maneira, o dra-
em um diagnóstico de época. As contradições entre a forma dramática ma é aqui conceitualizado nos termos de sua impossibilidade atual, e
e os problemas do presente não devem ser expostas in abstracto, mas esse conceito de drama é já compreendido como o momento de um
apreendidas no interior da obra como contradições técnicas, isto é, questionamento sobre a possibilidade do drama moderno.
como "dificuldades". Seria natural querer determinar. com base em um Portanto é designado a seguir por "drama" apenas uma determi-
sistema de gêneros poéticos, as mudanças na dramaturgia moderna nada forma de poesia teatral. Nem as peças religiosas da Idade Média
que derivam das problematizações da forma dramática. Mas é preciso nem as peças históricas de Shakespeare fazem parte dela. A perspec-
renunciar à poética sistemática, isto é, normativa, não certamente para tiva histórica requer a abstração também da tragédia grega, já que sua
escapar a uma avaliação forçosamente negativa das tendências épicas, essência só poderia ser reconhecida em um outro horizonte. O adje-
mas porque a concepção histórica e dialética de forma e conteúdo retira tivo "dramático" não expressa, no que segue. nenhuma qualidade (como
os fundamentos da poética sistemática enquanto tal. nos COl/ceitosfundamentais da poética, de Staiger),mas significa sim-
Desse modo, o ponto de partida terminológico é constituído so- plesmente "pertencente ao drama" ("diálogo dramático" = diálogo no
mente pelo conceito de drama. Como conceito histórico, ele representa drama). Em oposiçãO a "drama" e "dramático", o termo "dramáticà' ou
um fenômeno da história literária, isto é, o drama, tal como se desen- "dramaturgia" é usado também no sentido mais amplo, designando tudo
volveu na Inglaterra elisabetana e sobretudo na França do século XVII, o que é escrito para o palco. Se em algum momento o termo "drama"
sobrevivendo no classicismo alemão. Ao colocar em evidência o que for entendido também nesse sentido. ele será posto entre aspas.
"precipitou" na forma dramática como enunciado sobre a existência Como a evolução da dramaturgia moderna se afasta do próprio dra-
humana, ele faz de um fenômeno da história literária um documento ma, o seu exame não pode passar sem um conceito contrário. É como tal
da história da humanidade. Deve-se mostrar as exigências técnicas do que aparece o termo "épico": ele designa um traço estrutural comum da
drama como reflexo de exigências existenciais, e a totalidade que ele epopéia, do conto, do romance e de outros gêneros, ou seja, a presença
projeta não é de essência sistemática mas filosófico-histórica. A histó- do que se tem denominado o "sujeito da forma épica" 7ou o "eu-épico".8
ria foi banida para os hiatos entre as formas poéticas, e unicamente a Os dezoito estudos que procuram apreender essa evolução a partir
reflexão sobre a história é capaz de lançar pontes sobre eles. de exemplos seletos são precedidos de uma exposição do próprio dra-
No entanto o concei'to de drama não tem vínculos históricos so- ma, ponto de referência para tudo que se seguirá.
Notas
:1. Cf. Gocthe, OberEpisclre III/c/ Dramlltischc Diclltlll/g,c carta dc Schillcr a Goc-
Ihc de 26 dc dczembro de 1797.
(em O tentro épico) dc"forçar um pouco a Ilngua"c empregar pam os dois lilti-