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ê n i c o s

Transg
O QUE SÃO ORGANISMOS O CONSUMO DE HERBICIDA
TRANSGÊNICOS? PÁG.04 AUMENTA COM O USO DE
PLANTAS TRANSGÊNICAS? PÁG.20
ificar
de de mod
e tú n ia . A possibilida e g ra n d es MELHORAMENTO É
ví ru s e a flor p p o rt u nidades MODIFICAÇÃO? PÁG.05 O QUE É A ROTULAGEM DE
bacté ri a , grand e s o da ci cia
ê n
inada com tório gerou s e morais
Soja comb a e m la b o ra
m os lim it e s é ti co PRODUTOS TRANSGÊNICOS? PÁG.22
rma de vid do discute a natureza
?
qualquer fo s p a ís e s d o mu n o d e m o s modificar BIOTECNOLOGIA É SINÔNIMO DE
o s o nd e p
riscos. Tod ções. Até o TRANSGÊNICO? PÁG.06 OS TRANGÊNICOS NO BRASIL:
des corpora
e das gran QUEM É RESPONSÁVEL? PÁG.23
A POLÊMICA DOS
TRANSGÊNICOS É A LIBERAÇÃO OS TRANSGÊNICOS
NO MEIO AMBIENTE? PÁG.07 RESOLVEM O PROBLEMA
DA FOME NO MUNDO? PÁG.24
QUAL É O POTENCIAL DE
DANOS GRAVES E IRREVERSÍVEIS O QUE É A
DOS TRANSGÊNICOS? PÁG.08 AGRICULTURA ORGÂNICA? PÁG.25

POR QUE O GREENPEACE O DESMATAMENTO


SE OPÕE AOS TRANSGÊNICOS? PÁG.10 AFETA A AGRICULTURA? PÁG.26

O QUE É O PRINCÍPIO QUAIS SÃO OS


DE PRECAUÇÃO? PÁG.12 CRITÉRIOS DE COMPRA
RESPONSÁVEL DE SOJA? PÁG.28
COMO É FEITA A
©1 AVALIAÇÃO DO RISCO POR QUE O GREENPEACE É
DOS TRANSGÊNICOS? PÁG.13 CONTRÁRIO À PRODUÇÃO
DE SOJA NO BIOMA AMAZÔNIA? PÁG.30
O QUE É A SOJA RESISTENTE AO
ROUNDUP® DA MONSANTO? PÁG.14 OS CONSUMIDORES PODEM
MUDAR O COMPORTAMENTO
MAS… AS INFORMAÇÕES DAS GRANDES INDÚSTRIAS? PÁG.32
SÃO CONFIÁVEIS? PÁG.15
GUIA DO CONSUMIDOR PÁG.33
O QUE É A
CONTAMINAÇÃO GENÉTICA? PÁG.16 JUNTE-SE A NÓS PÁG.38
© 1 e 2 Greenpeace/Rodrigo Baleia

COMO É FEITA A
©2
COBRANÇA DO DIREITO DE
PROPRIEDADE INTELECTUAL? PÁG.18
Melhoramento 3

é Modificação?
O melhoramento genético, técnica milenar,
não deve ser confundido com a modificação
genética que cria os transgênicos.

o que são Organismos


M
elhoramento genético é a técnica ORIGENS DA TÉCNICA
usada pelos agricultores, há vários A lei da genética que permite a compre-

Transgênicos?
séculos, de selecionar plantas e ensão dessa tecnologia intuitiva foi escrita
animais resistentes a doenças, tolerantes a pela primeira vez em 1865 pelo austríaco
diferentes condições ambientais, mais nutri- Gregor Mendel, que observou os resulta-
tivos e produtivos, e com características de dos do cruzamento sexual em ervilhas.
Ao processo de transferência de genes interesse comercial. Mendel elaborou impor-
entre espécies muito diferentes, Quando o ser humano seleciona ani- tantes leis da genética que ©
deu-se o nome de transgenia. mais reprodutores e sementes dentro de definiram as característi-
uma população para forçar o predomínio cas das células sexuais

O
rganismos geneticamente modifi- qualquer espécie. Os genes mais usados de características de interesse econômi- dos indivíduos e da trans-
cados (OGMs ou transgênicos) são usados são os de bactérias e vírus. co, como produtividade, rusticidade, cor e ferência de genes, revo-
organismos produzidos por meio da sabor, está fazendo o melhoramento gené- lucionando a biologia e
transferência de genes de um ser vivo para TRANSGENIA tico, uma técnica que vem modificando a traçando as bases atuais
outro, geralmente de espécies diferentes. A transgenia, chamada também de técnica aparência e composição dos alimentos ao da genética.
Por exemplo, um peixe que recebe caracte- do DNA recombinante ou engenharia ge- longo dos milênios. Gregor Johann Mendel
rísticas de porco ou a soja que recebe genes nética, teve origem em 1972, na observa-
de vírus, bactérias ou outros organismos. ção da bactéria Agrobacterium tumefasciens.

X
Quando organismos são geneticamente Essa bactéria, presente no solo, causa
modificados, um pacote de genes é intro- uma doença em plantas chamada galha MELHORAMENTO GENÉTICO MODIFICAÇÃO GENÉTICA
duzido, incluindo uma seqüência promoto- de coroa. A bactéria insere parte de seus
ra para ativar o “gene de interesse” (que faz genes nas células da planta modificando o • Combinação de genes • Centenas de pares de bases (menor uni-
uma planta produzir uma proteína tóxica a genoma dessas células, passando a pro- da mesma espécie dade do código genético) são alterados
insetos ou ser tolerante a um herbicida, por duzir um tumor que alimenta a bactéria. • Seleção de indivíduos • Alterações imprevisíveis
exemplo) e o DNA da seqüência terminal, A transgenia pode modificar qualquer dentro da mesma espécie de processos bioquímicos
que indica onde é o fim do pacote genético. ser vivo, de vírus e plantas ao próprio ser • O cruzamento sexual permite • Inserção de genes exógenos
Um marcador pode ser incluído porque o humano. E novas espécies podem ser cria- a troca de características (de outras espécies)
processo de engenharia genética é muito das em laboratório. A manipulação da vida
• Mutações naturais ou induzidas • Alterações que nunca aconteceriam na
ineficiente e somente uma pequena porção criou possibilidades fascinantes e assus-
alteram poucos pares de bases natureza, rompimento da barreira sexual
© Reprodução

de células incorpora o pacote inserido. tadoras, com riscos elevados para o meio
Todas essas características podem vir de ambiente e o ser humano.
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+++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++ A primeira modificação de um código genético por meio da transgenia aconteceu em 1973.
No Brasil a definição de transgênicos e sua regulamentação foi feita pela lei federal 8.974 de janeiro de A primeira planta transgênica - o tomate Flavr Savr - foi liberada comercialmente em 1994,
1995, substituída em março de 2005 pela lei 11.105, também conhecida como Lei de Biossegurança. mas foi retirada do mercado em menos de um ano.
Biotecnologia A polêmica dos 4

é sinônimo de transgênico? transgênicos é a libera ção


A biotecnologia envolve técnicas como o teste
de paternidade, a cultura de tecidos vegetais, no meio ambiente?
a clonagem, a transgenia, entre outras. Uma vez liberado no meio ambi-

B
iotecnologia é a tecnologia desen- A biotecnologia está se tornando erro- ente é praticamente impossível
volvida a partir de conhecimentos neamente sinônimo de modificação gené- recolher um organismo vivo.
de uma ou de várias áreas da bio- tica em plantas alimentícias por força da
logia, geralmente com finalidade produtiva. propaganda, que vende a planta transgê-
É o uso prático do conhecimento sobre a nica como a tecnologia que resolve todos
vida, por meio de técnicas e conhecimentos os problemas. Entretanto, alguns cientistas
sobre microorganismos, plantas e animais - questionam se o desenvolvimento de trans-
biologia, bioquímica, genética e fisiologia. gênicos pode ser denominado tecnologia.

TRANSGENIA E´ TECNOLOGIA?
Tradicionalmente, uma tecnologia está associada

o
com: previsão, controle e reprodutibilidade. primeiro uso comercial de um or- testado exaustivamente pelos protocolos
ganismo transgênico foi para a pro- de segurança da indústria farmacêutica.
Mas o atual estágio das tecnologias de inserção de dução de um medicamento para
genes utilizadas na obtenção de OGMs pode ser carac- diabete, quando uma bactéria recebeu OS TRANSGÊNICOS
terizado como: genes do ser humano para produzir a in- E O MEIO AMBIENTE
sulina. A bactéria permaneceu confinada Ao contrário do que acontece na indús-
em um ambiente industrial controlado, tria farmacêutica, um organismo geneti-
e apenas o produto químico produzido, camente modificado, se liberado no meio
depois de purificado e analisado, foi utili- ambiente, pode crescer, multiplicar-se,
zado. Esse tipo de emprego de organis- sofrer modificações e interagir com toda a
mos transgênicos é chamado de “uso em biodiversidade. Ele não pode ser controla-
ambiente confinado”. do. São seres vivos que irão interferir em
todos os ciclos da natureza. Os seus ge-
TRANGÊNICOS NA INDÚSTRIA nes exógenos (de outras espécies) podem
O uso de microorganismos transgênicos ser transferidos para uma espécie selvagem
em ambiente confinado para a produção relacionada (semelhante) ou apresentar um
de medicamentos, enzimas e reagentes comportamento imprevisível, causando es-
não gerou polêmica, não é questionado: tragos ao ecossistema. Esses efeitos podem
não há contato do transgênico com o ser irreversíveis, e nosso conhecimento de
meio ambiente ou com o consumidor. como e quando o dano pode surgir é limita-
Além disso, o medicamento produzido é do, causando surpresas desagradáveis.
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“A Monsanto não tem que garantir a segurança dos alimentos transgênicos. Nosso interesse é vender o quanto A segurança dos alimentos transgênicos nunca foi avaliada com o mesmo rigor usado
mais possível. Garantir a segurança é trabalho do FDA” - Phil Angell, diretor de comunicação da Monsanto. pela indústria farmacêutica para testar os medicamentos.
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Qual é o potencial
de danos graves e irrever-
síveis dos transgênicos?
As imperfeições da técnica de inserção de genes
podem gerar modificações perigosas a longo prazo.

O
s defensores da engenharia genéti- em diferentes funções, dependendo de
ca alegam que o processo é preciso, como são transcritos e quais outros genes
devido à exatidão de quais genes estão envolvidos. Essa descoberta enfra-
são adicionados, e que, por esta razão, quece a suposição de que se um gene
seus efeitos podem ser previstos. com uma função conhecida for a adicio-
No entanto, na prática, o processo é nado, ele irá se comportar, na prática, de
incontrolável. Novas pesquisas científicas uma única forma. O cruzamento entre duas plantas e em seguida cruzou com a canola não
mostram que a função dos genes é muito transgênicas diferentes nas lavouras transgênica Clearfield, resistente ao her-
mais complexa do que se imaginava: • Um pacote de genes é introduzido pode criar uma planta desconhecida. No bicida do grupo imidazolinona. Isso criou
onde não há precedentes evolucionários. Canadá, a canola (colza) transgênica re- uma super erva daninha jamais imagina-
• A posição onde genes são inseridos é A introdução de genes vem de uma mistu- sistente ao agrotóxico glifosato cruzou da pelos cientistas, que é combatida por
feita ao acaso – outros genes podem ser ra de espécies que nunca foram reunidas com a canola transgênica Liberty Link, um produto químico extremamente tóxico
rompidos e suas funções alteradas; antes. O comportamento e a interação dos resistente ao agrotóxico gluofusinato, chamado 2,4 D.
genes inseridos, ao longo do tempo, em um
• Muitas cópias dos genes podem ser in- genoma complexo, são desconhecidos.
tegradas, fragmentos adicionais inseridos,
seqüências de genes rearranjados ou su- MUDANÇAS PERMANENTES
primidos – o que pode resultar na inativa- A falta de previsão dos efeitos ao longo do
ção de genes, instabilidade ou interferência tempo é a conseqüência da complexidade
em outra função do gene; da transgenia. Uma vez liberado no meio
ambiente, não será mais possível recolher
• Um gene não codifica somente uma o organismo vivo. A provável irreversibilida-
função. Descobertas feitas por estudos de do impacto do organismo geneticamen-
como o do genoma humano demonstra- te modificado é atribuída à capacidade de
ram que há muito menos genes em orga- reprodução dos seres vivos: se os transgê-
nismos superiores do que se previa ante- nicos cruzarem com espécies selvagens
© Greenpeace/Rodrigo Baleia

riormente. Foram encontrados de 30 a 40 semelhantes, mudanças genéticas podem


mil no homem em vez dos 120 a 140 mil ser incorporadas no código genético natu-
imaginados. Isso significa que genes ou ral e alterar o caminho da evolução de for-
partes de genes, podem estar envolvidos ma irreversível.
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Por que o Greenpeace AUMENTO DO USO DE AGROTÓXICOS


Na agricultura, a utilização de transgênicos com re-

se opõe à libera ção


sistência a herbicidas está causando o aparecimen-
to de “super pragas” e ao desequilíbrio ecológico do
solo, além da contaminação da terra e dos lençóis

dos transgênicos no
freáticos devido ao uso intensificado de agrotóxicos.

meio ambiente?
AMEAÇA À SEGURANÇA ALIMENTAR
Antigamente, pensar em patentear plantas, animais
ou genes não poderia sequer ser considerado. Hoje,
com a patente sobre a vida, o produtor tem que pagar
royaltie pelas plantas patenteadas e as sementes que
produzem por todas as gerações futuras. Isso é uma
ameaça à segurança alimentar e à biodiversidade.
CONSEQÜÊNCIAS DESCONHECIDAS
O Greenpeace faz campanhas contra a liberação de
transgênicos no meio ambiente e se opõe ao seu uso FALTA DE ESTUDOS
na alimentação humana e animal. Para a organiza- Conseqüências preocupantes para a saúde humana
ção, os resultados da utilização de transgênicos são são o aparecimento (ou aumento) de alergias provo-
imprevisíveis, incontroláveis e desnecessários. cadas por alimentos geneticamente modificados, o
aumento da resistência a antibióticos, os efeitos ines-
perados de longo prazo e o aparecimento de novos ví-
rus mediante a recombinação. Os transgênicos estão
PERDA DA BIODIVERSIDADE sendo utilizados de forma indiscriminada na alimen-
Sabemos que as conseqüências nocivas de novas tação humana e animal, e não foram feitos estudos
tecnologias muitas vezes só poderão ser percebidas suficientes que comprovem a sua segurança.
após muitos anos. Entre as possíveis conseqüências
dos transgênicos, os cientistas prevêem o empobre-
cimento da biodiversidade, o que pode interferir ne- FALTA DE TRANSPARÊNCIA
gativamente no equilíbrio ecológico do planeta e na A liberação dos organismos transgênicos na natu-
segurança alimentar. reza está sendo feita de uma forma descontrolada
e sem transparência. As entidades que representam
a sociedade civil defendem o direito de acesso ao
conhecimento, à transparência e à seriedade nos
processos de avaliação de risco.
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A Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA – autorizou um teor residual Substâncias responsáveis por catástrofes ambientais e humanas como o ascarel,
50 vezes maior do agrotóxico glifosato na soja transgênica (10 mg/kg) em relação a talidomida, o DDT e as bifenilas policloradas foram endossadas por cientistas sérios
ao permitido na soja convencional (0,2 mg/kg). devido aos poucos estudos disponíveis na época.
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O que é o Princípio
Como é feita a avalia ção
dA Precau ção? do risco dos transgênicos?
O Princípio da Precaução embasa os métodos
científicos de avaliação de risco para situações A avaliação de risco dos transgênicos é fundamen-
onde existam ameaças sérias e irreversíveis à tada na suposição de que eles são importantes para
saúde e ao meio ambiente. o desenvolvimento da agricultura. Isso influencia a
forma como são avaliados.

O
Greenpeace exige dos governos transgênico?; deve-se cultivar plantas

N
de todos os países que seja imple- transgênicas ou convencionais?; é mais o Brasil, a liberação da soja transgê- A ANÁLISE DA MONSANTO
mentado o Princípio da Precaução proveitoso usar um modelo agrícola ba- nica aconteceu sem estudo de im- Os ensaios de campo apresentados na
sobre a questão dos transgênicos e to- seado em insumos químicos ou trabalhar pacto ambiental: prevaleceu a pres- documentação submetida pela Monsanto,
das as políticas públicas. Isso responde- com a agroecologia ou agricultura orgâ- são dos plantios ilegais nessa decisão. As visando sua comercialização, são observa-
ria a questões importantes sobre o tema: nica?; como as decisões devem ser ava- decisões são favoráveis para a indústria e ções visuais feitas por técnicos que somente
quando e como autorizar ou proibir um liadas diante dessas questões? desfavoráveis para o meio ambiente e para seriam capazes de detectar efeitos aparen-
a saúde do ser humano. tes graves e imprevistos. Nenhum parâme-
A análise da “segurança” de uso da tro fisiológico ou bioquímico foi analisado,
PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO
• Temos de reconhecer a vulnerabili- soja transgênica elaborada pela Monsan- como o consumo de nitrogênio e taxas de
dade do meio ambiente natural to emprega o princípio da “equivalência fotossíntese. Também não foram avaliados
• “É melhor prevenir do que remediar” substancial”, que tem sido objeto de con- os efeitos da modificação genética na plan-
• Os direitos daqueles que são afe- trovérsia no processo de regulamentação ta inteira e nem seu correto funcionamento
• “O poluidor deve pagar” tados por uma atividade devem ser desde sua introdução. Esse método assu- genético. Está claro que os possíveis riscos
priorizados, e não os daqueles que me a hipótese de que nenhuma mudança não foram suficientemente estudados e ava-
• Devemos olhar por opções são beneficiados por tal atividade ocorre na planta a não ser aquelas direta- liados. Quaisquer mudanças nos processos
“sem remorso” mente atribuíveis ao gene inserido. químicos das proteínas que não resultem
• Deve haver um exame minucioso Ou seja, o alimento transgênico pode em mudanças imediatamente aparentes ou
• Devemos reconhecer o valor inerente de todas as alternativas e uma aná- ser considerado equivalente ao mesmo visíveis (e nem por isso menos significati-
da vida não-humana – assim como a lise das justificativas e benefícios, alimento “natural” após análises químicas vas) não teriam sido detectadas nos docu-
humana assim como dos riscos e custos apenas nos principais componentes. Esse mentos originais submetidos.
conceito contrasta com a interpretação de
• A complexidade e variabilidade do • Perspectivas a longo prazo, um “padrão de segurança” (recomendado ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++
mundo real limitam a habilidade do co- holísticas e inclusivas, são necessá- pela Sociedade Real do Canadá), que re- INFLUÊNCIA SOBRE AS ISOFLAVONAS
nhecimento científico de fazer previsões rias para a proteção ambiental quer uma análise científica rigorosa para Um exemplo são os níveis de fitoestró-
avaliar, e possivelmente caracterizar, to- genos (isoflavonas) encontrados na soja
dos e cada um dos efeitos gerados pela transgênica, muito menores do que os
++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++ encontrados na soja não transgênica, que
manipulação genética.
A mobilização da sociedade civil defende o direito de acesso ao conhecimento, transparência e não haviam sido documentados antes. Os
seriedade nos processos de avaliação de riscos. Analisar o risco pelo Princípio de Precaução é fitoestrógenos servem como suplemento
vital em relação à liberação de organismos transgênicos na natureza. Os transgênicos devem ser alimentar, o que incorre em um uso cada
avaliados a partir do ponto de vista do consumidor e do meio ambiente - que serão afetados se vez maior de produtos alimentícios basea-
algo de errado acontecer - e não segundo interesses econômicos. dos na soja ou em seus derivados.
8

Mas… as informa ções


o que é A
são confiáveis?
soja Resistente
A
soja RR foi aprovada para plantio FALHAS NO PROCESSO

ao Roundup da Monsanto?
nos EUA em 1994 e, posteriormente, Um relatório publicado em 2001 por
no Canadá, Argentina e México. Em uma equipe independente de cientistas
1996, foi cultivada comercialmente pela mostrou que existem erros graves mes-
primeira vez por agricultores norte-ameri- mo naquela caracterização detalhada

A
soja Resistente ao Roundup® (RR) pode ser usado pelo agricultor para elimi- canos e argentinos. Nesse mesmo ano, re- apresentada pela Monsanto em 2000.
da Monsanto foi uma das primeiras nar as ervas daninhas nas culturas de soja cebeu aprovação para ser comercializada Ao contrário do que afirmava o relatório
culturas transgênicas a serem co- transgênica sem afetar sua plantação. na União Européia e no Japão apenas para da Monsanto, um dos fragmentos extras
mercializadas. Essa soja foi modificada A permissão para plantar ou importar importação e processamento. A aprovação de DNA na soja RR e alguns dos DNA
geneticamente para adquirir resistência soja RR foi baseada em informações for- final no Brasil aconteceu em 2005 com a rearranjados da planta são realmente
ao agrotóxico glifosato, que é comerciali- necidas apenas pela Monsanto. As auto- publicação da Lei de Biossegurança. funcionais.
zado pela Monsanto sob a marca registra- ridades governamentais de muitos países Cinco anos após receber a autorização A Monsanto admite agora que este
da “Roundup®”. Quando a patente do gli- aceitaram essas informações e permitiram para uso comercial nos EUA, foi compro- DNA está ativo, transcrevendo o produto
fosato expirou, outras empresas também seu uso comercial. Porém, desde meados vado que a soja transgênica RR contém intermediário, RNA, a um passo de pro-
passaram a comercializar herbicidas com da década de 90, foi descoberta uma série genes inseridos acidentalmente, fragmen- duzir uma proteína, levantando a possi-
este ingrediente ativo. de anomalias e de efeitos imprevistos rela- tos adicionais do pacote de genes RR e bilidade de que a soja transgênica venha
O Roundup® ou outra formulação de cionados à soja RR, fazendo surgir sérias partes do DNA da própria planta rearran- a produzir proteínas desconhecidas, não
glifosato mata a soja convencional. Com dúvidas quanto à segurança do meio am- jados de maneira equivocada. previstas e que nunca foram testadas. As
a modificação genética, esse agrotóxico biente onde é exposta. Na década de 90, para conseguir autori- mudanças podem aparecer somente após
zação para sua soja transgênica, a Monsan- várias gerações ou em tempos de estres-
to apresentou uma documentação sobre o se da planta, como calor ou seca.
assunto às autoridades norte-americanas, A avaliação de risco feita originalmente
afirmando claramente que uma única cópia com a soja transgênica RR não levou em
Seqüência de genes autorizada
da construção quimérica (pacote de genes consideração os fragmentos adicionais de
de vírus e bactérias inserido na planta) es- gene e nem a presença e função desse
E35S - gene de vírus
tava presente na soja transgênica RR. recém-descoberto DNA rearranjado (não
CTP4 - gene da petúnia
Entretanto, em maio de 2000 foram des- identificado). Portanto, a avaliação de ris-
EPSPSCP4 - gene de bactéria
cobertos fragmentos adicionais de DNA co feita durante o período 1994 – 1996
NOS3 - gene de bactéria
presentes na soja. A Monsanto apresentou não pode ser declarada como uma ava-
relatórios detalhando esses fragmentos liação de segurança válida para a soja
Seqüência inserida acidentalmente
adicionais, afirmando que “ambos segmen- transgênica que está sendo plantada e
tos de DNA são inativos (não funcionais)”. comercializada atualmente no Brasil.
++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++
Existem questões importantes, até agora não resolvidas, a respeito do que é realmente a soja
Foram inseridos genes de um vírus, duas bactérias, uma flor e outros três acidentalmente transgênica RR da Monsanto e, de fato, o que mais resta para ser descoberto.
9
CONTAMINAÇÃO MECÂNICA cipalmente o pequeno produtor, que não
A mistura de sementes transgênicas com tem capital para comprar grande quantida-
as convencionais é a principal forma de de de equipamentos. Assim, ele pode uti-
contaminação. Pode acontecer nas máqui- lizar uma máquina para semear ou colher
nas para cultivar o solo, semear e colher a sua lavoura com restos de semente de soja

O que é a lavoura, nos caminhões que transportam a


produção e nos silos onde os grãos são ar-
transgênica. O proprietário do equipamen-
to, por sua vez, presta serviço para vários

contaminação genética?
mazenados. O agricultor muitas vezes usa agricultores e pode levar sementes trans-
máquinas emprestadas ou alugadas, prin- gênicas de uma fazenda para outra.

A contaminação genética é a mistura das sementes de


CONTAMINAÇÃO
soja convencional com sementes da soja transgênica GENÉTICA
ao longo de toda a cadeia produtiva. Pode acontecer Surge com a polini-
por via sexual ou mecânica. zação cruzada entre
a soja transgênica e

A
a não-transgênica.
contaminação por via sexual aconte-
ce com a troca de pólen entre plan-
tas diferentes, separadas por uma
certa distância. É a fecundação cruzada. A CONTAMINAÇÃO
parte masculina de uma planta emite o pó- MECÂNICA
len, captado pela parte feminina de outra, e Máquinas semeam
lavouras transgê-
desse cruzamento nasce a semente.
nicas e arrastam
as sementes para
POLINIZAÇÃO CRUZADA NA SOJA outras lavouras
A soja apresenta pouca polinização cru- não-transgênicas,
zada entre plantas, ou seja, plantas sepa- causando a contami-
radas por pequenas distâncias, como no nação da lavoura.
caso de agricultores vizinhos, podem cru-
zar entre si. Esse fluxo gênico (transferên-
cia de genes entre a espécie convencional ALTOS CUSTOS CONTRA
e a transgênica) é pequeno na soja quando A CONTAMINAÇÃO gênicos e a necessidade do rastreamen-
comparado com outras espécies. Ainda as- Evitar a contaminação, garantir que suas to geram um custo para toda a cadeia
sim, o plantio da soja transgênica ao lado de 20 anos sem usar agrotóxicos. Quando sementes estarão livres de genes paten- produtiva. Exigir a proteção do agricultor
de uma lavoura convencional está causan- seus vizinhos plantaram soja transgênica, teados e providenciar os cuidados com que cultiva a soja não-transgênica é es-
© Greenpeace/Rodrigo Baleia

do a contaminação da soja convencional ele tomou todas as medidas necessárias limpeza de maquinários geram um custo sencial para preservar o direito daqueles
com o pacote genético patenteado da soja para impedir a contaminação de sua soja para o produtor. O processo de separa- que sempre atuaram de acordo com as
transgênica. orgânica, mas mesmo assim, em 2005, ção entre a produção transgênica e a leis. Já os lucros da empresa detentora
O agricultor gaúcho Max Dockhorn (na sua soja perdeu valor devido à contamina- convencional para a comercialização da dos direitos de propriedade intelectual
foto ao lado) cultivou a soja durante mais ção transgênica. safra, a rotulagem dos alimentos trans- são protegidos por lei.
10

Como é feita a
cobrança do direito de
propriedade intelectual?
A
transgenia permitiu desenvolver o por saca de 60 quilos para o agricultor
conceito de que uma empresa pode que declarou produzir soja transgênica e
patentear um ser vivo. A patente de não realizou o teste. O agricultor que de-
um determinado fragmento de código ge- clarou que sua soja não era transgênica,
nético torna a empresa dona dos direitos de mas teve resultado positivo no teste, por
propriedade intelectual de qualquer ser vivo ter soja transgênica ou soja convencio-
que tenha esse fragmento dentro de si. nal contaminada, foi obrigado a pagar R$
Essa patente criou muitas vítimas no 1,50 por saca de 60 quilos, além dos cus-
mundo, pois a inevitável contaminação tos do teste.
por meio da polinização cruzada ou mis- No ano de 2005, seria cobrado R$ 1,20
tura de sementes coloca o agricultor na por saca, mas, devido à grave seca que
condição de um criminoso, que viola os gerou quebra de produtividade, foi cobra-
direitos de patente de uma tecnologia. do 1% do valor da saca de soja. As regras
O agricultor, que na realidade é vítima para cobrança em 2006 determinam a co-
deste cenário, é processado e multado brança de R$ 0,50 por quilo de semente,
por algo que não criou e muito menos depois de longa negociação (a Monsanto
pode controlar. desejava R$ 0,88) e 2% para cada saca
colhida. O valor que poderá ser cobrado
O CUSTO DA TRANSGENIA no futuro é desconhecido: vai depender
A patente genética garante durante da capacidade do agricultor de voltar para
20 anos o direito de as empresas cobra- a soja convencional.
rem o quanto desejarem por suas semen-
tes. Depois, basta lançar um novo tipo de PENAS PESADAS Uma pequena quantidade de sementes transgênicas
transgênico para garantir por mais duas O agricultor que não recolher espontanea- em um lote de soja é suficiente para gerar:
décadas o seu monopólio. mente esse valores pode ter que pagar uma • a cobrança dos royalties e pagamento de multas
O valor cobrado pela presença dos ge- multa pesada. Vítima da contaminação de • a recusa de empresas que não aceitam soja transgênica
nes patenteados é arbitrado pela empre- suas lavouras por sementes transgênicas,
• perda da certificação orgânica, que é a garantia
sa dona da tecnologia. No Brasil, o valor pode ser obrigado a pagar os royalties e
cobrado no ano de 2004 foi de R$ 0,60 também a multa.
de um produto livre de agrotóxicos e transgênicos
USO DE AGROTÓXICOS - Um comparativo do uso de agrotóxicos em culturas
transgênicas x culturas tradicionais (milho, soja e algodão) 11

O consumo de herbicida
aumenta com o uso de
plantas transgênicas?
A avaliação após nove anos do cultivo de Fonte: Os primeiros nove anos, Charles Benbrook - http://www.biotech-info.net/Full_version_first_nine.pdf
transgênicos nos Estados Unidos mostra um
aumento dramático na quantidade de agrotóxicos A RESPONSABILIDADE O uso constante do glifosato seleciona as
usados nas lavouras de plantas transgênicas DA MONSANTO plantas com menor sensibilidade ou com
resistentes a herbicida. A soja transgênica da Monsanto é culpada algum tipo de proteção contra o herbicida.
pelo aumento no uso de herbicidas. Ape- A redução do preço do herbicida associa-

A
s plantas transgênicas criadas para Nos primeiros três anos de cultivo (1996 a nas um tipo de soja transgênica resistente do à sua menor eficácia leva o agricultor
serem resistentes aos herbicidas fo- 1998), os transgênicos resistentes aos her- a herbicida está disponível comercialmente a usar quantidades cada vez maiores de
ram desenvolvidas para simplificar o bicidas reduziram o consumo desse tipo para uso: a soja Resistente ao Roundup®. agrotóxicos em sua lavoura transgênica,
manejo de ervas daninhas dentro do siste- de agrotóxico, comparado com os cultivos (vide pág 14). estendendo os danos.
ma de produção agrícola com uso de agro- convencionais. Entretanto, nos últimos qua- De toda a área cultivada com transgêni- Porém, esse aumento no uso de agro-
tóxicos. As empresas que trabalham com tro anos (2001 a 2004), a quantidade des- cos nos Estados Unidos, 54% são de soja tóxicos não representa surpresa, pois os
a transgenia afirmam que as atuais varie- tes herbicidas aplicados nestas mesmas transgênica RR. Os dados do Departa- cientistas alertaram, há muitos anos, que
dades de transgênicos reduzem substan- variedades transgênicas aumentaram. No mento de Agricultura dos EUA mostram um cultivar plantas resistentes aos herbicidas
cialmente o uso de agrotóxicos. Entretanto, ano de 2004 foi usado, em relação às cul- inacreditável aumento de 22% na quanti- iria gerar grandes mudanças na população
uma avaliação recente feita pelo cientista turas convencionais, 16,4% mais agrotóxi- dade de glifosato aplicado por hectare de de ervas invasoras e em sua resistência
Dr. Charles M. Benbrook sobre o uso de cos nas plantas transgênicas, ou seja, um soja transgênica entre 2001 e 2002. Con- aos herbicidas, obrigando um maior núme-
agrotóxicos nos Estados Unidos ao longo aumento de 19,8 mil toneladas de produtos seqüentemente, o grande aumento do uso ro de pulverizações e/ou maior quantidade
dos primeiros nove anos (1996-2004) de químicos despejados no meio ambiente. de glifosato aplicado por hectare de soja de herbicida. Essas adaptações ecológicas
cultivo comercial de transgênicos mostra As supostas vantagens ambientais dos transgênica combinado com a expansão estão bem documentadas e têm confronta-
resultados bem diferentes. cultivos transgênicos tão aclamadas pelas da área de soja Resistente ao Roundup® do as pesquisas apresentadas pela indús-
corporações de transgenia não resistiram da Monsanto foi a principal razão para o tria de transgenia. Hoje, até mesmo as em-
COMPROVAÇÃO ao tempo. Após nove anos de introdução aumento no consumo de agrotóxicos na presas que trabalham com transgênicos
Usando dados estatísticos do departamen- da cultura transgênica, foi claramente com- agricultura dos Estados Unidos. advertem sobre o problema.
to de agricultura norte-americano (USDA), provado que os argumentos usados por
o estudo mostrou que o uso de plantas cientistas independentes, grupos ambien- OS HERBICIDAS E O GLIFOSATO ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++
transgênicas resistentes aos herbicidas talistas e associações de defesa dos con- O maior uso de herbicidas se deve princi- Em resumo, as vantagens aclamadas pelas
(milho, soja e algodão) aumentou o uso de sumidores estavam corretas. Hoje, muito palmente à redução da eficácia do glifosato. indústrias de transgenia provaram que são
falsas. O uso de herbicidas está, agora,
agrotóxicos em mais de 45 milhões de qui- mais herbicida é usado na agricultura nor- Isto é causado por vários fatores, incluindo
crescendo dramaticamente nos Estados
los ao longo dos últimos oito anos, quando te-americana do que antes da introdução a alteração na população de ervas dani- Unidos, principalmente devido ao cultivo
comparado com os cultivos convencionais. dos transgênicos na economia. nhas resistentes ou tolerantes ao glifosato. da soja Resistente ao Roundup® . Este é
mais um exemplo das falsas promessas
dos cultivos transgênicos.
12

OS TRANGÊNICOS NO BRASIL:
O QUE É A ROTULAGEM DE QUEM É RESPONSÁVEL?
PRODUTOS TRANSGÊNICOS? A Lei de Biossegurança, 11.105, aprovada em março
de 2005, permite que um organismo transgênico seja
O rótulo da embalagem deve informar que o produto é liberado na natureza sem que os estudos de impacto
um alimento transgênico, contém ou foi fabricado a no meio ambiente sejam realizados, ferindo a Cons-
partir de ingrediente transgênico. O consumidor tem tituição Federal Brasileira. A liberação, controle
direito à informação plena, que está garantido pela e fiscalização de organismos transgênicos, seja um
legislação brasileira. vírus, uma bactéria, planta ou animal geneticamente
modificado foram atribuidos por essa lei a:
LEI FEDERAL 8.078/90
O Código de Defesa do Consumidor garan- acima do limite de um por cento do produ- CTNBio
te, desde 1990, os direitos básicos àvida, à to, o consumidor deverá ser informado da A Comissão Técnica Nacional de Biosse- as decisões favoráveis à liberação para
saúde, à segurança e à informação plena. natureza transgênica desse produto.” gurança, vinculada ao Ministério de Ciên- uso comercial de transgênicos da CTNBio,
O consumidor tem direito de saber qual cia e Tecnologia, é formada por 27 cientis- em relação aos aspectos socioeconômi-
matéria-prima, corante ou conservante PORTARIA 2.658/03 tas. A CTNBio tem o poder de decisão para cos e de interesse nacional. O CNBS tem
foi utilizado em determinado produto para O Ministério da Justiça publicou a autorizar ou negar a pesquisa, plantio e co- poder de vetar uma decisão da CTNBio. E
que, assim, lhe seja garantido o direito de portaria definindo que no rótulo mercialização de organismos transgênicos. também auxilia o Presidente da República
escolha para os alimentos em geral. dos produtos elaborados com A Comissão tem o exclusivo poder de de- na formulação e implementação de uma
ingrediente transgênico deve finir se uma avaliação científica de impac- política de biossegurança.
DECRETO 4.680/03 constar um símbolo, um to ambiental é necessária ou não. Dessa
Com a autorização do cultivo e comerciali- triângulo com a letra T. forma, esta comissão passa a ser o único CONTROLE E FISCALIZAÇÃO
zação da soja transgênica no Brasil, criou- órgão com atribuição e poder de decisão Cabe aos ministérios do Meio Ambiente,
se regulamentação específica a fim de LEI FEDERAL 11.105/05 em assuntos que afetam o meio ambiente da Saúde, da Agricultura e da Secretaria
garantir direito de informação referente aos A Lei de Biossegurança dá força e respon- e a saúde humana e animal. Especial de Pesca e Aqüicultura registrar
alimentos transgênicos. sabilidade de regulamentação ao Decreto e fiscalizar o cultivo e a comercialização de
O decreto de abril de 2003 determina: de Rotulagem 4.680, determinando: “Os CNBS transgênicos já liberados. A Lei veta a par-
“Na comercialização de alimentos e ingre- alimentos e ingredientes alimentares desti- O Conselho Nacional de Biossegurança é ticipação desses órgãos na avaliação de
dientes alimentares destinados ao consu- nados ao consumo humano ou animal que composto por 10 ministros de Estado e o risco ao meio ambiente e à saúde humana.
mo humano ou animal que contenham ou contenham ou sejam produzidos a partir Secretário Especial de Pesca e Aqüicultura Os governos estaduais podem definir res-
sejam produzidos a partir de organismos de OGM ou derivados deverão conter in- da Presidência da República. Ao Conselho, ponsabilidades pela fiscalização por meio
geneticamente modificados, com presença formação nesse sentido em seus rótulos”. cabe analisar e tomar em última instância de leis estaduais.
++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++ ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++
“É importante esclarecer que a rotulagem não substitui os estudos de impacto ambiental e a A Lei de Biossegurança também determina que a soja transgênica Resistente ao
análise de risco à saúde, sendo apenas mais um elemento reivindicado pelas associações de Roundup® pode ser cultivada e comercializada no País, sem os devidos estudos
consumidores em relação aos transgênicos”. - IDEC (Instituto de Defesa do Consumidor) de impacto no meio ambiente e na saúde humana.
13

O que é a
Os transgênicos resolvem o
problema da fome no mundo? agricultura orgânica?
A
Organização para Alimentos e Agri- e apenas métodos culturais, biológicos
Fome e desnutrição existem porque os famintos são pobres. cultura das Nações Unidas definiu, e mecânicos são aceitos.
em 1999, que agricultura orgânica Produto orgânico, por lei, nunca pode-

S
em poder político, sem dinheiro para “Não podemos culpar os é um sistema de produção de alimentos rá estar contaminado com organismos
comprar comida, sem terras para cul- agrônomos pela fome no que promove e melhora o ecossistema transgênicos. A contaminação genética é
tivar os seus alimentos. A engenharia agrícola, e fomenta a biodiversidade e a uma grande ameaça aos sistemas agro-
genética e os alimentos transgênicos não mundo, os verdadeiros atividade biológica do solo por meio de ecológicos e pode inviabilizar a produção
podem fazer nada para resolver esses pro- culpados são aqueles que práticas adaptadas às condições regio- de “alimentos saudáveis isentos de con-
blemas. Talvez os torne piores. geram concentração de nais. Os agrotóxicos e produtos químicos taminantes intencionais” como define a
A agricultura industrial não promove danosos são eliminados do processo, nossa legislação.
diversidade de culturas para alimentar os poder e riquezas.”
+++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++
mercados locais, apenas produz merca-
DEFINIÇÃO DA LEI
doria agrícola para exportar aos que pos- para o plantio de soja. O uso intenso do pa- A agricultura orgânica é definida pela Lei
suem dinheiro. Desde 1950, a produção de cote tecnológico de semente transgênica Federal 10.831 de 23 de dezembro de 2003.
alimentos aumenta a cada ano, mas hoje e agrotóxicos em grandes monoculturas
temos muito mais desnutridos e famintos mecanizadas eliminou pequenas proprie- Art. 1o Considera-se sistema orgânico de
do que a 20 anos atrás. dades e milhares de empregos rurais, con- produção agropecuária todo aquele em que
centrando a posse da terra produtiva nas se adotam técnicas específicas, mediante a
O EXEMPLO ARGENTINO mãos de poucos. otimização do uso dos recursos naturais e
A produção de alimentos na Argentina, O principal argumento quando a soja socioeconômicos disponíveis e o respeito à
por exemplo, bateu recordes nos últimos transgênica RR foi aprovada na Argentina, integridade cultural das comunidades rurais,
anos. No ano de 2002, bateu o recorde de em 1996, era a promessa de aumentar a tendo por objetivo a sustentabilidade econômi-
produção e exportação. Ao mesmo tempo, segurança alimentar do país. Em maio de ca e ecológica, a maximização dos benefícios
2002 foi o recorde de pobreza e fome no 2002, quase a metade da população argen- sociais, a minimização da dependência de
país. A gigantesca monocultura de soja tina estava abaixo da linha da pobreza. A energia não-renovável, empregando, sempre
transgênica para exportação substituiu as principal causa da fome na Argentina foi o que possível, métodos culturais, biológicos
e mecânicos, em contraposição ao uso de
culturas de arroz, sorgo e milho. Substituiu aumento do preço dos alimentos e a grave
materiais sintéticos, a eliminação do uso de
também o gado de corte e leite. O dinheiro situação econômica. As falsas promessas
organismos geneticamente modificados e
ficou nas mãos de poucos exportadores. dos transgênicos não eliminaram a fome
radiações ionizantes, em qualquer fase do
Florestas nativas estão sendo derrubadas da Argentina: pioraram a situação. O consumidor deve optar pelos produtos
processo de produção, processamento, arma-
orgânicos para proteger o meio ambien-
++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++ te, a qualidade de vida e a sua saúde. zenamento, distribuição e comercialização,
Apenas 16% das terras produtivas do mundo estão livres de problemas como a poluição quí- e a proteção do meio ambiente.
mica e o desequilíbrio ecológico. O sistema da agricultura industrial está comprometendo
a terra onde serão cultivados os alimentos das gerações futuras.
14
O Desmatamento FLORESTA E CLIMA
Cerca de 50% do vapor d'água que for-

afeta a agricultura?
ma chuvas sobre a Amazônia depende
da existência da floresta. As árvores da
floresta funcionam como uma bomba in-
jetando vapor de água na atmosfera, que 1. Os ventos alísios do
A destruição desenfreada das florestas tem conseqüên- retorna na forma de chuva. Sem a cober- Nordeste deslocam as nuvens
cias que, no futuro, poderão prejudicar o agricultor tura florestal, o clima se torna mais seco carrregadas de água formadas
e toda a sociedade. A principal delas está relacio- na Amazônia em direção aos
até nas regiões Sudeste e Centro-Oeste,
Andes, a oeste do continente.
nada com as mudanças do clima. prejudicando também suas plantações.

A SOJA E A FLORESTA também pode-se lucrar com a área de re-


Entre 2003 e 2004, o desmatamento na serva legal. Basta aprovar junto ao Ibama 2. Ao se depararem com a
Amazônia foi o segundo maior da história: um plano de manejo florestal, que garante barreira natural dos Andes,
mais de 2,6 milhões de hectares, sendo um fornecimento contínuo de madeira de essas nuvens se deslocam
para o Centro-sul do Brasil,
que quase a metade desse desmatamen- forma saudável, sem deixar de aproveitar
gerando boa parte das
to (48%) ocorreu no Mato Grosso. Nesse essas áreasl. chuvas que caem sobre
período, a área agrícola aumentou cerca essa extensa região.
de 1,2 milhões de hectares. E grande par-
te dessas regiões desmatadas tem as ca- EVOLUÇÃO DA ÁREA PLANTADA
racterísticas, aptidão e logística adequa- COM SOJA NA AMAZÔNIA LEGAL
das para o cultivo da soja.

Fonte: Philip Fearnside, INPA/ Proyeto SALLJEX


A maioria dos agricultores vê a flores- ANO TOTAL MIL HA
ta como um obstáculo para o desenvolvi-
mento dos seus negócios. Buscam abrir 90/91 1.110,90
novas áreas para cultivos, muitas vezes 91/92 1.485,20
desobedecendo a legislação. O código 92/93 1.776,20
florestal vigente, por meio de medida pro- 93/94 2.087,50
visória, prevê a manutenção de 80% das 94/95 2.408,50
florestas nas propriedades rurais da Ama- 95/96 2.001,00
zônia como reserva legal. Além disso, de- 96/97 2.240,90
vem ser preservadas as margens dos rios 97/98 2.791,40
e as encostas dos morros com inclinação 98/99 2.761,10
maior do que 45 graus. 99/00 3.035,40 “A região amazônica
00/01 3.421,70
exporta 3,4 trilhões
AGRICULTURA E MADEIRA 01/02 4.277,60
Os agricultores costumam olhar a legisla- 02/03 4.753,60 de metros cúbicos de
Fonte: Conab

ção que exige as áreas de reserva legal 03/04 5.843,70 água por ano para a
como se tivessem que inutilizar parte de 04/05 6.901,70
região centro-sul"
suas propriedades. Mas não é bem assim:
++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++
O consumidor consciente está fechando os mercados internacionais para produtos que
causam a destruição da Amazônia e danos à biodiversidade.
Soja b
oa
é a
transg não
ê
que nã nica, a
ta e a o desma- 15
causa que não
probl
social ema Pelo menos 20% das compras de soja das
grandes empresas comercializadoras de-

Quais são os critérios de vem ser de produção originada da agricul-


tura familiar/pequenos produtores.

compra responsável de soja?


Com o objetivo de contribuir para a redução dos im-
pactos ambientais e sociais da plantação de soja, a MÉDIO E LONGO PRAZOs
a Articulação Soja-Brasil realizou um debate entre Limitar ao máximo a dimensão das áreas
ONGs e movimentos sócio-ambientais brasileiros, que contínuas cultivadas, para reduzir os impac-
definiu critérios a serem atendidos na produção desse tos dos grandes monocultivos sobre a bio-
grão. Alguns deles são: diversidade.

A CURTO PRAZO Deve-se adotar o que se denomina “boas


práticas agrícolas”, conforme os padrões da
É fundamental parar com o desmatamento FAO (Organização Mundial de Agricultura
para o plantio de soja, utilizando-se áreas já e Alimentação) e da EMBRAPA (Empresa
desmatadas e/ou pastos degradados para Brasileira de Pesquisa Agropecuária).
expansão do plantio.

Todo trabalhador na atividade rural deve


Os fornecedores de soja devem respeitar a receber pagamento de pelo menos 4 (qua-
legislação ambiental e trabalhista, acaban- tro) salários mínimos mensais, além de ter
do com a degradação ambiental e com a participação de 2% nos resultados da venda
exploração de trabalho escravo. da produção.

Essas empresas não devem comprar soja Bancos privados e estatais devem, além de
de médios e grandes fazendeiros que ad- obedecer às regras de concessão de crédito
quiriram ou alugaram terras de assentados vigentes no país, oferecer empréstimos a ta-
da Reforma Agrária e as agruparam em xas de juros favorecidas para recomposição
uma grande monocultura. de corredores ecológicos entre as planta-
ções de soja.

Os compradores devem adquirir apenas


soja convencional (não-transgênica) ou soja ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++
A Articulação Soja-Brasil é uma iniciativa do Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais
orgânica.
para o Meio Ambiente (FBOMS), da Rede Cerrado, do Grupo de Trabalho Amazônico (GTA),
da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Sul do país (FETRAF-Sul) e da
Fundação CEBRAC.
©

16
A área demarcada representa o Bioma
Amazônia, segundo a definição oficial do
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e

© Greenpeace/Nilo D'Avila
Estatística). O Bioma é composto por 9 esta-
dos: Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondô-
nia e Roraima e a área parcial dos estados
do Maranhão, Mato Grosso e Tocantins.

Por que o Greenpeace


é contrário à produ ção
de soja no bioma Amazônia?
A
cada ano, milhares de quilômetros 1970, e desde então tornou-se o motor do
quadrados de inestimável biodiver- desmatamento e da concentração fundiá-
sidade da floresta Amazônica vi- ria. O comércio internacional desse grão
ram fumaça. No ano passado, uma área gerou riqueza para poucos em algumas
equivalente a seis campos de futebol foi áreas, mas também causou mais desmata-
destruída por minuto, para dar lugar a mento, mais terras públicas invadidas, mais
pastos empobrecidos, campos de soja e populações tradicionais desalojadas.
de outros grãos. A população, expulsa de O desenvolvimento econômico na
suas terras por uma agricultura altamen- Amazônia não deve ser baseado na subs-
te mecanizada, cada vez mais se amon- tituição da floresta pela soja, uma cultu-
toa nas violentas favelas das metrópoles ra exótica. Deve-se investir em pacotes
amazônicas. Além disso, os pacotes tec- tecnológicos para produtos tradicionais

Bioma Amazônia (IBGE 2004)


nológicos associados ao cultivo da soja, da floresta, que possam garantir empre-
com uso intensivo de fertilizantes quími- go e renda mantendo a floresta em pé.
cos, agrotóxicos e transgênicos deverá Com a soja, gradativamente, a floresta
A vocação da Amazônia não é ser o
ter efeitos ainda não estudados sobre os vai abaixo em nome de um velho modelo
complexos ecossistemas amazônicos. econômico fruto da eterna dependência
celeiro do planeta. A vocação da
A chegada da soja nos últimos anos brasileira. Exporta-se commodities agrí- Amazônia é ser a maior floresta do
ajudou a dizimar a floresta, junto com as colas para gerar superávits na balança mundo, o maior estoque de biodiver-
fazendas de gado que surgiram com as es- comercial e ajudar o Brasil a pagar sua sidade e a maior reserva de água
tradas abertas pelo regime militar nos anos gigantesca dívida externa. doce do planeta.
17

Os consumidores podem
mudar o comportamento
das grandes indústrias?
O poder de compra transforma o consumidor
consciente em um ativista ambiental. NPEACE
CIVIL GREE
ASSOCIAÇÃO

Q
DIRETOR
uando compramos produtos em As plantas transgênicas causam impac- CONSELHO rriela é,
Fernando Fu arcelo Sodr
Presid en te : e Brener, M
uma feira ou supermercado, esta- tos ambientais e sociais. O modelo agrícola ua rd o M . Ehlers, Jaym
Membros: Ed Crespo
mos financiando a gigantesca ca- de monocultura sustentado por agrotóxicos bi, Samyra
Pedro Jaco k Guggenhe
im
deia (fábricas, agricultores, comerciantes, contamina o solo e a água, prejudicando a utiv o: Fr an
Diretor Exec M ar ce lo Fu rtado
etc) que deu origem àquele produto. O biodiversidade. A patente sobre plantas e mpanhas:
Diretor de Ca ão: Glad is Éb oli
consumidor consciente da origem de tudo animais ameaça nossa soberania alimen- Comunicaç
Diretora de e
Marketing
aquilo que compra pode recusar produtos tar e a agricultura familiar. Diretora de Maury
de Re cu rsos: Clélia
Captação ndo
que causam, em algum momento de sua O consumidor tem o poder de escolher M ca Segu
os
to r Fi na nc eiro: Wilson Le itão
produção, danos ambientais ou sociais. uma dieta rica e variada, incentivando a Dire icas: Sérgio
líticas Públ Adario
Diretor de Po aus: Pa ul o
A madeira ilegal movimenta a indústria produção diversificada de alimentos e de do Es cr itó rio de Man
Diretor
do crime. Grilagem de terra, falsificação dar preferência para produtos agroecoló-
de documentos, assassinatos, trabalho gicos ou com certificação orgânica. DO MITO
E POR TRÁS
IC OS : A VERDAD
escravo e destruição de florestas fazem TRAN SG ÊN
25.740-SP
parte do cotidiano daqueles que fornecem EXPEDIENTE a Bodas Mtb ol.com.br)
ta re sp on sável: Cristin (w w w.estudiom
a madeira de origem ilegal. Jornalis ução: Estúdio
MOL
co e Pr od
O consumidor tem o poder de interrom- Projeto Gráfi Erichsen
te: Raphael Adriana Kom
ura
Diretor de Ar a Pa ula Megda e drigo Pippon
zi (MOL)
per toda a cadeia de produção e comercia- en te s de Ar te : An
re en pe ac e) e Ro
Assist ura Barbeiro
(G
lização de crimes e destruição exigindo co- Texto: Vent
Editores de
: Chico Be la
nhecer a origem da madeira ou procurando Ilustrações Genética do
Engenharia
por produtos com certificação florestal. pe la Ca mpanha de
a foi elabor
ad a .org.br
Essa cartilh greenpeace
no sc o: tra nsgêncios@
. Fale co
Greenpeace

++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++
O ciberativismo é uma forma de protesto virtual por meio da Internet. O envio de e-mails Rua alvarenga, 2331 • São Paulo - SP • 05509-006
para empresas e políticos é divertido, rápido e não gasta papel. Participe: trangenicos@greenpeace.org.br
http://www.greenpeace.org.br/participe/cyber.php

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