METROLOGIA
Prof. Marco Antonio Martins Cavaco
2002 – I
Laboratório de Metrologia e Automatização
Departamento de Engenharia Mecânica
Universidade Federal de Santa Catarina
Conteúdo
1 CONTROLE GEOMÉTRICO
1.1 TOLERÂNCIA GEOMÉTRICA
1.1.1 Tolerâncias Dimensionais (Tolerâncias de Fabricação)
1.1.2 Desvios de forma
2 BLOCOS PADRÃO
2.1 GENERALIDADES
2.1.1 Definição
2.1.2 Tipos
2.1.3 Fabricação
2.1.4 Normas e Fabricantes
2.1.5 Apresentação – Jogos
3 PAQUÍMETRO
3.1 ASPECTOS GERAIS
3.1.1 Definição
3.1.2 Características Construtivas
3.1.3 Tipos de Paquímetros
3.1.4 Aspectos Operacionais
4 MICRÔMETROS
4.1 INTRODUÇÃO
4.2 PARAFUSOS DE MEDIÇÃO
4.3 MICRÔMETROS
4.3.1 Tipos de Micrômetros
4.3.2 Micrômetros Digitais
4.6 EXEMPLOS
4.7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
5 MEDIDORES DE DESLOCAMENTO
5.1 INTRODUÇÃO
5.1.1 Importância
5.1.2 Medição Diferencial
7 CALIBRADORES
7.1 INTRODUÇÃO
7.2 CARACTERÍSTICAS DE FABRICAÇÃO
7.3 TIPOS E APLICAÇÕES
7.4 CALIBRADORES FIXOS
7.4.1 Calibradores Tampões
7.4.2 Calibradores Anulares
7.4.3 Calibradores de Boca e Calibradores Planos
7.4.4 Calibradores tipo Haste
7.4.5 Calibradores de Roscas Cilíndricas
7.4.6 Calibradores de Roscas Cônicas
11 MEDIÇÃO DE ROSCAS
11.1 GEOMETRIA DE ROSCAS
11.2 MÉTODOS DE MEDIÇÃO DE ROSCAS
11.2.1 Comparação dos Métodos Ópticos e Mecânicos
11.2.2 Métodos Mecânicos de Medição de Roscas
11.2.3 Método Óptico de Medição de Roscas Externas
Capítulo 1
CONTROLE GEOMÉTRICO
Deve-se ter em mente que na fabricação de uma peça não se consegue obter a forma
geométrica perfeita, assim ao usinar um cilindro tem-se erros de circularidade na seção
transversal. Se este cilindro foi usinado em um torno comum, um torno de precisão ou uma
retifica, naturalmente e de se esperar que os erros de circularidade sejam, respectivamente, de
valor decrescente. Quanto mais sofisticado o processo de fabricação, menor será o valor da
tolerância de fabricação estipulada para a geometria em questão.
Desse modo, para garantir que os desvios de fabricação não prejudiquem a montagem e o
funcionamento perfeito das peças, o controle geométrico passa a ser necessário e é realizado
através de especificações de tolerâncias geométricas.
Tais desvios podem ser macrogeométricos, sendo desvios macroscópicos como retilineidade,
planeza, dimensões nominais e desvios microgeométricos, sendo desvios superficiais
microscópicos como rugosidade e aspereza.
Tolerâncias Geométricas
1
1.1.1 Tolerâncias Dimensionais (Tolerâncias de Fabricação)
Os limites de erros (tolerâncias dimensionais) que uma peça pode apresentar em sua
geometria, são estabelecidos pelo projetista da mesma, em função da aplicação prevista para
a peça.
• tolerância dimensional (t): variação permissível da dimensão, podendo ser dada pela
diferença entre as dimensões máxima e mínima ou pela diferença entre os afastamentos
superior e inferior.
t = as – a i ou t = As - Ai
2
ai
as
t
As
Ai
Linha zero
t
dimensão
nominal
eixo furo
O sistema de tolerâncias e ajustes para eixo/furo, por exemplo, prevê 18 níveis de qualidade.
Escolhido o nível de qualidade a ser adotado na fabricação de um elemento da peça, a
tolerância dimensional pode ser obtida pelo quadro da Tabela 1.1, em função do grupo de
dimensão em que se enquadra.
A posição do campo de tolerância em relação a dimensão nominal (para mais, para menos,
distribuído em relação ao mesmo ou outro) é um problema de ajuste, isto é, diz respeito ao tipo
de encaixe que deverá ser assegurado.
O posicionamento do campo de tolerância para os diferentes ajustes, pode ser obtido a partir
da tabela da Tabela 1.2.
3
Grupos de
(µm)
Qualidade IT (µ
dimensões
mm 01 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
≥1 0.3 0.5 0.8 1.2 2.0 3 4 6 10 14 25 40 60
> 1≤3 0.3 0.5 0.8 1.2 2.0 3 4 6 10 14 25 40 60 100 140 250 400 600
> 3≤6 0.4 0.6 1.0 1.5 2.5 4 5 8 12 18 30 48 75 120 180 300 480 750
> 6 ≤ 10 0.4 0.6 1.0 1.5 2.5 4 6 9 15 22 36 58 90 150 220 360 580 900
> 10 ≤ 18 0.5 0.8 1.2 2.0 3.0 5 8 11 18 27 43 70 110 180 270 430 700 1100
> 18 ≤ 30 0.6 1.0 1.5 2.5 4 6 9 13 21 33 52 84 130 210 330 520 840 1300
> 30 ≤ 50 0.6 1.0 1.5 2.5 4 7 11 16 25 39 62 100 160 250 390 620 1000 1600
> 50 ≤ 80 0.8 1.2 2.0 3 5 8 13 19 30 46 74 120 190 300 460 740 1200 1900
> 80 ≤ 120 1.0 1.5 2.5 4 6 10 15 22 35 54 87 140 220 350 540 870 1400 2200
> 120 ≤ 180 1.2 2.0 3.5 5 8 12 18 25 40 63 100 160 250 400 630 1000 1600 2500
> 180 ≤ 250 2.0 3.0 4.5 7 10 14 20 29 46 72 115 185 290 460 720 1150 1850 2700
> 250 ≤ 315 2.5 4 6 8 12 16 23 32 52 81 130 210 320 520 810 1300 2100 3200
> 315 ≤ 400 3 5 7 9 13 18 25 36 57 89 140 230 360 570 890 1400 2300 3600
> 400 ≤ 500 4 6 8 10 15 20 27 40 63 97 155 250 400 630 970 1550 2500 4000
• com folga: são aqueles que sempre apresentam um jogo efetivo entre os elementos, de
forma que o eixo pode girar ou deslizar dentro do furo.
• com Interferência: são aqueles que sempre apresentam uma resistência ao acoplamento,
caracterizando-se pela dimensão mínima do eixo superior à dimensão máxima do furo.
• incertos: entre dois elementos a serem acoplados, poderá existir uma interferência ou folga
conforme as dimensões efetivas das peças, as quais devem manter-se entre os limites
impostos. Para que ocorra o ajuste incerto, a dimensão máxima do furo é superior à
dimensão máxima do eixo, enquanto que a dimensão mínima do furo é inferior à dimensão
máxima do eixo.
Outros elementos geométricos caracterizados por duas ou mais dimensões tem seus próprios
sistemas de tolerância e ajuste.
4
Grupo Posição
de
dimensões j5 k4 k<3
mm a b c cd d e ef f fg g h js j7 j8 m n p r s t u v x y z za zb zc
j6 a k>7
k7
0a1 -60 -34 -20 -14 -10 -6 -4 -2 0 -2 -4 -6 0 0 2 4 6 10 14 18 20 26 32 40 60
> 24 ≤ 30 -300 -160 -110 -65 -40 -20 -7 0 -4 -8 2 0 8 15 22 28 35 41 48 55 64 75 88 118 160 218
> 30 ≤ 40 -310 -170 -120 -80 -50 -25 -9 0 -5 -10 2 0 9 17 26 34 43 48 60 68 80 94 112 148 200 274
> 40 ≤ 50 -320 -180 -130 -80 -50 -25 -9 0 -5 -10 2 0 9 17 26 34 43 54 70 81 97 114 136 180 242 325
> 50 ≤ 65 -340 -190 -140 -100 -60 -30 -10 0 -7 -12 2 0 11 20 32 41 53 66 87 102 122 144 172 226 300 405
> 65 ≤ 80 -360 -200 -150 -100 -60 -30 -10 0 -7 -12 2 0 11 20 32 43 59 75 102 120 146 174 210 274 360 480
> 80 ≤ 100 -380 -220 -170 -120 -72 -36 -12 0 -9 -15 3 0 13 23 37 51 71 91 124 146 178 214 258 335 445 585
> 100 ≤ 120 -410 -240 -180 -120 -72 -36 -12 0 -9 -15 3 0 13 23 37 54 79 104 144 172 210 254 310 400 525 690
> 120 ≤ 140 -460 -260 -200 -145 -85 -43 -14 0 -11 -18 3 0 15 27 43 63 92 122 170 202 248 300 365 470 620 800
> 140 ≤ 160 -520 -280 -210 -145 -85 -43 -14 0 -11 -18 3 0 15 27 43 65 100 134 190 228 280 340 415 535 700 900
> 160 ≤ 180 -580 -310 -230 -145 -85 -43 -14 0 -11 -18 3 0 15 27 43 68 108 146 210 252 310 380 465 600 780 1000
> 180 ≤ 200 -660 -340 -240 -170 -100 -50 -15 0 -13 -21 4 0 17 31 50 77 122 166 236 284 350 425 520 670 890 1150
> 200 ≤ 225 -740 -380 -260 -170 -100 -50 -15 0 -13 -21 4 0 17 31 50 80 130 180 258 310 385 470 575 740 960 1250
> 225 ≤ 250 -820 -420 -280 -170 -100 -50 -15 0 -13 -21 4 0 17 31 50 84 140 196 284 340 425 520 640 820 1050 1350
> 250 ≤ 280 -920 -480 -300 -190 -110 -56 -17 0 -16 -26 4 0 20 34 56 94 158 218 315 385 475 580 710 920 1200 1550
> 280 ≤ 315 -1050 -540 -330 -190 -110 -56 -17 0 -16 -26 4 0 20 34 56 98 170 240 350 425 525 650 790 1000 1300 1700
> 315 ≤ 355 -1200 -600 -360 -210 -125 -62 -18 0 -18 -28 4 0 21 37 62 108 190 268 390 475 590 730 900 1150 1500 1900
> 355 ≤ 400 -1350 -680 -400 -210 -125 -62 -18 0 -18 -28 4 0 21 37 62 114 208 294 435 530 660 820 1000 1300 1650 2100
> 400 ≤ 450 -1500 -760 -440 -230 -135 -68 -20 0 -20 -32 5 0 23 40 68 126 232 330 490 595 740 920 1100 1450 1850 2400
> 450 ≤ 500 -1650 -840 -480 -230 -135 -68 -20 0 -20 -32 5 0 23 40 68 132 252 360 530 660 820 1000 1250 1600 2100 2600
Observações:
• Para eixos com ajustes de “a até j”, os afastamentos da tabela são superiores, de “j até zc” são inferiores.
• Para furos, os afastamentos são iguais aos valores negativos dos tabelados.
• Para furos com ajustes de “A até H”, os afastamentos da tabela são inferiores, de “J até ZC” são inferiores.
5
1.1.2 Desvios de forma
• Tolerância de simetria: o campo de tolerância é limitado por duas retas paralelas, ou por dois
planos paralelos, distantes no valor especificado e dispostos simetricamente em relação ao
eixo (ou plano) de referência.
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• Tolerância de concentricidade: define-se concentricidade como a condição segundo a qual os
eixos de duas ou mais figuras geométricas, tais como cilindros, cones etc., são coincidentes.
7
• Tolerância de perpendicularidade: é a condição pela qual o elemento deve estar dentro do
desvio angular, tomado como referência o ângulo reto entre uma superfície, ou uma reta, e
tendo como elemento de referência uma superfície ou uma reta, respectivamente.
• Tolerância de inclinação: o campo de tolerância é limitado por dois planos paralelos, cuja
distância é o valor da tolerância, e inclinados em relação à superfície de referência do ângulo
especificado.
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• Tolerância de retilineidade: é a condição pela qual cada linha deve estar limitada dentro do
valor de tolerância especificada.
• Tolerância de planeza: é a condição pela qual toda superfície deve estar limitada pela zona
de tolerância “t”, compreendida entre dois planos paralelos, distantes de “t”.
• Tolerância de circularidade: condição pela qual qualquer círculo deve estar dentro de uma
faixa definida por dois círculos concêntricos, distantes no valor da tolerância especificada.
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• Tolerância de forma de superfície: o campo de tolerância é limitado por duas superfícies
envolvendo esferas de diâmetro igual à tolerância especificada e cujos centros estão situados
sobre uma superfície que tem a forma geométrica correta.
• Tolerância de batimento radial: é definida como um campo de distância t entre dois círculos
concêntricos, medidos em um plano perpendicular ao eixo considerado.
• Tolerância de batimento axial: é definida como o campo de tolerância determinado por duas
superfícies, paralelas entre si e perpendiculares ao eixo de rotação da peça, dentro do qual
deverá estar a superfície real quando a peça efetuar uma volta, sempre referida a seu eixo de
rotação.
10
Fig. 1.17 – Tolerância de batimento radial e axial.
1.1.2.5 Rugosidade
• qualidade de deslizamento;
• resistência ao desgaste;
• transferência de calor;
• qualidade de superfícies de padrões e componentes ópticos;
• possibilidade de ajuste do acoplamento forçado;
• resistência oferecida pela superfície ao escoamento de fluidos e lubrificantes;
• qualidade de aderência que a estrutura oferece às camadas protetoras;
• resistência à corrosão e à fadiga;
• vedação;
• aparência.
1 L A
L ∫0
Ra = ⋅ y ⋅ dx ou Ra =
Lc
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Fig. 1.18 – Rugosidade: ilustração esquemática para obtenção de Raa.
Os desvios de forma que afetam as dimensões nominais das peças podem ser ocasionados por
diversos fatores, sendo os principais (conhecidos por 6M) listados a seguir:
1 . 2 MEDIÇÃO DE UM COMPRIMENTO
Caso o problema a ser resolvido é saber se a peca se enquadra nos limites de tolerância
especificados no projeto, o encaminhamento do problema é distinto. Trata-se da execução de um
controle dimensional.
Após a fabricação das peças inicia-se o trabalho do metrologista, ou seja, realizar a verificação
se as peças produzidas tem dimensões dentro das especificações do projeto. Nesta verificação a
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peça será classificada como boa ou refugo.
A partir do valor da tolerância de fabricação (IT ou t), especifica-se qual o máximo erro admissível
que pode ocorrer na medição da grandeza em questão.
Para efeito de aprovação ou rejeição da peça toma-se simplesmente a indicação dada pelo
sistema de medição utilizado no processo de medição. Pelo fato da incerteza de medição ser um
décimo do intervalo de tolerância IT, considera-se o processo de medição como perfeito.
LIT LST
tolerância
Legenda:
LIT: limite inferior da tolerância
LST: limite superior da tolerância
USM : incerteza do sistema de medição
No primeiro caso (quadrado na figura 1.19), sentido da esquerda para direita, é possível
afirmarmos que o produto deve ser refugado pois o resultado de medição apresenta-se
integralmente fora dos limites de tolerância.
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Já no segundo caso (círculo), o resultado corrigido do processo de medição está dentro do limite
especificado para a tolerância do produto. No entanto, devido a incerteza de medição, está
numa região de dúvida deste limite. Neste caso não é possível afirmar com segurança que o
produto está dentro de tolerância para a dimensão medida. É possível afirmar somente que existe
grande probabilidade do mesmo apresentar-se dentro dos limites de tolerância.
No terceiro caso (cruz) da figura 1.19, o resultado corrigido e a incerteza associada estão dentro
do limite de tolerância. Nesta situação podemos afirmar com segurança que o produto atende as
especificações com relação a tolerância de fabricação.
No quarto caso (triângulo), o resultado corrigido do processo de medição está acima do limite
superior de tolerância do produto. Neste caso não é possível afirmar com segurança que o
produto está fora de tolerância para a dimensão medida, isto é, que o mesmo deveria ser
refugado. Isto porque a incerteza do sistema de medição está abrangendo o valor da medida,
caracterizando uma região de dúvida acerca dos resultados dentro dessa faixa de valores. É
possível afirmar somente que existe grande probabilidade do mesmo apresentar-se fora dos
limites de tolerância.
a) Força de Medição
Ao contato mecânico está associada uma força, denominada força de medição. Uma certa força
é necessária para que o apalpador possa penetrar (ou deslocar para o lado) camadas de sujeira,
de óleo, de graxa, de gases aderentes e semelhantes que aderem nas superfícies de contato.
Por outro lado, a força de medição provoca no objeto, bem como no sistema de medição e
demais componentes mecânicos utilizados no processo, deformações de vários tipos introduzindo
assim erros de medição, na forma de retroação.
A força de medição está, por exemplo, no caso de um micrômetro externo, na faixa entre 5 a 10
N. No relógio comparador comum usa-se a força de medição entre 0,8 até 1,5 N, com variação
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da mesma de 0,4 N no máximo; no caso de alguns relógios comparadores, a força de medição é
de 3 até 6 N, ou por outro lado, apenas 0,15 a 0,40 N. Interessante é que deixando-se descer a
haste do relógio comparador bruscamente de um altura de 20 mm apenas, ocorre um ‘pico’ de
força de medição dinâmica de até 70 N apesar da força estática ser de somente algumas
unidades de N.
b) Deformações
Deformações que ocorrem na medição não devem ser, sob hipótese alguma, de caráter
permanente, mas sim, exclusivamente, elásticas. Deste ponto de vista há certo perigo nas áreas
de contato entre o sensor (especialmente o de forma arredondada) e o objeto quando ocorrer um
choque dinâmico.
Deformações indesejáveis podem ocorrer, também, pelo peso próprio, quer do sistema de
medição, quer do objeto a medir especialmente se for usado apoio inadequado para os mesmos.
F .L
∆L =
E. A
onde:
Exemplo numérico: Uma régua de E = 21,5. 104 N/mm2, de aço com dimensões 9 x 35 mm,
A = 315 mm2, L = 1000 mm, sendo carregada axialmente por uma força de medição de 10 N,
sofrerá encurtamento,
15
b.2) Flexão:
A flecha máxima y (µm) de um mandril cilíndrico apoiado pelas extremidades, entre pontas de
medição, calcular-se-á pela fórmula:
P.L3
Y = 425 ⋅
E.d 4
onde P (N) é a força de medição atuando na metade do comprimento L (mm) entre apoios, e d
(mm) é o diâmetro do mandril.
A flecha devido ao peso próprio do mesmo mandril de aço com módulo de elasticidade
(E = 21,5 . 104 N/mm2, e densidade = 0,078 (N/cm 3) calcula-se pela fórmula:
L4
Y = 7,6 ⋅ 2 ⋅ 10 −8
d
Para se ter uma idéia sobre valores absolutos observar-se-ão alguns exemplos numéricos:
• Um suporte de relógio comparador, de aço, cuja parte vertical tem o comprimento L = 200
mm e a parte horizontal em balanço de comprimento a = 70 mm, sendo a seção transversal
das duas partes circular, de diâmetro d = 20 mm, recua verticalmente, na sua extremidade
em balanço, sob força de medição de 1 N, em 0,6 um.
Em alguns casos, por escolha adequada dos pontos de apoio, pode-se obter deflexões mais
convenientes.
Por exemplo, um bloco padrão longo, apoiado em dois cutelos colocados a uma distância das
extremidades de a = 0,2113 . L (figura 1.20a) (onde L é o comprimento total do bloco) manterá
ambos os planos extremos (superfícies de medição) paralelos apesar da deflexão transversal. A
mesma distância entre apoios é recomendável para escalas, com divisões na parte superior da
régua.
Para as escalas, cujas divisões são gravados na linha neutra da seção transversal, o apoio em
"pontos de Bessel", na distância de a = 0,22031 L, proporciona o encurtamento mínimo do
comprimento total L (figura 1.20b).
16
Fig. 1.20 – Deformações devido ao peso próprio.
No caso de uma régua ser usada em seu comprimento total, recomenda-se que os pontos de
apoio estejam ajustados de a = 0,22315.L dos extremos. Neste caso, obtém-se a deflexão
transversal mínima, sendo a deformação nos extremos igual à flecha no meio da régua (figura
1.20c).
Se a régua for usada apenas na sua parte central entre os apoios, é vantajoso colocar os cutelos
de apoio na distância de a = 0,2386.L das extremidades. Neste caso a deformação transversal
na região entre os apoios será pequena, sendo igual a zero na metade da distância (figura
1.20d).
b.3) Achatamento:
Por achatamento se entende a aproximação que ocorre ente o sensor do sistema de medição e a
peça após o primeiro contato físico, em função da ação de uma força de medição. Pode ser
calculado, para os casos simples de contato, pelas equações de Hertz, porém, com coeficientes
estabelecidos experimentalmente.
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As fórmulas que seguem são válidas para peças e sensores de aço:
F2
a = 0,52575 ⋅ 3
d
F2
a = 0, 4173 ⋅ 3
d
F 3 L
a = 0,047 ⋅ ⋅
L d
Para ilustração, um apalpador semi esférico atuando sobre um bloco padrão provoca um
achatamento a = 0,5 µm, se F = 3 N e d = 5 mm.
c) Desgaste:
Deve-se pois, dentro do possível, evitar o movimento da superfície de medição sobre a peça e/ou
reduzir o atrito.
Em muitos casos, entretanto, tem-se de contar para as superfícies em contato dos instrumentos de
medição, materiais de alta resistência ao desgaste: aços de ferramentas com liga especial,
camadas de cromo duro, minerais (por exemplo: ágata).
Não só as superfícies de medição estão sujeitas ao desgaste, mas todas as superfícies móveis de
um SM, nas quais ocorre atrito.
Recomenda-se então, já por ocasião do projeto, providenciar elementos e/ou mecanismos que
possibilitem ajustagem e, consequentemente, eliminação adicional do desgaste.
O usuário por sua vez deve inspecionar os sistemas de medição periodicamente e, se necessário,
fazer a reajustagem. O problema é que em virtude da interação de diversos fatores, o desgaste
não decorre nas superfícies uniformemente: superfícies planas tornam-se côncavas ou convexas,
guias apresentam folgas maiores apenas em certos lugares, e semelhantemente. A eliminação
completa do desgaste ocorrido torna-se, pois, muito difícil e as superfícies desgastadas dão
origem a erros de medição.
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1.4.2 Fatores de Natureza Geométrica
Uma peça mecânica é representada, num desenho técnico, sempre em sua forma ideal e com
dimensões nominais. A peça depois de executada, não só diverge deste ideal em suas dimensões
mas, também, em sua forma geométrica.
Isto exige que se meça de tal modo que os desvios macrogeométricos possam ser identificados.
Assim, tendo-se, por exemplo, uma placa retangular fabricada - erroneamente - em forma de um
quadrilátero (figura 1.21a) e tomando-se a medida em dois sentidos perpendiculares, em dois
lugares a e b, apenas, obtém-se, por exemplo, para a medida a um valor completamente
deliberado (que dependerá do lugar da medida, a1, a2, a3, etc.) e o operador não perceberá o
desvio da forma. Para identificar os erros de forma geométrica da peça é necessário medi-la em
vários lugares, (por exemplo, a1, a2, b1, b2 na figura 1.21b).
a2
b
b1
a3
a2 b2
a1
a1
Peças cilíndricas, eixos ou pinos, podem afastar-se da forma circular em vários pontos de sua
secção transversal, além disso, afastar-se da forma cilíndrica reta em vários pontos na direção
axial. A figura 1.22 apresenta alguns exemplos esquemáticos.
19
Fig. 1.22 – Erros macrogeométricos em peças cilíndricas.
Se em lugar da forma circular exata ocorre uma forma oval (figura 1.23a) então pode-se
determinar o diâmetro máximo e mínimo da mesma com duas superfícies de medição paralelos,
a, b, por exemplo, num paquímetro, micrômetro, etc, obtendo-se a diferença A ("ovalidade").
Usando-se, neste caso, um prisma (figura 1.23b) como apoio para a medição com um relógio
comparador R, a diferença B entre os diâmetros apresenta-se apenas em proporção reduzida
(sendo B < A).
a) b)
B<A
A
a
prisma
Se ocorrer, por outro lado, um iso-espesso E, figura 1.24, a medição entre planos paralelos não
registrará o erro de circularidade. O registro da excentricidade faz-se com auxílio de prisma. O
melhor resultado oferece o prisma cujo ângulo é relacionado com o número n de lados do iso-
espesso de acordo com a fórmula.
20
360°
α = 180° − k ⋅
n
Quando se suspeita da presença de algum desvio da forma circular, porém, não se sabe se se
trata do oval (ou alguma forma do mesmo com o número par dos lados) ou de iso-espesso (cujo
número de lados é desconhecido), a medição procede-se entre dois planos paralelos e depois
pelo menos em dois prismas diferentes, de ângulos 60o e 90o, respectivamente. O ângulo de 90o,
apesar de que não constar na tabela acima, é suficientemente perto dos valores 108o ou 77,1o
citados.
21
b) Erro de Contato
Se o contato entre a peça a medir e a superfície de medição, devido a erros de forma de uma ou
de outra não tem uma relação geométrica exata, correspondente ao recobrimento geométrico
desejado, acontece então o que denominamos de erro do contato.
a) b) peça c)
peça
β
peça A
Erro de contato
Na figura 1.25c tem-se o erro de contato em sua forma mais simples, quando não há
recobrimento geométrico entre a superfície plana da peça A e a superfície plana de medição B de
modo que as duas tocam uma a outra em ângulo (fortemente exagerado no desenho). Este é um
exemplo típico de situação que acontece, por exemplo, quando medimos uma peça com um
micrômetro ou uma máquina de medir em que os sensores de medição apresentam erros de
paralelismo acentuado, gerando efetivamente erros de medição significativos.
A maioria dos problemas com erro de contato elimina-se por uma forma geométrica impecável
das superfícies de medição.
Erros geométricos de posição de medição são evitados, de forma mais segura pelo emprego do
método da substituição. A dimensão da peça é captada com auxilio de um dispositivo e depois
comparado a padrões de medição colocados exatamente no lugar e na posição da peça. Assim,
não podem ocorrer erros de posição devidos a movimentação de cursores (não perfeição de
guias) ou problemas semelhantes.
Se o método da substituição não puder ser aplicado, deve-se ao menos obedecer ao princípio de
ABBE, enunciado por Ernst Abbé, que exige que “o trecho a medir deve constituir o
prolongamento retilíneo da escala que serve como dispositivo de medição”. Ambos, trecho a
22
medir, bem como o padrão de medida, devem ser dispostos no mesmo eixo um atrás do outro.
dA
φ Erro de 1a ordem
S
EI = S * tan φ
EI
Fig. 1.26 – Erro de primeira ordem – disposição paralela do padrão com a peça.
23
L’ L
θ cos θ =
L'
L
ERRO DE 2O ORDEM
L ⋅θ 2
0 – 25 mm 0.01mm E=
2
Fig. 1.27 – Erro de segunda ordem – disposição alinhada do padrão com a peça.
Deformação térmica:
Como o volume dos materiais metálicos sofre alteração com a variação da temperatura, é
extremamente importante estabelecer uma temperatura de referência.
Nas medições de comprimento é necessário dar uma atenção toda especial à temperatura em
virtude da deformação térmica sofrida pelos instrumentos, padrões, alguns dispositivos utilizados
no processo de medição, além das deformações sofridas pelas próprias peças sujeitas a medição.
∆L = L ⋅ ∆t ⋅ α
L - comprimento original;
α - coeficiente de expansão térmica;
∆t - a diferença de temperaturas.
24
Exemplo: Um bloco prismático de aço de comprimento de 1 metro a 20,0 oC, terá na
temperatura ambiente de 26,0 oC o comprimento de 1000,069 mm, já que
Se a peça a medir tem o mesmo coeficiente de expansão térmica do padrão usado (escala, bloco
padrão, etc.), com o qual será comparado, não ocorrerá erro de medição por razões térmicas,
mesmo quando a medição se efetua em temperatura diferente da de referência (20,0 oC) já que o
padrão se deforma na mesma proporção que a peça a medir. Evidentemente isto só ocorrerá se
ambos, peça e padrão/instrumento estiverem na mesma temperatura (o que pode ser obtido
deixando-se peça e padrão/instrumento estabilizando termicamente por um período de tempo
suficiente para atingir-se o equilíbrio térmico). Este é o motivo pelo qual os metais leves só podem
ser usados em instrumentos de medição mediante cuidados especiais a não ser no caso particular
em que as próprias peças são de metal leve. Por razões semelhantes não se utilizam calibradores
e padrões de vidro, apesar de serem mais baratos e bastante resistentes ao desgaste.
∆L = L ⋅ ( ∆t 1 ⋅ α1 − ∆t 2 ⋅ α2 )
Do anterior exposto, conclui-se uma aplicação importante para a prática de medição. Deve-se
assegurar que a temperatura da peça e do sistema de medição sejam próximas tanto quanto
possível da temperatura de referência. Isto se obtém deixando ambos durante certo tempo num
ambiente a 20 oC. O tempo necessário para a equalização da temperatura depende do porte e
tipo de cada um dos elementos, e da diferença inicial de temperaturas, variando para as peças
usuais entre 4 e 24 horas. Favoravelmente influi se ambos elementos repousam sobre a mesma
base metálica.
Se o tempo para equalização de temperaturas foi insuficiente corre-se o risco de que diversas
partes da peça ou do padrão apresentem diferenças de temperaturas entre si, o que provocará
não só erros em dimensões, mas também erros de forma. Semelhantemente, deve-se impedir que
ocorram variações de temperatura durante a própria medição.
PEÇA SM
CASO ERRO
MATERIAL TEMPERATURA MATERIAL TEMPERATURA
1 A 20 OC A 20 OC -
2 A T ≠ 20 C
O
A T -
3 A T A t≠T α A(T-t)L
O O
4 A 20 C B 20 C -
5 A T ≠ 20 C
O
B T [α A(T-20) - α B(T-20)]L
6 A T B t≠T [α A(T-20) - α B(t-20)]L
26
Capítulo 2
BLOCOS PADRÃO
2.1 GENERALIDADES
2.1.1 Definição
2.1.2 Tipos
Quanto à forma da seção transversal do bloco, esta pode ser quadrada, retangular
ou circular (figura 2.1). Os blocos de secção quadrada ou circular podem ou não ser
furados no centro.
As dimensões dos blocos de secção quadrada são normalizados pela norma GGG-
G-15, norma americana. A grande vantagem destes blocos é a estabilidade
proporcionada pela forma da secção quando o mesmo é utilizada na posição vertical.
No brasil praticamente não se utilizam este tipo de bloco.
As dimensões dos blocos de secção retangular são normalizadas pela norma ISO
3650 e outras. Os blocos maiores de 100 mm apresentam furos em cada extremidade,
cuja finalidade é permitir a montagem de um dispositivo que garanta a união de uma
composição formada por dois ou mais blocos.
2.1.3 Fabricação
a) Material
Os blocos padrão são fabricados em aço liga, metal duro, cerâmica, entre outros. Para
os blocos em aço, quando for exigida uma alta resistência ao desgaste, as superfícies de
medição podem ser protegidas por dois blocos protetores, fabricados de metal duro
( carbonetos sinterizados).
Como o aço tem tendência de alterar o seu volume com o decorrer do tempo, a
estabilidade dimensional dos blocos padrão pode ser significativamente afetada. Para
minimizar este fenômeno usa-se liga que tenha uma boa estabilidade dimensional.
1
Na figura 2.2 é apresentado o resultado de calibração de blocos padrão entre 1970 e
1991, realizados no PTB, órgão primário em metrologia na Alemanha. Os blocos padrão
calibrados, de comprimento 24,5 , 30 , 80 e 100 mm, nunca foram utilizados em
processos de medição. Observa-se que dois blocos, o de 100 e 30 mm, apresentavam
comprimento de valor próximo a 0,5 µm durante este período. Observa-se também que
esta alteração ocorreu distintamente para cada bloco. Os blocos de 100 e 80 mm
tiveram alteração de comprimento positiva e os de 30 e 24,5 mm tiveram alteração de
comprimento negativa, isto é, reduziram seus comprimentos. Um bloco seria considerado
estável caso seu comportamento fosse próximo daquele do exemplo da figura 2.1, isto é,
as variações de comprimento são insignificantes e oscilam em torna da linha zero.
As variações de comprimento permitidas para cada bloco a cada ano, são em geral
especificadas nas normas técnicas, como por exemplo a norma DIN 861.
b) Processo
Para os blocos de aço até cerca de 100 mm de comprimento, eles são inteiramente
temperados. Nos comprimentos maiores apenas os extremos são endurecidos.
2
Americana : GGG-G-15
Internacional : ISO 3650
3
2.1.5 Apresentação – Jogos
A fim de alcançar um bom aproveitamento dos blocos padrão, estes são reunidos em
jogos que se diferem entre si pelos seguintes fatores: mínimo escalonamento, faixa que o
escalonamento abrange número de peças que os constituem.
dimensionais conforme consta na figura 2.3. O jogo permite compor qualquer dimensão
entre 3 103 mm com escalonamento de 0,001 mm.
Mesmo os Blocos Padrão de grau 2 (DIN 861), usados nas oficinas, devem ser
manuseados por pessoal experiente a fim de que em pouco tempo os blocos não estejam
desgastados. Alem disto, o operador deve:
- Evitar a todo custo um coque mecânico (queda, batida com outro sólido). Mas
ocorrendo, deve-se examinar ambas as faces de medição, usando um plano ótico, a
4
fim de verificar se há amassamentos (deformações permanentes) que prejudicarão a
aderência e a própria planicidade de outros colocados em contato.
Todas as recomendações citadas devem ser mais rigorosas quanto melhor for a
classe de erro do Bloco Padrão.
2.2.3 Acessórios
- Base: é útil quando se utilizar blocos grandes sem que haja o perigo de tombarem.
Junto com outros acessórios pode formas um graminho de precisão.
- Porta blocos: serve para manter vários blocos aderidos em conjunto com blocos de
transferência.
- Blocos de transferência: há vários tipos que junto com o porta blocos cria uma gama
de instrumentos: graminho, calibrador de roscas internas, etc.
5
- Blocos protetores: são Blocos Padrão de metal duro aderidos à superfícies extremas
de blocos padrão comuns, quando estes estiverem sendo usados em meio hostil, isto
é, provocando desgaste.
1,005 1,002
1,08 1,005 1,003
1,9 1,48 1,03
3 4,5 1,05
90 90 1,1
96,985 96,985 1,8
40
50
96,985
Dimensões Comprimento a b
dos blocos Medida Tolerância Medida Tolerância
b de 0,5 até 10,1 30
b +0 9 -0,05
de 10,1 até 1000 35 -0,3 -0,2
a
- o bloco padrão não está solicitado mecanicamente de maneira alguma que poderia
provocar variação de comprimento;
- o corpo auxiliar é do mesmo material e com a qualidade (e textura) da superfície
igual às do bloco padrão;
- a ligação entre o bloco padrão e o corpo auxiliar é feita da mesma maneira como
descrito para ligação de blocos padrão entre si, sendo excluídos expressamente
quaisquer meios que poderiam favorecer a adesão.
Em = Lm – Ln
7
Figura 2.5: Acessórios de Blocos Padrão.
8
2.4 AS CLASSES DE ERRO E SUAS APLICAÇÕES
Pela norma DIN 861 e ISO 3650 os blocos são classificados quanto ao erro do meio e
constância de afastamento em cinco classes de erro, a saber: 00, K, 0, 1 e 2. O máximo
erro admitido em cada uma das classes (tolerância de fabricação) é dado em função do
comprimento, conforme pode ser observado na tabela figura 2.7.
Quanto a sua aplicação (não quanto à classe de erro) os blocos padrão classificam-
se em:
Em geral, a classe superior (exemplo, referência) serve como padrão para calibrar e
controlar classes imediatamente inferior (exemplo, comparação).
9
Os blocos padrão de trabalho, já que são usados no nível de oficina, entram em
contato com superfícies relativamente ásperas, e sofrem por isso uma forte solicitação de
desgaste. É indispensável uma calibração dos blocos padrão em intervalos de tempos
definidos, dependendo da intensidade de uso.
Os blocos de referência, por outro lado, devido ao pouco freqüente, limitado aos
casos de grande importância (calibração) sofrem desgaste mínimo e conservam suas
características metrológicas por períodos prolongados de tempo.
Tabela 2.1 – Avaliação dos erros de um comprimento formado com blocos padrão classe
de erro 1.
10
Se os erros individuais não são conhecidos, utiliza-se para avaliação do erro da
composição os desvios admissíveis de cada bloco padrão, de acordo com a norma e a
sua classe de erro. Na terceira coluna da tabela, tem-se os erros admissíveis dos blocos
para classe de erro 1. A soma dos valores positivos (negativos) dá o valor máximo
positivo (negativo) do erro da composição. Este valor máximo poderia ocorrer quando na
composição todos os blocos tivessem o máximo erro permitido e, mais ainda, todos com
o mesmo sinal. Já que isto é muito pouco provável, O erro assim estabelecido não tem
sentido prático.
∆L = ± E M2 1 ± E M2 2 ± ... ± E Mn
2
onde:
EM1 ... EM2 são erros máximos permitidos. Os quadrados destes erros encontram-se na
quarta coluna da tabela, sendo a soma dos mesmos igual a 0,61. Ao se usar a fórmula
lembrada, obtém-se para o erro da composição:
∆L = ± 0,61 = ±0,78 = ±0,8µm
Para o cálculo informativo rápido pode-se usar a seguinte fórmula aproximada que
dispensa o cálculo moroso com quadrados e raiz quadrada.
∆L = ± ... .∑ EM i
1 2 n
2 3 i =1
1 2
∆L1 = ± ... .1,75 = ±(0,9até1, 2)µm
2 3
11
2.6 BLOCOS PADRÃO DE CERÂMICA
Estes blocos padrão são fabricados com um tipo de cerâmica cujo componente base é
o ZIRCÔNIO, que é um dos materiais mais duráveis encontrados até hoje.
Chama-se a atenção para o fato de que somente os resultados que serão descritos
adiante foram divulgados pelos fabricantes destes padrões. Somente o tempo poderá
confirmar integralmente as vantagens destes padrões em relação aos tradicionais blocos
padrão de aço.
E resistência à abrasão dos blocos cerâmicos é de cinco a dez vezes maior do que os
fabricados em aço e de quatro a cinco vezes maior de que os fabricados em metal duro.
Esta superioridade dos blocos cerâmicos é devido ao seu baixo coeficiente de atrito e
também à sua densa e homogênea estrutura granular.
12
como padrão de comprimento para medir peças em aço, o que constitui mais uma
vantagem para o uso destes últimos.
O tempo necessário para a estabilização térmica dos blocos de cerâmica depende das
condições ambientais, do comprimento do bloco, bem como da diferença inicial de
temperatura entre o bloco e o ambiente. Na figura 2.9b é apresentado o resultado da
estabilização térmica de dois blocos de 100 mm, um de aço e outro de cerâmica, que
foram segurados na mão durante três minutos e a seguir suas variações dimensionais
foram medidas.
00 0 1 2 K
Comprimento
nominal
Em CA Em CA Em CA Em CA Em CA
mm
de até ± ± ± ± ±
-- 10
10 0,06 0,05 0,12 0,10 0,20 0,16 0,45 0,30 0,20 0,05
10
10 25
25 0,07 0,05 0,14 0,10 0,30 0,16 0,60 0,30 0,30 0,05
25
25 50
50 0,10 0,06 0,20 0,10 0,40 0,18 0,80 0,30 0,40 0,06
50
50 75
75 0,12 0,06 0,25 0,12 0,50 0,18 1,00 0,35 0,50 0,06
75
75 100
100 0,14 0,07 0,30 0,12 0,60 0,20 1,20 0,35 0,60 0,07
100
100 150
150 0,20 0,08 0,40 0,14 0,80 0,20 1,60 0,40 0,80 0,08
150
150 200
200 0,25 0,09 0,50 0,16 1,00 0,25 2,00 0,40 1,00 0,09
200
200 250
250 0,30 0,10 0,60 0,16 1,20 0,25 2,40 0,45 1,20 0,10
250
250 300
300 0,35 0,10 0,70 0,18 1,40 0,25 2,80 0,50 1,40 0,10
300
300 400
400 0,45 0,12 0,90 0,20 1,80 0,30 3,60 0,50 1,80 0,12
400
400 500
500 0,50 0,14 1,10 0,25 2,20 0,35 4,40 0,60 2,20 0,14
500
500 600
600 0,60 0,16 1,30 0,25 2,60 0,40 5,00 0,70 2,60 0,16
600
600 700
700 0,70 0,18 1,50 0,30 3,00 0,45 6,00 0,70 3,00 0,18
700
700 800
800 0,80 0,20 1,70 0,30 3,40 0,50 6,50 0,80 3,40 0,20
800
800 900
900 0,90 0,20 1,90 0,35 3,80 0,50 7,50 0,90 3,80 0,20
900
900 1000
1000 1,00 0,25 2.00 0,40 4,20 0,60 8,00 1.00 4,20 0,25
Figura 2.7: Tolerâncias para Blocos Padrão segundo a norma DIN 861.
13
Figura 2.8: Blocos Padrão de Cerâmica: Resistência à abrasão.
Foram medidos os erros do meio de cada bloco utilizado. A soma dos erros de cada
par de blocos foram utilizados como referência para determinar o erro nominal da
composição.
Após montagem dos blocos (10 e 10mm / 20,5 e 20,5 mm), cada uma delas foi
também medida na posição central. O erro resultante da montagem foi calculado pela
diferença entre o erro do meio efetivo da montagem e a soma dos erros individuais de
cada bloco como apresentado na tabela 2.2.
14
Figura 2.9: Blocos Padrão de Cerâmica: Estabilidade Térmica e Dimemsional.
MATERIAL
PROPRIEDADE CERÂMICA AÇO METAL DURO
(ZrO2)
Coeficiente de
Expansão Térmica 10 ± 1 11,5 ± 1 5
(10-6 K-1)
Módulo de
Elasticidade 2,1 2,1 6,3
(x 105 N/mm2)
Fator de
Condutibilidade 0,00293 0,0544 0,0795
Térmica (J/mm.s.K)
15
2.6.7 Gravações
É o método mais simples e rápido para medir o erro do meio (Em) e a constância de
afastamento (CA).
Ec = Xc – ( Xp – Ep )
16
- Processamento e comparação das medições de forma manual;
- Documentação externa e manual.
17
2.7.2 Método Interferométrico
18
Figura 2.12: Controle da Superfície de Medição de Bloco Padrão.
19
Capítulo 3
PAQUÍMETRO
3.1.1 Definição
Na figura 3.1a tem-se um paquímetro universal (com bicos para medições internas
e lingueta) e na figura 3.1b um paquímetro simples, porém com parafuso de chamada
que serve para ajuste fino da posição do cursor.
Em geral os paquímetros são construídos para faixa de indicação 120 ... 2000
mm; o comprimento dos bicos de 35 a 200 mm correspondentemente. Para casos
especiais é possível adquirir paquímetros de bicos compridos.
Nos paquímetros universais os bicos para medições internas são prolongados para cima
e apresentam a forma de gumes, o que permite medir dimensões menores do que
aquele valor arredondado.
Paquímetros pequenos podem ter, na parte traseira, uma lingueta que se move
junto com o cursor e serve para medir profundidades.
1
Figura 3.1: Paquímetros: Tipo universal e de Ajuste Fino.
Além destes tipos existem muitas outras variantes, no formato e tamanho dos bicos,
da faixa de indicação, etc.
2
F i g u r a 3 . 2 : P a q u í m e t r o s E s p e c i a i s.
s
Nas medições externas recomenda-se colocar a peça a ser medida o mais perto
possível da escala, de modo a minimizar os erros de não obediência do princípio de
Abbé. Nas medições internas, antes de fixar o cursor, deve-se afrouxar a pressão de
medição.
Em geral, na medição com paquímetro, deve-se evitar um aperto forte dos bicos
sobre a peça (evitar a força de medição excessiva).
Além disso, deve-se evitar, ao máximo possível, movimento relativo entre os bicos
e peça, já que isto provoca desgaste dos bicos, e assim a geração de erros de medição
com o paquímetro. Sob hipótese alguma, deve-se medir uma peça em movimento (por
exemplo: no torno).
a 2 +b 2
R =
2b
3
Alguns paquímetros digitais podem ser interfaceados a pequenas impressoras
com módulos estatísticos ou até a microcomputadores, onde os dados podem ser
processados rapidamente, facilitando o trabalho dos cálculos intermediários em
operações mais complexas como as vistas na figura 3.8.
F i g u r a 3 . 3 : P a q u í m e t r o s A n a l ó g i c o s.
s
4
Figura 3.5: Paquímetros Digital.
5
Na medição correta com blocos padrão, num ponto qualquer, as indicações no
nônio só podem diferir do valor do bloco padrão de um valor no máximo igual ao erro
admissível indicado na norma DIN 862, válida para paquímetros de qualidade. Os
erros admissíveis estão fixados em função apenas do comprimento medido.
- internacional : ISO 3599 (Vernier Callipers reading to 0,1 and 0,05 mm)
ISO 6906 (Vernier Callipers reading to 0,02 mm)
F i g u r a 3 . 7 : A p l i c a ç õ e s u s u a i s d e p a q u í m e t r o s.
s
6
F i g u r a 3 . 8 : A p l i c a ç õ e s u s u a i s d e p a q u í m e t r o s.
s
7
Capítulo 4
MICRÔMETROS
4.1 INTRODUÇÃO
Um fuso roscado possui, da mesma forma que uma escala, uma divisão contínua e
uniforme, representada pelos filetes da rosca. Num fuso roscado de 1 mm de passo, o
afastamento de um filete para o seguinte é de 1 mm; ele corresponde, portanto, a uma
escala dividida em milímetros. A tomada de medida é efetuada girando o fuso na porca
correspondente, obtendo-se entre estes elementos um movimento relativo de um passo
para cada volta completa. Frações de passo podem ser obtidas, subdividindo-se uma
volta completa em tantas partes quantas se queira.
Como já referido, o movimento longitudinal pode ser realizado quer pelo fuso quer
pela porca, o mesmo pode-se dizer do movimento giratório. Nos parafusos de medição,
ambos os movimentos são realizados geralmente pelo fuso. A face frontal do fuso,
normal ao eixo do mesmo, constitui usualmente uma superfície de medição. O fuso leva
um tambor com divisões na periferia, no qual são lidas as frações de volta.
Em primeiro lugar, deve-se citar os erros do passo da rosca. O passo pode estar
afetado de erros, que se somam de filete, denominados " erros progressivos ". O valor
destes erros, só se verifica depois de uma ou mais voltas completas, embora
evidentemente afetem também comprimentos que não correspondem a uma volta
completa. No espaço de uma volta há, entretanto, erros na rosca que perturbam a
uniformidade do avanço. Como estes erros se repetem de volta em volta, denominam-se
" erros periódicos ".
Os erros de fuso de medição dependem destes dois tipos de erros, isto é, dos erros
" progressivos " e " periódicos ". Como hoje se pode executar roscas de elevada
qualidade, considera-se em geral, o erro global.
A norma ISO 3611, que especifica os limites de erros permissíveis para micrômetros
externos, permite um erro residual de zero. Por exemplo, um micrômetro de 0 - 25 mm
pode apresentar valor Eo igual a ± 2 µm.
Um outro erro pode ocorrer no fuso de medição em virtude do " curso morto ".
Designa-se desta forma a folga entre as roscas do fuso e da porca, o que se exterioriza
pela parada do fuso por uma determinada fração de volta, por ocasião da inversão no
sentido de giro. A fim de eliminar a influência do " curso morto " sobre os resultados de
medição, o movimento final do fuso durante a medição deve ser sempre no mesmo
sentido, o que na maioria das vezes acontece na pratica.
2
A aplicação mais conhecida da rosca como porta-medida encontra-se no
micrômetro.
4.3 MICRÔMETROS
O tubo graduado possui duas outras escalas lineares que indicam os milímetros e
os meios milímetros. Estando o micrômetro ajustado, isto é, quando o traço do limite
inferior da Faixa de Medição ( FM ) coincidir com o traço zero no tambor graduado,
com os sensores de medição se tocando ( FM até 25 mm ), ou em contato com uma
3
haste padrão de comprimento ( FM maior que 25 mm ) então o mesmo pode ser
empregado para realizar medição, dentro de sua faixa de medição, com divisão de
escala de 0,01 mm. O tubo graduado pode apresentar ainda outra escala auxiliar,
geralmente com 10 divisões que é o nônio. Neste caso a resolução de leitura para o
micrômetro é dada pelo próprio nônio e vale 1 µm.
Por estarem em contato com a peça a ser medida, os sensores de medição estão
sujeitos ao desgaste e por isso nas extremidades dos mesmos, emprega-se placas de
metal duro. Estas placas devem ser manuseadas com cuidado, pois o metal duro é
frágil. A dureza dos sensores é de aproximadamente 63 HRc. A qualidade da superfície
da peça também influenciará no desgaste dos sensores.
O tubo graduado e tambor graduado ( figura 4.2 ) devem ser usinados com
tolerâncias estreitas e com forma geométrica cilíndrica, a fim de garantir concentricidade
para os diâmetros externos e interno. Com isto, tem-se rotação fácil para o tambor de
medição e leitura simplificada. Graças a uma pequena folga entre o tubo e o tambor,
evita-se ao máximo os erros de paralaxe.
A gravação dos traços sobre o tubo bem como sobre o tambor é feita em
máquinas especiais que permitem traçar divisões com mínimos erros e com grande
constância e nitidez, o que facilita a leitura. Algumas fábricas usam gravação inclinada
4
dos traços dos milímetros; assim é possível distinguir com maior facilidade os traços
referentes aos milímetros daqueles referentes aos meios-milímetros, já que o tambor não
oculta o traço.
O arco é construído com aço forjado ou ferro fundido especial. O arco deve estar
livre de tensões, e deve ser envelhecido artificialmente. A seção retangular em forma de
I, confere ao arco maior rigidez.
São utilizados para as mais diversas operações como medição de roscas externas e
internas, módulos de engrenagens, rasgos de chavetas, etc.
Para medição do diâmetro de flancos ( diâmetro primitivo ) de roscas, utilizam-se
sensores de medição do tipo cone e prisma, cujas dimensões são adaptadas ao perfil da
rosca a controlar. A fim de evitar a necessidade de um micrômetro para cada passo e
para cada perfil da rosca, os sensores de medição de roscas são substituíveis ( figura 4.7
). Na mesma figura 4.7 tem-se também, o aspecto geral do micrômetro e um exemplo
de medição.
5
Figura 4.3: Micrômetro.
A medida sobre dentes de engrenagens ( valor médio sobre vários dentes ) pode ser
determinada com o micrômetro que tem os sensores de medição em forma de discos
rasos ( figura 4.8). É empregado também para medição de ranhuras, aletas, rasgos de
chaveta e ainda outros materiais moles onde se faz necessária maior área de contato
( menores deformações do material ).
6
Figura 4.6: Usos para micrômetros.
7
Figura 4.8: Micrômetros especiais.
8
Figura 4.11: Micrômetros para canais: exemplo de medição.
9
Para medições externas existem também micrômetros com indicação " digital "
mecânica ou com cristal líquido, e ainda micrômetros com parafuso micrométrico
associado com relógio comparador montado no lugar da bigorna.
10
Figura 4.15: Usos para micrômetros de profundidade.
11
Figura 4.17: Micrômetros especiais.
12
Micrômetros tubulares de vários sistemas de tubos telescópios são fabricados para
faixas de operação de até alguns metros.
Micrômetros com sensor fixo esférico são também utilizados para medir capas de
rolamentos, buchas, anéis, etc. ( figura 4.17a ).
Os micrômetros com sensores tipo faca ( figura 4.17b ) são utilizados para medir
ranhuras estreitas, entalhes, rasgos de chaveta e outras aplicações.
13
Segundo especificações de fabricantes, as características metrológicas são:
- Força de medição : 6 a 10 N.
Uma das grandezas físicas que mais influi sobre as medições é a temperatura.
Uma parcela do erro dos micrômetros se deve à transferência de calor no momento em
que o operador trabalha com o mesmo, segurando-o. Este procedimento causa erro de
leitura, desalinhamento dos sensores pela dilatação do arco, etc. Pode ser reduzido pelo
emprego de um plástico ( isolante ) no arco do micrômetro ou segurando o mesmo por
intermédio de um pedaço de couro.
Mais correto ainda é segurar o micrômetro num suporte especial que se fabrica
para este fim. ( A peça segura-se na mão esquerda ). O emprego de um suporte para
fixação do micrômetro é recomendado sempre que possível.
1Na prática a IM, considerando-se a soma da tendência e da repetitividade, destes micrômetro é superior a
4 . 5 . 1 Cu i d a d o s I n i c i a i s
Estes erros englobam os efeitos de todos os erros individuais, como por exemplo,
erro de passo do parafuso micrométrico, das faces de medição (planeza e paralelismo
dos sensores de medição), da construção da escala, etc, e sem dúvida é o item mais
importante a ser verificado. A calibração é executada ao longo de toda a faixa de
medição do instrumento.
Emax=(4+L/50) (µm),
/2/
Infelizmente, como a grande maioria das normas técnicas, o valor do erro máximo
dado pela expressão matemática apresentada anteriormente só considera a parcela de
erros sistemáticos (tendência), como pode ser observado na figura 4.19. A parcela dos
erros aleatórios não é citada por estas normas, o que é uma deficiência das mesmas.
- a tendência, para cada ponto de calibração, não pode ser superior a 4 µm. Isto
significa que este erro pode assumir sinal positivo ou negativo ( ISO 3611 ) e;
16
- a máxima diferença entre as ordenadas da curva de erros, isto é, a diferença entre
a tendência máxima e mínima determinada na calibração não pode exceder a 4
µm (ver figura 4.19) ( DIN 863 ).
A primeira condição pode ser obtida quando ajustes de zero, ou limite inferior da
faixa de medição, podem contribuir para minimização dos erros. A segunda condição é
a mais problemática tendo-se em vista que não é possível nenhum tipo de correção.
A grande diferença entre as normas DIN 863 e ISO 3611 está com relação ao
ajuste do instrumento. A norma ISO permite uma tendência residual de zero, enquanto a
norma DIN exige que o instrumento seja ajustado obrigatoriamente de modo a
obter erro igual a "zero" no ponto zero ou limite inferior da faixa de medição.
Para micrômetros acima de 25 mm, utiliza-se um bloco padrão entre dois planos
ópticos, devidamente aderidos, para determinação dos erros de paralelismo.
17
Evidentemente o bloco utilizado deve ter erros de paralelismo entre as faces de medição
inferior a um décimo do erro de paralelismo tolerado para o micrômetro.
A rigidez dos arcos de micrômetros deve ser tal que uma força de 10 N aplicada entre
os sensores não provoque uma flexão que ultrapasse valores indicados por normas. O
controle é efetuado aplicando uma carga de 10 N no eixo de medição do arco /5/.
e) Força de medição
± (2 + L/50) µm
Como comentado anteriormente no item a, a Norma DIN 863 não permite erros
residuais no limite inferior da faixa de medição.
19
4.5.4 Intervalos de Calibração
4.6 EXEMPLOS
20
Na figura 4.21 são apresentadas a franjas obtidas na medição do paralelismo dos
sensores de medição.
21
Capítulo 5
MEDIDORES DE DESLOCAMENTO
5.1 INTRODUÇÃO
5.1.1 Importância
- Mecânico;
- Pneumático;
- Elétrico analógico;
- Elétrico digital.
1
- Coloca-se o padrão sob o sensor do medidor de deslocamento ( figura 5.1b ) e
"zera-se" a indicação, por exemplo, através do giro do mostrador até a
coincidência do ponteiro com o zero da escala ( figura 5.1c ), ou através do ajuste
da altura da fixação do apalpador utilizando dispositivo apropriado;
- Retira-se o padrão, coloca-se a peça e procede-se a leitura da diferença ( figura
5.1d ).
Especiais vantagens do método de medição são o seu pequeno erro e sua força de
medição quase constante. Como visto na descrição do paquímetro, pode-se cometer
erros consideráveis, devidos, por exemplo, a uma força de contato excessiva sobre a
peça. A medição diferencial permite eliminar alguns destes erros, pois o operador não
2
interfere na operação de medição, a não ser na ajustagem final do instrumento e na
colocação da peça a ser medida.
Uma fita muito fina (1) tem fixo no seu centro (0), um ponteiro muito leve (2). A fita
é torcida em forma de hélice em todo o seu comprimento. Uma extremidade da fita é
fixada em uma alavanca AOB angular tipo mola, um braço da qual é ligado
diretamente à haste do apalpador (4).
d0 −9 , 1. 1
=
d1 W 2 .n
- Mostrador giratório;
- Indicação de voltas completas do ponteiro;
- Eliminação de folgas nas engrenagens;
- Dispositivo "anti-choque";
- Compensação da força de medição.
a) O mostrador giratório ( EP ) permite que o " zero " da escala principal, quando do
ajuste inicial do relógio comparador, seja levado a coincidir com o ponteiro,
qualquer que seja a posição do mesmo; desta maneira, a indicação inicial é zero,
facilitando em muito a operação de medição.
4
b) Além da escala principal ( EP ), os relógios comparadores costumam ser equipados
com uma escala auxiliar ( EA ), sobre a qual um ponteiro pequeno ( PP ) indica as
voltas completas do ponteiro principal ( P ), facilitando assim a leitura.
5
Figura 5.5: Relógio comparador digital eletrônico.
6
pressão h, o que nos fornece uma avaliação de d. Por dimensionamento dos diâmetros
de G e S e do rígido controle da pressão H, a pressão h poderá variar linearmente com
o tamanho efetivo do orifício S. Para valores h/H entre aproximadamente 0,6 e 0,8 a
relação entre a pressão h e a área do orifício S é linear. Estes valores são usados no
dimensionamento de todo o sistema. A lei linear entre a área do orifício S e a pressão h
é expressa na seguinte forma:
b. H
h = a. H − . A2
A1
dh / dA2 = - bH / A1
7
- Por aproximação direta: a pressão varia conforme a posição do orifício de saída
em relação à peça a ser medida. É o caso dos bocais para a medição de
diâmetros internos.
- Por aproximação indireta: o furo de saída é substituído por um obturador em
forma de válvula e a saída de ar se efetua através do espaço entre o obturador e
seu encosto. Neste caso, o obturador é acionado mecanicamente através de um
apalpador e existe contato entre a peça e instrumento de medida.
- Por estrangulamento: a seção de saída é a própria peça a medir como por
exemplo o gigleur de um carburador.
Uma das aplicações mais importantes dos medidores pneumáticos é sem dúvida a
medição diferencial de diâmetros internos de peças. Através de técnicas especiais de
construção dos sensores, denominados tampões ( figura 5.8 ), consegue-se um
instrumento bastante simples de operar, de elevada confiabilidade e pequena incerteza
de medição .
8
Uma outra forma construtiva é mostrada na figura 5.9. Neste sistema opera-se de
modo diferencial, isto é, o sinal proporcional é gerado em função da diferença de
pressão entre a câmara padrão (canal de referência) e a câmara do medidor (canal de
medição).
- Resistivos;
- Indutivos;
- Capacitivos;
- Fotoelétricos.
5.4.1 Resistivos
9
frequente aplicação em função do seu baixo custo, sendo apropriados para
deslocamentos lineares e angulares. Apresentam como desvantagem a alteração de suas
características com o uso acentuado em função do desgaste. Não apresentam interesse
no campo de controle geométrico.
5.4.2 Indutivo
- construção compacta;
- elevada resposta dinâmica;
- alta sensibilidade;
- boa linearidade;
- pouco desgaste;
- boa imunidade às influências de fatores ambientais.
10
Ao tomar-se uma bobina de resistência elétrica desprezível e injetarmos nela uma
corrente elétrica variável no tempo, será criada uma diferença de potencial sobre esta
bobina (figura 5.11a), dada por:
d.i
v = − L.
d.t
b) Indutância mútua
c) Características de um indutor
11
A indutância de um indutor ideal pode ser dada em função das características
geométricas da bobina, da permeabilidade magnética do meio, e do número total de
espiras ( figura 5.11d), ou seja:
L = n 2 . 1. A . µ
A
L = N2. .µ
1
A princípio qualquer um dos parâmetros da equação acima pode ser usado para
variar a indutância do indutor. O parâmetro mais usado, pela facilidade de construção
do transdutor e dos ótimos resultados metrológicos e operacionais alcançados é a
permeabilidade magnética "µ".
12
Figura 5.12: Transdutor indutivo.
13
frequência fixas e os outros dois ligados de forma diferencial (secundário). A tensão
nestes dois enrolamentos é proporcional ao fator de acoplamento entre o enrolamento
primário e secundário o qual varia de acordo com a posição do núcleo.
15
- Geometria da peça - a superfície sobre a qual incidem as linhas de campo
magnético, existindo restrições quanto à mínima espessura da peça (1 mm).
5.4.3 Capacitativo
16
Figura 5.18: Medidor indutivo de deslocamento ;
Tipo sem contato, por correntes parasitas.
17
5.4.4 Fotoelétrico
- Reflexiva: um feixe luminoso incide sobre uma escala polida com gravações de
traços opacos, refletindo sobre ela em direção a um fotodetector. Com o
movimento da escala, este fotodetector libera um sinal elétrico proporcional à
intensidade luminosa incidente;
19
Algumas escalas têm gravados códigos correspondentes à posição absoluta da
escala, permitindo rapidamente recuperar a indicação no mostrador, após, por
exemplo, ter sido desligado o contador.
20
5.5.3 O Laser Interferométrico
21
pode ser medido com uma resolução da ordem de 0,16 µm ao longo de 60 m com
uma incerteza de ± 1 µm/m sob condições ideais. O valor de f1 não é alterado por
pequenos deslocamentos transversais e inclinações do retrorefletor.
22
Na figura 5.26 mostra-se a viabilidade da medição de pequenos deslocamentos
angulares, fazendo-se um arranjo especial de componentes ópticos.
23
Capítulo 6
6.2 DESEMPENOS
1
ser usinada ( usinagem de acabamento ), plainada ou rasqueteada, porém nunca
retificadas (pequenas partículas dos grãos de rebolo poderiam ficar presas dentro de
poros do ferro fundido e provocar desgaste demasiado dos instrumentos de medição).
Dimensões e erros admissíveis são normalizados pela DIN 876 e NBR 7263. O
erros admissíveis de planeza, relativos a um plano ideal médio da placa em questão,
podem ser apreciados, na tabela a seguir.
NOTA: Este procedimento, usado na prática pela sua simplicidade, substitui na realidade,
o método baseado na medição da retilineidade em várias direções. Trata-se, pois,
apenas de um método onde a planeza é medida de forma aproximada.
2
Figura 6.2: Acessórios para trabalhos de medição em desempenos.
Como o nome "desempeno" já indica, ele não é usado apenas para a medição
mas, também, para desempenar superfícies. Entende-se aqui a operação de esfregar o
desempeno, sobre o qual foi aplicada tinta ( pastosa, a base de óleo geralmente de cor
azul escura ) finamente distribuída, sobre a superfície a desempenar, com o objetivo de
tornar bem visíveis ( "pintar" ) os pontos altos desta superfície. Os pontos " pintados " são
removidos em seguida, pelo rasqueteamento. Repetindo o processo descrito várias vezes,
consegue-se uma superfície com planeza próxima daquela do desempeno. Neste
processo, obviamente o desempeno é usado em várias posições ( também de cabeça
3
para baixo ), de acordo com a posição da superfície a desempenar, e é manobrado por
intermédio de maçanetas adequadas.
6.3 RÉGUAS
4
A régua de fio não tem uma superfície de medição, mas apenas um bordo de
medição ( figura 6.4.a ). Ela é, por isto, muito apropriada para o controle de planeza
pelo processo da fresta luminosa. Com ela pode-se perceber frestas de até 0,001 mm
que aparecem "ampliadas " em virtude da refração da luz no bordo da régua.
As superfícies de medição das réguas com seção retangular são os lados estreitos
do retângulo ( figura 6.4.b ).
5
Figura 6.5: Régua de desempeno.
onde d é a largura da régua R nos pontos de apoio ( escolhidos de modo que ambos
forneçam obrigatoriamente o mesmo "d" ).
Do modo descrito obtém-se, para cada um dos pontos 1,2, .... três equações com
três incógnitas ( erros de planeza a, b, c das superfícies A, B, C, respectivamente ) que
podem ser a partir daí determinadas.
Deve-se ressaltar que o resultado para cada um dos pontos pode ter bastante
erro, já que se torna necessário levar em consideração os erros possíveis de cada uma
das etapas acima descritas. Se as medições de MAC têm as dispersões DMAC = ± 2 µm,
DMBC = ± 2 µm e DMAB = ± 3 µm, respectivamente, a incerteza do resultado final é
DM = ± ( DM AC )2 + ( DM BC )2 + (DM AB )2 = 17 = ±4 µm
A retilineidade ( neste caso igual a planeza) de uma régua pode ser estabelecida,
também, com nível de bolha, um autocolimador, ou ainda, por intermédio de um laser de
alinhamento.
6.4 ESQUADROS
7
esquadros estão mostradas na figura 6.8.a ( esquadro de coluna ) e 6.8.b ( esquadro de
coluna cilíndrica ).
Os erros admissíveis dos esquadros comuns são normalizados pela DIN 875. Os
erros permitidos no perpendicularismo da superfície de medição dos esquadros, segundo
a norma citada, podem ser vistos na tabela apresentada a seguir e na figura 6.7.
8
Figura 6.8: Esquadros de coluna .
9
Figura 6.10: Verificação do perpendicularismo.
e2 = e1 + a +b
a = e2 – e1 –b
Se, por outro lado, os erros de perpendicularidade do esquadro de referência não forem
conhecidos, torna-se necessário complementar a medição descrita anteriormente por
mais uma representada na figura 6.10.b. O esquadro E1 a ser verificado, é colocado
lado a lado com o de referência E2 e, usando o bloco padrão e3 de comprimento
conhecido mais a régua de fio F medem-se, por intermédio de uma composição de
blocos-padrão e4, a diferença dos erros reais de perpendicularidade na altura L. Três
casos são possíveis:
( e2 − e1 ) + ( e4 − e3 )
a=
2
( e2 − e1 ) − (e 4 − e3 )
a=
2
NOTA: O uso de blocos padrão e1 e e3, nas medições, de acordo com as figuras 6.10.a
e 6.10.b, respectivamente, deve-se a motivos práticos. Se encostarmos os esquadros e a
régua de fio diretamente seria difícil medir a fresta estreita surgida, já que os erros são,
comumente pequenos.
11
Capítulo 7
CALIBRADORES
7.1 INTRODUÇÃO
A fabricação de calibradores exige uma técnica apurada visto que suas tolerâncias
não devem exceder de um quinto a um décimo das tolerâncias da dimensão a verificar.
Calibradores de roscas, por exemplo, apresentam tolerâncias de fabricação que partem
da ordem de ± 4 µm. Para realizar a calibração destes padrões é necessário, portanto ,
padrões com baixa incerteza de medição.
1
Para minimizar custos e tempo no controle, surgiram os calibradores ajustáveis que
permitem a verificação de uma faixa de dimensões ( figura 7.1.b ).
2
refugo " possui duas superfícies de contato pontuais. O calibrador não deve em nenhuma
posição encaixar no furo.
Como pode ser observado, as tolerâncias de fabricação são bastante mais estreitas
e deve-se prever o próprio desgaste no lado passa. Maiores detalhes podem ser
observados nas normas DIN 7162 A 7164, por exemplo.
3
Figura 7.4: Calibrador de profundidade.
4
Figura 7.6: Calibradores de folga.
5
Figura 7.8: Calibradores para furos e rasgos.
6
Figura 7.10: Tolerância para calibradores
DIN 7162 a DIN 7164.
Para verificação de furos são fabricados aos pares: um com a dimensão máxima e
outro com a mínima da peça. Devem ocupar na peça uma posição que define
geometricamente o elemento a controlar. Assim o calibrador haste para furos deve ser
situado numa posição perpendicular a duas geratrizes opostas, a fim de confundir-se
com um diâmetro.
7
Figura 7.12: Calibradores de boca e calibradores planos.
O lado passa tem uma rosca com o perfil completo e deve ser enroscado
facilmente. O lado não passa é mais curto e possui de 2 a 3 filetes cujos flancos estão
8
rebaixados na parte dos diâmetros externos e do núcleo. O mesmo não deve poder ser
roscado.
O diâmetro liso, do lado não passa do calibrador, serve para verificar o diâmetro
do núcleo da rosca interna. Na figura 7.11.a é mostrado um calibrador cilíndrico
anular.
O sistema "A" é indicado para uso onde métodos de controle de produção são
empregados para garantir a elevada qualidade da rosca, enquanto o sistema " B " é
indicado para uso onde um controle adequado da produção não foi estabelecido.
a) Sistema A
9
Figura 7.14: Calibração de roscas cônicas: sistema A.
b) Sistema B
10
Figura 7.15: Calibração de roscas cônicas: sistema B.
Aos valores das dimensões nominais dos calibradores são também atribuídas
tolerâncias, de sorte que sempre teremos um dos casos:
11
De rosca cilíndrica.................... NBR 5876,6159,6160 e 6161,DIN13 e 159,ANSI B1.1
De rosca cônica....................... NBR 8018, USAS 2.1, BS 2.1 DIN 2999
12
Capítulo 8
MÁQUINAS DE MEDIR
8.1 INTRUDUÇÃO
1
medição (figura 8.2). A incerteza de medição para comprimentos é da ordem de
±(0,5+L/1000 ) µm.
2
Os microscópios, assim como os projetores de perfil podem operar pelos métodos de
projeção episcópica e diascópica, conforme estejam a fonte de luz e imagem projetada
do mesmo lado ou em lados opostos em relação à peça, respectivamente.
3
a) Máquina de medir cames
São máquinas previstas para medições em coordenadas polares, onde angulares são
obtidas em um cabeçote divisor e a posição linear por um computador óptico ou
mecânico (figura 8.6). Além de cames, são adequadas ainda para a medição de
rodas dentadas e eixos ranhurados.
Sua forma construtiva e princípios de medição permitem obter grandezas como: perfil
da envolvente, inclinação da hélice, diâmetros, passo, espessura de dente,
concentricidade, e outros. Atualmente, com a associação de comando numérico e
computador, foi ampliada ainda mais o potencial destas máquinas.
4
Figura 8.6: Máquina de medir cames.
5
Capítulo 9
9.1 IMPORTÂNCIA
Com base nos sistemas de medição de deslocamento das máquinas de medir por
coordenadas, é possível conhecer a posição que um elemento localizador ocupa dentro
do espaço de trabalho da máquina (figura 9.2). Este localizador, operando por princípios
eletro-mecânico e articulado, é chamado de apalpador. Esclarecendo de modo grosseiro,
1
ele relaciona o ponto de contato do seu sensor com a peça a um ponto de referência
conhecido dentro do sistema coordenado.
2
Figura 9.2: Medição de coordenadas: exemplo de medição.
3
Figura 9.4: Formas construtivas de máquinas de medir por coordenada.
9.4 APALPADORES
4
Figura 9.5: Localizadores.
6
Figura 9.8: Máquina de medir coordenadas (tridimensional).
7
- Método diferencial, que consiste na associação dos valores indicados por um
apalpador medidor com os valores coordenados das escalas da máquina após o contato
com a peça;
Observa-se que as medições feitas pelo método diferencial são estáticas, ao passo
que com o método absoluto elas são dinâmicas.
A qualidade dos resultados de uma MMC é função, em primeiro plano, dos erros
de medição das coordenadas. Portanto, para alcançar bons resultados deve-se garantir
que a máquina tenha movimentos relativos geometricamente bem definidos, com
mínimos erros de retilineidade, ortogonalidade, planicidade, etc (mínima distorção do
sistema coordenado em relação ao ideal). Isto implica em uma estrutura bastante rígida,
de precisão e estável. As fontes de erro em uma máquina de medir coordenadas são
muitas e estão indicadas no quadro na figura 9.10.
. Part 1 - Generalities
8
. Part 3 - Components of measurement diviation
9
simula a associação de todas as componentes de erros, determinando o erro que a
máquina comete em cada ponto.
c) MMC com Comando Numérico (CNC) e computador (figura 9.8). Com este
sistema dispõe-se da capacidade de programar a medição de uma peça, que desenrolar-
se automaticamente. O programa é armazenado no computador, que transfere os
comandos específicos ao CNC.
10
A figura 9.12 mostra o resultado apresentado na medição dos flancos dos dentes de
uma engrenagem, de modo totalmente automático. Como resultado obtém-se um gráfico
com a representação dos erros dos flancos em relação à geométrica ideal pré-definida.
O programa de medição de uma peça pode ser gerado por um computador de maior
porte, dotado de um software que elabora a estratégia de medição a partir da geometria
nominal da peça. Mais usual entretanto é a técnica de programação por aprendizado. A
medição da primeira peça
(ou padrão) é realizada semi-automaticamente por um operador especializado que define
os pontos de medição, estabelece a seqüência de medição, o percurso do apalpador e
informa os valores nominais da geometria e a respectiva tolerância. Nesta primeira fase,
o computador permanece no modo “aprendizado”, onde vai armazenando
seqüencialmente todas as informações de operação. Para as demais peças, o
computador é colocado no modo “medição”, repete todo o ciclo, efetuando o controle,
o processamento e a documentação
pré-estabelecidos;
11
Figura 9.13: Máquina de medir por coordenadas com proteção contra o ambiente e troca
automática de sensores.
Figura 9.14: Centro de medição com dois cabeçotes de medição e troca automática de
sensores.
12
Figura 9.15: Máquina de medir por coordenadas (1).
13
Figura 9.16: Software de controle manual com capacidades 3D.
O custo de uma MMC ainda é bastante alto. Nos países desenvolvidos, onde a
mão de obra tem um custo muito elevado, a medição de uma peça com certo grau de
complexidade já é significativamente mais econômica com uma MMC do que aplicando
a instrumentação clássica. Na avaliação comparativa dos custos, devem ser considerados
aspectos como: custo do investimento, depreciação, custo da área de trabalho, facilidade
para preparação da medição (programas), tempo de medição, tempo de processamento,
manutenção dos sistemas e assistência pós-venda, tamanho dos lotes, capacidade de
comunicação com outros sistemas computacionais (troca de dados), etc.
14
Não são computados no estudo econômico as vantagens para o sistema produtivo
advindos de um tempo de controle bastante reduzido, especialmente, quando se trata de
verificação de peças ponta de série, com a finalidade de checar a regulagem das
máquinas. Outro aspecto favorável, difícil de traduzir financeiramente, é a possibilidade
de solucionar problemas metrológicos de difícil solução com os recursos clássicos.
16
Capítulo 10
10.1 INTRODUÇÃO
1
A tendência que se observa no campo do controle de qualidade geométrico é
visualizada na figura 10.1. A informação sobre a situação geométrica do componente-
produto é buscada com o intuito de verificar se a peça está dentro ou fora das
tolerâncias, isto é, se é boa ou não. O controle dimensional do produto acabado, como
única operação de controle na processo produtivo, pode ser altamente prejudicial em
função de refugo de grandes lotes e de ser altamente sujeito a erros. Isto faz com que
estações de controle sejam levadas junto ao processo de usinagem com o intuito de
identificar, mais cedo, o aparecimento de peças fora de comportamento dos meios de
produção e, através de realimentação, corrigir o processo de forma que não se efetive o
aparecimento de dimensões fora de tolerâncias, isto é, produção com “refugo zero”.
Exemplos são os sistemas automatizados de controle estatístico junto ao processo de
fabricação.
Com o intuito de, entre outras razões evitar retroação sobre o objeto, de simplificar ou
eliminar dispositivos de medir durante uma operação de fabricação ou transporte,
desenvolvem-se intensos trabalhos de pesquisa em sistemas de medição eletroópticos,
utilizando laser, fotodetetores, câmaras de vídeo, etc.
Este sistema possui recursos estatísticos para avaliar o valor médio, máximo, mínimo e
a dispersão do lote de peças medindo (ou do trecho amostrado no caso de processos
contínuos). Outra característica interessante é o fato deste sistema comparar o valor
medido com um valor de referência e enviar um sinal analógico proporcional a esta
diferença que é muitas vezes usado para realimentar a máquina e corrigir os desvios do
processo.
3
Figura 10.4: Micrômetro laser.
4
bastante demorado pode ser otimizado com um sistema como configurado na figura
10.6. A máquina de medir por coordenadas seguir um programa de medição pré-
estabelecido, e os resultados são levados máquina-ferramenta correspondente através da
rede de comunicação. Esta etapa antecipa significativamente o início da fabricação, eleva
a segurança das informações e permite realimentar automaticamente o comando
numérico (CNC) com valores que otimizam a incerteza da fabricação. Esta técnica pode
ser estendida a outras amostras durante a produção do lote, sendo, neste caso, a
operação de medição efetuada em paralelo, mas com realimentação de informações
para o processo.
Como pode ser facilmente concluído, uma máquina de medir pode atender diversas
unidades de fabricação.
5
Figura 10.7: Instrumentos e dispositivos de medição ligados ao sistema de controle do
processo.
A operação de medição pode ser feita por operador ou por robô industrial,
especialmente quando este equipamento já está presente para realizar a alimentação da
unidade de fabricação.
Para peças mais complexas, produzidas dentro de uma “linha transfer” ou célula flexível
de fabricação, pode-se colocar junto à unidade de fabricação, máquinas de medição por
coordenadas, como mostrado na figura 10.8. Um processador especial faz a
interpretação das informações e comanda a realimentação do processo de usinagem.
6
Figura 10.8: Medição por coordenadas ; integração a uma linha transfer.
7
simultânea ao processo de usinagem (sem tempos secundários), a sua realização prática
tem-se mantido muito restrita em função de falta de sensores adequados, que possam
operar sem interferência das rudes condições de usinagem.
8
Figura 10.11: Medição simultânea ao processo de fabricação.
9
Figura 10.12: Rede de comunicação local, interligando estações de medição (EM), com
possibilidade de controle estatístico do processo via estação e documentação.
10
Capítulo 11
MEDIÇÃO DE ROSCAS
São 5 ( cinco ) os elementos principais que definem uma rosca cilíndrica ( veja a
figura 11.1, letras minúsculas para o parafuso, maiúsculas para a porca ), ou seja:
- diâmetro externo d, D;
- diâmetro do núcleo d1, D1;
- diâmetro de flancos d2, D2;
- passo h;
- ângulo de flancos α, sendo os semi-ângulos de flancos α1 e α2.
Na figura 11.1a, encontram-se estes elementos desenhados num corte axial que
passa pelo eixo da rosca. Apenas neste plano aparecem os flancos da rosca como retas,
sem distorção.
- as folgas, sendo:
1
- o ângulo de avanço ∅, sendo tg ∅ = h/(d2)
ou, para os ângulos pequenos, quando a tangente fica substituída por ângulos em
radianos.
∅ (graus) = 18,25 (h/d2)
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Para a rosca métrica o valor do ângulo de flanco é 60° ( sendo os semi-
ângulos α1 = α2 = 30° ). Além disso a norma ABNT NB97, entre outras, prescreve
quais diâmetros nominais devem ser usados preferencialmente, quais diâmetros são
complementares, de forma que a combinação do diâmetro nominal com certo valor
numérico do passo deve ser considerado como normal, e quais combinações podem ser
usadas opcionalmente: as normas prescrevem também os valores numéricos de t, t1, t2,
arredondamentos, etc.
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métodos ópticos de medição de roscas, caracterizados pelo uso de um microscópio (
com vários acessórios ).
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11.2.2 Métodos Mecânicos de Medição de Roscas
A medição do diâmetro externo de roscas por meios mecânicos não difere das
medições externas de cilindros lisos.
Devem ser levadas em consideração em cada lado da rosca pelo menos duas
cristas dos filetes. No caso de passos grandes pode-se lançar mão de corpos auxiliares
como por exemplo, dois blocos padrão a cada lado da rosca.
b) Medição do passo
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Nos dois métodos apalpa-se o flanco ( ou os flancos ) com algum apalpador de
medição conveniente. O mais frequente nos métodos mecânicos é o apalpador com
ponta esférica. No primeiro método encosta-se o apalpador sempre sobre o mesmo tipo
de flanco ( por exemplo, sempre o esquerdo ) e mede-se o referido deslocamento do
apalpador. Este método é menos seguro, visto que o posicionamento pode não ocorrer
sempre na mesma altura dos flancos consecutivos.
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c.1) O método dos três arames
O princípio deste método está esquematizado na figura 11.5. Num lado da rosca
coloca-se, entre dois filetes, um arame e no lado oposto da rosca, dois arames
semelhantes.
Arames com este diâmetro tocam o flanco exatamente na sua linha média, onde
teoricamente deveria ser medido o diâmetro. Na prática, porém, isto implicará em
grande quantidade de diâmetros dos arames ( para vários e vários h ). Por motivos
econômicos, são usados jogos de arames com diâmetros normalizados, sendo que
então faz-se necessária a devida correção matemática. Os diâmetros dos arames
normalizados são citados a seguir ( em mm ):
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calibração dos mesmos, na equação de determinação do diâmetro de flancos. Por
exemplo, um erro no diâmetro dos arames igual a 1 µm, gera no diâmetro de flanco de
uma rosca métrica ( ângulo de flanco igual a 60 ° ) um erro sistemático de 3 µm.
O valor da leitura sobre arames pode ser deduzido se for estabelecida a premissa
de que no corte axial da rosca forem alojados não arames, mas sim, discos de
espessura infinitamente fina, com o diâmetro dD de arames. Neste caso a partir da
figura 11.5b, podem ser deduzidas as relações trigonométricas A,B, anotadas nesta
figura.
Este resultado tem valor apenas teórico, já que na realidade, a medição não é
feita por intermédio de discos finos ( como acima pressuposto ), mas sim com arames de
certo comprimento, que tocam os flancos em planos perpendiculares à hélice da rosca e
não no plano de corte axial. Portanto, o ângulo de flanco teórico que se estabelece com
o contato do disco fino não é o mesmo ângulo no qual ocorre o contato efetivo do
arame.
Estas condições especiais de contato entre arames e flancos deve ser levada em
consideração pela correção δ 1 a ser substraída do resultado acima deduzido porque o
arame fica para fora da posição ideal, o que faz com que o valor de Mo seja maior do
que o correto.
d
δ = D . p . cos(α/ 2).cot g (α/ 2)
2 (11.2)
1 2 π2 d2
2
sendo apresentado, aqui sem dedução. Este valor pode ser encontrado também a partir
de tabelas especiais.
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Como exemplo, tem-se, na figura 11.6a, uma tabela referente as roscas métricas
ISO normais. O valor M lido na 5a. coluna desta tabela vale para a força de medição
zero.
Na realidade não se mede neste método com a força nula, de modo que ocorre o
" erro por achatamento " , ou seja, os arames se deformam sob a força de medição
verdadeiramente usada na medição, e o resultado obtido é menor do que sem
achatamento. O erro pode ser eliminado pela introdução de uma correção cujo valor
para α = 60º, é:
K2
C δ K = 0 , 86 . 3 (11.3)
dD
Este valor pode ser obtido a partir do gráfico na figura 11.6b ou calculado como
produto entre o valor de δ K, retirado da penúltima coluna da tabela na figura 11.6a, e
o coeficiente C = 3 K 2 onde K é a força de medição em N.
Os valores de M dados nas tabelas são calculados para os valores dD dos arames
que constam do jogo normalizado e para os valores teóricos de α/2 = 30º (perfil
métrico perfeitamente simétrico) e do passo p também teoricamente correto. Se qualquer
destas grandezas sofrer alterações, torna-se imperativo, para se obter confiabilidade dos
resultados, introduzir correções adicionais. Apesar de que alguns elementos para o
cálculo das correções constarem na última coluna da tabela na figura 11.6a, não serão
os mesmos abordados neste curso. Portanto, a fórmula final para cálculo do diâmetro
de flanco fica sendo:
dD P
d 2 = M 0 − + . cot g (α / 2) − d D − δ1 + CδK (11.4)
sen(α / 2) 2
O prisma deve ser inserido na ponta sem folga, porém, facilmente girável, já que
no momento da medição deve se acomodar sobre o flanco de acordo com o passo da
rosca.
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Porém, este método não deve ser empregado para um controle rigoroso do
diâmetro de flancos de calibradores de rosca, já que a incerteza de medição de
processo é elevada, isto é, não adequada para calibração destes padrões.
p2
(11.5)
X = d + p .cot g (α ) + 8
2 2 2 d
d + p .cot g (α ) − K
2 2 2 sen(α )
2
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Figura 11.8: Medição de roscas internas.
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figuras gravadas aparecem no campo visual do microscópio junto com a imagem da
rosca a ser medida.
A medição por este processo é feita tangenciando os gumes das facas de medição
nos flancos da rosca, num plano horizontal, coincidente com o eixo axial do calibrador.
Estas facas tem, paralelamente ao gume, um traço fino que é utilizado como linha
auxiliar nas medições. Esta linha auxiliar é coincidente com o espaçamento entre os
reticulados na ocular goniométrica para determinadas aplicações pré-definidas.
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desenhos gravados; o resto é visível ao girar a placa por intermédio do parafuso
apropriado.
Para se ter uma idéia de todos os desenhos que constam em uma das placas, na
figura 11.9b, tem-se o caso bastante típico da placa giratória para a medição de roscas
métricas ISO.
Constam na placa:
- R - duas figuras perpendiculares, com traços duplos, usadas como miras para o
começo e o fim de um caminho de medição, na direção dos eixos X e Y,
respectivamente;
- E - linhas tracejadas oblíquas, com ângulo de 60º (intercalados com escalas D),
usadas para a medição do ângulo de flancos;
- G - uma figura de traços duplos, com 60º para a medição de passos de roscas.
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