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Sociologia Criminal
O CRIME E OS CRIMINOSOS
“Prazer de fazê-lo”.
(Schopenhauer)
SOCIOLOGIA CRIMINAL
O nexo do Direito Penal com a sociologia criminal é o mesmo nexo do Direito com a
sociologia jurídica. Se o crime, como fenômeno social, exige estudos apurados pela ação
turbativa que provoca na vida societária, também outros fatos sociais, de que o Direito
cuida normativamente, são relevantes para o bem comum. Desajustamentos sociais que
nem sempre vão desembocar no crime criam situações contrárias aos interesses coletivos,
e tudo em conseqüência de problemas também afetos à ordem jurídica.
É a ciência que estuda o delito como fenômeno social, melhor colocando, a criminalidade
em toda sua complexidade, e a pena como reação social em suas origens, evolução e
significação e em suas relações como demais fenômenos sociais relacionados com uma e
outra.
DIREITO E SOCIOLOGIA
A ciência do direito é uma ciência normativa, ocupa-se das normas que compõem um
ordenamento jurídico, sistema que se considera dotado de validez. Não existe acordância
sobre o que designa e, para tanto, pode referir-se às normas positivas, como as fontes que
surgem dos costumes, das tradições ou da conduta, que se expressa por meio delas.
O último enfoque seria sobre o fato social, que estudaria as condições e aplicação do
direito na sociedade, e sua relação com outras normas.
AS ESCOLAS SOCIOLÓGICAS
As escolas sociológicas vez que estas ressaltam não somente a importância do "meio" na
gênese da criminalidade, como também observam o crime como "fenômeno social".
A ESCOLA DE CHICAGO
Teoria ecológica
A primeira investigação dirigida para a criminalidade de uma cidade foi em Chicago nos
EUA em 1927 foram feitos levantamentos sobre 25 mil pessoas de 1313 bandos de
delinquentes e concluiu-se pela existência de um país ou território dos bandos.
A Escola de Chicago, berço da moderna sociologia criminal, não obstante não trate
especificamente de violência, mas sim da criminalidade urbana, tem como temática
preferida o estudo daquilo que poderíamos denominar a "sociologia da grande cidade", a
análise do desenvolvimento urbano, da civilização industrial e, correlativamente, a
morfologia da criminalidade nesse novo meio“
A ESCOLA DE CHICAGO
chicago
Tal teoria, da qual Durkhein (1858-1917) é o seu maior expoente, defende que em
qualquer tipo de sociedade bem como em qualquer momento histórico haverá um volume
constante da criminalidade e, por conseqüência, do nível de delinqüência. Admite o delito
como comportamento normal que pode ser cometido por qualquer pessoa de qualquer
das castas sociais, derivando não de anomalias do indivíduo, tão pouco da desorganização
social, mas sim das estruturas e comportamentos cotidianos no seio de uma ordem social
intacta.
Conforme Durkheim, a anomia seria uma crise moral da sociedade, uma patologia gerada
por regras falhas de conduta.
Merton, por sua vez, entende que a anomia ocorre quando existe uma disfunção entre as
normas e as metas culturais com os meios institucionalizados, de forma que os indivíduos
acabam por recorrer a comportamentos de adaptação para atingir as metas culturais
existentes na sociedade.
TEORIA DO CONFLITO
Tal teoria contempla o crime como fruto dos conflitos existentes na sociedade, sendo
certo que nem sempre tais conflitos são nocivos a ela. "O comportamento delitivo é uma
reação à desigual e injusta distribuição de poder e riqueza na sociedade” (5).
Teorias do conflito não-Marxistas - O crime nada mais é do que um resultado normal das
tensões sociais e carece de significado patológico;
MARX
Teorias do conflito marxistas - Estas contemplam o crime como função das relações de
produção da sociedade capitalista. O delito é sempre um produto histórico, patológico e
contingente da sociedade capitalista. Têm suas raízes no pensamento de Marx e Engels.
TEORIA DAS SUBCULTURAS
A sociedade, como um todo, é formada por diversos sistemas de normas e valores dentro
de si mesma, sendo que tais grupos se organizam com seus próprios valores e normas de
condutas aceitas como corretas em seu meio, criando assim aquilo que se chama de
"subculturas".
Assim "a conduta delitiva não seria produto de desorganização ou ausência de valores
sociais, mas antes o reflexo e a expressão de outros sistemas de normas e de valores: os
subculturais"
DADOS DA FEBEM
Os menores infratores apontam como fatores que os levaram ao crime: exclusão social,
uso de drogas e falta de estrutura familiar.
“O que fez eu entrar pro crime (...) foi as necessidades que eu encontrei e que estava
passando... uma certa ambição também de ter as coisas (...) andar do jeito que todo
mundo anda, com dinheiro. A proposta que foi feita pra mim não foi a proposta de um
trabalho, de ter um trampo. A primeira proposta que teve pra mim foi pegar num revólver,
foi vender uma droga".
MENORES INFRATORES
"não ter emprego, falta de estudo e não ter oportunidade pra nós da periferia. Essa
situação chegou a um ponto que na vida do crime a gente ganhava alguma coisa".
"eu costumava roubar para usar drogas e usar drogas para roubar. Quando eu ia roubar eu
gostava de cheirar cocaína porque ela estimulava a violência, deixa você mais agressivo.
Então, eu tinha mais apetite"(10) .
"já tirei a vida de duas pessoas num assalta, mas, por mim não fez nem falta"
DADOS DA FEBEM - SP
"o primeiro ato infracional que eu cometi na minha vida foi esse homicídio. O que eu senti
num primeiro momento foi a revolta. Eu até não queria mas a revolta foi trazendo tudo
isso na minha cabeça e pelo ódio e pelas mágoas eu ajuntei tudo e cometi esse crime".
Sendo assim, em relação à educação podemos assegurar que não se trata de critério único
e determinante na delinqüência futura do homem; há se levar em consideração outros
fatores que, somados, PODEM criar uma personalidade criminosa.
"crêem os socialistas que, removidas certas instituições e attingido o ideal que ele
proclamam, cessaria a maior parte dos delitos (11) .
Em tais locais, por exemplo, ademais do contato diário da violência com os moradores,
suas próprias condições refletem a falta absoluta de condições humanas de vida; as
pessoas vivem ao lado de esgotos, "moram em residências" sem o mínimo de estrutura,
sem falar da precariedade de subsistência frente sua condição social
INFLUÊNCIA ECONOMICA
O que ocorre - certamente - que a falta de condições econômicas refletem e geram outros
maus; a desigual repartição da riqueza condena uma parte da população à miséria, e com
esta à falta de educação, de moradia, de alimento, de condições mínimas de
sobrevivência, de falta total de esperança num futuro pouco melhor.
Os abastados trazem consigo diferentes fatores que os levam ao crime. Algumas vezes, "o
pobre" rouba visando o sustento de seus familiares, ou ainda, o faz em busca de melhores
condições de vida. O "rico", de outra feita, já dispõe de tudo que necessita porquanto se
alimenta com dignidade, sua família detêm certas "regalias", não possuindo, a priori
"desculpa para roubar".
PARA REFLEXÃO
Utópica e hipoteticamente refletindo, não podia ele dispor de seus bens em excesso a
favor daquele que não os tem? - Assim não sendo, necessita ainda de mais, e, sobretudo,
precisa delinqüir para alcançar este algo mais?
O que diverge da antagônica realidade do "pobre" e do "rico" é o crime (meio) dos quais se
utilizam para "saciar" seus desejos; O primeiro se vale do furto, do roubo, do seqüestro; o
segundo das falsificações e das fraudes de toda espécie, visando essencialmente a
obtenção de mais riqueza (monetária). De certo que os crimes mais violentos estão ligados
à camada mais baixa da sociedade, mas são, senão, variantes de um mesmo delito natural.
QUESTÕES
O homem é fruto do meio ou o meio social é fruto do homem que nele vive?
Para aqueles que acreditam na influência ímpar de cada critério, como explicar sua eficácia
(ou não) frente os criminosos natos?
Devemos assim nos voltar para a base da formação que é a família e com igual razão ao
Estado como garantidor de condições mínimas de humanidade. A família por sua vez -
berço de um futuro sólido - só se fortifica se o Estado se coloca como sua base primária
‘Qualquer motivo é idôneo para impulsionar alguém a ter ou deixar de ter determinado
comportamento, ainda que considerado socialmente inadequado ou absurdo; na verdade,
toda ação possui uma lógica interna, orientada para a satisfação de uma necessidade
primordial de sobrevivência, de segurança ou de amadurecimento, tais como o amor,
estima social, auto-estima ou sensação de pertencer a um grupo, qualquer que seja
ele’(12)
CONCLUSÕES
É óbvio que as dificuldades econômicas pelas quais passam nosso país, refletem na
população em geral, sobretudo nas camadas mais pobres, na grande parte miseráveis;
contudo isso não importa necessariamente em que se tornem criminosos.
Vários são os exemplos de que pobreza não implica em conduta criminosa, sendo o maior
de todos, no nosso ponto de vista, aquele em que o indivíduo se coloca como um animal
de carga e passa a puxar um carrinho no qual deposita papelão ou ferro velho, para
sustentar a si e à sua família. Tais pessoas preferem o caminho mais difícil, ou seja, passar
fome a cometer delitos.
Os que o leva a não cometer crimes é difícil responder, mas sem dúvida, tal resposta se
baseia, necessariamente, na sua personalidade (sentimento, valores, tendências e
volições).
CONCLUSÕES
Não podemos assim responder se o homem violento é produto do meio em que vive ou se
ele forja tal meio ao seu talante, ou seja, se o meio é produto do homem; no entanto, com
certeza, podemos dizer que a grande massa de miseráveis, principalmente aqueles que
coabitam em favelas, convivem no seu dia a dia com um alto grau de violência, comparável
somente a Estados que se encontram em constante guerra.