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6.2 0 Marxismo Tradugto de J. GUINSBURG 5° EDICKO DIFEL Séo Paulo — Rio de Janeiro CAPITULO A SOCIOLOGIA MARKISTA OU O MATERIALISMO HISTORICO Como sociologia elentiticn, o marxiamo possul um no- me agora eldssico: @ 0 matoratiemo historic, Do ponto de vista soclldgica, 26 oxistem os indivi. duos ead suas relapses, A sociedade, como entidade eral, flo tem qualquer existéncle seperada dos individuos que 2 compGem.. Nao hi ger coletivo, alma de povos ou de grt fos, Isto nio pasea de qualidades opultas, laveutadus por fociélogos que se julgam clentiatas © nfo passam de meta- fisieos. Sob o nome de “sociedade” em geral, elevam a0 Eran de verdade absoluta certas ou todas as caracteriti- as da socledade existente. 880, pols, de fato, por vezes com o6 melhores Intultos do mundo, os apologistas desta Sectedade, os seus idedlogos. Nao compreendem o devir da Sociedacle'conereta, nem a sua estrutura real, por sua vez mutavel Os seres humanos fazem a sua vide (social), a sus historia ea histGrla geral. Mas no fazom a histéria em condigges por eles escolnidas, determinadas pela sua vor fade Sem duvide desde o prinefpio da humanidsde, o ho- mem (social e individual) @ avo, mas néo se trate, de modo algum, de uma atividade plena, livre e consciente ‘Na atividade real de qualquer ser humano, hé uma pareela Ge passividade, mals OU menos grande, ¢ que dim com © progresso do poder e da consclénela humana, mas nunca Gesaparece de todo. Par outras palavras, devemos anali- sar dleticamente a atividade humana. ‘Nela se misturam fs atividade e a passividede. Na sua agéo, a0 modificar a natureza ¢ 0 mundo que o envolve, oindividuo safe a acf0 de eondicoes que nao criow: a natureza em goral, a sua propria natureaa, os demais seres humanos que 0 ceream, Es modalldades ja constituldas de atividade (tradigocs, Utensils, divisdo e organizacao do trabalho, ete). Gra ‘gas & sua propria atividade, os inlividuos contraem, pols, Geterminadas relagdes, as relazdss soviis. NGO podem Gesligar.se destas relagoes; a sua existencia depenite de~ las, bem como « propria nattress da sua atividade, os li- ilidades Assim, a sua ecnscléncia no cria essas condigdes, mas, ao contrario, compromete-se helas, sendo, portanto, determinada por clas (ainda que intervenia de fato epossa, por vez, libertarse dela, seri apenas para se langar no imagindria e na abs'racio). As sim, a5 Telagdes em que o individuo participa necessari mete, pols ndo pode laolar-ee,coustituem © cer social de ada Individuo; e ¢ este ser social que determina e cone leneia, e ndo a consciéncia que determina 0 ser social Deste modo, o camponés tem ums conseiéncia e idélas de camponés; evidentemente, alo 6 sua coaseiénela nem as ‘suas idéias que eriam a sia ligacdo com a terra, a orgeni- zagdo do seu trabalho, os seus instrumentos, as suas rela- {G6e5 com os vizinhos, com a sua comuna, a'sua regio, 0 Seu pals, etc. Poderiamos multiplicar os exemplos, Mes- Imo sendo verdade que, no decurso do seu desenvolvimento, 4 conseléncia e o pensamento se ibertam dos lagos Ime- Giatos e locais (relagées simples com o ambiente), nunca 50 deallgam doles, Admiti-o seria aceitar a llusio ideolé- gica e fdealistal © alargamento e 0 aprofundamento dx onsciéncia, o aparecimento e a cousolidagto do pensamen ‘to racional dependem, por sua vez, de condicdes préprias zag relagdes socials (go desenvolvimento das comunica- (Ges e das trocas, na vida social que se organiza e se con entre nas grandes cidades comereiais e industrial, ete). E agora, o que so, essenclalmente, estas relacdes ciais? Sem davida sfo'e se nos afiguram, sobrotudo na fossa época, extremamente complexas. 2 poasivel desen~ redar do seu entrelacamento relagoes fundamentals? & 56 — andares eee en ty cx rs Soe eee rae eee eee Each Say, semuae w emmnte ate eee Saree eee ice Ti ee ees Sa eee gl aimee a ee eee 12 loan eee oe Eee eer Sloss aoe tea Teas cee ayn twee eres Sa ec want Sot oe Sights uta Sethe Sera aera anit unacr tie orate gy ons or ee fo mens com a natureea e dos homens entre si, no seu traba- Iho. © que vorifica esta andlise? Be inicio, as condicées naturals, mais ou menos profundamante modificadas pelo hhotiem, “Eo campo da eléaels que denominamos amide geografia humana, elénela que poaail um objeto real ¢ 56 Se ehgana quando’o isola e deixa de lado a historia, Hsta fndlise preocupa-se com o estudo do solo, do clima, dos Flos @ dos eursos de dua, com as suas influéncias no po- oamento, com o subsolo, a flora eepontnea ou importa: a, ete tecnologia: esta eléncia,cujo objeto 6 real, ineorte no mes to erro a0 encarélo toladamente, Com efeto, a ferra. zmenta, o istrumento, ¢ inseperavel do seu uso. A descr {io techoldgica do utenailo ho deve eaquecer gue ee = flea ume divisso do trabalho, «que, ald dios, eta org ‘langdo do trabalho pode, em certs medida, evolir sepa. raddamente ¢ reagircobre'o so, 0 Fendimento e 0 aperfel Soamento do iastrumental ‘Ag relaghes de producto, revlam, pols, luz da. an- tise, tie fatores 08 elementos" 8 condigoce natura, 8 onions © 4 orgonisngda e a dvista do trabaiho sbi Sem divida, se nfo prineplarmos por esta endlise, no compterndeeioe «extra de sha sociedad, « tii ‘inde dos individvos que a compdem, « sua distribugao ¢ ‘nuns sltungdes reclprocas. a Estes trés elementos formam aquilo que o marxismo denomine Jorgus produtias de uma Seterminada socleds- ae. 4B também evidente que eada um Aéssea slementos & passivel de aperfelgoamento e desenvolvimento, # possivel explorar, eada ver melhor, os recursos na turals de uma regido; Gecobremse novos recursos, ou Tornam-se suscetiveis de uso humano os cbjetos naturals jue ndo 0 eram; assim, toda as matérias-primas foram lescobertas e aproveltadas no decurso do desonvelvimen- te econdmico 58 Do mesmo! modo, aperteigoase 0 instrumental. A consclénela intervém continuamente na invengHo teenies, Sem poder, ali, desligar-se do process tot, pols a in” ‘venedo nada faz senfo resolver of problemas apresentades pela teenie existent, Quando gurge tm novo instrumental, este reage sobre as relagées socini, exigindo nove zepaytigdo das foreas hhumanas que o animam. Alta, tis requisitos da tecnica levam, sem cessar, a conseqiéncias imprevistas, que fogem a couseigncla, a vontade e uo controle humane: o mesmo Acontece com qualquer modifieaglo nos produtos (por ‘Semple, 6 deslocamento des centros de produgso © dom ‘mereades trruina iodividuos ou regibes intelras, etc). Tal ato, sem dvida, contribaiy bastante para © horror na tural dos homens, até a époce modoraa, he mudangas, © para a manutengto do statu quo por meios Heolégicos, ‘Couvém cbservar quo um instrumental s6 € adotado quando corresponde a ume neccasidade. A tecnologia vé- “Se, assim, na contingtncia de distinguir & invengdo ou a introducdo de uma ferraments, o ses emprego,a ares da fla extensdo, as neceasidades que sasfaz, as Totnes (Udecloglas) que se opunham @ ada implantacdo, O fator {onic repetimos, nao ¢-0 Unieo, nem & inokivel; Marx precede os teenblogos ¢ abriucthés camlaho a0 sprofun- far a andlise. Isto significa que devemos eonsiderar a divisio teabalho o ae relagGeo nela implittas como ti de eo tibora nao eepardvel. A diviedo do trabalho tem ensequéncias eapeciicas,expecialmente a partir do estabelecimento du diviedo entte trabalio material © @ trtalho ndo-matorial (funcdee de Arwgho, de comando, le adminiatragdo; fungbes inteloctinis). Teis coneegtn” las desenvolvem-ae, em grande parte, além dae previsdes, da controle eda vontade des homens” O fato de bs el. ‘ioe wal aptos Grigvem # atividade de outros Individuos ‘num dado grupo social constitu je um progressa, O fato de a condigoes que possblitam eate frogresso tArmbém Permitirem a uma casta ou a uma claste agambarear at Rincces diretivas consti, multas veves, ulna realidade ‘verificdvel na historia; dai que as conseqézelas tenkam 59 surpreendido main de uma vee om contemporineos desses fates i Decorre desta andlise que as forgas produtivas so de- senvalvem no decurso da bistria,pooruido cada elemen- fo do conjunto.o seu proceso particular, sem poder Iso lave dele. Da tmblm reuta gut] detenvlviento for as produtivas (st € do poderio humano sabre a atare- 2) Sonserva, no teanccurao de histria, ao caructeriateas Gv um processo natural. Com efeito,o ae desenvolvimen- {to cacapa so controle, & consciencia © & vantade dos ho- ‘hen embora se tate'da ua atividadee doa frutos da su Atividade. Nao € este o sentido de toda historia dos po- os, das institugoes © das eins? io que a consciéneia humana scja ical, ineticaz Muito ao contrésio, Como vimes na parte fllsofiea da presente exposiog, a propria eoneeiénsia nasce,cresce © ‘rola natarainiente, 20 Geseoroisr deste procesto nats: Tal. Nao obstante, #0 pelo marsiamo © nd marxismo se {ransforma em conseiénela plen, cm conheclmento racio al, capaz de dominar e dirigir | proceaso. O eressimento das forges produtivas © do poder do hhomem sobre a natureza percorre diferentes graus ‘els, Hate poder 6 main ou menos grande; esta forges pro- ‘utivas mals ou menos desenvolvidas nto sto albelat 20 {grau de cvilzacto alcancado por uma determinada sccie ‘inde. Longe dato, Se toda a cultura apresenta tse ori sinalidade qualitative, uso debe, por nso, de aupor certa ‘Guantidade de riqueza. A relagao do homem com « natu. fsa, ou seje, o seu domiaio sobre la condiciona © sua Independéncia erente ea, « soa iberdade, bem como @ a mancira de's desfrotar. As relagdea msperores © com Plexas, xpressas na cultura, inplicam e pressupgen ou Ero relativamente smmples, as reagdes de’ produgeo; tals Felagdes complexes nao ato iutrodunivels de fora na es: Gruttra de uma seiedade; logo, no podem ser desligadas desta noelodade @ etudadas em separado (0 desenvolvimento das forces produtiva, os graus, os ives stings, tem, portanto, sim Importdnla histriea fundamental, aloercam 0 ser social de homem ers dado 60 ‘momento o, por coneguste, a modaliddes dua cons- Ciesla dalsua eutar ‘Examincmos agora, em si mesmo, eae fato de impor- ttn ja demonstada’ @ diode do tabu. Esta acarrtn uma consegiéocia. inediata, 08 male xatamente, ligase « um fenbmeno sotil de prende Ek “asd ratios tl ear 0 da evolugdo hatrea, implica'n popriedade priced: More mostra que eres dois termos eho forelative, Cora ef, cr ett, lw de produto ay dire. iste, caem em poder de grapes ou de indus, por sua ver diferencias. O territinio# a terra, na qualnde Sana de rod, aon ome dest. Alem di go, nesta stay, x divisdo do tribal significa deaigan dade das tarefae As fangdes de mando, for exemple dis ‘ibgueme doe tbat material sta diferencagdo entre taretas“superiores”« “ine "loves" nio ofcreeria qualquer inonvenicts grave, se s0 ESataee do um eaenvalvionto individual ses Aigbes Siperiores coubeasem 20 indviduoy ma a tas encangon fo gue ainda ovorre nas chariadas 208 Aades primitvan) Maa »difeensiageo do trabalho gooey pauha'a formagdo de propricdade peivade © vemos, ro Eureo do desenvolviments Ratio, estes Gis feamenoe Feagindo um aobre o outro. as fungdes superior Peta {Sere aeambarcamento dos melon de produto: tortanese Ueredldsan so trenemitidan como propcdadee cma & broptledade, ‘On trabalnosinerores ner) acham “st exclude da propredade a0 rmesno tempo, dag fun. Ges nuperoren. ‘Quanto a eta, doa, Ste oto de fetencer aoe lndviguoy, ex stnformitace com se tess Aone naturas o eltiados, max ow grupos (eat indivi dios gue deen parcipamy’ gudo ata gar na ong: Seal de propmidade: Por outras palavras, os ind Aloe ascendem x fungdesitelctuin, pitas © adn ltrativan (que se diferencias ead vea"nas) em Faso des suas riuens particulates nko do seu valor soda _Siruem, enlao, aseser ‘Mare chara & etrutura socal — encarada 6 no na son felagda com a natuens Gorgas prodves. mas co “5

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