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Faculdade de Economia
História do
Movimento
Sindical
Português
Tiago Vieira
Janeiro 2005
Universidade de Coimbra
Faculdade de Economia
Autor do trabalho:
Tiago Vieira,
Aluno nº 20031720
em Janeiro de 2005
1 – Introdução 1
2 – Estado das artes 3
2.1 – Dos primórdios à 1ª República (- - 1909) 4
2.2 – Da 1ª República ao Estado Novo (1910 – 1926) 7
2.3 – O Estado Novo (1926 – 1974) 10
2.4 – Do 25 de Abril às perspectivas de futuro (1974 – -) 13
3 – Descrição pormenorizada do processo de pesquisa 16
4 – Ficha de leitura 20
5 – Avaliação de uma página da Internet 24
6 – Conclusão 26
Referências Bibliográficas 27
Anexo I
“Os trabalhadores e os movimentos sociais hoje”, capítulo da obra Agir contra a
corrente Reflexões de um sindicalista de Manuel Carvalho da Silva
Anexo II
Página da CGTP-IN avaliada
1 - Introdução
1
Não sendo uma cronologia de iniciativas levadas a cabo pelo movimento sindical
(greves, congressos, manifestações), optei por dar apenas algumas referências de
iniciativas de maior relevo para a compreensão da sua história.
Deste modo, entendi que a melhor estrutura para uma análise inteligível deste
trabalho seria a sua divisão em dois grandes grupos: o estado das artes e os outros
aspectos do trabalho. Dentro do estado das artes encontram-se quatro sub-capítulos, um
primeiro de análise dos primórdios do movimento sindical até ao início da primeira
república (1910), um segundo de análise de todas as transformações ocorridas no
decurso da primeira república (1910 – 1926), um terceiro de análise do Estado Novo
(1926 – 1974), e um quarto e último centrado no período desde a seguir ao 25 de Abril
até aos nossos dias, lançando já algumas ideias sobre o que alguns estudiosos apontam
como o futuro do movimento sindical. Em outros aspectos concentram-se a descrição
pormenorizada do processo de pesquisa, a ficha de leitura feita a partir da análise do
capítulo “Os trabalhadores e os movimentos sociais hoje” da obra Agir contra a
corrente de que Manuel Carvalho da Silva é o autor, e avalio a página da Internet da
Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses – Intersindical Nacional (CGTP-IN)
<www.cgtp.pt>
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2 – Estado das artes
3
2.1 – Dos primórdios à 1ª República (- - 1909)
4
enorme para uma viragem de fundo no movimento operário e sindical à escala mundial,
que teve também reflexos em Portugal, nomeadamente ao nível da mudança de
objectivos, que passa a ser agora o derrube do capitalismo e a construção de uma
sociedade nova. “A despeito de todos os seus erros, a Comuna de Paris é o modelo mais
grandioso do movimento operário proletário do século XIX” (Lénine, 1970). Na
verdade, será em 1871 que os trabalhadores portugueses aderem à Associação
Internacional de Trabalhadores – a Internacional – fundada em 1864 por Marx e Engels.
Isto significará profundas alterações ao nível das associações de trabalhadores,
virando-se então o trabalho de propaganda e consciencialização muito mais para a
classe operária, como o propósito de fomentar nestes a consciência de que poderiam
tomar o poder, e não mais apenas com fins mutualistas; bem como a constituição da
Associação dos Trabalhadores da Região Portuguesa, em 1873, precisamente com
objectivos de classe, intensificados pelo aumento do crescimento urbano e pelo agudizar
das contradições sociais, o que acabaria por significar um esvaziamento do Centro
Promotor, dado que a classe operária já não mais se revia na conciliação de classes.
Com efeito, é deste sentimento de tomada do poder que surge, em 1875, o Partido
Socialista, com a ambição de ser o partido dos trabalhadores e da classe operária.
Porém, este objectivo nunca se concretizou realmente, dado que a sua adesão plena ao
regime parlamentar e a concomitância entre uma classe operária esmagadoramente
analfabeta que, por isto, não dava expressão eleitoral ao PS, e o piscar o olho à
burguesia na procura de votos, abdicando assim de alguns dos seus mais elementares
princípios, fez com que cedo este partido caísse no descrédito junto dos trabalhadores,
tal como nos descreve Manuel Joaquim de Sousa (1976):
De facto, este foi um factor essencial para mais uma viragem aguda nas
características do movimento sindical português que, à semelhança do que ocorria na
Europa, se desiludiria então com partidos como o PS, e abria espaço para o crescimento
avassalador da doutrina anarquista. Aliás, tanto assim foi que, em 1891, quando é
5
reconhecida personalidade jurídica às associações de trabalhadores, se verifica uma
estrondosa massificação destas, onde a crescente influência dos anarquistas era
sinónimo duma cada vez mais ténue presença de membros do PS, que se perdia em
quezílias internas que levavam ao afastamento de cada vez mais militantes, quer para o
Partido Republicano, quer para as múltiplas organizações anarquistas. Algo que se
sentirá crescentemente nos anos seguintes, nomeadamente na criação da Federação de
Associações de Classe, em 1891, primeiro passo para a unidade orgânica dos
trabalhadores, dado vigorar o princípio da unicidade sindical; mas também aquando da
reacção aos dramáticos acontecimentos de Chicago, que estarão na origem do primeiro
1º de Maio, em 1886, e à reivindicação de dum horário laboral de 8 horas diárias.
E é assim que, fruto da inspiração francesa e lavrando na desilusão portuguesa,
como nos relata Victor de Sá (1981), nascerá uma nova corrente ideológica e de acção:
o sindicalismo revolucionário.
Assim, esta era uma corrente que rejeitava os partidos políticos, defendendo que a
tomada do poder por parte do proletariado deveria ser feita à parte e mesmo contra
estes. Para tal, no Congresso Sindical e Cooperativista, em 1909, o caminho apontado é
o da criação de associações de classe ou sindicatos profissionais, formando federações
regionais e nacionais, bem como outras estruturas de interligação, para que fosse
possível criar uma Confederação Nacional.
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2.2 – Da 1ª República ao Estado Novo (1910 – 1926)
7
de Portugal pela decisão que sairia de constituir a União Operária Nacional, embrião da
Confederação Geral do Trabalho. De facto, este seria um avanço extraordinário, já que
não só se conseguia uma unidade à escala nacional, como os socialistas saiam
totalmente derrotados:
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comunista) defendia. Isto terá consequências horríveis para o crescimento do
movimento sindical, para a sua ligação às bases e, sobretudo, para a sua capacidade de
resistência: o patronato.
Aliás, tanto assim é que as “guerras” entre comunistas e anarquistas permitirão de
tal modo o ganhar de terreno por parte das forças conservadoras, que em 1926 será
desencadeado um golpe assumidamente fascista, face ao qual o movimento sindical não
conseguiu dar uma resposta tão eficaz quanto necessária.
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2.3 – O Estado Novo (1926 – 1974)
Em 1926, não só em Portugal como um pouco pela Europa fora, assistir-se-á a uma
ascensão vertiginosa de forças assumidamente fascistas. No caso português, como
acima se dá a entender, esta ascensão foi amplamente facilitada pela desorganização
total em que o movimento sindical se encontrava, disto é bom exemplo a tentativa de
realização de uma revolta simultaneamente em Lisboa e Porto, mas que acabou por
ocorrer com dez dias de diferença de uma para a outra! É nas palavras de Ramiro da
Costa (1979) que encontramos uma excelente caracterização deste duro e penoso
período da vida do movimento operário:
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Em resposta a isto muitas foram as iniciativas de libertação, mas todas acabaram por
sair invariavelmente goradas. No entanto, e apesar de também ter sido derrotada,
merece destaque uma delas, não só pelo impacto que causou no momento, mas também
porque será sinónimo de uma viragem ideológica no movimento sindical: o 18 de
Janeiro de 1934.
Com efeito, esta resposta quase imediata ao encerramento dos últimos sindicatos
livres “pretendeu ser, como se sabe, uma greve geral revolucionária, para que não
estavam criadas as condições indispensáveis a um eventual êxito” (Vitoriano, 1995), daí
que tenha falhado. Mesmo tendo em conta a heróica resistência de horas dos
trabalhadores na Marinha Grande (local onde teve maior impacto) e a importância
política da resposta ao fascismo, este golpe acabou por apenas dar o pretexto perfeito ao
fascismo para desencadear a perseguição e chacina de dirigentes sindicais, que de outra
forma não teria tanta aparente legitimidade para realizar.
Porém, acabou por ser também uma aprendizagem frutífera para o movimento
sindical, pois é a partir deste momento que se abandonam por completo os métodos
golpistas de influência anarquista, e se opta pela constituição de um movimento de
massas, consequente e esclarecido.
Assim, de início opta-se pela constituição de sindicatos clandestinos, que apesar de
terem muita adesão, acabam por cair no descrédito junto dos trabalhadores dada a sua
inoperância e inércia. Daí que se tenha, mais tarde, entendido no seio do movimento
sindical que o caminho não seria criar uma corrente alternativa, mas sim procurar uma
corrente que se impunha como única (apesar da oposição da CGT, agora reduzida a uma
cúpula de dirigentes sem base). Mas a estratégia de tomada progressiva do poder e
conquista de algum espaço democrático não ficava por aqui, já que, ao mesmo tempo
que se infiltravam nos sindicatos fascistas, os trabalhadores de sentido democrático
constituíam, empresa a empresa, as comissões de unidade, por forma a conseguir travar
lutas contra o patronato fora da égide perniciosa dos sindicatos fascistas.
É neste contexto que surge o ano de 1944, em que, face à derrota do fascismo à
escala internacional, o Estado Novo, se vê obrigado a dar uma aparência de abertura
democrática, que é o que faz ao permitir (excepcionalmente) a realização de eleições
livres nas estruturas sindicais, de onde surgirão um conjunto assinalável de sindicatos
em que os trabalhadores vão, de facto, tomar o poder, destronando o aparelho fascista,
que, diga-se, cedo voltou a reconquistar essas posições, recorrendo aos mais hediondos
métodos de afastamento de dirigentes sindicais.
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Porém, isto não invalida que não se reconheça nos anos que mediaram 1941 e 1949
um extraordinário período de riqueza de luta antifascista, algo possibilitado pela entrada
de uma concepção de frentismo na abordagem ideológica do movimento sindical que,
apesar de não ter encontrado eco no plano político-partidário, significou, no plano
unitário, a criação do Movimento de Unidade Democrática (bem como o MUD Juvenil).
Este foi precioso instrumento de trabalhadores e estudantes, que a partir de 1945,
permitirá uma forte oposição ao regime fascista, o que, leva à sua ilegalização no ano de
1948.
Apesar disto, a resistência continua a crescer, e juntamente com o crescimento do
operariado, assistir-se-à, na década de 50, durante a campanha de Humberto Delgado
(algo só possível devido à mobilização de milhares de trabalhadores) a um Congresso
de Trabalhadores Antifascistas (em 1958).
Já depois da morte política de Salazar, em 1968, Marcello Caetano encetará, fruto da
pressão interna e externa, uma pretensa democratização sindical, que mais não era do
que um alterar de táctica para, no entanto, manter o jugo sobre os trabalhadores. Porém,
como refere Ramiro da Costa (1995), a implementação da contratação colectiva e da
liberdade de reunião apenas virá propiciar o crescimento do movimento sindical, que
assim voltará às mãos dos trabalhadores antifascistas, criando uma dinâmica de
organização e protesto, que nem as tentativas de retorno à mais dura legislação fascista,
encetadas por Marcello em 1970, conseguirá parar. Neste quadro, não é de somenos
assinalar um dos mais importantes momentos da história do movimento sindical
português como é o nascimento da Intersindical Nacional, a futura Confederação Geral
dos Trabalhadores Portugueses, em Outubro de 1970, em Lisboa.
De facto, a partir deste momento a luta não mais recuaria até à vitória sobre o
fascismo e a conquista da democracia: o 25 de Abril de 1974!
12
2.4 – Do 25 de Abril às perspectivas de futuro (1974 – -)
13
Com efeito, as acções mais marcantes das últimas duas décadas e meia foram as 4
greves gerais ocorridas em 1982 (duas), em 1988 e em 2003, todas elas convocadas pela
CGTP para fazer face ao retirar de direitos consagrados pela revolução de Abril, de
onde ressalta a última, a greve geral de 10 de Dezembro de 2003, contra o Pacote
Laboral do Governo de Durão Barroso, que a UGT acabou por subscrever em nome dos
trabalhadores, permitindo a sua implementação.
Perante isto, é forçoso fazer um paralelismo histórico e questionar se a UGT não
desempenhará, hoje, o papel que na 1ª república coube ao Partido Socialista que,
tentando agradar a todos, dos proletários à média burguesia, falando em nome dos
trabalhadores, acabava, invariavelmente, por subscrever as políticas mais prejudiciais
para os que dizia representar. Esta poderá ser apontada como a raiz da crise, da
desilusão e de algum descrédito no movimento sindical, já que os trabalhadores têm de
estar atentos, não só ao que o patronato procura fazer, como não pode sequer confiar no
que os representantes de alguns trabalhadores podem vir a fazer em seu nome.
Porém, outros autores apontam outros factores para a tão propalada crise do
sindicalismo, apontando inclusivamente algumas alternativas, para a “renovação do
sindicalismo” (Santos, 1995).
De facto, nesta matéria as opiniões são muito diversificadas, pois se há quem
considere que os sindicatos podem estar condenados à extinção “porque os homens que
os dirigem não têm visão suficientemente ampla” (Noronha, 1993) dado que “a
estrutura dos sindicatos foi-se deixando ultrapassar por uma nova conjuntura laboral e
civilizacional” (idem, 1993), algo que estaria na origem das dificuldades de atracção de
jovens, assistindo-se mesmo a um declínio da sindicalização (Boavida, 2003). Mas há
também quem encare a questão com outra ponderação, admitindo que a sindicalização e
o nível de participação “possa ser fundamentalmente influenciada pelo grau de
liberdade que o empregador lhe permite” (Stoleroff, 1995), o que coloca a questão da
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crise do sindicalismo como muito difícil de dar uma resposta, dado não haver termo de
comparação na ampla e diversificada história de Portugal.
parecendo claro, no entanto, que a tendência dos últimos anos tem sido a de crescimento
da sindicalização nos sectores dos escritórios e descida na indústria, o que leva à
discussão sobre os benefícios da fusão de sindicatos representativos de sectores em
declínio (Stoleroff e Naumann, s.d.)
Apesar disto, a verdade é que hoje o capitalismo começa a assumir diferentes formas
daquelas que tinha, transnacionalizando empresas, deslocalizando empresas e sectores
produtivos de um extremo do mundo para o outro na busca de mais lucro, recorrendo
cada vez mais e mais a artifícios de capital financeiro para ludibriar os trabalhadores, o
aumento da precariedade do trabalho, bem como do desemprego; factores estes que
concorrem necessariamente, não só para uma muito menor sindicalização, como para a
necessidade emergente de readaptação por parte do movimento sindical a estas
transformações, tal como UGT e CGTP se aperceberam, levando a que em 1983 e 1993,
respectivamente, acabassem, por aderir à Central Europeia de Sindicatos (Costa, s.d.).
Mas deverá “o movimento sindical (...) articular-se com os outros movimentos
sociais(...)” (Santos, 1995), e hipotecar o seu cunho de classe, abdicando assim, por
exemplo, da tomada do poder com vista à extinção do sistema capitalista? Será correcto
considerar que a alternativa a um “sindicalismo globalizado” (Costa, 1997), o que quer
que isso signifique em termos concretos, é a morte do movimento sindical?
Como é óbvio a resposta a estas perguntas em muito depende das nossas premissas,
do nosso entendimento da realidade e daqueles que entendemos deverem ser os
objectivos do movimento sindical; é naturalmente diferente a visão reformista de
“capitalismo civilizado”(Santos, 1995), que entende que o movimento sindical como
apenas mais um acrescento a uma luta geral pelo atenuar das contradições de base do
sistema capitalista, da concepção revolucionária de “construção de uma sociedade mais
justa e fraterna sem exploração do homem pelo homem” (CGTP-IN, s.d.), mas quanto a
qual a melhor, apenas o futuro o poderá dizer, confirmando algumas teses e derrotando
outras.
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3 – Descrição pormenorizada do processo de pesquisa
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de Maria da Conceição Cerdeira e Maria Edite Padilha (1989) e Sindicalismo: que
futuro? de Mário de Noronha (1993). Pesquisei ainda por assunto <luta de classes> e
palavra <Portugal>, mas nenhum dos seis registos me pareceram relevantes. Ainda na
FEUC, pesquisei manualmente (pois não existe hoje um catálogo informático!) a revista
científica Análise Social, porém não encontrei qualquer artigo que achasse meritório de
inclusão neste trabalho.
Então, decidi dirigir-me ao Centro de Documentação 25 de Abril da Universidade
de Coimbra, local onde, devo dizer aqui pois em mais nenhum espaço tenho hipótese,
foi estrondosamente bem recebido, tendo todos os funcionários demonstrado uma
disponibilidade e simpatia imensas e até inesperadas. Aí, pesquisei no formulário da
base documental por assunto <sindicalismo> e palavra <Portugal>, mas cedo percebi
que os 88 registos que se me apresentavam tinham tanto de interessante como de
possibilidades de me perder do essencial, daí que tenha pesquisado por assunto
<sindicalismo>, palavra <Portugal> e palavra <história>, tendo encontrado 2, dentre os
23 registos de resultado, que me interessaram particularmente Evolução do movimento
operário e do sindicalismo em Portugal de Victor de Sá (1981), Elementos para a
história do movimento operário em Portugal - 2º volume – de Ramiro da Costa (1979),
e um que me viria e interessar mais tarde por recomendação na CGTP, Palavras
necessárias de Bento Gonçalves (1969), livro que li na transversal mas que ofereceu
uma perspectiva diferente de todas as outras sobre a história do movimento sindical até
1926. Depois desta pesquisa, resolvi pesquisar por palavra <história> e palavra
<intersindical>, com esperança de encontrar um relato da história da CGTP ou da UGT,
mas dos 3 registos reportados o único de relevo foi o artigo Intersindical: uma viragem?
de Albertino Antunes (1975), da revista Vida Mundial, 1882.
Perante esta já ampla pesquisa faltava-me ainda, no meu entender, uma síntese da
história do movimento sindical português, dado que nada havia encontrado ainda em
parte alguma, daí ter-me dirigido à Biblioteca Municipal de Coimbra, local onde
pesquisando por assunto <sindicalismo> obtive catorze registos, dos quais aproveitei
apenas um: Agir contra a corrente de Manuel Carvalho da Silva (2002).
Assim, dada a insuficiência de algo que me parecia fundamental – uma compilação
da história do movimento sindical – decidi dirigir-me a Lisboa com 2 objectivos: i) ir à
sede Nacional da CGTP; ii) ir ao Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas
(ISCSP), da Universidade Técnica de Lisboa, onde, pelo que me tinha sido dito,
leccionavam uma cadeira denominada “História do Movimento Sindical”. E assim o fiz,
17
e se na CGTP me receberam extremamente bem, facultando uma publicação da
Intersindical, História do Movimento Sindical – Das origens à actualidade (1976), bem
como uma cópia integral de um número da revista Vértice, 68, dedicado precisamente
ao sindicalismo, obras que me foram extremamente úteis que se poderá constatar
durante a leitura do trabalho, já no ISCSP passou-se exactamente o contrário. De facto,
ao dirigir-me à secção de alunos (algo do género secretaria) do referido instituto foi-me
negado aceder a qualquer bibliografia, sebenta ou programa de qualquer cadeira em
geral, e da que procurava, em particular, com o argumento de que era material “de
acesso reservado aos estudantes” de lá, algo incompreensível na minha concepção de
sociedade, tendo em conta que o que se passou não foi mais do que uma pobre
demonstração de corporativismo e lógica concorrencial dentro do mesmo sistema
público de educação – algo que merece uma profunda reflexão.
A título de nota, refiro apenas que na minha ida a Lisboa me dirigi também à sede
da FENPROF, mas sem resultados práticos, e que na concepção deste trabalho recorri
também ao livro O Estado e a Revolução de Lénine (1970), que já havia lido por
interesse pessoal, mas que por ser referido noutras obras entendi por bem citar.
No que toca à pesquisa da internet, de cariz meramente complementar dadas as
insuficiências deste recurso, optei por iniciar a minha pesquisa no google onde a
introdução de <+sindicalismo +Portugal +história> obteve 697 resultados, de retirei
alguns elementos para o trabalho; pesquisei então, ainda no google , por <+sindicalismo
+Portugal +futuro>, obtendo 640 resultados, muitos dos quais semelhantes aos da
pesquisa anterior, para finalizar a busca neste motor procurei por <+sindicalismo +"luta
de classes">, obtendo 152 resultados. Então, passei a pesquisar no decidi pesquisar no
altavista, e pesquisando exactamente com os mesmos termos os resultados verificaram-
se um pouco diferentes: no 1º caso foram 1002, no 2º 1262, e para o 3º 378; deixando
clara a maior capacidade de pesquisa deste segundo motor de pesquisa, algo a que
poderá não ser indiferente o alinhamento ideológico do google (estudado nesta cadeira),
e que condicionaria também, por certo, o facto de entre um e outro a ordem de
resultados apresentados (em casos em que se repetem de um para o outro) ser bem
diferente.
Por forma a melhor armazenar e organizar informação criei uma pasta nos
‘Favoritos’ só para páginas ligadas a este trabalho, dando também instrução de permitir
aceder-lhes mesmo estando off-line (algo particularmente importante quando a ligação à
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Internet de que dispomos é apenas de 56 Kbps e o tarifário é bem diferente do dia para a
noite), de modo a que estivesse sempre acessível o que quer que precisasse.
Em jeito de conclusão limitava-me a assinalar que o mais complexo deste trabalho
foi, sem dúvida, a triagem de informação, acabando muita dela (provavelmente
importante) por ficar para trás, tendo feito o esforço por cruzar o máximo de fontes
possível, nem sempre tal se verificou viável ou possível. De qualquer modo, creio estar
a apresentar um trabalho de boa qualidade, fiável e credível dadas as suas fontes e o
processo que levou à sua pesquisa.
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4 – Ficha de leitura
Resumo
No capítulo analisado, que não tendo nunca sido citado no decorrer do presente
trabalho, muito contribuiu para a formação da minha opinião, o autor analisa as
repercussões do processo de globalização não só nos direitos dos trabalhadores e
cidadãos, como abre perspectivas para uma organização e estruturação da luta numa
abordagem diferente da que temos hoje, algo que poderia ser resumido a: a uma ameaça
global, exige-se uma resposta global.
20
Estrutura
21
num movimento geral. Assim, cabe ao movimento sindical uma adequação aos novos
tempos, formando cadeias de solidariedade e aliança que, considera, têm grande
potencial mobilizador e reivindicativo. Nunca esquecendo, no entanto, o papel central
do trabalho, pois concentra em si todas as dimensões que os efeitos da globalização
produzem (dos económicos, passando pelos sexuais e muitos outros, até aos
ecológicos), algo que deve ser valorizado pelo movimento sindical, pois oferece
múltiplas possibilidades de constituição de uma ampla plataforma.
Num terceiro, e último momento, um pouco também em jeito de síntese do que
escrevera antes, Carvalho da Silva, analisa um pouco mais em profundidade o
movimento sindical, alegando que a sua renovação passa pela defesa de uma sociedade
diferente daquela que o capitalismo produziu, mas para isto, cabe aos sindicatos
responder correctamente às ofensivas de um sistema que favorece o dispersar dos
objectivos e actores da luta, à excessiva institucionalização que representam, ao esvaziar
do poder político como alvo, ganhando força o “invisível” poder económico, que trata
cada vez mais os trabalhadores como apenas mais uma peça de uma qualquer
engrenagem, precarizando os seus vínculos e sonegando referências a direitos nas leis
laborais.
Assim, é em face disto que a luta no futuro se afigura como muito difícil, dada a
complexidade de uma reivindicação como a existência de uma ética laboral, coordenada
ao nível local e internacional, sem lógicas corporativas, numa solidariedade fortificante
e honesta, para dar resposta às intenções de patrões (que são os verdadeiros timoneiros
do barco político europeu) e exigir da OMC cláusulas sociais. Este é o desafio do
futuro.
No meu entender este texto apresenta-se bem construído, fornecendo ao leitor uma
esclarecedora visão sobre algumas das consequências do processo de globalização,
nomeadamente, no campo laboral. Porém, no meu entender, peca por ser um tanto ou
quanto confuso e ingénuo (penso que é mesmo a expressão mais adequada) na sua
análise, nomeadamente, quando o autor refere o virar da luta contra a OMC, parece
menosprezar o facto dessa ser uma organização do patronato, sendo a sua função de
classe explorar os trabalhadores, daí que a única forma eficaz de parar os seus efeitos é
através da consagração de legislação laboral e económica que proteja a soberania de
cada Estado; outra questão prende-se com a luta ser entendida como global, visão da
qual discordo, pois se é verdade que, por exemplo a UE, não é apenas a soma dos países
que a constituem, também é verdade que só a cada país cabe a decisão de adoptar as
22
directivas europeias, ou mesmo de pertencer à União Europeia; parece-me, ainda,
ilusório que o desvanecer do poder político em virtude do económico seja significado de
uma necessidade de viragem no alvo ou no conteúdo das reivindicações, entendo
mesmo que este facto faz com que as reivindicações sejam cada vez mais dirigidas ao
poder político, nem que para serem ouvidas seja preciso uma viragem revolucionária da
sociedade que recoloque o poder político em supremacia relativamente ao poder
económico, por forma a que este segundo sirva os trabalhadores e não o patronato;
finalmente, parece-me também incoerente a abordagem dos restantes movimentos
sociais na criação de uma plataforma de reivindicação, já que em nenhum momento se
clarifica quais serão os objectivos finais, quer do sindicalismo, quer de cada um desses
outros movimentos sociais, e, desta forma, é difícil compreender a viabilidade de tal
opção, já que podemos estar a referirmo-nos a movimentos de interesses diferentes,
contrários ou mesmo antagónicos, cuja procura de um “outro mundo” acabasse, assim,
por se revelar inconsequente.
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5 – Avaliação de uma página da Internet
No âmbito dos objectivos deste trabalho, optei por avaliar a página da Confederação
Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP) <http://www.cgtp.pt/index2.htm> dada a
quantidade de informação que dele se pode retirar.
Na verdade, este é um site cheio de conteúdo, afirmação que uma análise
documental profunda poderá certamente confirmar, pois para além dos 11 menus a que
podemos aceder directamente da homepage todos eles relacionados com o âmbito do
trabalho realizado, ainda que alguns mais explicitamente do que outros, dada a natureza
da informação que apresentam.
Apesar de não ter um autor designado, a presença em destaque do e-mail da CGTP,
o amplo reconhecimento de que esta instituição goza, a presença de múltiplos links,
download de elementos gráficos, de documentos, pareceres, entre outras coisas, dá uma
credibilidade e fiabilidade grandes a esta página. Algo, a que se deve acrescentar a
presença de links de muitas outras páginas para esta e a referência imediata do google.
No que respeita à navegação dentro da página, pode dizer-se que é bastante fluída,
acessível a qualquer computador mais rudimentar e a qualquer utilizador menos
experiente, dado que é gratuita, rápida e disponibiliza mesmo um motor de busca
interno para pesquisa dentro dos conteúdos da página, o que facilita imenso a navegação
quando sabemos do que estamos à procura, mas não fazemos ideia onde possa estar.
Há, no entanto, uma área de “Acesso reservado” próxima de outros menus, quando
consultando o menu “CGTP”, que me parece destoar um pouco do conteúdo aberto da
restante página.
Outro ponto positivo a assinalar é a vastíssima quantidade de informação
disponibilizada na página que, diga-se, se nota ter uma actualização regular com o
colocar das posições públicas da CGTP online assim que elas saem para a rua por outras
vias. Porém, isto pode também representar um problema, já que o excesso de
informação pode criar no visitante uma sensação de estar perdido no meio de um site
enorme, procurando uma agulha num palheiro, algo que o motor de busca interno
permite combater, mas não colmata na totalidade, pois, por exemplo, no âmbito deste
trabalho, ao visitar este site, muitas foram as referências de história que encontrei, mas
nunca uma sobre a história da CGTP enquanto organização, nem mesmo do movimento
sindical português, mas apenas um histórico de acções realizadas pela CGTP desde
1970; algo que, parece-me, é uma falha grave, dado que a mesma organização tem
24
documentos publicados com este conteúdo, bastava, assim, pô-los online. Apesar disto,
sublinho o grau de interesse no enorme conteúdo latente que esta página disponibiliza
acerca das características do movimento sindical português, ou pelo menos, parte
significativa dele.
Concluindo, parece-me que esta é uma página muito bem elaborada, de que faço
uma avaliação positiva, quer pelo contributo que deu ao meu trabalho, quer pelo seu
manifesto funcionalismo para quem quer que a consulte; tendo apenas como referência
negativa a inexistência de uma síntese sobre a história do movimento sindical português
ou, pelo menos, sobre as transformações ocorridas na CGTP desde a sua fundação.
25
6 – Conclusão
No âmbito dos objectivos da cadeira, penso ter correspondido bem ao que me era
pedido, acabando por realizar, assim, as aprendizagens fundamentais, nomeadamente,
ao nível da aquisição de competências de pesquisa em fontes de informação
diversificadas e no que à formulação de um trabalho científico se refere.
Apesar das dificuldades que encerrou, este trabalho e este tema, considerou ter sido
uma muito proveitosa e gratificante experiência de profunda aprendizagem e convívio
com meios, técnicas e lugares que, de outra forma, provavelmente, permaneceriam
distantes do meu horizonte.
26
Referências Bibliográficas
i) Fontes Impressas
Antunes, Albertino (1975), “Intersindical: uma viragem?”. Vida Mundial, 1882, 22-
24
27
Reis, António (coord.), (1994), Portugal 20 anos de democracia. Lisboa : Círculo
de Leitores
ii) Internet
28
Costa, Hermes Augusto (s.d.), “A transnacionalização do sindicalismo na
semiperiferia: pistas para uma análise comparada entre Portugal e Brasil”. Página
consultada em 20 de Janeiro de 2005. Disponível em <http://www.aps.pt/ivcong-
actas/Acta070.PDF>
29
ANEXO I
30
ANEXO II
31