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A semiologia e a semiótica

Tentando responder “o que é a palavra?”, que ele entendeu como um signo, formado por
conceito e som, Saussure deu os primeiros passos para a emergência de uma disciplina nova,
uma ciência dos sinais e dos sistemas dos sinais que ele nomeou como semiologia, para
qual acreditou a linguística estrutural poderia fornecer a principal metodologia. Mais tarde,
nos Estados Unidos, batizaram-na de semiótica.
As palavras semiologia e semiótica recobrem hoje a mesma disciplina, sendo o primeiro
termo usado pelos europeus, e o segundo termo pelos anglo-saxões.
A ciência chamada Semiótica, ou teoria geral e da produção dos signos, teve sua origem na
Rússia, na Europa Ocidental e na América. A semiótica, atualmente, é um campo de grande
amplitude e variedade teórica. O autor Charles Peirce foi o fundador da semiótica. Saussure,
no Curso de Lingüística Geral, falava de uma semiologia, que pode ser comparada ou
diferenciada da semiótica propriamente dita. Atualmente, Umberto Eco é um especialista
em semiótica.

A semiótica provém da raiz grega ‘semeion’, que denota signo. Assim, desta mesma fonte,
temos ‘semeiotiké’, ‘a arte dos sinais’. Esta esfera do conhecimento existe há um longo
tempo, e revela as formas como o indivíduo dá significado a tudo que o cerca. Ela é,
portanto, a ciência que estuda os signos e todas as linguagens e acontecimentos culturais
como se fossem fenômenos produtores de significado, neste sentido define a semiose.
Ela lida com os conceitos, as idéias, estuda como estes mecanismos de significação se
processam natural e culturalmente. Ao contrário da lingüística, a semiótica não reduz suas
pesquisas ao campo verbal, expandindo-o para qualquer sistema de signos – Artes visuais,
Música, Fotografia, Cinema, Moda, Gestos, Religião, entre outros.
Os filósofos mais prudentes encaram apenas o estudo dos sistemas de comunicação por
sinais não lingüísticos; outros, seguidores de Saussure, estendem a noção de signo e de
código a formas de comunicação tais como os ritos, cerimônias, fórmulas de cortesia, etc.
O conhecimento tem um duplo aspecto. Seu ponto de vista semiótico refere-se ao
significante, enquanto o epistemológico está conectado ao sentido dos objetos. A origem da
semiótica remonta à Grécia Antiga, assim sendo ela é contemporânea do nascimento da
filosofia. Porém, mais recentemente, em princípios do século XX, é que se expressaram os
mestres conhecidos como pais desta disciplina: Ferdinand de Saussure e C. S. Peirce.
Em 1961, Lévi-Strauss situou a antropologia estrutural dentro do domínio da “semiologia".
Cada vez mais os termos de semiologia e da semiótica, ciência decorrente da semiologia,
vieram a designar um campo do estudo que analisa sistemas, códigos, e convenções de sinal
de todos os tipos: do ser humano às línguas do animal, do jargão das formas ao léxico do
alimento, das regras da narrativa popular às que compõem os sistemas fonológicos, dos
códigos da arquitetura e da medicina às convenções do mito e da literatura.

SIGNO.
Entidade constituída pela combinação de um conceito de significado, e uma imagem acústica
denominada significante.
Signo = Significante (som) + Significado (objeto)
A função do signo é comunicar idéias por intermédio de mensagens, Roman Jakobson
definiu seis funções lingüísticas, são elas:

Função Referencial – define as relações entre a mensagem e o objeto a que se refere.


Função Emotiva – define as relações entre a mensagem e o emissor.
Função Conativa ou Injuntiva – define as relações entre a mensagem e o receptor, já que
toda a comunicação tem por finalidade obter deste último uma reação.
Função Poética ou Estética – é definida como a relação da mensagem consigo mesmo.
Função Fática – tem por finalidade o afirmar, o manter ou o cortar a comunicação.
Função Metalingüística – tem por finalidade definir o sentido dos signos que podem não ser
compreendidos pelo receptor.

Um exemplo do significado dos signos são as cartas do baralho, que as cartomantes


traduzem da seguinte forma:
Copas e Paus – são favoráveis.
Ouros e Espadas – são desfavoráveis.
Copas – designam amor e êxito.
Paus – designa amizade e dinheiro.
Ouros – designa mentiras, viagens e notícias.
Espadas – designa o ciúme e o fracasso.
Já o rei, a dama e o valete, representam um homem, uma mulher e um jovem.

"Comunicar" significa, etimologicamente, "pôr em comum". No processo de comunicação,


que podemos entender simplificadamente como a troca de uma mensagem entre um
Emissor e um Receptor, os Signos desempenham um papel fundamental. Sem Signos, não há
mensagem, nada podemos pôr em comum. Os Signos são tão importantes que se pode (e
costuma) definir, de forma essencial, a Semiótica como a "ciência dos signos".
A moderna "ciência dos signos" tem origem em duas diferentes tradições, que podemos
sintetizar em dois nomes: Semiologia (correspondente à tradição européia, iniciada por
Saussure) e Semiótica (correspondente à tradição anglo-saxônica, iniciada por Peirce). Tendo
o mesmo o radical, as duas palavras traduzem, no entanto, duas maneiras diferentes de
entender a "ciência dos signos".
A noção central da doutrina ou ciência dos signos é, obviamente, a noção de Signo; segundo
Eco, foi só com Stº Agostinho que houve a união definitiva entre teoria dos signos e teoria da
linguagem, aparecendo os signos lingüísticos como uma espécie (entre outras espécies,
como as dos letreiros, dos gestos, dos sinais ostensivos) do gênero signo. Quanto à noção de
signo, Stº Agostinho dá duas definições que contemplam quer a sua dimensão semântico-
representativa quer a sua dimensão comunicacional: "Um signo é o que se mostra a si
mesmo ao sentido, e que, para além de si, mostra ainda alguma coisa ao espírito" e "A
palavra é o signo de uma coisa que pode ser compreendida pelo auditor quando é proferida
pelo locutor". Stº Agostinho indica quatro elementos constitutivos do signo: a palavra
(verbum), o exprimível (dicibilis), a expressão (ditio) e a coisa (res), ainda que verbum e ditio
pareçam poder ser tomados como sinônimos, referindo-se o primeiro ao aspecto
comunicativo e o segundo ao aspecto semântico-referencial do signo.
A classificação dos signos é um dos problemas que a Semiótica ainda não conseguiu resolver
de forma totalmente satisfatória. A prova disso são as sucessivas classificações, mais ou
menos inspiradas em Peirce, tentadas por Eco. Segundo este autor, o único pensador que,
até hoje, tentou uma classificação global dos signos foi Peirce, tendo, no entanto a sua
classificação ficada incompleta. Apesar disso, muitas das distinções feitas por Peirce
ganharam direitos de cidadania na Semiótica e, por isso, importa fazer aqui a sua análise,
ainda que sumária.
Os signos podem ser classificados a partir de três pontos de vista: Signo em si, relação do
Signo com o Objeto e relação do Signo com o Interpretante. Obtêm-se, assim, as três
tricotomias e as nove categorias seguintes:
- Signo em si: Qualisigno (Tone), Sinsigno (Token), Legisigno (Type).
- Signo em relação com o Objeto: Índice, Ícone e Símbolo.
- Signo em relação com o Interpretante: Rema, Dicisigno, Argumento.
Da combinação destas categorias derivam dez classes de signos. Classes que, no entanto,
nem sempre é fácil saber como aplicar. As outras combinações teoricamente possíveis não
têm significado. Como diz Peirce, é um terrível problema dizer a que classe um signo
pertence.

CHARLES SANDERS PEIRCE


Cientista-lógico-filósofo (e um dos fundadores da moderna ciência semiótica), Charles
Sanders Peirce (1830-1914) é considerado por alguns como sendo, porventura, o maior
filósofo norte-americano, Peirce teve uma vida afetiva, profissional e acadêmica bastante
conturbada e infeliz. Muitas das teorias mais interessantes de Peirce, nomeadamente no
âmbito da Semiótica ou Lógica, foram pouco conhecidas, até pouco tempo. À medida que
essas teorias foram sendo estudadas, Peirce foi ganhando uma importância crescente no
campo da Semiótica, da Lógica e da Filosofia em geral.
A Semiótica de Peirce não é considerada um ramo do conhecimento aplicado, mas sim um
saber abstrato e formal, generalizado. Baseado, a princípio, com as categorias universais de
Kant, e constatando mais tarde alguma semelhança também com Hegel, Peirce estipulou
uma tríade através da qual as pessoas exprimem o contexto à sua volta categorias
universais, começando a aplicá-las inicialmente à mente, e logo após á natureza. São estas
categorias a de primeiridade, secundidade e terceiridade.
A primeiridade (a primeira das três categorias universais): categoria do sentimento imediato
e presente das coisas, numa relação sensível, sem relação com outros fenômenos do mundo,
onde se vê aquilo tal como é, por exemplo, uma Flor palavra da língua.
Secundidade: relação entre um fenômeno primeiro e um segundo fenômeno qualquer. É a
categoria da comparação, por exemplo, uma Flor é o nome genérico para rosas, margaridas,
etc, a percepção dos eventos exteriores, da matéria, da realidade concreta, na qual estamos
constantemente em interação. É a compreensão mais profunda dos significados.
A terceiridade é a categoria que relaciona um fenômeno a um terceiro termo, gerando assim
a representação, a semiose, os signos em si. Por exemplo, uma Flor pode representar a
mocidade; a pureza, a candura, além do próprio tipo vegetal.
Peirce também identifica três tipos de signos: o ícone, elo afetivo entre o signo e o objeto
em si, como a pintura, a fotografia, etc.; o índice, a representação de um legado cultural ou
de uma vivência pessoal obtida ao longo da vida, o que leva imediatamente à compreensão
de um sinal, o qual se associa a esta experiência ou conhecimento ancestral – exemplo: onde
há fumaça (indício causal), há fogo (conclusão a partir do sinal visualizado) -; e o símbolo,
associação arbitrária entre o signo e o objeto representado.
Enquanto Saussure circunscreveu a semiologia no âmbito da Psicologia, Peirce foi buscar
suas bases na Filosofia e na Lógica. Por isso, com a mesma força que o suíço rejeitara a
relação com entes objetivos externos ao sistema de signos em questão (no seu caso o
lingüístico), o semioticista norte-americano enfatizara as suas bases doutrinárias numa
concepção fenomenológica, portanto filosófica. Assim, retomava o terceiro elemento já
previsto na teoria formulada por Platão (nome = nomos /noção = logos /coisa = pragma)
como base indispensável do diálogo entre o homem e o mundo que o cerca.
Para Peirce, o universo é semiótico, e o homem interage com os sinais, lendo os que o
antecedem e formulando novos sinais em suprimento das necessidades emergentes.
Peirce distingue entre Semiótica geral e "ciências psíquicas" a que, mais propriamente,
poderíamos chamar "ciências semióticas", em que inclui as ciências psicológicas e sociais, a
lingüística, a história, a estética, etc.
Originalmente semiótica e semiologia eram a mesma coisa, a escola francesa gerou outra
modalidade de estudo que seria mais bem denominada como semiologia ou uma semiótica
lingüística, e a semiótica de Peirce transcende o estudo do signo lingüístico, portanto, seria
uma ciência continente para os estudos do signo verbal. A categorização triádica e
fenomenológica da teoria de Peirce favorecem a ampliação de uma metodologia de ensino
de línguas que contemple mais adequadamente o desenvolvimento das destrezas
lingüísticas: ouvir, falar, ler e escrever.

FERDINAND DE SAUSSURE.
Ferdinand Saussure (1857-1913) foi o fundador da lingüística moderna, cujos princípios
básicos influenciaram profundamente o desenvolvimento do estruturalismo semiótico. Sua
maior contribuição foi o projeto de uma teoria geral dos sistemas sígnicos, a que ele
denominou Semiologia, e seu elemento básico foi a definição do signo. Outros princípios
importantes de sua teoria foram a arbitrariedade do signo lingüístico, o conceito de
estrutura, o conceito de sistema de linguagem.
Como o estudioso suíço desconhecia a tradição dos estudos sígnicos desde Platão a Peirce,
para ele a semiologia ainda não existia e necessitava, antes de tudo, ser construída. Segundo
ele, a lingüística já estaria bastante desenvolvida, e suas bases emprestariam suporte para a
elaboração da teoria geral dos signos.
Saussure fazia freqüentemente comentários sobre o conjunto dos fatos semiológicos sem,
contudo, apresentar qualquer detalhamento da maioria desses sistemas de signos. O
pesquisador tinha a língua como o principal dos sistemas sígnicos e mencionou outros
sistemas como o Braille, o código de bandeiras marítimo, sinais militares de corneta, códigos
cifrados (ex. música), etc. Somente no campo da literatura Saussure empreendeu estudos
mais extensos de sistemas sígnicos não-verbais.
Em determinado ponto das discussões teóricas, a semiologia saussureana ficou inscrita no
âmbito da sociologia e da psicologia (1901). O que mais ressaltou este enquadramento foi a
menção feita por Saussure à aplicação da semiologia ao estudo das instituições jurídicas.
Em relação aos determinantes teóricos da Semiologia, diferentemente de Peirce, que
estabelece uma relação sígnica entre signo, objeto e interpretante, na corrente iniciada por
Saussure são vistos o signo, o significado e o significante.
O signo, numa definição mais básica, é qualquer coisa que substitua outra. Deste modo
podemos imaginar um homem primitivo que desenhou um animal numa caverna
representando o animal que havia caçado, por exemplo. O desenho do animal é o signo que
representa o conteúdo que o homem primitivo quis expressar. Este homem, para
representar o animal, uniu um conceito a uma imagem, ou seja, estabeleceu uma relação
entre um significado e um significante. Saussure estipula o significante como uma imagem
acústica, que se constitui como a representação natural da palavra enquanto fato de língua
virtual, ou a representação psíquica desse som. Passando para outros moldes além do
verbal, o significante seria uma imagem que afetasse a mente de uma pessoa.
Saussure estipula duas características primordiais do Signo:
a) O Signo é arbitrário: Isso quer dizer que não há um laço natural entre o significante e o
significado. Por exemplo, lua em Inglês é moon, enquanto em é italiano é luna. Com essa
inferência Saussure distingue um signo de um símbolo; um símbolo teria uma relação com o
objeto representado. Como exemplo, pode-se dizer que a cruz evoca muita coisa para um
cristão, enquanto a suástica a um nazista ou a um judeu. O símbolo da justiça, a balança, não
poderia ser substituído por um objeto qualquer, um carro, por exemplo.
b) Caráter Linear do Significante: O significante, de natureza auditiva, desenvolve-se no
tempo, unicamente, e tem as características que toma do tempo em determinada cultura.
Com a constituição da linguagem verbal, existiriam relações sintagmáticas e relações
associativas. As relações sintagmáticas estariam baseadas no caráter linear da língua, que
exclui a possibilidade de pronunciar dois elementos ao mesmo tempo. Estes se aliam um
após o outro na cadeia da fala, e tais combinações podem ser chamadas de sintagmas. Por
exemplo, re-ler, contra-todos, a vida humana, etc.
Uma relação associativa possuiria sua dinâmica fora do discurso, onde as componentes de
determinada sentença se associam na memória e assim se formam grupos dentro dos quais
imperam relações muito diversas. Por exemplo, a palavra super-homem pode evocar em
determinada mente palavras como superfície, supérfluo, homem rico, poder, etc.
IMAGEM ACÚSTICA.

Não é a palavra falada (ou seja, o som material), mas a impressão psíquica desse som.

SIGNIFICADO.

É a palavra equivalente no mesmo ou em outro idioma. É a representação, na linguagem do


significante. Corresponde ao conceito ou à noção, ao passo que o significante corresponde à forma.

Todo objeto, forma ou fenômeno que representa algo distinto de si mesmo: a cruz como significado do
“cristianismo”; a cor vermelha significando “pare” par o código de trânsito, etc.

O significado tem um código afetivo (angústia), relacionado ao fato psíquico no Inconsciente, não
sabido, objeto referido. Exemplo: angústia não aniquiladora (prazer), angústia aniquiladora (dor).

SIGNIFICANTE.

É a parte fônica, a imagem acústica de um fonema provido de significação. O significante tem um


código informativo : sintomas / relações objetais. Pré-consciente, Consciente, verbalizado, som.
Exemplo: continente (amada), Não continente (não amada)

ESTRUTURA.

É o sistema que compreende elementos ordenados e relacionados entre si de forma dinâmica. O signo
a e a’ guardam entre si uma relação “complementar e inversa”.

Estrutura = Signo (a) + Signo (a’)

MENSAGEM.

É a comunicação, notícia ou recado, verbal ou escrito.

Fontes:
http://educaterra.terra.com.br/voltaire/cultura/2002/07/05/001.htm

http://www.infoescola.com/filosofia/semiotica/

http://pt.shvoong.com/books/1746486-semiologia/
http://tecnicaspsicoterapeuticas.vilabol.uol.com.br/semiologia.html

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