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Atividade Iônica
Atividade Iônica
1- Introdução
As substâncias que constituem ou fazem parte de uma solução são seus componentes:
aquele que ocorre em maior proporção é denominado solvente e os outros são considerados
solutos. Dentre os tipos possíveis de combinações de soluto-solvente, são citados os seguintes:
gás-líquido, líquido-líquido e sólido-líquido.
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Arquimedes Lavorenti. Professor Associado do Depto. de Ciências Exatas, ESALQ/USP, Caixa Postal 9,
13418-900 – Piracicaba – SP. E-mail: alavoren@carpa.ciagri.usp.br – Publicação Destinada ao Ensino de
Ciências - Química - 28/3/2002
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Para nós, interessam particularmente considerar as soluções sólido-líquido, sobretudo
aquelas formadas por dissoluções de sólidos no solvente água. Daqui para frente o termo solução
se restringirá a este tipo apenas.
Outras substâncias ao serem dissolvidas, fazem com que a solução tenha capacidade
de conduzir a corrente elétrica, denunciando a presença de partículas transportadoras de cargas,
ou seja, íons. Tais soluções são denominadas soluções iônicas e as substâncias, ou solutos, que as
constituem, são denominados eletrólitos.
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eram de maior magnitude que os observados em soluções moleculares, de mesma concentração
analítica.
Van’t Hoff, por exemplo, havia estabelecido em 1885, que a pressão osmótica, π, em
soluções diluídas de não eletrólitos obedecia a expressão:
π = cRT
π = ciRT.
Van’t Hoff apenas avaliou o comportamento anormal dos eletrólitos, mas não explicou
tal comportamento. Para explicar essas “anomalias”, Arrhenius propôs em 1887 a sua célebre
“teoria da dissociação eletrolítica”, que se fundamenta nos seguintes pontos:
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surgiu o fator “grau de dissociação - α” que é a fração de espécies químicas
dissociadas. E de acordo com o grau de dissociação, os eletrólitos se classificam
em fortes quando apresentam valores altos para α e fracos quando apresentam
valores baixos para α.
c) Os íons atuam independentemente uns dos outros e também das espécies químicas
não dissociadas e constituem partículas distintas com propriedades físicas e
químicas características.
Uma crítica à teoria de Arrhenius é que para eletrólitos fracos sua teoria se adaptava
muito bem, porém quando se tratava de eletrólitos fortes, a mesma teoria não se aplicava, pois
apresentava varias anomalias.
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-- +- -- + -++
- - ++
E cada aglomerado iônico comporta-se na solução como se fosse uma única partícula.
Portanto os eletrólitos fortes em solução estão completamente ionizados, mas parcialmente
dissociados.
Segundo Debye-Hückel os íons, como quaisquer outras cargas elétricas, estão sujeitas
a Lei de Coulomb, cujas forças de atração ou repulsão são dadas pela equação abaixo:
1 q1 q2
F = ---- --------
ε r
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A equação anterior mostra que a força eletrostática aumenta com a carga dos íons e
diminui com o aumento da distância entre eles, como ocorre em soluções diluídas (pois numa
solução diluída os íons estão mais afastados, maior valor de r). Portanto, quanto maior a carga dos
íons e maior a concentração da solução, maior será a força de atração interiônica, ou seja, maior a
probabilidade de formação de aglomerados iônicos e consequentemente menor é a atividade ou
concentração efetiva.
nela são considerados todos os íons presentes na solução, por meio da concentração analítica, c, e
de sua carga, z.
A força iônica não tem unidade, é uma grandeza do potencial elétrico da solução.
8- Coeficiente da atividade
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a
f = -----
c
a = fc
O coeficiente de atividade de um íon (fi) numa solução pode ser calculado pela
equação abaixo, conhecida como equação de Debye-Hückel
- A zi2 õ
log fi = -------------------
1 + d B õ
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b) quanto maior a concentração analítica menor é a atividade correspondente;
consequentemente quanto maior a concentração analítica menor é o valor do
coeficiente de atividade;
Quando o valor da força iônica da solução for pequeno, ou mais precisamente, quando
for igual ou menor que 0,01, o termo d B √µ, do denominador da equação de Debye-Hückel será
também de valor pequeno; assim a soma 1 + d B √µ pode ser considerado como sendo 1,
desaparecendo o denominador da equação, originando a equação simplificada de Debye-Hückel.
Essa equação simplificada é conhecida também como “equação limite de Debye-Hückel”
log fi = - A zi2 õ
É a atividade dos íons e não a concentração analítica dos íons que governa todos os
princípios e fenômenos em que há a participação de íons.
é expresso da seguinte maneira, de acordo com a lei da ação das massas ou Lei de Guldberg e
Waage:
[H3O+] [CH3COO-]
K = --------------------------
[CH3COOH]
No entanto, na solução os íons estão agindo em função das suas atividades (ocorrem
os aglomerados iônicos); assim a maneira correta de expressar esse equilíbrio é:
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a a
H3O+ CH3COO-
K = --------------------------
a
CH3COOH
Ks = [An+]m [Bm-]n
Ks = aA+m aB-n
pH = log 1/[H3O+]
pH = log 1/aH3O+
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A toxicidade às plantas, de um elemento presente na solução do solo, pode ser
diminuída pela presença de outros íons, pelo simples fato de que promovem aumento da força
iônica. Quanto maior µ, menor será o coeficiente de atividade e, portanto, menor a atividade do
elemento tóxico na solução do solo e menor sua chance de ser prejudicial. É por raciocínios como
esse, por exemplo, que se justifica o efeito da adição de sulfato de cálcio na redução da toxicidade
às plantas do íon alumínio Al3+ presente na solução do solo.
O aumento da força iônica no meio favorece a dissolução de sais pouco solúveis. Isto
pode auxiliar quando se interpreta o fornecimento de nutriente às plantas por uma fonte pouco
solúvel.
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