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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

“JÚLIO DE MESQUITA FILHO”


FACULDADE DE ENGENHARIA DE ILHA SOLTEIRA
Departamento de Física e Química

Apostila da Disciplina

Fundamentos de Óptica
(FIS0935)

Docente: Prof.Dr. Cláudio Luiz Carvalho

Sala: 443 (DFQ)

Ilha Solteira
- 2010 –
Departamento de Física e Química___________________________________Fundamentos de Óptica

1 – Reflexão e Refração
1.1 - Objetivos.....................................................................................…. 3
1.2 - Introdução...................................................................................…. 3
1.2.1 - Reflexão e refração……………………………...... 3
1.2.2 - Reflexão interna total……………………………... 4
1.3 - Parte experimental....................................................……………… 5
1.3.1 - Materiais necessários............................................... 5
1.3.2 - Procedimento experimental..................................... 5

2 - Espelhos Esféricos
2.1 - Objetivos.....................................................................................…. 7
2.2 - Introdução...................................................................................…. 7
2.2.1 - Espelhos esféricos………………………………… 7
2.2.2 - Propriedade dos espelhos esféricos……………….. 8
2.3 - Parte experimental............................................................................ 10
2.3.1 - Materiais necessários……………………………... 10
2.3.2 - Procedimento experimental……………………..... 10

3 - Estudo das Lentes


3.1 - Objetivos.....................................................................................…. 13
3.2 - Introdução...................................................................................…. 13
3.3 - Parte experimental.......................................................................…. 14
3.3.1 - Materiais necessários……………………………... 14
3.3.2 - Procedimento experimental.................................… 15

4 - Interferência e Difração
4.1 - Objetivos………………………………………………………….. 18
4.2 - Introdução……………………………………………………….... 18
4.3 - Parte experimental……………………………………………….... 22
4.3.1 - Materiais necessários……………………………... 22
4.3.2 - Procedimento experimental………………………. 22

5 – Índice de Refração
5.1. – Objetivos............................................................................................................. 25
5.2. – Introdução........................................................................................................... 25
5.3. – Parte experimental............................................................................................... 27
5.3.1. – Materiais necessários....................................................................................... 27
5.3.2. – Procedimento experimental.............................................................................. 27

6 - Bibliografia……………………………………………………………………..... 29

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1.1 – Objetivos

Verificar experimentalmente as leis de reflexão e refração e determinar o


índice de refração do vidro e do acrílico.

1.2 - Introdução

1.2.1 - Reflexão e Refração

A figura 1.1 ilustra um feixe de luz atingindo uma superfície plana, ar-vidro.
Parte da luz é refletida pela superfície e a outra parte é refratada, isto é, se propaga
através da superfície para dentro do vidro. Este fenômeno de refração consiste na
mudança de direção de propagação do feixe de luz ao passar de um meio para outro, e
isto só ocorre porque a luz se propaga com velocidades diferentes nos dois meios.

Fig. 1.1 - Raios incidente, refletido e refratado quando um feixe de luz atinge uma
superfície ar-vidro (ref.4).

O ângulo θ1 entre o raio incidente e a normal (N) a superfície é o ângulo de


incidência. O raio refletido esta no plano de incidência θ2 (plano definido pelo raio
incidente e a normal) e este ângulo é igual ao de incidência.
O raio refratado forma um ângulo (ângulo de refração) com a normal e esta
relacionado com o ângulo de incidência e os índices de refração dos meios segundo a
equação abaixo, denominada Lei de Snell ou Lei de refração.

n1.sen θ1 = n2 .sen θ 2 (1.1)

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1.2.2 - Reflexão interna total

A reflexão interna total é um efeito que ocorre quando a luz se propaga de um


meio mais refringente para um meio menos refringente (figura 1.2).

Fig. 1.2 - Reflexão interna total de um feixe de luz (ref.4).

Como se pode ver na figura 1.2, à medida que o ângulo de incidência aumenta,
o ângulo de refração também aumenta. Quando o ângulo de refração é igual a 90º, o
raio refratado é tangente a superfície. Nessa situação o ângulo de incidência é
chamado de ângulo limite θL. No caso de ângulos de incidência maiores que θL, não
há raio refratado, e a luz reflete totalmente.
O cálculo de θL é obtido através da equação 1, fazendo θ2 = 90º

n1 .senθ 1 = n 2 .senθ 2 (1.2)

n2
senθ 1 = senθ 2
n1

para θ2 = 90°

n2
senθ L = (1.3)
n1

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1.3 - Parte Experimental

1.3.1 - Materiais necessários

• Fonte de Luz;
• Fenda Vertical;
• Lente de acrílico semi-circular;
• Recipiente de acrílico semi-circular para líquidos
• Prismas de 45º e 60º de acrílico;
• Prisma de 60º de vidro;
• Transferidor;
• Suportes;
• Banco óptico.

1.3.2 - Procedimento Experimental

AVISO: Toque somente nas superfícies foscas (não polidas) dos materiais.

1 - Lente de acrílico semi-circular e Líquido - Monte o sistema como mostrado na


figura 1.3. Calibrar a fonte de luz para fornecer raios de luz paralelos. Coloque o
material de estudo sobre o transferidor / goniômetro e gire o mesmo para obter os
valores de θi (ângulo de incidência) e θr (ângulo de refração), para pelo menos 5
medidas distintas. Construa um gráfico de sen θi x sen θr e determine o índice de
refração (n) do acrílico e da água.

Figura 1.3. Esquema do experimento para determinar o índice de refração de um


material (n2) .

2 - Prismas de 60o (vidro e acrílico) - Substitua a peça semi-circular (item anterior)


pelo prisma de vidro e posteriormente pelo de acrílico. Incida o raio de luz na face do
prisma. Gire o prisma até obter a condição de desvio mínimo (ângulo de incidência
igual ao ângulo de refração), como mostra a figura 1.4. Meça o valor de φ e determine
o índice de refração (n) do prisma utilizando a fórmula:

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ϕ +φ
sen( )
2
n=
ϕ
sen( )
2

Figura 1.4. Esquema dos raios incidente e emergente no prisma de 60º para
determinação do ângulo de desvio mínimo.

3 - Prisma de 45o e Lente/Recipiente semi-circular: Com estes tres elementos,


observe a reflexão interna total (o raio de luz é totalmente refletido, ver fig. 1.5). Na
condição mostrada abaixo determine o ângulo crítico e verifique se este é igual àquele
calculado pela equação sinθL= n2/n1, (Eq.1.3.), utilizando o índice de refração do
acrílico calculado no item 1. Discutir as prováveis diferenças.

Figura 1.5. Esquema do experimento para determinar o ângulo crítico na reflexão


interna total (θL) para diferentes materiais.

4 - O ângulo de refração será sempre menor que o ângulo de incidência? Por quê?

5 - Podemos utilizar a refração para separarmos comprimentos de ondas (cores) da luz


visível (branca)? Por quê e como?

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2.1 – Objetivos

Construir imagens geometricamente e determinar distância focal de espelhos


esféricos.

2.2 - Introdução

2.2.1 - Espelhos Esféricos

Espelho esférico é uma calota esférica na qual uma de suas superfícies é


refletora. É denominada côncava se sua superfície refletora for a interna e convexa se
sua superfície refletora for a externa.
A figura 2.1 ilustra dois espelhos, um côncavo (figura 2.1a) e um convexo
(figura 2.1b), onde C é o centro de curvatura do espelho, F é o foco principal do
espelho e V o vértice do espelho.

(a) (b)

Fig. 2.1 - (a) espelho côncavo e (b) espelho convexo

A distância do foco (F) ao vértice (V) é denominada distância focal (f) e a


distância do centro de curvatura (C) ao vértice (V) é denominada raio de curvatura (r)
do espelho. Para os dois espelhos a distância focal e o raio de curvatura estão
1
relacionados por f = r .
2
O raio de curvatura e a distância focal de um espelho côncavo são positivos, já
para um espelho convexo, ambos são negativos.

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2.2.2 - Propriedades dos espelhos esféricos

a) Todo raio de luz que incide paralelamente ao eixo principal, reflete-se passando
pelo foco.

b) Todo raio de luz que incide passando pelo foco (F) reflete-se paralelamente ao
eixo principal.

c) Todo raio de luz que incide passando pelo centro de curvatura (C) reflete-se sobre
si mesm

d) Todo raio de luz que incide sobre vértice (V) do espelho, reflete-se simetricamente
em relação ao eixo principal.

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A imagem de um objeto, colocado em frente a um espelho pode ser localizada


graficamente, traçando-se dois dos quatro raios descritos anteriormente (figura 2.2).

(a) (b)

Fig. 2.2 - Raios traçados para a determinação de uma imagem para: (a) espelho
côncavo e (b) espelho convexo.

O tipo de imagem (real ou virtual, maior, menor ou igual ao objeto, direita ou


invertida) gerada de um objeto por um espelho esférico, depende da posição do objeto
em relação ao espelho e do tipo do espelho. As imagens formadas no lado esquerdo
do espelho são reais, enquanto que as formadas no lado direito são virtuais.
A relação entre a distância p do objeto ao espelho, a distância p’ da imagem ao
espelho e a distância focal f do espelho, é dado por:

1 1 1
+ = (2.1)
p p' f

substituindo f = 1 r temos
2

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1 1 2
+ = (2.2)
p p' r

A ampliação lateral (m) de um objeto refletido por um espelho esférico, é dado


por:

i − p'
m= = (2.3)
o p

Se, m > 0 significa:


i e o têm o mesmo sinal: imagem direta
p’ e p têm sinais opostos: sendo o objeto real (p > 0), a imagem é virtual (p’ < 0)

Se, m < 0 significa:


i e o têm o mesmo sinais diferentes: imagem invertida
p’ e p têm mesmo sinal: sendo o objeto real (p > 0), a imagem é real (p’ > 0)

2.3 - Parte Experimental

2.3.1 - Materiais necessários

• Fonte de luz com um condensador;


• Slide;
• Espelhos (côncavo, convexo e plano);
• Banco óptico e suportes;
• Bastão com fita adesiva;
• Anteparo retangular opaco;
• Régua milimetrada e trena.

2.3.2 - Procedimento Experimental

AVISO: Evite tocar na superfície dos espelhos.

O experimento será dividido em duas partes

Espelho Côncavo

Monte o esquema da figura 2.3. Utilize a fonte de luz com um objeto (slide de
um boneco) para gerar uma imagem real por reflexão, projetando-a no anteparo

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opaco. Use somente a parte central do espelho e procure manter o objeto e imagem o
mais próximo possível de um mesmo eixo.
1 1
1) - Faça no mínimo cinco (5) medidas de (p,p’) e construa um gráfico de x para
p p'
determinar a distância focal (f ) e raio de curvatura (R) do espelho.
− p'
2) - Determine a ampliação (aumento) transversal, utilizando a equação m = (ou
p
I/O), para cada par (i,o) medidos no item anterior.

Fig. 2.3 - Montagem experimental para a determinação da distância focal do espelho


côncavo

(a) Qual a posição do objeto em relação ao espelho côncavo em que obteríamos uma
imagem virtual?
(b) Poderíamos utilizar um espelho côncavo em vez de lentes em projetores de slides?
Faça um esquema de como isso poderia ser feito.
(c) Qual o significado do sinal negativo ou positivo da ampliação transversal?

Espelho Convexo

Como o espelho convexo não gera imagens reais a partir de um objeto real,
utilizaremos o método dos focos congregados para determinar a sua distância focal. O
método consiste em coincidir duas imagens, uma gerada pelo espelho convexo e a
outra por um espelho plano.
Monte o sistema óptico conforme a figura 2.4

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Fig. 2.4 - Montagem experimental para a determinação da distância focal do espelho


convexo o1 = objeto 1; o2 = objeto 2; EP = espelho plano; EC = espelho convexo; i1 =
imagem 1; i2 = imagem 2

Para facilitar o posicionamento das imagens, utilize um objeto composto por


duas partes distintas. Uma das partes (superior) formará a imagem i1, gerada pelo
espelho plano e a imagem i2, gerado pelo espelho convexo. Quando i1 e i2 estiverem
na mesma posição, como indicado na Figura 2.4 teremos que:

p’ = 2d - p, onde d e p são mensuráveis.

Como i1 é muito menor que i2, use um objeto o1, maior que o2 (por exemplo,
enrole uma fita adesiva no ponto de uma vareta).
Comece a medir colocando o espelho plano bem próximo ao espelho convexo
(~3cm) e varie a posição do objeto até que as imagens coincidem (olhando na posição
indicada de vai e vem, perpendicular ao eixo do banco óptico. A posição correta será
aquela onde não há deslocamento relativo das imagens.

1 – Meça, no mínimo, cinco valores de (p,p’) variando a distância entre os espelhos,


1 1
construa um gráfico x e determine a distância focal (f ) e o raio de curvatura (R).
p p'
Como sugestão, varie a distância entre os espelhos de 2 em 2 cm.

2 - Determine o aumento lateral (m) para cada par (p,p’) medidos.

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3.1 - Objetivos
Construir geometricamente imagens utilizando lentes esféricas e determinar
distância focal das lentes.

3.2 - Introdução
Uma lente é um sistema óptico limitado por duas superfícies refratoras. Para
uma lente imersa no ar, um raio de luz refrata do ar para o interior da lente, atravessa
a lente e refrata novamente para o ar. No caso dos raios incidirem paralelos ao eixo
central da lente em uma das faces, e emergirem da outra face convergindo para um
ponto, dizemos que esta lente é convergente figura 3.1a . Caso contrário, ou seja, se os
raios divergirem dizemos que a lente é divergente figura 3.1b.

(a) (b)

Fig. 3.1 - (a) Raios, incidindo paralelos ao eixo central de uma lente
convergente convergem para um foco real F2 e (b) Raios, incidindo
paralelos ao eixo central, divergem ao passar por uma lente
divergente. O prolongamento dos raios passa pelo foco virtual F2
(ref.2)

A distância focal (f) de uma lente delgada é dado por:

1 1 1
= (n − 1) ⋅  +  (3.1)
f  r1 r2 

A equação 3.1 é chamada de equação dos fabricantes de lentes, fornece a


relação entre a distância focal da lente, o índice de refração do material da lente e os
raios de curvatura de suas superfícies.

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A figura 3.2 ilustra como são traçados os raios para a obtenção da imagem
formada por uma lente de um objeto.

(a) (b)

Fig. 3.2 - Três raios que permitem determinar uma imagem formada por uma
lente delgada (ref.2).

A equação 3.2, chamada de equação das lentes fornece a relação entre a


distância focal (f) da lente, a distância do objeto (o) à lente (p) e a distância da
imagem (i) a lente (p').

1 1 1
= + (3.2)
f p p'

O tipo de imagem (real ou virtual; maior, igual ou menor ao objeto; direita ou


invertida) formada por uma lente, depende da posição do objeto em relação a lente e
do tipo da lente.
A ampliação lateral (m) de uma lente convergente ou divergente é dada por:

i p'
m= =− (3.3)
o p

3.3 - Parte Experimental

3.3.1 - Materiais Necessários:

• Fonte de luz com um condensador;


• Diafragma com fendas horizontais;
• Transferidor;
• Prendedor;
• Base cônica;
• Banco óptico e acessórios;
• Lentes de acrílico (bicôncava e biconvexa);
• Lente convergente no 11;
• Lente divergente no 4;
• Anteparo retangular opaco;

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• Slide;
• Régua e trena.

3.3.2 - Procedimento Experimental

AVISO: Não toque nas superfícies polidas das lentes com as mãos ou mesmo com
outros objetos.

1 - Lentes bicôncava e biconvexa de acrílico:

- A fonte de luz está calibrada para fornecer raios paralelos horizontais.


- Monte o transferidor na posição vertical utilizando a base cônica.
- Utilize a fenda única para posicionar o transferidor na altura certa, fazendo
o raio passar pelo seu centro. Utilize o prendedor para fixação das lentes
no transferidor.
(1) - Faça incidir um feixe paralelo na lente bicôncava e diga se esta é
convergente ou divergente. Determine sua distância focal.
(2) - Repita o item (1) para a lente biconvexa.

Fig. 3.3 - Montagem experimental para analisar as lentes convergente e divergente.

2 - Lente convergente (no 11)

- Retire da fonte de luz o diafragma de fendas horizontais. Fixe o slide do


boneco na parte frontal da fonte e monte o banco óptico como mostra a
figura 3.4.
- Faça com que toda a luz incida na lente e projete a imagem gerada no
anteparo.
(1) Faça 10 medidas de (p,p’); (O,I) variando a distância entre o objeto e a
lente procurando sempre uma imagem nítida no anteparo. Com estes dados

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1 1
construa um gráfico de x , determine a distância focal (f) da lente e a
p p'
ampliação lateral.

Fig. 3.4 - Montagem experimental para determinação da distância focal da lente


convergente.

(2) - Com a mesma montagem, verifique e anote que tipo de imagem que é
formada, quando o objeto estiver: antes do raio de curvatura; no raio de
curvatura; e entre o foco e o raio de curvatura.
(3) - Apresente um método simples e imediato de determinação de f sem o uso
do banco óptico.

3 - Lente divergente (no 4)

- Utilize a fonte de luz com um condensador. Ajuste a fonte de maneira a


obter um feixe paralelo. Para isso, coloque um anteparo próximo à fonte (≈
5 cm) e iguale o diâmetro do circulo projetado no anteparo, com o
diâmetro de saída da fonte.

- Ao colocar a lente em frente a fonte (≈ 5 cm), o feixe de luz ao passar por


ela abrirá, formando um cone luminoso como ilustra a figura 3.5.
Por semelhança de triângulos, obtém-se a equação 3.4:

φL
φC = d +φL (3.4)
f

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Fig. 3.5 - Montagem experimental para determinação da distância focal da lente


divergente.

(1) - Faça 10 medidas de (φC,d), variando a distância do anteparo a lente, e com


estes dados construa um gráfico de φC x d e determine a distância focal (f) da
lente.

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4.1 - Objetivos
Verificar experimentalmente o fenômeno de interferência e difração e
determinar parâmetros de redes de difração.

4.2 - Introdução
A interferência e a difração são dois fenômenos importantes que distinguem as
ondas das partículas. A difração é a curvatura das ondas em torno de arestas, que
ocorre quando uma parte da frente de onda encontra uma barreira ou um obstáculo. A
interferência é a combinação, por superposição, de duas ou mais ondas que se
encontram num ponto do espaço.
A figura 4.1 ilustra um experimento de interferência realizado por Thomas
Young em 1801. Nesta experiência, a luz é difratada pelo orifício So da tela A e
depois difratada novamente pelos orifícios S1 e S2 da tela B. A luz difratada por estes
dois últimos orifícios se sobrepõe no espaço entre B e C e produz uma figura de
interferência (fig.4.1).

Fig. 4.1 - Interferência de ondas luminosas em duas fendas (experiência de


Young) [2].

A figura 4.2, ilustra ondas luminosas partindo de S1 e S2 e combinando num


ponto arbitrário P. Essas ondas, não necessariamente, chegam em fase no ponto P, por
causa da diferença de percurso (r1-r2) para as duas ondas. A grandes distâncias das
fendas, as retas das duas fendas ao ponto P (r1 e r2), são aproximadamente paralelas, e
a diferença de percurso (r1-r2) é aproximadamente d senθ (figura 4.2b).

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Fig. 4.2 - (a) Ondas luminosas partindo de S1 e S2 e atingindo o ponto P na


tela C; (b) Para D>>d, supõe-se que os raios r1 e r2são
aproximadamente paralelos e fazem um ângulo θ com uma reta
perpendicular aos planos (ref.2).

Quando essa diferença de percurso for igual a zero ou um número inteiro do


comprimento de onda, as ondas chegam em fase em P e a interferência é construtiva
(máximos).

d senθ = mλ m = 0,1,2,… (máximos) (4.1)

As regiões na tela onde estão situados os máximos de interferência são


chamadas de franjas claras.

Quando essa diferença de percurso é um múltiplo impar de meio comprimento


de onda, as ondas chegam em oposição de fase em P e a interferência é destrutiva
(mínimos).

d senθ = (m + 1/2)λ m = 0,1,2,… (mínimos) (4.2)

As regiões na tela onde estão situados os mínimos de interferência são


chamadas de franjas escuras.
A distância ym medida na tela C, a partir do ponto central até a m-ésima franja
clara (figura 4.2a) é dada por:

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ym
tanθ =
D
onde, D é a distância entre as fendas e a tela C.

Para θ pequeno temos:

ym
senθ ≈ tanθ =
D

ym
então d senθ = d substituindo na equação (4.1)
D
ym mλD
d = mλ ou ym =
D d

que é a distância medida na tela C do m-ésimo máximo ao centro da figura.

Para o máximo adjacente, temos:

y( m +1) =
(m + 1)λD (4.2)
d
O fenômeno de difração também é observado, quando incidimos um feixe de
luz laser sobre um CD com um certo ângulo de incidência, conforme a figura 4.3.

Fig. 4.3 – Esquema ilustrativo da incidência da luz LASER sobre a superfície de um


CD.

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Utilizando a geometria para determinarmos o ângulo de incidência (θi ), temos


que

 D1 
θ i = Tan −1  
h
 0 

da mesma forma determinamos o valor do ângulo de reflexão ( θr )

 D2 
θ r = Tan −1  
 h0 

e de maneira genérica
 D2 
φ n = Tan −1
 
 hn 

Na figura 4.4 os raios 1 e 2 ilustram a difração na superfície da rede de


ranhuras,

Fig. 4.4 - Ilustração dos caminhos

Assim, temos que a diferença de caminhos entre os dois raios é

∆ = AC − BE

mas,
AC = d ⋅ cos(90 − θ i )
e
BE = d ⋅ cos(90 − φ n )
onde
∆ = d ⋅ cos(90 − θ i ) − d ⋅ cos(90 − φ n )
ou

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∆ = d ⋅ ( senθ i − senφ n )

Para que ocorra interferência construtiva, a diferença do caminho percorrido


pelos raios difratados deve ser igual a um número inteiro do comprimento de onda,
então

∆ = d ⋅ ( senθ i − senφ n ) = n ⋅ λ (4.3)

onde n é um número inteiro e representa a ordem da difração.

4.3 - Parte Experimental


4.3.1 - Materiais Necessários

• LASER de He-Ne (6328 Å);


• Redes de difração (18 e 530);
• Anteparo com base cônica;
• Papel milimetrado;
• Régua;
• Trena;
• Banco óptico e acessórios;
• Fio de Cabelo;
• CDs
• Fita adesiva;
• Moldura de cartolina.

4.3.2 - Procedimento Experimental

AVISOS:

1) Não olhe diretamente o feixe de luz do LASER


2) Não toque com as mãos as superfícies das lentes.

1 - Difração no fio de cabelo:

- Coloque um fio de cabelo no suporte apropriado usando uma fita adesiva,


incida o feixe do LASER sobre o fio de cabelo e projete a figura no
anteparo, conforme mostra a Fig. 4.5. Marque a distância entre os
máximos, construa um gráfico de senθ x m e determine a espessura do fio
de cabelo.

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Fig. 4.5 - Ilustração de refração no fio de cabelo.

2 - Difração nas Redes

- Monte o sistema óptico como ilustra a figura 4.6. Fixe no anteparo uma
folha de papel milimetrado, e localize o máximo principal incidindo o
feixe do LASER diretamente no papel.

Fig. 4.6 - Esquema do sistema óptico para obtenção dos máximos.

(1) Rede 18: Fixe a distância entre a rede e o anteparo e marque no papel
milimetrado os máximos de intensidade, tanto quanto possível.
Faça um gráfico de senθ x m e determine a distância d entre os
sulcos da rede.
(2) Rede 530: Repita o mesmo procedimento do item 1 (rede 18).

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3 - Difração sobre um CD

1. Aplique o feixe do LASER He-Ne sobre o CD, conforme a Figura 4.7.

Fig. 4.7 - Ilustração de difração sobre um CD

2. Obtenha os ângulos θ i do raio incidente e φn do raio difratado e determine as


distâncias entre as ranhuras do CD.

3. Refaça o item 2 com uma nova inclinação do laser He-Ne, sobre o CD.

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5.1. Objetivos
Utilizar o CD (Compact Disc) para determinar o índice de refração de líquidos
com precisão e mostrar a variação do comprimento de onda da luz quando a mesma se
propaga em diferentes meios como o ar e a água.

5.2. Introdução
A facilidade de encontrar materiais de baixo custo (como ponteira laser, CD,
etc) permite a realização de experimentos simples e com isto introduzir conceitos da
óptica física como difração e interferência da luz, bem como determinar o índice de
refração de alguns materiais. O CD, como já sabemos de experimentos anteriores, é
constituído por trilhas com espaçamentos da ordem de 1,6 µm, onde são armazenados
os dados, e esse dispositivo funciona como uma rede de difração por reflexão ou por
transmissão da luz, sendo este último caso o que será usado neste experimento, após a
retirada da película protetora [1].

Na Fig. 5.1 está representada esquematicamente a luz incidindo sobre o


referido CD e a difração após passar pelo mesmo. O meio é o ar (assumindo nar ≈ 1).
De modo similar obtemos a mesma representação esquemática da difração na água ou
outro líquido qualquer, havendo uma diminuição da distância entre a difração de
ordem zero e a difração de 1ª ordem, indicando uma diminuição do comprimento de
onda da luz, como será discutido a seguir.

Figura 5.1. Representação esquemática da difração da luz sendo o meio o ar.

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Pode-se mostrar que a distância entre as trilhas, ângulo onde ocorre o máximo
e o comprimento de onda estão relacionados pela equação [2],

d.sen θ = m.λ (5.1)

onde d é a constante da rede de difração (e nesse caso d = 1,6 µm), λ é o


comprimento de onda da luz LASER HeNe (λ = 6328 Å) e o ângulo θ localiza as
ordens de difração, e nesse caso vamos considerar apenas a 1ª ordem de difração que
corresponde a m =1 (m pode ser 0, ±1, ±2,...), então a equação fica

d.sen θ = λ (5.2)

Considerando o meio como sendo o ar, teremos a seguinte relação

d.sen θar = λ (5.3)

Através da Fig. 5.1. podemos escrever que

Y1
senθ = (5.4)
Y + D2
1
2

De forma análoga teremos uma expressão semelhante se a luz atravessar um meio


diferente do ar.
Assim, utilizando as equações 5.3 e 5.4, e considerando dois meios diferentes, por
exemplo, ar e água, podemos obter uma relação entre os meios como mostrado através
de

sen θ ar λ ar Yar YH22O + D 2


= =
sen θ H 2O λ H 2O YH O Yar2 + D 2
2

(5.5)

e, como a fonte de luz pode ser a mesma para os dois meios, a freqüência não se altera
apesar de mudar de meio. Disso temos que

v v ar v H 2O
f = = = (5.6)
λ λar λH O
2

Mas, usando a eq. 5.6 e lembrando que,

c
n= (5.7)
v

Podemos obter uma relação somente entre os parâmetros geométricos do sistema e o


índice de refração da água, dado por,

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λ ar Y
n H 2O = = = ar (5.8)
λ H O YH O
2 2

Evidentemente que, os experimentos com meios distintos são efetuados


separadamente, mas utilizando exatamente o mesmo aparato experimental.

5.3. Parte Experimental


5.3.1. Materiais Necessários

• Fonte de luz LASER He-Ne (λ = 6328 Å);


• Um pedaço de CD sem a película
• Béquer ou aquário de vidro transparente
• Água ou diferentes líquidos
• Folha de papel
• Fita adesiva
• Régua

ADVERTÊNCIA: NÃO incidir e NEM olhar para a luz proveniente do LASER,


possibilidade de causar danos irreversíveis à retina.

5.3.2. Procedimento Experimental

Neste experimento iremos utilizar metade de um CD comercial sem a


superfície metálica de proteção, semelhante ao utilizado no experimento de
Interferência e difração, conforme mostra a Fig.5.1. Porém, neste caso teremos uma
rede de difração por transmissão.

Figura 5.1. CD comercial dividido em duas partes e sem a proteção metálica.

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Na Fig. 5.2, podemos observar o arranjo experimental necessário para se obter


os máximos gerados pelo CD após atravessarem um meio líquido ou o ar. Neste caso,
está sendo utilizado um aquário retangular com paredes de vidro. Na parte da frente
do recipiente, ou seja, por onde a luz LASER está entrando no meio cujo índice de
refração será estudado, é fixada uma metade do CD utilizando-se fita adesiva,
enquanto que na parede de trás, ou seja, por onde sairá a luz após sofrer a refração,
será fixado uma folha de papel sulfite ou milimetrado contendo um risco vertical que
será usado como referência para efetuar as medidas necessárias usadas nos cálculos
do índice de refração. A luz deverá incidir perpendicularmente ao CD de tal maneira
que após a refração deverão ser observados dois máximos (m=±1) simétricos em
relação a linha vertical de referência posicionados horizontalmente em relação a
mesma e o ponto central, cujo máximo é o de ordem zero (m=0).

Figura 2. Fotografias do arranjo experimental, vista lateral e longitudinal.

Faça, inicialmente, o experimento com o aquário vazio, consequentemente irá


obter os máximos considerando somente o ar. Meça com uma régua a distância entre
o máximo central e a primeira ordem de difração. Em seguida coloque o líquido a ser
estudado de tal maneira que a luz passe através do mesmo gerando por sua vez novos
máximos. Determine o índice de refração do líquido utilizando a equação 5.8.
Compare os resultados com os valores encontrados na literatura.

Referências Bibliograficas

[1]. Flávia Matioli da Silva, Mikiya Muramatsu - Física na Escola, v. 8, n. 1, 2007.


[2]. D. Halliday, R. Resnick e J. Walker – Fundamentos de Física: Óptica e Física
Moderna, Vol. 4 - 4a Edição LTC Livros Técnicos Científicos Editora, Rio de
Janeiro -RJ 1996.

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- D. Halliday, R. Resnick e J. Walker – Fundamentos de Física: Óptica e Física


Moderna, Vol. 4 - 4a Edição LTC Livros Técnicos Científicos Editora, Rio de Janeiro -
RJ 1996.

- P.A. Tipler – Física: Óptica e Física Moderna, Vol. 4 - 3ª Edição, LTC Livros
Técnicos Científicos Editora, Rio de Janeiro - RJ 1995.

- F. Sears, M.W. Zemansky / H.D. Young, R.A. Freedman - Física 4: Óptica e Física
Moderna, Vol. 4 - 10a Edição, Pearson Education do Brasil, São Paulo – SP 2003.

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