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Direito Constitucional II Professor Claudio Lembo Bibliografia: Curso de Direito Constitucional — Manoel Gongalves; A pessoa ¢ seus direitos - Claudio Lembo. CONCEITO DE CONSTITUIGAO Constituicaio € © conjunto de normas que dispe sobre a organizacéo juridica total de um determinado estado, Que possua um sistema de limitagdo do poder e um sistema de tutela dos direitos fundamentais, funcionando como uma garantia de governos moderados e limitados quanto a0 exercicio do poder politico e governos, portanto, incapazes de efetuar arbitrariedades. ‘Contes minimo de um ‘onstugao DIREITOS FUNDAMENTAIS (DIREITOS INDIVIDUAIS) Conceito de CELSO BASTOS de direitos fundamentais: “Dé-se o nome de liberdades publicas, de direitos humanos ou individuais Gquelas prerrogativas que tem o individuo em face do Estado.” 0s direitos e garantias fundamentais servem, portanto, como controle, como limite 20 poder do Estado, Direitos fundamentais so os direitos humanos positivados. CONCEITO DE DIREITOS HUMANOS “Os direitos humanos constituem um conjunto de faculdades e instituiges que, em cada momento histérico, concretizam as exigéncias de dignidade, liberdade e igualdade humanas, as quais devem ser reconhecidas positivamente pelos ordenamentos juridicos, nos planos nacional e internacional.” > Contetido valorativo/axiolégico ‘> Fruto de um consenso histérico (ndo séo um dado, so um construido) 'D Reivindicagdes perante o poder pblico (é um direito, portanto, faz parte do plano do dever ser e no no plano da moral}. 1 rafael skinner DIFERENGA ENTRE DIREITOS FUNDAMENTAIS E DIREITOS HUMANOS Os direitos fundamentais séo os direitos humanos positivades, Postos numa Constituicao. od os Os direitos humanos protegem a dignidade humana, e sao direitos que independem das caracteristicas presentes em cada individuo (so inerentes & condigio de pessoa). O que nao acontece, por exemplo, no Cédigo Civil, que diferencia as pessoas em detrimento de sua idade como pardmetro de estabelecimento da capacidade. Dai ven o nome de Direitos UNIVERSAIS Humanos ~ Declaracdo Universal de 1948 ("soft Law”, pois nao € vinculante, mas possui grande forca moral - tenta fazer valer uma ética universal que deve ser respeitada por todos os Estados). A adesio mais expressiva da Declaracdo, porém, s6 se deu em 1993 (Conferéncia de Viena - com 171 Estados), Concepgio de um conjunto de direitos e faculdades sem as quais um ser humano nao pode desenvolver sua personalidade fisica, moral e intelectual. CONCEPGAO CONTEMPORANEA DOS DIREITOS HUMANOS So direitos com caracteristicas: © Universa Valem ese aplicam a todos © Indivisiveis + Interdependentes Sio direitos que passam a ser de legitimo interesse internacional, CARACTERISTICAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS © Positives Esto expressos no texto constitucional ou séo derivados deste ou convengées ou tratados internacionais. + Preferenciais Ocupam uma posicso de destaque no ordenamento juridico e possuem um regime juridico diferenciado: ex: insercio no regime das cléusulas pétreas; instituico de remédios e garantias para sua protecio; possuem aplicacio imediata. Servern como pardmetro de legitimidade do proprio 2 rafael skinner ordenamento juridico. Portanto, um dispositive, para ser legitimo, deve respeltar, proteger implementar esses direitos, + Contetido axiolégico Fundamentalidade, Um interesse ou caréncia é fundamental quando sua violaco ou nao satisfaco, significa morte, sofrimento grave, ou quando toca no niicleo essencial da autonornia © Limitéveis Por outros direitos quando tém expressa forma de principios (CONFLITO DE DIREITOS E INTERESSES = ponderagao). Nao sdo simples conselhos, exortagdes ou programas de agdo. Sdo verdadeiras normas juridicas. Lembrando que as normas se dividem em: PRINCIPIO NORMA a. Regras Alta densidade normativa (especificidade); aplicdveis por subsungéo b. Prin ios Baixa densidade normativa (generalidade); aplicéveis por ponderacao; mandamentos de otimizacao. ESPECIES DENORMAS = ABSTRAGAO DENSIDADE ‘APLICAGRO NORMATIVA “PRINCIPIO (normas de Alta Baixa Por ponderacao estrutura aberta) REGRA (normas de Baixa Alta Por subsuncao estrutura fechada) Serer PORTANTOM 0s direitos fundamentais, além de sofrerem restrig6es, ou seja, serem limitados, por outros princfpios, também poder ser limitados por circunstancias faticas (ex: os direitos sociais esbarram no poder orgamentario do governo). Esta iltima limitacgo 6 abordada pela Teoria do Limite Fatico da Reserva do Possi ‘AA questo gera em torno da questo sobre quais as restricées admissiveis 4 aplicagio de um principio. Apenas 0 método da PONDERAGAO pode determinar, no caso concreto, qual é 0 peso relativo de cada interesse/valor protegido pelo direito. 3 rafael skinner DIREITOS INDIVIDUAIS, SOCIAIS E DA HUMANIDADE Civis e Direitos coletivos. (direitos Sdo direitos das futuras politicos (direito a vida; trabalhistas; educacionais; geragdes. liberdade; a0 voto; a previdencidrios; de satide propriedade etc.) etc) Ex direitos ambientais; protec3o a0 consumidor. Art, 52 C88 Art, 62 € ss, CF 88 Entre 1948 e 1966, surge a idéia da criacdo de dois pactos intemnacionais de protecio dos Direitos Humanos cogentes, pois a Declaracio de 48 nao possuia forca vinculante, apenas uma forga moral. © Pacto Internacional dos Direitos Civis e Politicos * Pacto Internacional dos Direitos Econémicos Sociais e Culturais NATUREZA JURIDICA DOS DIREITOS HUMANOS Hanna Arendt - Néo séo um dado, so um construido (constante proceso de construc € reconstrucio}. Bobbio - Os DHs. Nascem como direitos naturais e universais, desenvolve-se como direitos Positivos particulares e que encontram sua plena realizaco como direitos positives universais (a partir da Declarac&o Universal dos DH de 1948), Portanto, sao direitos positivos, tanto no plano interno quanto no plano internacional. ‘TEORIAS SOBRE OS DIREITOS HUMANOS ‘+ Jusnaturalismo modemno Vincula 0 Estado a preservacao de direitos individuais inerentes & pessoa humana, direitos naturais, Procura explicar 0 aparecimento do estado a partir da necessidade da protesao a estes dit Estado nio protege tais direitos, sua legitimidade pode ser, inclusive, questionada. O Estado apenas declara (e nao constitui, como para o positivismo) estes direitos. tos, Seo Entende 0s direitos humanos como direitos advindos do estado de natureza. £ anterior e superior a0 direito positivo e, em caso de conflito, o direito natural deve prevalecer. Autores: Locke; Hobbes; Rousseau E uma concepgao individualista e baseada na rozéo (iluminismo), Trouxe um conjunto chamado direito natural objetivo. + Positivismo © direito & 0 dever ser, é a lei posta. Qualquer tentativa de reconhecer normas validas anteriormente ao surgimento do direito é inconcebivel.. 4 rafael skinner Para esta concepsio, a noco de direito natural nao tem sentido, pois a idéia de direito pressupde a sua positivacio, Os direitos naturais seriam regras morais, religiosas ou filosdficas Aqui a concepsao de positivacao dos direitos humanos possui carter constitutive. © Teoria realista tos humans nem declaratério e nem constitutive. Nao outorga ao processo de positivagao dos di © que importa ¢ determinar 0 real e definitivo desfrute dos direitos humanitarios. € a verificagao da realidade fatica para se saber quais as condicdes sociais necessdrias para o desfrute de tais direitos, Aqui hé a preocupasao com a criag3o de mecanismos concretos para a preservacao destes direitos. “6 passow da hora de prever direitos, agora é hora de efetivé-los” (Norberto Bobbio). ‘TERMINOLOGIA APLICADA Direitos Humanos e Direitos do Homem Ja dissemos que os direitos humanos, quando positivados, adquirem a condico de direitos fundamentais, Nao nos interessa, neste curso, tratar dos direitos do homem, mas vale destacar a concepgdo deste termo: procura conjugar a idéia de direitos naturais (inerentes 4 condicio humana = concepcao jusnaturalista) com a idéia de direitos civis (conjunto de direitos que o Estado reconhece e que correspondem ao Homer pelo fato de ser membro da sociedade). Direitos Humanos e Liberdades Pablicas Para alguns, si equivalentes, mas outros criticam esta posigo, pois esta expressio (liberdades piiblicas), da a idéia de contraposi¢ao ao rol de liberdades privadas (eficdcia horizontal dos direitos humanos). Além disso, liberdade publica é espécie do género direitos humanos, E, portanto, uma expresso mais restrita, Limita-se ao direito de agir, ndo abrangendo o de exigi Os Direitos Sociais, para autores como Jean Rivero, no podem ser consideradas liberdades piblicas, embora possam ser consideradas direitos fundamentais e direitos humanos. E certo que estas liberdades publicas funcionam como limitagdo 20 poder do Estado. Estas liberdades teriam 3 dimensdes: Dimensio civil (iberdades classicas: liberdade de expressio; de locomosio etc.) Dimensao Politica (liberdade; participacao) Dimensao social (direitos econémicos, sociais e culturais) - torna imprecisa a equiparacdo da expresso a expressio direitos humanos. HITORICIDADE DOS DHS Direitos humanos sdo direitos histéricos, pois, construido, so uma invengao humana, em constante processo de construcdo e reconstrucso. Hannah Arendt, no so um dado, so. um Importante avaliar a trajetéria desses direitos no curso da histéria constitucional do pais 5 rafael skinner PROCESSO DE POSITIVAGAO DOS DHS NAS CONSTITUIGOES BRASILEIRAS Constitucionalismo ~ processo de positivacao dos direitos humanos nos textos das Constituig&es, valendo no Ambito dos Estados das Constituigéies que o reconhecem, na medida do seu reconhecimento Como foi o processo de positivacdo dos direitos humanos nas constituigées brasileiras? 1. AConstituigtio do Império de 1824 (vigente durante 65 anos). Inspiragéo ideolbgica: influenciada pelo pensamento juridico-constitucional vigente no fim do séc. XVIlle inicio do séc. XIX, deve ser compreendida a luz da doutrina liberal. Aspectos histéricos: * Volta da familia real e a regéncia de D, Pedro | = movimento de adotar o Brasil de uma Constituicao. © Convocagao da Assembiéia deu-se antes mesmo da proclamacao da Independencia. * Assembiéia jé estava funcionando em maio de 1823, embora o Imperador tenha dissolvido- a. + Griou-se um Conselho de Estado, a quem se incumbiu a tarefa de elaborar um novo projeto que serd submetido & opinido de Cémaras (na época o érgéo mais representativo da vontade popular). * Por solicitag’o das CAmaras, D. Pedro outorgou o texto antes mesmo que el estivesse referendado por aqueles érgios. Contetido: * Grande cédigo politico © Pos tou a consolidagao da independéncia e da unidade nacional, tomando vigente o desenvolvimento do Império brasileiro. Modelo de Estado, formas de governo adotados: + Constituiciio do Império estabeleceu um governo monarquico, hereditério, constitucional e representativo. © Adogio de Trés Poderes + Poder Moderador. * Adocdo do modelo de Estado Liberal (inspirado na experiéncia franco-americana século XVIII), ndo intervencionista ‘+ Mas também trouxe direitos sociais ‘+ Paulo Bonavides assinala 3 dimensées: > Passado: trouxe graves seqiielas do absolutismo > Presente: efetivou em parte o programa do Estado Liberal. > Futuro: adotou alguns elementos do Estado Social. Artigos que representam a influencia liberal: 6 rafael skinner Ex: art, 178: “é 56 constitucional o que diz respeito aos limites e atribuicdes e atribuigdes respectivas dos poderes publicos, e aos direitos politicos e individuais dos cidadios. Tudo que nio é constitucional pode ser alterado, sem as formalidades referidas, pelas legislaturas ordinarias Titulo 82 - ultimo titulo — art, 179 — amplo rol de direitos civis e politicos, buscando tutelar especialmente o direito 8 liberdade (di luais oponiveis ao Estado). 35 incisos doa RT. 179 garantiam iy Primado da legalidade es Vedagdo da retroatividade das leis Liberdade de pensamento, expresséo e imprensa Liberdade religiosa vvy liberdade de ir e vir Inviolabilidade de domicilio. ie v Independécia do judiciério a Igualdade perante a lei Aboligio dos acoites, da tortura da marca de ferro quente e de todas as penas cruéis vv Odireito de propriedade em toda a sua plenitude ret Odireito de petigao ao legislativo € ao executivo. Contradicao: Apesar dos avancos no campo dos direitos individuais, manutencdo ??? Apesar da inspirago liberal, a Constituic’o foi pioneira ao prever, em seu artigo 179, direitos sociais, como a garantia aos socorros piiblicos e a introduco priméria gratuita a todos os cidadios € colégios e universidades onde seriam ensinados os elementos das ciéncias, belas artes e artes, 27? 2. Constituigéio de 1891 Aspectos histéricos 15.11.89: golpe de Estado pés fim 8 Monarquia, destituindo o Imperador. Proclamou-se a Repiiblica Federativa Fatores que contribuiram para 0 declinio do Império: a. Transforamacio da economia agraria que contribuiu para: A libertagao dos escravos; Importagio do colono estrangeiro; Migracio geogréfica para éreas cultivadas; rafael skinner Ressentimento de grupos proprietérios de terra e conseqiiente abalo nos partidos (principalmente 0 Conservador) que serviam de alicerce politico & Coroa. Aparecimento do Exército como forca politica influente Substituindo os partidos em declinio (problema militar se colocava desde a guerra do Paraguai, quando o sofrimento das nossa tropas e o seu convivio com os meios militares platinos determinaram profunda mutagio de mentalidade, com o enquadramento do Exército brasileiro no ambiente sécio politico ambiental, do qual se encontrava mais ou menos afastado durante a maior parte do império); A aspiragio federalista Perceptivel desde a constituinte de 1823 Liberais foram os sistematizadores juridicos do federalismo durante essa fase da vida brasileira Influencia do positivismo Teve influencia maior na formagdo do ambiente histérico do que no encontro das solugdes politicas e constitucionais. Isolamento do Brasil como tinica Monarquia continental Gragas ao intercambio internacional, houve tendéncia ao enquadramento ???? rafael skinner POLITICAS PUBLICAS “Arranjos institucionais complexos, que se expressam em estratégias ou programas de aio governamental e resultam de processos juridicamente definidos para a realizacdo de objetivos politicamente determinados, com o uso de meios & disposigo do Estado.” ~ Maria Paula Dallar Surgem para implementar os direitos sociais. Envolve uma série de institutos e, portanto, precisa organizé-los (repartigo de competéncias € coordenacdo de meios do Estado de implementar as politicas publicas), Envolvem metas a serem atingidas ao longo do tempo. Nao podem ser abolidas ou restringidas injustificadamente, A idéia de politicas publicas engloba uma constante progressio coordenada na sua aplicacio. ELEMENTOS ESSENCIAIS A politica publica nao se esgota nas categorias juridicas tradicionais (norma, contrato, processo etc.) Oconceito proposto possui 4 elementos essenciais: * Acdo: O Estado € incitado a agir. Deve obedecer metas pré-estabelecidas. Deve haver planejamento racional; * Coordenagao: Envolve a contraposigio de dindmicas temporais e materiais. Exige a necessidade de articulagdo das politicas publicas entre si. Deve ocorrer entre os entes da federacao (para garantir reparticdo de recursos, encargos e responsabilidades) bem como entre o Estado e os particulares (setor puiblico e privado}, entre os Estados e os organismos internacionais e entre os Poderes Publicos; + Processo: procedimento em contraditério (seqiiéncia ordenada de atos em direcdo a um fim). Contraditério — prevé participagio do interessado. Dimensdo temporal (realizacao do direito. a0 longo do tempo). Envolve processo administrative, orcamentério, de planejamento, legislativo, judicial, extrajudicial eetc.; * Programa: Contetido da aco governamental. Medidas concretas. Objeto, definicdo precisa dos destinatérios da politica, especificagdo dos meios. Definigdo de expectativas temporal. Programas de aco governamental. Portanto, o conceito de politica publica ultrapassa a esfera meramente juridica, CICLO DA POLITICA PUBLICA bs: as etapas seguintes ndo sao estanques. 414 Etapa: formagéio e planejamento (art. 174 CF). Realizacdo de estudos multidisciplinares para diagnosticar os problemas e as demandas a serem priorizadas; Fixagdo de prioridades, objetivos e metas a serem alcangados (conforme diretrizes constitucionalmente previstas), Escolha dos meios adequados (caminhos efetivos técnicos, cientificos, juridicos e financeiros) que devem servir de parémetro para a execucio da politica (agenda settings); Previsdo de recursos financeiros. 9 rafael skinner 2 Etapa: implementacdo Deverd observar os principios, as diretrizes, os prazos, as metas quantificadas. Nao se esgota com a pratica de um tinico ato isolado, mas demanda um conjunto heterogéneo de medidas juridicas; Leis decretos regulamentares ou normativos; portarias de execugio, atos ou contratos. 34 Etapa: avaliagéo ‘Tém por objetivo verificar o impacto da politica: Os objetivos previstos esto sendo atingidos? Existe uma relagdo de adequacdo entre meios € Ha algo a ser modificado? 44 Etapa: fiscalizagdo e controle A avaliagao da politica publica fornece elementos para o controle judicial, social ou pelos Tribunais de contas. A sociedade civil, por meio dos Conselhos, Audiéncias Piblicas e mecanismos de pressdo variados, exerce papel importante na fiscalizacio. © Ministério Puiblico tem atuado na esfera da exigibilidade judicial das politicas publicas, NATUREZA JURIDICA DA POLITICA PUBLICA Toda a politica piblica implica um conjunto ordenado de meios ou instrumentos — pessoais, institucionais e financeiros ~ aptos & consecucao de um resultado pré-estabelecido. Politica publica é, portanto, uma atividade — uma série ordenada de normas e atos, do mais variado tipo, conjugados para a realizac3o de um objetivo determinado. 10 rafael skinner CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE Conceito: mecanismo utilizado para a garantia da unidade e supremacia da Constituicio; permite a verificagdo da compatibilidade entre uma lei ou qualquer ato normativo infra-constitucional € a Constituigdo. A declaracdo de inconstitucionalidade consiste no reconhecimento da invalidade de uma norma ou ato normativo e tem por fim paralisar sua eficécia. Todos os atos do poder publico, sejam normas ou no, devem ser compativeis formalmente (devem respeitar 0 devido processo legislative) e materialmente (quando 0 préprio contetido da norma ou ato é contrério & Constituicao Federal). Nao é realizado segundo critérios politicos (conveniéncia e oportunidade). £ sempre técnico-juridico, € 86 por isso pode ser controle de constitucionalidade (0 érglo que o realiza pode ser politico). Se os motivos de controle fossem politicos, ele ndo poderia ser um controle de constitucionalidade. Critérios para classificar 0 controle de constitucionalidade : concreto ou abstrato 1. Quanto ao objet Controle concreto ~ pretende resolver controvérsia intersubjetiva, Exercido durante determinado processo judicial. Impropriamente chamado de controle via de defesa. Pode ser apresentado na peticdo inicial como na defesa técnica. Pode tanto ser apresentado pelo autor quanto pelo réu. Pode ser realizado de oficio pelo Magistrado ou pelo Tribunal. Controle abstrato — pretende questionar a constitucionalidade em tese de uma lei ou ato normativo, Independe da solucdio de um caso concreto, Também chamado controle por via direta, por via principal. 2. Quanto ao momento: preventivo ou repressivo Preventivo — pode ser exercido pelo Executivo, Legislative ou Judicisrio. Possui matriz francesa. Se for realizado pelo Legislativo: Ocorre no Brasil quando, no curso do processo legislativo, os projetos de lei ou propostas de emenda séo submetidos ‘as Comissdes de Constituicéo € Justica. Se for realizado pelo Executivo: ocorre quando, ainda no processo de elaboracdo das Leis, os projetos so submetidos & sango ou veto do Chefe do Executive. Nesse caso, 0 veto pode ser juridico, com fundamento na inconstitucionalidade, ainda que realizado por drgéo politico. Trata- se de um veto técnico, apoiado na suposta inconstitucionalidade do projeto de lei ico) = por motivos de em relago 8 CF. Obs: o veto pode ser politico (nao juri conveniéncia e oportunidade. Controle meramente politico, ndo um controle de constitucionalidade. Preventivo realizado pelo judiciério: ver documento a parte. Repressivo — pode ser exercido pelo Executivo, Legislative ou Juiciério. Também denominado corretivo, sucessivo ou a posteriori. £ exercido apenas apés a lei jé ter integrado o sistema normativo. Se for do Executivo: art. 49, V da CF, mas também inclui a andlise das MPs pelo Congresso Nacional (art. 62). E aquele exercido com base no art. 52, X. 3. Quanto a conduta avaliada: por ago ou omisso 11 rafael skinner 4, Quanto ao niimero de érgios: concentrado ou difuso 5. Quanto a participago de qualquer pessoa interessada 6. Quanto a tendéncia ideoldgica: protecio de direitos fundamentais (caso do controle difuso-concreto} X estabilidade do governo (caso do controle abstrato). Legitimados para propor ADIN ‘Art. 103. Podem propor e acio direta de inconstitucionalida 1-0 Presidente da Republica; IIa Mesa do Sonado Fed Ill- Mesa da Camara dos Deputados; IV - a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Camara Legislativa do Distrito Federal, \V-0 Governador de Estado ou do Distrito Federal Vi- 0 Procurador-Geral da Republica; Vill-o Consetho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil Vill partido poltic com reprosentaso no Congresso Nacional; 1X - confederagio sindical ou entidade de classe de ambito nacional. Controle por via de agao (método concentrado) Objetivo + Expelir do ordenamento a lei ou ato normativo contrério & Constituicgo. * Declarar a omisséo inconstitucional + Diferente do controle pela via de defesa 0 excecdo, em que o objetivo ¢ atacar o vicio da lei no caso concreto AGAO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE ADIN genérica Caracteristica basica: atacar o vicio da lei em tese Competéncia: Supremo Tribunal Federal (por isso fala-se em controle concentrado). Fundamento legal: Lei 0,868/99 dispde sobre 0 processo eo julgamento ADI perante o STF. Objeto da aco: 0 préprio vicio de inconstitucionalidade da lei. Difere do controle pela via de excecio em que 0 objeto é a reparagio de um direito lesado (ou prevenir a ocorréncia dessa lesio). Efeitos: a decisdo judicial faz coisa julgada erga omnes. Declarada a inconstitucionalidade, a lei torna-se inaplicével. AGAO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSAO (ADO) Funcao: reprimir omissao por parte de poderes competentes que atente contra a Constituicdo Competéncia: STF (art. 102, |, a, conjugado com o art. 103 pardgrafo 2°). Objeto da agao: vicio omissivo 12 rafael skinner Efeitos: na decisdo judicial, no caso de inconstitucionalidade por omissio, o Supremo dara ciéncia ao Poder competente para que sejam tomadas as medidas necessérias a cessaclo da omissio, Se a omissdo decorrer da Administra¢ao, as medidas deverdo ser tomadas em 30 dias Legitimidade para propor agao direta de inconstitucionalidade Art. 103. tanto na ADIN como na ADO Papel do Procurador Geral da Repiiblica e do Advogado Geral da Unido * Procurador: deveré ser previamente ouvido em todas as ages de inconstitucionalidade (papel importante na via concentrada). Além de propor ago, sua opiniéo deve ser ouvida antes da tomada de decisées do STF (art. 103, pardgrafo 1°). © Advogado: tem a funco especifica de defesa do ato normativo ou norma legal que esté tendo sua constitucionalidade apreciada, em tese, pelo STF. AGAO DECLARATORIA DE CONSTITUCIONALIDADE Fundamentacio legal: EC n.3 de 1993 acrescentou 0 pardgrafo 42 ao art. 103, introduzido ao nosso direito 0 instituto da ago declaratéria de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal. Objetivo: defesa da integridade da ordem juridica, Competéncia: deveré ser apreciada pelo STF. Lei 9.868/99 dispde sobre o proceso julgamento da aco declaratéria de constitucionalidade perante o STF. Efeitos da decisio: erga omnes. Efeito vinculante relativamente aos demais érgios do Poder Judiciério e ao Executivo Semethancas em relacdo a aco direita de inconstitucionalidade: a. Sujeitos legitimos so 0s mesmos: b. Presidente da Rep. ©. Mesa do Senado d. Mesa da Camara dos Deputados ©. PGR f Orgio a que se dirige também ¢ 0 mesmo Particularidade da agao direta de constitucionalidade: a. Nao esté presente, como ocorre na ADI, 0 sujeito passivo (aquele contra quem se pede algo e que ¢ incumbido da defesa do ato questionado). b. Interessado apenas comparece perante o STF para pedir que se declare a constitucionalidade da lei. Objetivos: abreviar 0 tempo até chegar a uma pronuncia do STF sobre a constitucionalidade concreta de determinado ato. Controvérsia a respeito da introduco do instituto em nosso sistema juridico: 13 rafael skinner 4 # Sustentou a inconstitucionalidade da EC, uma vez que compremeteria: a b © a. e. Devido processo legal ‘Ampla defesa Contraditério Duplo grau de jurisdicso Direito de acesso do cidadio ao judiciério. © Argumentos favordveis a ADECON: a Controle de constitucionalidade (concentrado ou abstrato, ADI ou ADECON) ~ Jurisdigo constitucional objetiva (0 que se pretende é dar soluc3o ao estado de incerteza sobre a legitimidade de uma lei ou ato normativo federal) ¢ ndo a regulagao de um direito subjetivo. Tribunais no realizam uma composigao juridica, mas limitavam-se a verificar a compatibilidade de uma norma vigente com a CF. Processo abstrado do controle néo & um processo contraditério no qual as. partes litigam pela defesa dos direitos subjetivos. Trata-se de um processo sem partes Requerentes sio titulares de acdes apenas para o efeito de provocar ou no o STF. rafael skinner Pq a rigidez constitucional € considerada pressuposto para a existéncia do controle de constitucionalidade? Devemos pensar que a Constitui jo estabelece limites 30 processo legislativo ordinario (dai se origina o controle de constitucionalidade}. Se a Constituigo no fosse rigida, mas sim flexivel, poderia o legistador ordindrio modificar ou extinguir o limite imposto pela Constituicdo e ento a nao haveria como se realizar 0 controle de constitucionalidade, pois néo haveria contetdo normative a se proteger por via do controle. 15 rafael skinner

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