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XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO

Apostila 1 - Prof. Francisco Teodorico

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Onde os Reis se encontram

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Jardim Sumaré

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TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO

Introdução à Análise

Prof. Francisco Teodorico Pires de Souza

CLASSIFICAÇÃO DOS LANCES

Lance Descrição Resposta


Ataque Aquele que cria uma situação de perigo ao adversário. Defesa ou Contra-ataque
Defesa Estabelece uma proteção, uma defesa para o lado que a Ataque ou preparação de
realiza. ataque
Neutra Por exclusão, não é nem de ataque nem de defesa. Ataque ou preparação de
Exemplo: lances de desenvolvimento de peças. ataque
Errônea Aquele que propicia ao adversário uma vantagem Aproveitamento do erro
imediata ou a médio prazo.

CONDUÇÃO DA PARTIDA

1. Razões dos lances

Tenha sempre ao menos um objetivo para o próprio lance. Lances sem objetivo
são inúteis e podem ocasionar perdas de tempo ou derrota.

O lance do adversário deve ser analisado cuidadosamente, procurando


descobrir-lhe as intenções. Não procedendo desta maneira, há o risco de perda de material
ou derrota.

Procure debilitar a posição inimiga e aproveite-se dela com um ataque direto de


mate
2. Desenvolvimento lógico

Desenvolva suas peças para casas, onde aumentam sua potencialidade


agressiva, sem entorpecer a saída das demais.

3. Lances iniciais

Na fase da abertura, os lances devem visar o desenvolvimento lógico das peças


e a fiscalização das casas centrais. Tire as peças de suas desfavoráveis posições iniciais,
ampliando seu raio de ação, e por conseqüência, a capacidade de luta, ou seja, desenvolva
suas peças. Tenha em vista as casas centrais do tabuleiro: e4, e5, d4, d5.

Antes de executar seu lance, deve o enxadrista procurar responder


afirmativamente às perguntas “O lance atende ao desenvolvimento?” e “O lance tem ação
no centro do tabuleiro?”. Estes são os objetivos dos lances inicias.

4. Nomes das aberturas

De acordo com a posição estabelecida após alguns lances iniciais, são


denominadas as aberturas. O importante não é decorar os nomes, nem os lances, mas ter em
mente seu plano e deduzir logicamente a seqüência.

5. Lances de Peões

Durante a abertura, procure jogar os Peões d e e, para permitir entre outros


objetivos, a saída dos Bispos.
Além destes, nas aberturas jogue apenas c3 quando sua idéia for apoiar um
futuro d4.

Afora esses, os outros Peões constituem, via de regra, perda de tempo, e,


somente devem ser feitos, após o completo desenvolvimento das peças.

Se d4 é fácil para as Brancas, para as Negras, ... d5 não o é. Quase sempre o


Peão d negro vai a d6, após a saída do Bispo do Rei. Porém, sempre que possível, ... d5 é
um bom lance, pois elimina, pela troca, o Peão e branco.

6. Casas para os Cavalos

Para as Brancas, c3 e f3; para as Negras, c6 e f6. Normalmente em h3, o Cavalo


permanece inativo.

7. Casas para os Bispos

a) Bispo do Rei: em sua diagonal, o Bispo encontra sua melhor casa em c4 ou


b5, neste último caso, quando existe um Cavalo em c6. Nas posições restringidas, quando o
avanço d3 antecede a saída do Bispo Rei, ele limita-se a ocupar a casa e2.
b) Bispo da Dama: de acordo com a posição, as melhores casas para o Bispo
branco são g5, cravando o Cavalo de f6, em b2, a3. Já o Bispo negro, geralmente se
posiciona em e6 ou d7, ou quando possível em g4, cravando o Cavalo de f3.

8. Casas para a Dama

Freqüentemente atua em sua coluna e nas diagonais d1-h5 e d1-a4. Quando se


lança diretamente ao ataque, suas casas boas são g4 e h5. Na casa e2 geralmente tira
proveito da coluna e aberta. Pode ser eficaz também em d4 ou em b3.

Nas partidas do Peão do Rei, as Negras tem dificuldade de jogar com sua
Dama. Suas casas de escolha são as casas da primeira e segunda horizontais pretas, como
d8, d7, e7, c7, etc.

Não saia prematuramente com a Dama para não se expor a um ataque de peça
de menor valor, que a obrigaria a mover-se novamente, perdendo tempo.

9. Casas para o Rei

O roque pequeno permite colocar o Rei na casa segura g1, onde se põe a salvo
de ataques inimigos. É sua casa ideal, onde goza de ampla segurança. Caso não se efetue o
roque, facilitará o ataque inimigo. Se o roque não tiver a proteção de suas peças, pode
sofrer um ataque fatal.

10. Casas para as Torres

As casas iniciais das colunas abertas.

11. Reforço de um ataque com as Torres

Após o desenvolvimento dos Cavalos, dos Bispos e mesmo da Dama, o jogador


necessita do reforço das Torres, para prosseguir num ataque, uma vez que essas peças são
as últimas a entrar em combate. Um dos meios é avançar o Peão f e abrir esta coluna. A
ocupação de colunas abertas são caminhos para a 7ª horizontal, onde se realizam os golpes
táticos.

12. Como tirar proveito das Torres?

a) Abrindo colunas para elas;


b) Fazendo-as agir nas colunas já abertas;
c) Instalando-as na 7ª horizontal e
d) Conduzindo-as a importantes colunas de ataque, utilizando como via de
acesso, uma coluna aberta.
13. A importância do avanço d4 (ou d5 para o Negro)

a) Para as Brancas, além de facilitar o desenvolvimento, visa, pela troca,


eliminar o Peão e inimigo, resultando uma posição em que apenas as Brancas dispõem de
um Peão central, deixando o adversário com inferioridade no centro.
b) Para as Negras, é igualmente eficiente por quebrar o centro branco. Sempre
que o Negro consegue jogar impunemente ... d5, nas partidas do Peão do Rei, conseguem,
ao menos, igualdade.

14. Roque

“Rocar o mais cedo possível e de preferência, o roque pequeno”. O roque


coloca o Rei em segurança e permite jogo à torre companheira. Mas o roque não deve ser
enfraquecido, pois seria acessível a ataque.

Se mantiver o roque íntegro, não terá preocupações com a segurança de seu


Rei. Caso contrário, se permitir a destruição do escudo real, sucumbirá por deixar o
monarca desprotegido.

Impeça que seu adversário faça o roque.

15. Desenvolvimento e Centro

O lado que tem maior mobilidade de peças (conseqüência do melhor


desenvolvimento e domínio central) domina o tabuleiro.

16. Desenvolvimento acelerado de peças

A vantagem real em xadrez decorre do número de peças ativas.

As peças valem pelo que fazem.

Desenvolva todas as peças rapidamente, mesmo que à custa de sacrifício de


Peões. O tempo gasto pelo adversário, ao capturar com uma peça já desenvolvida, um
nosso Peão, será por nós aproveitado no desenvolvimento de mais uma peça.

17. Geral

Tenha sempre em mente durante a partida os seguintes ítens:

• os ataques diretos e indiretos


• defesas diretas e indiretas (contra-ataques)
• eficiência dos lances com mais de um objetivo
• debilidade da casa f7
• a força de um Cavalo em e6
• a força de dois Bispos no ataque
• lances enérgicos, de iniciativa
• exploração de peças cravadas
• o clima de tensão central das aberturas
• etc.

EVOLUÇÃO HISTÓRICA

ESCOLA ANTIGA

O ponto débil que a configuração inicial das peças oferece, é a casa f7, o setor
de cada lado, que mais generosamente se oferece aos planos agressivos do adversário. E o
Peão que se instala nessa casa, é fraco, pois conta apenas com o magro apoio de seu Rei.

A primitiva idéia que ocorreu aos primeiros estudiosos do xadrez (séc. XVI em
diante), foi o ataque direto a essa casa, conhecidamente fraca.

Todas as combinações, planos, ciladas dos enxadristas antigos, estavam


orientados em direção a este ponto, onde procuravam acumular o maior número de peças
atacantes.

A) MATE PASTOR

a)
1 e4 e5 2 Dh5
Ameaçando o Peão e5
2 ... Cc6 3 Bc4 d6 4 Df7++ (1-0).
Refutação: 3 ... g6! 4 Df3 (novamente ameaçando mate com Df7++) Cf6, seguido de ...
Bg7 e ...
0-0 e as Negras tem melhor jogo.

b)
1 e4 e5 2 Bc4 Cc6 3 Df3 d6 4 Df7++ (1-0).
Refutação: 3 ... Cf6!, e as Negras estão bem.

O melhor é, após 1 e4 e5 2 Bc4 jogar logo 2 ... Cf6, evitando as ameaças de


mate.

B) MATE LEGAL

1 e4 e5 2 Bc4 d6? 3 Cf3 g6 4 Cc3 Bg4 5 Ce5!


Entregando a Dama.
5 ... Bd1 6 Bf7+ Be7 7 Cd5++ (1-0)
Refutação: consiste em jogar de acordo com os princípios gerais de desenvolvimento e
domínio do centro, ou seja 2 ... Cf6. Na variante principal, ao invés de 5 ... Bd1?, o Negro
pode jogar 5 ... de5, e não existe mais o Mate Legal.

C) ATAQUE GRECO

1 e4 e5 2 Cf3 Cc6 3 Bc4 Bc5 4 c3 Cf6 5 d4 ed4 6 cd4 Bb4+ 7 Cc3 Ce4 8 0-0 Cc3 9 bc3
Bc3 10 Db3 Ba1 11 Bf7+ Rf8 12 Bg5 Ce7 13 Ce5! d5 14 Df3 Bf5 15 Be6! g6 16 Bh6+
Re8 17 Bf7++ (1-0)
Refutação: 9 ... d5! e desaparece o Ataque Greco.

D) ATAQUE FEGATELLO

1 e4 e5 2 Cf3 Cc6 3 Bc4 Cf6


Defesa dos 2 Cavalos
4 Cg5
É esta uma abertura típica da escola antiga de xadrez, em que o ataque direto contra o Rei
era o objetivo único de todas as idéias estratégicas.
As Negras desenvolveram normalmente suas peças e, aparentemente, nenhuma razão
assiste às Brancas para pretenderem tirar proveito da abertura.
Com 4 Cg5, como que aspiram as Brancas a realizar uma expedição punitiva ao adversário,
visando a casa fraca f7, onde já atua o Bispo branco.
O lance 4 Cg5 transgride um princípio de desenvolvimento que proíbe jogar a mesma peça
duas vezes na abertura, e outro princípio de ordem estratégica, que veda, igualmente, os
ataques prematuros, sem o desenvolvimento de peças.
Mas, paradoxalmente, 4 Cg5 não pode ser considerada errônea, ao contrário, exige grande
atenção.
Como as Negras defenderão seu Peão de f7 atacado duplamente? Não existe uma proteção
direta de outra peça (exemplo: 4 ... De7 5 Cf7, e as Negras não podem retomar com a
Dama, por causa da defesa que o Cavalo tem de seu Bispo de c4).
O único lance que procura obstruir a ação do Bispo branco sobre a casa f7 é 4 ... d5!,
permitindo também o desenvolvimento do Bispo da Dama negro.
Após 5 ed4, o lance lógico negro, para que não percam um Peão é 5 ... Cd5. As Brancas
continuam com 6 Cf7!, entregando o Cavalo e especulando a debilidade da posição negra e
na força que irá ter, agora, o Bispo f4 branco, cravando o Cd5 negro.
4 ... d5 5 ed5 Cd5 6 Cf7!
Inicia-se o famoso Ataque Fegatello.
O Cavalo ataca a Dama e a Torre do Rei. A resposta negra é forçada:
6 ... Rf7 7 Df3+
Atacando também o Cavalo d5 inimigo.
7 ... Re6
Novamente forçada e resulta numa posição muito comprometida para o Rei negro.
8 Cc3
Atacando mais uma vez o Cavalo d5.
Um exemplo do que pode acontecer é:
8 ... Ce7 9 d4 c6 10 Bg5 Rd7 11 de5 Re8 12 0-0-0 Be6 13 Cd5 Bd5 14 Td5! cd5 15 Bb5+
(+ -)
Refutação:
a) O Ataque Fegatello tem dado margem a muita controvérsia. Aparece, como sua
refutação, em vez de 8 ... Ce7, erro que deu grande prestígio ao Ataque, o lance 8 ... Ccb4!
e após 9 De4 c6 10 a3 Ca6 11 d4 Cc7 12 Bf4 Rf7 13 Be5, as Brancas possuem um ataque
poderoso, mas as Pretas têm excelentes possibilidades.
Teoricamente o Fegatello pode ser contestado, mas, praticamente é jogável, pelas
possibilidades de ataque que proporciona, beneficiando, via de regra, as Brancas.
b) O melhor é evita-lo, o que se consegue com o lance 5 ... Ca5! em vez de jogar 5 ... Cd5.
Com este lance, as Negras jogam uma espécie de gambito, entregando um Peão para
conseguir rápido desenvolvimento de peças e ataque ao Rei inimigo. Um exemplo é, após 5
... Ca5, 6 d3 h6 7 Cf3 e4! 8 De2 Cc4 9 dc4 Bc5, etc.
Ao estudar a Defesa dos 2 Cavalos, você pode encontrar outros exemplos de ataque.
O Ataque Fegatello é um produto da influência que os mestres italianos de xadrez
exerceram na época do Renascimento. O nome Fegatello vem do italiano “fégato”, que
quer dizer fígado. O ataque visaria o ponto mais vital do inimigo (f7), como era o fígado, na
época, para o organismo humano.
Este ataque e todas as demais continuações, que têm em mira o ataque direto ao Rei
inimigo, atacando o Peão f7, são muito interessantes, exigindo do jogador das Negras
respostas precisas e arte na defesa.
Os jogadores da chamada escola antiga de xadrez confiavam no êxito dos ataques diretos ao
Rei. O objetivo da partida seria o ataque frontal ao monarca inimigo, estando, assim,
justificados todos os sacrifícios de peças, que tivessem, por finalidade, eliminar o Rei
contrário.

ESCOLA MODERNA

Com a evolução do xadrez, com a experiência e o aperfeiçoamento da técnica


defensiva, ficou provado que os meios diretos não são suficientes para ganhar uma partida e
que deve-se antes debilitar a posição inimiga, por meio de manobras estratégicas de grande
alcance, as quais, minam, solapam todos os setores da luta.

Essas idéias foram alardeadas pela escola moderna de xadrez, cujo pioneiro foi
o grande mestre Steinitz.

Atualmente o ataque frontal é considerado como o complemento lógico de uma


estratégia bem definida, que objetiva enfraquecer, num primeiro tempo, a posição
adversária.
As combinações, os sacrifícios brilhantes de peças, os ataques fulminantes ao
Rei inimigo, devem surgir como uma conseqüência lógica de uma conduta inteligente, que
conseguiu tornar débil o inimigo.

O êxito do ataque final, nessas condições, é assim, absoluto.


Antigamente, atirava-se à luta, de frente, sem pensar no resultado, confiando
apenas na habilidade do espírito ofensivo e na surpresa do ataque prematuro. As partidas
eram orientadas por uma tendência bárbara de luta, primitiva.

Na atualidade, os desejos regicidas não são tão fundamentais. Há um trabalho


prévio de solapamento.

O principiante é, por instinto, um adepto da escola antiga de xadrez.

A explicação é fácil, visto que o ataque ao Rei é, em essência, o motivo mesmo


da partida. Seus objetivos e suas intenções são quase evidentes, daí os principiantes
aprenderem, facilmente, essa parte do jogo.

Quem se inicia em xadrez embarca freqüentemente, em combinações de ataque


direto ao adversário, sem preparativos necessários, isto é, o desenvolvimento de peças e o
real controle do centro. Tais procedimentos, armas de dois gumes, são errôneos e,
invariavelmente, conduzem à derrota, quando são empregados contra jogadores
experientes.

O principiante deve ter em mente esses fatos em suas partidas. Lembrar sempre
que, como foi demonstrado por Steinitz, antes de dirigir uma ação direta ao Rei adversário,
deve ter obtido alguma vantagem que a justifique.

Dita vantagem pode manifestar-se por duas formas fundamentais:

a) Superioridade material, isto é, mobilização de maior quantidade de forças,


ou
b) Superioridade dinâmica, ou seja, melhor colocação das peças.

Outra coisa que o principiante deve levar em consideração: quando iniciar um


ataque direto contra o Rei adversário, é lembrar que não é necessário ganhar a partida por
esse meio. Não há, como diz Max Euwe, “necessidade de queimar as naves para este fim.
Essas táticas são filhas do desespero. Um ataque bem planejado não é um desespero, mas
uma conseqüência lógica na cadeia de idéias estratégicas e, geralmente, produz como saldo
uma vantagem duradoura, que se explora com um tranqüilo e paciente jogo de posição”.
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TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO

Apostila 1

Prof. Francisco Teodorico Pires de Souza


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Apostila 1 - Prof. Francisco Teodorico
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OS CAMPEONATOS DO MUNDO

APARECE UM TÍTULO

A criação do título de Campeão Mundial foi uma obra pessoal, e muito anterior ao surgimento
de um organismo que controlasse as competições. Até surgir Steinitz, ninguém havia tido a idéia de se
empregar tão atraente título, apesar de que a superioridade de Stauton, Anderssen e Morphy sobre todos
os seus contemporâneos era patenteada em determinados anos.

Quando Steinitz surge no palco do xadrez internacional, o norte-americano Morphy já havia


deixado as competições sérias, onde então a figura máxima era o prussiano Anderssen, que havia sido
derrotado por Morphy convincentemente no ano de 1858, em Paris por +2 -7 =2. Assim, quando em
1866, Steinitz venceu em um disputado match a Anderssen por +8 -6 =0, em Londres, se autoentitulou
como Campeão Mundial, diante do sorriso de todos os aficionados, que não levaram a serio aquele
pequeno enxadrista centroeuropeu.

Objetivamente falando, a superioridade de Steinitz, naquela época estava longe da clareza,


pois no ano seguinte, 1867, Kolisch e Winawer o superaram no Torneio de Paris, e em 1870, Anderssen
na revanche, no Torneio de Baden-Baden, derrota-lhe nas duas partidas que jogaram. Mas Steinitz volta
com toda a força e vence o grande Torneio de Viena, 1873, com a satisfação de obrigar a Anderssen a
render seu Rei nas duas partidas disputadas. Depois desta vitória, esteve bastante tempo sem participar de
Torneios, mas em encontros pessoais derrotou, entre outros, Bird, Londres, 1866, +7 -5 =5; Blackburne,
Londres, 1870, +5 -0 =1; Zukertort, Londres, 1872, +7 -1 =4 e outra vez Blackburne, Londres, 1876, +7 -
0 =0.

No ano de 1882 reaparece no grande Torneio de Viena e obtém o primeiro posto, mas
empatado em pontos com o polonês Simón Winawer, o que indubitavelmente, empalideceu um pouco seu
triunfo.

Durante o tempo em que Steinitz permaneceu afastado dos torneios, novas figuras começaram
a brilhar com luz própria e ameaçavam o trono que o mesmo havia criado.

Assim está a situação, quando no ano de 1883, em Londres, organizaram um torneio de dupla
volta com os melhores enxadristas da época e que foi ganho brilhantemente por Zukertort, aquele jogador
que Steinitz havia derrotado contundentemente em um match, onze anos antes. Aqui começaram as
dificuldades de Steinitz, pois se até então, se bem que nada lhe dava o direito de ostentar o Título
Mundial, ninguém havia reclamado para si tal galardão, ocorreu neste momento a Zukertort o desejo de o
tomar para si, e depois de seu triunfo (impecável diga-se de passagem), definiu-se como Campeão
Mundial...

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Apostila 1 - Prof. Francisco Teodorico

Steinitz não consentiu isto, e imediatamente desafiou-o a jogar um match decisivo em que se
esclarecesse quem teria o direito de utilizar o título de Campeão Mundial. As conversas foram longas e
divergentes, e até 1886 estes dois esplêndidos enxadristas não se encontraram por meio do tabuleiro para
disputar a supremacia.

Antes de Steinitz “criar” o Título Mundial, alguns matches (e torneio) podem ser
considerados como indicadores de enxadristas que mereceriam ostentar o Título:

Mac Donell – De La Bourdonnais, Londres, 1834, 21V 13E 44D


Saint-Avant – Stauton, Paris, 1943, 6V 4E 11D
Anderssen, vencedor do Torneio de Londres, 1851
Anderssen – Morphy, Paris, 1857, 2V 2E 7D
Anderssen – Steinitz, Londres, 1866, 6V 0E 8D
Steinitz – Blackburne, Londres, 1876, 7V 0E 0D

A SEGUIR:
I Campeonato Mundial de Xadrez
Steinitz x Zukertort, 1886

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Apostila 1 - Prof. Francisco Teodorico

FINAIS I

1. A IMPORTÂNCIA DOS FINAIS

A partida de xadrez possui três fases: Abertura, Meio Jogo e Final, cujos limites não podem
ser traçados com exatidão. Podemos porém declarar que a partida se encaminha para o Final, quando o
material existente no tabuleiro esteja diminuído, escasso, ou seja, com peças apenas suficientes para o
mate.

Uma das principais características do Final é a função ativa desempenhada pelo Rei, em
contraste com o papel inerte que assume na abertura. Na primeira fase, em virtude do maior número de
peças inimigas e dos perigos delas decorrentes, este exerce um papel passivo, procurando a proteção de
outras peças e, pelo roque, localizar-se em lugar seguro, de defesa, afastando-se assim do campo de luta.

Já nos Finais, esta peça faz jus ao título que ostenta, ora escoltando Peões candidatos à
promoção, ora colaborando com seu poder no cerco e morte do Rei inimigo.

Outra peça de grande importância é o Peão.

A disposição destes no tabuleiro (estrutura de Peões), define a estratégia a ser seguida nos
Finais. O recurso de sua promoção, aumenta consideravelmente o poderio material de seu lado, o que lhe
confere mérito considerável.

O Final é considerado a fase mais difícil, pois exige do enxadrista talento, imaginação, e
grande conhecimento teórico, atenção contínua e bom cálculo. Uma manobra precipitada ou mal
calculada, pode anular um grande esforço desenvolvido na Abertura ou Meio Jogo.

Seu bom conhecimento permite ganhar em muitas posições aparentemente empatadas, assim
como salvar-se de posições aparentemente perdidas e mesmo desesperadas.

Todo enxadrista de destaque é, antes de tudo, um ótimo finalista.

2. MATES ELEMENTARES

Estudaremos os casos em que um dos lados possui apenas o Rei sobre o tabuleiro.

Fora das casas marginais, o Rei pode ocupar oito casas, em casa marginal, cinco, e, nas
angulares, somente três casas. Esta última é sem dúvida a mais desfavorável possível.

Ocupando uma casa angular, o Rei levará mate se o adversário dominar as três casas que lhe
restam e a própria casa angular em que se encontra. Dessas quatro casas, duas podem ser dominadas pelo
Rei.

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¾Diagrama: Rb6 x Ra8


O Rei negro está em sua casa desfavorável, e das três casas que lhe restam, duas estão dominadas pelo
Rei branco. O mate não poderá ser dado com um Bispo ou um Cavalo apenas; essas peças dando xeque,
dominarão apenas mais uma das duas casas que deveriam ser dominadas para existir o mate, tendo o Rei
negro a casa de fuga b8. Logo não há mate.

¾Diagrama: Rf7, Bf6, Bg6 x Rh8


Com dois Bispos, o mate é possível, um deles dá xeque e o outro impede a fuga do Rei.

¾Diagrama: Rb3, Cc2, Cd2 x Ra1


Com dois Cavalos é “possível” dar mate.

¾Diagrama: Rg3, Bf3, Ch3 x Rh1


Com Bispo e Cavalo também é possível dar mate de igual maneira.

No final com dois Bispos, ou Bispo e Cavalo, o mate é forçado contra os melhores lances
adversários, com dois Cavalos é possível chegar a uma posição de mate apenas com a colaboração do
adversário. No diagrama correspondente (Rei e 2 Cavalos x Rei), o último lance branco foi Cc2++. Se o
Rei negro antes de ir à a1, estava em b1, obviamente, onde recebeu o xeque do Cavalo colocado em d2,
tivesse se dirigido à c1, o mate não seria possível. Logo não é um mate “forçado”.

¾Diagrama: Rb6, Tc8 x Ra8


¾Diagrama: Rf3, Tb1 x Rf1
Nestes diagrama, as Torres controlam as duas casas que não são dominadas pelo seu Rei.

¾Diagrama: Rg6, De8 x Rg8


A Dama aqui faz o mesmo papel de uma Torre. Observe que as duas casas que devem ser dominadas
localizam-se sobre a mesma horizontal, via de mobilidade da Dama (ou Torre).

Para se praticar o mate ao Rei situado em casa marginal, devemos dominar as cinco casas que
dispõe, além da que ocupa.

O Rei atacante domina três e as restantes podem ser dominadas por uma Torre ou Dama,
desde que as casas se encontrem sobre a mesma horizontal (ou coluna).

Com o Rei inferior no meio do tabuleiro, nove casas devem ser dominadas: oito de
movimentos deste e mais uma ocupada por ele. O Rei branco pode dominar três, as seis restantes
encontram-se em duas horizontais vizinhas. Por aí se vê que o mate com o Rei colocado no meio do
tabuleiro requer mais peças (duas Torres, ou Torre e Dama).

O material mínimo para o mate é:

a) Uma Dama: mate em qualquer casa marginal.


b) Uma Torre: mate em qualquer casa marginal.
c) Dois Bispos: mate somente nas casas angulares.
d) Bispo e Cavalo: mate somente nas casas angulares.
e) Dois Cavalos: mate somente nas casas angulares, somente “ajudado”.

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2.1. Rei e Dama x Rei

O mate com a Dama realiza-se com o Rei negro em qualquer casa marginal do tabuleiro. As
posições de mate são Rc6, Dc7 x Rc8; Rg6, De8 x Rg8 e análogas.

O mate é forçado num máximo de 10 lances. É muito fácil dar mate com a Dama, mas deve-se
tomar cuidado com posições de empate como por exemplo Rb5, Dc7 x Ra8; Rf5, Df7 x Rh6; ou posições
análogas jogando o Negro.

¾Diagrama: Ra1, Db1 x Re6


1 ? mate em 9

PLANO
*****
Forçar o Rei negro a colocar-se em qualquer uma das casas marginais, ficando com o Rei branco diante
dele, separado por uma casa, quando então domina três das seis casas que deve dominar. Então infiltrar
a Dama numa das casas desta margem efetuando o mate.

PROCEDIMENTO
*****
1 Rb2 Rd5 2 Rc3 Re5 3 Dg6 Rf4 4 Rd4 Rf3 5 Dg5
O Rei negro vai sendo encaminhado para a margem do tabuleiro.
5 ... Rf2 6 Dg4 Re1 7 Re3 Rf1 8 Dg6
Por que não jogar 8 Dg3 ?
*****
Porque seria empate por afogamento.
8 ... Re1 9 Dg1++ (1-0)

A SEGUIR:
2.2. Rei e Torre x Rei

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TÁTICA I

1. GANHO DE PEÇAS

Capturando-se as peças inimigas, paulatinamente se reduz o potencial adversário. A


supremacia material origina, na maioria das vezes, superioridade de posição e ambos fatores, obrigarão o
adversário, duplamente inferiorizado a render-se sem apelação.

Se um dos enxadristas possui mais peças que o outro, salvo as exceções, deve ganhar a
partida.

Podemos reduzir a seis, os princípios fundamentais de ganho de peças:

1. Princípio do Rei em Perigo


2. Princípio da peça imóvel
3. Princípio da peça sobrecarregada
4. Princípio do ataque simultâneo
5. Princípio da peça sem defesa
6. Princípio da promoção do Peão

1.1. Princípio do Rei em perigo

O Rei em perigo sob múltiplas ameaças, escapa, muitas vezes ao mate entregando material,
quer seja para abrir caminho para sua fuga, quer seja para distrair peças atacantes, ou destrui-las, embora
sacrificando peças de maior valor.

¾Diagrama: Ba8, Tg5, Rh5 x Cf8, g7, Rg8, h7, Th8


1 ? Brancas ganham material

PLANO
*****
Atrair o Cavalo negro para a diagonal onde encontra-se seu Rei, para que o Bispo possa agir sobre ela.

PROCEDIMENTO
*****
1 Bd5+
E as Brancas ganham o Cavalo. Para escapar do xeque, o negro deve entregar uma peça.
1 ... Ce6 2 Be6+ Rf8
O Rei negro consegue a casa de fuga à custa de material.

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¾Diagrama: Ra6, Tb7, Ce5 x f6, g7, h7, De8, Tg8, Rh8
1 ? Brancas ganham material

PLANO
*****
Atacar o Rei negro “sufocado” atraindo a Dama para f7, onde será capturada pela Torre.
PROCEDIMENTO
*****
1 Cf7+ Df7 2Tf7
As Negras evitam o mate trocando a Dama pelo Cavalo inimigo.

A SEGUIR:
1.2. Princípio da peça imóvel

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XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO
Apostila 1 - Prof. Francisco Teodorico

OS GRANDES MESTRES DO TABULEIRO

1. ADOLF ANDERSSEN

Antes de se praticar o jogo de posição deve-se aprender a combinar. Esta regra, confirmou-se
na história do xadrez, e é recomendada aos iniciantes.

Não inicie seu jogo com aberturas do Peão da Dama e Abertura Francesa, mas com partidas
de jogo aberto, gambitos. Certamente que com o jogo fechado, o principiante perderá menos partidas,
mas em troca, com o jogo aberto, aprenderá a jogar xadrez.

Antigamente, haviam também os jogadores de posição. O maior deles foi André Danican
Philidor, talvez até o maior pensador de todos os tempos. Mas o que, com seu exemplo, auxiliou em
maior grau a força da combinação do mundo enxadrístico, amadurecendo-a para a prática do jogo de
posição foi Adolf Anderssen.

Anderssen nasceu em Breslau no dia 6 de julho de 1818. Sua carreira foi muito simples.
Estudou Filosofia e Matemática, e até o dia 13 de Março de 1879, época em que faleceu, ocupou o cargo
de professor no Instituto de sua cidade natal.

Começou a estudar xadrez no início de sua vida estudantil, mas a força de seu jogo
desenvolveu-se lentamente. Para seus compatriotas alemães, e até para os internacionais, foi considerado
uma revelação quando, no primeiro torneio de mestres celebrado em Londres, 1851, com o qual começou
a época moderna do xadrez, obteve o primeiro prêmio. A esta vitória seguiram outras, especialmente no
Torneio de Londres, 1862 e no de Baden-Baden, 1870.

Aquele que quer aprender a jogar o bom xadrez, deve observar as partidas de Anderssen não
somente para divertir-se com elas, mas para fortalecer seu jogo de combinação. Não acredite que o jogo
de combinação seja somente fruto do talento que não se pode aprender. Os elementos são sempre os
mesmos que se apresentam em relações mais ou menos complicadas, tais como ataques duplos,
sobrecarga, trocas, etc.

Quanto mais combinações você apreciar, mais fáceis serão de executa-las.

Nas partidas que estudaremos, analisaremos também as aberturas. Entre elas, a primeira que
veremos é o Gambito do Rei. Entende-se por gambito uma abertura na qual se sacrifica um Peão com o
objetivo de conseguir vantagem no desenvolvimento, ou outras vantagens. O gambito conhecido como o
mais antigo na literatura do xadrez é o do Rei: 1 e4 e5 2 f4. A idéia deste gambito é dupla: abertura da
coluna f, através da qual, uma vez efetuado o roque, a Torre do Rei poderá entrar rapidamente em ação e
a possibilidade de formar um forte centro de Peões, depois do avanço ou da troca do Peão e inimigo,
mediante d4. A força deste centro de Peões, analisaremos mais adiante. As Brancas, após 2 ... ef4, não
podem jogar a seguir 3 d4, mas devem antes fazer algo para evitar a ameaça negra ... Dh4+.

Tanto o enxadrista experiente quanto o iniciante melhorarão sensivelmente seu jogo se


esforçarem em tratar cada abertura conforme sua idéia base, seguindo o plano preconcebido. Por
exemplo, se jogar o Gambito do Rei, deve ter em mente que os dois objetivos principais desta abertura
são o domínio da coluna f e a formação de um forte centro de Peões.

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XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO
Apostila 1 - Prof. Francisco Teodorico

Se, ao contrário, deixa-se levar por desvios e rodeios, o mesmo tira o sentido de seus
primeiros lances, e então as conseqüências serão fatais.

Como devem então contestar as Negras ao Gambito do Rei? Antigamente era comum aceitar
cada sacrifício que o adversário oferecia, e neste caso defender o Peão com ... g5. Esta defesa tem dois
objetivos: um material e outro posicional. Ao defender o Peão f, obstrui esta coluna, e então as Brancas,
para seguir com a idéia da abertura, devem atacar sobre a coluna f, quase sempre sacrificando uma peça
para eliminar o Peão f negro.

Outra réplica contra o Gambito do Rei, é o contra-ataque no centro: 2 ... d5 3 ed5 segue quase
sempre 3 ... e4 (seria um grave erro 3 fe5 por causa de 3 ... Dh5+). Agora são as Negras que jogam
gambito, chamado este de Falkbeer, cujo criador foi o mestre austríaco Ernesto Carlos Falkbeer (Brünn,
1819 - Viena, 1885).

O que conseguiram as Negras com este sacrifício de Peão? Antes de mais nada, o fracasso
completo do objetivo branco de jogar o gambito. A abertura da coluna f, ou mesmo a intenção de formar
um centro de Peões, são impedidas radicalmente. Agora, não se sabe que objetivo tem o Peão de f4 nesta
posição. Além disso, o Peão e5 causa certo incômodo à posição branca, e estas encontram-se com
dificuldades para o desenvolvimento. Em troca, as Negras, tem certa preponderância no centro. Por esta
razão, nos últimos anos, tem se considerado o Gambito Falkbeer quase como que uma refutação ao
Gambito do Rei.

Outra réplica: as Negras podem ignorar a idéia do gambito branco, continuando seu
desenvolvimento, e neste caso, não é necessário jogar imediatamente 2 ... d6, para defender o Peão, pois
restringiriam a ação do Bispo do Rei. O ataque ao Peão e5 é somente aparente, pois 3 fe5 fracassaria por
3 ... Dh5+. As Negras podem, portanto jogar tranqüilamente 2 ... Bc5 e defender mais tarde o Peão de e5
com d6 sem enclausurar seu Bispo.

Quem compreende o espírito da abertura, pode ter confiança de que mesmo sem o
conhecimento de suas variantes, não produzirá uma partida ruim.

A SEGUIR:
1.1. Partida n.º 1
Breslau, 1862
Gambito Falkbeer
Rosanes x Anderssen

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Apostila 1 - Prof. Francisco Teodorico

EXERCÍCIOS

¾Diagrama 1.1
a2, b2, c3, e4, f2, g2, h2, Ta1, Te1, De2, Cf5, Rg1 x a7, b7, c7, e5, f7, g7, h7, Ta8, Cc6, Dd7, Tf8, Rg8
Composição
1 ? (1-0)

Encontre o plano vitorioso branco.


PLANO
*****
O ponto g7 está atacado pelo Cavalo branco. Se a Dama branca pudesse colocar-se sobre esta coluna,
haveria ameaça de mate. A Dama negra encontra-se completamente indefesa. Logo, deve-se procurar um
meio de executar estas duas ameaças concomitantemente.
PROCEDIMENTO
*****
1 Dg4 (1-0)
As Negras evitam o mate trocando a Dama pelo Cavalo inimigo.

¾Diagrama 1.2
b4, c4, f3, g2, h2, Td1, Ce1, De3, Bf1, Tf2, Rg1 x b6, d6, e5, g7, h7, Bb7, Cd4, Tf4, Tf8, Dg5, Rg8
Stahlberg x Alekhine
Olimpíada 1931
1 ... ?

Aqui Alekhine efetuou um fino lance:


1 ... h6
Tente descobrir seu objetivo
*****
Alekhine imaginou que se não houvessem na coluna f o Peão e a Torre, poderia jogar ... Tf1++. O Peão
de g está cravado, o Bispo localizado em b7 converge sobre g2 indiretamente, as Torres agem na coluna
f semi-aberta, o único empecilho da posição é a Dama negra indefesa, problema este que é resolvido por
Alekhine de maneira elegantemente terrível, pois ameaça 2 ... Tc3! 3 Db5 Tf2, e graças à ameaça de
mate com ... Tf1, as Brancas não tem tempo de salvar sua Dama.
O objetivo do lance de Alekhine portanto foi defender sua Dama, e o lance é tão forte que Stahlberg não
tem recursos suficientes para escapar da derrota.
Por exemplo, se 2 Dd2, segue 2 ... Bf3! 3 Cf3 Cf3+ 4 Tf3 Tf3 5 Dg5 Tf1 6 Tf1 Tf1+ 7 Rf1 hg5, e com um
Peão de vantagem, as Negras ganhariam facilmente o final.
A partida seguiu com:
2 Rh1 Tf3 (0-1)
As Brancas abandonaram.

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Apostila 1 - Prof. Francisco Teodorico

BIBLIOGRAFIA

• LOS CAMPEONATOS DEL MUNDO - DE STEINITZ A ALEKHINE


Pablo Moran, Ediciones Martinez Roca, S.A., Barcelona - Espanha
Págs. 9-10

• XADREZ BÁSICO
Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini, Edições Ouro, São Paulo - Brasil
Págs. 105-109 e 197-198

• LOS GRANDES MAESTROS DEL TABLERO


Ricardo Reti, Club de Ajedrez
Págs. 11-12

• TÁCTICA MODERNA EN AJEDREZ - Tomo I


Ludeck Pachman, Colecion Escaques, Martinez Roca,
Barcelona - Espanha
Págs. 13-14

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Onde os Reis se encontram
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www.geocities.com/academiadexadrez

TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO

Apostila 2

Prof. Francisco Teodorico Pires de Souza


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Apostila 2 - Prof. Francisco Teodorico

OS CAMPEONATOS DO MUNDO

I CAMPEONATO MUNDIAL DE XADREZ


Steinitz x Zukertort, 1886

Em 11 de janeiro de 1886, em um local especialmente escolhido pelo Manhattan Chess Club


de New York, encontram-se frente a frente Steinitz e Zukertort para dirimir de uma vez por todas a
supremacia mundial.

Zukertort inicia o match com as Brancas, e sem vacilar, efetua seu primeiro lance 1. d4. A
luta que toda a aficção mundial havia esperado durante três longos anos havia começado!

Porém, deixemos Steinitz refletindo sua resposta e vejamos quem eram os protagonistas deste
apaixonante encontro que acabava de começar.

Wilhelm Steinitz havia nascido em 17 de maio de 1836, em Praga, no seio de uma família
judia que sonhava em converte-lo em um rabino. Aos 12 anos já mostrava na escola uma boa disposição
para a matemática, e aos 22, foi enviado a Viena para seguir um dos estudos que jamais completou, pois,
desde os primeiros dias começou a freqüentar os círculos de xadrez, onde começou jogando ao estilo que
agradava naquela época, ou seja, a base de brilhantes ataques com sacrifícios. Logo o chamaram de
“Morphy austríaco”, pela veemência e a beleza de suas combinações. Seu estilo de jogo estava muito
longe do que ia ser mais adiante, e nada o pressagiava a enorme transformação que aquele homenzinho ia
imprimir no mundo do tabuleiro.

O caráter independente de Steinitz já se manifestou nesta época, pois se conta que um dia,
jogando com um famoso banqueiro chamado Epstein lhe disse: “Jovem, tenha cuidado! Não sabe você
com quem está falando?” e Steinitz rapidamente respondeu: “O sei perfeitamente, você é Epstein, porém,
na bolsa, aqui Epstein sou eu!”.

Alguns psicólogos, e com eles o Grande Mestre Ruben Fine, qualificam esta resposta de
Steinitz como um delírio de grandeza, mas não há outro remédio que reconhecer que o futuro Campeão
Mundial tinha razão, pois estavam jogando xadrez e não discutindo sobre ações.

Durante sua estada em Viena já havia se convertido em um jogador profissional, pois as


partidas que disputava, eram em geral por meio de uma pequena aposta.

Em 1862, partiu para Londres para jogar um torneio internacional, que foi ganho por
Anderssen, no qual finalizou em 6º lugar, empatando com Barnes e Dubois em pontuação, mas
destacando-se pelas brilhantes combinações.

Londres era naquela época, a Meca do xadrez, e não devemos estranhar pois, que ali fixasse
Steinitz sua residência, impondo-se pouco a pouco a todos os adversários que lhe opuseram. Em 1874
começou a colaborar com a famosa revista inglesa “The Field”, analisando conscientemente as partidas
de sua época e começando a mostrar sua nova concepção de jogo.

Como se entendia xadrez até o advento de Steinitz?

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Muito simples, se o objetivo nosso era dar mate, o lógico era que todos os esforços se
concentrassem sobre o monarca inimigo para abate-lo, mas Steinitz pensava de outra forma: o importante
é ganhar a partida, e para isto, temos que adquirir uma série de vantagens, com as quais o mate será uma
conseqüência por si só. Em outras palavras, Steinitz descobriu o que atualmente conhecem todos os
jogadores do mundo, o jogo de posição. Em que consiste ele? Como todos sabemos hoje, consiste em
dominar as colunas abertas, em aproveitar os Peões e as casas débeis e outros mil detalhes que até então
permaneciam ignorados. Assim, não é de se estranhar que o enxadrista Adolfo Schwarz tenha se dirigido
a Steinitz e lhe dito: “Este pequeno homem nos está ensinando, a todos, como jogar xadrez!”. Ali estavam
os mais famosos da época e não protestaram, pois já haviam adotado, pelo menos em parte, sua doutrina,
que anos antes parecia rebuscada e barroca a todos os críticos.

Depois do Torneio de Londres de 1883, Steinitz se transfere para os Estados Unidos, onde
adquire a nacionalidade norte-americana.

O que o levou ao citado país? Talvez a disputa com o editor de “The Field”, ou talvez o
desejo de jogar com Morphy, que permanecia inativo em New Orleans e com quem conseguiu uma
entrevista, mas com a condição de não falar sobre xadrez. Seguramente, para um lutador da categoria de
Steinitz, não poder enfrentar Morphy foi uma das maiores decepções de sua vida.

Retornamos então a 11 de janeiro de 1886. A 1 d4 de Zukertort, o pequeno Steinitz, o grande


Steinitz, respondeu com 1 ... d5. Os dois colossos da época estavam frente a frente ...

Johannes Hermann Zukertort é agora o que medita. Havia nascido a 7 de setembro de 1842 na
cidade de Lublin (Polônia), de pai alemão e mãe polonesa. Aos 13 anos sua família mudou-se para
Breslau e estudou química em Heidelberg e psicologia em Berlim, doutorando-se em medicina na
Universidade de Breslau em 1865. Exerceu a medicina no exército prussiano durante as guerras contra a
Dinamarca, Áustria e França, sendo condecorado por sua valentia. Tinha uma memória prodigiosa, e era
capaz de recordar todas as partidas que havia jogado em sua vida, falava onze idiomas e era um excelente
atirador de pistola e esgrimista.

Aprendeu a jogar xadrez em Breslau, aos 18 anos, tendo como professor o grande Adolf
Anderssen, quem lhe iniciou no jogo de combinação, e com quem jogou dois matches, perdendo em 1868
por +3 -8 =1 e ganhando em 1871 por +5 -2 =0. Durante os anos 1867/71 foi editor com Anderssen da
revista “Neue Berliner Schachzeitung”. Em 1878, ganhou o grande Torneio de Paris, e este mesmo ano se
fez cidadão inglês. Foi um extraordinário jogador às cegas, realizando múltiplas e brilhantes sessões de
simultâneas, e em 16 de dezembro de 1876 bateu, em Londres, o recorde mundial, ao jogar 16 partidas de
uma vez com o magnífico resultado de +11 -1 =4.

Seu estilo de jogo era brilhante ao extremo, as combinações eram sua especialidade e quanto
à sua imaginação, ninguém lhe superava em seus melhores tempos, que eram, sem dúvida, o momento
que enfrentava Steinitz com o Título Mundial em jogo. Mas tinha vários pontos débeis em sua
personalidade: nervoso e impressionável.

As negociações para este encontro que agora estavam disputando haviam durado anos, e
destaco, ironicamente, que nenhum dos concorrentes aceitava a designação de “aspirante”. O vencedor
seria o primeiro que ganhasse 10 partidas, sem contar os empates.

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Apostila 2 - Prof. Francisco Teodorico

Steinitz se impôs conduzindo as peças negras na 1ª partida, mas Zukertort ganhou as quatro
seguintes de forma impressionante, com o que ninguém duvidava que seria Campeão Mundial, sem
demasiados problemas. Mas tinha que contar com o formidável poder de recuperação de Steinitz, que na
seguinte série de jogos, disputados em São Luis, reagiu com ímpeto, ganhando 3 das 4 partidas ali
disputadas, e um empate, com o que o match ficou em 4,5 x 4,5. As partidas seguintes foram disputadas
em New Orleans, com um Steinitz cada vez mais moral e um Zukertort já sem confiança em si mesmo.
Steinitz se impôs agora contundentemente, ganhando o encontro por +10 -5 =5, com o qual chegou a
convencer por fim, toda a aficção mundial de que era o jogador n.º 1.

Zukertort, de caráter muito impressionável, jamais se repôs desta derrota, pois, no ano
seguinte, perdeu um encontro com Blackburne, a quem havia vencido facilmente em 1881 (+7 -2 =5) pelo
discrepante placar de +1 -5 =8. Também jogou outros torneios, mas já sem êxito, e o 20 de junho de 1888
foi marcado por seu derrame cerebral, que o levou à tumba enquanto se encontrava jogando uma partida.

Steinitz x Zukertort
New York, São Luís e New Orleans
11Jan - 29Mar1886

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Steinitz 1 0 0 0 0 1 1 ½ 1 ½
Zukertort 0 1 1 1 1 0 0 ½ 0 ½

11 12 13 14 15 16 17 18 1 20 Tot
9
Steinitz 1 1 0 ½ ½ 1 ½ 1 1 1 12,5
Zukertort 0 0 1 ½ ½ 0 ½ 0 0 0 7,5

Zukertort começou o match de Brancas.

ABERTURAS N.º DAS PARTIDAS TOTAL %


Defesa Tarrasch 7, 13, 15 3 15
Escocesa 2 1 5
Eslava 1, 3, 5 3 15
Gambito da Dama 9, 17, 19 3 15
Quatro Cavalos 11 1 5
Ruy Lopez 4, 6, 8, 10, 12, 14, 16, 18 8 40
Vienense 20 1 5

A SEGUIR:
II Campeonato Mundial de Xadrez
Steinitz x Tchigorin, 1889

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FINAIS I

2.2. Rei e Torre X Rei

Como no caso Rei e Dama x Rei, o mate é praticado com o Rei inferior em qualquer casa
marginal.

Exemplos: Tb1, Rf3 x Rf1; Te8, Rg6 x Rh8; e análogas.

O mate ocorre em média com 17 lances.

¾Diagrama: Ra1, Td4 x Re5


1 ? (1-0)

PLANO
*****
Cercar o Rei na margem do tabuleiro e chegar à posição típica de mate. Obs.: cuidado com o “pat”.

PROCEDIMENTO
*****
1 Ta4
Mantendo o Rei inimigo preso do “outro lado do tabuleiro”, o mais longe possível dele.
1 ... Rd5 2 Rb2
Ao contrário da Dama, que não pode ser atacada pelo Rei inimigo, a Torre necessita da defesa do Rei.
2 ... Rc5 3 Rb3 Rd5
Se 3 ... Rb5 então Tc4, facilitando o trabalho branco, pois o Rei estaria preso no retângulo a8-c8-c4-a4.
4 Rc3 Re5
Se 4 ... Rc5 então 5 Ta5+, tirando do Rei inimigo mais uma horizontal.
Se 4 ... Rc6, 4 ... Rd6 ou 4 ... Re6 então 5 Ta5, tirando do Rei inimigo a 5ª horizontal.
5 Rd3 Rd5 6 Ta5+
Quando o Rei negro coloca-se diante (ou lateralmente) do Rei branco, separado por uma casa, deve-se dar
xeque.
6 ... Rc6 7 Rc4
A Torre cerca o Rei inimigo no quadrado a5-a8-d8-d5.
7 ... Rb6 8 Tc5
Diminuindo o espaço do Rei negro.
8 ... Rb7 9 Rd5 Rb6 10 Rd6
Continuando a vigília sob a 5ª horizontal.
10 ... Rb7 11 Tc1
Preparando 12 Tb1+, cercando o Rei inimigo na margem se o adversário responder com 11 ... Rb6.
11 ... Rb6 12 Tb1+
O Rei negro colocou-se ao lado do Rei inimigo, separado por uma casa, então a Torre deu xeque,
cercando agora o Rei na margem. A Torre só sairá desta coluna para dar mate.
12 ... Ra5 13 Rc6
Deve-se esperar que o Rei negro coloque-se na mesma horizontal.
13 ... Ra4
Se 13 ... Ra6 14 Ta1++
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14 Rc5 Ra3 15 Rc4 Ra2 16 Tb8


Continuando a vigiar a coluna b e distanciando-se ao máximo do Rei inimigo.
16 ... Ra3 17 Tb7
“Perdendo um tempo” para que o Rei negro entre na horizontal de seu Rei.
17 ... Ra2
É obvio que se 17 ... Ra4 18 Ta7++
18 Rc3 Ra1 19 Rc2
Cuidado: 19 Tb2, pat.
19 ... Ra2 20 Ta7++ (1-0)

Posições que se deve evitar:

•Tb7, Rc6 x Ra8


1 ... ? (=)
•Te7, Rf8 x Rh8
1 ... ? (=)
•e posições análogas

A SEGUIR:
2.3. Rei e dois Bispos x Rei

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TÁTICA I

1.2. Princípio da peça imóvel

Atuando sobre uma peça inimiga imobilizada (por bloqueio ou pregadura), um número de
peças atacantes maior que o número de peças que a defendem, essa peça imobilizada poderá ser
capturada.

Exemplo:

¾Diagrama: Bb2, Re1, e4, Cf3, Th5 x Cc6, e5, Rf8, Bg7
1 ? Brancas ganham o Peão inimigo

PLANO
*****
O Peão preto está imobilizado (bloqueado pelo Peão branco). Convergem sobre eles 3 ataques: Cavalo,
Bispo e Torre, enquanto suas defesas são apenas duas: Cavalo e Bispo.

PROCEDIMENTO
*****
1 Ce5 Ce5 2 Be5 Be5 3 Te5
E as Brancas ganham o Peão.

Se o Peão e5 estivesse defendido por outro Peão, as Brancas não iriam captura-lo. Estes
ganhos de peça são possíveis quando as peças trocadas são do mesmo valor.

Nas capturas de peças defendidas há uma regra fácil.

a) Para se ganhar uma peça defendida, deve-se ter, no mínimo, uma peça de ataque a mais do
que as peças de defesa.

b) Para se defender, uma peça atacada, basta ter um número de peças defensivas igual ao
número de peças atacantes.

No exemplo anterior, se existisse mais uma peça preta de defesa, por exemplo, uma Torre em
e7, teríamos 3 peças atacantes x 3 peças defensivas. Insistindo as Brancas nas capturas: 1 Ce5 Ce5 2 Be5
Be5 3 Te5 Te5 e as Pretas ganhariam uma Torre em troca de um Peão. Estas regras dizem respeito apenas
aos casos em que as peças trocadas são do mesmo valor. Um Peão defendido somente por um Peão anula
diversos ataques de peças contrárias.
Exemplo:

¾Diagrama: Bb2, Re1, e4, Cf3, Th5 x Cb7, d6, Td8, e5, Rf8, Bg8
1?

Analise esta posição. As Brancas devem capturar o Peão e5?

PLANO
*****
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Três peças brancas (Cavalo, Bispo e Torre) convergem sobre o Peão preto, que está defendido por outro
Peão. As Brancas não podem captura-lo, pois 1 Ce5 de5 2 Be5, as Brancas ganhariam um Peão, mas
perderiam o Cavalo.

¾Diagrama: a2, b2, c2, Ba4, Rd1 x a6, b7, c5, Rd8
1 ... ?, ganham material

PLANO
*****
O Bispo a4 está cercado por seus próprios Peões.
PROCEDIMENTO
*****
1 ... b5 2 Bb3 c4
Ganhando o Bispo.

O Bispo encontra-se defendido por 2 Peões (a2 e c2) e atacado por apenas um Peão inimigo; é
um caso interessante de ganho de peça imobilizada.

¾Diagrama: c4, d3, Ra3, Ch5 x c5, d4, Rc6, Bg7


1 ... ? (0-1)

PLANO
*****
O Cavalo encontra-se longe da defesa de seu Rei, e de h5 locomove-se somente para as casas negras,
onde corre o Bispo inimigo, que pode imobiliza-lo, dominando suas casas de salto.
PROCEDIMENTO
*****
1 ... Be5 (0-1)
Imobilizando o Cavalo. Agora o Rei negro chega primeiro que o branco e captura o cavalo.
Se 2 Rb3 Rd7 3 Rc2 Re6 4 Rd2 Rf5 5 Re2 Rg4, ganhando o Cavalo e a partida.

¾Diagrama: Bb1, Rg6 x Rc8, Dd7


1 ? ganham material

PLANO
*****
A Dama e o Rei estão na mesma diagonal por onde corre o Bispo branco. Surge a idéia de pregadura.
PROCEDIMENTO
*****
1 Bf5
Ganhando a Dama que não pode mover-se por estar pregada.

A SEGUIR:
1.3. Princípio da peça sobrecarregada

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OS GRANDES MESTRES DO TABULEIRO

1.1. Partida n.º 1

Breslau, 1862
Gambito Falkbeer
Rosanes x Anderssen

1 e4 e5 2 f4 d5 3 ed5 e4 4 Bb5+
Este lance é característico dos jogadores antigos. Não é lance posicional, tem como objetivo apenas
perseguir uma imediata vantagem material ou mate. Hoje em dia, sabe-se que durante a abertura, o
domínio do centro é o ponto essencial.
Um jogador moderno se esforçará antes de tudo em lutar contra o pressionador Peão negro de e4 e, por
conseqüência, jogar 4 d3. O condutor das brancas na presente partida quer, ao contrário, tal como era
usual nesta época, assegurar a preponderância numérica de seus Peões, ainda que a custa de seu próprio
desenvolvimento, jogando para isto 4 Bb5+ para seguir, após ...c6, com a troca de seu Peão d5 que
poderia chegar a ser débil mais tarde.
4 ... c6 5 dc6 Cc6
Na maioria das vezes, costuma-se jogar aqui ...bc6.
6 Cc3 Cf6 De2
Aqui era melhor para as Brancas jogar o Peão d com o objetivo de recuperar-se no desenvolvimento
atrasado.
Ao invés disto, as Brancas perseguem mais vantagem material, ou seja, ganhar outro Peão, o do Rei.
As Negras, e com razão, não se esforçam em defender este Peão, mas continuam seu desenvolvimento.
Quanto mais Peões desaparecem do tabuleiro e quanto mais colunas se abrem, maior será a vantagem do
desenvolvimento.
7 ... Bc5 8 Ce4 0-0 9 Bc6 bc6 10 d3 Te8 11 Bd2
As Brancas querem colocar seu Rei em segurança por meio do roque grande, mas o Negro conseguiu
colunas abertas também no flanco da Dama.
11 ... Ce4 12 de4 Bf5 13 e5 Db6
Se 13 ... Bc2 14 Dc4 e as Negras deveriam trocar um de seus Bispos bons, mas ainda assim seria
favorável ao segundo jogador, graças ao atraso branco.
14 0-0-0 Bd4
Isto causa uma debilidade no flanco do roque branco.
15 c3 Tab8 16 b3 Ted8!
Uma típica jogada preparatória de Anderssen, princípio de uma brilhante combinação da qual seu
adversário ignora completamente.

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17 Cf3
É claro que se jogam 17 cd4 Dd4 e não teriam mais salvação. Se houvesse percebido o propósito de seu
adversário, teriam jogado 17 Rb2, mas o Negro com ... Be6 ameaçando ... Bb3 teria ganho rapidamente.
17 ... Db3! 18 ab3 Tb3 19 Be1 Be3+! (0-1)
Com mate no próximo lance.

A SEGUIR:
1.2. Partida n.º 2
Breslau, 1862
Gambito Kieseritzky
Rosanes x Anderssen

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EXERCÍCIOS

¾Diagrama 2.1
a2, b2, c3, f2, g2, h2, Ta1, Te1, Rg1, Cg5, Dh5 x a7, b7, e5, f7, g7, h7, Ta8, Dc7, Bd7, Te8, Rg8
Composição
1 ... ?

O que ameaçam as Brancas?


PLANO
*****
O ataque simultâneo a h7 e f7.
Mas o Negro pode proteger simultaneamente ambos os Peões, como?

PROCEDIMENTO
*****
1 ... Bf5

Observe que isto só é possível graças ao posicionamento das peças negras. Se a Dama negra estivesse em
c8 (ao invés de c7), a perda do Peão seria inevitável.

¾Diagrama 2.2
a3, f2, g2, h3, Ta7, Dc5, Tc7, Rh2 x d5, f4, g7, h6, Td3, Td4, Dg6, Rh7
Tartakower x Cohn
Varsovia, 1927
1?

Se neste diagrama jogasse o Negro, o que deveria fazer?


PLANO
*****
Explorar a posição desprotegida do Rei Branco. Se o Negro conseguir dominar a casa g3 (ou obstrui-la),
h2, g1 e h1, teria uma posição de mate.

PROCEDIMENTO
*****
1 ... Dg3+ 2 fg3 fg3+ 3 Rg1 Td1++ (1-0)

Mas compete ao Branco o lance, e Tartakower encontra um lance que impede o plano negro e cria uma
forte ameaça contra Cohn. Descubra você.
PLANO
*****
Contra-atacar o ponto débil g7.

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XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO
Apostila 2 - Prof. Francisco Teodorico

PROCEDIMENTO
*****
1 Df8!

Não somente impede o mate ( 1... Dg3+ 2 fg3 fg3+ 3 Rg1 Td1+ 4 Df1, etc), mas ao mesmo tempo cria
uma forte ameaça contra a casa f7, ganhando rapidamente.

1 ... Tg3 2 Tg7+ Dg7 3 Df5+ (1-0)


O Negro abandona, pois se 3 ... Tg6, segue 4 Tg7+ Rg7 5 De5+ (1-0)

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XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO
Apostila 2 - Prof. Francisco Teodorico

BIBLIOGRAFIA

• LOS CAMPEONATOS DEL MUNDO - DE STEINITZ A ALEKHINE


Pablo Moran, Ediciones Martinez Roca, S.A., Barcelona - Espanha
Págs. 13-15 e 63-71

• XADREZ BÁSICO
Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini, Edições Ouro, São Paulo - Brasil
Págs. 109-110 e 198-200

• LOS GRANDES MAESTROS DEL TABLERO


Ricardo Reti, Club de Ajedrez
Págs. 12-14

• TÁCTICA MODERNA EN AJEDREZ - Tomo I


Ludeck Pachman, Colecion Escaques, Martinez Roca,
Barcelona - Espanha
Págs. 14-15

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Onde os Reis se encontram
academiadexadrez@bol.com.br
www.geocities.com/academiadexadrez

TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO

Apostila 3

Prof. Francisco Teodorico Pires de Souza


XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO
Apostila 3 - Prof. Francisco Teodorico

OS CAMPEONATOS DO MUNDO

II CAMPEONATO MUNDIAL DE XADREZ


Steinitz X Tchigorin, 1889

Após sua vitória sobre Zukertort, nenhum jogador no mundo ameaçava seriamente o trono de
Steinitz. O Campeão Mundial passou quase 3 anos sem participar de nenhuma “luta” séria, mas quando
visitou Havana (Cuba), onde existia uma enorme simpatia pelo xadrez, foi organizado o “match” com
Tchigorin com o título em jogo ao melhor resultado em vinte partidas.

Miguel Ivanovich Tchigorin (Gatschina, 12Nov1850 - Lublin, 25Jan1908), fundador da atual


escola soviética (russa), foi um dos jogadores mais geniais e irregulares de todos os tempos. Ao longo de
sua carreira encontramos produções de grande beleza juntamente com erros grosseiros, indignos de um
enxadrista de tão extraordinário talento. Até os 16 anos não havia aprendido a jogar xadrez, mas em 1879
venceu o Torneio de San Petesburgo. Sua 1ª participação internacional foi no Torneio de Berlim, 1881,
onde terminou empatado em 3º lugar com Winawer e superado por Blackburne e Zukertort, mas deixando
para trás jogadores de reconhecida classe. No ano seguinte participou discretamente do Torneio de Viena,
e em 1883 classificou-se em 4º lugar no Torneio de Londres. Estas atuações, assim como seus triunfos em
matches contra Alapin, Schiffers e A. de Riviere, lhe deram uma grande reputação, pois seu jogo
demonstrava uma grande riqueza de idéias. Tchigorin foi um dos poucos enxadristas que não admitiram
os princípios de Steinitz totalmente, afirmando que “as melhores normas de jogo estão longe de
conhecerem-se”. Não é de estranhar que para Tchigorin, a superioridade dos Bispos sobre os Cavalos,
como pregava Steinitz, e outras normas, não tiveram valor algum. Para ele a atividade das peças não era o
mais importante, e o domínio do centro com Peões, uma utopia, com o que se antecipavam os hiper-
modernistas, que como Nimzowitch, Reti e Breyer, principalmente, iriam revolucionar o xadrez nos
primeiros 25 anos do século XX.

Tchigorin gostava do jogo aberto e não admitia nenhum dogma. Assim, contra a Defesa
Francesa, empregava o aparente absurdo lance 2 De2, depois de 1 e4 e6; ou defendia-se do Gambito da
Dama da seguinte forma: 1 d4 d5 2 c4 Cc6, etc. De qualquer forma, seu aprofundamento na teoria das
aberturas foi muito grande, e muitas são hoje linhas surgidas de seu engenho. Sua principal virtude era o
constante afã de luta, seu desejo de complicar posições e seu grande poder de combinação. Seus defeitos:
as enormes distrações, que também o fizeram famoso, e seu escasso domínio do Gambito da Dama com
Negras, assim como seu grande nervosismo e aficção à bebida.

Steinitz aceitou rapidamente o desafio por dois motivos: 1º porque considerava Tchigorin
como o mais forte adversário, o que indubitavelmente lhe honrava desportivamente, e o 2º pelo desejo de
mostrar ao mundo sua superioridade, pois Tchigorin havia ganho 3 das 4 partidas que haviam jogado
(uma em Viena, 1882 e duas em Londres, 1883), e além disso, no match por correspondência entre
Londres e San Petesburgo, 1886-1887, Tchigorin, o capitão da equipe russa, se impôs a Londres, dirigida
por Steinitz, com uma vitória e um empate.

O encontro de Havana, ao melhor resultado em 20 partidas, começou em meio a uma grande


expectativa, e começou 48 horas após a chegada de Tchigorin, depois de uma viagem de 32 dias, dos
quais 26, havia passado no mar. Até a 13ª partida, apesar de interessante, o match permanecia indeciso,
mas Steinitz se impôs nas 3 partidas seguintes com o que decidiu praticamente a luta, pois, somente um
empate nas 4 seguintes era suficiente para conservar o título. Tchigorin lutou como um leão na 17ª
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XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO
Apostila 3 - Prof. Francisco Teodorico

partida, mas teve de conformar-se em repartir o ponto e deixar o título nas mãos do rival, que venceu por
+10 -6 =1, o que demonstra como foi disputada a luta.

Steinitz teve a satisfação de vencer de Negras em 3 “Gambito Evans Aceito”, onde empregou
sua barroca defesa de 1 e4 e5 2 Cf3 Cc6 3 Bc4 Bc5 4 b4 Bb4 5 c3 Ba5 6 0-0 Df6?!, mas foi derrotado 4
vezes e empatou a 17ª que lhe serviu para revalidar o título.

Possivelmente Steinitz não teria sido derrotado 6 vezes se escolhesse outras aberturas, pois
Tchigorin foi o maior jogador de Gambito Evans, mas aquele grande lutador sempre estava disposto a
provar sobre o tabuleiro o que afirmava com a pluma em seus artigos periódicos.

Steinitz x Tchigorin
Havana
20Jan - 24Fev1889

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Steinitz 0 1 0 1 1 0 0 1 1 1
Tchigorin 1 0 1 0 0 1 1 0 0 0

11 12 13 14 15 16 17 Tot
Steinitz 0 1 0 1 1 1 ½ 10,5
Tchigorin 1 0 1 0 0 0 ½ 6,5

Tchigorin começou o match de Brancas.

ABERTURAS N.º DAS PARTIDAS TOTAL %


Eslava 8 1 6
Gambito Evans 1, 5, 7, 9, 11, 13, 15, 17 8 47
Holandesa 16 1 6
Ruy Lopez 3 1 6
Tchigorin 2, 4, 6, 10, 12, 14 6 35

A SEGUIR:
III Campeonato Mundial de Xadrez
Steinitz x Gunsberg, 1890-91

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Apostila 3 - Prof. Francisco Teodorico

FINAIS I

2.3. Rei e dois Bispos x Rei

O mate só é possível quando o Rei inimigo se localiza em casa angular ou vizinha da angular.

Exemplos: Rc7, Bb6, Bd5 x Ra8; Rf7, Bf5, Bg7 x Rh7; etc.

O mate ocorre em média de 18 lances.

¾Diagrama: Ra1, Bg4, Bh4 x Rf4


1 ? (1-0)

PLANO
*****
Em 1º lugar é claro, afastar o Bispo g4. Então manobrar com os Bispos cercando o Rei através de
triângulos, até prender o Rei num dos triângulos de 6 casas das 4 casas angulares, colocando o Rei na
casa 3C (ou 2B) para então dar mate com o outro Bispo. Os Bispos lado a lado defendem-se
mutuamente, evitando que o Rei capture um deles. Cuidado com o pat.
PROCEDIMENTO
*****
1 Bd1 Re3
Ameaçando 2 ... Rd2
2 Bg5+ Rd4
Se 2 ... Rf2, o Rei se autocerca no triângulo da casa angular h1, facilitando o serviço branco!
3 Bc2
Fechando mais uma linha do triângulo da casa angular a8.
3 ... Rc3 4 Rb1 Rd4 5 Rb2 Re5 6 Rc3 Rd5 7 Bf6
Fechando outra linha do triângulo citado.
7 ... Re6 8 Bd4 Rd5
Permanecendo o máximo tempo possível no centro.
9 Bf5 Rd6 10 Rc4 Re7 11 Be5
Agora o Rei foi trancado no triângulo da casa angular h8. Os Bispos se autodefendem!
11 ... Rf7 12 Rd5 Re7 13 Be6 Re8 14 Bf6
Fechando mais uma linha do triângulo da casa angular h8. Colocando os Bispos emparelhados.
14 ... Rf8 15 Re5
Dirigindo-se a g6.
15 ... Re8 16 Rf5 Rf8 17 Rg6 Re8 18 Bg5
Forçando o Rei a dirigir-se para h8.
18 ... Rf8 19 Bd7
Evitando que o Rei se dirija a f8 e preparando-se para cerca-lo no triângulo f8-h6-h8.
19 ... Rg8 20 Be7 Rh8 21 Bf8
Manobra instrutiva.
21 ... Rg8 22 Bh6 Rh8 23 Bg7+ Rg8 24 Be6++ (1-0)

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Apostila 3 - Prof. Francisco Teodorico

Posições de pat:

•Bb7, Rc7, Bd6 x Ra7 1 ... ? (=)

•Rf7, Bg5, Bg6 x Rh8 1 ... ? (=)

•etc

Obs.: 2 Bispos da mesma cor não podem dar mate. Até 9 Bispos que se movimentem por
casas de cor igual, não podem dar mate. É fácil compreender que resta ao Rei inferior uma casa de fuga
de cor oposta a 2 Bispos.

A SEGUIR:
2.4. Rei, Bispo e Cavalo x Rei

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Apostila 3 - Prof. Francisco Teodorico

TÁTICA I

1.3. Princípio da peça sobrecarregada

Peça sobrecarregada é aquela que desempenha mais de uma ação. Por exemplo: uma peça que
defende, ao mesmo tempo, duas ou mais peças. Obrigando-se essa peça sobrecarregada a mover-se,
desfaz-se a harmonia defensiva; daí poderá resultar a perda de material.

¾Diagrama: c3, Be2, g3, Rg7 x Rb8, c4, Be6, g4


1 ? (1-0)

PLANO
*****
O Bispo e6 é uma peça sobrecarregada, pois defende os Peões c4 e g4. Se atacado, deverá deixar uma
das defesas.
PROCEDIMENTO
*****
1 Rf6 (1-0)

¾Diagrama: a2, b2, f2, g3, h2, Cc3, Dd3, Te1, Rg1 x a7, b7, f7, g7, h7, Da5, Cd4, Td8, Rh8
1 ? (1-0)

PLANO
*****
A Torre d8 está sobrecarregada, pois defende o Cavalo d4 e o mate Te8.
PROCEDIMENTO
*****
1 Dd4 (1-0)
Obvio que se 1 ... Td4 2 Te8++.

¾Diagrama: c4, d5, e4, g2, h2, Tb1, Tc1, Bf5, Rg1 x a7, c5, c7, g7, h6, Tb7, Cd8, Df7, Rg8
1 ? (1-0)

PLANO
*****
Explorar o Cavalo d8, sobrecarregado, pois defende a Torre b7 e a entrada do Bispo em e6, cravando a
Dama.
PROCEDIMENTO
*****
1 Tb7! (1-0)
Se 1 ... Cb7 2 Be6.

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¾Diagrama: d5, Cb3, Td2, Rf4 x d6, Cc5, Te5, Rf8


1 ? (1-0)

PLANO
*****
Explorar o Peão d6, sobrecarregado, pois defende o Cavalo c5 e a Torre e5.
PROCEDIMENTO
*****
1 Cc5 (1-0)
Se 1 ... dc5 2 Re5

A SEGUIR:
1.4. Princípio do ataque simultâneo

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OS GRANDES MESTRES DO TABULEIRO

1.2. Partida n.º 2

Breslau, 1862
Gambito Kieseritzky
Rosanes x Anderssen

1 e4 e5 2 f4 ef4 3 Cf3
Com este lance formou-se o gambito conhecido sobre o nome de Cavalo do Rei. Existem outras variantes,
por exemplo: 3 Bc4 e 3 Be2, e também 3 Df3 (Gambito Breyer), ainda que não muito utilizado.
3 ... g5
Como se conhece há três séculos, o Peão do gambito somente pode ser defendido imediatamente. De
acordo com o que observamos na primeira partida, esse objetivo de sustentar a vantagem material obtida,
era, nos tempos de Anderssen, a forma predominante de jogar. Agora, as Brancas tem duas variantes
diferentes. Uma delas consiste em continuar seu desenvolvimento mediante 4 Bc4 e 5 0-0.
Esta é uma maneira inocente de jogar, própria de enxadristas de ataques superficiais, mas não
corresponde ao espírito do Gambito do Rei. A idéia deste gambito, como já sabemos, é o ataque à coluna
f, na qual os pontos f6 e f5 foram debilitados pelo lance g5, pois se forem dominados, não podem ser
defendidos pelo Peão, que está em g5, não podendo este atacar a peça branca que possivelmente se
coloque nestes pontos. Se Rosanes quiser jogar posicionalmente no espírito do Gambito do Rei, antes de
tudo deve abrir a coluna f e tirar o Peão de f4. A continuação posicional é 4 h4, minando a defesa do Peão
f4, ou seja, o Peão de g5. Rosanes tem que decidir neste momento a linha a seguir.
Se joga 4 Bc4, Anderssen pode contestar com 4 ... Bg7, e o lance 5 h4 já não pode conseguir seu objetivo,
pois Anderssen tem a possibilidade de jogar h6 e com isso manter intacta sua cadeia de Peões.
4 h4 g4 5 Ce5
Esta abertura recebe o nome de Gambito Kieseritzky. Outra continuação é o Gambito de Allgaier, onde as
Brancas jogam 5 Cg5, vendo-se obrigadas, após 5 ... h6, a sacrificar seu Cavalo com 6 Cf7, mas em troca,
obtém um ataque muito perigoso.
5 ... Cf6
Eis uma boa ocasião para demonstrar o valor de ter compreendido o espírito de uma abertura e não
memorizar as diversas variantes, o que não é tão proveitoso. O “jogador de café”, que busca o lance mais
próximo para atacar, provavelmente jogaria aqui, 6 Bc4.
Mas também o jogador novato, que tenha sido contaminado pela infrutuosa moléstia de estudar o célebre
método de Bilguer, seguindo aquelas indicações, fará o mesmo lance, e por um contra-ataque negro,
chegara a ter desvantagem. Não deve-se estranhar o fato de que na análise do Gambito do Rei, a obra de
Bilguer contenha numerosos defeitos. Uma análise de variantes, no decorrer dos anos, chega a
manifestar-se quase sempre como equivocada. A ciência de conhecer variantes é somente uma ciência
aparente.
Além disso, o Gambito do Rei não é nenhuma abertura moderna, e a maior parte das variantes procedem
do tempo antigo, quando era insignificante o que se pensava sobre o jogo de posição. Se mantém-se a
idéia da abertura, se chega à conclusão de que é preciso fazer desaparecer o Peão f4 para a liberação da
coluna f. Portanto, o lance indicado é 6 d4, o qual um dos melhores jogadores de posição, Philidor e o
grande “posicionalista”, Rubinstein, qualificaram como vantajosa para as Brancas. Após 6 d4 d6 7 Cd3
Ce4 8 Bf4, as Negras tem efetivamente um Peão a mais, mas se encontra em uma situação nada
agradável, graças à debilidade irreparável da coluna aberta. Não devemos estranhar que Rosanes tenha
feito o lance mais débil, mas aparentemente mais lógico.
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Apostila 3 - Prof. Francisco Teodorico

6 Bc4 d5 7 ed5 Bd6 8 d4 Ch5


Rosanes não consegue abrir tão facilmente a coluna f. Deveriam ter jogado na hora certa 0-0, apesar da
possível contestação ... Dh4. Rosanes, como na partida anterior, não joga posicionalmente, mas pela
vantagem material.
9 Bb5+ c6 10 dc6 bc6 11 Cc6 Cc6 12 Bc6+ Rf8 13 Ba8
Rosanes tem uma Torre a mais, mas em troca, uma posição perigosa no flanco do Rei, e uma posição mal
desenvolvida.
13 ... Cg3 14 Th2
Rosanes, ao invés de colocar a Torre em h2, onde atua o adversário, deveria devolver o sacrifício,
cedendo a qualidade, colocando o Rei em f2 no lance 14.
14 ... Bf5 15 Bd5
Melhor defesa seria 15 Bc6 para não permitir que a Torre negra se dirigisse a e8.
15 ... Rg7! 16 Cc3 Te8+ 17 Rf2 Db6
Anderssen ameaça o ataque decisivo através de ... Be5.
18 Ca4 Da6
Anderssen ameaça mate em 4. Será que você descobre?
PLANO
*****
Mate de Cavalo e Torre
PROCEDIMENTO
*****
19 De2+ 20 De2 Te2+ 21 Rg1 Te1+ 22 Rf2 Tf1++
Esta ameaça de Anderssen não se pode parar através de 19 c4. Descubra o porque.
PLANO
*****
O mesmo, mate de Cavalo e Torre.
PROCEDIMENTO
*****
19 ... Da4! 20 Da4 Te2+ (0-1)
19 Cc3 Be5! 20 a4
Anderssen anuncia mate em 4. Encontre você.
PLANO
*****
Mate com Bispo, Torre e Cavalo.
PROCEDIMENTO
*****
20 ... Df1+! 21 Df1 Bd4+ 22 Be3 Te3! 23 Rg1
A qualquer outro lance segue ... Te2++.
23 ... Te1++ (0-1)

A SEGUIR:
1.3. Diagramas Diversos

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EXERCÍCIOS

¾Diagrama 3.1
a2, c2, f2, g2, h2, Bc5 Tf1, Rg1, Th3, Dh5 x a7, c6, e6, f6, g7, Ba5, Ta8, Bc8, Dd8, Te8, Rg8
Zuckertort x Anderssen
1?

Neste diagrama, após 1 Dh7+ Rf7 2 Dh5+ Rg8 e Zuckertort não conseguiria nada mais do que um empate
por repetição de lances. Mas Zuckertort encontrou uma linha ganhadora.
PLANO
*****
Reagrupamento das peças na coluna h. Colocando a Torre diante da Dama.
PROCEDIMENTO
*****
1 Dg6! Ba6 2 Th7 Dc7 3 Dh5 (0-1)
Analise 1 ... Te7
*****
Se 1 ... Te7, haveria grande perda de material: 2 Dh7+ Rf7 3 Tg3, etc.

¾Diagrama 3.2
c5, d4, e6, g2, h3, Tb1, Tf1, Dg3, Rh1 x a5, b7, f6, h5, Bb4, Dc6, Ce7, Re8, Tf8
Morphy x Thompson
Match 1859
1?

Morphy forçou a vitória em poucos lances, de maneira irrefutável


PLANO
*****
Explorar a posição incômoda do Rei negro, cuja mobilidade resume-se a d8.
PROCEDIMENTO
*****
1 Db8+ Dc8 2 Dd6 Dc6 3 Tb4 ab4 4 Ta1 (1-0)
Thompson abandonou, pois não encontrou defesa contra a entrada da Torre branca em a8.
Analise 1 ... Cc8.
*****
2 d5! Dc5
Única que mantém a defesa do Cavalo.
3 Tfc1 Bc3 4 Db7 (1-0)
Observe como Morphy reagrupou suas peças.

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Apostila 3 - Prof. Francisco Teodorico

¾Diagrama 3.3
a4, b3, d4, e3, f3, g4, h4, Ta1, Cc3, Dd1, Bd2, Te1, Rg1, Bg2, Cg3 x a5, b7, c7, d5, f7, g7, h6, Ta8,
Bb4, Cd7, Dd8, Te8, Cf6, Rg8, Bh7
Spasski x Petrosian
Torneio de Candidatos 1956
1 ... ?

Encontre a ameaça branca.


****
Spasski ameaça ganhar o Cavalo de Petrosian mediante 2 g5.
Encontre um plano defensivo para as Negras.
PLANO
****
Criar um refúgio para o Cavalo f6 sem esquecer do Peão d5 que está defendido apenas por ele.
PROCEDIMENTO
*****
1 ... Bd6! 2 f4
Se 2 Cge2, Petrosian contestaria com 2 ... Bd3.
2 ... Bg4
Após a troca Bc3, a casa e4 poderá ser ocupada por uma peça de Petrosian.
3 g5 Bc3 4 Bc3 Ce4 5 Be4 Be4
E a partida seguiu com igualdade.

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Apostila 3 - Prof. Francisco Teodorico

BIBLIOGRAFIA

• LOS CAMPEONATOS DEL MUNDO - DE STEINITZ A ALEKHINE


Pablo Moran, Ediciones Martinez Roca, S.A., Barcelona - Espanha
Págs. 16-17 e 63-71

• XADREZ BÁSICO
Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini, Edições Ouro, São Paulo - Brasil
Págs. 110-111 e 200-202

• LOS GRANDES MAESTROS DEL TABLERO


Ricardo Reti, Club de Ajedrez
Págs. 14-16

• TÁCTICA MODERNA EN AJEDREZ - Tomo I


Ludeck Pachman, Colecion Escaques, Martinez Roca,
Barcelona - Espanha
Págs. 16-17

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TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO

Apostila 4

Prof. Francisco Teodorico Pires de Souza


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OS CAMPEONATOS DO MUNDO

III CAMPEONATO MUNDIAL DE XADREZ


Steinitz X Gunsberg, 1890-91

Isidoro Gunsberg (Budapeste, 02Nov1854-Londres, 02Mai1930), de origem judia, foi o


terceiro aspirante ao Título de Steinitz. Ainda que húngaro de nascimento, pode ser considerado um
enxadrista inglês, já que aos 13 anos mudou-se para a Inglaterra com sua família e ali obteve a cidadania.
Aprendeu a jogar logo e no célebre Café de La Regence, de Paris, foi apresentado como um menino
prodígio. em 1876 jogou dentro do famoso robô “Mephisto” em Londres, com o que pretendia emular as
façanhas do idealizado pelo Barão Wolfgang von Kempelen, que chegou a jogar contra Napoleão.

Quando enfrentou Steinitz, era considerado como um dos mais fiéis seguidores das teorias do
Campeão, e contava com um brilhante curriculum, pois havia ganho os Torneios de Hamburgo, 1885;
Bradford e Londres, 1888. Em matches havia vencido a Bird (Londres, 1866, por +5 -1 =3), Blackburne
(Bradford, 1887, por +5 -2 =6) e empatado com Tchigorin num dramático encontro em Havana, 1890,
com o resultado de +9 -9 =5.

Frente a Steinitz defendeu-se com grande dignidade, pois somente foi derrotado por +4 -6 =9,
em um encontro ao melhor resultado em 20 partidas. O Campeão Mundial voltou a aplicar em quatro
ocasiões sua barroca defesa do Gambito Evans, que havia empregado diante de Tchigorin, e perde em
duas ocasiões, ainda que tenha conseguido a satisfação de vencer em uma e empatar outra.

Gunsberg dirigiu durante cerca de 30 anos a seção de xadrez do “Daily Telegraph” e do


“Morning Post”, de Londres e escreveu diversos livros sobre o tema. Sua carreira enxadrística se
desenvolveu até 1914, ano em que participou do famoso Torneio de San Petesburgo, vencido por Lasker,
mas a idade já não lhe permitia enfrentar com êxito a jovens como Capablanca e Alekhine.

Steinitz x Gunsberg
New York
09Dez1890-22Jan1891

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Steinitz ½ 1 ½ 0 0 1 1 ½ ½ 1
Gunsberg ½ 0 ½ 1 1 0 0 ½ ½ 0

11 12 13 14 15 16 17 18 19 Tot
Steinitz ½ 0 1 ½ ½ 0 ½ 1 ½ 10,5
Gunsberg ½ 1 0 ½ ½ 1 ½ 0 ½ 8,5

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Steinitz começou o match de Brancas.

ABERTURAS Nº DAS PARTIDAS TOTAL %


Eslava 3 1 5
Gambito da Dama 1, 5, 17 3 16
Gambito da Dama Aceito 7 1 5
Gambito Evans 12, 14, 16, 18 4 21
Italiana 4, 8, 10 3 16
Peão da Dama Irregular 6, 19 2 11
Ruy Lopez 2 1 5
Zukertort 9, 11, 13, 15 4 21

A SEGUIR:
IV Campeonato Mundial de Xadrez
Steinitz x Tchigorin, 1892

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FINAIS I

2.4. Rei, Bispo e Cavalo x Rei

Método dos Triângulos


Délétang e Cognet

É o mais difícil e apaixonante dos finais elementares.

Existem diversos métodos, utilizaremos o de mais fácil memorização. o Método dos


Triângulos do amador argentino Daniel Délétang (La Stratégia, 1923; El Ajedrez Argentino, 1925),
aperfeiçoado por E. Cognet (L’Echiquier, janeiro de 1931).

É raríssimo ocorrer este tipo de final, mas todo enxadrista deve conhece-lo.

O mate de Bispo e Cavalo só pode ser forçado num canto do tabuleiro onde a casa angular
seja da mesma cor que as dominadas pelo Bispo.

Exemplos:

¾Diagrama: Ca6, Rb6, Bc6 x Ra8


O Bispo dá mate desde uma casa afastada do Rei adversário. Neste diagrama, o Bispo pode ocupar uma
casa mais afastada ainda, mas para dar mate deve mover-se desde uma diagonal paralela à grande
diagonal.

¾Diagrama: Rb6, Bb7, Cc6 x Ra8


O Bispo dá mate colocando-se na casa contígua ao Rei inimigo. Na posição deste diagrama, o Cavalo
pode estar colocado também em d7, mas não em a6, pois é dela que vem o Bispo.

¾Diagrama: Ca6, Rb6, Bb7 x Rb8


O mate é realizado pelo Cavalo, que pode estar colocado não só em a6, mas também em c6 ou em d7.

Para realizar qualquer um destes mates, o Rei ofensivo deve estar a salto de Cavalo da casa
angular.

¾Diagrama: Bb3, Cd3, Rg7 x Re7

Examinando este diagrama, observamos que o Bispo está colocado na 2ª casa de uma
diagonal, que é por sua vez a segunda casa de uma fila, cuja 4ª casa está ocupada por um Cavalo.
Consideremos agora o tabuleiro em relação às diagonais.

A grande diagonal preta (a1-h8) divide o tabuleiro em 2 partes iguais. O Rei preto encontra-se
na metade esquerda.

Nesta metade, as 3 diagonais brancas formam com as bordas do tabuleiro, 3 triângulos


retângulos que se superpõem num ângulo reto comum, situado em a8.
As hipotenusas desses 3 triângulos estão representadas:
•para o triângulo maior pela diagonal a2-g8;

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Apostila 4 - Prof. Francisco Teodorico

•para o triângulo médio pela diagonal a4-e8;

•para o triângulo menor pela diagonal a6-c8.

Examinando o triângulo maior, verificamos que o Rei preto não pode atravessar a hipotenusa.
Com efeito, o Bispo impede o acesso às casas brancas, o Rei branco protege as casas pretas f6 e f8, e o
Cavalo domina as casas pretas b4, c6 e e5. Pode-se afirmar que o triângulo maior está fechado.

O mesmo resultado se obtém em posição análoga: Rb2, Cf5, Bf7 x Rb4.

Após cercar o Rei no triângulo maior, deve-se empurra-lo para o triângulo médio e, deste,
obriga-lo a penetrar no triângulo menor.

Veremos previamente que a aplicação do “método dos triângulos” permite obter o que
denominaremos uma posição final da qual derivará uma das 3 formas de mate que já foram apontadas.

Examinaremos estas posições finais, nas quais as Brancas acabam de fechar o triângulo menor
e, portanto, é a vez de jogarem as Pretas:

¾Posição Final do Tipo A - Diagrama: Rb6, Bd7, Cd5 x Rb8

1 ... Ra8 2 Cb4


Ou Cc7+
2 ... Rb8 3 Ca6+ Ra8 4 Bc6++
Mate tipo I.

Se o Rei preto estiver em a8 (não em b8), o mate se processa assim:


1 ... Rb8 2 Cb4 Ra8 3 Be6
Lance de espera com o objetivo de permitir que o Cavalo vá a a6, para dar xeque, pois é evidente que se
as Brancas jogarem 3 Ca6? é empate por afogamento.
3 ... Rb8 4 Ca6+ Ra8 5 Bd5++
Mate tipo I

¾Posição Final do Tipo B - Diagrama: Ba6, Rb6, Cd5 x Rb8

1 ... Ra8 2 Cb4 Rb8 3 Cc6+ Ra8 4 Bb7++


Mate tipo II.

Se o Rei preto estiver em a8, dá-se o mate da seguinte forma:


1 ... Rb8 2 Cb4 Ra8 3 Bb7+ Rb8 4 Cc6++
Mate tipo II.

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¾Posição Final do Tipo C - Diagrama: Ba6, Rb5, Cd5 x Rb8

1 ... Ra7
Se 1 ... Ra8 2 Rb6 e entramos numa posição final do tipo B.
2 Cb4 Rb8
Se 2 ... Ra8 3 Rb6 4 Cc6+ Ra8 5 Bb7++, mate tipo II.
3 Rb6 Ra8 4 Bb7+ Rb8 5 Cc6++
Mate tipo II.

Existem outros tipos desta posição com o Rei preto em a8 ou em a7, nas quais o mate se
efetua da mesma forma que na posição examinada, e com as mesmas manobras, porém invertendo a
ordem dos lances, segundo convenha. Também o Rei branco pode estar em a5 (e não em b5).

Por analogia, estas posições finais podem apresentar-se com outra disposição. Exemplo: a
posição final A com o Rei branco em c7 e o Rei preto em a7, estando o Bispo em b5 e o Cavalo em d5. O
mesmo acontece com as demais posições finais que, aliás, podem reproduzir-se em outro ângulo do
tabuleiro.

Vejamos o procedimento que deve ser aplicado no método dos triângulos.

O retrocesso do Rei preto, para faze-lo passar de um triângulo a outro, obtém-se unicamente
mediante às manobras de Rei e Bispo ofensivos. No que toca à passagem do triângulo maior para o
menor, observar-se-á que o Bispo deve cuidar da diagonal (hipotenusa) a2-g8 devendo proteger ao
mesmo tempo, a casa a4 para impedir a fuga do Rei preto por este ponto, mas o Bispo pode mover-se pela
diagonal vigiada, pois poderá voltar a b3 antes que o Rei adversário alcance a mencionada casa a4.

Partindo do diagrama inicial, observamos que o Rei branco não pode mover-se porque tem a
seu cargo as 2 casas pretas f6 e f8; então, logicamente, será preciso mover o Bispo pela diagonal-
hipotenusa a fim de escolher a colocação que tire mais casas do Rei adversário; tendo em conta esta
circunstância, o primeiro lance será:

1 Bf7 Rd6
Dirigindo-se para a casa a4.
2 Rf8
Ocupando diretamente o extremo da hipotenusa.
Se 2 Rf6? Rd7 3 Bb3 Re8 4 Rg7 Re7 e volta-se a posição inicial.
2 ... Rd7 3 Bb3 Rd6
Se 3 ... Rc6 4 Re7.
Se 3 ... Rd8 4 Ba4, fechando o triângulo médio.
O Rei negro deve evitar estes lances, que apressam a derrota.
4 Re8 Rc7
Se 4 ... Rc6 5 Re7 Rc7 6 Ba4.
5 Re7 Rc7
A qualquer outro lance, seguiria 6 Ba4.
6 Re6 Rb5
Também aqui, a qualquer outro lance, seguiria 7 Ba4.
7 Rd6 Ra5 8 Rc5 Ra6 9 Ba4
Agora o Bispo ocupa a hipotenusa do triângulo médio, o qual começa a fechar-se com esta manobra.
Observe-se que se o Rei negro - durante esta manobra de retrocesso - abandona as diagonais a3-f8 e a4-
c8, o Bispo se instala imediatamente nesta última. Se o Rei se mantém sobre estas duas diagonais, será
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encurralado contra a beirada do tabuleiro, como se terá observado, até que se veja forçado a abandonar
uma posição que lhe é favorável.
Agora é necessário terminar de fechar o triângulo médio, colocando oportunamente o Cavalo em d5.
9 ... Rb7
Se 9 ... Ra5 10 Bd7 Ra6 e continua como depois do lance 12 desta análise.
10 Rd6 Rb6 11 Bd7 Ra5 12 Rc5 Ra6 13 Cb4+
Ou 13 Cc4. O Cavalo se dirige a seu novo posto em d5, ou seja, 4ª casa da coluna (antes era uma
horizontal), onde se encontra o Bispo.
13 ... Rb7 14 Cd5
O triângulo médio está fechado.
14 ... Ra6
Se 14 ... Ra8 (ou Rb8) 15 Rb6 e o triângulo menor está fechado, tendo-se chegado a uma posição final do
tipo A.
Se 14 ... Ra6 15 Bc8 Rb8 (Se 15 ... Ra8 16 Rb6 e 17 Ba6, chegando-se a uma posição final do tipo B) 16
Ba6 Ra7 (Se 16 ... Ra8 17 Rb6 e se chega a uma posição final do tipo C).
15 Rb4 Rb7 16 Rb5 Ra6
Se 16 ... Rb8 17 Rb6 e chega-se a uma posição final tipo A.
17 Bc8 Ra8
Se 17 ... Rb8 18 Ba6 e estamos numa posição final tipo C.
18 Rb6 Rb8 19 Ba6
E o triângulo menor fecha-se numa posição final tipo B.

Resumindo:

1. O mate só pode ser forçado num canto do tabuleiro onde a casa angular seja da mesma cor
que as que o Bispo percorre.
2. Formar-se-ão imaginariamente, 3 triângulos retângulos sobrepostos, cujo ângulo reto
comum está situado no canto do tabuleiro onde se forçará o mate. Estes triângulos serão: um maior, um
médio e um menor, e suas hipotenusas são, respectivamente, três diagonais da cor da casa angular, uma
diagonal de 7 casas de comprimento, outra de 5, e a terceira de 3 casas.
3. O fechamento dos 2 primeiros triângulos (maior e médio) efetua-se:

a) Colocando-se o Bispo e o Cavalo na mesma horizontal ou coluna;


b) Colocando-se o Bispo na 2ª casa da diagonal-hipotenusa de cada um dos triângulos;
c) Colocando-se o Cavalo na 4ª casa da fila (horizontal) ou coluna em que se acha o Bispo,
ficando então, ambas as peças, em casas da mesma cor e separadas por uma só casa;
d) A outra extremidade da hipotenusa estará vigiada pelo Rei.

4. O fechamento do 3º triângulo efetua-se facilmente, sem necessidade de mover o Cavalo e,


em alguns casos, sem que o Bispo tenha de ocupar a diagonal que constitui a hipotenusa menor.
5. O Bispo age nas casas da cor que percorre; o Cavalo será utilizado para vigiar as casas da
cor contrária.
6. Uma vez encerrado o Rei adversário no triângulo maior - e para força-lo a passar dum
triângulo a outro - manobrar-se-á unicamente com o Rei e o Bispo, pois o Cavalo só precisará efetuar 4
movimentos: 2 para passar do triângulo maior ao médio, e outros dois para colaborar no mate.

Antes de ser encerrado nos triângulos, o Rei adversário tratará de refugiar-se na diagonal de
cor oposta à das casas que percorre o Bispo - dirigindo-se a um dos cantos onde o mate não é possível.
Neste caso será fácil obriga-lo a entrar num dos dois grandes triângulos que margeiam a mencionada
diagonal. Exemplo: Ra1, Bh8, Ch1 x Ra8.
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Nas variantes que examinaremos, observe que o Rei preto trata de fugir, quer dirigindo-se à
direita (Rb7-c6-b6-b5-b4, etc, na variante a), quer indo para a esquerda (Rb7-c6-d6-c5, etc, na variante c)
ou - o que é preferível - tratará de manter-se em seu refúgio em a8 (variantes b e d) prolongando, desta
forma, o mate inevitável.

(a)

1 Rb2 Rb7 2 Rc3 Rc6 3 Rc4 Rb6 4 Rd5


Para poder conduzir o Bispo e o Cavalo a seus respectivos lugares é boa tática situar o Rei branco numa
das casas centrais do tabuleiro, de preferência numa casa da grande diagonal, que serve de refúgio ao Rei
adversário, e colocar o Bispo a seu lado.
4 ... Rb5 5 Bd4 Rb4 6 Cg3 Rb3 7 Ch5
Ou Ce2
7 ... Rc2 8 Cf4 Rb3
Se 8 ... Rd2 9 Bf2 Rc3 10 Be1+, começando a fechar o triângulo médio.
9 Rc5 Ra4 10 Rb6 Rb4 11 Bf2
E o triângulo maior está fechado.

(b)

1 Rb2 Rb7 2 Rc3 Rc6 3 Rc4 Rd6 4 Rd4 Rc6


Se 4 ... Re6, vide variante c.
O Rei negro tenta permanecer em a8, resistindo o máximo, não entrando no triângulo maior.
5 Cf2
A função do Cavalo é expulsar o Rei adversário do seu refúgio colocando-o em b6 ou c7.
5 ... Rb5 6 Rd5 Rb6
Ameaçava-se 7 Bd4 seguido de Ch3 e Cf4, o que fecharia o triângulo maior.
7 Be5 Rb7
Se 7 ... Rb5 8 Bd5 seguido de Ch3, ou Rc6, etc.
8 Ce4 Ra8
Se 8 ... Rc8 9 Rc6 Rd8 10 Bd6 (barrando a passagem do Rei preto, de modo a dar tempo ao Cavalo para
colocar-se em seu posto em e6) Re8 11 Cc3 seguido de 12 Cd1, 13 Ce3 e 14 Bg3 - e fechando assim, o
triângulo maior.
9 Rc6 Ra7 10 Cc3
O Cavalo se aproxima do ponto b6, situando-se antes em d5 de onde poderá dirigir-se, eventualmente, a
seu posto em f4.
10 ... Ra8 11 Cd5 Ca7 12 Cb6 Ra6 13 Bb8
Posição clássica: o Rei adversário foi expulso definitivamente da grande diagonal que lhe servia de
refúgio.
13 ... Ra5 14 Cd5
Agora, cumprida sua missão, o Cavalo se dirige ao seu lugar em f4.
14 ... Ra4
Se 14 ... Ra6 15 Cf4 Ra5 16 Ba7 seguido de Bf2 e fica fechado o triângulo maior.
15 Ba7 Rb3
Se 15 ... Ra5 16 Bb6+ Ra4 17 Rc5 Rb3 18 Ba5 e começa o fechamento do triângulo médio.
16 Rb5 Rc2 17 Cf4 Rd2 18 Bf2
E o triângulo maior está fechado.

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(c)

Até o quarto lance das Brancas (4 Rd4), como na variante b. E depois:


4 ... Re6 5 Be5 Rf5 6 Cf2 Re6
Se 6 ... Rg5 7 Bg3 Rf5 8 Rd5 Rf6 (se 8 ... Rg5 9 Re6) 9 Cg4+ Rf5 (se 9 ... Re7 10 Rc6) 10 Ce3+ e fecha-
se o triângulo maior.
7 Bg3 Rd7 8 Rd5 Rc8 9 Rc6 Rd8 10 Cd1
Seguido de 11 Ce3 e o triângulo maior está fechado.

(d)

1 Rb2 Rb7 2 Rc3 Rc6 3 Rc4 Rb7 4 Rc5 Ra8 5 Rc6 Rb8 6 Cg3 Ra8 7 Ce4 Rb8 8 Cc3 Ra8 9 Cd5 Rb8
Se 9 ... Ra7 10 Be5 Ra8 11 Cb6+ Ra7 12 Bd6 Ra6 13 Bb8 e se chega à posição clássica.
10 Bd4 Ra8 11 Cc7+ Rb8 12 Bc5 Rc8 13 Ba7
E se atinge a posição clássica, com colocação invertida das peças.

A SEGUIR:
3. Finais de Reis e Peões
3.1 Rei e Peão x Rei

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TÁTICA I

1.4. Princípio do ataque simultâneo

Como em xadrez joga-se uma peça de cada vez, atacando-se simultaneamente duas ou mais
peças, pode determinar a captura de uma delas.

Esse meio de ganhar peças tem ainda mais força desde que uma das peças atacadas seja o
próprio Rei.

¾Diagrama: Te8, Rg1 x Ra1, Bb3, Bg3


1 ? Ganham material

PLANO
*****
Os Bispos encontram-se sem apoio e na mesma horizontal. Se existir uma Torre (peça que move-se pela
horizontal) ou Dama que possam colocar-se nesta horizontal, ganha-se um deles.
PROCEDIMENTO
*****
1 Te3
Ganhando material, pois um dos Bispos será salvo, enquanto o outro será capturado pela Torre.

¾Diagrama: Da8, Rd5 x Be8, Tf8, Rh8


1 ... ? (0-1)

PLANO
*****
Se o Bispo desloca-se da horizontal 8, a Torre passa a atacar a Dama. Caso o lance de Bispo force as
Brancas a um lance que não permita a retirada da Dama branca, esta estará perdida, assim como a
partida.
PROCEDIMENTO
*****
1 ... Bf7+(0-1)

¾Diagrama: Bc3, Te5, Rh4 x f7, h6, Dd7, Rh8


1 ? (1-0)

PLANO
*****
O Rei negro encontra-se sobre a diagonal onde encontra-se o Bispo branco. Movendo-se a Torre efetua-
se um xeque descoberto, atacando uma peça de maior valor, irá ganha-la pela obrigação de sair do
xeque.
PROCEDIMENTO
*****
1 Td5+ (1-0)

O xeque descoberto freqüentemente é utilizado para o ganho de peças.

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¾Diagrama: a2, b4, d4, f2, g2, h2, Te1, Ce3, Rg1, Tg3, Bg5, Dh5 x a7, d6, e6, f7, g7, h6, Ta8, Db5,
Bb7, Te8, Cf8, Rg8
C. Torre x E. Lasker
Moscou, 1925
1 ? (1-0)

PLANO
*****
Chegar à posição de mate com a Torre em g7 e Dama em h6. Para isto deverá desobstruir a coluna g, e
a melhor casa para coloca-lo é f6, pois explora o Peão g cravado, ameaçando Tg7 e uma série de xeques
descobertos, ganhando material.
PROCEDIMENTO
*****
1 Bf6!
Ameaçando mate com Tg7+ e Dh6
1 ... Dh5 2 Tg7+ Rh8 3 Tf7+
Ataque simultâneo ao Rei e às demais peças.
3 ... Rg8 4 Tg7+ Rh8 5 Tb7+ Rg8 6 Tg7+ Rh8 7 Tg5 Rh7 8 Th5 Rg6 9 Th3 Rf6 10 Th6 (1-0)

¾Diagrama: b2, c2, Bf6, Tg3, Rb1 x a7, d7, f7, g7, Bb7, Cc7, Cf8, Bg1, Rg8, Dh8
1 ? (1-0)

PLANO
*****
Idem ao anterior
PROCEDIMENTO
*****
1 Tg7+ Rh8 2 Tf7+ Rg8 3 Tg7+ Rh8 4 Td7+ Rg8 5 Tg7+ Rh8 6 Tc7+ Rg8 7 Tg7+ Rh8 8 Tb7+ Rg8 9
Tg7+ Rh8 10 Ta7+ Rg8 11 Tg7+ Rh8 12 Tg1+ Rh7 13 Th1+ (1-0)
Observe a força do Bispo e Torre nessas posições, atacando simultaneamente várias peças.

A SEGUIR:
1.5. Princípio da peça sem defesa

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OS GRANDES MESTRES DO TABULEIRO

1.3. Diagramas Diversos

¾Diagrama: c3, f2, f6, g2, h2, Ta1, Ba3, Da4, Bd3, Te1, Cf3, Rg1 x a7, c7, d7, f7, h7, Bb6, Bb7, Tb8,
Cc6, Ce7, Re8, Tg8, Dh5
Anderssen x Dufresne

Esta posição foi atingida após o lance 18 de Dufresne.


Ambos atacam diretamente o Rei adversário, mas as melhores perspectivas são brancas, pois elas
dominam o centro.
Em troca, Dufresne, ataca o roque inimigo com a Dama, a Torre no flanco do Rei e com os Bispos, pelo
flanco da Dama.
O moderno jogador de posição que continuamente esforça-se para conhecer os indícios da posição e trata
a combinação como um meio auxiliar para demonstrar depois sua vantagem posicional, nesta situação
levará o ataque ao centro de tal forma, que impedirá o ataque do flanco da Dama negro (Bispos) contra o
Rei branco.
Assim, é fácil adivinhar o lance que ganha em seguida, indicado por Lasker: 19 Be4. Mas Anderssen
optou por jogar:
19 Tad1
Este lance é prova da incomparável combinação de Anderssen, mas não leva em consideração as
exigências posicionais. É mais débil que 19 Be4, tanto que, se Dufresne contesta com ... Tg4, consegue
empate, segundo as análises feitas mais tarde. Mas Dufresne continuou assim:
19 ... Df3
E após este lance, a combinação de Anderssen triunfa.
Tente descobrir como Anderssen encontrou a linha de vitória.
PLANO
*****
Explorar a posição desprotegida do Rei, atacando com as peças pelo centro dominado por Anderssen.
PROCEDIMENTO
*****
20 Te7+ Ce7
Analise 20 ... Rd8.
*****
21 Td7+, se Dufresne toma esta Torre, então, Anderssen ganha a Dama ao contestar 22 Be2+.
Analise contra 21 Td7+, 21 ... Rc8.
*****
22 Td8+
a) 22 ... Td8 23 gf3
b) 22 ... Rd8 23 Be2+
c) 22 ... Cd8 23 Dd7+ Rd7 24 Bf5+ Re8 25 Bd7++
Mas Anderssen dá mate em 4. Como?
*****
21 Dd7+ Rd7 22 Bf5+ Re8
E se 22 ... Rc6 ?
*****
23 Bd7++
23 Bd7 qualquer lance negro 24 Be7++ (1-0)
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Apostila 4 - Prof. Francisco Teodorico

¾Diagrama: a2, b2, c3, d4, f2, g2, Ta1, Cb1, Bc1, Ce5, Tf1, Rg1, Dg4 x a7, b7, c7, c6, f7, g3, g7, Ta8,
Bc5, Dd8, Ce4, Re8, Th8
Mayet x Anderssen

Chegou-se a esta posição após o lance 11 de Mayet. Anderssen havia sacrificado uma peça, mas
conseguiu um ataque decisivo. Em busca de combinações, Anderssen jogou:
11 ... Bd4
Mayet, contestou com o equivocado:
12 De4
E Anderssen venceu. Como?
PLANO
*****
Mayet desviou a ação da Dama da casa f2, onde começa o ataque de Anderssen. Dominando-se a 1ª
horizontal, após desviar a Torre dela, consegue-se uma posição de mate.
PROCEDIMENTO
*****
12 ... Bf2+ (0-1)
Se 13 Tf2 Dd1+ 14 Tf1 Th1+ 15 Rh1 Df1++.
O livro de Gottschall sobre Anderssen, diz: “As Brancas não se defenderam bem; o correto era 12 cd4
Dd4 13 Dd7+ Dd7 14 Cd7, etc.
Mas é estranho, que tanto Anderssen quanto o crítico (Gottschall) deixaram passar a variante 11 ... gf2+
12 Tf2 Th1+ (0-1).

¾Diagrama: a2, b2, f3, g2, h2, Bb5, Dc2, Td1, Te1, Be3, Rh1 x a7, b7, c7, f7, g7, h7, Bb6, Rc8, Td8,
De5, Cg8, Th8
Anderssen x Hillel

A partida seguiu com:


16 Bg5
A respeito deste lance, o livro de Gottschall sobre Anderssen acrescenta um ponto de exclamação e diz:
“Agora, as Negras estão perdidas!”.
16 ... Dg5 17 Df5+ Df5 18 Td8+ Rd8 19 Te8++ (1-0)
Esta “brilhante” combinação deu a volta ao mundo inteiro e ninguém se perguntou porque este sacrifício
de uma Dama, quando se consegue o mesmo resultado de uma maneira mais rápida. Descubra como.
PLANO
*****
Mate de Bispo e Torre
PROCEDIMENTO
*****
16 Td8+ Rd8 17 Bg5+ (1-0)
Com o decorrer dos anos, e conforme a evolução, Anderssen também chegou a ser jogador de
posição. Ainda veremos outra partida sua, que começa com jogo de posição, mas no final volta a vencer
pela força do talento combinativo de Anderssen, o que dá uma característica particular à partida.

A SEGUIR:
1.4. Partida nº 3
Defesa Philidor
Anderssen x L. Paulsen

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XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO
Apostila 4 - Prof. Francisco Teodorico

EXERCÍCIOS

¾Diagrama 4.1
a4, b2, c2, d4, g2, h4, Ta1, Bc1, Cc3, Dd1, Bd5, Rf2, Th2 x a7, f4, f7, g4, h7, Da6, Be5, Te8, Bf5, Cg3,
Rg7
Rosanes x Anderssen
1 ... ? Mate em 4

PLANO
*****
Reagrupamento das peças na coluna h. Colocando a Torre diante da Dama.
PROCEDIMENTO
*****
1 Dg6! Ba6 2 Th7 Dc7 3 Dh5 (0-1)
Analise 1 ... Te7
*****
Se 1 ... Te7, haveria grande perda de material: 2 Dh7+ Rf7 3 Tg3, etc.

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Apostila 4 - Prof. Francisco Teodorico

¾Diagrama 4.2
a2, b2, d5, e4, g6, Rc1, Cc3, Df2, Tg1, Th1, Bh3 x a6, c4, c5, d6, e5, Tb7, Dc7, Bd7, Bf6, Tf8, Rg8
Pachman x Pilnik
Mar del Plata, 1959
1 ? (1-0)

PLANO
*****
Exploração da posição frágil do Rei inimigo por meio do Peão avançado e Torres nas colunas abertas.
PROCEDIMENTO
*****
1 g7!
Um lance de sacrifício. Analise as duas alternativas de Pilnik: 1 ... Bg7 e 1 ... Bg5+.
a) 1 ... Bg7
PLANO
*****
Contra 1 ... Bh7, Pachman dá um mate rápido, mediante novo sacrifício.
PROCEDIMENTO
*****
2 Tg7+ Rg7 3 Tg1+ (1-0)

O lance com o qual Pilnik continuou na partida foi:


b) 1 ... Bg5
PLANO
*****
O mesmo anterior, com ameaça da promoção do Peão.
PROCEDIMENTO
*****
2 Tg5 Tf2 3 Be6+ (1-0)
Pilnik abandonou a partida. Por que? Não poderia jogar Be6 ?
*****
Não, pois contra 3 ... Be6 segue 4 Th8+ Rf7 5 g8=D+, etc.

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Página 15
XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO
Apostila 4 - Prof. Francisco Teodorico

BIBLIOGRAFIA

• LOS CAMPEONATOS DEL MUNDO - DE STEINITZ A ALEKHINE


Pablo Moran, Ediciones Martinez Roca, S.A., Barcelona - Espanha
Págs. 17-18 e 72-80

• MANUAL DE XADREZ
Idel Becker, Editora Nobel, São Paulo - Brasil
Págs. 56-65

• XADREZ BÁSICO
Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini, Edições Ouro, São Paulo - Brasil
Págs. 202-203

• LOS GRANDES MAESTROS DEL TABLERO


Ricardo Reti, Club de Ajedrez
Págs. 16-18

• TÁCTICA MODERNA EN AJEDREZ - Tomo I


Ludeck Pachman, Colecion Escaques, Martinez Roca,
Barcelona - Espanha
Págs. 17-18

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Página 16
Onde os Reis se encontram
academiadexadrez@bol.com.br
www.geocities.com/academiadexadrez

TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO

Apostila 5

Prof. Francisco Teodorico Pires de Souza

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Página 1
OS CAMPEONATOS DO MUNDO

IV CAMPEONATO MUNDIAL DE XADREZ


Steinitz X Tchigorin, 1892

Tchigorin não desanimou ao ser derrotado por Steinitz, e em poucos meses se impõe,
empatando com Max Weiss, no importante Torneio de New York. Precisamente durante sua visita nesta
cidade, o grande enxadrista russo criticou as aberturas recomendadas por Steinitz em seu livro “Modern
Chess Instructor”, referentes ao Gambito Evans (1 e4 e5 2 Cf3 Cc6 3 Bc4 Bc5 4 b4 Bb4 5 c3 Ba5 6 0-0
Df6) e a Defesa dos 2 Cavalos (1 e4 e5 2 Cf3 Cc6 3 Bc4 Cf6 4 Cg5 d5 5 ed5 Ca5 6 Bb5+ c6 7 dc6 bc6 8
Be2 h6 9 Ch3). Um guerreiro como Steinitz enfurece e aceita um match por telégrafo com essas duas
variantes, mas é derrotado fulminantemente em ambas as partidas, e então a aficção mundial deseja um
novo combate entre eles.

O encontro volta a celebrar-se em Havana e o vencedor seria o primeiro que ganhasse 10


partidas. Se o primeiro encontro entre estes dois colossos foi apaixonante, o segundo superou a
imaginação no que diz respeito à combatividade e emoção. Antes de iniciar a 23ª partida, o resultado era
favorável a Steinitz por +9 -8 =5, Tchigorin, portanto, necessitava ganhar para igualar o encontro, e
depois de executar um Gambito do Rei com singular maestria superou nitidamente seu rival, de quem
chegou a ganhar uma peça. Mas eis que o mestre russo comete um terrível erro e recebe um simples mate
em dois lances, o que lhe impediu de prosseguir na luta, pois, segundo as condições do match, em caso de
empate a nove vitórias o match continuaria até que um deles obtivesse duas vitórias.

Este terrível lapso de Tchigorin influenciou o resto de sua vida, apesar de não ter terminado
com sua carreira, já que precisamente após seu combate com Steinitz obteve suas melhores vitórias, como
o 2º lugar no torneio de Hastings, 1895 (torneio que esteve a um ponto da vitória, e que se não ganhou foi
devido à sua famosa irregularidade, pois perdeu a penúltima rodada frente a Janowski, enxadrista muito
inferior a ele, naquela época), e as vitórias em Budapest, 1896; Moscou, 1899 e 1901; Kiev e Viena, 1903
e San Petesburgo, 1905. Em matches, derrotou Schiffers em várias ocasiões, a Chaurosek por +3 -1 =0,
para desempatar o 1º lugar no Torneio de Budapest, 1896, e a Lasker, em 1903, por +2 -1 =3, com
abertura forçada, e empatou um dramático encontro com Tarrasch, 1893, em San Petesburgo com o
resultado de +9 -9 =4.

As atuações de seu últimos anos não condiziam com sua extraordinária classe, já que o álcool
havia minado seu organismo, mas até seus dias finais, foi admirado por seu talento criador e
combatividade.

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Apostila 5 - Prof. Francisco Teodorico

Steinitz x Tchigorin
Havana
01Jan - 28Fev1892

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Steinitz 0 ½ ½ 1 ½ 1 0 0 ½ 0 1 0
Tchigorin 1 ½ ½ 0 ½ 0 1 1 ½ 1 0 1

13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 Tot
Steinitz 1 1 0 1 0 1 0 1 ½ 1 1 12,5
Tchigorin 0 0 1 0 1 0 1 0 ½ 0 0 10,5

Tchigorin começou o match de Brancas.

ABERTURAS Nº DAS PARTIDAS TOTAL %


Defesa dos 2 Cavalos 6, 8, 10, 12 4 17
Escocesa 19 1 4
Gambito do Rei 23 1 4
Gambito Evans 1, 3, 5, 7, 9, 13, 15, 17 8 35
Holandesa 18 1 4
Ruy López 2, 4, 11, 14, 16 5 22
Vienense 21 1 4
Zuckertort 20, 22 2 9

A SEGUIR:
V Campeonato Mundial de Xadrez
Steinitz x Lasker, 1894

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FINAIS I

3. FINAIS DE REIS E PEÕES

Finais de partida sem Peões são raros; presentes, assumem grande importância, não só pelo
recurso da promoção, mas também pela sua disposição no tabuleiro, ditando a estratégia a seguir nos
finais.

É preciso manobra-los corretamente e saber quando devem ser avançados, trocados ou


sacrificados.

“O Peão é a alma do xadrez”(Philidor)


“O Peão nos finais, corresponde a 9/10 do corpo”(Ruben Fine)

3. 1. Rei e Peão x Rei

O ganho só é possível com a promoção do Peão à Dama ou Torre. Este é o objetivo do lado
que possui o Peão; o adversário, consequentemente, deverá captura-lo ou impedir a promoção.

Há dois casos a considerar:

a) O Peão está afastado do Rei;


b) O Peão está acompanhado do Rei

Regra do Quadrado

¾Diagrama: Rb1, e5 x Ra4

Constroi-se um quadrado imaginário sobre o tabuleiro, tendo como lado a distância que vai do
Peão até a 8ª horizontal, isto é, até o fim de sua coluna. No caso do exemplo, são os quadrados b5-b8-e8-
e5 e h5-h8-e8-e5. Surgem então 3 hipóteses:

a) O Rei negro está dentro do quadrado; o lance pertence ao Peão. O Rei negro alcança-o, contudo, e
captura-o em seguida;
b) O Rei negro está fora do quadrado; o lance á ainda do Peão. O Rei negro aqui, não alcança o Peão.
Temos consequentemente sua promoção;
c) O Rei negro está fora do quadrado, mas seu é o lance. Penetrando no quadrado, em b5, ganhará o Peão.

Quando as Brancas jogam, estando o Rei negro situado fora do quadrado, o avanço do Peão
determinará um quadrado, cujo lado estaria formado de 3 casas. Nestas condições, o Rei negro não
alcançará o Peão, sendo portanto promovido.

Estando o Peão acompanhado de seu Rei e o Rei inimigo colocando-se na mesma coluna do
Peão, ou em condições de atingi-la, o ganho dependerá da possibilidade de expulsar-se o Rei desta
coluna. Nestes casos, levará vantagem o lado que tiver a oposição.

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Estudaremos a seguir 2 posições básicas:

a) Rei branco atrás do Peão;


b) Rei branco diante do Peão.

a) Rei atrás do Peão

“Haverá empate sempre que o Rei negro, dominando a casa de promoção, puder conservar a
oposição, na primeira horizontal, ao atingir o Peão a 6ª horizontal”.

¾Diagrama: Rd3, d4 x Rd6


Tablas

PLANO
*****
Independente de quem jogue, haverá empate, desde que o Negro mantenha a oposição. O objetivo é
chegar à posição de pat com Rd6, d7 x Rd8.
PROCEDIMENTO
*****
1 Re4 Re6 2 d5+ Rd7 3 Rd4 Rd8!
Ganhará a oposição contra qualquer lance branco.
4 Re5 Re7 5 d6+ Rd7 6 Rd5 Rd8
E se 6 ... Re8 ?
*****
7 Re6!, ganhando a oposição e a partida: 7 ... R joga 8 d7 Rc7 9 Re7 (1-0).

b) Rei diante do Peão

“Quando o Rei branco está 2 ou mais casas diante do Peão, ganha sempre. Se o Rei está
apenas uma casa na frente de seu Peão, ganha somente tendo a oposição”.

¾Diagrama: e2, Re4 x Re6


1 ? (1-0)

1 e3
Ganhando a oposição e o final.
1 ... Rd6 2 Rf5 Rd7 3 Rf6 Rd8 4 e4 Rd7 5 e5 Re8 6 Re6
Novamente ganhando a oposição.
6 ... Rd8 7 Rf7 (1-0)

¾Diagrama: e3, Re4 x Re6


1 ? (=) 1 ... ? (1-0)

PLANO - Caso A
*****
Jogando as Brancas, as Negras devem conservar a oposição e chegar à posição de pat.
PROCEDIMENTO - Caso A

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*****
1 Rf4 Rf6! 2 e4 Re6 3 e5 Re7 (=)
Chegamos à posição básica de Rei atrás do Peão.
PLANO - Caso B
*****
Jogando as Negras, as Brancas devem progredir com o Rei e Peão, não permitindo às Negras recuperar
definitivamente a oposição.
PROCEDIMENTO - Caso B
*****
1 ... Rd6 2 Rf5 Re7 3 Re5 Rf7 4 Rd6 Re8 5 Re6 Rd8 6 e4 Re8 7 e5 Rf8 8 Rd7 (1-0)

Rei na 6ª horizontal, ganha sempre

¾Diagrama: e5, Re6 x Re8


(1-0) com ou sem lance

PLANO
*****
“Quando o Rei branco encontra-se na 6ª horizontal, o ganho se dará com ou sem o lance”. Basta
desobstruir o caminho do Peão e avança-lo.
PROCEDIMENTO
*****
1 Rf6 Rf8 2 e6 Re8 3 e7 Rd7 4 Rf7 (1-0)

Peão da Torre é exceção

“Dá-se empate sempre que o Rei negro conseguir alcançar a casa 1B. Há vitória, no entanto,
sempre que o Rei branco conseguir chegar a 7C”.
Exemplos de empate:
•a4, Ra6 x Ra8
•h5, Rh7 x Rf8

No primeiro exemplo, o Rei negro não pode ser expulso de seu canto, o resultado da partida é
sempre empate.
No segundo, como o Rei negro já atingiu f8, a partida está empatada:

1 h6 Rf7 2 Rh8 Rf8 3 h7 Rf7 (=)


Ou:
1 Rg6 Rg8 2 h6 Rh8 3 h7 (=)

A SEGUIR:
3.2. Rei e Peão x Rei e Peão

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TÁTICA I

1. 5. Princípio da peça sem defesa

Obviamente que uma peça sem defesa e atacada poderá ser capturada com facilidade. O que
estudaremos são as manobras para deixar uma peça sem defesa. O princípio da peça sem defesa se alia ao
princípio do ataque simultâneo, no ganho de peças.

¾Diagrama: Te1, Be4, Rf1 x De6, Rg8, g7, h7


1 ? (1-0)

PLANO
*****
A Dama preta encontra-se sem defesa sobre a coluna d domínio da Torre. Movendo-se o Bispo, ataca-se
com a Torre a Dama negra, e se o lance negro for forçado, a peça citada será capturada.
PROCEDIMENTO
*****
1 Bh7+ Rh7
E se 1 ... Rf7 ?
*****
2 Bg8+ (1-0).

¾Diagrama: a3, b2, c3, g3, h2, Tb5, Be5, Rg1 x a7, b6, f7, g7, h7, Tf8, Bg4, Rh8
1 ? Ganham um Peão

PLANO
*****
O Bispo preto está indefeso. Se for possível atrair o Rei para a coluna g com a horizontal 5 desobstruída,
a Torre branca pode dirigir-se a g5 com xeque, ganhando o Bispo.
PROCEDIMENTO
*****
1 Bg7+! Rg7 2 Tg5+ Rh8 3 Tg4
Ganhando o Peão.

¾Diagrama: a5, g3, h4, Rb4, De4 x g7, h6, Tc5, Rd8, De7
1 ? (1-0)

PLANO
*****
A Torre preta está atacada pelo Rei branco, porém defendida pela Dama negra. Neutralizada a defesa, a
Torre poderá ser capturada.
PROCEDIMENTO
*****
1 Dd7+ Rd7 2 Rc5 (1-0)

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¾Diagrama: g4, Dd5, Tf5, Rh4 x g7, h7, Dd7, Td8, Rh8
1 ? Ganhando material

PLANO
*****
A Dama preta está defendida pela Torre, mas essa defesa pode ser desviada.
PROCEDIMENTO
*****
1 Tf8+! Tf8 2 Dd7
Ganhando material.
E se 1 Dd7, tentando 1 ... Td7 2 Tf8++ não seria melhor?
*****
Não, pois daria-se mal após 1 ... g4+, igualando.

A SEGUIR:
1.6. Princípio da promoção do Peão

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OS GRANDES MESTRES DO TABULEIRO

1.4. Partida nº 3

Defesa Philidor
Anderssen x L. Paulsen

1 e4 e5 2 Cf3 d6
A defesa de Philidor. Indica-se como melhor, 2 ... Cc6, pois assim as Negras preparam o lance d5, e
podem atacar mais energicamente na abertura para dominar o centro. O lance ... d6 é, de certa maneira,
uma resignação das Negras, cedendo ao adversário, que jogará d4, sem lutar para ter maior liberdade de
movimento. Os teóricos antigos criticavam este lance dizendo que encerravam o Bispo do Rei negro, mas
isto não é tão importante.
3 d4 ed4 4 Dd4 Cc6 5 Bb5 Bd7 6 Bc6 Bc6 7 Bg5 Cf6 8 Cc3 Be7 9 0-0-0 0-0 10 The1 Te8
Anderssen terminou seu desenvolvimento, enquanto que Paulsen somente o conseguiram à custade sua
restringida situação. A posição do Peão brancos no centro, e4 e o negro, d6, significa uma vantagem
perceptível de terreno para Anderssen. Pôde-se estabelecer uma favorável continuação para Anderssen,
situando suas Torres em e1 e d1, respectivamente, enquanto Paulsen não tem nenhuma coluna aberta para
sua Torre da Dama.
11 Rb1
Satisfeito na luta estabelecida pelo domínio do centro, com resultado favorável, Anderssen faz um
tranquilo lance de espera, e contribui assim para a segurança de sua posição. Em casos como estes, em
que se tem uma permanente vantagem de posição, estes lances de segurança são aplicados na maioria das
vezes.
11 ... Bd7
Paulsen quer jogar seu Bispo em e6; mas com isto, oferece a Anderssen a oportunidade de fortalecer
ainda mais sua vantagem.
12 Bf6! Bf6 13 e5! Be7 14 Cd5 Bf8
Os lances de Paulsen são todos forçados. Ameaçava-se a captura do Peão d6, e Paulsen não podia jogar
14 ... de5 por 15 Ce7+ Te7 16 Ce5.
15 ed6 cd6
A ponte, consequência do lance 12, introdução da combinação de Anderssen. Se Paulsen joga 15 ... Bd6,
Anderssen jogaria 16 Cc7! e ganha um Peão. Paulsen é forçado a deixar isolado o Peão d6, sendo ele a
maior vantagem da posição de Anderssen, obtida no início da abertura, pela luta de seu Peão e4 contra o
do adversário em d6. Um Peão isolado é uma desvantagem, mas deve-se saber aproveita-la. A maioria
dos leigos pensa que ele pode ser tomado facilmente. Mas quando a posição é igual, raras vezes é fácil
toma-lo, pois o defensor pode apoiar o Peão isolado com tantas peças quantas o atacante usar para tentar
toma-lo.
A essencial vantagem do Peão isolado não está no Peão, mas na casa diante dele, neste exemplo, a casa
d5. Esta casa pertence a Anderssen, que poderá estabelecer uma peça que terá uma grande eficácia, pois
não existem Peões nas colunas laterais para expulsa-lo. Por outro lado, o Peão é uma peça de obstrução e
neste caso, impedem que as Torres de Paulsen ataquem o Cavalo.
A peça mais eficaz desta partida é o Cavalo d5. As outras peças, as maiores, operam de longe, mas o
Cavalo teve seu valor engrandecido por ter obtido uma sólida posição diante do adversário.

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Diante do que foi visto, fica claro que Paulsen tentará trocar seu Bispo da Dama pelo Cavalo inimigo.
Aparentemente parece que Anderssen perde alguns tempos, mas sua tática consiste em sustentar seu
Cavalo na casa d5 e nos dá uma aula, pois no início da partida, pratica o jogo de posição.
16 Te8 Be8 17 Cd2! Bc6 18 Ce4
Paulsen não pode jogar agora 18 ... Bd5, pois perderia seu Peão de d6.
18 ... f5 19 Cec3
Anderssen assegura o domínio de seu Cavalo.
19 ... Dd7 20 a3
Assim como no lance 11, voltamos a ver como Anderssen assegura sua vantagem de posição, ao fazer um
tranquilo lance de espera, que melhora a colocação de seu Rei.
20 ... Df7 21 h3
Agora começa uma nova fase da partida: o ataque de Peões no flanco do Rei. Nas “partidas de café”, se
vê com muita frequência, mas raramente justificável, este ataque no jogo de posição.
A preciosa condição de um ataque de Peões no flanco é o centro solidamente dominado, como neste caso.
Caso fosse possível uma ruptura no centro, possivelmente flaharia a agressão pelo flanco.
21 ... a6
O que há de pior na posição negra é a impossibilidade de jogar ... g6, para colocar o Bispo em g7, pois, se
... g6, seguiria Cf6+. Agora se percebe a potência do Cavalo em d5. Paulsen prepara o lance ... g6
manobrando com ... Te8 e ... Te6, mas primeiro deve cuidar de seu Peão a, que está atacado pela Dama
inimiga.
22 g4
O ataque de Peões é ao mesmo tempo, um contra-ataque ao objetivo negro.
22 ... Te8 23 f4 Te6 24 g5
Frustrando o objetivo de Paulsen. Mas em compensação conseguem as Negras dificultar a abertura da
coluna g, que desejava Anderssen, o que teria conseguido por meio de gf5.
24 ... b5
Paulsen, que nada pode fazer, tenta “espernear” no flanco da Dama.
25 h4 Te8 26 Dd3!
Anderssen conduz fina e inexoravelmente o ataque contra o roque. O lance de Dama prepara h5.
26 ... Tb8 27 h5 a5 28 b4!
No momento oportuno, Anderssen cerra a ação de Paulsen. O Peão negro de b5 é agora um obstáculo
para o Bispo c6.
28 ... ab4 29 ab4 Dh5
Se Paulsen não toma esta providência, os Peões brancos tornariam-se demasiadamente fortes. Anderssen
ameaçava, por exemplo: Tg1, talvez, antes Df3, além disso g6; h6 é outra ameaça e, caso ... g6, então
Cf6+ e Dd4.
30 Df5 Df7 31 Dd3 Bd7
Este lance libera o Cavalo de c3, mas Paulsen não tem outra defesa contra a ameaça 32 Th1.
32 Ce4 Df5
Anderssen ameaçava Cg3, dominando a casa f5, além disto, Th1. A 32 ... Bf5 naturalmente seguiria 33
Cf6+.
33 Th1
Anderssen que conduz o ataque com precisão admirável, ameaça 34 Dg3 e 35 f5. Para impedir o plano,
Paulsen quase não tem mais lances, e Anderssen novamente nos mostra sua força de combinação.

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33 ... Te8 34 Cef6+ gf6 35 Cf6+ Rf7 36 Th7+ Bg7


A 36 ... Rg6, seguiria 37 Df3.
37 Tg7+ Rg7 38 Ce8+ Rf8 39 Df5+ Bf5 40 Cd6 (1-0)

A SEGUIR:
2. Paul Morphy

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EXERCÍCIOS

¾Diagrama 5.1
b4, c3, d5, f4, g2, h2, Ta3, Bc1, Bc2, Dd3, Tf1, Rg1 x c7, d6, f5, g7, h7, Tb8, Bc8, Ce4, Te8, Df6, Rg8
Riga, 1910
Behting x Nimzowich
1 ... ?

Um bom plano para Behting é colocar o Bispo da Dama em d4, dominando a grande diagonal negra. Com
esta manobra, sua posição estaria consideravelmente reforçada. Mas Nimzowich, impediu este
reagrupamento, especulando com a debilidade do Peão da Dama de Behting.
PLANO
*****
Remanejamento das peças, debilitando o Peão b, impedindo assim o plano inimigo.
PROCEDIMENTO
*****
1 ... Df7! 2 Be3 Cf6 3 Bb3 Bb7!
Behting é obrigado a defender seu Peão com:
4 f4
4 Td1 seria ineficaz, pois o Bispo de e3 não está apoiado.
4 ... Bc8! 5 Bd2 Ce4 6 Be1 Df6
Seis lances depois, Nimzowitch retorna à posição em que iniciou a manobra, mas graças a debilidade do
Peão b, Behting não pode realizar seu plano primitivo de dominar com o Bispo a grande diagonal negra.
Observe como o giro posicional foi surpreendente como manobra de combinação das Negras. Que um
lado possa efetuar seis lances consecutivos sem que se varie a posição de suas peças e com a posição
melhorada, é algo pouco comum e evidentemente uma contradição dos fundamentos estratégicos do jogo.
Portanto, devemos destacar que se trata de um caso raro de combinação, sem o típico sacrifício de
material.

¾Diagrama 5.2
a2, e3, g2, h2, Td1, Be2, Tf1, Rg1, Cg4, Dh6 x a7, b7, e6, f5, h7, Dc5, Tc7, Be7, Be8, Rf7, Th8
Cambridge Springs 1904
Pillsbury x Lasker
1?

Pillsbury sacrificou um Peão e, a consequência disto é que o Rei negro encontra-se situado perigosamente
no centro; além disso, a Torre em h8 está desligada do jogo, e o Bispo de e8 numa posição
completamente passiva. Um ligeiro exame prévio da posição permite deduzir claramente que para
Pillsbury prosseguir o ataque, deve pressionar os Peões negros e e f, que são a única e não muito sólida
proteção do Rei de Lasker.
Para este objetivo, é apropriado utilizar o Bispo de casas brancas que se encontra em e2, na reserva. Um
jogador experiente percebe rapidamente que o lance indicado aqui é:
1 Bc4!
Este Bispo não pode ser capturado por que?
*****
TEMA: Duplo de Cavalo.

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Por 2 Ce5+, ganhando a Dama.


Mas afinal de contas, o que Pillsbury ameaçou?
*****
TEMA: Ataque ao Rei centralizado.
2 De6+.
Mas Lasker não pode defender-se com 1 ... Bd7?
*****
TEMA: Ataque ao Rei centralizado e desvio de peças defensivas.
Não, por causa de 2 td7! Td7 3 Be6+.
Observe que a retirada 1 ... Db6 deixaria sem proteção o Peão f negro, e seguiria 2 Tf5+.
Por isto, Lasker seguiu com:
1 ... Tc6
Praticamente forçado. Observe que o Peão e negro está cravado, logo, está debilitada a proteção do Peão
f, o que permite a continuação:
2 Tf5+ Df5 3 Tf1 Df1+ 4 Rf1
Ganhando Pillsbury a Dama e um Peão em troca das duas Torres, além da possibilidade do forte Ce5+.
Na verdade, o material pode considerar-se nivelado, mas Lasker não conseguirá evitar o lance citado, que
é decisivo. Observe que esta combinação originou-se com o lance 1 Bc4!
A partida prosseguiu:
4 ... Bd7 5 Dh5+
Melhor que 5 Ce5+ Re8.
5 ... Rg8 6 Ce5 (1-0)
Lasker abandonou, pois as possibilidades de defesa são muito limitadas devido à deficiente posição de
suas peças

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Apostila 5 - Prof. Francisco Teodorico

BIBLIOGRAFIA

• LOS CAMPEONATOS DEL MUNDO - DE STEINITZ A ALEKHINE


Pablo Moran, Ediciones Martinez Roca, S.A., Barcelona - Espanha
Págs. 18-19 e 81-91

• XADREZ BÁSICO
Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini, Edições Ouro, São Paulo - Brasil
Págs. 113-120 e 203-204

• LOS GRANDES MAESTROS DEL TABLERO


Ricardo Reti, Club de Ajedrez
Págs. 18-21

• TÁCTICA MODERNA EN AJEDREZ - Tomo I


Ludeck Pachman, Colecion Escaques, Martinez Roca,
Barcelona - Espanha
Págs.

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Página 14
Onde os Reis se encontram
academiadexadrez@bol.com.br
www.geocities.com/academiadexadrez

TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO

Apostila 6

Prof. Francisco Teodorico Pires de Souza


XADREZ - TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO
Apostila 6 - Prof. Francisco Teodorico
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OS CAMPEONATOS DO MUNDO

V CAMPEONATO MUNDIAL DE XADREZ


Steinitz X Lasker, 1894

Depois de sua vitória sobre Tchigorin, a Steinitz só restava um rival que oferecia
perigo a seu título, o alemão Tarrasch, mas este não aceitou o desafio de enfrentar o Campeão
Mundial que lhe fizeram desde Havana, por receio de que uma longa ausência de sua cidade lhe
prejudicasse as atividades de médico.

Entretanto, outro alemão, de origem judia, Emanuel Lasker (Berlinchen, próximo a


Berlim, 24Dez1868 - New York, 11Jan1941), filho de um ministro da sinagoga local, começou a
obter triunfos na Alemanha e Inglaterra e mudou-se para os Estados Unidos em busca de
Steinitz.

Quando o encontro foi acertado para que o título fosse disputado, a carreira de
Lasker não era muito brilhante, já que se resumia a uma vitória no Torneio de Londres, 1892,
outro no de New York, 1893, e algumas atuações de menor importância, em que ganhou o
primeiro prêmio. Em matches, havia derrotado todos os seus adversários, com exceção de
Blackburne (Londres, 1892, +6 -0 =4), os demais, Bardeleben (Berlim, 1889, +2 -1 =1), Bird
(Liverpool, 1890, +7 -2 =3), English (Viena, 1890, +2 -0 =3), Mieses (Leipzig, 1890, +5 -0 =3),
Miniati (Manchester, 1890, +3 -0 =2), Lee (Londres, 1891, +1 -0 =1), Bird (Londres, 1892, +5 -0
=0), C. Golmayo (Havana, 1893, +2 -0 =1), Vázquez (Havana, 1893, +3 -0 =0), Showalter
(Kokomo, 1893, +6 -2 =1) e Ettlinger (New York, 1893, +5 -0 =0, não se encontravam entre as
primeiras figuras da época.

Steinitz não voltou a duvidar se colocava seu título em jogo, entre outras razões
porque tinha um alto conceito de seu jovem rival, e assim, com seus 58 anos, se dispõe a
demonstrar diante de um jovem de 26 anos que seguia sendo o Número Um do mundo. O
encontro começou em 15 de março de 1894, em New York, para continuar na Filadélfia e
Montreal. Seria vencedor o primeiro que chegasse a dez vitórias, e receberia como prêmio US$
2500, enquanto que o derrotado, apenas U$ 750.

As primeiras partidas mostraram uma absoluta igualdade, pois Steinitz ganhou a 2ª e


a 4ª, perdendo a 1ª e a 3ª, enquanto que as outras duas finalizaram em empate. Mas a partir deste
instante, o velho campeão começou a ter falhas em seu jogo e perdeu sucessivamente 5 partidas.
Não se abateu aquele maravilhoso guerreiro que era Steinitz e depois de empatar a 12ª, venceu as
duas seguintes, ainda que estas vitórias já eram o canto do cisne, pois Lasker se impôs na 15ª e a
16ª, com o que obteve 9 vitórias.

O título já estava praticamente perdido, pois somente uma vitória separava o


desafiante do título, e ainda que Steinitz, em seu último esforço chegasse a se impor na 17ª
partida, e conseguisse empate na seguinte, teria que declinar o Rei adversário na 19ª, e o fez com
uma esportividade que lhe honrou, pois, se colocou em pé e gritou: “Três urras para o novo
Campeão”.

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A partir desta derrota, o indomável espírito de Steinitz se coloca a prova outra vez e
começa a participar dos mais importantes torneios do mundo com o brilho e a ilusão de um
jovem iniciante. Poucos meses depois, vence um torneio em New York, no que supera, entre
outros a Albin, Showalter e Pillsbury. Em seguida, participa do grande Torneio de Hastings,
1895, onde finaliza em 5º, atrás de Pillsbury, Tchigorin, Lasker e Tarrasch, mas superando a
todos os jovens que logo seriam figuras de renome mundial, como Schlechter, Janowski, Mieses,
Teichmann, etc. A carreira de Steinitz brilhou altamente, pois obteve vitórias como a conseguida
diante de Bardeleben, que lhe valeu o Primeiro Prêmio de Brilhantismo, e que é considerada
como uma das partidas mais belas de todos os tempos.

Pouco depois deste torneio, em São Petesburgo, convidaram os cinco primeiros


classificados em Hastings a jogar outro, a seis rodadas, com objetivo de que o vencedor, caso
não fosse Lasker, disputasse o Título Mundial.

Devemos destacar que quando Lasker proclamou-se Campeão Mundial, recebeu


muitas críticas por parte dos mais fortes apreciadores do xadrez de então, principalmente do dr.
Tarrasch, quem não lhe considerava com classe suficiente para ostentar tal título. Sem dúvida,
devemos destacar também, que a partir de sua vitória sobre Steinitz, é que verdadeiramente
começa a brilhante carreira do novo Campeão Mundial.

O dr. Tarrasch, por motivos profissionais, recusou jogar, sendo assim, participaram
deste torneio apenas os 5 dos 6 enxadristas convidados, e constitui um sensacional triunfo de
Lasker que se impôs claramente, mas também uma prova de que Steinitz não estava acabado,
pois finalizou em 2º, como se pode ver no quadro de classificação que segue:

TORNEIO DE SÃO PETESBURGO, 1895-96


13Dez1895 - 27Jan1896

1 2 3 4 Tot
Lasker xxxxxx 11½01½ 00½1½½ 1½11½1 11,5
Steinitz 00½10½ xxxxxx 1½½111 01100½ 9,5
Pillsbury 11½0½½ 0½½000 xxxxxx 11100½ 8,0
Tchigorin 0½00½0 10011½ 00011½ xxxxxx 7,0

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Lasker x Steinitz
New York, Filadélfia e Montreal
15Mar - 26Mai1894

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Steinitz 0 1 0 1 ½ ½ 0 0 0 0
Lasker 1 0 1 0 ½ ½ 1 1 1 1

11 12 13 14 15 16 17 18 19 Tot
Steinitz 0 ½ 1 1 0 0 1 ½ 0 7,0
Lasker 1 ½ 0 0 1 1 0 ½ 1 12,0

Lasker começou o match de Brancas.

ABERTURAS Nº DAS PARTIDAS TOTAL %


Eslava 14 1 5
Francesa 8 1 5
Gambito da Dama 10, 11, 12, 15, 16, 18, 19 7 37
Italiana 4, 6, 17 3 16
Ruy Lopez 1, 2, 3, 5, 7, 9, 13 7 37

A SEGUIR:
VI Campeonato Mundial de Xadrez
Lasker x Steinitz, 1896-97

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FINAIS I

3.2. Rei e Peão x Rei e Peão

¾Diagrama: Rg4, f6 x Rg2 h3


1 ? (1-0)

PLANO
*****
Promover o Peão. Os dois são passados, mas as Brancas ganham porque promovem primeiro.
As Brancas tentam chegar ao diagrama com os Reis em oposição Rg3 x Rg1, para seguir com
mate de Dama em f3 ou g2.
PROCEDIMENTO
*****
1 f7 h2 2 f8=D h1=D 3 Df3+ Rg1
E se 3 ... Rh2 ?
*****
Seguiria 4 Dg3++.
Continuando a linha principal:
4 De3+ Rf1
E se 4 ... Rg2 ?
*****
Seguiria 5 De2+ Rg1 6 Rg3!! (1-0)
Continuando a linha principal:
5 Dc1+ Rg2 6 Dd2+ Rg1 7 De1+ Rg2 8 De2+ Rg1 9 Rg3 !! (1-0)

¾Diagrama: Rh2, a3 x Ra2, f3


Autor: H. Rinck, 1922
1? (1-0)

PLANO
*****
O Branco deve procurar manobrar o Rei ocupando a casa de promoção do Peão negro
enquanto disparam seu Peão na coluna a.
PROCEDIMENTO
*****
1 a4 Rb3 2 a5 Rc3
Analise 2 ... Rc4
*****
3 a6 Rd3 4 a7 f2 5 a8=D f1=D
Observe como o Rei e a Dama estão na mesma diagonal!
6 Da6+ (1-0)
Continuando a linha principal:
3 Rg1!!
Analise 3 h6 e 3 Rg3.
*****
a) 3 a6
3 a6? Rd2!

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Note como o Rei e a futura Dama não ficarão na mesma diagonal!
4 a7 c2 5 Rg2 Re2 (=)
b) 3 Rg3
3 Rg3? Rd4! 4 a6 Re3 5 a7 f2 (=)
Continuando a linha principal:
3 ... Rd4 4 a6 Re3 5 Rf1! (1-0)

¾Diagrama: f2, Rg4 x e4, Rh2


Autor: Duclos, 1904
1 ... ? (=)

PLANO
*****
Sacrificar o Peão para conseguir a oposição e consequentemente o empate.
PROCEDIMENTO
*****
1 ... e3!! 2 fe3
Agora não há horizontal entre o Rei e o Peão para o ganho de tempo.
2 ... Rg6
Ganhando a oposição.
3 Rf4 Rf6 Re4 Re6 (=)
Analise 1 ... Rg6.
*****
1 ... Rg6 2 Rf4 Rf6 3 Re4 Re6 4 Rf4 Rf6 5 f3 (1-0)
As Brancas recuperam a oposição com uma “perda de tempo”.

A SEGUIR:
3.3. Rei e dois Peões x Rei

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TÁTICA I

1.6. Princípio da promoção do Peão

O lado que promove o Peão ganha extraordinariamente em poder; daí o adversário


precisar impedir a promoção, quer capturando o Peão, quer bloqueando seu avanço.

O Peão estando defendido na casa de promoção, sua captura determinará o ganho da


peça que a tomou.

Quando bloqueado, um ataque à peça bloqueadora determinará sua retirada ou sua


captura.

Em ambos os casos, ganha-se material.

¾Diagrama: d7, Cc6 x Tg8


1 ? Ganham material

PLANO
*****
Promover o Peão para ganhar a Torre adversária.
PROCEDIMENTO
*****
1 d8=D Td8 2 Cd8

¾Diagrama: d7, Ca7, Bf5 x Td8


1 ? Ganham material

PLANO
*****
Idem ao anterior.
PROCEDIMENTO
*****
1 Cc6 Ta8 2 d8=D Td8 3 Cd8

A SEGUIR:
2. Pregaduras

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OS GRANDES MESTRES DO TABULEIRO

2. PAUL MORPHY

A biografia deste eminentíssimo jogador, o maior de todos os mestres do xadrez é


explicada em poucas palavras.

Paul Morphy nasceu em New Orleans, 1837. No ano de 1857, participando no I


Torneio Americano, ganhou o primeiro prêmio, diante do mestre alemão L. Paulsen.

Durante os anos que se seguiram, visitou a Europa a fim de provar suas forças com
os mestres do continente.

Tantos quantos lhe foram apresentados, foram vencidos. Os encontros mais


significativos que teve foram contra Löwenthal, Harrwitz e Anderssen, sendo o primeiro em
Londres e os dois últimos em Paris. Pouco tempo depois, já satisfeito de torneios e matches,
regressou a sua cidade natal, onde morreu a 10 de julho de 1884.

Era censurado porque para ganhar um miserável Peão, trocava as Damas. Hoje em
dia, muitos aficcionados admiram o jogo aberto de Morphy. Hoje em dia um enxadrista
iniciante, compreende facilmente o jogo aberto, mas na época de Morphy não. A ele devemos
nossa compreensão de hoje.

A superioridade de Morphy sobre seus contemporâneos baseia-se em que foi o


primeiro a compreender a essência das posições abertas.

Diz-se que uma posição é aberta quando, sendo trocados vários Peões do centro,
fornecem às peças linhas livres. As aberturas que começam com 1 e4 e5, são as mais
predestinadas a conduzir a posições abertas, porque a idéia é seguir com d4 e a troca de Peões do
centro. Nas aberturas 1 d4 d5, ocorre o contrário. O lance 2 e4, é muito mais difícil, pois as
Brancas não podem defender sua casa e4. As partidas com abertura do Peão da Dama, conduzem
quase sempre a posições fechadas.

Nas posições abertas, as peças desenvolvem-se rapidamente, e esta era a


especialidade de Morphy. Antes de tudo, desenvolvia rapidamente as peças, chegava a um jogo
ativo e não perdia tempos. Em contrapartida ao principio do desenvolvimento de Morphy,
encontramos entre seus contemporâneos, ataques prematuros por causa do desenvolvimento
insuficiente ou lances supérfluos em momentos desesperados de defesa.

A SEGUIR:
2.1. Partida nº 1
Mobile, 1885
Gambito Escocês
Meek x Morphy

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EXERCÍCIOS

¾Diagrama 6.1
a3, b3, d4, d5, e3, e5, f2, Ba6, Bb2, Tc1, Dc2, Te1, Rf1 x a5, b6, c7, e6, f4, h7, Cc6, Tf8, Dg5,
Rg8, Th2
Santiago do Chile, 1959
Pachman x Fischer

Pachman tem uma peça de vantagem e ameaça capturar outra. em troca, Fischer organizou um
perigoso contra-ataque no flanco do Rei e após ... fe3, abririam uma nova linha de ataque contra
f2. Se Pachman pudesse transferir seu Rei ao flanco da Dama, refutando a ação das peças
adversárias, haveriam dado um decisivo passo em direção ao triunfo. O problema consiste em
saber se a fuga é possível, começando com o lance 1 Re2. Mas Pachman abandona esta idéia.
Por que?
PLANO
*****
TEMA: Ataque contra o Rei centralizado, Torres na 7ª horizontal.
O Rei está na mesma horizontal que sua Dama, onde já age uma Torre.
PROCEDIMENTO
*****
Se 1 Re2, então 1 ... fe3 2 Rd3 Tff2 3 Tg1 Td2+, etc.
O que aconteceria se 3 Dc6?
*****
3 ... Df5+ 4 Rc3 Tf2+.
Existe uma outra variante contra 1 Re2 que também deve ser levada em consideração, 1 ... Tf2+.
Analise-a.
*****
2 Rf2 fe3+ 3 Re2 Tf2+ 4 Rd3 Dg6+ 5 Rc3 Tc2+ 6 Tc2 Cb4!
Por estes motivos Pachman jogou:
1 e4
O que Pachman pretendeu com este lance?
*****
Evitar a abertura da coluna f.
1 ... f3 2 Re1
Forçado. Por que?
*****
Pela ameaça de mate: ... Th1++.
E se agora Fischer joga 2 ... Dg1, as Brancas podem responder com 3 Bf1?
*****
Não, se 3 Bf1??, segue 3 ... Df1+.
Então qual foi a idéia de Pachman ao fazer este lance?
PLANO
*****
Colocar o Rei em local seguro: d3 ou c3.
PROCEDIMENTO
*****
Se 2 ... Dg1+ 3 Rd2
E temos duas variantes:

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a) 3 ... Df2+ Rc3.
b) 3 ... Tf2+ Re3.
E o risco passou.
E se 2 ... Th1?
*****
3 Bf1 Tf1+ 4 Rf1 Dg2+ 5 Re1 Dg1+ 6 Rd2.
E se 2 ... Dg2?
*****
Simplesmente 3 Rd2.
Observe como Fischer não poderia utilizar sua Torre de f8 nestas subvariantes.
2 ... Tf5!
O que ameaça Fischer?
*****
3 ... Tg4 seguido de 4 ... Tg1+
3 Bf1
Qual a intenção de Pachman?
*****
Transpor peças. Se 3 ... Tg4, segue 4 Dd3 e eventualmente 5 De3, facilitando ao Rei a fuga via
d2.
3 ... Dg1?
Este lance tem duplo objetivo, quais?
*****
4 ... Df1+ ou 4 ... Te4+.
4 dc6!!
As Brancas “ignoram” as terríveis ameaças inimigas.
Analise 4 ... Df1+ e Te4.
a) 4 ... Df1
*****
5 Rd2 Tf2+ 6 Re3!
A Torre negra de f4 está atacada, e as Brancas tem vantagem material suficiente.
b) 4 ... Te4+
*****
5 Rd2 Tf2+ 6 Rc3 Tc2+ 7 Rc2
Com posição ganha para as Brancas. Possuem Torre e 2 Bispos contra Dama e Peão de
vantagem, e depois de Bc4, a ruptura d5 é muito forte.
O Peão f negro não é perigoso porque sua casa de promoção está superdefendida.

Com os exercícios feitos, podemos tirar algumas conclusões:

1.É indispensável fixar o objetivo que se quer alcançar mediante o desenrolar de


lances sucessivos. existe uma grande diferença entre um plano tático e outro estratégico. A meta
estratégica em uma partida é chegar a uma determinada posição, ainda que devam efetuar-se
durante a marcha, imprevistas retificações. O plano tático é mais concreto e imediato.
2.Compreenda com clareza que os meios de que dispõe, bastam para o fim proposto
e valorize as possibilidades do adversário para impedi-lo.
3.Calcule com antecedência lance por lance (tanto a “manobra” quanto a
“combinação”), assim como as possibilidades de resposta do adversário. Analise
sistematicamente e por ordem de subvariante.

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4.Se a posição final de uma das variantes não está clara (se você não conseguir “ver”
o mate, tablas, vantagem material, posição de fácil empate), reveja a análise desde o início e
comprove se corresponde ao plano tático proposto.

No pré-cálculo de muitas posições encontraremos com freqüência algumas variantes


jogadas que a princípio não tínhamos levado em consideração, mas que podem ser úteis em
outras variantes da mesma posição. Através da análise descobrimos novas e surpreendentes
lances que a priori nos passaram desapercebidas.

¾Diagrama 6.2
b3, e4, f5, h3, Td6, Bf3, Tg2, Rh1, Ch2 x b5, f6, h5, Tc3, Bf4, Tf8, Rh8
Nikitin x N. N.
“Ajedrez en Rússia”

As Negras acabaram de sacrificar uma peça, com a suposição que poderão continuar com ... Bh2,
seguido de Tf3, recuperando o material. Mas as Brancas ganharam rapidamente contestando:
1 e5!
O vencedor conta, na revista “Ajedrez en Rússia” como encontrou esta continuação decisiva:
“A primeira vista parece que a Torre de d6 deve deslocar-se, mas falta uma casa onde possa ter
jogo ativo. Seria um grande erro 1 Tb6?? (com a intenção de, se 1 ... Bh2?, contestar com 2 Rh2
Tf3 3 Tb5, ganhando um Peão por causa de...”
Tente descobrir antes de prosseguir o Tema e o Procedimento.
*****
Tema: Duplo de Bispo ao Rei e Torre.
“1 ... Tc1+ 2 Tg1 Tg1+ 3 Rg1 Be3+” (0-1)
“... Outra possibilidade é a ocupação da sétima horizontal, 1 Td7. Depois da natural resposta 1 ...
Bh2, as brancas podem continuar com ...”
Descubra você o Tema e o Procedimento.
*****
Tema: Torre na 7ª horizontal.
“2 T2g7 com ameaça de mate em 2”.
“... Mas Nikitin percebeu que as Negras poderiam continuar aqui com 2 ... Td8! e com a forçada
liquidação, resultaria um final de Torres dificílimo de ganhar. Entretanto, esta linha lhe
proporcionou a idéia de que, se não existisse o Peão e, as Brancas disporiam de sua casa d5 para
o Bispo, e o mate seria um fato. Surgiu então a idéia de jogar 1 e5, mas era necessário examinar
as diversas variantes. Se as Negras contestam 1 ... Bh2, seguiria ...”
Descubra você o Tema e o Procedimento.
*****
Tema: Princípio da Promoção do Peão.
“2 Rh2 Tf3 3 e6 (1-0), se 3 ... Tb3 4 e7 Te8 5 Td8” (1-0),
“... e a captura do Peão, (seja por 1 ... fe5 ou 1 ... Be5) permite as brancas a continuação da linha
principal”
A partida transcorreu assim:
1 ... Be5 2 Td7 Bh2
Por que?
*****
Porque caso contrário, as Brancas manteriam a vantagem material.
3 T2g7 Td8
Ou 3 ... Tb8

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Descubra você a linha de mate.
*****
Tema: Combinação de Mate.
4 Th7+ Rg8 5 Bd5+ Rf8 6 Th8++ (1-0)
O surpreendente 1 e5! foi consequência da análise das possíveis retiradas da Torre branca em d6.

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BIBLIOGRAFIA

• LOS CAMPEONATOS DEL MUNDO - DE STEINITZ A ALEKHINE


Pablo Moran, Ediciones Martinez Roca, S.A., Barcelona - Espanha
Págs. 19-21 e 92-101

• XADREZ BÁSICO
Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini, Edições Ouro, São Paulo - Brasil
Págs. 120-121 e 205-206

• LOS GRANDES MAESTROS DEL TABLERO


Ricardo Reti, Club de Ajedrez
Págs. 23

• TÁCTICA MODERNA EN AJEDREZ - Tomo I


Ludeck Pachman, Colecion Escaques, Martinez Roca,
Barcelona - Espanha
Págs. 20-22

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Página 13
Onde os Reis se encontram
academiadexadrez@bol.com.br
www.geocities.com/academiadexadrez

TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO

Apostila 7

Prof. Francisco Teodorico Pires de Souza


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Apostila 7 - Prof. Francisco Teodorico
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OS CAMPEONATOS DO MUNDO

VI CAMPEONATO MUNDIAL DE XADREZ


Lasker x Steinitz, 1896-97

Ao classificar-se em segundo lugar no Torneio de San Petesburgo, Steinitz se


encontrou de novo às portas do Título Mundial, e como jamais foi homem que dormisse sobre
suas glórias, aceita em seguida um match com Schiffers, o enxadrista russo de maior talento
depois de Tchigorin. O match celebrou-se em Rostow e Steinitz venceu por +6 -4 =1, após dura
batalha, onde demonstrou que, se bem que conservasse suas grandes qualidades enxadrísticas,
sua saúde começava a debilitar.

Apesar de tudo, decide participar do Torneio de Nuremberg, 1896, onde o Campeão


Mundial obtém outro ressonante êxito ao vence-lo, enquanto que Steinitz consegue apenas o
sexto lugar. Estaria Steinitz acabado? Não acredite nisto. Bem é verdade que já tinha idade
avançada e que se encontrava doente, mas tinha fé em si mesmo e partiu para Moscou cheio de
ilusões, não sem antes preparar-se conscientemente, quer seja com estudos teóricos, ou com
curas em balneários.

O segundo match Lasker x Steinitz, começou em 06 de novembro de 1896, em


Moscou, com as mesmas condições do anterior, ou seja, venceria o primeiro que ganhasse 10
partidas.

O resultado não poderia ser mais desastroso para Steinitz, já que perdeu as quatro
primeiras partidas, empatou a quinta, voltou a perder a sexta, chegou a empatar a sétima, oitava e
nona, para ser derrotado na décima e décima primeira.

Mas nem assim se rende, e todavia tem brio para conseguir sua primeira vitória na
partida número doze. Poderia reverter o adverso placar? Ele tentou e voltou a vencer a décima
terceira, mas estas duas batalhas acabaram com suas forças e Lasker se impôs sem maiores
dificuldades, ganhando por +10 -2 =5.

Esta segunda derrota diante de Lasker foi um duro golpe para Steinitz, mas sempre
desportivo, pouco depois escrevia em um jornal de New York: “Por que fui derrotado de forma
tão lamentável? Em primeiro lugar, porque Lasker é o maior enxadrista que já encontrei;
possivelmente o maior que já existiu. Ao afirmar expressamente isto, parecerá que quero
desculpar-me, rebaixando, ao mesmo tempo a outros rivais, mas sou incapaz de fazer tal coisa
referindo-me à mestres de primeira categoria. Certa vez disse estas, ou parecidas, palavras, que
um mestre não tem direito de sentir-se doente em uma prova, assim como um general em um
campo de batalha. E permaneço fiel a este pensamento.”

E Steinitz, ainda que se negasse a reconhecer, estava doente e envelhecido.


Envelhecido pelos anos e pela dura luta pela sobrevivência, pois sempre foi pobre e cheio de
problemas. Depois do match com Lasker foi internado em um sanatório na Rússia e submetido à
observação, mas curou-se e voltou a lutar em torneios, ainda que o êxito já não lhe voltasse a
sorrir. Em seu retorno aos Estados Unidos, foi objeto de uma carinhosa recepção, e quando, no
ano seguinte se dispôs a partir para participar no Torneio de Viena, 1898, quando se
comemorava o jubileu do imperador Francisco José, um jornalista lhe perguntou:

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Apostila 7 - Prof. Francisco Teodorico
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— Mestre, já não ganhou o senhor suficientes glórias para deixar o lugar para os
jovens?

— Posso ceder-lhes a glória, mas os prêmios, não - foi a resposta de Steinitz.

Tampouco foram importantes os prêmios que obteve, pois em Viena, classificou-se


em quarto lugar, o que deixaria a qualquer um satisfeito, menos ao grande Steinitz; em Colônia,
no mesmo ano, em quinto, e sua última atuação foi no Torneio de Londres, 1899, onde finalizou
na décima primeira posição, empatado com W. Cohn.

Seus últimos dias foram muito tristes, vivendo praticamente de caridade e com claros
sintomas de loucura. Contam que afirmava ter inventado um meio para comunicar-se por meio
da eletricidade com Deus, a quem podia dar a vantagem de um Peão e da saída.

Com sua morte, em 1900, o mundo perdeu o homem que havia revolucionado o
xadrez, terminando sua vida em total miséria.

Durante toda sua vida desenvolveu um grande trabalho jornalístico pelo xadrez,
primeiro na Inglaterra e mais tarde, na América do Norte. Editou a revista mensal “The
Internacional Chess Magazine” em New York, de 1885 a 1891 e publicou os livros “The Modern
Chess Instructor”, dois volumes, 1889 e 1895, e “The sixth American Chess Congress, 1889”.

Lasker x Steinitz
Moscou
06Nov1896 - 14Jan1897

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Lasker 1 1 1 1 ½ 1 ½ ½ ½ 1
Steinitz 0 0 0 0 ½ 0 ½ ½ ½ 0

11 12 13 14 15 16 17 Tot
Lasker 1 0 0 1 ½ 1 1 12,5
Steinitz 0 1 1 0 ½ 0 0 4,5

Steinitz começou o match de Brancas.

ABERTURAS Nº DAS PARTIDAS TOTAL %


Italiana 1, 3, 6 3 18
Ruy Lopez 2, 4, 8, 10, 12, 14, 16 7 41
Gambito da Dama 5, 7, 9, 11, 13, 15, 17 7 41

A SEGUIR:
VII Campeonato Mundial de Xadrez
Lasker x Marshall, 1907

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FINAIS I

3.3. Rei e dois Peões x Rei

¾Diagrama: Ra4, a7, b6 x Rb7


1 ? (1-0)

PLANO
*****
Chegar à posição básica com o Rei na 6ª horizontal.
PROCEDIMENTO
*****
1 Rb5 Ra8 2 Rc5 Rb7 3 a8D+ Ra8 4 Rc6 Rb8 5 b7 Ra7 6 Rc7 (1-0)

¾Diagrama: Rg1, f4, h4 x Rg6


1 ... ? (1-0)

PLANO
*****
“Quando dois Peões estão na mesma horizontal, separados por uma casa, impede-se a captura
de um, avançando-se o outro. A posição de defesa dos Peões, corresponde a um salto de Cavalo.
PROCEDIMENTO
*****
1 ... Rh5 2 f5!
E o Peão h não pode ser capturado.
Se 1 ... Rf5 2 h6!
Se 1 ... Rg7, as Brancas devem aproximar o Rei e não jogar:
a) 2 h5? por 2 ... Rh6.
b) 2 f5? por 2 ... Rf6.
Em ambas as variantes as Negras ganham um Peão.
2 ... Rh6 3 Rg2 Rg7 4 h5 Rf6 5 h6 Rf7 6 Rg3 Rg8 7 f6 Rh7 8 f7 (1-0)

A SEGUIR:
3.4. Rei e dois Peões x Rei e Peão

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TÁTICA I

2. PREGADURAS

Peça pregada é aquela que ameaçada por outra inimiga não pode, contudo, mover-se,
sem determinar dificuldades maiores.

¾Diagrama: a3, b2, c3, e4, f2, g2, h2, Dd1, Re1, Th1 x a7, b6, c5, f7, g7, h7, Re8, De7, Th8
1?

1 0-0 De4?
Agora as Brancas jogam e ganham, graças ao erro negro. Na ambição de ganhar o Peão, as
Negras não percebem que colocam sua Dama numa coluna onde encontra-se seu Rei.
PLANO
*****
A Dama negra encontra-se numa coluna aberta onde encontra-se seu Rei. Uma Torre
posicionada nesta coluna, capturaria a Dama, pois esta não poderia fugir por causa de seu Rei.

PROCEDIMENTO
*****
2 Te1 (1-0)

¾Diagrama: Rf2, Tg2, Tg8 x De5, Rh4


1 ? (1-0)

PLANO
*****
Atrair a Dama para a coluna h (onde encontra-se o Rei), para então dar xeque e enquanto o Rei
foge, a Dama é capturada.
PROCEDIMENTO
*****
1 Th8+ Dh8 2 Th2+ (1-0)

¾Diagrama: Ba7, a6, Rc3, Te3 x Ce5, Df4, Rh8

1 Te5 De5?
Agora as Brancas jogam e ganham, graças ao erro negro.
PLANO
*****
A Dama e o Rei encontram-se na mesma diagonal e as Brancas possuem um Bispo que pode
domina-la, pregando a Dama.
PROCEDIMENTO
*****
1 Bd4 (1-0)
Observe que ainda que 1 ... Dd4, segue 2 Rd4 e as Brancas ganham porque promovem o Peão.

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¾Diagrama: c4, Be2, e3, Tf2 Rh3 x c5, Re6, Tf7, Bg6
1?

1 Bg4+ Bf5?
Como você se aproveitaria do erro negro?
PLANO
*****
Atrair a Torre negra para a diagonal h3-c8, onde já age o Bispo branco, deixando-a cravada.
PROCEDIMENTO
*****
2 Tf5! Tf5 3 e4 Rf6 4 ef5 (1-0)

¾Diagrama: d4, Ce2, De3, e5, Rf2, Tf6, Tg7, h3 x Da2, Ba6, Tc7, Rc8, d5, e6, f7, Tf8, h4
Brancas: Chatard

Analise a posição sob o ponto de vista negro. Encontre um possível plano para o segundo
jogador.
*****
O Cavalo branco está pregado pela Dama negra. Há ainda a ameaça de Tc2, reforçando o
ataque sob o Cavalo branco.
Mas as Brancas tomam providências e seu primeiro lance parece muito inocente.
1 Tg1! Be2
Brancas jogam e ganham, como?
PLANO
*****
Explorar a possibilidade de pregadura da Torre negra na coluna c.
PROCEDIMENTO
*****
2 De2 Tc2
O Branco parece perdido!
3 Tc1!
Agora é a Torre negra que ficou pregada. Sobre esta peça convergem duas brancas, a Dama e a
Torre, ameaçando captura-la. Ainda a Torre negra não pode deslocar-se pela ameaça das Brancas
Da2.
Verdadeiro duelo de pregadura contra pregadura, ou melhor ainda, de “caçador caçado”

A SEGUIR:
3. Promoções

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OS GRANDES MESTRES DO TABULEIRO


Paul Morphy

2.1. Partida nº 1

New York, 1855


Gambito Escocês
Meek x Morphy

1 e4 e5 2 Cf3 Cc6 3 d4 ed4


O lance 3 ... ed4, na verdade não é um lance de desenvolvimento, mas sem dúvida, não é uma
perda de tempo, pois se as Brancas quiserem ganhar um Peão a seguir ou mais tarde, terão de
jogar Cd4, que tampouco é um lance de desenvolvimento, pois move uma peça que já havia
jogado, o Cavalo de f3. Se as Negras contestassem com 4 ... Cd4, esta troca seria uma perda de
tempo, pois as Brancas com 5 Dd4, desenvolveriam uma peça que até agora não tinha ação.
Se refletirmos sobre a posição antes desta troca errada, vemos que ambos os lados
desenvolveram uma peça, as Brancas o Cd4, as Negras Cc6. Depois da troca, as Brancas teriam
uma peça desenvolvida, a Dama em d4, em troca, as Negras nenhuma em jogo. Portanto, deve-se
reconhecer pelo resultado desta troca, que foi uma maneira drástica de perda de tempo.
Outra coisa é se as Brancas, por exemplo, na Abertura Escandinava, depois de 1 e4 d5,
continuam com 2 ed5, pois as Negras perdem um tempo por 2 ... Dd5, pois está exposta em d5,
onde as Brancas ganham um tempo com 3 Cc3.
Esta abertura (linha principal) tem o nome de Abertura Escocesa. Já que o Peão d4 está atacado e
não pode ser bem defendido, as Negras não tem melhor contestação que a escolhida.
A resposta mais usada é 4 Cd4, pois aparentemente, e graças ao Peão e4, as Brancas têm maior
domínio central e também um jogo mais livre. Sem dúvida, esta vantagem é passageira, pois as
Negras podem atacar ou trocar o Peão de e4, que após manobra pode alcançar a troca por meio
de ... d5.
Observe como é mais importante compreender o plano das Aberturas do que decorar variantes!
Os melhores lances para o Negro serão os de desenvolvimento, que dominam as casas d5 e e5,
pois somente desta forma se desvia o Peão pressionador e4, para poder jogar ... d5.
Já o Branco, somente poderão aproveitar-se da aparente vantagem se chegar a dominar os pontos
e4 e d5, para atrasar o desenvolvimento do jogo negro com d5. Ambos se empenharão em
encontrar tais lances de desenvolvimento que ataquem as casas citadas. Assim resultam as
seguintes combinações: 4 Cd4 Cf6 (atacando d5 e e4) 5 Cc3 (defendendo e4 e d5) Bb4
(continuando o ataque) 6 Cc6 (as Brancas não tem melhor continuação para abrir e4 do que esta
preparação para o lance Bd3) bc6 7 Bd3 d5. As Negras conseguiram seu objetivo, trocaram o
Peão de e4, com equilíbrio.
4 Bc4
Este lance não é desvantajoso, ainda que se sacrifique um Peão, obtém um rápido
desenvolvimento. Característica do Gambito Escocês. Mas as Brancas cometem o erro, que
veremos, não para jogar o Gambito com rápido desenvolvimento, mas com o interesse de um
ataque prematuro contra a casa f7, idéias próprias daquele tempo e cuja deficiência foi provada
por Morphy.
4 ... Bc5 5 Cg5
Isto é um erro por dois fundamentos: 1º As Brancas nesta posição aberta jogam a mesma peça
duas vezes, que havia sido desenvolvida, portanto, perdem um tempo, enquanto que as Negras
conseguem uma vantagem no desenvolvimento. 2º As Brancas esquecem que a Abertura é uma
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Apostila 7 - Prof. Francisco Teodorico
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luta no centro e, com o lance do texto, cede imediatamente ao adversário o domínio do mesmo.
A continuação melhor aqui seria 5 c3 para continuar depois de 5 ... dc3 com 6 Bf7+ Rf7 7 Dd5+.
5 ... Ch6
As Negras defendem-se com um lance de desenvolvimento. Se tivessem jogado 5 ... Ce5, que
também defende f7 e ataca c4, teria cometido o mesmo erro branco de jogar duas vezes a mesma
peça na abertura. Graças a esta seqüência, no decorrer da partida, as Brancas chegaram à
vantagem.
6 Cf7 Cf7 7 Bf7+ Rf7 8 Dh5+
Os principiantes apreciam este tipo de combinação, mas um jogador experiente, teme diante
dela, pois as peças brancas desenvolvidas desaparecem do tabuleiro, e as que permanecem estão
ainda na posição inicial. Logo, não resulta um ataque vencedor!
8 ... g6 9 Dc5
Somente uma peça branca está desenvolvida, a Dama, e, logo estará exposta ao ataque
adversário. Desta forma, o Negro chega a uma vantagem decisiva rapidamente. Se o Negro,
tivesse jogado 5 ... Ce5, teríamos o mesmo diagrama, mas com a diferença de que o Cavalo do
Rei estaria restringido em g8, devido a seguinte continuação: 6 Cf7 Cf7 7 Bf7+ Rf7 8 Dh5+ g6
Dc5, etc.
9 ... d6 10 Db5 Te8 11 Db3+
As Brancas, por jogarem errado com a Dama, perdem tempo. Agora inicia-se a vitória de
Morphy, de forma gratificante. Deveria ter jogado 11 0-0.
11 ... d5 12 f3 Ca5 13 Dd3 de4 14 fe4 Dh4+ 15 g3 Te4+ 16 Rf2 De7 17 Cd2
Agora segue uma bonita combinação baseada na situação em que a Dama branca não pode, nem
deve abandonar o apoio da casa e2.
17 ... Te3 18 Db5 c6 19 Df1 Bh3 20 Dd1 Tf8
Os principiantes que no calor da luta somente jogam com as peças que têm desenvolvidas,
esquecem de trazer as reservas, podem aprender muito com este lance!
21 Cf3 Re8 (0-1)

A SEGUIR:
2.2. Partida nº 2
New York, 1857
Gambito Escocês
Th. Lichtenhein x Morphy

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EXERCÍCIOS

¾Diagrama 7.1
b4, c3, f2, h4, Ta5, Bc2 Bd4, De3 Rg1 x b5, c4 e4, g6, h7, Bb7, Td7, Cf4, Df5, Rg8
Lee x Lasker
Londres, 1899
1 ... ?

Análoga, mas mais difícil de resolver é a posição deste diagrama. O então Campeão Mundial
ganhou brilhantemente começando com:
1 ... Td4!
Como pôde descobrir tal lance? Previamente Lasker considerou a lógica continuação 1 ... Dg4+
2 Rf1. Analise 2 Dg3.
*****
Tema: Duplo de Cavalo ao Rei e Dama.
2 ... Ce2+ (0-1).
Prosseguindo a análise, 2 ... Dg2+ 3 Re1 Dg1+ 4 Rd2, com posição vantajosa para as Negras,
que tem um Peão a mais, com o Rei adversário no centro do tabuleiro. Mas não se deve buscar
uma forma de ganhar rapidamente. Sem dúvida, Lasker considerou aqui, que depois de 4 ... Td4+
5 cd4 c3+ 6 Dc3 Df2+ 7 Rd1 e3, mas isto falha, pois as Brancas poderiam contestar a 4 ... Td4+?
com 5 Dd4. Reconsiderando a posição, se deu conta de que jogando em seguida 1 ... Td4, as
Brancas não poderiam tomar com a Dama por causa de ...
Será que você descobre?
*****
Tema: Duplo de Cavalo.
Se 2 Dd4 Ce2+ (0-1).
Em consequência, toda a combinação pode desenrolar-se da forma prevista:
2 cd4 Dg4+ 3 Rf1 Dg2+ 4 Re1 Dg1+ 5 Rd2 c3+ 6 Dc3
Por que não se deve jogar 6 Rc3? ?
*****
Tema: Duplo de Cavalo.
Por 6 ... Cd5+ (0-1).
Prosseguindo a linha principal:
6 ... Df2+ 7 Rd1
Por que não se deve jogar 7 Rc1? ?
*****
Tema: Duplo de Cavalo.
Por 7 ... Ce2+ (0-1).
7 ... e3 8 Bb3+ Rg7 9 d5+ Rh6 10 De1 Bc8! (0-1)
As Brancas abandonaram. Por que?
*****
Tema: Desvio de Peça Defensiva e Promoção de Peão.
As Negras ameaçam o inevitável ... Bg4+, e depois de 11 Df2 ef2 com promoção inevitável.
Quando Lasker efetuou seu primeiro lance, provavelmente não calculou totalmente o desenlace
desta combinação, mas considerou que após 6 ... Df2+ a posição resultante era suficiente para
ganhar. Os elementos onde podia apoiar tal idéia eram o Peão livre de e3, a desfavorável posição
do Rei branco e o exílio da Torre branca de a5.

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Tarrasch encontrou, mais tarde um segundo caminho vencedor: 1 ... Dg4+ 2 Rf1 Dg2+ 3 Re1
Dg1+ 4 Rd2 Cg2 5 De2 e3+! 6 fe3 Bf3!, etc. Esta linha é mais curta que a seguida por Lasker.
Para a técnica do pré-cálculo, este fato não tem muita importância. Quando se está jogando uma
partida de torneio e encontra-se uma variante que conduz com segurança à vitória, raramente
perde-se tempo em buscar outra. Isto justifica o fato de Lasker não ter feito a continuação
recomendada por Tarrasch.
No cálculo prévio de posições complicadas, cometem-se erros típicos. Um dos mais freqüentes é
a omissão dos lances chamados “intermediários”. Se em nosso plano esquecemos o direito do
adversário de procurar lances ocultos ou imprevistos que possam virar a posição, é provável que
surja um contratempo.
O lance intermediário baseia-se em motivos muito simples. Por exemplo, não retirar uma peça
atacada para ameaçar antes a do adversário. Depois dos lances 1 d4 Cf6 2 f4 e6 3 Cc3 Bb4 4 e3
Cc6 5 Bd3 e5 6 d5, as Negras podem retirar o Cavalo até as casas e7 ou b8 (também após a troca
prévia 6 ... Bc3+, para debilitar a formação de Peões inimiga). Mas existe a possibilidade de
intercalar o lance 6 ... e4!, e se 7 Be2 (ou 7 Bf1), pode seguir então o ativo lance 7 ... Ce5.

¾Diagrama 7.2
a2, b3, d5, e4, f2, g4, h3, Ta1, Bb2, Bc2, Dd1, Cd2, Tf1, Rg1, Ch4 x a6, b5, c5, d6, f7, g7, h7,
Ta8, Cb8, Dd8, Be7, Cf6, Rf8, Bg6, Th8
Bochum, 1958
Christoph x Rautenberg
1 ... ?

1 ... Be4?
O melhor era 1 ... Cfd7.
2 Ce4 Ce4
O Negro acreditou que a peça havia sido recuperada, pois o Cavalo branco de h4 está indefeso,
ganhando o Peão. Mas as Brancas deram uma resposta desagradável:
PLANO
*****
TEMA: Xeque intermediário
PROCEDIMENTO
*****
3 Bg7+
E os lances negros são agora todos forçados!
Rg7 4 Cf5+ Rf8 5 Be4
E o material está equilibrado, mas as Brancas tem superioridade posicional, pois seu Cavalo está
numa posição privilegiada enquanto o Rei negro está deficiente.

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Apostila 7 - Prof. Francisco Teodorico
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BIBLIOGRAFIA

• LOS CAMPEONATOS DEL MUNDO - DE STEINITZ A ALEKHINE


Pablo Moran, Ediciones Martinez Roca, S.A., Barcelona - Espanha
Págs. 21-22

• XADREZ BÁSICO
Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini, Edições Ouro, São Paulo - Brasil
Págs. 121-122 e 206-207

• LOS GRANDES MAESTROS DEL TABLERO


Ricardo Reti, Club de Ajedrez
Págs. 24-26

• TÁCTICA MODERNA EN AJEDREZ - Tomo I


Ludeck Pachman, Colecion Escaques, Martinez Roca,
Barcelona - Espanha
Págs. 22-24

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Onde os Reis se encontram
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TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO

Apostila 8

Prof. Francisco Teodorico Pires de Souza


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Apostila 8 - Prof. Francisco Teodorico
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OS CAMPEONATOS DO MUNDO

VII CAMPEONATO MUNDIAL DE XADREZ


Lasker x Marshall, 1907

A personalidade de Lasker se estendeu a outros campos alheios ao xadrez, pois o


objetivo de converter-se em Campeão Mundial voltou a seus estudos de matemática e filosofia,
doutorando-se brilhantemente na Universidade de Eriangen, em 1900. Também adquiriu renome,
escrevendo obras filosóficas como Der Kampt (A luta), em 1907, e Das Begreifen der Welt (A
compreensão do mundo). Como escritor de xadrez, fora as colaborações em jornais e revistas,
publicou O sentido comum no xadrez; Manual de xadrez, nos quais expressa seu modo de
entender o jogo, O Torneio de San Petesburgo, 1909; Lasker x Tarrasch, 1916; Lasker x
Capablanca, 1921; Alekhine x Bogoljubow, 1934 e na América do Norte editou a revista
Lasker's Chess Magazine, de 1904 a 1908.

Para Lasker o xadrez era antes de tudo uma luta e tudo subordinou a este fim. Veja o
que disse Reti a respeito dele em sua obra Os grandes mestres do tabuleiro: Seu segredo
consiste no seguinte: o essencial para ele é a luta de nervos. Busca por meio da partida atacar
em primeiro lugar o equilíbrio psicológico do adversário. Sabe produzir nesta queda nervosa
que é corrente após um erro cometido, e faz que esta queda seja precisamente a origem e a
causa de um próximo erro. Como consegue? Estuda as partidas, a forma de jogar, a força e a
fraqueza dos mestres com os quais vai jogar. Não busca os melhores lances, mas os mais
desagradáveis ao adversário, guiando a partida a uma direção que não seja a que agrade seu
rival. Sobre este caminho desconhecido por seu oponente, e com lances fracos, propositais,
Lasker se encaminha até o abismo, mas criando sempre problemas ao rival. E chega o momento
em que o tempo premia, e tem de jogar com rapidez em posições difíceis, é então que Lasker usa
toda sua verdadeira força, vem a queda nervosa do adversário, a catástrofe psicológica e com
ela a catástrofe sobre o tabuleiro.

Este era o método de Lasker, o qual, por outro lado, de nada serviria se não possuísse
extraordinária condição combinativa e exata consciência da posição, assim como a habilidade
fora do comum para jogar finais.

Para compreender bem o caráter de Lasker, nada melhor do que narrar o que o
mestre inglês Winter conta em seu livro Kings of Chess: “Na partida que jogamos no torneio de
Nottinghan, 1936, situei um Cavalo em uma casa em que podia ser capturado por um Peão.
Lasker replicou rapidamente com um lance defensivo e acabou vencendo. Quando terminou a
partida, um espectador lhe perguntou por que não havia capturado o Cavalo, e Lasker
respondeu: "Eu estava jogando com um forte mestre, e quando um forte mestre pensa hora e
meia para um lance, creio que não é conveniente fazer o que ele deseja.”"

Desde seu triunfo no Torneio de Londres, 1899, até seu encontro com Marshall, em
1907, a atividade de Lasker não foi muito extensa, reduzindo-se ao Torneio de Paris, 1900, que
ganhou em brilhante estilo; um match com abertura selecionada com Tchigorin, que perdeu por
+1-2=3, em Brighton (Inglaterra), 1903; o torneio de Cambridge Springs, 1094, vencido por
Marshall, onde empatou em segundo lugar com Janowski, e sua vitória no pequeno Torneio de
Trenton Falls, 1906.

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Frank James Marshall (New York, 1877 - 1944), foi um dos enxadristas mais
simpáticos e de jogo mais alegre e agressivo que jamais haviam existido. Sua carreira
enxadrística foi muito longa e deteve o título de Campeão dos Estados Unidos por 27 anos, até
1936, quando deixou o título vago por decisão própria. Seus êxitos mais importantes foram o
primeiro lugar no citado Torneio de Cambridge Springs, 1904, e suas vitórias em Scheweningen,
1905; Nuremberg, 1906; New York, 1910; La Habana, 1913 e New York, 1913. Quanto a
matches foram numerosíssimos os que jogou, ganhando entre outros de Janowski, Paris, 1905
(+8-5=4); Mieses, Berlim, 1908 (+5-4=1); Showalter, Lexington, 1909 (+7-2=3); Janowski,
Biarritz, 1912 (+6-2=2) e Janowski, New York, 1916 (+4-1=3). Sem dúvida também sofreu
sérios tropeços, pois foi derrotado por Tarrasch, Nuremberg, 1905 (+1-8=8); Janowski, Suresnes,
1908 (+2-5=3) e Capablanca, New York, 1909 (+1-8=14).

Seu estilo de jogo, audaz em demasia, se fez famoso por seus veementes ataques ao
monarca adversário, e por suas combinações, algumas falsas, que se fizeram populares pelo
nome de estelionato, mas que sem dúvida, lhe proporcionaram numerosas vitórias.

O encontro Lasker x Marshall, teria como vencedor o que primeiro vencesse oito
partidas, e se desenvolveu nas cidades norte-americanas de New York, Filadélfia, Memphis,
Chicago e Baltimore, de 26Jan a 06Abr, e constituiu um redondo triunfo do campeão, que não
permitiu a seu adversário vitória alguma, finalizando por +8-0=7 a favor de Lasker.

O encontro teve pouca história, já que Lasker venceu as três partidas iniciais, e
depois, serenamente, foi impondo-se pouco a pouco as tentativas audazes de seu rival.

Como dado curioso temos que Marshall somente pode ganhar de Lasker em duas
ocasiões, a primeira quando se enfrentaram no Torneio de Paris, 1900 e a última, uma partida de
exibição em New York, 1940, enquanto se disputava o Campeonato Norte-americano.

Marshall dedicou toda sua vida ao xadrez, e nos legou um delicioso livro titulado
Meus 50 anos de xadrez, no qual junto a suas mais belas partidas se encontram numerosas
anedotas da época dourada do xadrez.

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Lasker x Marshall
New York, Philadelphia, Washington, Baltimore, Chicago, Memphis e New York
26Jan - 08Abr1907

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Tot
Lasker 1 1 1 ½ ½ ½ ½ 1 ½ ½ ½ 1 1 1 1 11,5
Marshall 0 0 0 ½ ½ ½ ½ 0 ½ ½ ½ 0 0 0 0 3,5

Marshall começou o match de Brancas.

ABERTURAS Nº DAS PARTIDAS TOTAL %


Francesa 2, 4, 6, 8, 10, 12, 14 7 46
Gambito da Dama 3, 5, 7, 9, 13, 15 6 40
Holandesa 11 1 7
Ruy Lopez 1 1 7

A SEGUIR:
VIII Campeonato Mundial de Xadrez
Lasker x Tarrasch, 1908

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FINAIS I

3.4. Rei e dois Peões x Rei e Peão

Geralmente as Brancas ganham, mas há exceções interessantes.

¾Diagrama: d5, h4, Rd3 x f3, Rf5


1 ... ? (=)

PLANO
*****
Valorizar o Peão passado, atingindo a casa g2 para auxilia-lo na promoção.
PROCEDIMENTO
*****
1 ... Rg4! 2 d6 Rg3 3 d7 f2 4 Re2 Rg2 5 d8D f1D+(=)

¾Diagrama A: e7, f6, Re5 x f7, Re8


¾Diagrama B: d2, e3, Rb1 x d3, Rb3
1? (1-0)
PLANO
*****
"Os Peões (brancos no caso), estando unidos e um deles sendo passado o ganho é fácil”.Em
ambos os casos, "dar a volta" e tomar o Peão inimigo, para poder promover o seu
tranqüilamente.
PROCEDIMENTO
*****
A) 1 Rf5 Rd7 2 Rg5 Re8 3 Rh6 Rd7 4 Rg7 Re8 5 Rg8 Rd7 6 Rf7 (1-0)
B) 1 Rc1 Rc4 2 Rd1 Rd5 3 Re1 Re5 4 Rf2 Re4 5 Rg3 Re5 6 Rf3 Rf5 7 e4+ Re5 8 Re3 (1-0)

¾Diagrama: a2, c4, Rc3 x a7, Rc6


Bayer, 1911
1? (1-0)

PLANO
*****
Chegar a uma posição básica de Rei e Peão x Rei favorável ao primeiro jogador, usando para
isto o tempo de Peão.
PROCEDIMENTO
*****
1 Rd4 Rd5 2 c5+ Rc6 3 Rc4 Rc7 4 Rd5 Rd7 5 c6+ Rc7 6 Rc5 Rc8 7 Rd6 Rd8 8 c7+ Rc8 9 Rc6
a5 10 Rb6 a4 11 a3
Zugzwang.
11 ... Rd7 12 Rb7 (1-0)

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¾Diagrama: a4, c3, Rc2 x a5, Rc4
1 ? (1-0)

PLANO
*****
Observe que se jogassem as Negras, o ganho seria fácil, pois perderiam a oposição.
As Brancas devem utilizar uma manobra chamada "triangulação" para chegar a mesma
posição, mas tendo o adversário o lance.
PROCEDIMENTO
*****
1 Rb2 Rc5 2 Rc1! Rd5
E se 2 ... Rc4?
*****
3 Rc2, e o objetivo é conseguido imediatamente.
3 Rd2 Re4 4 Re2 Rd5 5 Rd3 Rc5 6 c4!
Qual o objetivo branco?
*****
Entregar o Peão a para progredir com o Peão c.
6 ... Rb4 7 Rd4 Ra4 8 Rc3!!
Engenhoso lance de Rei.
8 ... Ra3 9 c5 a4 10 c6 Ra2 11 c7 a3 12 c8D Rb1 13 Rb3 a2 14 Dc2+ Ra1 15 Db2++ (1-0)
E se as Negras jogassem 3 ... Rc5 ?
*****
Seguiria 4 Rd3 Rd5 5 c4+ Rc5 6 Rc3, e as Brancas ganham como no diagrama anterior.

¾Diagrama: f4, g4, Re3 x f6, Re6


1?

Analise a posição. Que resultado terá este diagrama? Qual o plano e o procedimento?
*****
Empate.
PLANO
*****
Chegar a um final de Rei e Peão x Rei empatado, sacrificando seu Peão.
PROCEDIMENTO
*****
1 Re4 f5+!! 2 gf5 Rf6 (=)
Segue-se ... Rf5 com final empatado.

A SEGUIR:
3.5. Rei e dois Peões x Rei e dois Peões

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TÁTICA I

3. PROMOÇÕES

Normalmente quando se promove um Peão que atingiu a 8ª horizontal, este é


substituído por uma Dama, mas há exceções em que uma peça de valor inferior é mais vantajosa
ou decisiva.

¾Diagrama: Rf5, f7, h6 x Rh8


1? (1-0)

PLANO
*****
O Peão h6 domina a casa de fuga g7. Se existisse uma peça que dominasse h6, h7, h8 e g8
simultaneamente teríamos uma posição de mate.
PROCEDIMENTO
*****
1 f8D+ Rh7 2 Dg7++ (1-0)
E se o lance fosse negro?
PLANO
*****
Se o lance fosse negro, seria forçado jogar Rh7. Nesta posição, não se pode promover o Peão
imediatamente à Dama, pois haveria pat. É necessário fazer um lance de espera para promover
o Peão com xeque, seguido de mate.
PROCEDIMENTO
*****
1 ... Rh7 2 Rf6 Rh8 3 f8D+ (1-0)

¾Diagrama: Rc2, g7 x Ra1


1 ? (1-0)

PLANO
*****
O Rei branco domina as casas de fuga b1 e b2 (e a possível b3). É necessário ter uma peça que
domine a1, a2 e a3 simultaneamente. Se o Peão g for promovido à Dama temos o pat!
PROCEDIMENTO
*****
1 g8T Ra2 2 Ta8++ (1-0)

¾Diagrama: d7, Rh7 x Dc6, Rf7


1 ? (=)

PLANO
*****
As Negras ameaçam mate em 2, sendo o primeiro lance das Brancas (tente descobrir), a
promoção do Peão à Dama não o evita. Observe que o Rei e a Dama encontram-se em casa
conjugada ao salto de Cavalo.
PROCEDIMENTO

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*****
1 d8C+! (=)

¾Diagrama: a5, e3, g7, Ca8, Bd7, Re2, x a6, g2, Rg1, Bh1, Dh8
Orfeu Gilberto D'Agostinni
1 ? (1-0)

PLANO
*****
O 1° lance é fácil: 1 gh8, mas que promoção realizar? Dama ou Torre ocorre o pat; Cavalo dá
vitória ao 2° jogador, pois consegue promover o Peão g com a manobra ...Rh2/...g1D.
Obviamente resta apenas o Bispo, mas que plano seguir? Se o Cavalo estivesse em h3 (ou f3)
teríamos uma posição de mate, mas as Negras estão sem movimentos. Deve-se então sacrificar
uma peça para dar movimentos às Negras. Surge a idéia de sacrificar o Bispo em b5, quando
então surgiria o Peão passado negro da coluna b, a 4 passos da promoção. O Cavalo também
necessita de apenas 4 passos para chegar ao objetivo, ou seja, vence quem jogar primeiro!
Deve-se calcular os lances cuidadosamente.
PROCEDIMENTO
*****
1 gh8B! Rh2 2 Be5+ Rg1
As Negras estão sem movimentos.
3 Bb5! ab5 4 Cc7 b4 5 Ce6 b3 6 Cg5 b2 7 Ch3++ (1-0)

A SEGUIR:
4. Ataque duplo de Cavalo ao Rei e à Dama

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OS GRANDES MESTRES DO TABULEIRO

2.2. Partida nº 2

New York, 1857


Gambito Escocês
Th. Lichtenhein x Morphy

1 e4 e5 2 Cf3 Cc6 3 d4 ed4 4 Bc4 Cf6


Colocando as peças em jogo rapidamente. As Brancas têm duas peças desenvolvidas (Cavalo e
Bispo) além de terem jogado os dois Peões centrais (que colaboram para o desenvolvimento das
peças). As Negras têm duas peças desenvolvidas, mas apenas um Peão central. Não se pode
afirmar que as Brancas estão melhores porque tem um Peão a menos. Para recuperar este Peão,
devem jogar Cd4, que não é um lance de desenvolvimento, pois move duas vezes a mesma peça
na abertura. Para recuperar o Peão, as Brancas devem devolver o tempo ganho, atingindo a
igualdade.
5 e5
A perda de tempo por um lance de ataque. O lance do texto ataca o Cavalo, mas não continua o
desenvolvimento. Se as Negras fossem obrigadas a contestar com um lance defensivo, que não
desempenhasse nada em favor do desenvolvimento, se igualariam os tempos perdidos e o ataque
branco se justificaria. Mas Morphy contestará com um lance de desenvolvimento, ganhando um
tempo.
O correto teria sido 5 0-0, e se 5 ... Ce4, então 6 Te1 d5, recuperando as Brancas ambos os Peões
sacrificados.
5 ... d5 6 Bb5 Ce4
Ambos tiveram de jogar uma peça desenvolvida.
7 Cd4 Bd7
Até agora as Brancas não conseguiram vantagem alguma. Conseguiram duas peças
desenvolvidas e jogaram os Peões centrais, ou seja, têm quatro tempos desenvolvidos. Em troca,
o Negro tem três peças desenvolvidas (dois Cavalos e Bispo) e os dois Peões centrais totalizando
cinco tempos de desenvolvimento. A vantagem do tempo originou-se no lance 5 branco.
8 Cc6
Novamente uma perda de tempo, pois as Negras, ao retornar com o Peão, obrigam o Bispo b5 (já
desenvolvido) a mover-se novamente.
8 ... bc6
As Brancas perderam dois tempos. Lichtenhein tem uma peça desenvolvida e jogou os dois
Peões centrais, logo, tem três lances de desenvolvimento. Morphy tem duas peças desenvolvidas
e igualmente dois Peões centrais jogados. Logo, as Brancas tem um tempo perdido.
9 Bd3 Bc5 10 Be4 Dh4 11 De2 de4 12 Be3
Em posições abertas, deve-se (especialmente quando o desenvolvimento está atrasado), colocar o
Rei a salvo dos ataques, o indicado aqui seria 12 0-0.
12 ... Bg4 13 Dc4
As Brancas buscam a salvação com o contra-ataque, pois 13 Dd2 perdem em seguida por 13 ...
Td8. Assim nasce um furioso jogo de combinação, oferecendo as melhores possibilidades de
combinar ao lado que tenha mais peças em jogo.
13 ... Be3! 14 g3

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Apostila 8 - Prof. Francisco Teodorico
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Seria bonito: 14 Dc6+ Bd7 15 Da8+ Re7 16 g3! Bf2+ 17 Rf2 e3+ 18 Re1 (Se 18 Rg1, segue 18
... e7) Db4+ 19 c3 Db2 20 Dh8 Bg4, com mate inevitável.
14 ... Dd8 15 fe3 Dd1+ 16 Rf2 Df3+ 17 Rg1 Bh3
O mate é inevitável.
18 Dc6+ Rf8 19 Da8+ Re7 (0-1)

A SEGUIR:
2.3. Partida nº 3
New York, 1857
Gambito Falkbeer
Schulten x Morphy

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Apostila 8 - Prof. Francisco Teodorico
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EXERCÍCIOS

¾Diagrama 8.1
a2, b2, c3, d4, g3, h2, Ta1, Be2, Tf1, Df3, Rg1 x a7, b7, c7, d5, g7, h7, Te8, Tf8, Df6, Rg8
Mattisson x Vukovik, Debreczen, 1925

As Brancas calcularam 1 ... De7 2 Dh5 De2??, uma pausa, por que interroga duas?
*****
Por 3 Tf8+ Rf8 4 Tf1+ ganhando a Dama.
Mas e se 4 ... Rg8?
*****
5 Df7+, com mate em 2.
A partida transcorreu assim:
1 ... De7 2 Dh5
Mas as Negras encontraram um lance que obrigam as Brancas a resignarem-se. Descubra-o.
*****
É o xeque intermediário:
2 ... De3+! (0-1)
Se 3 Rh1 segue 3 ... De2 4 Tf8+ Rf8 e o lance Tf1+ não é possível.

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Apostila 8 - Prof. Francisco Teodorico
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¾Diagrama 8.2
b2, b3, c2, e4, g3, h2, Ca4, Rb1, Td1, Dd2, Be2, Tf1 x a6, b7, d6, e6, f6, h5, Da7, Rb8, Bd7,
Td8, Be7, Th8
Keres x Botwinnik, Moscou, 1956

Keres encontrou uma combinação na qual teve de calcular 2 lances intermediários do adversário,
além de alguns próprios.
1 Tf6!!
Botwinnik não pode capturar agora esta Torre. Por que?
*****
Se 1 ... Bf6 2 Dd6+ Ra8 (ou Rc8) 3 Cb6+, ganhando a Dama.
Mas existem 2 possibilidades intermediárias:
a) 1 ... Ba4
O objetivo é continuar, se 2 ba4, com 2 ... Bf6. Mas Keres tem um excelente lance
intermediário. Qual?
*****
2 Tf7!
Atacando o Bispo negro indefeso de e7, conservando o Peão de vantagem.

b) 1 ... b5 2 Tf7! Be8 3 Tg7 ba4 4 Db4+ Rc8 5 Td3 Td7 6 Tc3+ Rd8 7 Da5+
Outra alternativa seria 4 ... Ra8 5 e5! com dupla ameaça. Descubra-as.
*****
6 Bf3+ e 6 ed6.
Por que 5 ... d5 não funciona?
*****
Por 6 Te7.

Observe como no cálculo prévio é indispensável lembrar que não é prudente no curso de uma
combinação, cair em uma dupla ameaça se não existir a possibilidade de liberar uma delas contra
ataques efetivos.

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Apostila 8 - Prof. Francisco Teodorico
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BIBLIOGRAFIA

• LOS CAMPEONATOS DEL MUNDO - DE STEINITZ A ALEKHINE


Pablo Moran, Ediciones Martinez Roca, S.A., Barcelona - Espanha
Págs. 22-24 e 111-118

• XADREZ BÁSICO
Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini, Edições Ouro, São Paulo - Brasil
Págs. 122-124 e 208-209

• LOS GRANDES MAESTROS DEL TABLERO


Ricardo Reti, Club de Ajedrez
Págs. 26-27

• TÁCTICA MODERNA EN AJEDREZ - Tomo I


Ludeck Pachman, Colecion Escaques, Martinez Roca,
Barcelona - Espanha
Pág. 24

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Onde os Reis se encontram
academiadexadrez@bol.com.br
www.geocities.com/academiadexadrez

TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO

Apostila 9

Prof. Francisco Teodorico Pires de Souza


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Apostila 9 - Prof. Francisco Teodorico
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OS CAMPEONATOS DO MUNDO

VIII CAMPEONATO MUNDIAL DE XADREZ


Lasker x Tarrasch, 1908

Em 17Ago1908 começou em Düsseldorf o match que durante tantos anos, toda a


aficção mundial estava esperando. As negociações foram longas e trabalhosas, já que entre eles
existia uma evidente animosidade, principalmente por parte de Tarrasch, que jamais havia
perdoado Lasker pela conquista do título mundial antes dele.

Siegbert Tarrasch (Breslau, 1862 - Munich, 1934) foi o principal propulsor das
doutrinas de Steinitz e suas principais obras, Trezentas partidas de xadrez e A moderna partida
de xadrez, influenciaram poderosamente no desenvolvimento de várias gerações de enxadristas,
pelo qual foi chamado de praeceptor germaniae, devido ao seu extremo dogmatismo e afã de
fixar cátedra em todos os aspectos do xadrez, até o ponto em que o notável psicólogo e grande
enxadrista norte-americano, Ruben Fine, referindo-se a seus artigos, afirma que deveriam
chamar-se Assim fala Tarraschustra.

Tarrasch possuía um orgulho excessivo sem comparações, que lhe transformava em


uma pessoa antipática, pois tinha um conceito muito elevado sobre si, subestimando todos os
adversários, o que notavelmente o prejudicou. Conta-se que, antes do início do Torneio de
Hamburgo, 1910, protestou com os organizadores pela inclusão do jovem inglês Yates, alegando
que não tinha suficiente história para participar do torneio. Objetivamente falando, ele tinha
razão, mas seguramente se arrependeu mais tarde de suas palavras, pois Yates não somente
ganhou-lhe uma partida, mas uma bela partida.

Este aspeto negativo de seu caráter tem como contrapartida seu grande amor pelo
xadrez durante toda sua vida e as belíssimas partidas que deixou para a posteridade, verdadeiras
jóias do jogo de posição. A ele pertence a frase o xadrez, como a música, como o amor, tem a
virtude de fazer feliz o homem, o que demonstra que Tarrasch, apesar de sua egolatria, não foi
apenas um dos maiores jogadores de todos os tempos, mas também um dos mais fieis adoradores
de Caissa.

Quando Lasker proclamou-se Campeão Mundial, teve que reconhecer que Tarrasch
contava com um histórico muito superior, pois havia vencido os importantíssimos torneios de
Nuremberg, 1888; Breslau, 1889; Manchester, 1890; Dresden, 1892 e Leipzig, 1894, além disso,
recusou o match com Steinitz para não prejudicar sua carreira de médico, que exerceu primeiro
em Nuremberg e depois em Munich. Verdade que não venceu o match contra Tchigorin em
1893, mas devemos reconhecer que seu rival tinha autêntica categoria de Campeão Mundial,
ainda que jamais houvesse sustentado o título. Depois do surgimento de Lasker no cenário
internacional, havia sido superado pelo Campeão Mundial em Hastings, 1895, e Nuremberg,
1896, mas nos encontros particulares estavam empatados, pois havia ganhado na primeira
ocasião, perdendo a segunda. Mais tarde obteve um triunfo impressionante no grande Torneio de
Viena, 1898, onde participaram em 2 turnos, os melhores enxadristas, com exceção do Campeão
Mundial, e outro não menos notório, o Torneio de Monte Carlo, 1903.

Em 1905, enfrentou Marshall em Nuremberg, que havia vencido no ano anterior,


superando Lasker e todos os grandes da época, em Cambridge-Springs, derrotando-o pelo

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avassalador resultado de +8-1=8, com o que voltou a sentir-se o mais forte enxadrista do mundo,
segundo o que manifestou: Após minha última e maior atuação, não vejo motivos para
reconhecer alguém superior a mim no mundo enxadrístico. Seguramente foi mais difícil vencer o
jovem Marshall, novo gênio americano em ascensão, que ao velho Steinitz. Estou disposto a
jogar com Lasker sob condições iguais, mas não vou desafia-lo, isto o faz somente quem não é
famoso e conquistou poucos títulos”.

A estas palavras Lasker enfrentou Marshall, vencendo por um placar superior ao


obtido por Tarrasch, com o qual a rivalidade aumentou ainda mais. A comissão organizadora do
Campeonato Mundial fez com que ambos fizessem as pazes, concordando Lasker em celebrar
um encontro prévio, afirmando não sentir rancor de seu rival. Quando Tarrasch aproximou-se de
Lasker, disse-lhe com rosto carrancudo: A você, doutor Lasker, só tenho que dizer-lhe duas
palavras: xeque mate!

O vencedor do match seria aquele que primeiro conseguisse oito vitórias e realizou-
se em Düsseldorf (onde foram jogadas as quatro primeiras partidas) e Munich (as restantes), e
resultou numa amarga derrota para Tarrasch, pois poucas vezes não cumpriu o que prometeu, já
que venceu somente três partidas, enquanto foi derrotado em oito, com cinco empates.

Após esta derrota, Tarrasch participou de torneios até 1928, e ainda que produzindo
notáveis partidas, não venceu torneios importantes. Em 1911 enfrentou Schlechter em um
emocionante encontro, em Colônia, com o qual empatou em +3-3=10; em 1916, derrotou
Mieses, em Berlim, por +7-2=4, e neste mesmo ano, voltou a enfrentar Lasker em um match
amistoso, em benefício às vítimas da Guerra, e o resultado foi mais adverso que o anterior,
perdendo por
+0-5=1.
Deve-se reconhecer que Tarrasch, apesar de ter sido um dos mais notáveis
enxadristas de todos os tempos, teve o triplo azar de não enfrentar Steinitz, não enfrentar Lasker
em sua melhor fase (que foi no final do século), e haver coincidido sua carreira com a de um dos
maiores gênios de toda a história do xadrez.

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Lasker x Tarrasch
Düsseldorf e Munich, 17Ago - 30Set1908

1 2 3 4 5 6 7 8
Lasker 1 1 0 1 1 ½ 1 ½
Tarrasch 0 0 1 0 0 ½ 0 ½

9 10 11 12 13 14 15 16 Tot
Lasker ½ 0 1 0 1 ½ ½ 1 10,5
Tarrasch ½ 1 0 1 0 ½ ½ 0 5,5

Lasker iniciou o match com as Brancas.

ABERTURAS N° DAS PARTIDAS TOTAL %


Francesa 6, 7, 9, 11 4 25,0
Ruy Lopez 1, 2, 3, 4, 5, 8, 10, 12, 14, 16 10 62,5
Tarrasch 13, 15 2 12,5

A SEGUIR:
IX Campeonato Mundial de Xadrez
Lasker x Janowski, 1909

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FINAIS I

3.5. Rei e dois Peões x Rei e dois Peões

É grande o número de empates, mas há posições de ganho instrutivas.

¾Diagrama: d5, e5, Rf5 x a7, b7, Re7


1 ? (1-0)

PLANO
*****
Infiltrar o Rei na 6ª e promover o Peão.
PROCEDIMENTO
*****
a) 1 d6+ Rd8 2 e6 a5 3 Rf6 a4 4 Rf7 a3 5 e7+ Rd7 6 e8D+ (1-0)
b) 1 d6+ Rd8 2 Re6 a5 3 d7 a4 4 Rd6 a3 5 e6 a2 6 e7++ (1-0)

¾Diagrama: a4, b5, Rd3 x a5, Re5, g5


1 ? (1-0)

PLANO
*****
Peão passado defendido ganha com facilidade. O Rei negro não pode sair do quadrado do Peão
branco de b. As Brancas ganham o Peão passado preto e a posição resultante é semelhante ao
final Rei e dois Peões x Rei e Peão, com vitória branca.
PROCEDIMENTO
*****
1 Re3 Re6 2 Re4 Rd6 3 Rf5 (1-0)

¾Diagrama: a4, f4, Rc4 x c5, f5, Rd6


1 ? (1-0)

PLANO
*****
Sacrificar o Peão passado branco, para capturar os outros do inimigo, chegando a um final
vencedor de Rei e Peão x Rei.
PROCEDIMENTO
*****
1 a5 Rc6 2 a6 Rb6 3 a7 Ra7 4 Rc5 Rb7 5 Rd6 Rc8 6 Re6 Rd8 7 Rf5 Re7 8 Rg6 (1-0)

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¾Diagrama: b4, d4, Rh4 x c6, d6, Rh6


1 ? (1-0)

PLANO
*****
Forçar um Peão passado.
PROCEDIMENTO
*****
1 d5! cd5 2 b5 (1-0)

¾Diagrama: b4, d4, Rh4 x c6, d6, Rh6


1 ... ? (1-0)

PLANO
*****
Impedir a formação do Peão passado.
PROCEDIMENTO
*****
1 ... d5! (=)

¾Diagrama: b3, c4, Re3 x b4, c5, Re6


1 ? (1-0)

PLANO
*****
Manter a oposição e tomar o Peão bloqueador.
PROCEDIMENTO
*****
1 Re4
Oposição vertical.
1 ... Rd6 2 Rf5 Rd7 3 Re5 Rc6 4 Re6
Oposição horizontal.
4 ... Rc7 5 Rd5 Rb6 6 Rd6 (1-0)
Obtendo oposição horizontal, ganhando o Peão e o final.

¾Diagrama: b3, c4, Re3 x b4, c5, Re6


1 ... ? (=)

PLANO
*****
O Peão c4 está defendido, logo, as Negras conseguem apenas o empate.
Observe que no caso anterior, o Peão negro de c não tinha a proteção de outro Peão.
PROCEDIMENTO
*****
1 ... Re5 2 Rd3 Rf4 3 Rd2!!
Contra qualquer lance negro as Brancas ganham a oposição e empatam.
a) 3 ... Re4 4 Re2! Rd4 5 Rd2 (=)
b) 3 ... Rf3 4 Rd3 (=)

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¾Diagrama: b4, h4, Rd2 x b5, h5, Re8


1 ? (1-0)

PLANO
*****
Ganhar a oposição e capturar o Peão b.
PROCEDIMENTO
*****
1 Re2!
Oposição distante (Rei na mesma coluna do Rei inimigo e separado por um número ímpar de
casas).
1 ... Rd7 2 Rd3!
Oposição distante.
2 ... Re7 3 Re3
Repete-se a manobra.
3 ... Re6 4 Re4
Agora o ganho é fácil.
4 ... Rd6 5 Rd4 Rc6 6 Re5 Rc7 7 Rd5 Rb6 8 Rd6 Rb7 9 Rc5 Ra6 10 Rc6 (1-0)
E se 1 ... Rd8?
*****
2 Rf3 Re7
Evitando Rf4 e Rg5.
3 Re3! (1-0)
E repete-se a variante principal.

A SEGUIR:
3.6. Rei e três Peões x Rei e dois Peões

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TÁTICA I

4. ATAQUE DUPLO DE CAVALO NO REI E A DAMA

O salto do Cavalo torna-se perigoso quando permite atacar 2 peças ao mesmo tempo,
como o Rei e a Dama. Uma delas se livra (no caso o Rei), mas a outra...

¾Diagrama: a3, b2, c3, e3, f2, g3, h2, Bc4, Td2, Te1, Cf3, Rg1, Dh4 x a7, b6, c5, f7, g7, h6,
Tb8, Dc6, Bd8, Re8, Cf6, Th8

1 Bf7+ Rf7?
Por que interroga? O que você jogaria de Brancas?
*****
Porque coloca o Rei e a Dama na casa conjugada do Cavalo em e5.
2 Ce5+ (1-0)

¾Diagrama: Dd1, Td3, Ce4, f3, g4, Rh3, h4 x Db7, Bd6, Td8, e5, e7, Rf7
1?

Que plano você seguiria nesta posição?


*****
Dama e Rei estão na casa conjugada do Cavalo em d6. Após uma série de trocas deve-se chegar
a um final com peça a mais.
PROCEDIMENTO
*****
1 Td6 ed6 2 Dd6 Td6 3 Cd6+ (1-0)

¾Diagrama: Bd3, Ce5, Rf6, g4 x Db8, c7, Re8


1 ? (1-0)

PLANO
*****
Atrair o monarca negro para f8 ou d8, ambas casas conjugadas ao ataque de Cavalo ao Rei e à
Dama vencendo pelo Peão passado.
PROCEDIMENTO
*****
1 Bg6+ Rd8 2 Cc6+ (1-0)
Se 1 ... Rf8 2 Cd7+ (1-0)

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¾Diagrama: a3, b4, c5, e4, f4, g7, Re3, Df3, Cf5 x a7, b6, c7, Ce6, Re8, Dg6, Th5
1 ? (1-0)

PLANO
*****
Atrair a Dama e Rei para h5 e e6 respectivamente para executar o duplo.
PROCEDIMENTO
*****
1 Dh5! Dh5
E se 1 ... Df7 ?
*****
2 g8D+ (1-0)
2 g8D+ Rd7 3 De6+! Re6 4 Cg7+ R joga 5 Cg7 (1-0)

A SEGUIR:
5. Ataque duplo de Peão (Garfo)

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OS GRANDES MESTRES DO TABULEIRO

2.3. Partida nº 3

New York, 1857


Gambito Falkbeer
Schulten x Morphy

1 e4 e5 2 f4 d5 3 ed5 e4 4 Cc3 Cf6 5 d3 Bb4 6 Bd2 e3!


O sacrifício de Peão com objetivo posicional. Morphy, após reconhecer que em situações
abertas, antes de tudo deve-se apressar o desenvolvimento, ainda teve que ir mais longe, ou seja,
convencer-se da necessidade de criar uma posição mais aberta possível quando se tem vantagem
em desenvolvimento, trocando Peões, quebrando a cadeia de Peões inimigos e, como última
conseqüência, se conveniente, sacrifícios, afim de obter mais colunas abertas para suas peças.
Neste caso, Morphy sacrificou seu Peão e para obter mais rápido a coluna e do que seu rival.
7 Be3 0-0 8 Bd2 Bc3 9 bc3 Te8+ 10 Be2 Bg4 11 c4
Neste e no próximo lance, as Brancas não deveriam segurar, tão temerosas, a maioria de Peões.
11 ... c6
Abrindo o jogo, pois está mais bem desenvolvido.
12 dc6 Cc6 13 Rf1 Te2! 14 Ce2 Cd4 15 Db1 Be2+ 16 Rf2 Cg4+ 17 Rg1
Mate em 7.
*****
17 ... Cf6+ 18 gf3 Dd4+ 19 Rg2 Df2+ 20 Rh3 Df3+ 21 Rh4 Ch6 22 Dg1 Cf5+ 23 Rg5 Dh5++
(0-1)

A SEGUIR:
2.4. Partida nº 4
New York, 1857
Partida Francesa
Morphy x Meek

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EXERCÍCIOS

¾Diagrama 9.1
a3, b4, e3, f2, h2, Ba5, Td3, Be2, Rg1 x a7, d6, e5, f6, f7, Ba6, Ta8, Cb8, Re7
V. Vukovic
1?

Após 1 Td2 Be2 2 Td2 Cc6 as Brancas ficam em leve inferioridade. Por isso e com o desejo de
conservar o par de Bispos, jogaram:
1 Bf3?
Calculando que uma vez eliminadas as Torres, a posição estaria mais ou menos equilibrada. Mas
as Negras encontraram um belo lance intermediário:
1 ... e4!!
Cujo objetivo é difícil descobrir. Seguiu:
2 Be4 Cc6!
E agora é mais fácil compreender este segundo lance intermediário. O que contestariam as
Negras se 3 Bc6 ?
*****
3 Tg8+ (xeque intermediário) seguido de 4 ... Bd3.
Continuando:
3 Tc3
Ou 3 Td5 Tg8+ 4 Rh1 Bc4 (ou 4 Bg2 Bc4 5 Th5 Be2 6 Tf5 Bd3 e 7 ... Be4) 5 Th5 d5! 6 Bd5
Ca5.
3 ... Tg8+ 4 Rh1 Ca5 5 Tc7+ Re6 6 Ta7
Com esta manobra, as Brancas atacam 2 peças e chegariam a salvar-se as Negras se não tivessem
efetuado oportunamente 1 ... e4!!
O que você jogaria de Negras?
*****
6 ... Cb3 7 Ta6 Cc5
Ficando as Negras com uma peça de vantagem.

¾Diagrama 9.2
a2, e3, f2, g2, h2, Cb5, Tc1, Tc2, De2, Rg1 x a7, c3, f7, g7, h7, Db6, Tc5, Cd5, Td8, Rg8
Moscou, 1914
Bernstein x Capablanca
1?

As Brancas acreditaram que o Peão e poderia ser capturado impunemente:


1 Cc3
Observe que são inócuas as Torres negras dobradas em c: 1 ... Tdc8 2 Cd1
Seguiu:
1 ... Cc3 2 Tc3 Tc3 3 Tc3
E se 3 ... Db1+ ?
*****
4 Df1, evitando 4 ... Td1 por 5 Tc8+
Mas a análise citada é superficial, pois as Negras ganham. Como?
*****
3 ... Db2! 4 Tc2 Db1+ 5 Df1 Dc2 (0-1)

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BIBLIOGRAFIA

• LOS CAMPEONATOS DEL MUNDO - DE STEINITZ A ALEKHINE


Pablo Moran, Ediciones Martinez Roca, S.A., Barcelona - Espanha
Págs. 24-26 e 119-127

• XADREZ BÁSICO
Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini, Edições Ouro, São Paulo - Brasil
Págs. 124-127 e 209-210

• LOS GRANDES MAESTROS DEL TABLERO


Ricardo Reti, Club de Ajedrez
Págs. 27-28

• TÁCTICA MODERNA EN AJEDREZ - Tomo I


Ludeck Pachman, Colecion Escaques, Martinez Roca,
Barcelona - Espanha
Pág. 24-25

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Onde os Reis se encontram
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TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO

Apostila 10

Prof. Francisco Teodorico Pires de Souza


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OS CAMPEONATOS DO MUNDO

IX CAMPEONATO MUNDIAL DE XADREZ


Lasker x Janowski, 1909

No ano seguinte ao que derrotou Tarrasch, Lasker participou do Torneio de


San Petesburgo, empatando em 1° lugar com Rubinstein, de quem perdeu neste
torneio. Se alguma crítica pode ser feita a Lasker como Campeão Mundial, é de não ter
dado oportunidade a Rubinstein nesta época ou em 1912, já que ganhou de forma
impressionante os torneios de Vilna, San Sebastian, Breslau (com Duras) e Pistyan.

Em fins de 1909, David Janowski (Walkowisk - Polônia, 1868 * Hyeres -


França, 1927), um jogador de origem judia que havia migrado em sua juventude para a
França, teve sua oportunidade graças a seu protetor Nardus, grande amante do xadrez
e do jogo brilhante, ao estilo de Morphy, que era o que praticava Janowski.

Janowski foi muito temperamental, que amava o risco e odiava o empate.


Sempre buscava a vitória o que muitas vezes lhe custou a partida. Seu estilo era
veemente e suas combinações harmoniosas; desprezava o final, pois afirmava que
uma partida bem jogada terminava no Meio Jogo. Tinha obsessão pelo ataque direto e
pela conservação do Bispo do Rei, que era para ele "a alma de seu jogo”. Chegou a
derrotar em belas partidas os melhores de seu tempo, como Steinitz, Tarrasch,
Pillsbury, Rubinstein, Schlechter, Marshall, Capablanca, Alekhine.

Sua carreira enxadrística foi longa e obteve importantes triunfos como suas
vitórias nos torneios: Montecarlo, 1901; Hannover, 1902 e Barmen, 1905 (com
Maroczy). Em matches venceu: Winawer, Viena, 1896, por +5-2=0; Walbrodt, Berlim,
1897, por +4-2=2; Showalter, New York, 1899, por +7-2=4; Marshall, Paris, 1905, por
+5-8=4,etc.

Após a derrota diante de Marshall, em 07Mar1905 escreveu uma carta a


este que foi publicada em La Strategie que dizia: "Senhor Marshall. Estimo que o
resultado de nosso match está longe de ter demonstrado nossas forças, pois na
maioria das partidas deixei escapar algumas vezes a vitória e outras, o empate, pelo
que estou convencido que poderia ter vencido facilmente. Tenho, pois a honra de
desafiar-lhe a um novo match de revanche com as seguintes condições: vencerá quem
ganhe, primeiro, dez partidas, os empates não contam. Eu ofereço a vantagem de
quatro partidas, ou seja, minhas quatro primeiras vitórias não contam...”.

Pouco antes de disputar o título mundial, havia enfrentado Lasker em um


amistoso de quatro partidas, finalizado com duas vitórias para cada lado, o que
incentivou o patrocínio de Nardus. Após o confronto-mor, Janowski decepcionou-se,
pois o estilo metódico de Lasker se impôs facilmente no encontro de dez partidas.
Apesar do título ter se confirmado na sétima partida, eles jogaram as três restantes.

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Lasker x Janowski
Paris, 19Out - 09Nov1909

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 TOT
Lasker ½ 1 1 1 1 0 1 ½ 1 1 8,0
Janowski ½ 0 0 0 0 1 0 ½ 0 0 2,0
Lasker iniciou o match com as Brancas.

ABERTURAS N° DAS TOTAL %


PARTIDAS
Quatro 2,4,6,8 4 40
Cavalos
Ruy Lopez 1,3,5,7,9 5 50
Siciliana 10 1 10

A SEGUIR:
X Campeonato Mundial de Xadrez
Lasker x Schlechter, 1910

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FINAIS I

3.6. Rei e três Peões x Rei e dois Peões

É mais fácil ganhar com três Peões contra dois Peões do que com dois
Peões contra Peão. Geralmente reduz-se aos casos anteriores.

¾Diagrama: f5, g5, h5, Re5 x g7, h7, Re7


(1-0)

As Brancas ganham com ou sem o lance!

a) Jogando o Negro
PLANO
*****
Formar um Peão passado, apoiando seu avanço com o Rei.
PROCEDIMENTO
*****
a.1) 1 ... Rf7 2 g6+ Rg8 3 Re6 Rh8 4 Rf7 hg6 5 h6! gh6 6 fg6 (1-0)
a.2) 1 ... g6 2 hg6 hg6 3 f6+ Re8 4 Re6 (1-0)

b) Jogando o Branco
PLANO
*****
Manobrar através da triangulação para infiltrar o Rei em f7 apoiando o avanço do Peão.
PROCEDIMENTO
*****
1 g6 h6 2 Re4 Rf6 3 Rf4 Re7 4 Re5 Re8 5 Re6 Rf8 6 Rd7 Rg8 7 Re7 Rh8 8 f6 gf6 9
Rf7 (1-0)
As Brancas dão mate em dois.

¾Diagrama: a3, b4, c5, Rd5 x a6, b5, Rd7


1? (1-0)

PLANO
*****
Valorizar o Peão passado, infiltrar o Rei em b6 e tomar os Peões inimigos.
PROCEDIMENTO
*****
1 c6+ Rc7 2 Rc5 Rc8 3 Rb6 Rb8 4 Ra6 Rc7 5 Rb5 (1-0)

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¾Diagrama: a2, b2, c2, Rg2 x Rb7, g7, h7


1? (1-0)

PLANO
*****
Avançar os Peões em linha e segurar os Peões negros com o Rei.
PROCEDIMENTO
*****
1 a4 h5 2 b4 g5 3 c4 h4 4 Rh3 Rb6 5 a5+ Ra6 6 c5 Rb5 7 Rg4
Forçando o Rei negro a abandonar sua posição.
7 ... Ra6 8 c6 Ra7 9 b5 Rb8 10 b6 Rc8 11 a6 Rb8 12 c7+ Rc8 13 a7 Rb7 14 a8D+
Ra8 15 c8D++ (1-0)

¾Diagrama: a4, b3, g4, Rc3 x a5, g5, Rc5


1? (+-)

PLANO
*****
Formar um Peão passado.
PROCEDIMENTO
*****
1 b4+! ab4+ 2 Rb3 R move 3 Rb4 (1-0)
Observe que se 1 Rc2? Rc6 (1...Rb4 2 Rb2 Rc5 3 Rc3, ganhando como na linha
principal) 2 Rd3 Rd5 (=)

¾Diagrama: a2, b3, h4, Rg3 x b4, f6, Rg6


Kmoch x Scheltinga, Amsterdam, 1936
1 ... ? (=)

Se jogassem as Brancas, a vitória seria fácil com 1 Rf4!


PLANO
*****
Avançar o Rei para apoiar a promoção do Peão do Peão ao mesmo tempo que o
Branco.
PROCEDIMENTO
*****
1 ... Rf5! 2 Rf3 Re5! 3 Rg4!
Analise 3 h5.
*****
3 h5? Rf5, ganhando o Peão.
Continuando a analise principal...
3 ... Re4 4 h5 f5+ 5 Rg3 Re3 6 h6 f4+ (=)

A SEGUIR:
3.7. Rei e três Peões x Rei e três Peões

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TÁTICA I

5. ATAQUE DUPLO DE PEÃO (“GARFO”)

¾Diagrama: a2, f2, Rb1, Bb2, Tc1 x Rb4, Te4, Cg4


1 ? (1-0)

PLANO
*****
Cavalo e Torre estão em posição de garfo.
PROCEDIMENTO
*****
1 f3 (1-0)

¾Diagrama: c3, d2, h3, Tc8, Tc7, Re3 x b6, c5, Dd5, Re5
1 ? (1-0)

PLANO
*****
Atrair a Dama para c5, ficando caracterizada a posição de garfo com o Rei.
PROCEDIMENTO
*****
1 Tc5! bc5 2 Tc5! Dc5 3 d4+ Rd5 4 dc5 Rc5 5 h4 (1-0)
As Brancas promovem um dos Peões.

¾Diagrama: f5, Rf3, Bh3 x e7, Bb6, Dd7, Rf7


1 ... ?

As Negras esquecem uma particularidade do movimento do Peão e jogam 1 ... e4??,


com o que as Brancas empatam uma partida perdida. Como?
*****
2 fe6 e.p.

¾Diagrama: b4, c5, e5, Db2, Te2, Rf1 x d7, Dc7, Re6, Te7, Ch8
1 ... ?

Outro esquecimento negro: 1 d5??. O que você joga de Brancas?


*****
2 ed6 e.p.+ (1-0)
Ataque simultâneo a quatro peças.

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¾Diagrama: a4, b2, e4, f3, g2, h3, Th6, Re1 x a7, e5, g5, h5, Bb6, Rf4, Th4
1 ? (1-0)

PLANO
*****
Possibilidade de garfo em g3, simplificação na ala Rei e formação de Peão passado na
ala Dama.
PROCEDIMENTO
*****
1 Tb6! ab6 2 Rf2
O que pretende o Branco?
*****
3 g3++(1-0)
Continuando a analise principal...
2 ... g4
Analise 2 ... Th3
*****
Se 2 ... Th3, então 3 gh3 g4 4 hg4 hg4 5 fg4 seguido de b4 e a5, ganhando.
Continuando a analise principal...
3 g3+ Rg5 4 gh4 Rh4 5 hg4 hg4 6 fg4 Rg4 7 Re3 Rg5 8 b4 Rf6 9 a5 ba5 10 ba5 (1-0)

A SEGUIR:
6. Sacrifício de Dama

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OS GRANDES MESTRES DO TABULEIRO

2.4. Partida nº 4

New York, 1857


Partida Francesa
Morphy x Meek

1 e4 e6
Levando em consideração a desvantagem negra da saída, estas deveriam, desde o
começo, entorpecer a ação das Brancas, impedindo-as de abrir o jogo, já que o jogo
aberto favorece sempre quem está melhor desenvolvido. Entre as defesas fechadas, a
Partida Francesa é a mais antiga.
2 d4 c5
O correto é 2 ... d5. Com o lance do texto, as Brancas conseguem preponderância no
centro.
3 d5 e5
De maneira geral, Morphy não jogava partidas fechadas tão bem como as abertas, mas
o lance do texto que é perda de tempo, dá oportunidade de abrir o jogo com vantagem.
4 f4 d6 5 Cf3 Bg4 6 fe5 Bf3
Novamente uma perda de tempo. Antes da troca, as Brancas tem uma peça em f3, as
Negras uma em g4. Após a troca, a peça negra desapareceu, enquanto que a branca,
é substituída por outra.
7 Df3 de5 8 Bb5+ Cd7 9 Cc3 Cf6 10 Bg5 Be7 11 d6!
O sacrifício de Peão típico de Morphy, com a intenção de abrir uma coluna, decide aqui
em seguida.
11 ... Bd6 12 0-0-0 (1-0)
Meek abandona porque perde uma peça.

A SEGUIR:
2.5. Partida nº 5
New Orleans, 1858
Gambito Evans
Morphy x Aficionado
(Uma das seis partidas simultâneas às cegas)

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EXERCÍCIOS

¾Diagrama 10.1
a2, b2, d4, f2, g2, h2, Db3, Tc1, Cc5, Te1, Ce5, Rg1 x a6, b5, e6, f7, g7, h6, Ta8,
Bb7, De7, Cf6, Tf8, Rg8
Simagin x Beylin, 1946

Simagin entrou na combinação:


1 Cg6? fg6 2 Te6 Df7 3 Cb7
Supunha Simagin que recuperava a peça ganhando um Peão (se 3 ... Db7 4 Tf6+).
Sem dúvidas, o cálculo foi superficial, pois esquecia a debilidade de seu Peão f, que
permitiu um decisivo contra-ataque com base no lance intermediário:
3 ... Cd5!
A Dama branca não pode tomar o Cavalo. Por que?
*****
Se 4 Dd5 Df2+, com mate a seguir.
4 Te2 Db7 5 Tc5 Tad8 6 Te5
Reaparece o tema anterior.
6 ... Df7!
Descravando o Cavalo e vencendo rapidamente.

¾Diagrama 10.2
a2, c3, c4, d3, e2, f2, g3, h2, Ta1, Dd2, Be3, Tf1, Cf5, Rg1, Bg2 x a7, b6, c7, d6, e4,
f7, g7, h6, Ta8, Bb7, Cb8, Dd7, Te8, Cf6, Rh7
Hostinsky x Thelen
Brno, 1941

Hostinsky considerara um erro o último lance negro (Dama de d8 para d7) e decide-se
por uma combinação que parecia beneficia-lo:
1 Cg7 Rg7 2 Bh6+ Rh7 3 Dg5 Tg8 4 Df6 Tg6 5 Df4 Th6 6 Be4+ Be4 7 De4+ Rg7 8
Da8
Estes 8 lances, evidentemente forçados foram calculados exatamente. Mas na posição
resultante fica mais latente que Hostinsky não previu: a Dama branca pode ser
desconectada momentaneamente do setor de luta e as Negras podem aproveitar esta
circunstância para iniciar um poderoso contra-ataque baseado no forte lance ... Dh3.
8 ... c6!
E se 9 Db8 ?
*****
O mate é inevitável com 9 ... Dh3
O melhor é continuar com 9 h4 Th8, mas as Brancas, após ... Ca6 teriam que sacrificar
a Dama em troca da Torre inimiga. O material torna-se superior ao Negro, que deve
vencer pela difícil atividade de jogo das Torres brancas.
9 Tfb1 Dh3
Era preferível 9 ... Th8.
O que ameaçam as Negras?
*****
Mate em dois: ... Dh2 e ... Dh1++.
10 e3 Dh2+ 11 Rf1 Tf6! 12 Tb2

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Ou 12 f4 Tg6 e contra 13 ... Tg3 não há defesa.
12 ... Dh1+ 13 Re2 Da1 14 Td2 Dg1 15 f4 Te6 16 e4 Th6 17 Db8
17 ... ? (+-)
*****
17 ... Th2+ 18 Rf3 Td2 (0-1)

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Apostila 10 - Prof. Francisco Teodorico
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BIBLIOGRAFIA

• LOS CAMPEONATOS DEL MUNDO - DE STEINITZ A ALEKHINE


Pablo Moran, Ediciones Martinez Roca, S.A., Barcelona - Espanha
Págs. 27-28 e128-132

• XADREZ BÁSICO
Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini, Edições Ouro, São Paulo - Brasil
Págs. 127-129 e 210-212

• LOS GRANDES MAESTROS DEL TABLERO


Ricardo Reti, Club de Ajedrez
Págs. 28-29

• TÁCTICA MODERNA EN AJEDREZ - Tomo I


Ludeck Pachman, Colecion Escaques, Martinez Roca,
Barcelona - Espanha
Pág. 25-26

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Página 11
Onde os Reis se encontram
academiadexadrez@bol.com.br
www.geocities.com/academiadexadrez

TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO

Apostila 11

Prof. Francisco Teodorico Pires de Souza


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Apostila 11 - Prof. Francisco Teodorico
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OS CAMPEONATOS DO MUNDO

X CAMPEONATO MUNDIAL DE XADREZ


Lasker x Schlechter, 1910

Até o momento que enfrentou Capablanca, o único match que Lasker não pôde
ganhar foi contra Schlechter, em Viena e Berlim no ano de 1910, que finalizou a +1-1=8, após o
qual Schlechter se denominou Campeão de meio mundo.

Sobre este encontro, que foi dos mais emocionantes de todos os tempos, muito se
escreveu, mas na maioria das vezes, sem suficiente conhecimento de causa, pois as condições do
match eram de que o aspirante deveria vencer por dois pontos de vantagem para proclamar-se
novo Campeão. Isto explica a dramática 10ª partida, onde Schlechter jogou para vencer, pois o
empate não era suficiente. Mas Lasker, com seu característico sangue frio driblou os obstáculos
e acabou vencendo. Talvez soem estranhas as condições do match, mas Lasker fez esta proposta
a Capablanca, pouco depois deste encontro. Naturalmente a proposta não era justa, mas não
podemos esquecer que naquela época, o Título era quase propriedade de quem o possuía e não
existia órgão algum que emitisse normas, como mais tarde o fez a Federação Internacional.
Lasker havia se impressionado terrivelmente com o fim de Steinitz (na miséria) e para evitar que
lhe acontecesse o mesmo, sempre exigiu elevados honorários para sua participação em um
torneio, match ou exibição. Levando isto em consideração podemos, imparcialmente,
compreender a posição de Lasker.

O encontro com Schlechter foi emocionante, mas Lasker não teve muita sorte, pois a
única partida que perdeu (a quinta) lhe era muito favorável, para não dizer completamente ganha.

Antes deste match, ambos haviam se enfrentado em 7 ocasiões, com 3 vitórias de


Lasker, 1 derrota e 3 empates. Em todos os torneios, o Campeão Mundial havia superado seu
rival na classificação final e depois somente se encontraram no Torneio de Berlim, 1918,
vencido por Lasker, onde superou Schlechter em uma partida, empatando a outra. Logo não se
pode negar que a superioridade de Lasker foi sempre visível.

Karl Schlechter (Viena, 1874 - Budapest, 1918), cujo apelido traduzido significava O
Pior, era de origem judia e foi conhecido como o Rei dos Empates, pois do total de partidas que
jogou em torneios e matches empatou uma elevada porcentagem.

Foi um homem extremamente amável e modesto. Diziam que evitava ganhar uma
partida se o adversário ficasse ofendido. Isto não deixa de ser um exagero, mas em 1893,
disputou em Viena um match com Marco, finalizando em 10 partidas empatadas.

A característica de seu jogo era a segurança e acreditava que o importante era não
perder, pois com os empates também se somam pontos valiosos para a classificação em torneios.
Muitos acreditavam que o jogo de Schlechter era inofensivo por excelência, mas, sem dúvida,
isto está longe de ser verdade, já que recebeu prêmios de brilhantismo em várias ocasiões e
produziu em outras partidas, combinações inesquecíveis.

Em torneios sempre se classificou entre os primeiros, vencendo os Torneios a seguir,


entre outros:

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Munich, 1900 com Pillsbury e Maroczy


Coburg, 1904 com Bardeleben e Swiderski
Ostende, 1906
Viena, 1908 com Duras e Maroczy
Praga, 1908 com Duras
Hamburgo, 1910

Seus mais importantes matches, além de Lasker, foram:

Janowski Carlsbad, 1902 +6-1=3


Tarrasch Colonia, 1911 +3-3=10
Rubinstein Berlim, 1918 +1-2=3

Sua morte foi ocasionada por privações sofridas durante a I Guerra Mundial.

Lasker x Schlechter
Viena e Berlim, 07Jan - 10Fev1910

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Tot
Lasker ½ ½ ½ ½ 0 ½ ½ ½ ½ 1 5
Schlechter ½ ½ ½ ½ 1 ½ ½ ½ ½ 0 5

Schlechter começou o match de Brancas.

ABERTURA Nº DAS TOTAL %


S PARTIDAS
Eslava 10 1 10
Ruy Lopez 1, 2, 3, 4, 5, 6, 8 7 70
Siciliana 7, 9 2 20

A SEGUIR:
XI Campeonato Mundial de Xadrez
Lasker x Janowski, 1910

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FINAIS I

3.7. Rei e três Peões x Rei e três Peões

Geralmente terminam em empate, com exceção de clara vantagem posicional para


um dos lados.

¾Diagrama: a5, b5, c5, Rg3 x a7, b7, c7, Rg5


1 ? (1-0)

PLANO
*****
Formar um Peão passado, levando em consideração que os Reis estão afastados.
PROCEDIMENTO
*****
1 b6!
Analise as duas hipóteses lógicas
*****
a) 1 ... cb6 2 a6! bc6 3 c6 (1-0)
b) 1 ... ab6 2 c6 bc6 3 a6 (1-0)
E se jogasse o Negro, qual o resultado?
*****
Empate
PLANO
*****
Evitar o Peão passado.
PROCEDIMENTO
*****
1 ... b6!
Analise 1 ... a6 e 1 ... c6.
*****
a) 1 ... a6? 2 c6! (1-0)
b) 1 ... c6? 2 a6! (1-0)
2 ab6 ab6 3 cb6 cb6 (=)

¾Diagrama: d4, g4, h3, Rg3 x d5, e6, h6, Rg8


1 ... ? (1-0)

1 ... Rg7
PLANO BRANCO
*****
Infiltrar-se em e5, forçar um Peão passado na ala do Rei, para depois sacrifica-lo em troca dos
dois negros centrais. Observe como o Peão d vale por dois.
PROCEDIMENTO
*****
2 Rf4 Rf6 3 h4 Rf7 4 Re5 Re7 5 g5 hg5 6 hg5 Rf7 7 g6+
Manobra típica em finais de Peões: troca de um Peão por dois.

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7 ... Rg6 8 Re6 Rg7 9 Rd5 Rf7 10 Rf6 (1-0)

¾Diagrama: a3, f4, h2, Rc2 x f6, g7, h7, Rg8


Bogoljubow x Fine
Zandvoort, 1936
1 ... ? (=)

PLANO
*****
A priori o Peão a parece ser muito forte por ser passado, mas as Negras sacrificam os Peões da
ala do Rei de maneira a simplificar o final para Rei e Peão x Rei, com Peão de Torre e posição
de empate.
PROCEDIMENTO
*****
1 ... Rf7 2 Rd3 Re6 3 Re4 g6!
Impedindo f5, com vitória branca.
4 Rd4 Rd6 5 Rc4 h6
Ameaçando o que?
*****
6 ... g5 e se 7 fg5, então 7 ... hg5! 8 Rd4 f5, seguido de ... f4, terminando com a esperança de
vitória das Brancas.
Continuando...
*****
6 Rd4 Rc6
Analise 6 ... g5.
*****
6 ... g5? 7 Re4 (1-0)
Continuando...
*****
7 Re4 Rb5 8 Rd5 g5!
O lance do empate.
Continuando...
*****
9 fg5 fg5! 10 Re5 Ra4 11 Rf5 Ra3 12 Rg6 Rb4 13 Rh6 g4! (=)
Observe que o Negro atinge f8.
Analise 4 a4 ao invés de 4 Rd4.
*****
4 a4 Rd6 5 a5 Rc5 6 a6 Rb6 7 Rd5 g5! 8 f5 h5 9 Re6 h4 10 Rf6 g4 11 Re6 g3 12 hg3 hg3 13 f6
g2 14 f7 g1D 15 f8D Ra6 (=)

A SEGUIR:
3.8. Rei e quatro Peões x Rei e três Peões

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TÁTICA I

6. SACRIFÍCIO DE DAMA

São muito freqüentes em ataques ao roque.

¾Diagrama: g3, h4, Ra4, Bc4, De4, Be5 x a7, b7, c6, g5, h6, Rc8, Cd7, Td8, Tf7, Cf8, Dg8
1? (1-0)

PLANO
*****
Desobstruir a diagonal a6-c8, para então se dirigir com o Bispo para a6, dando mate com o par
de Bispos.
PROCEDIMENTO
*****
1 Dc6+ bc6 2 Ba6++(1-0)

¾Diagrama: a2, f2, f5, g7, h2, Bd3, Cf3, Tg1, Tg3, Rh1, Dh6 x a7, b4, c5, e5, h7, Ca5, Bb6,
Dd6, Td8, Tf7, Rg8
Brancas: Anderssen
Torneio de Barmen, 1869
1? Mate

PLANO
*****
Dar mate com a Torre em h8, apoiado pelo Peão g. Para conseguir o objetivo deverão ser feitos
sacrifícios em h7 não esquecendo de obstruir a 6ª horizontal, impedindo que a Dama acuda o
seu monarca.
PROCEDIMENTO
*****
1 Dh7+ Rh7 2 f6+ Rg8 3 Bh7+! Rh7 4 Th3+ Rg8 5 Th8++ (1-0)

¾Diagrama: a4, b2, g3, h4, Db7, Td1, Bf6, Tg5, Rh1 x a5, b6, f7, g4, h5, Dc2, Be6, Te8, Rf8,
Th7
Brancas: Krause
1 ? Mate

PLANO
*****
Atrair o Rei para g8, fazendo com que a Torre e desapareça para dar mate com a Torre
entrando na 8ª horizontal.
PROCEDIMENTO
*****
1 De7+ Te7 2 Td8 Te8 3 Tg8+! Rg8 4 Te8++ (1-0)

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¾Diagrama: a3, d3, g6, h2, Cb4, Te1, Be4, Tg1, Rh1, Dd8 x a7, c6, h5, Cc3, Dc5, Be7, Tf2,
Tf6, Rg7
1 ? Mate

PLANO
*****
Promoção do Peão g a custa de sacrifício de Dama para desobstruir o caminho do mesmo.
quando for novamente obstruído, sacrificar o Bispo em h7, liberando então seu caminho,
quando então o mate será elementar pelo domínio da coluna g.
PROCEDIMENTO
*****
1 Dh8+! Rh8 2 g7+ Rg8 3 Bh7+! Rh7 4 g8D+ Rh6 5 Dh8++(1-0)
Ou Dg7++.

A SEGUIR:
7. Ataques ao Roque
7.1. Ataques na coluna h aberta
(Falta o Peão h)

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OS GRANDES MESTRES DO TABULEIRO

2.5. Partida nº 5

New Orleans, 1858


Gambito Evans
Morphy x Aficionado
(Uma das 6 partidas simultâneas às cegas)

1 e4 e5 2 Cf3 Cc6 3 Bc4


Continuam as Brancas o desenvolvimento, reservando a abertura do jogo a seu desejo, com d4
(após a preparação c3) ou 0-0 (acompanhado de alguns lances de preparação com f4).
3 ... Bc5 4 b4
O Gambito Evans (que levou o nome de seu criador), muito jogado no tempo de Andersen e
Morphy.
As Brancas planejam jogar c3, preparando d4 (quebra do centro negro) e optam por executa-lo
com o ganho de tempo, pois o Bispo (ou Cavalo) após ter tomado o Peão deverá retirar-se por
causa do lance citado.
4 ... Bb4
O Gambito Evans pode ser recusado com 4 ... Bb6. O Peão avançado branco (b4) normalmente
fica débil. O Bispo negro em b6 é muito eficaz.
5 c3 Ba5
Melhor que 5 ... Bc5 por 6 d4, perdendo mais um tempo.
6 d4
A continuação no estilo de gambito. As Brancas colocam às Negras duas alternativas:
a) deixar intacto o centro branco
b) ganhar Peões
No segundo caso, conseguem as Negras excelente vantagem de desenvolvimento pelo jogo
aberto, uma partida ao puro estilo Morphy.
6 ... ed4
Ou 6 ... d6 apoiando o centro e o Peão e5 para, se as Brancas seguirem com 7 de5, simplificar o
jogo.
Com o lance do texto, as Negras fizeram a segunda opção citada no comentário anterior.
7 0-0 dc3 8 Ba3
A vantagem do desenvolvimento das Brancas não é compensada pelos Peões sacrificados.
Aqui deve-se jogar 8 Db3 após o qual devem as Negras seguir com 8 ... Df6 podendo continuar
as Brancas o ataque com 9 e5. Mas as Negras tem à sua disposição ... Ch6, após ter jogado
... Dg6.
8 ... d6 9 Db3 Ch6 10 Cc3 Bc3
Esta troca facilita às Brancas uma posição de ataque.
11 Dc3 0-0 12 Tad1
Para fazer valer sua vantagem em desenvolvimento, as Brancas devem abrir o jogo. O lance de
ataque é e5, mas as Negras o impedem habilmente:
12 ... Cg4 13 h3 Cge5 14 Ce5 Ce5 15 Be2!
A 15 Bb3, com o objetivo de simplificar, as Negras jogam 15 ... Be6. Agora as Brancas
continuam com f4, preparando o jogo aberto. As Negras devem manter o jogo fechado com, por
exemplo ... f6, além de ... Cg6, dominando a casa chave e5, ponto onde as Brancas pretendem
abrir o jogo.

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15 ... f5
As Negras abrem o jogo com a falsa idéia de libertar seus movimentos, mas com isto facilitam o
plano branco. Provavelmente seria mais vantajoso, devido à vantagem material, a linha citada
antes. Observe quantas linhas foram abertas:
a) a coluna e
b) a diagonal a2-g8
c) a diagonal a1-h8, já que não pode ser obstruída por ...f6
Com os lances 17, 18 e 19, note que Morphy se apodera destes três elementos.
16 f4 Cc6 17 Bc4+ Rh8 18 Bb2 De7 19 Tde1 Tf6 20 ef5 Df8
As Brancas tem a oportunidade de decidir a partida mediante uma brilhante combinação. Tente
encontra-la.
*****
21 Te8! De8 22 Df6 De7 23 Dg7+! Dg7 24 f6 Dg2+
Desespero! Se 24 ... Df8, o mate é inevitável. Encontre-o.
*****
25 f7+ Ce5 26 fe5 h5 27 e6+ Rh7 28 Bd3+ Rh6 29 Tf6+ Rg5 30 Tg6+ Rf4 31 Rf2! (1-0)
Continuando a linha principal...
25 Rg2 (1-0)

A SEGUIR:
2.6. Partida nº 6
Paris, 1858
Defesa Philidor
Morphy x Duque de Brunschwig e Conde Isouard

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EXERCÍCIOS

¾Diagrama 11.1
a2, c3, d4, f2, g2, h2, Tb5, Td1, Bd3, Dd2, Cf3, Bf4, Rg1 x a7, b6, e6, f7, g7, h7, Ca5, Bb7,
Tc8, Dd8, Be7, Tf8, Rg8
Pachman x Neikirch
Torneio Interzonal, 1958

O ataque a h7 parece uma continuação natural.


1 Cg5
Pachman usou quase 45 minutos de reflexão.
Neikirch dispõe da forte defesa 1 ... h6, e a continuação 2 Ch7 não é satisfatória, já que as
Negras não responderiam 2 ... Te8 que permite o forte lance 3 Dg4, mas ofereceriam qualidade
em troca de um Peão e um importante tempo para obter contra-jogo: 2 ... Tc3! 3 Cf8 Bf8.
Mas antes de se decidir por 1 Cg5, Pachman teve de calcular a seguinte combinação: 1 ... h6 2
Ce6 fe6 3 De6+ Tf7 (3 ... Rh8 4 Dg6) 4 Bg6, e as Negras tem 2 linhas de defesa:

a) 4 ... De8 5 Te1!


Qual a ameaça?
*****
Ganhar qualidade: 6 Bf7+ Df7 7 De7 Df4
5 ... Te6 6 Bf7+ Df7 7 De7 Df4 8 Ta5 Tf6
Qual a ameaça?
*****
Mate em 3: 9 ... Df2+ 10 Rh1 Df1+ 11 Tf1 Tf1++
9 f3 Tg6
Qual a ameaça?
*****
Explorar o Peão g cravado: 10 ... Df3, com ameaça de mate.
10 Db7 Dd2
Qual a ameaça?
*****
11 ... Dg2++
11 Te8+ Rh7 12 g3, etc.

b) 4 ... Df8!
E as Brancas podem escolher entre duas respostas:

b.1) 5 Bh6 Tc6


E se 5 ... gh6 ?
*****
6 Tf5, etc.
6 Df7+ Df7 7 Bf7 Rf7 8 Bd2
Com vantagem material, mas com contra-jogo para as Negras após 8 ... Tg6.

b.2) 5 d5
Com boas perspectivas de ataque.
Mas a partida seguiu assim:

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1 … Bg5 2 Bg5 Dd3 3 Bf6! Df4 4 De5 Dg5 5 f4 De2 6 Bh7+ Rh7 7 Dh5+ Rg8 8 Bg7 f5
Desligando Torre e Dama.
Por que não 8 ... Rg7 ?
*****
Por 9 Tg5+, etc.
9 Be5
Qual a ameaça ?
*****
10 Dg6+ seguido de mate.
9 ... Cc4?? 10 Dg6+ (1-0)

¾Diagrama 11.2
b4, f3, g2, h2, Ta1, Bb3, Dc1, Te1, Rh1 x b5, c7, d4, f4, f7, h7, Bc3, Dc6, Cd6, Rf8, Th8
Alekhine x Rohacek
Munich, 1914

Alekhine seguiu com 1 Df4! após analisar as 4 linhas negras: 1 ... Ba1, 1 ... Be1, 1 ... Cc4, 1 ...
d3. Faça o mesmo.

a) 1 ... Ba1
*****
2 Df6 Tg8
E se 2 ... Rg8 ?
*****
3 Bf7+ Cf7 4 Dc6 (1-0)
3 Bf7! (1-0)
As Negras não tem defesa suficiente contra o lance seguinte de Bispo branco.

b) 1 ... Be1
Funcionaria agora a manobra 2 Df6 ?
*****
Não por 2 ... Tg8 3 Bf7 Bh4!
Analise 2 Te1.
*****
As Negras conseguem boas possibilidades de defesa: 2 ... Cc4! 3 Dd4 Tg8
Mas as Brancas tem linha de vitória. Encontre-a.
*****
2 Dh6+ Rg8
E agora não se deve seguir com 3 Te1 por causa de 3 ... Dc3, mas com:
3 Tc1!
Se as Negras contestam com o lógico 3 ... Bc3 o que joga o Branco ?
*****
4 Dg5+ Rf8 (1-0), vide variante a).
Continuando:
*****
3 ... Dd7 4 Tc5 Cf5 5 Dg5+ Cg7 6 Td5 (1-0)

c) 1 ... Cc4

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Evitando a infiltração da Dama na 6ª horizontal e limitando ao mesmo tempo a atividade do
Bispo b3.
*****
2 Bc4 bc4 3 De5! Tg8 4 b5! Db7 5 Dc5+ Rg7 6 Dg5+ Rg8 7 Dh6+ Tg7 8 Da6! (1-0)
d) 1 ... d3
*****
2 Tec1 d2 3 Tc2 Da6 4 Td1 Bg7 5 Tc7 (1-0)
Obs.: Esta foi a continuação que seguiu a partida.

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BIBLIOGRAFIA

• LOS CAMPEONATOS DEL MUNDO - DE STEINITZ A ALEKHINE


Pablo Moran, Ediciones Martinez Roca, S.A., Barcelona - Espanha
Págs. 28-29 e 133-138

• XADREZ BÁSICO
Dr. Orfeu Gilberto D'Agostini, Edições Ouro, São Paulo - Brasil
Págs. 129-131 e 212-213

• LOS GRANDES MAESTROS DEL TABLERO


Ricardo Reti, Club de Ajedrez
Págs. 29-31

• TÁCTICA MODERNA EN AJEDREZ - Tomo I


Ludeck Pachman, Colecion Escaques, Martinez Roca,
Barcelona - Espanha
Pág. 27-29

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Onde os Reis se encontram
academiadexadrez@bol.com.br
www.geocities.com/academiadexadrez

TREINO TÉCNICO PARA COMPETIÇÃO

Apostila 12

Prof. Francisco Teodorico Pires de Souza


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OS CAMPEONATOS DO MUNDO

XI CAMPEONATO MUNDIAL DE XADREZ


Lasker x Janowski, 1910

Em fins de 1910, para reabilitar-se diante da aficção mundial, Lasker não exitou em
colocar novamente seu Título em jogo, oferecendo a Janowski uma nova oportunidade em
Berlim.

O combinado era que o primeiro que vencesse 8 partidas seria o Campeão. Mas este
match não foi interessante, pois o Campeão impôs-se mais facilmente que na vez anterior,
finalizando o encontro com +8-0=3.

Após esta 2ª tentativa, Janowski começou a declinar, e ainda que continuasse a jogar,
somente voltou a conquistar o 1º lugar no Torneio de Atlantic City, 1912.

Em matches seus resultados foram:

Jaffé New York +5-4=4


Jaffé New York +10-4=4
Showalter Lexington, 1916 +7-2=2
Marshall Biarritz, 1912 +2-6=2
Marshall New York, 1918 +5-7=10

Ao estourar a I Guerra Mundial, se encontrava participando do Torneio de


Mannheim, 1914, que foi interrompido e os participantes dos países inimigos da Alemanha
ficaram presos, entre eles Alekhine (URSS). Janowski chegou a passar pela Suíça e mudar-se
para os E.U.A., onde permaneceu durante vários anos participando de numerosos torneios, mas
com poucos êxitos. Em 1925 voltou à França e jogou importantes torneios do Velho Continente,
mas sua saúde era precária, o que fez sua força decair notavelmente, ainda que tenha obtido
prêmio de beleza pela vitória diante de Sämisch no Torneio de Marienbad, 1925.

Em 14Jan1927, morreu de tuberculose em Hyeres, quando se dispunha a participar


de um pequeno torneio local.

Janowski foi um autêntico boêmio, dedicando-se exclusivamente ao xadrez, e ainda


que não tenha escrito livros, foi autor de numerosos artigos em diversos jornais e revistas,
destacando a magnífica seção que redigiu para Le Monde Ilustré, de 1902 a 1908. Conta-se que
tudo o que ganhava com seu talento enxadrístico perdia na roleta e outros jogos de azar.

Conta-se também que um dia, cansado de jogar com seu mecenas Nardus, lhe disse:
de todos os maus jogadores que conheci, nenhum é tão ruim quanto você. Foi então que
finalizou a proteção que lhe havia permitido disputar o Título M