surgiu um novo tipo de trabalhador rural, o colono. Este, a princípio livre para abandonar a terra em que trabalhava, perdeu essa liberdade em 332, com o decreto de Constantino, que fixou o trabalhador na terra. Em caso de fuga, estava sujeito a ser acorrentado como os escravos. No tempo de Valentiniano I (364 - 375), foi formalmente proibida a venda do escravo separadamente da terra em que ele trabalhava, tornando a terra e o escravo indissociáveis, e os trabalhadores livres se tornam servos. Ficaram, desse modo, impedidos de abandonar a terra e, ao mesmo tempo, protegidos de serem despojados dela.
O mesmo fenômeno repetiu-se nas cidades. A fim de evitar o abandono do
trabalho e garantir a regularidade no exercício de certos ofícios, os artesãos foram reunidos em corporações (collegia), e tornou-se obrigatório o filho seguir a profissão do pai, criando-se um regime característico de castas.
Em suma, para fazer a economia funcionar e atender às necessidades
mínimas de consumo da sociedade e pagar os impostos, o Estado restringiu drasticamente a liberdade de todos e ampliou o seu quadro de funcionários, aumentando consideravelmente a burocracia. A despesa que disso resultava elevou os custos de manutenção do Estado a níveis superiores à sua capacidade. A longo prazo, a reorganização do Império em bases materiais tão debilitadas não poderia ter outro resultado senão o de enfraquecer o próprio Estado, tornando-o cada vez mais vulnerável aos ataques externos.
7. A ruralização da economia. O esforço de recuperação econômica feito
pelo Dominato teve o mérito de manter o Império de pé por mais de duzentos anos ainda. Contudo, desde o século III a ruralização da economia tornou-se irreversível, reforçada pela consolidação das grandes propriedades, pertencentes à nobreza senatorial. Chamados agora de Claríssimos, os membros da nobreza senatorial eram os únicos que se fortaleciam com a crise, pois a terra era a única riqueza que restara. Para as grandes propriedades, denominadas villas, convergiam fugitivos, escravos ou homens livres, em busca de proteção, fugindo dos coletores de impostos. O poder e a autoridade dos Claríssimos cresciam na mesma proporção em que o poder do Estado diminuía e eram forte o bastante para não prestar contas às autoridades municipais e, muitas vezes, ignorava os próprios governos provinciais. E seu poder crescia ainda mais devido ao grande número de fugitivos que se tornavam seus colonos, esta prática tinha o nome de patrocínio. Por esse meio, um número cada vez maior de pessoas era subtraído à autoridade do Dominato, motivando as tensões entre o Estado e os Claríssimos. A partir de 360, decretos imperiais proibiram o patrocínio, e camponeses e grandes proprietários chegaram a ser punidos. Mas a força descentralizadora dos grandes proprietários contribuía para reduzir o Estado à completa impotência, levando ao fim do Império.