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Pierre Rosanvallon, em sua conferência sobre desconfiança e democracia discorre sobre o

antagonismo entre democracia e contra democracia ao longo da história, explicando, dessa


forma a desconfiança - presente no tema de seu discurso. Exemplifica com o dualismo
institucional (democracia na Grécia), que inspirou algumas constituições modernas e
sobretudo com a dualidade eleitoral (eleição dos governantes e fiscalizadores destes –
Conselho de Censores). No entanto, a instituição supracitada não sobreviveu nos tempos
atuais, pois não pode ser eleita da mesma forma que os governantes, uma vez que corre-se o
risco de o Conselho repetir e/ou consentir o comportamento verificado no parlamento.

Foi demonstrado também que liberdade antigamente tinha a ver com a liberdade de destituir
o tirano, denominado tiranicídio, e reconhecido como direito legítimo.

Foi realizada também uma reflexão sobre a divisão do poder: poderes positivos x poderes
negativos. Nela, foi sugerido um “Éforo Moderno” (colégio eleito anualmente que possuía
amplos poderes no governo espartano) seguido da autonomia dos poderes clássicos
(Legislativo, Executivo e Judiciário).

Pierre Rosanvallon explicitou esse fenômeno em instrumentos que objetivam justiça e


representatividade, tais como o processo, a eleição e o sufrágio universal. Segundo ele, no
processo é evidenciada a obrigação de oposição entre argumentos da defesa e acusação; a
eleição, uma espécie de unificação de argumentos; o sufrágio universal, unificação das razões
de forma quantitativa e aritmética.

Pierre cita também os novos movimentos sociais não são só de representação, mas de
denúncia, munidos inclusive de novos métodos como a internet, que é um espaço de
manifestação de opiniões plurais, logo contribui com a atuação da sociedade na política,
sobretudo sua organização em prol de uma causa. Essa é uma das formas de vigilância da
sociedade em um sistema representativo.

Foi discutido também o fato de a democracia contemporânea possuir uma conotação de


sanção ao invés de escolha (nova perspectiva de democracia).Nas nossas democracias o
cidadão é livre quando exerce soberania e não somente quando vai às urnas. Hoje existe uma
tendência das discussões fora do parlamento.

Foi analisada também a questão da contrademocracia- quanto mais esta evolui, mais se torna
ameaçada, pois ocorre a disseminação de todo esse controle. Discute-se a possibilidade da
democracia estar se tornando progressivamente ''apolítica''.

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