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INTERNETS – publicada no caderno Folhateen da Folha de São Paulo, em 13/12/2010

RONALDO LEMOS - ronaldolemos09@gmail.com

Reação ao WikiLeaks põe internet em risco


SÓ SE FALA em WikiLeaks. Faz sentido. O assunto é fascinante e cheio de paradoxos. O site virou
emblema das "novas mídias". Mas, sem o apoio da "velha mídia", sua importância seria muito
menor.

É curioso ver como os jornais ficam orgulhosos em fazer parceria com o site. Na semana passada,
"O Globo" colocava na capa que havia se tornado "um dos sete jornais a publicar o conteúdo do
WikiLeaks".

Com isso, o site virou um divisor de águas: há os jornais que estão com ele e os que não estão. É
um exercício de poder extraordinário: chamou toda a imprensa a tomar posição e tornou-se
impossível ignorá-lo.

Muita gente tem falado que o site mostra como a internet é "incontrolável". Minha visão é diferente.
A reação ao WikiLeaks periga acelerar a transformação da internet de rede aberta em rede fechada e
controlável. As forças para que isso aconteça ficaram muito mais fortes depois dos vazamentos.

Vale lembrar que todos os endereços da internet são controlados por uma entidade norte-americana
chamada ICANN. Até agora, ela tem mantido uma posição de neutralidade, dizendo que não
intervirá.

O problema é que a ICANN é ligada ao Departamento de Comércio dos EUA. Se a coisa apertar, é
fácil para o governo americano exercer sua influência.

Além disso, leis cabulosas para controlar a internet estão vindo por aí. Um exemplo é o projeto
COICA, que avança rápido. Sob o pretexto de evitar violações dos direitos autorais, ele dá poderes
ao governo americano de retirar qualquer site do ar, sem aviso prévio.

Mesmo sites fora dos EUA (como os sites brasileiros que terminam em ".com.br", ".org.br",
".net.br" e assim por diante) ficariam sujeitos à lei americana.

Sob o pretexto de proteger direitos autorais, o governo americano passaria a ter controle total sobre
a rede

O WikiLeaks veio mudar a regra do jogo. Mas a reação a ele pode acabar mudando a internet para
pior.

Já era
Games falando apenas de temas de ficção

Já é
Games sobre temas atuais, como a fuga dos traficantes na Vila Cruzeiro

Já vem
Game sobre o WikiLeaks (bit.ly/fxKbf3)

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