O Governador reeleito do estado do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, deu uma
declaração no mínimo infeliz em evento recente, organizado pela revista Exame, disse “Quem aqui não teve uma namoradinha que teve que abortar?”. Falou num contexto em que defendia a discussão sobre a legalização do aborto.
Antes de mais nada, sou a favor da discussão sobre a legalização do aborto,
acho inadmissível que mulheres abortem como foragidas, em clínicas clandestinas, algumas sem as condições mínimas de infra-estrutura e higiene, em muitos casos até correndo risco de vida. Mas o que realmente me tomou de susto foi o exemplo dado.
Há uma grande diferença entre legalização e banalização do aborto. A clínica
especializada em abortar não é simplesmente “para a namoradinha que engravidou sem planejamento”, para essas existem preservativos, pílulas anticoncepcionais e, se ainda esqueceu de tudo isso, tem a pílula do dia seguinte. Legalizar o aborto não pode ser visto como uma muleta para levar planejamento familiar àqueles que o estado não conseguiu alcançar com campanhas educativas ou com distribuição de preservativos, também não pode ser a rotina daqueles que ainda insistem em “não comer bombom com embalagem”, alheios às doenças contagiosas associadas.
Discutir é preciso, mas banalizar assunto sério é inaceitável!