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Os Artrópodes do Parque Ecológico de Monsanto

Características Gerais dos Artrópodes

O filo Arthropoda é o mais extenso do reino Animal, existindo ainda muitas espécies por
identificar. Este grupo inclui as aranhas, os crustáceos, as centopeias e os insectos, entre muitos
outros seres vivos. Desde o final do Pré-Câmbrico, há cerca de 570 milhões de anos, que são
encontrados artrópodes no registo fóssil (Hickman et al., 1997).
Estes seres vivos têm órgãos sensoriais bem desenvolvidos e um exosqueleto com
quitina. A sua estrutura primitiva consiste numa série linear de segmentos, cada um com um par
de apêndices constituídos por diferentes artículos. No entanto, verificou-se a tendência para os
segmentos se fundirem entre si, originando grupos funcionais, e os apêndices estão
frequentemente diferenciados, de modo a existir uma divisão do trabalho. Poucos são os
artrópodes que apresentam dimensões superiores a 60 cm de comprimento: o maior é um
caranguejo japonês, com aproximadamente 4m de largura, e o mais pequeno é um ácaro com
menos de 0,1 mm (Hickman et al., 1997).
Os artrópodes são geralmente animais activos e energéticos. A maioria destes seres
vivos são herbívoros, mas existem também artrópodes carnívoros e omnívoros. Tendo em conta
a sua enorme abundância, vasta distribuição ecológica e elevado número de espécies, a sua
diversidade não é ultrapassada por nenhum outro grupo de animais. São encontrados em todos
os tipos de ambiente, desde zonas oceânicas profundas até regiões de elevada altitude, bem
como desde o equador, até aos pólos. Muitas espécies estão adaptadas à vida no ar, em meio
terrestre, em água doce, salobra ou salgada. Outras ainda vivem sobre ou no interior de plantas
ou outros animais (Hickman et al., 1997).
Apesar dos artrópodes competirem com o Homem por alimento e provocarem doenças,
são essenciais para a polinização de muitas plantas e são também utilizados como alimento e
para a produção de produtos como a seda, o mel e a cera (Hickman et al., 1997).

1. Principais Características

Encontram-se seguidamente enumeradas algumas das características deste grupo de


seres vivos:

1. A simetria é bilateral e o corpo é segmentado, estando os segmentos geralmente agrupados


em duas ou três regiões distintas: cabeça e tronco; cabeça, tórax e abdómen; ou cefalotórax
e abdómen (Hickman et al., 1997; Triplehorn & Johnson, 2005).

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2. Existem apêndices constituídos por um conjunto de artículos. Tipicamente cada segmento
apresenta um par de apêndices, mas esta organização surge frequentemente modificada,
com segmentos e apêndices adaptados a funções especializadas: natação, manipulação do
alimento, reprodução, entre outras (Hickman et al., 1997).
3. Existe um exosqueleto com proteínas, quitina, lípidos e, muitas vezes, carbonato de cálcio.
Trata-se de um esqueleto externo, segregado pela epiderme, que possibilita uma grande
protecção. Para além disso, evita a desidratação, permite a fixação dos músculos e confere
protecção contra as radiações solares. Um dos principais constituintes do exosqueleto é a
quitina, um polissacarídeo resistente e insolúvel em água, existindo igualmente nos
crustáceos impregnações de carbonato de cálcio. Devido à existência de zonas do
exosqueleto que não são expansíveis, para crescerem os artrópodes têm que libertar esta
cobertura após determinados intervalos de tempo, produzindo um novo exosqueleto, de
maiores dimensões. Este processo denomina-se por mudas. Até atingirem a idade adulta, os
artrópodes podem passar por quatro a sete mudas, podendo continuar a sofrer mudas
durante a idade adulta (nesse caso, podem chegar a passar por 50 mudas). Como o
exosqueleto é relativamente pesado, este é um dos factores que condiciona as dimensões
destes seres vivos (Hickman et al., 1997; Mader, 2001).
4. O sistema muscular é complexo e utiliza o exosqueleto como suporte para os músculos,
adaptados a movimentos rápidos (Hickman et al., 1997).
5. O sistema circulatório é aberto, correspondendo a maior parte da cavidade do corpo ao
hemocélio, que está repleto de hemolinfa (Hickman et al., 1997; Triplehorn & Johnson,
2005).
6. O sistema digestivo é completo, com peças bucais resultantes da modificação de apêndices
e adaptadas a diferentes tipos de alimentação (Hickman et al.,1997).
7. A respiração ocorre através da superfície do corpo, de brânquias, de traqueias ou de
pulmões laminares. A maioria dos artrópodes terrestres tem um sistema de traqueias
altamente eficiente, que entrega o oxigénio directamente aos tecidos, permitindo uma
elevada taxa metabólica. Este sistema limita igualmente o tamanho destes seres vivos. Os
artrópodes aquáticos respiram principalmente por um sistema de brânquias, igualmente
eficiente (Hickman et al., 1997).
8. Os órgãos sensoriais estão bem desenvolvidos, existindo uma grande variedade de
estruturas: para o tacto, audição, olfacto, equilíbrio e visão. Em relação a órgãos visuais,
podem existir olhos compostos e/ou olhos simples (ocelos). Os olhos compostos são
constituídos por unidades (omatídios) que variam em número (entre 1 e cerca de 10.000) e

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operam individualmente, permitindo que o ser vivo veja simultaneamente em quase todas as
direcções. Quando o número de omatídios é muito elevado, obtém-se a conhecida imagem
em “mosaico” dos insectos. A visão inicia-se na gama dos ultravioleta, estendendo-se
apenas até ao laranja (Hickman et al., 1997).
9. Os sexos são geralmente separados, sendo a fecundação geralmente interna. Podem ser
ovíparos ou ovovivíparos (Hickman et al., 1997).
10. Durante o desenvolvimento, podem ocorrer metamorfoses, existindo por vezes uma fase
larvar muito diferente da forma adulta. Nesta situação, as duas formas têm geralmente
exigências alimentares e ecológicas diferentes, diminuindo assim a competição intra-
específica (Hickman et al., 1997).

O filo Arthropoda inclui quatro subfilos: Trilobita (extinto); Chelicerata, com três classes
(Aracnhida, Merostomata e Pycnogonida); Crustacea, com dez classes; e Atelocerata, com cinco
classes (Diplopoda, Chilopoda, Pauropoda, Symphyla e Insecta) (Triplehorn & Johnson, 2005).
Seguidamente encontra-se uma breve descrição de algumas classes deste filo: Arachnida,
Chilopoda, Diplopoda e Insecta.

2. Características de Algumas Classes

2.1. Classe Arachnida

Esta classe inclui as aranhas, os escorpiões, os pseudoescorpiões e os ácaros, entre


outros (Figura 1). Estão descritas cerca de 65.000 espécies, organizadas em onze ordens, tais
como: Scorpiones (escorpiões), Opiliones (opiliões), Araneae (aranhas), Acari (ácaros e
carraças) e Pseudoscorpiones (pseudoescorpiões). Estes seres vivos são mais comuns em
regiões quentes e secas, do que em qualquer outro local. O corpo encontra-se dividido em
cefalotórax e abdómen, apresentando o cefalotórax um par de quelíceras, um par de pedipalpos
e quatro pares de patas locomotoras. Assim, não existem mandíbulas nem antenas. A maioria
dos aracnídeos são predadores, podendo existir pedipalpos modificados em forma de pinças,
como nos escorpiões. As presas são capturadas e mortas pelas quelíceras e pedipalpos, sendo
ingeridos posteriormente os fluidos e tecidos moles. O seu sistema respiratório é constituído por
traqueias e/ou pulmões laminares (Borror & DeLong, 1988; Ruppert & Barnes, 1994; Hickman et
al., 1997; Triplehorn & Johnson, 2005).
Os aracnídeos foram os primeiros artrópodes a ocupar o meio terrestre e, em geral, são
inofensivos para o Homem, alimentando-se de insectos prejudiciais. No entanto, existem

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aracnídeos que podem provocar picadas dolorosas ou mesmo mortais, e alguns podem
transmitir doenças ou danificar culturas (Hickman et al., 1997).

A B C D

Figura 1 – Esquemas de alguns exemplares da classe Arachnida: A – ordem Araneae; B – ordem Opiliones;
C - ordem Pseudoscorpiones; e D - ordem Scorpiones, retirados de Borror & DeLong (1988). Note-se que os
esquemas não se encontram na mesma escala.

2.2. Classe Chilopoda

Este grupo corresponde aos centípedes (do Grego, chilo = lábio e poda = pé/apêndice),
artrópodes terrestres com o corpo achatado dorsoventralmente, que podem apresentar até 177
segmentos. Estão descritas 2.500 espécies, organizadas em quatro ordens (Ruppert & Barnes,
1994; Hickman et al., 1997; Triplehorn & Johnson, 2005).
Cada segmento, excepto o primeiro e os últimos dois, apresenta um par de apêndices
locomotores (Figura 2). Os apêndices do primeiro segmento estão modificados para formar um
par de garras venenosas. Na cabeça existe um par de antenas (com 14 ou mais artículos), um
par de mandíbulas e dois pares de maxilas. Os olhos, quando presentes, correspondem
geralmente a um conjunto de ocelos. A respiração ocorre através de traqueias, existindo
normalmente um par de espiráculos em cada segmento. Contudo, o padrão de distribuição dos
espiráculos varia nos diferentes grupos. Em relação à reprodução, estes seres vivos são
ovíparos, podendo os indivíduos jovens apresentar ou não o número total de segmentos dos
indíviduos adultos (Ross et al., 1982; Borror & DeLong, 1988; Ruppert & Barnes, 1994; Hickman
et al., 1997; Mader, 2001; Triplehorn & Johnson, 2005).

Figura 2 – Esquema de um exemplar da classe


Chilopoda, retirado de Ruppert & Barnes
(1994).

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As centopeias preferem locais húmidos e são carnívoras, alimentando-se
fundamentalmente de outros insectos. A maioria tem hábitos nocturnos, escondendo-se durante
o dia e alimentando-se de noite. As presas são mortas com as suas garras venenosas e
posteriormente são trituradas com as mandíbulas (Ross et al., 1982; Borror & DeLong, 1988;
Ruppert & Barnes, 1994; Hickman et al., 1997; Mader, 2001; Triplehorn & Johnson, 2005).

2.3. Classe Diplopoda

Os seres vivos pertencentes a esta classe são designados muitas vezes por milípedes,
existindo cerca de 10.000 espécies, organizadas em dez ordens. O seu corpo cilíndrico ou
ligeiramente achatado, é constituído por 25 a 100 segmentos, existindo na maior parte deles dois
pares de patas (do Grego, diplo = dois/duplo e poda = pé/apêndice), uma vez que resultam da
fusão de dois segmentos (Figura 3). Na cabeça encontra-se um par de antenas curtas (com sete
artículos), um par de mandíbulas, um par de maxilas e geralmente dois conjuntos de ocelos. Os
milípedes são ovíparos e são menos activos do que os centípedes. Deslocam-se lentamente,
sem o movimento ondulatório das centopeias, e, em geral, são saprófagos, alimentando-se
maioritariamente de detritos vegetais. Contudo, também se podem alimentar de plantas vivas e
alguns são predadores. Estes seres vivos preferem normalmente locais húmidos e escuros
(Borror & DeLong, 1988; Ruppert & Barnes, 1994; Hickman et al., 1997; Mader, 2001; Triplehorn
& Johnson, 2005).

Figura 3 – Esquema de um exemplar da classe Diplopoda,


retirado de Ruppert & Barnes (1994).

2.4. Classe Insecta

Os insectos são o grupo mais abundante e diversificado de todos os artrópodes,


existindo cerca de 900.000 espécies descritas. Assim, existem mais espécies de insectos do que
de todos os restantes animais em conjunto. Os indivíduos deste grupo caracterizam-se por
apresentarem o corpo dividido em três regiões: cabeça, tórax e abdómen. No tórax encontram-se
três pares de patas, podendo existir ainda um ou dois pares de asas, enquanto que no abdómen

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encontra-se a maior parte dos órgãos internos. O seu tamanho varia entre 1 mm e 20 cm de
comprimento, tendo a maioria menos de 2,5 cm. (Hickman et al., 1997; Mader, 2001).
Estes artrópodes encontram-se em praticamente todos os habitats. São comuns em
águas doces e salobras, bem como na areia das praias, mas poucos são marinhos. São
igualmente abundantes no solo e nas florestas (especialmente na copa das árvores das florestas
tropicais), sendo também comuns nos desertos e no topo das montanhas. Muitos são parasitas
na superfície ou no interior de plantas e animais. A sua vasta distribuição deve-se, entre outras
características, à sua capacidade de voo e enorme adaptabilidade. Além disso, os seus ovos
podem sobreviver a condições adversas e ser transportados a longas distâncias (Hickman et al.,
1997).
O seu corpo apresenta um exosqueleto rígido, devido à presença de determinadas
proteínas. Na cabeça existe geralmente um par de olhos compostos, um par de antenas e um
máximo de três ocelos. As antenas podem funcionar como órgãos olfactivos, tácteis ou mesmo
auditivos. As peças bucais incluem em geral um lábio superior (labrum), um par de mandíbulas,
um par de maxilas, um lábio inferior (labium), um canal alimentar (hipofaringe) e um canal salivar
(epifaringe). A sua alimentação determinou o tipo de peças bucais existentes. O tórax é
constituído por três segmentos, apresentando cada um deles um par de patas. Na maioria dos
insectos os dois últimos segmentos torácicos apresentam igualmente um par de asas. As patas
são constituídas pelos seguintes segmentos: coxa, trocânter, fémur, tíbia e tarsos (pequenos
artículos que podem variar em número, gerlamente entre dois e cinco). O último artículo tarsal
apresenta o pré-tarso, em geral, com um par de garras. As patas dos insectos podem apresentar
modificações para funções específicas, como por exemplo: para o salto, para fixação, para se
enterrarem, para a colecta de pólen ou para a natação. O abdómen é constituído
embrionariamente por 11 segmentos. Nos adultos, em geral, visualizam-se de 6 a 8. Nas formas
larvares podem existir apêndices no abdómen, que desaparecem no estado adulto. Nos últimos
segmentos abdominais encontram-se as estruturas relacionadas com a reprodução e também
podem existir estruturas de natureza sensorial (Ross et al., 1982; Borror & DeLong, 1988;
Hickman et al., 1997; Triplehorn & Johnson, 2005).
As asas correspondem a expansões do exosqueleto, podendo ser exclusivamente
membranosas, coriáceas ou córneas. As nervuras existentes são específicas de cada espécie e
servem para conferir maior rigidez. As asas podem estar cobertas de pequenas escamas, como
nas borboletas, ou apresentar muitos pêlos, como nos tisanópteros. O seu movimento é
controlado por um complexo conjunto de músculos do tórax, que originam alterações na forma
deste último. As asas dos insectos variam em número, tamanho, forma, textura, nervação e

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posição de repouso. Alguns insectos, como grilos e gafanhotos machos, conseguem produzir um
som característico com as asas (a estridulação), friccionando as duas asas anteriores entre si ou
as asas anteriores com as patas posteriores (Ross et al., 1982; Borror & DeLong, 1988; Hickman
et al., 1997; Triplehorn & Johnson, 2005).
Dada a sua enorme diversidade, os insectos podem tirar partido de praticamente todos
os recursos alimentares e abrigos. A maioria dos insectos alimenta-se de seiva elaborada e de
tecidos vegetais, podendo alimentar-se de plantas específicas ou ser mais generalistas.
Contudo, alguns alimentam-se de animais mortos e existem também insectos predadores, que
se alimentam de outros insectos ou de outros animais. Vários insectos e larvas são parasitas,
alimentando-se do sangue de outros animais ou vivendo no interior do seu corpo. Para cada tipo
de alimentação, as peças bucais estão adaptadas de uma forma específica (Figura 4). Numa
armadura bucal picadora-sugadora, existem peças bucais que permitem perfurar os tecidos de
plantas e animais, sendo geralmente alongadas e em forma de estilete. É o que acontece no
caso dos mosquitos e cigarras. Nas borboletas não existem mandíbulas e uma das partes
constituintes das maxilas (as gáleas), encontram-se fundidas formando uma longa probóscis,
que em repouso é mantida enrolada – armadura sugadora pura. Numa armadura bucal
libadora-sugadora, como nas moscas, existe no ápice do labium um par de lóbulos (labelos)
constituídos por canais semelhantes a traqueias (pseudotraqueias) que permitem absorver o
alimento sob a forma líquida. Finalmente, numa armadura bucal mastigadora ou trituradora,
como nos gafanhotos, as mandíbulas são fortes e apresentam pequenos dentes para a trituração
do alimento (Matthes, 1959; Hickman et al., 1997).

Mosquito

Figura 4 – Esquema de diferentes tipos de armaduras bucais: A – mastigadora, adaptado de


Matthes (1959); B – sugadora pura, adaptado de Matthes (1959); e C – picadora-sugadora
(em repouso), adaptado de Hickman et al. (1997).

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Os insectos terrestres respiram por um sistema de traqueias, as quais se ramificam no
interior do seu corpo e abrem para o exterior através de aberturas respiratórias pares (os
espiráculos ou estigmas), existindo geralmente dois no tórax e sete ou oito no abdómen (um par
por cada segmento). No caso dos insectos aquáticos existe um sistema de brânquias
especializado (Hickman et al., 1997).
Os sexos são separados e a fecundação é maioritariamente interna, sendo produzido
em geral um elevado número de ovos. A maioria dos insectos sofre metamorfose durante o seu
desenvolvimento, isto é, alterações na sua forma. No caso de uma metamorfose holometabólica
ou completa, as larvas vivem num nicho ecológico totalmente diferente das formas adultas, tendo
também uma alimentação distinta. Após uma série de mudas, as larvas formam um casulo, no
interior do qual sofrem um conjunto de alterações morfológicas, sem se alimentarem – pupa ou
crisálida. Da pupa emerge o indivíduo adulto, que não sofre mudas. É o caso das borboletas,
escaravelhos e moscas. Neste ciclo de vida, as asas desenvolvem-se internamente. Na
metamorfose hemimetabólica ou incompleta, as fases juvenis denominam-se por ninfas e as
suas asas desenvolvem-se externamente, aumentando de tamanho à medida que ocorrem as
mudas sucessivas, até ser atingido o estado adulto. Ao longo das mudas ocorre também o
aumento do tamanho das ninfas e o desenvolvimento dos órgãos reprodutores, designados por
genitália. Nestes casos, as fases juvenis têm uma alimentação semelhante e encontram-se nos
mesmos habitats que os indivíduos adultos. Exemplos deste tipo de desenvolvimento são as
baratas e os gafanhotos. Alguns insectos têm um desenvolvimento directo, em que formas
juvenis são morfologicamente idênticas aos adultos, excepto no que diz respeito ao tamanho e
maturação sexual. Os insectos reproduzem-se geralmente apenas uma vez durante o seu tempo
de vida. Assim, as populações são normalmente constituídas por indivíduos da mesma idade,
existindo pouca ou nenhuma sobreposição de gerações sucessivas (Ross et al., 1982; Borror &
DeLong, 1988; Hickman et al., 1997; Triplehorn & Johnson, 2005).
Muitos insectos passam por um período de dormência no seu ciclo de vida anual. Nas
zonas temperadas pode existir um período de dormência no Inverno (hibernação), e/ou um
período de dormência no Verão (estivação). Muitos insectos entram em dormência quando um
determinado factor ambiental, como a temperatura, se torna desfavorável. Contudo, outros
apresentam essa fase no seu ciclo de vida, independentemente das condições ambientais.
Neste caso, este tempo de dormência designa-se por diapausa e é geneticamente determinado,
podendo ser activado, por exemplo, pela diminuição do número de horas de luz. O estádio
hibernante pode ser o ovo, a ninfa, a larva ou o indivíduo adulto. Em geral, os insectos que vivem
nos trópicos têm um desenvolvimento contínuo, sem existir um período de dormência. Muitos

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insectos têm mais do que uma geração por ano, podendo o número de gerações variar
consoante as condições ambientais sejam mais ou menos favoráveis (Borror & DeLong, 1988;
Hickman et al., 1997; Triplehorn & Johnson, 2005).
Os insectos comunicam entre si através de sinais visuais, auditivos, químicos e tácteis.
Muitos insectos estão organizados em comunidades, comunicando entre si essencialmente por
sinais químicos e tácteis. Algumas comunidades são temporárias e pouco organizadas, mas
outras são permanentes (como nas abelhas, formigas e térmitas), existindo uma divisão do
trabalho e diferentes castas (Hickman et al., 1997).
Os insectos desempenham importantes funções: são necessários para a polinização de
muitas culturas e produzem materiais como o mel, a seda e a cera. Durante a evolução, insectos
e plantas desenvolveram adaptações mútuas. Os insectos exploram as flores para se
alimentarem e as flores utilizam os insectos para a polinização. A estrutura das flores está
totalmente adaptada às características dos insectos que as polinizam. Para além do mais, muitos
insectos predadores alimentam-se de insectos prejudiciais às culturas. Em termos ecológicos, os
insectos são igualmente o recurso alimentar de muitas aves, peixes e outros animais. Contudo,
existem também insectos transmissores de doenças (como malária, febre amarela, peste, tifo
exantemático, doença das chagas e doença do sono). Para além disso, muitos insectos, como
as formigas, baratas e térmitas, podem causar a destruição de alimentos, de roupa e de outros
materiais (Hickman et al., 1997).

3. Referências Bibliográficas

Borror, D., & DeLong, D. (1988). Introdução ao Estudo dos Insectos. São Paulo: Edgard Blücher.

Hickman C., Roberts, L., & Larson, A. (1997). Integrated Principles of Zoology. Dubuque, IA: Wm.
C. Brown Publishers.

Mader, S. (2001). Biology. New York: McGraw-Hill.

Matthes, E. (1959). Guia de Trabalhos Práticos de Zoologia. Coimbra: Atlântida.

Ross H., Ross, C., & Ross, J. (1982). A Textbook of Entomology. New York: John Wiley & Sons.

Ruppert, E., & Barnes, R. (1994). Invertebrate Zoology. New York: Saunders College Publishing.

Triplehorn, C., & Johnson, N. (2005). Borror and Delong’s Introduction to the Study of Insects.
Belmont, California: Thomson Brooks/Cole.

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