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Introdução
Encontra-se deferido nos arts. 874º segs. CC, aplicando-se além das suas
regras próprias, os princípios e preceitos comuns a todos os contratos.
Esta função translativa ou real do contrato não impede que dele nasçam
também obrigações a cargo do vendedor e do comprador.
A esta regra não faz excepção a compra e venda. Ela pode ser celebrada
através de qualquer das formas admitidas por lei, para a declaração negocial
(arts. 217º a 220º CC). Apenas nalguns casos foram estabelecidas certas
exigências de forma (art. 875º CC).
a) Que o contrato é nulo se for celebrado sem forma nele consignada;
Efeitos essenciais
Nos arts. 408º, 874º, 879º-c CC, decorre a eficácia real. Os arts. 874º e 879º-c
CC, referem-se especificamente à compra e venda, o art. 408º CC, consagra
em termos gerais a eficácia real dos contratos.
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No nosso direito, o contrato de compra e venda como contrato de alienação
de coisa determinada (art. 408º/1 CC) reveste natureza real. A transmissão da
propriedade da coisa vendida, ou a transmissão do direito alienado, tem como
causa o próprio contrato, embora esses efeitos possam ficar dependentes de
um facto futuro. Algumas situações estão previstas no art. 408º/2 CC,
referindo-se o art. 409º CC, à reserva de propriedade, que é uma outra
hipótese em que a transmissão, tendo embora por causa a compra e venda se
protela para um momento posterior. Quem compra uma coisa sujeita ao direito
de preferência fica, enquanto não decorrer o prazo de exercício desse direito,
em situação análoga à de quem contrata sob condição resolutiva.
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Trata-se da transferência da titularidade da coisa ou do direito vendido. Além
desse direito real a compra e venda produz dois outros efeitos essenciais, de
carácter obrigacional:
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- Deste modo, abrangido pela obrigação de entrega são apenas as partes
integrantes ou frutos pendentes ao termo da venda;
De acordo com as regras do art. 883º CC, relevará em primeiro lugar o preço
fixado por entidade pública, na falta dele recorre-se sucessivamente:
- Ao tribunal.
Uma vez fixado o preço importa apurar qual o lugar do seu pagamento (art.
885º CC).
Se a venda ficar, por força do art. 292º CC, ou qualquer outro preceito legal
limitada a parte do seu objecto, o preço respeitante à parte válida do contrato
será o que neste figurar, se houver sido descriminado como parcela do preço
global (art. 884º/1 CC).
Modalidades
Com este artigo (art. 409º CC) pretende-se que o credor do preço fique
numa situação privilegiada. Se não houvesse a reserva, no caso de não
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pagamento, o devedor poderia apenas executar o património do comprador
tendo de suportar na execução a concorrência dos outros credores.
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8. Venda a prestações
O princípio geral regulador das dívidas cuja liquidação pode ser fraccionada
consta do art. 781º CC. Por força deste preceito, se uma obrigação puder ser
liquidada em duas ou mais prestações, a não realização de uma delas importa
o vencimento de todas. Existem porem regras especiais na compra e venda.
Trata-se dos arts. 886º, 934º e 935º CC. O art. 886º CC, aplica-se de uma
forma geral a todos os casos de não pagamento de preço pelo comprador e
estabelece que, transmitida a propriedade da coisa, e feita a sua entrega, o
vendedor não pode via de regra, resolver o contrato por falta de pagamento. O
art. 934º CC, aplica-se especificamente aos casos de falta de pagamento de
uma das prestações em contratos de compra e venda a prestações.
e) Quer haja, quer não haja reserva de propriedade, o comprador, pela falta
de pagamento de uma só prestação que não exceda a oitava parte do preço
total, não perde o benefício do prazo relativamente às prestações seguintes,
salvo se houver sido convencionado o contrário (art. 934º CC).
O Código Civil comina com a nulidade, a venda de bens alheios (art. 892º
CC). Trata-se de uma sanção que apenas se refere à relação entre vendedor e
comprador. No que respeita ao verdadeiro titular do bem, a venda é ineficaz.
O regime geral da nulidade nos negócios jurídicos, prescritos nos arts. 285º
segs. CC é afastado do regime da venda de bens alheios em vários aspectos.
À parte da possibilidade e obrigatoriedade da convalidação do contrato (arts.
895º e 897º CC), estabelecem-se no art. 892º CC, duas limitações ao princípio
geral da legitimidade expresso no art. 286º CC. Por outro lado, o vendedor não
pode opor a nulidade a comprador de boa fé (não importa que aquele esteja de
boa ou má fé); por outro lado, o comprador que se comportou com dolo (art.
253º CC) também a não pode opor ao vendedor de boa fé.
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A boa fé nestes casos consiste na ignorância de que a coisa vendida não
pertencia ao vendedor.
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recognoscível pelo vendedor (art. 247º CC). Trata-se de factos constitutivos do
direito, cuja prova compete, segundo as regras gerais, ao comprador (errante).
Para além desta sanação automática (com eficácia ex nunc), o art. 907º CC
impõe ao vendedor a obrigação de expurgar o direito dos ónus ou limitações
existentes, podendo-lhe ser fixado um prazo para o efeito (a doutrina paralela
do art. 897º CC). Trata-se aqui de proteger o interesse do comprador na
aquisição de um direito livre de limitações (interesse de cumprimento).
Os vícios da coisa vendida são, em princípio, equiparados pelo art. 913º CC,
aos vícios de direito, sendo-lhes aplicáveis as mesmas disposições
devidamente adaptadas, em tudo quanto não seja modificativo pelas
disposições seguintes.
Dir-se-ia assim, que, por força do art. 905º CC, os vícios da coisa não
constituem fundamento autónomo da anulação integrando-se nos regimes do
erro e do dolo.
O art. 913º CC, cria um regime especial para as quatro categorias de vícios
que nele são destacadas:
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Não havendo dolo, mas simples erro, o comprador terá de denunciar ao
vendedor o defeito no prazo de trinta dias a contar do seu conhecimento e
dentro de seus meses após a entrega da coisa; e poderá intentar a acção de
anulação competente até seis meses após a denúncia, embora a todo o tempo
enquanto o negócio não tiver sido cumprido (art. 916º e 917º CC). A não
observância destes requisitos implica a caducidade do direito.
Diz a lei que o vendedor não tem, contudo, que proceder à reparação ou
substituição da coisa se desconhecia sem culpa o vício ou a falta de qualidade
de que ela padecia. Ele fica pois eximido dessa obrigação, suplementar
relativamente aos seus planos iniciais, em atenção à lisura e não-
censurabilidade da sua conduta.
Observe-se que o regime estabelecido nos arts. 913º segs. CC, se refere
apenas às cosias defeituosas (às coisas com defeito) e que, entre os defeitos
da coisa, se aplica somente aos defeitos essenciais, seja porque a
desvalorizam na sua afectação normal, seja porque a privam das qualidades
asseguradas pelo vendedor.
O comprador tem o direito de anular o contrato (art. 905º - art. 913º CC).
Consegue-se assim reaver o preço pago pela coisa libertando-se de ter de
suportar a não conformidade daquela com o seu interesse.
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O comprador tem também o direito de exigir do vendedor a reparação da
coisa, ou, se for necessário e esta tiver natureza fungível, a substituição dela.
a) Se a coisa ou o direito tiverem alguns vícios referidos no art. 913º CC,
que excedam os limites normais, o contrato é anulável por erro ou dolo
desde que no caso se verifiquem os requisitos da anulabilidade só ao
comprador sendo lícito pedir a anulação;
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A reserva de propriedade (art. 409º/ CC) é uma venda condicional, em que a condição se restringe à transferência do
domínio, reserva que, no entanto, não pode ser feita sem limite de tempo, caso em que a alienação seria nula. A
reserva de propriedade e a venda a prestações não se confundem. Aquela é compatível com a venda em que o
pagamento diferido do prazo se faça por uma só vez e a estipulação da prestação não obsta a uma eficácia imediata.
Caso do depósito.
Voluntário ou legal.
O n.º 3 do art. 907º CC prevê um dever secundário que impende sobre o vendedor quanto à obrigação de transmitir o
direito livre de ónus ou encargos. Esse dever existe também fora dos caos em que tenha havido obrigação de fazer
convalescer o contrato.
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