A fome expressa a natureza da desigualdade, o perfil do Estado e as
expectativas em relação ao desenvolvimento no país.
Ao analisar os programas de transferência de renda no Brasil, a pesquisadora
da Fundação Oswaldo Cruz, Rosana Magalhães acredita que “tais programas enfrentam o desafio de não se tornarem uma ajuda e sim um direito social associado ao fortalecimento de novos horizontes para a maior inserção social”. Em entrevista concedida por e-mail para a IHU On-Line, ela ainda afirma que “outro dilema importante é garantir de fato a convergência de políticas sociais e, portanto, o maior acesso ao conjunto de bens e serviços coletivos”. Rosana acrescenta que “fome e pobreza não são sinônimos, embora sejam processos associados de maneira complexa e contraditória. A efetividade da renda na redução da insegurança alimentar, sabidamente importante para a compra de alimentos no mercado pelas famílias, só será plena se articulada a fortes investimentos em educação, promoção da saúde, inserção ocupacional, saneamento básico e acesso à terra”.
Rosana Magalhães possui graduação em Nutrição, pela Universidade Federal
do Rio de Janeiro, mestrado em Saúde Pública, pela Fundação Oswaldo Cruz, e doutorado em Saúde Coletiva, pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Atualmente, é pesquisadora Fundação Oswaldo Cruz. É autora de, entre outros, Fome: Uma (re)leitura de Josué de Castro (Rio de Janeiro: Ed.Fiocruz, 1997).
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