E o aflito aprendiz correu em direção ao gigante, e estava
afoito, ansioso, prestes a explodir, sem entender o que acontecia com ele. Ao chegar caiu de joelhos, baixou a cabeça e soltou os braços enquanto, entre um resfolegar e outro, perguntava ao gigante: - O que faço, Mestre? Minha mente e minhas ações não acompanham meu espírito. Por mais que tenha a eternidade ainda assim sinto que diante de tudo o que é possivel minha essência pressiona os limites do meu ser. E minha essência quer crescer, expandir-se. É como querer explodir e juntar-se ao Todo. O Senhor me disse, certa vez, que todas as respostas estão no infinito, basta olhar para cima. E quando olho, Mestre, só vejo estrelas. Eu quero ser a mais brilhante delas. Com os olhos de todos os pais o gigante olhou para seu aprendiz e fez a mágica, e suas palavras exatas foram: - Então mire o infinito, meu pequeno, e saiba que o segredo está naquilo que você não vê. As estruturas mais brilhantes do universo são aquelas que sucumbiram ao desejo de romper seu limites e explodiram, com o poder de milhares de sóis, e brilharam breve mas tão intensamente que todo o espaço sabe delas ainda hoje. São estrelas que padeceram da mesma ansiedade que você e hoje são um tênue brilho, e nada mais. O gigante então fez uma pausa, baixou o tom da voz e concluiu o encanto: - Agora olhe atentamente, filho. Fite o Todo e aprenda que as estrelas mais poderosas de todo o infinito não tombaram a esse desejo. Elas SABEM, e escolheram implodir ao invés de explodir, escolheram expandir para o interior de sua essência e a essência é infinita. E hoje toda luz mora dentro delas e mesmo assim elas não brilham pois não precisam. Nada escapa a sua força, nenhuma matéria, nenhuma luz e são as únicas a conhecerem o infinito pleno pois o tempo perto delas não existe e o próprio espaço curva-se ante sua presença. Cabem na palma de sua pequenina mão, ansioso aprendiz, mas são absolutas e completas e ninguém jamais poderá contemplá-las sem que delas já faça parte.
E o gigante viu seu aprendiz de olhos vidrados no Nada supremo do
Universo. E ele viu uma pequena fagulha, efêmera, mas ela brilhou e não foi perdida. Viajou para o centro da essência do aluno e ele o ouviu sussurrando: Big boom...