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Leandro Substance

Big Bang, Big Boom

E o aflito aprendiz correu em direção ao gigante, e estava


afoito, ansioso, prestes a explodir, sem entender o que
acontecia com ele. Ao chegar caiu de joelhos, baixou a
cabeça e soltou os braços enquanto, entre um resfolegar e outro,
perguntava ao gigante:
- O que faço, Mestre? Minha mente e minhas ações não
acompanham meu espírito. Por mais que tenha a eternidade ainda
assim sinto que diante de tudo o que é possivel minha essência
pressiona os limites do meu ser. E minha essência quer crescer,
expandir-se. É como querer explodir e juntar-se ao Todo. O Senhor
me disse, certa vez, que todas as respostas estão no infinito, basta
olhar para cima. E quando olho, Mestre, só vejo estrelas. Eu quero
ser a mais brilhante delas.
Com os olhos de todos os pais o gigante olhou para seu aprendiz e
fez a mágica, e suas palavras exatas foram:
- Então mire o infinito, meu pequeno, e saiba que o segredo está
naquilo que você não vê. As estruturas mais brilhantes do universo
são aquelas que sucumbiram ao desejo de romper seu limites e
explodiram, com o poder de milhares de sóis, e brilharam breve mas
tão intensamente que todo o espaço sabe delas ainda hoje. São
estrelas que padeceram da mesma ansiedade que você e hoje são um
tênue brilho, e nada mais.
O gigante então fez uma pausa, baixou o tom da voz e concluiu o
encanto:
- Agora olhe atentamente, filho. Fite o Todo e aprenda que as
estrelas mais poderosas de todo o infinito não tombaram a esse
desejo. Elas SABEM, e escolheram implodir ao invés de explodir,
escolheram expandir para o interior de sua essência e a essência é
infinita. E hoje toda luz mora dentro delas e mesmo assim elas não
brilham pois não precisam. Nada escapa a sua força, nenhuma
matéria, nenhuma luz e são as únicas a conhecerem o infinito pleno
pois o tempo perto delas não existe e o próprio espaço curva-se ante
sua presença. Cabem na palma de sua pequenina mão, ansioso
aprendiz, mas são absolutas e completas e ninguém jamais poderá
contemplá-las sem que delas já faça parte.

E o gigante viu seu aprendiz de olhos vidrados no Nada supremo do


Universo. E ele viu uma pequena fagulha, efêmera, mas ela brilhou e
não foi perdida. Viajou para o centro da essência do aluno e ele o
ouviu sussurrando: Big boom...

Crônicas Sobre Lugar Algum, por Leandro Substance


Capítulo II - Sobre Buracos Negros

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