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As milícias foram formadas pela chamada “banda pobre” da polícia.

Uma espécie de Autodefesas Unidas


da Colômbia (AUC), criadas para combater as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARCs).

Hoje os paramilitares fluminenses atuam à semelhança dos temíveis e sanguinários Zetas mexicanos. As
AUCs recuaram, muitos foram anistiados pela deposição de armas. Só que mais de uma dúzia dos
principais chefes foram extraditados para os EUA por tráfico internacional de cocaína.

No começo, as milícias foram incentivadas por César Maia. No momento, as milícias governam territórios,
escravizam moradores, cobram, como a Cosa Nostra siciliana, “taxa” de proteção (o pizzo da Cosa
Nostra), traficam drogas, praticam a pirataria e exigem participação nos lucros dos comerciantes e dos
prestadores de serviços. Nos territórios, as milícias exploram a “TV-gato”, fazendo instalações
clandestinas em prejuízo dos canais fechados. Uma comissão financeira é cobrada em caso de locação e
venda de barracos. Botijões de gás só podem ser adquiridos com a intermediação dos paramilitares.

As milícias avançam nas conquistas: das mais de mil favelas, as organizações Comando Vermelho (CV) e
Amigos dos Amigos (ADA), detêm governo em 55%. As milícias controlariam 45%.

Mais ainda, os ataques espetaculares de facções de narcotraficantes, composta por membros do CV e do


ADA, representaram represália à política de segurança. Segundo propalam esses descontentes, com as
Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), instaladas onde facções do CV detinham o controle social e
territorial, houve fortalecimento dos paramilitares, que não são incomodados.

Com artes do mitológico Procusto, tem sido afirmado que a “guerra” declarada pelas facções criminais
contra o Estado e contra a sociedade civil originou-se do fato de o governo Sérgio Cabral  priorizar
medidas de contraste às associações denominadas Comando Vermelho (CV) e Amigos dos Amigos
(ADA) e de se omitir relativamente às organizações de paramilitares, chamadas de milícias pela
população. Parêntese: as milícias foram criadas pela “banda podre” da polícia fluminense. Elas dominam
territórios, cobram o “pizzo” (taxa de proteção da Cosa Nostra exigida dos moradores, comerciantes,
prestadores de serviços e industriais), obrigam pagamentos de comissões nas locações e vendas
imobiliárias, comercializam produtos piratas e drogas. Levado em conta o número de integrantes e o
controle de áreas, as milícias já rivalizam com o CV. Como o CV e a ADA seguem o horizontalizado
modelo da Camorra italiana, as milícias assemelham-se aos Los Zetas mexicanos.

Não é correto, tecnicamente, fazer-se a separação entre CV, ADA e milícias. Todas elas são espécies de
um mesmo gênero, ou seja, são organizações com matriz mafiosa porque controlam, em áreas certas, os
negócios, submetem os membros às suas leis, difundem o medo e perseguem sempre o lucro. As UPPs,
pelo informado, objetivam acabar com uma espécie de secessão, caracterizada por um sistema de poder
próprio. Ou, como dizia o constitucionalista de Mussolini, o jurista Santi Romano, são organizações que
estabelecem um “poder paralelo”. O certo é que o governo tem  poder discricionário na escolha da melhor
estratégia de implantação das UPPs. Com isso não está a conceder “bill de indenidade” para as milícias.

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