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Desafogo

Que falta de desembaraço a par dessa cegueira maldita e constante…

Volto-me, toco nesta pele fria, enrugada, é a pele que eu hoje visto…e este corpo

desgrenhado é o meu…

Eu já não sei se me conheço!

Encontro uma verdade nua dentro de mim, se em mim ainda existir “dentro”.

Despida do acaso, os meus dias pertencem a este tempo sem reparo.

E eu talvez não seja uma boa aprendiz desta vida que perece.

Ser-se exige muito mais de quem absorve com estranheza e rejeição o seu

próprio e eterno desajuste.

Este é o gosto azedo com que fico em todo o adormecer.

 Não há destemor algum que invada estes pulsos onde a secura já chegou.

Quando alguém rasgar a mordaça que me cala e retirar a venda que me cega,

beberei dos gritos de esplendor capazes de me erguer.

Contemplarei a dança da minha alma, que nunca fora tão leve.

Por fim, sairei ilesa de mim mesma.

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