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RESUMO

Clara dos Anjos é uma jovem mulata de dezessete anos, descrita pelo autor
como ingênua e de personalidade frágil. De família humilde, seu pai, Joaquim, era
carteiro e nas horas livres compartilhava com os amigos o seu gosto pela música e pelo
violão. Sua mãe, Engrácia, era dona de casa.
Devido a sua criação limitada e muito controladora da família, Clara era uma
moça que não possuía ambições de crescer na vida. Só saia de casa acompanhada pelos
pais ou por Dona Margarida, viúva moradora da vizinhança que ensinava Clara
bordados e costuras. Contentava-se com a sua condição social e prendia-se aos seus
costumes. Seus princípios eram vagos, baseava-se em “modinhas” e sonhos, nos quais
os homens eram como seu pai, frequentadores de rodas de violão e, sempre repleta de
dúvidas, acreditava na pureza do amor.
Muito influenciável, Clara deixou-se seduzir por Cassi Jones de Azevedo,
homem branco de vinte e poucos anos, com uma grande fama de sedutor, porém, já
havia desonrado e explorado muitas mulheres. Interessado em Clara, o jovem de uma
classe social um pouco melhor, passa a visitar a casa de Joaquim. Inconformado com a
ideia e alerta dos riscos que essa aproximação podia causar, Marramaque, padrinho da
garota, tenta afastá-lo dela, pedindo que se retirasse da festa de aniversário de sua
afilhada, pois não era bem-vindo ali. Revoltado, Cassi se vinga e, com a ajuda de um
capanga, assassina Marramaque. Imediatamente, Clara passa a ter medo do homem, mas
é convencida quando ele confessa seu crime, dizendo que a causa foi seu amor por ela.
Não era a primeira vez que Cassi se encontrava em situações como esta, muito
perigoso, já havia se envolvido com a justiça diversas vezes. No entanto, sempre com a
proteção e ajuda da família, principalmente de sua mãe, conseguia livrar-se da prisão e
continuar impune.
Certo tempo depois, Clara engravida e o malandro Cassi desaparece
subitamente. Pensa em um aborto, mas desiste e conta à sua mãe o acontecido. Assim,
resolvem procurar a família de Cassi, buscando por “reparação de danos”. Ao encontrar
com a sua suposta “sogra”, Clara é humilhada e profundamente ofendida. Para a mãe do
rapaz, era um absurdo uma mulata pobre ter coragem de ir cobrar um casamento com
seu filho. Somente após se deparar com cena e sentir-se menosprezada, Clara teve
consentimento de sua posição da sociedade e da sua diferença em relação as outras
jovens.
O autor representa, na figura de Clara e no seu drama, a condição social da
mulher, pobre e negra, geração após geração. No final do romance, consciente e lúcida,
Clara reflete sobre a sua situação:

“O que era preciso, tanto a ela como às suas iguais, era educar o caráter, revestir-se
de vontade, como possuía essa varonil Dona Margarida, para se defender de Cassi e
semelhantes, e bater-se contra todos os que se opusessem, por este ou aquele modo,
contra a elevação dela, social e moralmente. Nada a fazia inferior às outras, senão o
conceito geral e a covardia com que elas o admitiam...”

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